Online Fitness Workouts - Seguidores e Resultados: estudo de caso das apps MyFitnessPal e Runtastic

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SEMINÁRIO - JUNHO DE 2018

ONLINE FITNESS WORKOUTS

SEGUIDORES E RESULTADOS – ESTUDO DE CASO DAS APLICAÇÕES MYFITNESSPAL E RUNTASTIC

ORIENTADO POR: PROFESSORA AUXILIAR PAULA CORDEIRO

ANA CATARINA DOS SANTOS CABRITO N.º 219767; CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO anacatarinaa.c@hotmail.com


Imagem de capa retirada do website Unsplash, uma plataforma livre de direitos de autor, obtida a 05 de maio de 2018, disponĂ­vel em: https://unsplash.com/.

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Resumo Em 1975, existiam aproximadamente 11 milhões de jovens obesos, a nível mundial. No ano passado, esse valor atingiu os 124 milhões de indivíduos. Com a evolução das tecnologias móveis, em particular dos smartphones, o mercado da saúde apostou nestas plataformas, criando

apps

(aplicações

móveis)

que

promovem

o

auto-controlo,

alteração

de

comportamentos e adoção de um estilo de vida mais saudável e ativo. Este trabalho pretende explorar se as apps MyFitnessPal e Runtastic correspondem às expetativas dos seus utilizadores jovens, entre os 18 e os 24 anos e que influências exercem nas suas vidas. Para tal, utilizou-se um método qualitativo, baseado numa sessão de focus group com seis jovens, que já tinham sido utilizadores das apps, e numa análise profunda a estas plataformas. Concluiu-se que, na maioria das vezes, os resultados alcançados são temporários, já que os indivíduos não se mantêm motivados a longo prazo. Aliado a esta falta de incentivo, existe também a restrição calórica, especialmente na app MyFitnessPal, que leva a que os utilizadores abandonem facilmente o regime alimentar, depois de um curto período de tempo. A melhor solução seria aliar os benefícios das duas plataformas, de forma a retirar o melhor de cada uma, promovendo o equilíbrio na alimentação e a criação de hábitos de vida mais ativos.

Palavras-chave: Aplicações Móveis de Saúde e Fitness; Exercício Físico; Fitness; Imagem Corporal.

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Abstract In 1975, there were approximately 11 million obese young people worldwide. Last year, this figure reached 124 million people. With the evolution of mobile technologies, particularly smartphones, the healthcare market has been betting on these platforms, creating apps (mobile applications) that promote self-control, behavior change and adoption of an healthier and more active lifestyle. This work aims to explore whether MyFitnessPal and Runtastic apps meet the expectations of their younger users, between the ages of 18 and 24, and whether they have influence on theirs users lives. For this, the author used a qualitative method, based on a focus group session with six young people, who had already been users of the apps, and then an in-depth platform analysis. It was concluded that, in most cases, the results achieved are temporary, since individuals aren’t motivated in the long run. Along with this lack of incentive, there is also the calorie restriction, especially at MyFitnessPal, this leads to easy retreat of diet from users, after a short time. The best solution would be to combine the benefits of the two platforms, to get the best out of each one, so that it promotes balance on diet and creates more active living habits.

Key-words: Mobile Health and Fitness Applications; Physical Exercise; Fitness; Body Image.

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Índice Introdução .................................................................................................................................... 8 1. Estado de Arte ....................................................................................................................... 10 1.1. A Imagem Corporal e o Exercício Físico ........................................................................... 13 1.2. O Fitness e o Mundo Digital ............................................................................................... 14 1.3. User Experience em aplicações móveis ............................................................................ 16 2. Opções Metedológicas .......................................................................................................... 18 3. O Focus Group ...................................................................................................................... 22 4. Análise das apps MyFitnessPal e Runstastic ....................................................................... 26 4.1. Os traços que as caracterizam .......................................................................................... 26 4.1.1. O caso MyFitnessPal ...................................................................................................... 26 4.1.2. O caso Runtastic ............................................................................................................. 29 3.

Discussão de Resultados .................................................................................................. 35

Conclusões ................................................................................................................................ 37 Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 39 Apêndice 1 - Síntese das técnicas utilizadas e os seus objetivos. .......................................... 43 Apêndice 2 - Estudos académicos feitos a nível nacional e que se mostraram relevantes para a recolha de informação para o presente trabalho. .................................................................. 44 Apêndice 3 – Troca de e-mails para solicitação de uma investigação científica na área do fitness, realizada no âmbito de uma dissertação de mestrado. ............................................... 46 Apêndice 4 – Tabela base para a análise das apps em causa nesta investigação. ............... 47 Apêndice 5 – Descrição extensiva da app MyFitnessPal. ........................................................ 48 Apêndice 6 – Descrição extensiva da app Runtastic. .............................................................. 50 Apêndice 7 – O estabelecimento de contacto para agendamento do focus group. ................ 52 Apêndice 8 – Guião de entrevista do focus group. ................................................................... 53 Apêndice 9 - Características principais dos participantes no focus group............................... 55 Apêndice 10 - Observações gerais acerca do focus group...................................................... 55

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Apêndice 11 - Transcrição das respostas dadas por cada participante .................................. 57 Anexos ....................................................................................................................................... 63 Anexo 1 - Níveis de atividade física na população portuguesa, em percentagem, em indivíduos com mais de 14 anos, nos anos de 2015 e 2016. .................................................. 63 Anexo 2 - Níveis de prática de atividade física programa a nível nacional, em percentagem, nos anos de 2015 e 2016. ......................................................................................................... 63 Anexo 3 - Distribuição espacial, por NUTS II, de pré-obesidade e de obesidade na população portuguesa ................................................................................................................................. 64 Anexo 4 - Screenshots da app MyFitnessPal. .......................................................................... 65 Anexo 5- Screenshots da app Runtastic................................................................................... 67

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Índice de Tabelas Tabela 1: Cronograma das etapas do projeto de investigação…………………………………22 Tabela 2: Síntese das principais características da app MyFitnessPal…………….………….26 Tabela 3: Síntese das principais características da app Runtastic……………….…………….29 Tabela 4: Resumo dos parâmetros principais que caracterizam cada uma das apps……….31 Tabela 5: Síntese dos aspetos positivos e negativos das plataformas digitais MyFitnessPal e Runtastic………………………………………………………………………………………………33 Tabela 6: Síntese das técnicas utilizadas e os seus objetivos………………………………….43 Tabela 7: Estudos académicos feitos a nível nacional…………………………………………..44 Tabela 8: Tabela base para a análise das apps em causa nesta investigação……………….47 Tabela 9: Descrição das primeiras etapas da app MyFitnessPal………………………………48 Tabela 10: Descrição das primeiras etapas da app Runtastic………………………………….50

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Índice de Gráficos e Imagens Gráfico 1: Níveis de atividade física na população portuguesa…………………………………63 Gráfico 2: Níveis de prática de atividade física programada a nível nacional…………………63 Imagem 1: Distribuição espacial, por NUTS II, de pré-obesidade e de obesidade…………...64 Imagem 2: Screenshots da app MyFitnessPal……………………………………………………65 Imagem 3: Screenshots da app Runtastic…………………………………………………………67

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Introdução Segundo dados do Inquérito Nacional de Alimentação e Atividade Física (2017), correspondentes aos anos de 2015 e 2016, apenas 27.1% dos adultos portugueses são fisicamente ativos (ver Anexo 1). A obesidade afeta 22% da população nacional, enquanto que cerca de 35% dos portugueses são pré-obesos, valores que aumentam em indivíduos com baixos níveis de educação. A nível mundial, esta condição física “afetava 107.7 milhões de crianças e 603.7 milhões de adultos”, em 2015 (Afshin et al, 2017, s.p.). A obesidade e o sedentarismo aumentam ao mesmo tempo que se regista um acelerado desenvolvimento tecnológico, especialmente marcado pelo aparecimento dos smartphones e das aplicações móveis (apps). Paralelamente, verifica-se que o mercado da saúde e do fitness usa estas plataformas digitais para promover hábitos mais saudáveis e ativos. Em 2016, o fitness tinha um valor de mercado de 214 milhões de euros, em Portugal, esperando um aumento de 2.5% para 2017, segundo dados da Associação de Empresas de Ginásios e Academias de Portugal (2016). Porém, embora as apps de saúde e fitness mostrem potencial em ajudar os indivíduos a perder peso e manter um estilo de vida saudável, “algumas preocupações foram levantadas sobre o facto de estas não incorporarem dados e teorias estratégicas que promovam a alteração dos comportamentos individuais” (Azar et al., 2013, p. 584). Neste sentido, o presente trabalho procura compreender a influência das apps MyFitnessPal e Runtastic nos jovens, entre os 18 e os 24 anos, que sejam seus utilizadores, assim como quais as gratificações retiradas da experiência de utilização. Para tal, pretendese dar resposta à seguinte pergunta de partida: de que forma os hábitos de vida dos utilizadores, com idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos, são influenciados pelas apps MyFitnessPal e Runtastic, e que gratificações retiram da utilização? A concretização da investigação assenta num método qualitativo, que se baseia nas seguintes técnicas, posteriormente explicadas no capítulo das Opções Metodológicas: focus group com seis jovens entre os 18 e os 24 anos, e análise descritiva, comparativa e crítica das apps MyfFitnessPal e Runtastic. A escolha da área de atuação, e consequentemente do tema, prende-se com o interesse da autora pela comunicação digital realizada no campo da saúde e do fitness. Estas são áreas que têm vindo a sofrer alterações devido ao desenvolvimento de plataformas digitais como o Facebook e Instagram, nas quais são levadas a cabo

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campanhas de comunicação com recurso a influenciadores digitais. Estes são definidos como “utilizadores comuns da internet que acumulam um número elevado de seguidores em blogues e redes sociais, e integram nos seus posts conteúdos publicitários” (Abidin, 2015, s.p.), e que por essa razão tornam-se relevantes para as marcas, em contexto digital. A teoria dos usos e gratificações sustenta o desenvolvimento deste trabalho. Esta refere-se às “respostas que os membros da audiência dão aos meios, como respostas de exposição, de receção, respostas atitudinais e comportamentais” (Ferreira, 2003, p. 1). De acordo com Katz, Blumer e Gurevitch (1974), um dos princípios gerais da teoria dos usos e gratificações “é que o uso dos media é seletivo e motivado pela autoconsciência racional das próprias necessidades do indivíduo e com a expetativa de que essas necessidades serão satisfeitas por tipos específicos de media” (citado por Ruggiero, 2000, p.18), razão pela qual se torna pertinente compreender a relação que os utilizadores mantêm com as apps de saúde e fitness. No que diz respeito aos usos e gratificações do consumo de tecnologia, nomeadamente de smarphones, segundo Joo & Sang (2013), “através da facilidade de uso, existem motivações para utilização ritual, por exemplo para passar o tempo, para relaxar ou entreter, e motivações de uso instrumental, por exemplo para obter informações e notícias” (citado por Lee & Cho, 2013, p. 1147). São ainda atribuídos outros usos e gratificações à utilização de tecnologia como “a associação social, manutenção de relacionamentos, resolução de problemas e negociação” (Flanagin & Metzger, 2001, p. 173). No que concerne à estrutura do trabalho, esta foi dividida em seis pontos: a Introdução; o Estado de Arte, no qual está contemplado o enquadramento teórico das palavras-chave; as Opções Metodológicas, e sua respetiva justificação; a Análise de Resultados, retirados do focus group e da análise das aplicações MyFitnessPal e Runtastic; e por fim, a Discussão de Resultados e as Conclusões.

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1. Estado de Arte Ao longo dos últimos anos, o fitness tem vindo a protagonizar diversos estudos académicos, a nível nacional e internacional. Apesar da diversidade de investigações científicas realizadas na área temática em questão (ver Apêndice 2), serão destacados determinados estudos que se revelaram pertinentes para a presente investigação, nomeadamente os que dizem respeito ao mercado fitness português, à promoção de um estilo de vida saudável através de plataformas digitais e às apps de saúde e fitness direcionadas a jovens. Carneiro (2017) investigou de que forma os ginásios e health clubs portugueses tiram partido da presença online para atrair novos clientes e promover os serviços oferecidos. Na dissertação de mestrado em questão, foi utilizado um método misto, que incidiu numa revisão de literatura, com o objetivo de conhecer as características do mercado de fitness nacional e de elaborar um método para avaliação da performance de websites. Posteriormente, foram recolhidos os dados relativos à presença online de uma amostra de 58 ginásios e health clubs. No fim, a autora conseguiu concluir que “não se verifica uma forte relação entre a dimensão das empresas fitness e a qualidade da presença online” (Carneiro, 2017, p. 29), não havendo uma adoção eficaz da tecnologia e da internet por parte dos ginásios e health clubs estudados. Ferreira (2016) levou a cabo um estudo onde pretendeu avaliar o impacto junto dos utilizadores da presença em redes sociais digitais dos ginásios portugueses. Através de uma revisão de literatura e análise das redes sociais dos ginásios Homes Place, Fitness Hut e Solinca, a autora conseguiu concluir que é necessário haver uma maior aposta nas redes sociais digitais com maior número de utilizadores e um regulamento mais eficaz da quantidade de publicações, e respetiva periodicidade. Cruz (2015), na sua dissertação de mestrado, teve por objetivo compreender a dimensão idiossincrática de um ginásio português. O autor quis entender os tipos de relações humanas criadas dentro destes espaços, bem como os estilos de vida e objetivos dos indivíduos frequentadores de ginásio, que treinam para “atingir melhores condições de saúde, beleza física e bem-estar” (Cruz, 2015, p. 72). Concluiu-se que nos ginásios são estabelecidas relações de autoridade, entre consumidores, empregados e treinadores, que motivam o indivíduo a atingir os seus objetivos em relação ao seu corpo. Porém, numa época marcada pelo uso de smartphones e de apps é importante evidenciar o papel destes mecanismos para o controlo e promoção de exercício físico dos indivíduos. Oliveira (2016), na sua dissertação de mestrado, descreveu a importância das

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apps para a prevenção do sedentarismo, e das doenças a este associadas. O autor destaca que as principais funcionalidades destas apps são “o registo de dados biomédicos, sendo mais frequente o Índice de Massa Corporal (IMC); o registo de atividade física, sendo esta feita com base na distância de Global Positioning System (GPS) percorrida, e ainda a sugestão de recomendações, adaptadas ao conjunto de utilizadores que apresentam características semelhantes” (Oliveira, 2016, p. 22). A app em causa permitia que existisse um acompanhamento da atividade física por um profissional de saúde, havendo uma dualidade: por um lado, a monitorização do exercício físico pelo indivíduo, e por outro o acompanhamento médico. Ainda na área das apps de saúde e fitness, Mendes (2012), na sua dissertação de mestrado, destacou a importância dos jovens, que nasceram e cresceram a par da evolução tecnológica, como utilizadores das apps da categoria em estudo. A autora refere que a oferta é quase nula em Portugal, em termos de aplicações dirigidas ao público mais jovem, que permitam o controlo da alimentação e das práticas desportivas. Através de uma revisão de literatura, foram reunidas informações sobre os jovens portugueses (público-alvo da app), a ligação entre tecnologia, alimentação e exercício físico, e por fim, sobre a pertinência da criação de uma app dentro destes moldes. No que diz respeito a artigos científicos, destacam-se autores como Azar (2013), Lee e Cho (2016) e Middelweerd (2014), que abordam temas como o controlo dos hábitos de vida através de apps de saúde e fitness, as motivações para um uso continuado destas plataformas e as técnicas de mudança comportamental que as mesmas utilizam. Azar e outros (2013) tiveram como objetivo principal avaliar a nutrição dos utilizadores de apps de saúde e fitness, bem como a potencialidade de rastreamento e controlo das mesmas. Para tal foi utilizada uma análise comparativa e descritiva das várias aplicações móveis gratuitas disponíveis na iTunes App Store, utilizando critérios de inclusão/exclusão de funcionalidades. No fim, concluíram que todas as apps obtiveram pontuações baixas na inclusão de técnicas de alteração comportamental, que podem influenciar os indivíduos a mudar as suas atitudes. Lee e Cho (2016) exploraram o que motivava os utilizadores de apps de saúde e fitness a continuarem a utilizar essas plataformas. Através de um questionário online direcionado a universitários foram recolhidas informações sobre as gratificações retiradas pelos utilizadores, e foi feita uma análise de regressão hierárquica. Os resultados mostraram

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que as maiores gratificações dos utilizadores eram: capacidade de gravação de dados, conexão em rede, credibilidade, compreensão e acompanhamento das tendências. Middelweerd e outros (2014) avaliaram uma amostra de 74 apps de saúde e fitness, gratuitas e pagas, descarregados da Play Store e da iTunes App Store. A análise e avaliação foi feita com base no uso de técnicas de mudança comportamental, que foram analisadas e comparadas entre si com base em testes não-paramétricos. Conseguiram concluir que, em média, cada app utiliza cinco técnicas de alteração comportamental, das quais é de destacar: a auto-monitorização, o feedback sobre o desempenho e a definição de metas. Destas três investigações científicas, é de realçar que as “apps estudadas obtiveram baixas pontuações no que toca a inclusão de técnicas de mudança comportamental” (Azar et al., 2013, p. 1), sendo que em média “uma app utiliza 5 de 23 técnicas possíveis” (Middelweerd et al, 2014, p. 1). As estratégias mais utilizadas foram sintetizadas por Middelweerd (2014) em: “auto-rastreamento, feedback sobre o desempenho e definição de objetivos pessoais” (p. 1). De ressalvar que o número de técnicas utilizadas não variou entre apps

pagas

e

gratuitas.

Nas

plataformas

estudadas,

as

técnicas

de alteração

comportamental menos encontradas foram “as entrevistas motivacionais, gestão de stress, prevenção de racaídas, auto-fala, modelos e identificação de obstáculos” (Middelweerd, 2014, p. 1). Para que as apps de saúde e fitness sejam eficazes e produzam efeitos nos seus utilizadores, é necessário que apelem à mudança de comportamentos e atitudes por parte dos mesmos. No que diz respeito às gratificações retiradas da utilização destas plataformas, Lee & Cho (2016) evidenciaram a “gravação de dados, conexão em rede, credibilidade, compreensão e o acompanhamento das tendências digitais” (p. 1145), que são também os principais motivos para a continuação da utilização da aplicação móvel. A importância que estas investigações tiveram para a presente investigação assentaram, sobretudo, no conhecimento em relação às principais técnicas de alteração comportamental em plataformas digitais de saúde e fitness, realçando a relevância da sua inclusão para a alteração eficaz e prolongada dos hábitos de vida. Outro aspeto interessante, foi a referência a motivações que levam os utilizadores a usar estas apps. Estas conclusões serão confrontadas com as ilições retiradas da aplicação das técnicas de investigação, pela autora.

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1.1. A Imagem Corporal e o Exercício Físico É necessária a distinção entre atividade física, exercício físico e fitness. “A atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido por músculos e que resulta em gastos energéticos” (Caspersen, Powell & Christenson, 1985, p. 126). Por sua vez, o exercício envolve também atividade muscular, mas distingue-se do primeiro conceito por ser “uma atividade física planeada, estruturada, repetitiva e com um propósito, no sentido de melhoria ou manutenção de um estado físico” (Caspersen, Powell & Christenson, 1985, p. 128). Enquanto que, o fitness propriamente dito é o “conjunto de atributos que as pessoas têm ou querem alcançar” (Caspersen, Powell & Christenson, 1985, p. 128). Deste modo, “nenhum indivíduo não tem atividade física, assim como nenhuma pessoa não tem fitness” (Caspersen, Powell & Christenson, 1985, p. 130), todos os seres humanos têm atividade física, em maior ou menor grau. Assim, os conceitos apresentados correlacionam-se entre si no sentido em que o exercício físico não existe sem o movimento corporal e o gasto de energia, a dita atividade física, e o seu propósito final “destina-se a manter uma determinada aptidão física” (Caspersen, Powell & Christenson, 1985, p. 130), ou seja, o fitness. Os benefícios da prática de exercício físico de forma regular podem ser notórios não só em termos de melhorias na condição de saúde dos indivíduos, das quais se destaca “redução de alta pressão cardiovascular, redução do risco de doenças cancerígenas e mortalidade” (Malina, 2006, p. 31); como também, “podem influenciar a perceção global da auto-perceção e numa redução dos riscos de ansiedade e depressão” (Malina, 2006, p. 30). Assim, a “imagem corporal refere-se à percepção, atitude e experiências do indivíduo em relação ao seu próprio corpo, especialmente no que diz respeito à sua aparência física” (Cash, & Hrabosky, 2003, p. 255). Por esta razão, e de acordo com Cash (2002), “é um conceito em constante alteração, pois para a sua construção contribuem não só aspectos da vida do indivíduo, como também acontecimentos recentes aos quais se associam pensamentos e emoções” (citado por Francisco, Narciso & Alarcão, 2012, p. 62). Segundo Malina (2006), “a atividade física durante idades jovens tem implicações favoráveis na vida adulta” (p. 32), no que diz respeito aos níveis de saúde e às práticas de exercício físico, que se mantêm elevadas. Assim, têm sido implementadas “diversas abordagens para intervir nas populações mais novas, como programas escolares, já que as escolas abrangem quase todos os jovens” (Direito et al., 2015, s.p.). Em Portugal, por exemplo, “a disciplina de Educação Física é uma disciplina de frequência obrigatória e por isso presente na composição curricular desde o ensino básico até ao ensino secundário”

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(Melo, 2012, p. 3), o que tem um reflexo importante na aquisição de estilos de vida mais saudáveis e ativos nos jovens estudantes. Tal também terá reflexos na auto-estima do indivíduo, já que “a imagem corporal e as preocupações com a aparência e peso mantêm-se ao longo da vida” (Francisco, Narciso & Alarcão, 2012, p. 63). No que concerne à preocupação com a imagem corporal, nos jovens portugueses, existem “diferenças de género e geracionais significativas”, uma vez que os “adolescentes são mais satisfeitos que os adultos, e os homens mais satisfeitos que as mulheres, o que corrobora estudos internacionais e reflete a excessiva valorização de um corpo magro como ideal de beleza feminina” (Francisco, Narciso & Alarcão, 2012, p. 80). Segundo Cone (1999), “apesar de um dos objetivos da auto-monitorização ser avaliar os pensamentos, emoções e comportamentos do indivíduo ao longo de um período de tempo, de forma a avaliar a sua eficácia, a auto-monitorização também pode ser utilizada eficazmente como forma de intervenção terapêutica” (citado por Cash & Hrabosky, 2003, p. 256). Este mecanismo é encontrado nas apps de saúde e fitness, pelo que estas podem ser um importante auxílio para os indivíduos em fase de mudança. A obesidade tem-se tornado numa das maiores preocupações na saúde mundial, o que tem levado as “pessoas a tomarem consciência sobre a importância de controlarem a sua dieta e exercício físico. No online, isto traduz-se num aumento substancial do uso de apps de saúde e fitness” (Lee & Cho, 2016, p. 1145).

