PRANCHA:
INTERVENÇÃO NA BOA VISTA
UNICAP Atelier de projeto 8 Prof. Mª de Lurdes e Nilson Andrade Alunas : Kamilla Borges e Mª Alice Abreu
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Estudo preliminar
Estudo da área A área a ser estudada localiza-se no bairro da Boa Vista no Recife e é delimitada pelas ruas Princesa Isabel, Rua da Aurora, Rua do Riachuelo e Rua da Saudade. Esse bairro possui características morfológicas que refletem a época dos assentamentos, iniciada no final do século XIX e consolidada no início do século XX. Sua formação se deu a partir da construção da ponte da Boa Vista e em seguida dos aterros feitos nas áreas de mangues, onde vieram a surgir vias principais como por exemplo a Rua do Aterro, hoje conhecida como Imperatriz Tereza Cristina e a Rua da Aurora. Os aterros feitos nessa época foram dando espaço a construções importantes como o Ginásio Pernambucano, a Assembleia Legislativa, a Fundição d´Aurora e o Parque 13 de Maio, que foi o primeiro parque urbano histórico do Recife, tendo o paisagista Burle Marx como seu projetista. Posteriormente, parte da área do parque foi utilizada pelo Governo para a construção da Biblioteca Pública de Pernambuco, além de quatro escolas públicas.
Ao longo do tempo, a contínua expansão do Recife foi caracterizando a cidade e definindo seus aspectos urbanos. Lotes perpendiculares as vias, estreitos e implantações nos limites do lote, criam uma interface urbana contínua, que nesse bairro é abundantemente constituída de térreos ativos com usos comerciais e de serviços, que caracterizam bastante a área seja pela tipologia das construções ou pela influência que essas características tem sobre a circulação de pessoas por essa área. Por conta de sua importância histórica para a cidade, essa área é protegida por lei, estando enquadrada como Zona Especial de Preservação do patrimônio Histórico (ZEPH), de numeração 8. Trajeto inevitável para quem circula no Recife, as belezas e a desordem urbana contam a história desse bairro e constroem seu perfil na paisagem da cidade.
Implantação
Volume
A tipologia predominante no local, a dos sobrados, possui um modo de implantação específico a ser incorporado pela nova proposta, objetivando estabelecer uma relação de consonância com o entono. Esse entorno é composto de características como da edificação colada no lote, sem recuos, com a presença de, não tão grandes, pátios internos. Essas características aplicadas em lotes compridos e estreitos, como dos sobrados, tendem a gerar ambientes enclausurados, escuros e com pouca circulação de ventos. Para melhorar as condição pontuadas anteriormente, a nova edificação apresenta pátios mais generosos que os existentes, amientes internos mais abertos e até uma parte de sua coberta como sendo de material translúcido. Tudo isso visando proporcionar uma melhor ventilação e iluminação natural aos espaços internos ainda respeitando e sendo consonante com a preexistência.
Para projeto foi pensado um volume que tivesse o máximo de aproveitamento de área construída ainda valorizando o conforto térmico do espaço, para isso usou-se a estratégia de criar pátios internos melhorando a ventilação, iluminação natural e integrando os espaços. Foi utilizada também uma coberta com inclinação forte com sua comieira paralela a rua, seguindo a lógica volumétrica existente. A proposta apresenta características volumétricas semelhantes as do entorno para estabelecer uma relação harmônica com as outras construções e assim torna-se consonante em relação a elas. Figura 3 - Imagem da volumetria - Fonte: Autoras , 2019
Escala
41m
Por meio de um estudo das fachadas da quadra, nota-se que na rua da intervenção, a predominância é de sobrados (dois andares) a altura dessas edificações é de, em média, 11m, porém a altura máxima permitida pela legislação é de 7,5m na fachada, oque torna a solução dissonante de seu contexto. Para corrigir essa diferença de altura e se tornar consonante com o entorno, foi proposto para a edificação uma espécie de coroamento marcado com um painel vazado de metal, chegando assim a altura de 10,5m.
