7 minute read

ESPECIAL

Next Article
CASO DE SUCESSO

CASO DE SUCESSO

BENEFÍCIOS DO USO DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL NA BOVINOCULTURA

por Gabriel Victor Pereira Lima, Graduando em Medicina Veterinária na Universidade Federal de Viçosa; Polyana Pizzi Rotta, professora da Universidade Federal de Viçosa; Rafael Azevedo, Gerente de produto e Coordenador Alta CRIA e Tiago Moraes Ferreira, Gerente Técnico de Leite

Advertisement

A precocidade sexual é um dos pontos mais importantes na bovinocultura, sendo possível pela redução da idade ao primeiro parto que resulta na redução do intervalo entre gerações. A inseminação articial é uma biotecnologia que pode nos auxiliar a tornar isso possível, pois, com ela, temos grande disponibilidade de touros provados para diversas características desejáveis, como: precocidade sexual, produção de leite, fertilidade e várias outras características que impactam na produção animal, tanto de carne quanto de leite.

A inseminação articial possui baixo custo e rapidamente apresenta impacto genético no rebanho. Mesmo apresentando taxa de concepção menor do que na monta natural, o ganho genético aditivo reduz o impacto dos menores índices, quando comparado à monta natural. Apesar da taxa de concepção ser melhor na monta natural, o mesmo não é encontrado para a taxa de serviço e prenhez. Em estudo realizado por Tiago Moraes Ferreira, Gerente Técnico de Leite da empresa Alta, foi observado que, na monta natural, foram encontradas taxas de serviço, concepção e prenhez de 26,3%, 67,5% e 16,5% respectivamente. Enquanto na Inseminação Articial foram encontradas taxas de serviço de 43,5%, concepção de 45,7% e prenhez de 19,2%. Demonstrando que o número de vacas prenhes sobre as aptas à reprodução é maior na inseminação articial.

A monta natural é uma importante fonte de transmissão para uma série de doenças sexualmente transmissíveis como: Campilobacteriose Genital Bovina, Brucelose, Leptospirose, Leucose Enzoótica Bovina, Triconomose Genital Bo-

vina, IBR e BVD. Quando o sêmen tem uma boa procedência, esse risco é eliminado.

Outro ponto importante já mencionado é o ganho genético. Quando utilizados touros provados, temos segurança quanto à introdução de características desejáveis no rebanho. Por exemplo, em fazendas com altos índices de distocia, é possível diminuir esse problema, utilizando sêmen de touros com boa facilidade de parto.

Além disso, no processo de monta natural, há risco de acidentes com a vaca e com as pessoas, uma vez que, no processo da monta, os touros cam agressivos e podem machucar os funcionários, além da possibilidade de fraturas nas vacas ou novilhas no momento da monta.

O tempo de vida reprodutiva média de um touro varia de acordo com a raça, sendo que touros zebuínos vivem uma média de 10 anos, enquanto animais taurinos apresentam uma média de vida de 8 anos. Ou seja, a partir

da monta natural, a média é nascer de 450 a 600 bezerros por touro. Com a inseminação arti- cial, um touro nesse mesmo período pode ter mais de 150.000 descendentes. Assim, touros com boas características podem transmiti-las para um número maior de descendentes.

“A inseminação articial possui baixo custo e rapidamente apresenta impacto genético no rebanho”

Outro aspecto importante é a endogamia ou consanguinidade, pois, se um touro car no rebanho 10 anos, ele pode cobrir suas lhas ou netas e alguns aspectos negativos da endogamia são a redução do desempenho produtivo (leite e sólidos), redução da taxa de crescimento, redução do desempenho reprodutivo, aumento da susceptibilidade do animal a afecções e aumento da sensibilidade a inuências ambientais. Uma alternativa é a separação das fêmeas em lotes, porém é algo trabalhoso e acaba dicultando o manejo.

A criação de touros europeus é uma alternativa quase inviável no Brasil e países de clima tropical, pois são animais de clima temperado e sofrem muito com o estresse térmico, resultando em impactos negativos na fertilidade do touro, podendo levar à degeneração testicular. Com a inseminação articial, é possível utilizar o sêmen desses touros sem precisar criá-los na fazenda.

Com a introdução da inseminação articial, o controle zootécnico é mais eciente, pois as informações da inseminação de cada animal devem ser anotadas. Com essas informações é possível reunir dados como taxas de serviço, concepção e prenhez, além de estimar a data prevista

para o parto. Esses dados ajudam na observação do estado reprodutivo da fazenda, tais como: data da secagem do animal, identi cação de cio, fertilidade do rebanho e e ciência dos inseminadores, facilitando o manejo diário e ajudando no controle administrativo da propriedade, os quais são questões importantes para de nir a permanência ou não do produtor na atividade.