1.2. O Fitness e o Mundo Digital De acordo com a Organização Mundial de Saúde (2017), a inatividade física causa aproximadamente 3.2 milhões de mortes e representa o quarto maior risco de morte em idade jovem. Porém, “a humanidade apresenta, todos os dias, novos mecanismos para solucionar os seus problemas” (Mendes, 2012, p. 19), sendo a evolução dos meios de comunicação móveis, especialmente dos smartphones, uma das marcas mais notórias desta revolução. “Num período de tempo relativamente curto, a tecnologia móvel penetrou significativamente na sociedade” (Boulos et al., 2011, p. 2). Uma das oportunidades que a revolução tecnológica permitiu foi a possibilidade de instalar apps, “executadas em smartphones ou tablets e que são distribuídas através da loja iTunes App Store, no caso de apps para iPhone e iPad, ou na loja Play Store, para apps de Android” (Velsen, Beaujean & Gemert-Pijnen, 2013, p. 1). Estas abrangem várias áreas da

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vida humana, incluindo a saúde e o fitness, permitindo “aos utilizadores monitorizar o seu peso, assim como a quantidade de calorias ingeridas e exercício praticado ao longo do dia” (Mendes, 2012, p. 19). As apps desta categoria “são comercializadas como ferramentas para alcançar a saúde e aptidão desejáveis e, assim sendo, para a melhoria pessoal” (Millington, 2014, p. 486). São vastos os benefícios da utilização dos smartphones e das apps de saúde e fitness. Estes foram sintetizados por Middelweerd e outros (2014) como: “constantemente acessível, ajustável às necessidades do consumidor, capaz de fornecer feedback personalizado, grande alcance e recursos interativos” (p. 1). Para que as apps sejam realmente eficazes na alteração dos hábitos e comportamentos dos seus utilizadores e promovam escolhas mais saudáveis, devem incluir técnicas de alteração comportamental. Contudo, na maioria das apps existentes “a inclusão de fatores de reforço é limitada, apesar destes serem considerados vitais para facilitar a mudança comportamental dos indivíduos” (West et al., 2012, s.p.). Em média, uma app desta categoria utiliza cinco técnicas de mudança comportamental, sendo que “as mais utilizadas são estabelecer um objetivo pessoal, auto-monitorização e feedback sobre a performance” (Middelweerd et al., 2014, p. 2). No que concerne aos usos e gratificações destas plataformas, Lee & Cho (2016) concluíram que “o rastreamento das atividades físicas e dieta, a interação com os utilizadores, a aquisição de informação” (p. 1151), bem como “a capacidade de gravação de dados, a conexão em rede e a qualidade da informação fornecida” (p. 1151), como os principais factores motivadores para o uso destas apps. Porém, os autores em causa evidenciaram também o papel do “entretenimento e das tendências” (p. 1152) na motivação dos indivíduos. Para que todos os benefícios das apps de saúde e fitness fossem aproveitados, era essencial que existisse “uma colaboração entre engenheiros informáticos, profissionais de saúde e especialistas em comportamento humano, de forma a potenciar a utilização de técnicas de mudança comportamental” (Middelweerd et al., 2014, p. 7), abrindo novos caminhos à promoção de saúde. Para motivar o utilizador utilizar regularmente a app, segundo Lee & Cho (2016), “é recomendável que os seus criadores disponibilizem informações mais compreensíveis, baseadas em factos verídicos e fontes credíveis”. Em simultâneo, devem “desenvolver apps que proporcionem uma assistência contínua e regular” (p. 1152). A app mais eficaz foi definida por Azar e outros (2013) como a que “envolve as

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pessoas durante mais tempo e periodicamente consegue voltar a reenvolvê-las para promover a manutenção da alteração dos comportamentos a longo prazo” (p. 588). “Com o desenvolvimento significativo das tecnologias avançadas de comunicação e informação, estamos a testemunhar um padrão acelerado de digitalização em várias áreas da saúde” (Lee & Cho, 2016, p. 1145), nomeadamente na promoção de hábitos de vida mais saudáveis e ativos, que combatam a obesidade. Segundo dados do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (2016), esta condição física afeta já 28.7% da população portuguesa, incidindo mais no sexo feminino, com 32.1% de mulheres obesas, sendo mais elevada nos indivíduos com menos escolaridade. “A taxa mundial de obesidade mais que duplicou desde 1980, o que pode ter potenciado o aumento da popularidade de apps de saúde e fitness que auxiliam as pessoas que querem perder peso” (West et al., 2012, s.p.). Deste modo, o mercado da saúde, nomeadamente do fitness, fez uso do avanço tecnológico e criou apps que acompanham os indíviduos quotidianamente, dado que “as pessoas levam os smartphones para todo o lado e conseguem aceder a informação em qualquer lado e a qualquer altura, promovendo a mudança do comportamento e fornecendo feedback e conselhos apropriados ao momento em questão” (Middelweerd et al., 2014, p. 2). A promoção de saúde e do fitness nas apps é feita recorrendo a conceitos como “atividade física, estilo de vida saudável, exercício, fitness, treinador, assistência, motivação e apoio” (Middelweerd et al., 2014, p. 1).

1.3. User Experience em aplicações móveis À medida que a tecnologia se foi desenvolvendo, especialmente nas últimas décadas, os serviços digitais tornaram-se mais usados e úteis para os seus utilizadores, como também mais modernos, elegantes e fascinantes. Assim, tornou-se relevante perceber, do ponto de vista das apps de saúde e fitness, se estas seguiram a tendência de potencializar o seu embelezamento estético e atratividade, não perdendo a sua utilidade, já que “uma app pode ser útil, mas oferecer uma má experiência para o utilizador – a utilidade não é suficiente para obter uma boa user experience” (Sauro & Zarolia, 2017, p. 18). A empresa MindSEO (2018), citada pela revista Marketeer, reuniu 10 tendências para o digital em 2018, entre as quais se destacava a importância do user experience, sendo que parâmetros como a velocidade de navegação, e a sua facilidade, o design, a arquitetura da informação e a legibilidade do conteúdo, foram destacados pela empresa como essenciais para melhorar a experiência do utilizador. Um outro estudo da IBM (2015), citado pela

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Artegic, refere que “90% dos profissionais de marketing olha para o user experience como um ponto essencial”, o que se pode explicar pelo facto de existir uma larga oferta de serviços no mercado das apps e as melhor sucedidas são aquelas que oferecem uma melhor experiência aos seus utilizadores. Normalmente, “a experiência é positiva se for possível realizar a tarefa sem demora, frustração ou sem encontrar obstáculos a meio” (Teixeira, 2014, p.15-16). Muito embora, as plataformas digitais sejam desenhadas para agradar ao utilizador e proporcionar-lhe uma experiência, que se deseja o mais positiva possível, esta é uma área subjetiva, já que cada pessoa, consoante os seus fatores humanos e externos, terá uma experiência diferente. De acordo com Teixeira (2014), os fatores humanos, pode destacar-se, “a capacidade de utilização de aparelhos eletrónicos, a visão, a habilidade motora, a capacidade de leitura e interpretação, o seu estado de humor momentâneo” (p. 16), por outro lado, os fatores externos, envolvem aspectos como, por exemplo, “a hora do dia, o ambiente onde a plataforma está instalada, se estão pessoas à volta” (p. 14), podendo ainda ser evidenciado a rapidez do smartphone ou tablet. Deste modo, é necessário que as plataformas se estruturem de acordo com os seus públicos-alvos e as suas características humanas, não menosprezando os fatores externos que poderão afetar a experiência. Surgem, portanto, dois conceitos que merecem ser distinguidos e diferenciados na presente investigação: User Experience Design (UX Design) e User Interface Design (UI Design). O primeiro termo é relativo à forma como o utilizador se sente em relação à utilização de um determinado sistema eletrónico, produto ou serviço, em termos de emoções, sentimentos e sesnações. O segundo conceito, aquele que se será considerado para a investigação em causa, diz respeito à “parte do sistema eletrónico, com o qual o utilizador interage com o fim de levar a cabo as suas tarefas e atingir os seus objetivos” (Stone et al, 2005, p. 4). Por outras palavras, diz respeito aos botões, ao menu, aos formulários ou a qualquer outro elemento que permita ao utilizador faz uso da aplicação. Normalmente, um bom UI Design “encoraja a uma natural, simples e intuitiva interatividade entre o utilizador e o sistema” (Stone et al, 2005, p.6). Ainda no âmbito digital, torna-se relevante fazer uma breve distinção entre interação e interatividade, uma vez que esse constituiu um dos parâmetros de análise das apps MyFitnessPal e Runtastic. Se por um lado a interatividade está relacionada com o uso de tecnologia, já que é um termo que teve origem “na nova exigência de operacionalidade imposta ao desempenho das máquinas, a partir do momento em que se concebeu que estas pudessem vir a substituir, com vantagens de simplificação e rapidez, o contacto humano

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direto” (Valle et al., 2012, p. 975). Por outro lado, a interação “retrata, basicamente, a atuação de um agente noutro, numa relação de mutualidade” (Dias et al., 2003, p. 30), isto é, a ação entre duas pessoas, entre pessoas e coisas ou apenas entre coisas. Deste modo, para a presente investigação interessa apenas compreender a interatividade potenciada por cada uma das aplicações móveis em estudo, uma vez que esse é o termo correto para definir a comunicação com o utilizador, por via da plataforma digital. Alguns autores, como Azar (2013), têm levantado questões sobre a eficácia de apps, da categoria de saúde e fitness, na mudança dos hábitos de vida e comportamentos dos indivíduos face à sua saúde e peso, pois “sem o envolvimento do utilizador, a app não será devidamente utilizada e não surtirá efeitos” (p. 588). Assim, torna-se pertinente compreender de que forma os hábitos e comportamentos jovens entre os 18 e os 24 anos, que utilizam pelo menos uma das apps em causa nesta investigação – MyFitnessPal e Runtastic – são influenciados pelo seu uso, e que gratificações retiram da utilização.

2. Opções Metedológicas A presente investigação pretendeu estudar de que forma as aplicações móveis (apps) de saúde e fitness influenciam os hábitos saudáveis e rotinas desportivas dos seus utilizadores, bem como as gratificações retiradas da utilização. Para tal, pretendeu responder-se à seguinte pergunta de partida: de que forma os hábitos de vida dos utilizadores, com idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos, são influenciados pelas apps MyFitnessPal e Runtastic, e que gratificações retiram da utilização? Procurando responder à pergunta de partida previamente estabelecida, foram definidos os seguintes objetivos: 1. Compreender de que forma as apps MyFitnessPal e Runtastic contribuem a promoção de estilos de vida mais saudáveis e ativos, nos jovens entre os 18 e os 24 anos; 2.

Explorar as características individuais e estilos de vida dos utilizadores destas apps, pertencentes à faixa etária acima referida;

3.

Avaliar os usos e as gratificações que estes utilizadores retiram do uso destas apps;

4.

Averiguar se os resultados obtidos pela utilização destas apps vão ao encontro dos objetivos pessoais traçados pelos utilizadores.

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A autora optou por utilizar um método qualitativo, “uma estratégia de pesquisa que enfatiza palavras em vez de quantificação e recolha de dados, sendo amplamente indutiva, construcionista e interpretativa” (Bryman, 201, p. 423). Assim, nesta investigação procurouse “compreender o comportamento, valores e crenças” (Bryman, 2012, p. 408) dos jovens, entre os 18 e os 24 anos, utilizadores das apps MyFitnessPal e Runtastic, sendo que o maior interesse da autora centrou-se na compreensão dos dados recolhidos, pela execução das técnicas, e a sua análise profunda. Este método, permitiu a existência de “um envolvimento mais próximo com as pessoas que estão a ser investigadas, para que se possa realmente entender o mundo através dos seus olhos” (Bryman, 2012, p. 408). As técnicas escolhidas para responder aos objetivos delimitados no trabalho assentaram na realização de um focus group e na análise descritiva, comparativa e crítica das apps MyFitnessPal e Runtastic (ver Apêndice 1). Ao estarem inseridas num método qualitativo, estas permitiram “descobrir a cultura dos atores sociais e as suas perspetivas” (Blaikie, 2009, p. 214), uma vez que a autora usufruiu de um contacto direto não só com as plataformas estudadas, como também com os seus utilizadores. Quanto ao focus group pode dizer-se que é “uma técnica de entrevista que envolve mais do que um indivíduo, sendo constituído por, pelo menos, quatro entrevistados” (Bryman, 2012, p. 544). Foi do interesse desta investigação reunir um grupo de seis jovens (ver Apêndices 7, 8, 9, 10 e 11), entre os 18 e os 24 anos, que já tenham utilizado pelo menos uma apps em causa. Deste modo, foram retiradas conclusões úteis através da “observação das respostas que os membros do grupo dão às visões uns dos outros, extraindo os seus pontos de vista e perspetivas” (Bryman, 2012, p. 545). Com esta técnica, foram também perceptíveis as gratificações e motivações que os levaram a escolher estas e não outras apps, uma vez que “a oferta é tão extensa, chegando a existir cerca de 10.000 apps que orientam a dieta e a perda de peso dos indivíduos” (Azar et al., 2013, p. 583). Ainda no focus group foi realizada uma validação do entrevistado, isto é, segundo Bryman (2012), “um processo através do qual o entrevistador fornece às pessoas com as quais realizou a pesquisa, um aglomerado de descobertas” (p. 391), cujo “objetivo principal é confirmar que os resultados e impressões do investigador são congruentes com as opiniões daqueles em que a pesquisa foi efetuada”, de forma a realçar possíveis falhas de coerências e encontrar explicações para tal. Esta foi realizada no fim da sessão de focus group, no qual os participantes foram confrontados com três afirmações, que expressavam as principais

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conclusões retiradas do focus group, ainda num ambiente de debate e de partilha de experiências. É de ressalvar que, a escolha da faixa etária recaiu sobre os jovens entre os 18 e os 24 anos, pois “existem evidências crescentes de que os jovens começaram a usar os dispositivos móveis como forma de fortalecer a envolvência cívica, a participação social e aumentar a sensação de pertencer a algo transcendente a eles mesmos” (Mihailidis, 2013, p. 59). Para os jovens “a internet e as redes sociais digitais fazem intrinsecamente para da sua vida quotidiana” (Dahlgren, 2011, p. 14). Deste modo, é relevante estudar de que forma as apps de saúde e fitness em causa influenciam esta geração, que usa os smartphones e a internet como fonte para “construir uma conectividade produtiva, realizar comunicações dinâmicas e consumir informações diariamente” (Mihailidis, 2013, p. 59), em largos períodos de tempo. No que concerne à análise descritiva, comparativa e crítica das apps MyFitnessPal e Runtastic, é de realçar que, através da análise aprofundada de cada app, e consequentemente

da

comparação

entre

ambas,

percebeu-se

que

conteúdos

e

funcionalidades são oferecidas aos utilizadores. Ao analisar as plataformas em causa, a autora conheceu, em profundidade, aquilo com que os utilizadores interagem diariamente. Esta etapa foi complementada com a perspetiva dos utilizadores, recolhida no focus group. Na análise descritiva das apps MyFitnessPal e Runtastic, foram descritas e explicadas as características principais de cada uma, tendo em consideração aspectos como: cores, funcionalidades (como o auto-monitorização, a definição de metas pessoais, as dicas de nutrição e exercício físico, e os testemunhos reais), UI Design, modos de funcionamento (online e offline), fornecimento de feedback, entre outros. No que diz respeito à análise comparativa, é de realçar que as apps foram comparadas entre si, com o objetivo de perceber as suas semelhanças e diferenças, tendo por base a análise descritiva. Por fim, a análise crítica das apps foi elaborada considerando as ideias autores, consagrados no Estado de Arte, sobre a inclusão de técnicas de alteração comportamental em apps da categoria, percebendo quais as utilizadas pelas plataformas MyFitnessPal e Runtastic. Consequentemente, e ao cruzar esta análise com a informação retirada do focus group, foi possível averiguar se as técnicas usadas estão a surtir o efeito pretendido. Nas análises feitas às apps, também foi tida em consideração a perspetiva de user experience (UX). “Para entender e melhorar a qualidade da experiência do utilizador da app, existe uma necessidade crescente de medir de forma válida e confiável a experiência do

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utilizador” (Sauro & Zarolia, 2017, p. 18). Este termo surge “associado a uma variedade de significados que vão desde a usabilidade tradicional, até à beleza, hedónica, identificação com o utilizador ou aspetos experimentais do uso da tecnologia” (Hassenzahl & Tractinsky, 2006, p. 91). Assim, tornou-se relevante perceber se o utilizador está a ter uma boa experiência ao utilizar o serviço em causa, dado que em apps de saúde e fitness torna-se necessário aliar a estética e atratividade à utilidade da plataforma, garantindo que os utilizadores se mantém interessados e motivados para alcançarem os seus objetivos. Para a investigação propriamente dita, a autora começou por realizar uma pesquisa empírica nas lojas de apps dos smartphones Android e iOS, a Play Store e a iTunes App Store, respetivamente. Dentro destas plataformas, e tendo por base as Tabelas de Classificação da Categoria Saúde e Fitness, conseguiu perceber-se que as apps em questão eram as mais descarregadas pelos utilizadores e qual era a sua avaliação. A app MyFitnessPal foi descarregada por 1.712.439 indivíduos na Play Store, onde angaria uma classificação de 4.6 estrelas; por outro lado, na iTunes App Store, conta com uma

avaliação

de

4.5

estrelas,

não

havendo

dados

relativos

ao

número

de

descarregamentos, e é gratuita. Já a app Runtastic, na Play Store foi descarregada 782.565 vezes e avaliada em 4.5 estrelas; enquanto que, na iTunes App Store foi avaliada em 5 estrelas. As duas plataformas em estudo contêm uma versão paga, com oferta de mais serviços e ferramentas, porém, para a presente investigação, foi apenas considerada a versão gratuita das apps. É de ressalvar que estes dados foram recolhidos no dia 12 de dezembro de 2017, às 20h45, podendo estar sujeitos a alterações. De forma a desenvolver o Estado de Arte, foi realizada uma pesquisa de produção científica a nível nacional sobre a área temática da saúde e fitness no mundo digital, em geral. A pesquisa foi delimitada, de modo a que se pudesse dar resposta ao tema das apps de saúde e fitness, em particular. Depois de reunidas teses de MA e PhD que poderiam ser úteis no presente trabalho (ver Apêndice 2), foram consultadas todas as referências bibliográficas das mesmas, para encontrar artigos científicos e livros que pudessem ser relevantes para a sustentação científica do tema.

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2.1. Cronograma Para uma melhor visão e percepção dos objetivos, técnicas e fontes de informação, bem como a concretização do trabalho em si, toda a informação foi consagrada no cronograma abaixo: Tabela 1: Cronograma das etapas do projeto de investigação. Etapa Revisão Bibliográfica. Recolha de contactos para a realização de focus group, e respetivo agendamento. Análise dos resultados obtidos no focus group.

Fontes Dissertações de mestrado e teses de doutoramento, artigos científicos, dados estatísticos e livros. Redes sociais digitais, nomeadamente grupos de Facebook e Instagram pessoal. Redes sociais digitais online, nomeadamente Facebook e Instagram.

Análise descritiva, comparativa e crítica das apps.

MyFitnessPal e Runtastic.

Discussão final dos resultados.

Análise final das apps em causa e focus group.

Concretização

Calendarização

Elaboração do Estado de Arte e do enquadramento teórico.

De setembro de 2017 a janeiro de 2018.

Auxílio na perceção das gratificações e usos que os utilizadores retiram das apps.

Em abril de 2018.

Análise dos resultados obtidos com o uso das apps em causa, e das opiniões acerca da experiência. Evidenciar pontos fortes e fracos de cada uma das apps, assim como o seu conteúdo, funcionalidades e grafismos. Cruzar a informação retirada da análise das apps com os testemunhos dados pelos jovens no focus group, e com as ilações dos principais autores do Estado de Arte.

De abril a maio de 2018. De maio de 2018 a junho de 2018.

Em junho de 2018.

Fonte: Elaboração própria. 3. O Focus Group Para complementar a análise feita a cada uma das apps em causa, procedeu-se à realização de um focus group (ver Apêndices 7, 8, 9, 10 e 11), para conhecer mais sobre a experiência de seis jovens utilizadores das apps em causa neste estudo. A sessão foi moderada pela autora da investigação em causa, que incentivou o debate entre os participantes, assim como à partilha sincera das experiências de utilização das plataformas. Muito embora os momentos de discussão não tenham sido frequentes, estes revelaram-se pertinentes e interessantes, uma vez que abordaram questões que inicialmente não estavam previstas, tais como o controlo excessivo das calorias consumidas diariamente. No fim da sessão, os participantes foram confrontados com três ilações, retiradas a partir das respostas que foram dadas, com a finalidade de compreender se os entrevistados concordavam com o que tinha sido concluído no focus group, realizando uma validação do entrevistado.

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Assim, pode afirmar-se que esta técnica alcançou os objetivos a que se propôs inicialmente, dado que se conseguiram perceber e estudar as experiências viviadas por utilizadores das apps em causa e daí extrairem-se conclusões sobre o seu funcionamento, as gatifiações e a eficácia para o alcance de objetivos individuais. • As motivações A curiosidade e interesse em registar a quantidade de calorias consumidas, numa tentativa de monitorizar a ingestão calórica e, consequentemente, reduzir a massa gorda (reduzindo o peso corporal) ou aumentar a massa muscular, foram as principais motivações que levaram os entrevistados a utilizar a app MyFitnessPal. Além disto, “saber mais sobre os nutrientes dos produtos” (Participante 4), foi outra das razões apontadas para o uso. Por outro lado, no que concerne à app Runtastic, os entrevistados referiram que as suas maiores motivações assentaram na necessidade de registar detalhes sobre as suas corridas ou caminhadas, dos quais é possível destacar: os quilómetros percorridos, o tempo gasto em exercício físico, as calorias consumidas, os recordes pessoais e as metas pessoais. No fim, os participantes foram confrontados com a seguinte afirmação: “instalei as apps, porque queria motivar-me, melhorar e emagrecer”, com a qual todos concordaram. Assim, é possível concluir que, as motivações que levaram os jovens a utilizar estas plataformas digitais assentam na melhoria do aspeto físico, por via psicológica e emocional, dado que a motivação e o desejo de se superarem é um caminho para a obtenção de resultados estéticos. “Estes resultados físicos têm quase sempre associados fatores psicológicos também, como a melhoria da nossa autoestima e, consequentemente, de todo o nosso estado mental e emocional” (Participante 4). •

As gratificações e resultados

Neste campo, o grupo de entrevistado subdividiu-se em dois: de um lado, aqueles que conseguiram obter resultados estéticos, por cumprirem tudo o que lhes era recomendado; do outro lado, aqueles que não atingiram resultados físicos, mas admitem que as plataformas tiveram utilidade para o aumento dos conhecimentos, especialmente no que toca à nutrição. Aqueles que conseguiram atingir resultados físicos, nomeadamente a perda de peso corporal, e num dos casos o aumento de massa muscular, admitiram que as apps tiveram influência nesse processo. Porém, não menosprezaram a importância que a motivação e o foco, provenientes do próprio indivíduo, desempenham no alcance dos objetivos pessoais.

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“Eu perco facilmente o foco se não vejo resultados e, por isso, as apps ajudaram-me a continuar e a não desistir” (Participante 2). Contudo, no seio deste debate surgiu uma questão relevante, que diz respeito ao uso indevido de apps de saúde e fitness que pode conduzir a um controlo excessivo, e por vezes obessivo, com a ingestão calórica. Dois dos participantes admitiram que já se deixaram influenciar em demasia pelas recomendações destas plataformas, em especial da app MyFitnessPal. “Bastava que saísse um pouco daquela linha alimentar, que ficava muito obsessivo com os ganhos. Acabei por me tornar refém das calorias que estava a ingerir” (Participante 3). No que toca ao segundo subgrupo de entrevistados, aqueles que consideram que apenas alargaram os seus conhecimentos, estes realçaram a importância das apps para quem que não quer perder a motivação e para quem precisa de auxílio para inserir exercício físico no seu quotidiano. “Ajudou-me a gerir melhor o tempo que gastava por dia em exercício físico” (Participante 5). Ao serem confrontados com a afirmação: “a motivação é o fator mais importante para o alcance de resultados, e não podemos esperar que a app faça tudo por nós, porque somos donos das nossas próprias escolhas”, todos estiveram em concordância. Deste modo, é possível afirmar que a motivação é essencial para que os indivíduos consigam atingir os seus objetivos. De realçar ainda que, por mais que as plataformas digitais nos aconselhem a fazer certo tipo de refeições ou de exercício físico, somos nós escolhemos fazê-lo ou não, sendo fundamental que nunca percamos a nossa sanidade mental e equilíbrio. •

A experiência No geral, e em suma, os participantes consideraram que a sua experiência enquanto

utilizadores das apps MyFitnessPal e Runtastic foi positiva, realçando o papel que estas plataformas digitais desempenharam no alcance de objetivos a curto e longo prazo, já que através da adoção de hábitos de vida mais saudáveis obtiveram conhecimentos suficientes para continuar a aplicá-los durante toda a vida. “Se futuramente precisar de contar os macronutrientes já terei algumas bases. Foi útil para conseguir atingir os meus resultados a longo prazo” (Participante 4). No que diz respeito especificamente à app MyFitnessPal, os utilizadores entrevistados consideraram-na bastante útil e completa, sendo um importante auxílio “para quem quer disciplinar a sua alimentação” (Participante 3). Apesar de terem avaliado a sua experiência de forma positiva, recomendariam que app incorporasse mais acompanhamento

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profissional (através de, por exemplo, online coaching), e a inclusão de mais fotografias, imagens e vídeos motivacionais. Por outro lado, no que concerne estritamente à app Runtastic, os utilizadores consideraram que tiveram uma experiência positiva, ressalvando a sua utilidade para “quem pratica cardio, como caminhadas e corrida” (Participante 5). Realçaram a possibilidade de “estabelecer metas, para nos superarmos a nós mesmos” (Participante 1), que são importantes auxílios para os indivíduos se manterem motivados e quererem fazer mais e melhor a cada treino. Contudo, recomendariam que fosse incluído um género de online coaching,

à

semalhança

dos

utilizadores

da

MyFitnessPal,

para

um

melhor

acompanhamento dos progressos e recomendações mais personalizadas às necessidades de cada um, e ainda a melhoria do sistema GPS. A última afirmação colocada perante os participantes do focus group foi: “nunca conseguiria chegar onde cheguei sem a ajuda da MyFitnessPal e da Runtastic”. Tal, levou a que novamente o grupo se dividisse nos dois anteriores: os que tinham atingido resultados propriamente ditos, e os que apenas alargaram os seus conhecimentos. Deste modo, quem atingiu resultados admite que estas plataformas constituíram importantes auxílios para o alcance de objetivos pessoais, já que com com a utilização das apps lhes foi possível disciplinar a alimentação, através do controlo das calorias ingeridas e do melhor conhecimento acerca dos alimentos. Apesar disso, admitiram que é extremamente difícil manterem-se completamente fiéis ao que lhes é recomendado, durante um largo período temporal, o que consequentemente leva ao alcance de resultados a curto e médio prazo, que se perdem com o tempo e com o abandono da utilização regular das apps. “Atualmente, não estou a ter resultados, porque não ando a cumprir o que a app me diz” (Participante 2). Por outro lado, o grupo de participantes que admitiu que apenas expandiu os seus conhecimentos, realçou a importância que esta aprendizagem poderá vir a desempenhar no futuro a longo prazo.

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4. Análise das apps MyFitnessPal e Runstastic 4.1. Os traços que as caracterizam Para a análise descritiva das apps em causa foi feita uma tabela-síntese dos principais parâmetros que caracterizam as plataformas desta categoria (ver Apêndice 4). Posteriormente, esta foi adaptada a cada um dos casos em estudo, para melhor descrever os contornos de cada app.

4.1.1. O caso MyFitnessPal Tabela 2: Síntese das principais características da app MyFitnessPal. Aspectos Visuais (UI Design)

Arquitetura (UI Design)

Cor principal: azul; Cores secundárias: branco e cinzento.

Sequência lógica, dado que o conteúdo é apresentado consoante a sua importância (quando se abre a app é apresentado o menu de seleção de refeições, seguido pela seleção de alimentos, informação nutricional da mesma, …).

Estrutura simples, na medida em que não há excesso de informação visual para o leitor, sendo que tudo o que é mostrado é de simples leitura e interpretação. Menu sempre vísivel e de fácil acesso, sendo necessário deslizar o dedo no ecrã da esquerda para a direita ou clicar num ícone circular no canto inferior direito.

Há coerência entre as várias dimensões da app.

Interatividade

Multimédia

Funcionalidades “Extra”

Caixas de comentários.

Hiperligações para o blogue da app, através de artigos, de sugestões de receitas.

Seleção de idioma.

Existência de um tutorial inicial.

Mensagens privadas entre utilizadores.

Gráficos diversos (progressos, informação nutricional de cada alimento, informação diária, entre outros).

Uso offline não permite adição de alimentos às refeições.

Regra dos três cliques só não se verifica na adição de alimentos a uma refeição.

Imagens e fotografias de utilizadores e dos artigos partilhados pelo blogue.

Gráficos relativos a cada alimento.

Publicidade e conteúdo patrocionado (por exemplo, através da possibilidade de compra de equipamento desportivo na loja online Under Armour).

Alertas e notificações.

Definição de metas pessoais, com objetivos de perda ou ganho de peso semanal ou mensal.

Possibilidade de criar receitas, para facilitar a adição de alimentos a uma refeição (em vez de selecionar alimento a alimento, o usuário pode selecionar diretamente uma receita).

Texto legível e compreensível; Tipo de fonte adequado e com tamanho certo.

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Leitura fácil e uso intuitivo, pois o utilizador não sente dificuldade em ler o texto ou em ver os conteúdos que deseja, não havendo obstáculos à percepção dos mesmos. Grande dimensão da base de dados de alimentos leva a uma pesquisa, por vezes, confusa.

Navegação circular, ou seja, em qualquer ponto da app podemos aceder a todos os outros.

Possibilidade de receber e-mails com mais sugestões e dicas.

Imagens e fotografias.

Conexão com outras aplicações, nomeadamente trackers que contam os passos dados.

-

Permite a partilha de resultados entre utilizadores.