10,5m 7,5m
N Figura 1 - Mapa ampliado da área - Fonte: Google earth, 2019
LEGENDA Terreno do projeto Área de estudo
LEGENDA: Sentido e intensidade do fluxo : De carros: Arterial Coletora Local
ALTO FLUXO MÉDIO FLUXO BAIXO FLUXO
Rua do Riachuelo
Rua Princesa Izabel
Quadra 1 20 m 30 m
10 m
Figura 4 - Imagem da escala - Fonte: Autoras, 2019
Figura 5 - Imagem da implantação - Fonte: Autoras, 2019
De pessoas:
Trajetos
Elementos presentes na área Ponto de Ônibus Escultura Faixa de Pedestres
Situação da ditribuição de usos da área Educacional Comércio Serviço Ins�tucional Habitação formal Vazio/ Sem uso Estacionamento Cultural Uso misto (Serviço, Comércio e habitação) Uso misto (Comércio e habitação) Uso misto (Comércio e habitação) Uso misto (serviço e habitação) Comércio informal N
50 m 25 m 75 m Figura 2: mapa da situação atual da área - Fonte: Autoras, 2019
Metodologia
Figura 5 - Mapa de usos - Fonte: Nathalia Villalba, Joyce Suruagy e Verlândia Nascimento.
O estudo preliminar a seguir foi elaborado baseando-se na metodologia presente na dissertação de mestrado de Nivaldo de Andrade Júnior (2006)
Volume Figura 6 - Vista da Rua da União - Fonte: Autoras, 2019
Em sua dissertação, Nivaldo de Andrade classifica as intervenções em 3 tipos: 1 - Modificação interna de edificação preexistente 2 - Modificação externa de edificação preexistente 3 - Construção de nova edificação em contextos preexistentes - Anexo - Edifício em contexto preexistente (caso da proposta)
IMPLANTAÇÃO
2.
VOLUME
3.
ESCALA
4.
RITMO
5.
DENSIDADE / MASSA
6.
COR E TEXTURA
Esses critérios devem ser analisados por meio de comparações para saber se o novo objeto inserido classifica-se como CONSONANTE ou DISSONANTE em relação ao seu entorno. Esse novo objeto é CONSONANTE quando suas características estabelecem uma relação de harmonia com a lógica das construções preexistentes no sítio.
Implantação
Implantação é a forma de ocupação do lote. Uma implantação CONSONANTE é quando ela se assemelha com a lógica de ocupação já exestentes da quadra, e a DISSONANTE é a que se destaca por ser diferente das existentes.
A quadra em que o lote da proposta está incluso, está inserida em uma ZEPH (SPA), sendo assim, essa área é submetida parâmetros urbanísticos específicos que controlam qualquer intervenção desenvolvida na mesma.
3m
I
Implantação volume sem afastamento lateral e frontal
7,5m
As ZEPH se dividem em: 7,5m
Ritmo é a frequência de repetições de elementos arquitetônicos. Uma edificação com ritmo CONSONANTE é quando seus elementos, como aberturas, adornos ou até largura das fachadas, seguem o padrão de dimensões das outras edificções existentes, gerando uma frequência, e a DISSONANTE é a que foge dessa frequência.
Densidade / Massa
I - Setor de Preservação Rigorosa (SPR): Setor cujo significado histórico e cultural precisa ser mantido, restaurado ou compatibilizado com o sitio histórico
Densidade corresponde ao peso aparente do objeto arquitetônico. Uma edificação com densidade CONSONANTE é quando a construção possui quantidade próxima de espaços vazados fachada a da preexistência, e a DISSONANTE é quando essa parcela de aberturas é destinta da encontrada no entorno.
Cores e texturas
Plano Inclinado Declividade Máxima = 35%
0.7m
Alternativas de cobertas presentes na legislação
III
Parâmetros Urbanisticos exigidos para Rua da União
Implantação volume com afastamento frontal nulo e afastamento uma lateral
Setor: 1560; Quadra: 130; Face de quadra: 02 Figura 7 -Diagrama de aplicação da legislação- Fonte: Laís Costa e Larissa Lima, 2019
Respeitando os parâmetros estabelecidos na lei, foi desenvolvido um estudo de viabilidade, visando encontrar formas de implantar o projeto para o melhor aproveitamento possível do terreno em questão.