A criação de touros gera muitos gastos efetivos como concentrado, volumoso, sal mineral, medicamentos e vacinas. Na inseminação arti cial, não se têm esses gastos, além de agregar valor ao animal e proporcionar um grande avanço genético. E como sabemos se  ca mais barato inseminar ou criar um touro?

A partir de dados coletados da Unidade de Pesquisa e Extensão em Gado de Leite (UEPE-GL) da Universidade Federal de Viçosa (UFV), foi possível comparar os custos da monta natural e da inseminação arti cial por concepção. Foram reunidas informações dos custos operacionais e do custo do capital imobilizado de cada uma das modalidades.

COMPARAÇÃO ENTE CUSTO POR CONCEPÇÃO DA MONTA NATURAL E DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL

Discriminação

Número de fêmeas (cab.) Taxa de concepção (%) Despesas operacionais (R$/ano) Custo do capital imobilizado (R$/ano) Custo total (R$) Custo por concepção (R$/cab.) Valor agregado total por fi lha (R$/cab.) Valor agregado - custo por concepção

*Preço médio da dose de sêmen de R$ 20,00

Monta Natural

100 65% 2.711,25 447,00 3.158,25 48,59 0 -48,59

Inseminação Artificial

100 40% 3.065,00 461,86 3.526,86 88,17 2.001,86 1.913,68

Os dados utilizados para obtenção do valor agregado total por  lha foram o número de  - lhas do touro, a PTA (capacidade prevista de transmissão) média do touro, o número de lactações da  lha, o preço médio do leite, o peso ao descarte da  lha, o preço da arroba do boi e o valor agregado da  lha em percentual.

O maior impacto nos custos tanto na monta natural quanto na IA é o valor agregado sobre a  lha, proporcionado pelo ganho genético, que contempla o valor agregado sobre o leite, já que uso de touros provados para leite leva a um aumento na produção da  lha pelo ganho genético aditivo. Além de contar com o valor agregado sobre a fêmea, já que, em média, esses animais têm valor agregado de 20% no preço da arroba, quando comparados a animais provenientes da monta natural.

Os dois pontos que possuem maior peso no custo da IA é o preço da dose do sêmen e a taxa de concepção. Alguns fatores tendem a elevar o custo da dose como: a tecnologia da sexagem, palhetas de touros que estão no topo do ranking, doses de tou

ros provados com maior con abilidade (maior número de  lhas no teste de progênie) e sêmen de melhor qualidade/fertilidade.

Quanto maior a taxa de concepção, menor será o investimento, uma vez que serão gastas menos doses para emprenhar o mesmo número de vacas. Segundo o Concept Plus (programa de benchmarking reprodutivo da Alta), as melhores fazendas têm uma taxa de concepção média de 45,5%, levando a um custo médio por concepção de R$ 77,14 na inseminação arti cial. Se esse índice for reduzido para 23,5%, que é o encontrado nas fazendas com taxas inferiores, o custo médio por concepção sobe para R$149,36, levando em consideração um preço médio da dose de sêmen de R$ 20,00.

Isso mostra a importância de um bom manejo reprodutivo, que, por sua vez, requer uma boa nutrição, associado ao bem-estar animal que contempla o conforto térmico, sanitário e nutricional, dando oportunidade ao animal de expressar todo seu potencial genético.

Gabriel Victor Pereira Lima Graduando em Medicina Veterinária na Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Polyana Pizzi Rotta, Professora da Universidade Federal de Viçosa e Conselheira Alta CRIA Zootecnista pela Universidade Estadual de Maringá. Mestrado na Universidade Federal de Viçosa (UFV). Doutorado na Universidade Federal de Viçosa (UFV), com período de treinamento na Colorado State University. Atualmente é Professora Adjunta de Produção e Nutrição em Bovinocultura de Leite da UFV, e conselheira Alta CRIA.

Rafael Azevedo, Gerente de produto e Coordenador Alta CRIA Zootecnista, mestrado em Ciências Agrárias pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com doutorado em zootecnia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e pós-doutorado em Zootecnia pela UFMG

Tiago Moraes Ferreira, Gerente técnico de Leite da Alta

Médico Veterinário pela Universidade de Uberaba (Uniube), especialista em Reprodução de vacas leiteiras pela Newton Paiva e Rehagro, Especialista em Nutrição de vacas de leite Faculdades Integradas de Uberaba (FAZU) e Rehagro, jurado oficial da Girolando e presidente do CDT da raça Girolando

This article is from: