6 minute read
PROGRAMAS E SERVIÇOS
A IMPORTÂNCIA DE UMA BOA DETECÇÃO DE CIO
por Reginaldo Santos, Técnico de Leite
Advertisement
Cada dia que passa, percebemos a entrada da tecnologia em nossas vidas, trazendo novas formas de tomar decisões e enxergar o futuro.
Quando falamos na pecuária, seja corte ou leite, essa tecnologia não ca atrás. Hoje falamos em Pecuária 4.0, Pecuária de Precisão e temos várias formas de uso da tecnologia como forma de melhorarmos a gestão da sanidade, nutrição e reprodução dos nossos rebanhos.
Para que uma vaca possa mostrar todo o seu potencial, tem que emprenhar, manter a gestação e parir, colocando um bezerro no chão no menor tempo possível, dependendo do tipo de manejo (intensivo, semi- -intensivo e connado) e do objetivo (produção de leite ou de carne).
Para que isso ocorra, é necessário que a mão de obra seja exaustivamente treinada para fazer uma boa observação e detecção de cios, independentemente do tipo de sistema e do objetivo. E é aqui que percebemos que está uma grande oportunidade de melhoria desse e dos outros índices nas propriedades.
Segundo os dados retirados do Concept Plus Leite, disponível na Alta, de 258 fazendas que enviaram dados de reprodução, a média delas apresenta uma Taxa de Serviço de 47,4% (150 fazendas). As 54 fazendas (20%) que apresentam índices inferiores possuem uma TS de 32,8% e, no outro extremo, ou seja, as 20% com o melhor resultado tem 62,9% de TS. O que faz com que exista essa diferença entre elas? Apenas a utilização de um programa de gerenciamento de índices reprodutivos, e uma tomada de decisão focada em promover, na propriedade, ações que visam a melhorar a observação de cios.
Primeiramente, as propriedades, assim como já acontece com os produtores progressistas, devem ter um programa de gerenciamento da reprodução, além da assistência veterinária consistente para analisar os dados obtidos por esses programas e tomar as decisões de maneira cirúrgica quando é preciso intervir de maneira rápida. Dos três índices reprodutivos mais importantes, como taxa de serviço, taxa de concepção e taxa de prenhez, nos quais conseguimos visualizar a maior oportunidade de melhora, e assim conseguir aumentar os outros índices, é exatamente a taxa de serviço, também chamada por alguns de taxa de detecção de cios.
Vamos falar aqui, de uma maneira mais geral, de propriedades produtoras de leite, pois a grande maioria das fazendas de gado de corte hoje utilizam a técnica da IATF (Inseminação Articial em Tempo Fixo). Não que as de leite não utilizem, pelo contrário, as mais tecnicadas já o fazem, mas uma grande maioria, ainda não.
O que é CIO? Podemos dizer de uma maneira objetiva que, o ÚNICO sinal primário e principal que nos mostra que uma vaca está em cio é QUANDO ELA ACEITA A MONTA de uma companheira. E podemos associar esse sinal aos outros secundários, como diminuição da produção, diminuição da quantidade de comida ingerida, urina mais, muge mais, inquietação, orelhas em pé, aparta-se do rebanho, bate nas outras, monta e é montada pelas outras, presença de muco na vulva, intumescimento da vulva.
Para observarmos esses sinais, é de extrema importância que o inseminador faça a observação de cios pelo menos duas vezes ao dia. Quando amanhece o dia e pouco antes de escurecer, pelo menos por uns quarenta minutos. E aqui aparece outro grande problema das propriedades menores. Normalmente, o inseminador tem que ordenhar, cuidar dos bezerros, trazer os lotes etc., fazendo com que essa observação não seja bem-feita. O ideal é que todos os envolvidos com a produção de leite
saibam o que é cio e auxiliem o inseminador nessa função. Em fazendas mais estruturadas, essa função é bem denida, e os envolvidos participam como equipe para auxiliar e conseguir tirar os animais que estão no cio.
A grande maioria das vacas entra em cio das 18h até as 6h, devido a estar mais tranquila, sozinha no ambiente dela, período mais fresco, sem a presença dos funcionários, de cachorros etc. O tempo de cio varia de 10 a 18 horas, período longo e variado, dependendo de raça, idade do animal, clima, tipo de sistema etc. E o que os últimos trabalhos nos mostram é que, em animais de alta produção e connados, esse tempo hoje está bastante diminuído, sendo de 3 a 6 horas apenas. Imagine uma vaca que entrou em cio às 23h, quando ninguém está observando. Quando for 4h, acabou o cio e ninguém o viu. Já zeram a conta de quanto nos custa um cio perdido? Em um animal que produza 20 litros/dia, só em leite deixamos de ganhar, em 20 dias, 400 litros produzidos. Além do aumento do intervalo entre partos etc.
Para ajudar, temos que pensar em FERRAMENTAS DE AUXÍLIO na detecção de cios. Quais são? Temos as mais simples (spray, bastão, adesivos) e as mais sosticadas (pedômetro, colares de monitoramento).
Temos trabalhado bastante com o adesivo ESTROTECT, o mais citado em pesquisas e ex
perimentos por todo o mundo, e que já teve mais de 70 milhões de unidades comercializadas de 2006 a 2018. Seu funcionamento é simples e ecaz. Colado na garupa do animal, perto do osso sacro, a cada vez que uma vaca é montada, ele vai raspando, passando de uma cor prateada para um vermelho bem vivo, mostrando de longe que aquele animal foi montado. Quanto mais ele for raspado, melhor a indicação da hora de inseminar.
Em sua nova Tecnologia Breeders Bullseye, é o único no mercado que ca até 21 dias colado no animal, sem cair e perder. Fácil de utilizar e colocar, é uma boa maneira de auxílio ao inseminador para a detecção de cios.
Esses estudos comprovam que o ESTROTECT é tão ecaz quando uma observação de cio feita de maneira rigorosa, ou que a detecção foi feita por touro, ou comparado com testes de sangue para comprovar prenhez.
ESTRATÉGIAS DE UTILIZAÇÃO
- Conrmar cio de retorno em protocolos de IATF, sendo colocado no animal 10 dias após
a inseminação xa, localizando, assim, os animais que não emprenharam e aproveitando este cio que é de alta fertilidade; - Detectar os animais que estão perto da saída do PEV (período voluntário de espera). Se o seu PEV for de 50 dias, quando estiver no dia 45, já pode colocar o ESTROTECT, não perdendo cio dos animais que estiverem próximos à data estipulada; - Outra maneira de extrema importância é colocar em animais para detectar também Perda de Prenhez, tendo a oportunidade de tomar as providências o mais rápido possível no caso disso acontecer.
Estas fotos mostram que, quando raspados em 50% para frente (da terceira foto em diante), você já pode inseminar. Quanto mais raspado, maior sua chance de obter a prenhez.
Quanto maior a quantidade do adesivo raspada, maior a chance da prenhez. Pesquisa Universitária independente, com 5000 inseminações.
Como podemos ver, a tecnologia nos auxilia e muito para que consigamos bons resultados em nossas propriedades. O que temos de fazer é car atentos a ela, nos modernizar e, além delas, utilizar programas de gerenciamento nas propriedades.
Reginaldo Santos Técnico de Leite Médico veterinário pela Universidade José do Rosário Vellano (Unifenas), pós-graduado em Pecuária de leite.