Diretrizes do Planejamento Urbano (1/2)

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na cidade do Recife
Diretrizes do planejamento urbano

0. INTRODUÇÃO

1. POR UM URBANISMO SUSTENTÁVEL

1.1. URBANISMO SUSTENTÁVEL: CONCEITOS E PERSPECTIVAS

1.2. DO GLOBAL AO LOCAL

2. OS 10 PRINCÍPIOS DO URBANISMO SUSTENTÁVEL

2.1. CRIE UMA GAMA DE OPORTUNIDADES E ESCOLHAS DE HABITAÇÃO

2.2. CRIE BAIRROS NOS QUAIS SE POSSA CAMINHAR

2.3. ESTIMULE A COLABORAÇÃO DA COMUNIDADE E DOS ENVOLVIDOS

2.4. PROMOVA LUGARES DIFERENTES E INTERESSANTES COM SENSO DE LUGAR

2.5. FAÇA DECISÕES DE URBANIZAÇÃO PREVISÍVEIS, JUSTAS E ECONÔMICAS

2.6. MISTURE OS USOS DO SOLO

2.7. PRESERVE ESPAÇOS ABERTOS E AMBIENTES EM SITUAÇÃO CRÍTICA

2.8. PROPORCIONE UMA VARIEDADE DE ESCOLHAS DE TRANSPORTE

2.9. REFORCE E DIRECIONE A URBANIZAÇÃO PARA COMUNIDADES EXISTENTES

2.10.TIRE PROVEITO DE PROJETOS E CONSTRUÇÕES COMPACTAS

3. OBJETIVO

4. LEITURAS URBANAS

4.1. ASPÉCTOS HISTÓRIOCOS

4.2. ASPÉCTOS LEGISLATIVOS

4.3. ASPÉCTOS MORFOLÓGICOS

4.4. ASPÉCTOS TIPOLÓGICOS

4.5. DENSIDADE

4.6. INTERFACES ARQUITETÔNICAS

4.7. MOBILIDADE

4.8. VEGETAÇÃO

4.9. MOBILIÁRIO

5. DIRETRIZES DE PLANEJAMENTO

5.1. CRIE UMA GAMA DE OPORTUNIDADES E ESCOLHAS DE HABITAÇÃO

5.2. CRIE BAIRROS NOS QUAIS SE POSSA CAMINHAR

5.3. ESTIMULE A COLABORAÇÃO DA COMUNIDADE E DOS ENVOLVIDOS

5.4. PROMOVA LUGARES DIFERENTES E INTERESSANTES COM SENSO DE LUGAR

5.6. MISTURE OS USOS DO SOLO

5.7. PRESERVE ESPAÇOS ABERTOS E AMBIENTES EM SITUAÇÃO CRÍTICA

5.8. PROPORCIONE UMA VARIEDADE DE ESCOLHAS DE TRANSPORTE

5.9. REFORCE E DIRECIONE A URBANIZAÇÃO PARA COMUNIDADES EXISTENTES

5.10. TIRE PROVEITO DE PROJETOS E CONSTRUÇÕES COMPACTAS

6. PLANOS ESPECÍFICOS

6.1 MAPA DO CIRCUITO DAS PRAÇAS

6.2 ZOOM DA INTERVENÇÃO- PRAÇA OSWALDO CRUZ

6.3 ANTES E DEPOIS- PRAÇA OSWALDO CRUZ

6.4 ZOOM DA INTERVENÇÃO- PRAÇA PARQUE AMORIM

6.5 ANTES E DEPOIS- PRAÇA PARQUE AMORIM

6.6 ZOOM DA INTERVENÇÃO- PRAÇA DO ENTRONCAMENTO

6.7 ANTES E DEPOIS- PRAÇA DO ENTRONCAMENTO

CONCLUSÃO
REFERENCIAS SUMÁRIO 1 5 6 12 14 15 29 39 41 47 48 49 54 57 66 71 73 74 76 77 79 81 83 84 86 87 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 101 101 102 103 104 105 106 107 108
7.

Em um tempo em que as pessoas vivem cada vez mais isoladas umas das outras, o urbanismo passou a refle�r cada vez mais esse estado. Segundo Farr, “[...] escolhemos uma vida que cada vez mais se limita a ambientes fechados.” Isso ocorre porque as caracterís�cas desagradáveis dos espaços abertos acabam por es�mular que as pessoas evitem ficar na rua, e que escolham, na maioria das vezes, o automóvel par�cular como meio de transporte predominante.

Quando esse modo de viver e uma ocupação urbana desordenada, muitas vezes ocasionada pela aglomeração crescente das pessoas nas grandes cidades, se juntam num mesmo contexto, torna-se de extrema importância que as discussões acerca do planejamento urbano passem a incluir conceitos que envolvem sustentabilidade urbana, priorizando a socialização do espaço público de forma igualitária e justa e uma infraestrutura que atenda às necessidades da população.

Este trabalho tem como obje�vo definir diretrizes de planejamento urbano para a área em estudo, a par�r dos resultados ob�dos na pesquisa, juntamente com as ideias apresentadas pelos livros referência – “Cidades para um pequeno planeta”, de Richard Rogers e “Urbanismo Sustentável: desenho urbano com a natureza”, de Douglas Farr.

A área de estudo é situada na cidade do Recife e, conforme o mapa na página seguinte, abrange predominantemente o bairro da Boa Vista, além de parte do bairro da Soledade. Ela é delimitada pelas avenidas Agamenon Magalhães, João de Barros e Conde da Boa Vista. Apresenta em suas vias principais um intenso fluxo de pedestres, de transporte público e, especialmente, de automóveis par�culares, o que torna essa área um ponto de grande circulação de pessoas.

Foi iden�ficado que nesta área tem uma forte presença de ins�tuições educacionais, assim como, pontos de comércio e de serviços, além de apresentar imóveis residenciais.

No que se refere à metodologia u�lizada para o desenvolvimento deste livro, a pesquisa foi dividida entre todos os alunos da turma, ficando cada equipe responsável por elaborar uma análise do polígono estudado, tomando como base um dos 10 princípios do crescimento urbano inteligente, citados por Farr em seu livro.

Posteriormente, cada equipe apresentou em sala de aula os resultados de sua pesquisa. A par�r disso, o resultado dessa análise foi reunido num só produto e usado como base que cada equipe desenvolvesse seu próprio trabalho.

Assim sendo, o presente trabalho é estruturado da seguinte forma:

O capitulo 1 expõe uma visão mais detalhada dos conceitos do Urbanismo Sustentável e a sua importância no planejamento das cidades contemporâneas. Além disso, apresenta uma perspec�va global acerca das dificuldades de implantação desses princípios, assim com uma perspec�va local sobre o assunto;

O capítulo 2 apresenta os resultados da pesquisa realizada. Os dados ob�dos no estudo foram analisados um a um através das lentes dos 10 princípios do crescimento urbano inteligente, mostrados por Douglas Farr, os quais tem como obje�vo transformar as cidades em locais holis�camente sustentáveis;

O capitulo 3 é indicado o obje�vo geral deste trabalho realizado.

03 Introdução
400m Derby Bairro da Boa Vista Bairro de Santo Amaro Bairro do Espinheiro Bairro da Soledade
04
Perímetro em estudo Introdução Mapa de Localização

O ato dos indivíduos de reconhecerem, preocuparem e preservarem o meio ambiente, definem a�tudes sustentáveis, pois, o termo “sustentabilidade” está associado a um conjunto de ações que visam à preservação e cuidado com o meio natural. Paralelamente, encontramos o termo “sustentabilidade urbana”, conceito que defende que as cidades devam ser analisadas como um sistema integrado, não apenas de uma ou outra necessidade, sempre com o intuito de que os indivíduos consigam viver sa�sfatoriamente no ambiente que escolheu e em diálogo com a natureza.

Para o aprofundamento do termo “sustentabilidade urbana”, foi u�lizado o livro Urbanismo Sustentável de Douglas Farr (2013), onde o autor defende que um es�lo de vida sustentável se constrói com base nos princípios que surgiram no final do século XX, denominados como “Crescimento Urbano Inteligente do Novo Urbanismo” e “Edificações Sustentáveis”. Tais termos entrelaçados com uma ideologia de compacidade, completude, biofilia e tecnologias constru�vas avançadas, favorece um desenho urbano que cria e amplia espaços saudáveis aos homens, natureza e animais, criando um verdadeiro ambiente sustentável. Também é referido e defendido pelo autor, dez a�tudes a serem realizadas, afim de conseguir reduzir os danos urbanís�cos e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos (ver quadro a seguir).

Pela 1 vez regras e diretrizes foram estabelecidas ao criarem os 10 princípios. A par�r desse momento, não é mais aceitável em áreas não urbanizadas e dependentes de automóveis erguer edificações e instalações de alto desempenho e cer�fica-las como obras sustentáveis. Assim como, não é correto afirmar que bairros urbanos com variedade de usos, modais e instalações de alto desempenho sejam urbanis�camente sustentáveis se não existe generosas áreas verdes, como praças e parques.

Além das regras e diretrizes referenciadas acima, Farr se reporta ao movimento do CNU (Congresso para o Novo Urbanismo), evento que aconteceu para a criação de uma carta que refutava o movimento dos CIAM e a Carta de Atenas rela�vos ao urbanismo. Em tal carta, foram adicionados três elementos importantes ligados ao Novo Urbanismo, sendo eles: bairros, distritos e corredores. É desejável que os bairros sejam compactos, disponham de uso misto e os pedestres sejam priorizados. Os distritos, assim como os bairros, devem ser compactos, no entanto, terem único uso. Já os corredores, devem ter variedade nas linhas que ar�culam com os bairros e distritos.

Em resumo, Farr em seu livro, exemplifica claramente cinco itens que são essenciais para a�ngir o caráter de urbanismo sustentável,sendo eles: compacidade, completude, conec�vidade, corredor de sustentabilidade e biofilia.

Os 10 princípios do crescimento urbano inteligente:

1. Crie uma gama de oportunidades e escolhas de habitação.

2. Crie bairros nos quais se possa caminhar.

3. Es�mule a colaboração da comunidade e dos envolvidos.

4. Promova lugares diferentes e interessantes com um forte senso de lugar.

5. Faça decisões de urbanização previsíveis, justas e econômicas.

6. Misture os usos do solo.

7. Preserve espaços abertos, áreas rurais e ambientes em situações crí�cas.

8. Proporcione uma variedade de escolhas de transporte.

9. Reforce e direcione a urbanização para as comunidades existentes.

10. Tire proveito do projeto de construções compactas.

1.1. Por um urbanismo sustentável, conceito e perspec�vas
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Em primeiro momento, para verificar a importância dos termos citados anteriormente, é preciso compreender a definição de bairro e sua relação com os indivíduos e com o entorno.

Bairro:

Em termos clássicos, bairro é uma subdivisão de uma cidade ou localidade, já para os novos arquitetos e urbanistas, a definição de bairro é o assentamento que tenha centro e limites definidos, que respeite os pedestres e seja diversificado em relação a �pos de público, edificações e usos. Em complemento a ambas definições, um bairro costuma ter iden�dade própria e seus habitantes tendem a par�lhar um sen�mento de pertencimento e cole�vidade. Um bairro pode ter nascido por uma decisão administra�va das autoridades, por um desenvolvimento imobiliário e ou por movimentos sem terra.

Por fim, para que o bairro seja acolhedor e sustentável, com base nos argumentos de Farr é necessário que tenha as seguintes atribuições:

Compacidade:

Segundo Farr (2013, p. 30), “O urbanismo sustentável é simplesmente impossível em baixas densidades, inferiores a uma média de 17,5 ou 20 unidades de habitação por hectare”.

Embasado nesse raciocínio, é possível afirmar que o termo compacidade está diretamente ligado ao adensamento populacional e edificado.

A compacidade também sugere que existam usos mistos no mesmo local, com o intuito de gerar maior dinamicidade para o espaço, criar oportunidades comerciais de longo prazo e favorecer os cidadãos, pois, não torna-se necessário u�lizar automóveis par�culares para chegar ao local de des�no, o trajeto poderá ser feito através de caminhadas, pedaladas e ou transportes públicos. Tais possibilidades, favorecem a redução da quan�dade de gases nocivos soltos no meio ambiente, a prá�ca de a�vidade �sica e tende a diminuir as despesas com saúde. Além disso, atribui aos moradores o papel de vigia social e tende a diminuir a criminalidade local.

Inserir várias pessoas em um mesmo espaço favorece também a integridade do solo natural, pois resulta em menos área construída por hectare. Tais áreas preservadas podem ser man�das intocadas ou trabalhadas com generosos espaços verdes, favorecendo a captura de gás carbônico, homogeneidade da distribuição dos ventos e evitando as ilhas de calor nas cidades e arredores.

Por fim, a compacidade nas cidades de forma bem planejada e fiscalizada, favorece a sustentabilidade comercial, humana e ambiental.

Para exemplificar alta compacidade temos o bairro de Manha�an em Nova Iorque nos EUA (Figura 1.1.2). O local tem forte presença de uso misto, é extremamente vivenciado pelos indivíduos desde os turnos matu�nos até os noturnos. Além de Manhattan, temos Hammarby Sjöstad, em Estocolmo na Suécia. (Figura 1.1.3).

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Núcleos compactos reduzem as distâncias e permitem o deslocamento a pé ou de bicicleta (cir. 2) O zoneamento das a�vidades induz á u�lização e dependência dos automovéis par�culares (cir. 1)
1.1. Por um urbanismo sustentável, conceito e perspec�vas
Figura 1.1.1 (Fonte: Adaptado de Rogers, 2011) Figura 1.1.2 - Manha�an, NY. (Fonte: google 14/04/2018) distância que egige deslocamento de carro
distância que pode ser percorrida a pé ou de bicicleta lazer
moradia trabalho cir. 1 cir. 2 moradia trabalho lazer

Completude:

A completude está relacionada à diversidade na u�lização do uso do solo, acomodando as variadas necessidades dos moradores de um bairro ao longo de suas vidas. É desejável que nas edificações, o pavimento térreo abrigue comércio e serviços, enquanto que a par�r do primeiro pavimento contenha habitações.

Para que um bairro com completude seja sustentável, é preciso que apresente também compacidad, pois só assim é possível que os indivíduos u�lizem variados �pos de modais nos seus trajetos ro�neiros. Um exemplo disso é Vauban, um bairro sustentável na cidade alemã de Freiburg, onde circulam poucos carros e possui diversidade nas opções de modais a serem u�lizados (Figura 1.1.4).

Conec�vidade:

O urbanismo sustentável visa o incremento abundante de oportunidades para os cidadãos se deslocarem, através de caminhadas, pedaladas, assessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida e ou transporte público. Para isso, é necessário exis�r passeios de ambos os lados da rua com as distâncias das interseções rela�vamente curtas, que os automóveis possam circular com velocidade máxima entre 40 a 50 km/h e que a rua mais larga não tenha mais de duas faixas carroçáveis entre os meios fios. O bairro de Liuyun Xiaogu Guangzhou na China (figura 1.1.5) e Hammarby Sjöstad, em Estocolmo na Suécia (Figura 1.1.6) são exemplos disso.

Corredores de sustentabilidade:

De acordo com Farr (2013, p. 34), “Os corredores de transporte público são a espinha dorsal do urbanismo sustentável, conectando bairros com distritos e outros des�nos regionais”. Desta forma, concluímos que os corredores que interconectam os

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1.1. Por um urbanismo
sustentável, conceito e perspec�vas
Figura 1.1.5 - Pessoas caminhando pelo pelo bairro de Guangzhou, China (Fonte: h�ps://blogfonari.wordpress.com/2015/01/12/tres-bairros-em-cidades-dis�ntas-sao-eleitos-pela-notavel-adocao-de-pra�cas-sustenta veis/ - 14/04/2018) Figura 1.1.6 - Trem de superficíe, Suécia. (Fonte: google 14/04/2018) Figura 1.1.3 - Bairro de Hammarby Sjöstad em Estocolmo, Suécia. (Fonte: h�ps://blogfonari.wordpress.com/2015/01/12/tres-bairros-em-cidades-dis�ntas-sao-eleitos-pela-notavel-adocao-de-pra�cas-sust entaveis/ - 14/04/2018) Figura 1.1.4 - Pessoas peladando em Vauban, Alemanha (Fonte: h�ps://blogfonari.wordpress.com/2015/01/12/tres-bairros-em-cidades-dis�ntas-sao-eleitos-pela-notavel-adocao-de-pra�cas-sust entaveis/ - 14/04/2018)

bairros e distritos devem ocorrer em espaços existentes ou propostos. Devem também ser distribuídos de modo apropriado visando possibilitar a existência de serviços de transporte público (ônibus, bondes e metrô) com qualidade. Tais meios de transporte devem conter os variados �pos de tecnologias e serem agradáveis e seguros.

Um ó�mo exemplo para os corredores de sustentabilidade, é a cidade de Amsterdã na Holanda, onde o traçado urbano contempla diversos modais (Figura 1.1.7).

em habitats próximos aos assentamentos humanos além de manter e ou criar generosas áreas verdes como parques e praças, com o intuito dos indivíduos valorizarem e respeitem o meio natural. Além disso, os espaços verdes são importantes para que gerações variadas convivam umas com as outras em encontros casuais e recorrentes, criando grande potencial humano e favorecendo a saúde psíquica. É possível observar a relação saudável entre meio urbano e o natural, no Central Park nos EUA (Figura 1.1.8).

Biofilia:

“Biofilia é o nome dado ao amor dos homens pela natureza com base na interdependência intrínseca entre os seres humanos e os outros sistemas vivos.” (FARR, 2013, p.35)

O urbanismo convencional trouxe diversas melhorias para os indivíduos, em contrapar�da, destruiu grande parte dos sistemas naturais, gerando muitos dos problemas ambientais conhecidos e deba�dos atualmente. As pessoas diminuíram ou deixaram de ter contato com o meio natural, abrindo espaço para uma ro�na de vida sedentária e individualista. É comum vermos pessoas que não sabem de onde vem sua alimentação e sua água, e muito menos para onde vão seus resíduos e a capacidade tóxica e destru�va que eles têm ao meio ambiente e a elas mesmas.

Devido a essa triste realidade, o urbanismo sustentável está comprome�do com a preservação de espécies não humanas localizadas

Devido aos altos níveis de poluição, mudanças climá�cas, a expecta�va de vida da população vem sendo reduzida e várias doenças antes erradicadas estão voltando a ser presentes no meio humano, é certo que a ideologia do urbanismo sustentável ocupará posição central nos governos e preocupações da população mundial. A sustentabilidade certamente estará presente na vida da gerações futuras, pois, tais gerações serão educadas sobre os valores ambientais e a importância da reciclagem, assim como, compreenderam como o modo de consumir as cidades e seu es�lo de vida causam impacto ao meio ambiente.

Ciente da importância dessa nova demanda urbanís�ca, Farr (2013, p. 41 até 50) aponta três passos do urbanismo sustentável, com o intuito de acelerar a adoção de tal ideologia urbanís�ca nas cidades. Tais passos são apresentados no quadro a seguir:

Os três passos do urbanismo sustentável

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1- Acordar pesos e medidas: Criar um mercado para o urbanismo sustentável. 2- Derrubar as barreiras da era do petróleo ao urbanismo sustentável. 3- Uma campanha nacional pela implementação do urbanismo sustentável.
1.1. Por um urbanismo sustentável, conceito e perspec�vas
Figura 1.1.7- Trem de super�cie, Holanda. (Fonte: google 14/04/2018) Figura 1.1.8 - Pessoas meditando no Central Park, NY. (Fonte: google 14/04/2018)

Em complemento a uma reflexão mais aprofundada sobre o tema, vemos no livro Cidades Para um Pequeno Planeta de Richard Rogers (2015), um pensamento mais aprofundado e ques�onador sobre o desenvolvimento e planejamento urbano contemporâneo, assim como a sustentabilidade das cidades.

No decorrer da obra, o autor aborda assuntos rela�vos às cidades e seus sinais de degradação no meio ambiente, além de, explanar sobre cidades compactas, espaços cole�vos (monofuncionais e mul�funcionais) e sobre a par�cipação da sociedade nas tomadas de decisões rela�vas aos assuntos urbanís�cos.

Cultura das cidades:

Na cultura das cidades, o processo de criação e expansão não tem considerado a fragilidade e importância do ecossistema, evidenciando seu caráter predominantemente quan�ta�vo, em detrimento do aspecto qualita�vo.

Para Rogers, as cidades consideradas como “habitat da humanidade”, tornaram-se um dos principais agentes de destruição do meio ambiente e de ameaça à sobrevivência da humanidade, visto que os seres humanos dependem completamente dos meios naturais, sem eles é impossível a existência de vida humana na terra. Exemplo de tal a�tude é a cidade de Phoenix no Arizona (Figura 1.1.9), onde o crescimento urbano u�lizou o conceito de compacidade em primeiro lugar e por consequência não esteve em diálogo com o meio ambiente .

de atender as necessidades gerais da população, para responder as necessidades de uma pequena parcela de indivíduos. Com isso, observa-se o declínio dos espaços urbanos e consequentemente a segregação social.

Atualmente é comum que a maioria dos indivíduos lembrem das cidades muito mais como cenários de automóveis e de edi�cios pomposos do que por seus espaços cole�vos (ruas, praças e parques). Além de, reportarem constantemente ao isolamento social, a poluição, o medo da violência, ao local de consumo e a busca insaciável de lucro, ignorando a cidade como uma comunidade que necessita de par�cipação cole�va.

As cidades têm a capacidade de reunir e potencializar energia �sica, intelectual e cria�va, ao mesmo tempo em que também tem a possibilidade de desumanizar sua população se seu traçado urbano e diretrizes projetuais não forem direcionadas a inclusão social e sustentabilidade urbana. Ficando assim a democracia extremamente prejudicada.

Exemplos de ambientes os quais possuem caracterís�cas de desumanização, são as edificações denominadas como “espaços monofuncionais”, dos quais são definidos por áreas onde funcionam apenas um �po de a�vidade e nada é realmente relevante a cole�vidade e saúde das cidades. Para exemplificar espaços monufuncionais, podemos destacar os conjuntos habitacionais (Figura 1.1.10), os centros empresariais (Figura 1.1.11) e os shopping centers (Figura 1.1.12).

Outro ponto importante na cultura das cidades, é a forma equivocada a qual as edificações vem sendo desenvolvidas. A cidade tem deixado

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1.1.
Por um urbanismo sustentável, conceito e perspec�vas
Figura 1.1.10 - Conjunto habitacional Figura 1.1.11 - Centro comercial Figura 1.1.12 Shopping Figuras 1.10, 1.11 e 1.12 (Fonte: google 14/04/2018) Figura 1.1.9 - Crescimento urbano m Phoenix, Arizona. (Fonte: google 14/04/2018 )

Cidades sustentáveis:

Para descrever o conceito de cidades sustentáveis, Rogers exemplifica os mesmos conceitos defendidos por Farr em seu livro Urbanismo Sustentável (2013).

Ele defende que uma cidade para ser sustentável, necessita de controle e cuidado na u�lização dos recursos naturais renováveis, que os indivíduos e o modus operandis do governo diminuam a necessidade em u�lizar o petróleo como fonte principal da locomoção, economia e do desenvolvimento.

O autor aconselha aos profissionais da área da construção civil e urbanís�ca, a u�lizarem e explorarem tecnologias sustentáveis que dialoguem com o entorno e com o ecossistema.

Defende também, que as edificações possam atender variados usos no decorrer dos anos, evitando que a cada novo uso seja feito uma reforma, uma nova edificação e ou abandonada.

Realmente é adequado o conselho que o autor passa aos profissionais, pois qualquer construção erguida independente de seu tamanho e por mais simples que seja, gera consequências na skyline da cidade, por isso é de suma importância que arquitetos e urbanistas estudem com afinco a área a ser edificada/revitalizada com base em seu entorno, para assim gerarem impactos posi�vos a cidade, a natureza e aos cidadãos.

“Resis�r e con�nuar caminhando, pedalando e se locomovendo de maneiras alterna�vas pela cidade, mesmo enfrentando estes tantos obstáculos atuais, é a via mais eficaz para desacelerar o processo contrário e criar mais possibilidades para a realização de uma cidade para todos.”

(Jan Gehl - Cidades para Pessoas - 2013)

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1.1.
Por um urbanismo sustentável, conceito e perspec�vas
Figura 1.1.13 - Ilustração de um espaço para todos. (Fonte: google 28/05/18)

Rela�vo aos problemas urbanos que inviabilizam uma cidade sustentável, o arquiteto Richard Rogers é categórico em sua posição quanto ao tema, para o autor, um dos principais agravadores da destruição do meio ambiente é a urbanização desordenada, que é cada vez mais frequente, ou seja, a migração de pessoas para a cidade tem criado graves problemas sociais e ambientais. Tal situação parece piorar a cada ano, pois a taxa de natalidade só vem aumentando, chegando a cerca de 90 milhões de indivíduos por ano. Consequentemente, virão diversos problemas ambientais e sociais com o aumento da população em cidades despreparadas, inviabilizando a criação de uma cidade sustentável.

O aumento do desmatamento, erosão do solo e a poluição, além do esgotamento dos recursos naturais, ineficiência na criação de moradias e saneamento básico, são e alguns dos diversos problemas ocasionados pelo aumento da taxa de natalidade. Entretanto, apesar de tais problemas, o autor tem uma visão posi�va em relação as futuras cidades, pois para ele, o uso das tecnologias, das produções automa�zadas e a consciência ambiental global, tendem a contribuir na resolução dos problemas urbanos.

Além de tais problemas referenciados acima, o autor cita em seu livro, os contratempos que vários indivíduos passam ao migrar da área rural para a área urbana em busca de melhores condições de vida. São muitas as pessoas que passam a viver sob condições sub-humanas, pois , devido à escolaridade precária, ausência de oportunidades e preconceitos, são des�nados a morar em áreas conhecidas como favelas/comunidades (ver imagem 1.2.1). Assim, o clico de desigualdade e segregação social se eleva, impossibilitando o desenvolvimento sustentável das cidades.

Outro fator que impede o desenvolvimento do urbanismo sustentável, são os espaços monofuncionais e a má u�lização das tecnologias, pois atualmente, o lucro cada vez mais sobrepõe as necessidades do meio natural, urbano e dos indivíduos. Para tentar evitar tais situações, é necessário que a população tenha par�cipação a�va nas decisões urbanas da cidade e defendam seu direito de usufruir de um espaço acolhedor, humano e sustentável. Complementando a linha de raciocínio de Rogers, rela�vo aos problemas urbanos que inviabilizam a geração de cidades sustentáveis, encontramos no livro Urbanismo Sustentável de Douglas Farr (2013), o caso americano, onde o es�lo de vida da maior parte da população norte-americana acarretou graves consequências a saúde pública, pois os indivíduos estão cada vez mais sedentários (ver imagem 1.2.2), obtendo rapidamente ganho de peso de forma prejudicial a saúde e diminuindo a expecta�va de vida.

Tais situações se devem aos hábitos de vida e ao desencorajamento por parte dos governantes e profissionais rela�vos a construção civil e urbana, em educarem a população a aderir a�vidades �sicas e alimentação saudável (ver imagem 1.2.4). É comum priorizar a existência de elevadores nas edificações ao contrario de escadas (ver imagem 1.2.4), u�lizar veículos privados ao invés de realizarem caminhadas, por menor que seja o percurso. Também é comum dar prioridade aos espaços fechados e com sistema de aquecedor ou resfriamento ar�ficial ao invés de trabalharem melhor as condições naturais. Com isso, é certo afirmar que grande parte da sociedade norte-americana se encontra doente, tanto fisicamente quanto mentalmente, e dessa forma é pra�camente impossível ter uma cidade urbanis�camente sustentável.

12 1.2. Do local para o global
Figura 1.2.1 - Realidade basileira (Fonte: google 14/04/2018) Figura 1.2.2 - Sedentarismo (Fonte: google 14/04/2018)

Área de estudo:

Após conceituação e explicação sobre o urbanismo sustentável e seus desafios, é possível realizar análises sobre a cidade do Recife, especificamente, na área de estudo, relacionando e comparando a situação existente com a desejável.

Remetendo ao conceito de compacidade, verifica-se no mapa de usos apresentado (ver mapa folha 18) , que a área é composta em sua maioria por edificações que abrigam habitações, comércios e serviços.

Já áreas em construção, espaços vazios e dedicados ao público estão em minoria comparado com as demais áreas, assim como edificações com uso misto. Também é visível a existência de uma parcela significa�va de edificações dedicadas ao uso ins�tucional e educacional.

Desta forma, é correto afirmar que apesar da área ter certa variedade dos usos, eles não estão unificados com as habitações. Devido a isso, a área não pode ser considerada um bairro compacto. Já o conceito de completude está presente, pois o solo é contemplado com variedade de usos, facilitando de certa forma a vida dos moradores na área e em seu arredor.

Comparando a área de estudo com a cidade do Recife, pode-se afirmar que o local contém “compacidade de edificações” e completude, pois o espaço é denso, com mínimas áreas vazias e diversidade de usos, já no restante da cidade, fora as áreas centrais, os bairros não contêm tanta variação de usos, predominando edificações de uso residencial.

No aspecto da conec�vidade (ver mapa folha 17), de forma geral, a área é carente de variedade de modais, exis�ndo poucas unidades de bicicletário e pontos de ônibus. Não existem ciclovias e os ônibus não estão em bom estado de conservação, além de normalmente andarem superlotados e demorarem muito para cumprir seu trajeto.

Os pontos muitas vezes não têm mobiliário adequado para os indivíduos aguardarem o cole�vo de forma segura e confortável, as calçadas não têm regularidade no traçado e a conservação é deficitária, além de muitos motoristas de veículos privados, não respeitarem o pedestre, gerando certo desconforto nas caminhadas, e a acessibilidade é pra�camente nula.

A presença de espaços verdes e vegetação e a diversidade de espécies de árvores é baixa (ver mapa folha 17), a implantação da vegetação é descon�nua e inadequada em relação às larguras das calçadas, gerando assim certo desconforto ao caminhar na área, pois a cidade é extremamente quente e percursos com amplos sombreamentos são essenciais para induzir os cidadãos a deixarem seus veículos privados em casa e caminhar pelas ruas.

O convívio cole�vo em praças e parques é quase inesistente, pois são ausente na área generosos espaços verdes com mobiliário urbano de qualidade. Por fim, pode-se afirmar que a biofilia está extremamente prejudicada no perímetro estudado.