Configuração final da edificação Análise da volumetria a partir dos parâmetros de legislação Área total do terreno: 338,8 m² Número de pavimentos: 2 Taxa de solo natural: 24% Área de solo natural: 81,59 m² Área construída: 829,35 m² Afastamento dos fundos: 3 m Afastamento lateral: nulo
E
AD
CAS
TA E POR
LA
E JAN
ADO
SOBR
Figura 10 -Diagrama das tipologias predominantes encontradas na área- Fonte: Laís Costa e Larissa Lima, 2019
Escala
Figura 12 - Vista da quadra 1, Rua da União - Fonte: Autoras, 2019
Na área de estudo, encontra-se em predominância implantações características de edificações do tipo sobrado, as quais apresentam construções coladas nas laterais do terreno e sem recuos frontais, algumas apresentando pequenos pátios internos mais ao centro do terreno. 1.
2.
3.
4.
Quadra 1
Quadra 2
5.
RUA
(SPA): Setor de transição entre SPR as áreas circunvizinhas.
Uma edificação com cor e textura CONSONANTE é quando os materiais de revestimento repetem ou se assemelham aos materiais encontrados nas edificações existentes, e a DISSONANTE é quando são usados materiais destintos dos do entorno.
Escala é a proporção das alturas das edificações. Uma Escala CONSONANTE é quando ela se alinha com as alturas predominantes das construções da quadra, e a DISSONANTE é a que não se encaixa dentro desse skyline.
II
II - Setor de Preservação Ambiental
Taxa de solo natural exigida 20% gabarito máximo de 12m Afastamento frontal nulo Afastamento lateral para edificação de até 2 andares (7,5m) nulo ou de 1,5m
Esse novo objeto é DISSONANTE quando não está de acordo com o perfil das construções preexistentes, contrastando com a lógica construtiva encontrada no sítio. Para Nivaldo de Andrade, principalmente em se tratando de objetos arquitetônicos, esses critérios podem ser debatidos, pois são bastante subjetivos, tornando-se necessário as vezes justificativas para certas características, e até mesmo o acréscimo de outros critérios nessa análise.
Análise da implantação a partir dos parâmetros de legislação
5m
1.
Ritmo
A legislação
1,
O autor ainda estabelece, para os dois últimos níveis das classificações, 6 critérios que guiam e incentivam a comparação entre a preexistência e o novo elemento inserido, sendo eles:
Volumetria é a fora geral da construção. Uma volumetria CONSONANTE é quando ela respeita o padrão volumétrico das construções da quadra, e a DISSONANTE é a que se impõe e se diferencia desse padão.
Por possuir um volume alongado, com uma coberta que possui uma inclinação forte e comieira paralela a rua, a edificação classifica-se como consonante com seu entorno, por se assemelhar à volumetria predominante, que possui coberta duas águas (figura 18).
1.
Edificação completamente colada no lote
2.
Edificação com pequenos pátios internos laterais
3.
Edificação com recuo posterior
4.
Edificação com pátio interno central
5.
Edificações com recuos laterais
Figura 8 -Diagrama dos tipos de implantações predominantes encontradas na áreaFonte: Autoras, 2019
A implantação proposta busca respeitar a preexistência e ao mesmo tempo ocupar o terreno da forma mais proveitosa possível dentro da legislação vigente, permanecendo assim em conssonância com o entorno.
N
20 m 10 m
30 m
Figura 9 - Mapa de análise dos cheios e vazios da área - Fonte: Autoras, 2019
Área ocupada da quadra1: 67 % Área vazias das quadra1 : 33 % Área ocupada da quadra2: 68 % Área vazias das quadra2 : 32 %
Análise da escala a partir dos parâmetros de legislação 13m 10m
Painel metálico
5m
17%
31%
35%
3 Pavimentos 2 Pavimentos Proposta 1 Pavimento Figura 11 - Diagrama de análise das alturas - Fonte: Autoras, 2019
A maior parte das edificações do contexto estudado é de um ou dois pavimentos. Na rua da intervenção, as edificações vizinhas possuem um padrão de altura de 10m, assim para se estabelecer uma relação de conssonância com o entorno e superar a altura máxima de 7,5m permitida pela legislação, foi utilizado na fachada um painel metálico.