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1.2. Do local para o global
Figura 1.2.4 - Pessoas no elevador (Fonte: google 14/04/2018) Figura 1.2.3 - Má alimentação (Fonte: google 14/04/2018)
Por um Urbanismo Sustentável conceitos 2.10 Princípios do Urbanismo Sustentável

2.1. Crie uma gama de oportunidades e escolhas de habitação

2.1.a. Importância para o urbanismo sustentável

No Brasil, percebe-se que o governo não abre espaço para bons projetos serem desenvolvidos na esfera pública, devido a interesses polí�cos relacionados a empresas privadas que por sua vez financiam suas campanhas. Somado a isso o grande fluxo de pessoas para as áreas urbanas, diminui a disponibilidade de espaços vazios nos grandes centros, aguçando a lei da oferta e procura. O resultado de tais a�tudes é a enorme especulação imobiliária, onde cada vez mais pessoas com baixo poder aquisi�vo tendem a residirem em áreas sub-humanas e segregadas, gerando o processo de favelização das cidades.

Os profissionais arquitetos urbanistas devem se preocupar em planejar cidades e espaços mais humanos e que favoreçam a cole�vidade e igualdade social. Criar variadas oportunidades de habitação aliadas ao comércio e serviços, e se apropriar dos conceitos de sustentabilidade, pode ser o inicio da democra�zação do uso do solo e igualdade de moradias, assim como um diálogo saudável entre pessoas de diversos níveis sociais, diminuindo a desigualdade a possibilidade de ocorer processos de gentrificação nas cidades.

Desta forma, as chances de se conseguir uma cidade sustentável aumentam, pois, os conceitos de compacidade, completude, conec�vidade, corredores de sustentabilidade e biofilia, estarão presentes nas cidades e seus indivíduos terão um espaço saudável e acolhedor para passarem o resto de suas vidas.

O aumento da criminalidade, das doenças, dos maus serviços públicos e da desigualdade social, se deve as polí�cas públicas desenvolvidas em nosso país, e para sanar tais problemas, é necessário que a população em cole�vo retome seus deveres e obrigações quanto cidadãos, contribuindo com mudanças posi�vas em sua realidade.

A palavra gentrificação surgiu na década de 1960 quando sociólogos britânicos observaram que alguns bairros de operários da cidade de Londres estavam se tornando áreas residenciais de nível médio a alto. Para definir o fenômeno, u�lizou-se a palavra inglesa gentrifica�on, que provém do termo gentry, uma classe tradicionalmente vinculada à nobreza, que traduzindo para o português e espanhol, estaria definindo os an�gos fidalgos.

Por fim, atualmente u�liza-se a palavra gentrificação para definir a troca involuntária ou manipulada dos moradores de um local para outro, os novos moradores normalmente obtêm renda per capita elevada comparada aos an�gos, ou seja, ato de eli�zar o espaço urbano, independente de uma visão social mais completa (Figura 2.1.3 e 2.1.4).

Os locais onde acontecem o processo de gentrificação são geralmente localizados em bairros históricos, centrais e ou com famílias de baixa renda, essas áreas negligenciadas pelos órgãos públicos, onde empresas privadas observam alto potencial econômico. Assim, surge a ligação de interesses entre a esfera pública x privada, e um “novo conceito” ou “revitalização” surge no bairro.

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2.1.b. Gentrificação, conceito e análise crí�ca Figura 2.1.2 - Realidade em Brasília Teimosa, Recife. (Fonte: h�ps://www.google.com.br/search?q=favla+de+bras%C3%ADlia+teimosa&safe=ac�ve&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwj-wd_Dg cDaAhXGiZAKHQmUABwQ_AUICigB&biw=1920&bih=949#imgrc=VNZX4aC HzNduZM: - 14/04/2018) Figura2.1.1 - Realidade do Brasil nos grandes centros urbanos. (Fonte: google 14/04/2018)

2.1. Crie uma gama de oportunidades e escolhas de habitação

As famílias veteranas do local recebem indenizações para se re�rarem, porém são valores muitas das vezes é insuficiente para comprarem imóveis no mesmo espaço antes ocupado.

Tal processo deve ser evitado a fim de eliminar a segregação e desigualdade social, assim como, possibilitar um espaço dinâmico, rico culturalmente, que respeita a paisagem e cultura do lugar, e principalmente propiciando um bairro sustentável. Um ó�mo exemplo que demostra que é possível pessoas de diferentes idades, classes e filosofias conviverem harmonicamente no mesmo espaço, é o bairro de Friedrichshain em Berlim (Figura 2.1.5). O local é conhecido por seus inúmeros bares, restaurantes, danceterias e lojas. Nele diferentes pessoas residem, mas em sua maioria, jovens, estudantes e ar�stas. No local a cole�vidade e respeito ao próximo estão presentes.

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Figura 2.1.3 - Ilustração do processo da separação de classes. (Fonte: google 14/04/2018) Figura 2.1.4 - O bairro do SoHo em Nova York foi inicialmente gentrificado por ar�stas e atualmente é um dos endereços mais caros da cidade. (Fonte: google 14/04/2018) Figura 2.1.6 - Fachada de uma das diversas habitações em Friedrichshain, Berlim. (Fonte: h�p://simplesmenteberlim.com/friedrichshain/ - 14/04/2018) Figura 2.1.7 - Nos pavimentos térreos conceituados restaurantes e acima habitações populares, Friedrichshain em Berlim. (Fonte: h�p://simplesmenteberlim.com/friedrichshain/ - 14/04/2018) Figura 2.1.15 - Especulação imobiliária (Fonte: google 14/04/2018)

Figura 2.1.C.a - Áreas com estações de bicicleta

(Fonte: Unibase ESIG - Prefeitura da Cidade do Recife)

Legenda Figura 2.1.C.a

Estação de bicicleta

Com base nos mapas, a área contém boa quan�dade de estações de bicicleta, presença de 2 �pos de transporte público e muitos pontos de vegetação. Podemos concluir também, que as faixas de pedestres são insuficientes para o tamanho da área e a pavimentação em maioria fica entre o ruim e regular. Para maior aprofundamento rela�vo as questões demostradas nos mapas, reportar ao capítulo 1 pagina 13.

Figura 2.1.C.b - Conec�vidade e Biofilia

(Fonte: Unibase ESIG - Prefeitura da Cidade do Recife)

Legenda Figura 2.1.C.b

PRESENÇA DE VEGETAÇÃO

ESTADO DE CONSERVAÇÃO DA PAVIMENTAÇÃO

RUIM

REGULAR

BOM

CONTINUIDADE DOS FLUXOS DE PEDESTRES (PRESENÇA DE OBSTÁCULOS VERTICAIS)

CONTÍNUO

DESCONTÍNUO

LARGURA

LARGURA DE 0 A 1.25M

LARGURA DE 1.25M A 2.5M

LARGURA ACIMA DE 2.5M

Mapas de conec�vidade e biofilia

FLUXOS E PERMANÊNCIA DE PEDESTRES

ÁREA DE PERMANÊNCIA

FAIXA DE PEDESTRES

FLUXOS E PERMANÊNCIA DE VEÍCULOS

FLUXO BAIXO

FLUXO MODERADO

FLUXO INTENSO

PONTO DE ÔNIBUS

PONTO DO BRT

PONTO DE TAXI

BICICLETÁRIO

SEMÁFOROS

ESTACIONAMENTO PRIVADO

ESTACIONAMENTO PERMITIDO

2.1.C Mapeamentos da área de estudo 17
N
IRREGULAR
ESTACIONAMENTO

Mapa de usos

No mapa apresentado, é possível verificar a variedade de usos, no entanto, eles não estão integrados no corpo das edificações. Por isso, a área não pode ser considerada como um bairro compactado.

N 0 50 250 500 m 18 LEGENDA RESIDENCIAL COMERCIAL MISTO SERVIÇO INSTITUCIONAL EDUCACIONAL EM CONSTRUÇÃO IMOVEL VAZIO TERRENO VAZIO RELIGIOSO ESPAÇO OCIOSO ESPAÇO PÚBLICO
Figura 2.1.C.c - Usos (Fonte: Unibase ESIG - Prefeitura da Cidade do Recife)

Mapa de habitação

Observa-se baixa quan�dade de moradias, porém estão bem distribuídas, onde ao norte da Boa Vista estão em maior concentração. Tais habitações possuem diversas �pologias, sendo sobrados, casas do �po porta e janela, edi�cios pódio e caixão.

N 0 50 250 500 m 19
Figura 2.1.C.d - Habitação
OUTROS
LEGENDA
(Fonte: Unibase ESIG - Prefeitura da Cidade do Recife)
HABITAÇÃO

LEGENDA

CASA DE PORTA E JANELA

SOBRADO

CASA SOLTA NO LOTE

CASA SEM RECUO LATERAL

CASA GEMINADA

EDF. CAIXÃO

EDF. SOBRE PILOTIS

EDF. PÓDIO

Mapas de �pologia das habitações

Analisando a �pologia das habitações, observamos que a maioria são edificações do �po porta e janela, edi�cios sobre pilo�s e �po caixão.

N 0 50 250 500 m CASA DE PORTA EDF. SOBRE PILOTIS CASA SEM RECUO LATERAL CASA SOLTA NO LOTE SOBRADO EDF. CAIXÃO CASA GEMINADA EDF. PÓDIO 29,63% 18,52% 10,19% 4,63% 8,33% 18,52% 2,78% 7,41%
Figura 2.1.C.e - Tipologia das Habitações (Fonte: Unibase ESIG - Prefeitura da Cidade do Recife)

(Fonte:

IMAGENS DA PREDOMINÂNCIA TIPOLÓGICA (imagens coletadas no trabalho do grupo 2 de urbanismo II 2018.1)

Mapa de �pologia das construções

No mapa de �pologia é possível constatar a prdominância de edificações do �po casas com porta e janela, edificações sem recuo lateral, sobrados e construções singulares.

LEGENDA

CASA GEMINADA

EDF. CAIXÃO

EDF. SOBRE PILOTIS

EDF. PÓDIO

CASA DE PORTA E JANELA SOBRADO

CASA SOLTA NO LOTE

CROQUIS DA PREDOMINÂNCIA TIPOLÓGICA

(desenhos coletadas no trabalho do grupo 2 de urbanismo II 2018.1)

CASA SEM RECUO LATERAL TEMPLO GALPÃO OUTROS

EDF. SINGULAR

N 0 50 250 500 m 21
CASA COM PORTA E JANELA CASA SEM RECÚO LATERAL EDIFÍCIO SINGULAR SOBRADO CASA SEM RECÚO LATERAL EDF. CAIXÃO SOBRADO EDF. SOBRE PILOTIS
Figura 2.1.C.f - Tipologia das construções Unibase ESIG - Prefeitura da Cidade do Recife)

Os bairros analisados para descobrir a renda per capta, foram a Boa Vista e Soledade, com base nos dados coletados da prefeitura da Cidade do Recife, encontramos o seguinte cálculo:

CÁLCULO - RENDA PER CAPITA FAMILIAR

Bairro da Boa Vista:

- Média de habitante por domicílio = 2,4

- Rendimento nominal médio mensal dos domicílios = R$ 3.618,45

Renda per capita familiar:

R$ 3.618,45

2,4 R$ 1.507,68

Bairro da Soledade:

- Média de habitante por domicílio = 2,4

- Rendimento nominal médio mensal dos domicílios = R$ 3.747,16

Renda per capita familiar: R$ 3.747,16

2,4 R$ 1.561,31

LEGENDA - RENDA PER CAPITA

R$1561,31 - SOLEDADE

R$1.507,68 - BOA VISTA

N 0 50 250 500 m 22
Figura 2.1.C.g - Renda per capta (Fonte: Unibase ESIG - Prefeitura da Cidade do Recife)
Mapa de renda per capta

Com a junção dos mapas de renda per capta e uso habitacional, pode-se concluir:

- O bairro da Soledade contém maior renda per capta, maior quan�dade de comércio e menor diversificação das �pologias.

- O bairro da Boa Vista contém maior número na diversidade das edificações assim como maior quan�dade de habitações, se torando um bairro mais habitacional do que comercial.

LEGENDA - RENDA PER CAPITA % DE HABITAÇÕES POR RENDA

R$1561,31 - SOLEDADE 18,38%

R$1.507,68 - BOA VISTA 83,62% HABITAÇÃO

N 0 50 250 500 m 23
Figura 2.1.C.h - Renda per capta x habitação (Fonte: Unibase ESIG - Prefeitura da Cidade do Recife) Mapa de renda per capta x habitação

Mapa dos níveis de conservação das construções

Com base no método MAEC (Método de Avaliação do Estado de Conservação), foi possível analisar o mapa e concluir que em geral, as edificações se encontram em bom estado de conservação.

N 0 50 250 500 m 24
LEGENDA BOM RUIM MÉDIO
Figura 2.1.C.i - Conservação das construções (Fonte: Unibase ESIG - Prefeitura da Cidade do Recife)

De acordo com os dados ob�dos no mapa, é possível verificar que as habitações se encontram em um bom estado de conservação.

N 0 50 250 500 m 25
LEGENDA
RUIM MÉDIO
Figura 2.1.C.j - Conservação das habitações (Fonte: Unibase ESIG - Prefeitura da Cidade do Recife)
BOM
Mapa dos níveis de conservação das habitações

Analisando o mapa é possível verificar que a área tem variados zoneamentos (segundo dados do ESIG disponibilizados pela Prefeitura de Recife), sendo em sua maioria áreas de preservação, assim favorecendo que parte da paisagem do lugar seja man�da.

LEGENDA

IEP - IMÓVEIS ESPECIAIS DE PRESERVAÇÃO

IPAV - IMÓVEIS DE PRESERVAÇÃO DE ÁREA VERDE

ZEPH - ZONA ESPECIAL DE PRESERVAÇÃO HISTÓRICA

ZAC MODERADA

SSA 2

N 0 50 250 500 m 26
Figura 2.1.C.k - Legislação (Fonte: Unibase ESIG - Prefeitura da Cidade do Recife)
Mapas de legislação

Mapa áreas passíveis de gentrificação

LEGISLAÇÃO

IEP - IMÓVEIS ESPECIAIS DE PRESERVAÇÃO IPAV - IMÓVEIS DE PRESERVAÇÃO DE ÁREA VERDE ZEPH - ZONA ESPECIAL DE PRESERVAÇÃO HISTÓRICA

SSA 2 ZAC MODERADA

NÍVEIS DE CONSERVAÇÃO

BOM RUIM MÉDIO

RENDA PER CAPITA

R$1561,31 - SOLEDADE R$1.507,68 - BOA VISTA

HABITAÇÃO USO

HABITAÇÃO

OUTROS

RESIDENCIAL SERVIÇO COMÉRCIO TIPOLOGIA

CASA DE PORTA E JANELA SOBRADO

CASA SEM RECUO LATERAL

CASA GEMINADA EDF. CAIXÃO EDF. SOBRE PILOTIS

Após o cruzamento dos dados ob�dos nos mapas anteriores, é afirma�vo que a área está passível de gentrificação, mesmo contendo habitações em bom estado de conversação, pois a renda per capta é mediana, as �pologias das edificações são an�gas, está localizada na área central, contém edificações com certa variedade de usos, e principalmente, não é contemplada com polí�cas públicas das quais favoreça o desenvolvimento sustentável do bairro, abrindo espaço para a especulação imobiliária e ou a famosa “revitalização”.

N 0 50 250 500 m TIPOLOGIA USO ECONOMIA HABITAÇÃO 28
Figura 2.1.C.m - Gentrificação (Fonte: Unibase ESIG - Prefeitura da Cidade do Recife)

Uma cidade caminhável define-se como uma cidade que proporciona condições para que seus usuários caminhem, como por exemplo calçadas bem conservadas, como mobiliários urbanos adequado e conservado, conec�vidade, uso variado do solo, densidade, áreas verdes, segurança (vigilância social) e iluminação que fazem com que os cidadãos u�lizem a caminhada como meio de locomoção principal. Em resumo as cidades caminháveis são mais amigáveis com o pedestre e, por isso, capazes de induzir a redução do uso de veículos poluidores e produzir maiores bene�cios à qualidade de vida no território urbanizado, nas dimensões econômica, social, polí�ca e, principalmente, de saúde pública.

Um dos principais defensores dessa ideia é o urbanista Jeff Speck, narra como exemplo a cidade de Portland, no estado de Oregon, EUA, a qual planejou um limite para o crescimento urbano e começou um processo de valorização do pedestre e dos ciclistas, com o obje�vo de diminuir o sedentarismo, a emissão de CO2, o uso abundante de meios de transporte par�culares e poluentes, entre outros mo�vos.

“Enquanto a maioria ampliava suas estradas, removendo as árvores e os estacionamentos paralelos às calçadas, para facilitar o fluxo de veículos, Portland ins�tuiu um programa de ruas estreitas. E, enquanto a maioria estava inves�ndo em mais estradas e rodovias, eles inves�am em bicicletas e caminhadas.” (Jeff Speck, 2016, p. 85)

Os resultados são observados da seguinte forma, desde 1996 vem sendo observada uma queda na quilometragem diária percorrida por cada cidadão de Portland. Lá, o tempo perdido no trânsito e os gastos com transporte estão abaixo da média no país. Ao mesmo tempo, segundo o urbanista, a cidade está acima da média quando se trata de gastos com lazer. O es�lo de vida oferecido em Portland fez com que a cidade se tornasse especialmente atraente para jovens com alto nível educacional. Os censos indicaram um aumento significa�vo no número de universitários, superior à média nacional.

2.2.a.Importância dos Bairros Caminháveis

portland-constroi-maior-ponte-livre-de-carros-dos-eua)

Uma das principais causas das pessoas priorizarem o carro em compração com os outros modais ocorre devido a falta de compacidade. Sendo assim, deve ser considerado que o aumento da densidade dentro de um bairro reduz as distâncias a serem caminhadas, levando à subs�tuição grada�va do automóvel, es�mulando o deslocamento a pé. Um bairrro compacto ideal é aquele que oferecce uma grande variedade de usos instalados propõe um percurso mais atra�vo, fazendo parecerem ainda mais curtas as distâncias que precisam ser percorridas. Para isso é necessário uma alta desidade habitacional e construi�va , assim como uma grande variedade de uso con�nui numa áreapequena o suficiente para ser percorrido a pé. A compacidade é um bom incen�vo para o morador desloca-se a pé.

2.4
29 2.2.
Promover lugares interessantes e diferentes com senço de lugar
Crie Bairros em que se possa caminhar
Figura 2.2.1 - inves�mento em transportes mais sustentável, em Portland. (Fonte: h�ps://www.ecointeli gencia.com/2013/03/portland-transito-sostenible/) Figura 2.2.2 - maior ponte livre de carros, em Portland. Fonte: h�ps://queminova.catracalivre.com.br/inspira/

2.2. Crie Bairros em que se possa caminhar

Analisando a área de estudo, de acordo com o mapa de densidade, percebe-se que a densidade encontrada é muito inferior da considerada por Farr ideal que seria, a entre 17,5 e 20 unidades de habitação por hectares, a área possui um quan�ta�vo de 8,88 unidades de habitação por hectares desfavorecendo o urbanismo sustentável.

Mapa de Densidade Populacional
1 3 4 5 6 7 8 9 0 25 50 100 m N 30 Quadra Área (ha) Qt. De hab. na quadra Pessoas por uni. Hab Total de área hab. 1 4,256 64 2,4 153,6 2 6,387 117 2,4 280,08 3 113,183 78 2,4 187 4 1,4011 2 2,4 4,8 5 2,125 56 2,4 134,4 6 1,85 24 2,4 57,6 7 7,013 338 2,4 811,2 8 5,427 276 2,4 662,4 9 8,691 380 2,4 912 Densidade (habitantes/ha) 15,04 18,31 0,68 1,42 26,6 12,97 48,19 50,92 43,72
Número de habitações/área em hectares = habitações/ha (dens. Habitacional)

Uma das convenções básicas de um território é a composição de usos do solo e �pos de habitação com oportunidades para comércio e locais de trabalho próximos das moradias, esta convenção está relacionada diretamente com o conceito de completude, que se refere a variedade de usos e �pologias na obtenção de um bairro no qual as pessoas possam suprir suas necessidades.

(Fonte: h�p://bungalower.com/2015/08/01/city-or lando-dra�s-complete-streets-policy-language/)

Uma das convenções básicas de um território é a composição de usos do solo e �pos de habitação com oportunidades para comércio e locais de trabalho próximos das moradias, esta convenção está relacionada diretamente com o conceito de completude, que se refere a variedade de usos e �pologias na obtenção de um bairro no qual as pessoas possam suprir suas necessidades.

O Urbanismo sustentável fala que os bairros sigam uma evolução propondo usos e moradias diversificadas relacionada a cumprir as necessidades ao longo de uma vida. Bairros completos devem comtemplar moradias e usos paras todas as idades e pessoas com alguma deficiência ou com condições financeiras diversas.

Outro fato é que a presença constante de pessoas nas ruas pode ajudar a prevenir a violência, é nesse aspecto que aparece a importância da perenidade dos usos que auxiliam na vigilância social.

Usos encontrados na área de estudo Figura 2.2.3 - Síntese de rua completa
Comércio Educaional
Ins�tucional Serviço Habitacional
Figura 2.2.5 Fonte: Google Earth Figura 2.2.6 Fonte: Google Earth Figura 2.2.7 Fonte: Google Earth
31
Figura 2.2.8 Fonte: Google Earth
2.2. Crie Bairros em que se possa caminhar
Figura 2.2.4 Fonte: Google Earth

2.2. Crie Bairros em que se possa caminhar

Mapa de usos

O perímetro de estudo possui uma variedade de usos, porém o que preocupa é que os mesmos só funcionam em horário comercial, onde a movimentação se concentra nesses horários específicos, tornando a área deserta e sem vida no período da noite, gerando desinteresse por parte da população de permanecer nessas locais, pois o bairro não corresponde as necessidades das pessoas. Pode-se concluir que devido ao fato da insegurança pela falta de vigilância social nos finais de semanas e a noite isso dificulta a questão do interesse da população por caminhar nestes locais.

3200 31,78% 0,27% 12,60% 1,37% 33,15% 7,40% 0,82 % 3,01% 6,30% 2,47% LEGENDA RESIDENCIAL COMERCIA L MIST O SER VIÇO INSTITUCIONAL EDUCACIONAL EM CONSTRUÇÃ O IMOVEL V AZIO TERRENO VA ZIO RELIGIOS O ESP AÇO PÚBLIC O
N 0 25 50 100m

2.2. Crie Bairros em que se possa caminhar

A permeabilidade visual é outro fator relevante no quesito caminhabilidade, pois esta relação pessoa com edificação pode ser harmônica ou não. No caso do perímetro analisado existe uma porcentagem expressiva de permeabilidade nula ou média, o que torna uma barreira agressiva para os pedestres e agrava ainda mais o sen�mento de insegurança.

Permeabilidade Nula

Permeabilidade média

Alta permeabilidade

34 N 0 25 50 100m
Mapa de Permeabilidade Visual

2.2. Crie Bairros em que se possa caminhar

Av. João de Barros

Av. João de Barros

Fonte: Google Earth

Av. Montevidéu Fonte: Google Earth

Corte esquemático Avenida João de Barros 1 Corte esquemático Avenida Montevidéu 2 0 25 50 100 m 0 25 50 100 m
35

A biofilia de um determinado local traz uma séria de bene�cios, podemos destacar a melhora na qualidade da caminhabilidade do pedestre, ela auxilia a um maior conforto térmico e oferece mais qualidade aos espaços urbanos. Bairros conectados com a natureza e bem planejados tornam-se atra�vos para as pessoas, eles reforçam o quão importante é a relação do homem com natureza.

‘‘A probabilidade de deslocamento a pé é três vezes maior em rotas para pedestres com vegetação. A cobertura que as árvores adultas proporcionam pode es�mular ainda mais as a�vidades co�dianas ao ar

livre, por reduzir as temperaturas do verão nas ruas de três a seis graus Celsius’’ (Urbanismo Sustentável: Desenho Urbano com a natureza - FARR, Douglas, 2013).

O conceito de biofilia é o mais importante para o futuro da humanidade, é um grande risco a humanidade a relação de distanciamento que homem se encontra atualmente em relação a natureza, provocando uma serie de danos inclusive para saúde �sica e metal das pessoas. Segundo Douglas Farr, a probabilidade de deslocamento a pé é muito maior quando aliado a vegetação.

36
1
2 3
Praça do Parque Amorim Área: 3.588m² Praça Odília Freire dos Santos Área: 584m²
N 0 25 50 100m
Praça Oswaldo Cruz Área: 3.588m²
1 2 3
Espaços aber tos Espaços verdes na área de estudo
1
Figura 2.2.9 Fonte: Grupo 3
2
Figura 2.2.10 Fonte: Grupo 3
3 2.2.
Figura 2.2.11 Fonte: Grupo 3 Crie Bairros em que se possa caminhar

A iluminação pública é um elemento de grande importância para a caminhabilidade de um bairro, pois é ela quem de certa forma oferece segurança ao pedestre e encoraja as a�vidades e o comércio. Com base na análise de mobiliário no trabalho de Urbanismo I, 46% deste é cons�tuído por postes de iluminação, o que não constata que a área tenha uma boa iluminação, afinal a grande maioria deles são poste para vias e não para o pedestre. Tornando então, numa área com iluminação inadequada para a caminhabilidade, pois as calçadas estão escuras, enaltecendo um sen�mento de insegurança. Na área de estudo, como mostra as fotos no período noturno, a iluminação é muito pouca, o que faz com que a rua seja escura e insegura.

38
Rua Oswaldo Cruz Av. Montevidéu Rua Monte castelo Figura 2.2.12Fonte: Google Earth Figura 2.2.13Fonte: Google Earth
N 0 25 50 100m Poste de iluminação 2.2.
Figura 2.2.14Fonte: Google Earth
Crie Bairros em que se possa caminhar

“uma cidade muda quando a população quer muda. Minha tarefa é propor cenários que todos entendam como desejáveis. Eles vão ajudar a fazer acontecer” (Jaime Lemer)

Para a consolidação de um processo de desenvolvimento sustentável, faz-se necessária a par�cipação da comunidade junto aos processos de evolução urbana, para desenvolvimento de um bairro mais sustentável. Farr faz menção a algumas ferramentas que auxiliam nessa tarefa de es�mular a colaboração da comunidade na causa sustentável. Um deles é o conceito de Charrete, que seria uma oficina colabora�va entre uma equipe planejadora e os habitantes de um mesmo local com o obje�vo de desenvolver um programa que contemple os interesses de todos. Nela todos são envolvidos nas tomadas de decisões e par�cipação de todos é fundamental para discu�r tópico importantes, assim dá con�nuidade ao projeto. A prá�ca do Charrete foca em cinco pontos importantes para a excelência do funcionamento do processo, são eles: a saúde da comunidade, colaboração, transparência, aprendizado compar�lhado, comunicação direta, honesta e oportuna.

• Saúde cole�va: através dos valore do local são trazidas soluções que melhorem o bem-estar social, econômico e �sico dos moradores com ambientes que comtemplem a natureza.

• Colaboração: é a colaboração que cada indivíduo produz por meio de resultados.

• Transparência: Se refere a clareza diante de dos os processos de evolução, onde todas as informações precisam estar acessíveis para todos os envolvidos.

• Aprendizado compar�lhado: o envolvimento de todos os pontos de vista é de extrema importância no processo, o que pode até gerar uma mudança de pensamento dos envolvidos.

• Comunicação direta, honesta e oportuna: a junção de todos os pontos citados em harmonia trazendo ciclos que fornecem a todas as partes o raciocínio por detrás das decisões.

A par�cipação efe�va da população é de fundamental importância para uma boa elaboração de um plano urbano local, já que os mesmos

estarão envolvidos nesse processo saberão de tudo que irá acontecer e se aquele plano realmente atende suas necessidades. Esse processo acaba por facilitar a vida do urbanista essa relaçõe entre o conhecimento dos urbanistas e o direcionamento dado pela população faz com que o ambiente possa ser melhorado significa�vamente.

Essa relação também gera nas pessoas que moram nessa localidade um sen�mento de reponsabilidade e sentem muito mais incluso no cenário criado. Esse sen�mento faz com as pessoas preservem a as melhorias e podem também levar outras melhorias para o bairro.

Outra estratégia importante para o planejamento do desenho urbano é o Protocolo de Análise dos Bairros Inteligentes (SNAP), que tem como obje�vo propor uma melhor qualidade de vida dentro de um contexto urbano, avaliando os bairros e seus possíveis novos empreendimentos para ocupar seus vazios, visando sempre um urbanismo sustentável. Usando os critérios de classificação do SNAP, os envolvidos podem analisar pontos fortes do bairro que merecem ser aprimorados, como também pontos que devem sofrer melhorias. Este processo faz com que a comunidade esteja completamente envolvida com os planos e decisões para o bairro, podem agir contra ou a favor do que está sendo proposto, tudo isto resultando num bairro com planejamento inteligente.

Visto esses exemplos fica claro o papel fundamental do urbanista em passar para os moradores de forma clara e obje�va o mo�vo pelo qual certas escolhas irão melhorar a qualidade de vida, deixando claro todas as questões, mostrando referências posi�vas para assim agir a favor da cooperação e da conscien�zação.

2.4
39 2.3.
Promover lugares interessantes e diferentes com senço de lugar
Es�mule a colaboração da comunidade e dos envolvidos
Figura 2.3.1 - Ilustração sobre o Charrete. (Fonte: h�p://infraestruturaurbana 17.pini.com.br/solucoes-tecnicas/37/metodo-charrete-tres-dias-para-plane jar-308751-1.aspx)

Observa-se na área um maior quan�ta�vo de comunidades habitacional e serviço. Apesar de o número de habitações ser considerável a comunidade não se apresenta unida em prol de seus bene�cios e buscando inteira-se pelas modificações que ocorreram ao logo da história do bairro.

40 N 0 25 50 100m LEGENDA Habitacional Serviço Comércio Acadêmica Outros 20% 12,60% 33,15% 31,78%
2.3.A Mapa das comuniadades existentes Figura 2.3.a - Comunidades Fonte Unibase ESIG - Prefeitura do Recife 2.3. Es�mule a colaboração da comunidade e dos envolvidos

Toda cidade é composta de espaços públicos e privados, ruas, praças, edificações, alguns deles se destacam por apresentar-se sendo mais do que apenas um espaço na cidade, por possuir um senso de lugar.

Oque caracteriza um espaço diferente com senso de lugar é ele possuir um valor histórico ou cultural para a cidade, ou gerar uma relação afe�va com seus cidadãos.

Lugares assim podem ser iden�ficados por sua importância, o impacto que teriam se fossem re�rados da cidade.

Alguns deles, são reconhecidos pelo governo e são classificados como Imóveis Especiais de Preservação (IEP) ou Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural (ZEPH).

Esses lugares es�mulam e abrigam as trocas interpessoais dos mais variados grupos sociais, misturando idades, raças, poder aquisi�vo, e que promovem a vivacidade do local.

” À medida que a vitalidade dos espaços públicos diminui, perdemos o hábito de par�cipar da vida urbana da rua. O policiamento natural ou espontâneo, aquele produzido pela própria presença das pessoas é subs�tuído pela segurança oficial e a própria cidade torna-se menos hospitaleira e mais alienante. ”

Rogers (2001)

Algo imprescindível para uma cidade sustentável, é a colaboração mútua de seus habitantes, e essa capacidade é impulsionada quando as pessoas se iden�ficam com sua cidade, com os lugares con�dos nela, pois isso gera uma apropriação do espaço, que será perpetuada por gerações, e isso é de suma importância.

No Recife, pode-se destacar alguns exemplos de lugares reconhecidos por sua grande importância para a cidade, que estão na memória cole�va e servem de referência turís�ca, alguns desses lugares são classificados como zonas especiais de preservação do patrimônio histórico-cultural (ZEPH), eles são o Bairro do Recife (ZEPH 9)(Figura 2.4.1), a Ponte D'Uchôa (ZEPH 6)(Figura 2.4.2), a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem (ZEPH 21), o Bairro da Boa Vista (ZEPH 8) e o Mercado de São José(Figura 2.4.3), dentro do Bairro de São José (ZEPH 10).

41 2.4
Promover lugares interessantes e diferentes com senço de lugar
Figura 2.4.2 - Parque da Jaqueira (Ponte D’Uchôa - ZEPH 6). (Fonte : h�p://viagensdalek.blogspot.com.br/2012/11/parque-da-jaqueira.html 13/04/2018) Figura 2.4.1 - Marco Zero (Bairro do Recife - ZEPH 9). (Fonte : h�ps://arcturusgroup.com.br/arcturus-marke�ng-digital/quem-somos-marke�ng-digital-recife/a�achment/paisagem-marco-zero-recife/ 13/04/2018) Figura 2.4.3 - Mercado de São José (Bairros de Santo Antônio e São José - ZEPH 10). (Fonte: h�ps://www.youtube.com/watch?v=lgG1IVslPBc 13/04/2018)

Porém, para que esses lugares possam cumprir seu papel na cidade de forma eficiente, é necessária maior conec�vidade, isso é, conectar diversos lugares por meio de �pos variados de transporte, para que sejam de fácil acesso a diferentes públicos.

Para isso, é preciso tornar os caminhos mais agradáveis, mais seguros e confortáveis, para atrair o público convidando-o ao passeio por entre esses lugares, convidando-o a vivenciar a cidade, popular a rua, gerando cidades ‘caminháveis’ e espaços nos quais as pessoas gostam de estar.

Com essas a�tudes, encaminha-se a cidade ao rumo do urbanismo sustentável, com mais segurança nas ruas, melhor uso da cidade, maior cuidado vindo de seus moradores, através de uma relação mais intrínseca e saudável entre as pessoas, e a cidade.

Um lugar que apresenta aspéctos de completude e conec�vidade é Puerto Madero, em Buenos Aires (Figuras 2.4.5 e 2.4.6).

O porto teve seus galpões, celeiros e moinhos reformados de acordo com a nova urbanização da cidade, que deixou de ser uma das áreas mais degradadas da capital da Argen�na(Figura 2.4.4).

Seu plano urbanís�co manteve metade de sua área total como parques, jardins e áreas verdes e abriga edificações como, cafés ao ar livre, bares, restaurantes, largos calçadões para pedestres e ciclistas, gerando assim uma diversidade de usos do solo, e, consequenemente, um ambiente agradável para os transeuntes.

“Esses lugares são necessários para completar um bairro e são componentes fundamentais do urbanismo sustentável.” (FARR, DouglasUrbanismo Sustentável p. 142)

42 2.4 Promover
lugares interessantes e diferentes com senço de lugar
Figura 2.4.4 - Puerto Madero antes da reforma. (Fonte: h�ps://jucaxtour.wordpress.com/2011/10/06/puerto-madero-buenos-aires/ 13/04/2018) Figura 2.4.5 - Puerto Madero depois da reforma. (Fonte: h�ps://www.buenosairesturismo.com.br/roteiros/porto-madero.php - 11/04/2018) Figura 2.4.6 - Puerto Madero depois da reforma. (Fonte: h�p://www.nuevopuertomadero.com/index.php?La_Vuelta_al_Mundo_duro_poco_dias&page=ampliada&id=1491 13/04/2018)

8.

Rua Dom Bosco, 1216

Colégio Americano Ba�sta

Igreja Ba�sta da Capunga

Praça Parque Amorim

Praça O�lia

Igreja da Nossa Senhora da Conceição(ZEPH)

Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco

Rua Joaquim Felipe CELPE

Teatro Valdemar de Oliveira

Rua Padre Inglês

RUAS

PRAÇAS

EDIFICAÇÕES IMPORTANTES

IMÓVEL ESPECIAL DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL (IEP)

ZONA ESPECIAL DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL (ZEPH)

2.4 Promover lugares interessantes e diferentes com senço de lugar

2.4.A Mapa de lugares na área de estudo

ESC: 1/5000

43
x
N
4.
6. 7. 10
1. 2. 3.
5.
9. 11 12
Praça Oswaldo Cruz 1. 2. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8.
9. 11
10. 12

Quando se iden�fica um problema urbano, o pensamento mais comum é de resolve-lo com grandes mudanças, reformas administradas pelo governo e que costumam passar por processos burocrá�cos que demandam inves�mento de muito tempo, dinheiro e muitas vezes ficam inacabadas, abandonadas e sem cumprir seu papel, podendo chegar a agravar a situação original.

Para se tornar uma cidade sustentável é necessária uma série de medidas de longo prazo, mas não deve-se esperar pela concre�zação dessas medidas, ou por um plano urbanís�co sustentável, é possível amenizar as situações prejudiciais a saúde da cidade por meio de decisões previsíveis, justas e econômicas, que se adequam para resolver de forma eficaz, problemas de menor escala com o intuito de causar um impacto posi�vo na vida urbana.

Essas decisões são tomadas a par�r dos sintomas apresentados por determinadas áreas ou caracterís�cas pontuais, por exemplo ruas que já são compar�lhadas entre pedestres e carros, por não possuir espaço ou qualidade nas calçadas resultando num volume grande de pessoas caminhando no asfalto, ou o aproveitamento, por parte de pequenos comerciantes, de espaços residuais encontrados entre árvores que ocupam excessivamente a calçada e postes colocados de forma a gerar obstrução no percurso caminhavel.

Uma forma de aplicar essas decisões seria por meio de experimentações urbanas, como ocorreu na Times square, em Nova Iorque (Figuras 2.5.1 e 2.5.2), onde u�lizando-se de materiais temporários e baratos, Jane�e Sadik-Khan desenvolveu um projeto prá�co e empírico, que se mostrou uma transformação efe�va do espaço público gerada pela apropriação espontânea, por parte dos cidadãos, do local disposto.

Outro exemplo dessa aplicação de decisões é por meio da Acupuntura Urbana, conceito que Jaime Lerner desenvolveu, que se caracteriza por ser uma série de intervenções de pequena escala, pontuais, que podem iniciar um processo de regeneração de espaços ociosos ou desqualificados.

“Você não promove mudanças lutando contra o que já existe. Para mudar algo, construa um modelo novo que torne o existente obsoleto”.

Essa citação se encaixa exatamente no que ocorre nessas situações, com soluções simples e econômicas, pequenas alterações locais geram impacto na dinâmica da cidade de forma rápida, e mostram defeitos na forma com que os problemas urbanos normalmente são lidados, revelando também a reação e adaptação da população diante dessas alterações, validando-as ou não.

2.4
44 2.5.
Promover lugares interessantes e diferentes com senço de lugar
Faça decisões de urbanização previsíveis, justas e econômicas
Figura 2.5.1 - Times Square antes da intervenção proposta por Jane�e Sadik-Khan, em Nova Iorque. (Fonte: h�ps://www.youtube.com/watch?v=LujWrkYsl64 13/04/2018) Figura 2.5.2 - Times Square após intervenção proposta por Jane�e Sadik-Khan, em Nova Iorque. (Fonte: Mario Hains h�ps://commons.wikimedia.org/wiki/File:New_York_New_York_-_panoramio_(1).jpg 13/04/2018 )

2.5. Faça decisões de urbanização previsíveis, justas e econômicas

A realidade da cidade do Recife não inclui tanta preocupação com a vegetação situada na mesma, que se apresenta muitas vezes sem a manutenção apropriada, incoerente com o contexto em que estão localizadas, organizadas de forma desagradavelmente espaçada, em escassez, etc.

Por meio de análises sobre o sí�o estudado, percebe-se que a vegetação, em sua maioria de grande porte, juntamente com calçadas estreitas e poucos espaços compar�lhados entre meios públicos e privados, acabam por gerar dificuldades para a caminhabilidade, como pode ser observado na Figura 2.5.3, onde o pedestre opta por caminhas na pista de carros por conta do desconforto das calçadas do local.

As calçadas Verdes funcionaram como um prolongamento da calçada, avançando para parte do asfalto, com o intuito de reduzir a velocidade dos veículos e oferecer uma “ilha” de segurança para o pedestre, proporcionando mais espaço caminhável.

A manutenção das calçadas e da vegetação urbana deve ser efetuada de forma mais regular, ela é necessária para controlar interferências na rede elétrica e assegurar que as árvores não bloqueiem ou dificultem a passagem dos pedestres e outros meios de transporte.

A vegetação é importante para proporcionar conforto térmico e gerar biofilia, oferecendo sombras nas ruas, promovendo assim, a caminhabilidade.

Para diminuir esse conflito entre calçadas, postes, árvores e pedestres, é possível aplicar uma forma de acupuntura urbana que foi feita na cidade de Curi�ba, as “calçadas verdes”(Figura 2.5.4).

Outra proposta é a de projetar faixas de pedestres, de acordo com a necessidade local, seguindo um fluxo deslocado pré-existente.

Um exemplo aplicado é na cidade de São Paulo (Figura 2.5.5), onde foram pintadas faixas para suprir uma demanda da população de se deslocar em diferentes direções, pois o local dispõe duas vias de grande porte e as opções de deslocamento dos pedestres por entre essas vias não eram suficientes.

45
Figura 2.5.3 - Calçada em má condição de caminhabilidade na Rua Manoel Pereira. (Fonte: Google earth 14/04/2018) Figura 2.5.4 - Calçada verde implantada em Curi�ba. (Fonte:Ana Krüger / CBN Curi�ba 14/04/2018) Figura 2.5.5 - Intervenção feita em São Paulo. (Fonte : Gestão urbana SP 13/04/2018 )

LEGENDA:

Árvores de grande por t e Árvores de médio por t e

Árvores de pequeno por te

Árvores intralote que sombreiam a calçada Poste de iluminação para carros Poste de iluminação para pedestres

Por meio da análide deste mapa, é possível perceber onde o posteamento choca-se com a arborização, e também que a área possui poucos postes para pedestres, sabendo que os postes para carros são mais altos, pode-se chegar a conclusão de que esse posteamento juntamente com a grande quan�dade de árvores de grande porte (que podem obstruir o caminho da luz, por conta de suas copas) não são suficientes para manter a rua confortável durante a noite. A distancia entre as árvores e os postes também revela calçadas que estão geram espaços residuais.

N 0 25 50 100m
2.5.A Mapa árborização e Posteamento
46
2.5. Faça decisões de urbanização previsíveis, justas e econômicas

LEGENDA:

Residencial

Comercial

Misto

Serviço

Em construção

Imovel vazio

Educacional

In�tucional

Espaço público

Terreno vazio ( Religioso

Espaços com potencial para permanêcia

N 0 25 50 100m
2.5.B Mapa de potenciais locais para permanência
47
econômicas
2.5. Faça decisões de urbanização previsíveis, justas e

2.6.a. Importância de misturar os usos

Edificações com uso misto facilitam a vida co�diana, não sendo necessário percorrer longas distâncias em veículos privados ou públicos para conseguir sa�sfazer certas necessidades diárias.

Tais percursos podem ser feitos través de caminhadas ou pedaladas, economizando tempo e dinheiro. Além disso, favorecem o trânsito, evitando engarrafamentos, melhoram as vendas dos comerciantes locais, amenizam e diminuem a poluição ambiental.

Com habitações, usos e serviços agrupados em uma única edificação, ocorre uma economia e facilita a inserção de instalações de infraestrutura de alto desempenho, evitando diversos rasgos no solo natural.

Os espaços públicos em geral, também são beneficiados, pois a tendência é que ocorra maior movimentação e vitalidade nas ruas, evitando a insegurança e medo em permanecer nas áreas abertas e públicas.

Por fim, construções agrupadas em seu corpo diversidades de usos e serviços, evita a sobrevivência de espaços monofuncionais, abrindo espaço para uma nova demanda de mercado, da qual favorece os cidadãos, o meio ambiente e o urbanismo sustentável.

construído, trazendo male�cios para a área, pois a integração entre usos e pessoas fica debilitada e deixa o percurso dos cidadãos inseguro, dificultando a caminhabilidade e dinamicidade do local.

Áreas vagas apresentam potencial de abrigar edificações de uso misto, as quais no térreo contenham serviços/comércio e nos demais andares habitações. Já a outra parcela dos espaços ociosos, possibilitam a preservação de generosas áreas verdes, dando início aos primeiros conceitos do urbanismo sustentável.

No mapa de usos (ver mapa pagina 18) pode-se verificar que a área é composta por grandes variações no uso do solo, no entanto, a maioria não estão inseridas na mesma edificação. Os espaços u�lizados para serviços estão em maior quan�dade, habitações ficando em segundo e comércio em terceiro, já os lotes vazios ou sem u�lização encontram-se em menor quan�dade, mas, se comparado com os espaços educacionais, podem ser denominados como elevados.

Por certa setorização dos usos, ocorre a ineficiência no diálogo entre pedestres e o espaço

48
2.6.
do
Misture os usos
solo
2.6.b. Predominâncias de usos existentes no sí�o 2.6.c. Principais problemas ou potencialidades encontrados no sí�o

FERRAGEM

LOCAL PARA CULTO

CLUBE OU EQUIPAMENTO

SUPERMERCADO

LOJA DE CONVENIÊNCIA

ESCOLA

BIBLIOTECA

RESTAURANTE

BANCO

CABELEREIRO

FARMÁCIA

HABITAÇÃO COM ESPAÇO DE TRABALHO

DELEGACIA E POSTO DE BOMBEIROS

CONSULTÓRIOS MÉDICOS E ODONTOLÓGICOS

ÁREA COM BOA COMPLETUDE

ÁREA COM SATISFATÓRIA COMPLETUDE

Nível de completude do bairro

Percentual dos usos presentes num raio de 400m²

Bom 70% ou mais

Sa�sfatório

Mínimo

Insuficiente

30-70% 10-30% menos de 10%

48 2.6.
N 0 50 250 500 m
Misture os usos do solo
Figura 2.6.A - Completude (Fonte: Unibase ESIG - Prefeitura da Cidade do Recife) (Fonte: FARR, 2013)
LEGENDA Mapa de completude

Entende-se que a população urbana depende para o seu bem estar, não só de educação, cultura, e equipamentos públicos, mas também de um ambiente com qualidade.

À medida que as cidades se expandem, elas se apropriam demasiadamente dos recursos naturais, pois se tornaram o local em onde grande parte da população mundial se concentra, e a consequência disso é a transformação do espaço natural.

Ao ocupá-lo e u�lizá-lo para a construção das cidades e/ou sua expansão, a sociedade altera o meio natural através da re�rada da cobertura vegetal para construir estradas, casas e equipamentos públicos sem planejar os espaços que estão sendo alterados. Com essas mudanças, são criados espaços livres abertos e compar�lhados, mas também, surgem espaços que ficam negligenciados.

“Entre os espaços mais negligenciados no planejamento urbano estão os parques e as praças de bairro que podem ser acessados por pedestres”(Douglas Farr, 2013).

Os espaços negligenciados, muitas vezes apresentam degradação e lixo acumulado, jogado pela própria população, e não são vistos como locais de permanência, por não serem convida�vos e muitas vezes são encontrados vazios, que causa uma sensação de insegurança(Figura 2.7.1).

Os espaços abertos desempenham papel fundamental para o aumento da qualidade de vida nas áreas urbanas, tanto do ponto de vista ambiental como social, sendo muitos os prejuízos causados pela falta de incen�vo ao uso e a sua conservação.

Espaços com áreas verdes, são importantes para a qualidade ambiental das cidades, gerando biofilia, já que assumem um papel de equilíbrio entre o espaço modificado para o assentamento urbano e o meio ambiente.

A falta de arborização, por exemplo, pode trazer desconforto térmico e possíveis alterações no microclima, e como essas áreas também assumem papel de lazer e recreação da população, a falta desses espaços interfere na qualidade de vida desta.

Espaços abertos, de livre acesso e com vegetação vem a formar o chamado “terceiro lugar”, que reúne pessoas de variadas esferas sociais, promovendo mais interação e assim impulsionando a vivacidade das cidades, um exemplo disso é o Parque da Jaqueira(Figura 2.7.2).

2.4
49 2.5.
Promover lugares interessantes e diferentes com senço de lugar
Faça decisões de urbanização previsíveis, justas e econômicas Preserve espaços abertos e ambientes em situação crí�ca
Figura 2.7.2 - Parque da jaqueira, espaço aberto (Fonte : h�p://viagensdalek.blogspot.com.br/2012/11/parque-da-jaqueira.html 13/04/2018) Figura 2.7.1 - trecho da rua João Crescêncio, próximo do cruzamento da rua José Osório, no bairro da Madalena , exemplo de espaço negligenciado(Fonte : Firmino Caetano Junior. 13/04/2018 )

A sociedade atual tem priorizado a construção de ambientes monofuncionais, que suportam a separação, o conceito de autonomia e consumo par�cular, como resposta a isso, cada vez mais as a�vidades tornam-se divididas em territórios.

Essa prá�ca é extremamente prejudicial para as cidades, pois o ideal seria planejar as cidades buscando completude, por meio de construções mul�funcionais, que ajudam a mesclar diferentes públicos, despertando respeito mútuo e mantendo a consciência em alerta.

Lugares mul�funcionais, dispostos de forma a gerar completude interligados por ruas bem arborizadas, com uma boa conec�vidade, são essenciais para a vitalidade do meio urbano, e perpetuam a noção de cidadania, reforçando na população, o sen�mento de que o espaço público é propriedade e responsabilidade de todos.

“A medida que a vitalidade dos espaços públicos diminui, perdemos o hábito de par�cipar da vida urbana da rua” (Richard Rogers, 1997)

2.7.A Mapa da funcionalidade das edificações

LEGENDA: edificações mul�funcionais edificações monofuncionais

No polígono estudado, observa-se a escacez de edificações com mul�funcionalidade.

50 2.7. Preserve espaços abertos e
situação crí�ca
ambientes em
N 0 25 50 100m
Figura 2.7.3 - Edi�cio mul�funcional dentro da área de estudo, na rua Padre Iglês (Fonte : Google earth 15/04/2018)

2.7. Preserve espaços abertos e ambientes em situação crí�ca

Analisando o perímetro de estudo, observa-se que existem nele poucas áreas verdes públicas, sendo um total de três praças que estão abandonadas pelo público, sempre vazias, com iluminação e segurança precárias, ou seja, não convida�vas.

Além disso, existem poucas edificações de uso misto, e a visão geral das vias é de serem espaços negligenciados, pois não recebem os devidos cuidados tendo em vista seu papel de suma importância para a formação de uma cidade sustentável.

Contudo, pode-se iden�ficar terrenos abandonados ou mal u�lizados que se tornam potenciais de ambientes compar�lhados, abertos e com vegetação.

51
Figura 2.7.4 - Praça oswaldo Cruz (Fonte : O Marco Ambiental 14/04/2018) Figura 2.7.5 - Despejo inadequado de resíduos sólidos, Praça oswaldo Cruz (Fonte : Google street view 13/04/2018) Figura 2.7.6 - Canal da Agamenon - Esgoto ao ar livre (Fonte :Kety Marinho/TV Globo 13/04/2018)

LEGENDAS:

ESPAÇOS VERDES PÚBLICOS

TERRENOS BALDIOS JARDINS FRONTAIS

ÁREAS LIVRES ENTRE LOTES

As praças localizadas na área de estudo podem ser consideradas negligenciadas pois não cumprem seu papel de ambiente aberto agregador, sempre encontram-se vazias e abandonadas.

Os jardins frontais, quando compar�lhados com o ambiente da rua, contribuem com a biofilia. Terrenos baldios podem ser vistos como locais com potencial de serem mul�funcionais, abertos e com vegetação.

ESC.:1/4500

52
2.7. Preserve espaços abertos e ambientes em situação crí�ca
N
Praça Oswaldo Cruz Praça O�lia Praça Parque Amorim

LEGENDAS:

TERRENOS BALDIOS

ÁREAS LIVRES ENTRE LOTES

JARDINS FRONTAIS

ESC.:1/4500

53
2.7. Preserve espaços abertos e ambientes em situação crí�ca
N

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