-

-

Fonte: Elaboração própria. O objetivo principal da app MyFitnessPal (ver Apêndice 5) está relacionado com a monitorização da ingestão calórica diária, ou seja, através do controlo dos alimentos que são consumidos a plataforma disponibiliza informação relativa ao valor calórico e à informação nutricional de cada um. Consoante os objetivos dos utilizadores, a app define uma meta calórica diária que é suposto que seja cumprida para que os resultados possam ser vísiveis. Os dados relativos a cada refeição, isto é, os alimentos que foram consumidos, são fornecidos pelo utilizador que, recorrendo ao motor de pesquisa da plataforma, seleciona aquilo que comeu. À medida que esses dados vão sendo inseridos, o valor total da meta calórica diária vai diminuindo, o que permite que o usuário tenha uma percepção daquilo que já ingeriu e, em simultâneo, daquilo que ainda pode ingerir. A informação disponibilizada na app relaciona-se, sobretudo, com a informação calórica e nutricional dos alimentos. Estes valores encontram-se armazenados numa base de dados, que até à data de realização do presente trabalho contava com aproximadamente seis milhões de alimentos. Tal, possibilita que o utilizador tenha uma maior precisão na seleção dos alimentos, obtendo valores mais credíveis sobre o seu progresso. Além da extensa base de dados, a plataforma também permite uma personalização das porções ingeridas e das respetivas pesagens, em gramas. Aliado a estes factores surgem ainda as marcas, isto é, o utilizador pode escolher especificamente a marca que consumiu e perceber que os valores calóricos e nutricionais sofrem alterações consoante a sua origem. Por exemplo, distinção entre sumo de laranja Joi e sumo de laranja Sucol (ver Imagem 2, mais especificamente 2.1., no Anexo 4). No que toca às principais funcionalidades que otimizam a experiência do utilizador, é possível distinguir a possibilidade de criar receitas, na qual se adicionam todos os alimentos que compõem a mesma. Desta forma, o utilizador em vez de selecionar alimento a alimento,

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pode adicionar a receita a uma refeição, permitindo que haja uma poupança de tempo. Esta ferramenta possibilita, simultaneamente, que o usuário tenha uma melhor perceção de quantas calorias tem uma receita, não precisando de somar os valores individuais de cada alimento que a constitui. Outra funcionalidade que merece destaque é a conexão entre o perfil de utilizador da app MyFitnessPal com outras plataformas digitais, num total de 50 possíveis interligações. Assim, o usuário pode extrair o melhor de duas apps e exponenciar o seu rendimento, potenciando o alcance de resultados de forma mais rápida e eficaz. Uma das possibilidades de conexão é precisamente a app Runtastic, o que permite que haja um controlo da ingestão calórica como também do exercício físico, como corridas e caminhadas. Quanto a incentivos que mantenham o utilizador motivado e ligado à plataforma, merecem destaque os artigos partilhados no feed de notícias do utilizador, que provêem diretamente do blogue MyFitnessPal. Estes abordam assuntos ligados, principalmente, à área da nutrição. Têm como finalidade primordial dar a conhecer alternativas a alimentos menos benéficos, como por exemplo, o açúcar no artigo “Como Adoçar a Vida Sem Precisar de Açúcar”, receitas, dicas e sugestões para manter uma vida mais saudável, entre outros. Por outro lado, a app também motiva os utilizadores a fazerem parte de uma comunidade, incentivando a que adicionem amigos e os convidem para utilizarem a plataforma. Porém, este incentivo à comunidade tem duas facetas: se por um lado o espírito comunitário é enaltecido, também se relembram os benefícios individuais que os utilizadores podem extrair da comunidade, como por exemplo “os utilizadores que adicionam amigos perdem duas vezes mais peso” (ver Imagem 2, mais especificamente 2.9., no Anexo 4). Além das medidas convencionais, como o peso e o Índice de Massa Corporal, é possível acompanhar o desempenho através de fotografias, que os utilizadores carregam na app. Por exemplo, com o carregamento de fotografias a título semanal é possível observar as mudanças que vão acontecendo no corpo após cada semana de utilização da app. Por fim, no que concerne à publicidade e conteúdo patrocionado, estes parâmetros revelam pertinência e adequação para a plataforma em questão. Estão relacionados com a prática de atividade física, estimulando hábitos de vida mais ativos. Por exemplo, no menu de opções existe a possibilidade de “Comprar Equipamento de Fitness” (ver Imagem 2, mais especificamente 2.7., no Anexo 4), que remete o usuário diretamente para o website de uma marca de roupa desportiva (Under Armour). É também de realçar que a publicidade é discreta e não é invasiva, já que não interrompe de forma constante a utilização da app, e é feita maioritariamente feita em banners.

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4.1.2. O caso Runtastic Tabela 3: Síntese das principais características da app Runtastic. Aspectos Visuais (UI Design)

Arquitetura (UI Design)

Interatividade

Multimédia

Funcionalidades “Extra”

Sequência lógica.

Vídeos de exemplificação, com hiperligação para o canal de Youtube “Runtastic Fitness”.

Vídeos, através do canal de Youtube.

GPS.

Não tem tutoriais.

Caixas de comentários.

Hiperligações para artigos do blogue, para marcas (como a Adidas), para aplicações parceiras (como MyFitnessPal).

Planos de treino prédefinidos consoante os objetivos (ver Imagem 3, mais especificamente 3.5, no Anexo 5).

Regra dos três cliques verificada.

Não há mensagens privadas entre utilizadores.

Aúdio (ligação com o Spotify para permitir que o utilizador ouça música enquanto pratica exerício).

Idioma automático, sem definição para o alterar.

Há coerência entre as várias dimensões da app.

Texto legível e compreensível; Tipo de fonte adequado e com o tamanho certo.

Imagens e fotografias partilhadas nos artigos do blogue ou pelos próprios utilizadores.

Mapa virtual, que contém informação sobre a localização atual e percurso feito.

Uso offline só para consultar resultados. É necessário ligação à internet para iniciar o treino.

Leitura fácil e uso intuitivo, pois o utilizador não sente dificuldade em ler o texto ou em ver os conteúdos que deseja, não havendo obstáculos à percepção dos mesmos.

Navegação circular, ou seja, em qualquer ponto da app podemos aceder a todos os outros.

Links para redes sociais digitais (conexão entre o Fcaebook, Twitter e Google+).

Gráficos de progresso.

Publicidade e conteúdo patrocionado (através, por exemplo, das aplicações parceiras); Por vezes, existe publicidade não adequada.

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Alertas e notificações automáticos (assim que se inicia a utilização da app surge imediatamente uma notificação).

Definição de metas pessoais, com objetivos mensais (correr um determinado número de quilómetros, ou de tempo), ou com metas por treino (gastar um certo valor de calorias).

Conexão com outras aplicações móveis, nomeadamente o MyFitnessPal.

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Permite partilha de resultados entre utilizadores, no feed.

Imagens e fotografias.

Feedback por voz (ver Imagem 3, mais especificamente 3.8, no Anexo 5).

Cor principal: azul; Cores secundárias: branco e cinzento. Estrutura simples, na medida em que não há excesso de informação visual para o leitor, sendo que tudo o que é mostrado é de simples leitura e interpretação. Não tem menu, todas as funcionalidades são apresentadas na homepage principal, acompanhando toda a linha horizontal inferior do ecrã.

-

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Fonte: Elaboração própria.

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O objetivo principal da Runtastic (ver Apêndice 6) é a monitorização do exercício físico, nomeadamente o cardiovascular. Este processo é feito através do armazenamento de dados relativos ao exercício que o utilizador praticamente, especialmente em termos de corridas, caminhas ou passeios de bicicleta/ciclismo. As metas dos indivíduos podem ser personalizadas na app, por exemplo através da definição de objetivos anuais (ver Imagem 3, mais especificamente 3.3., no Anexo 5). Por outro lado, os usuários podem seguir os planos que estão pré-definidos pela app, que são, por exemplo, “Summer Body”, “Lose Weight” ou “10k run”. Na versão gratuita da plataforma encontram-se disponíveis sete planos diferentes e com finalidades distintas, sendo que na versão paga existe uma oferta maior e mais diversificada desta funcionalidade. A informação disponibilizada pela plataforma diz respeito, sobretudo, aos valores retirados de cada treino, ou seja, os quilómetros percorridos, o tempo gasto e o ritmo médio, em minutos por quilómetros. Estes dados são armazenados na conta de utilizador, estando disponíveis para consulta a qualquer momento. Através destes valores, a plataforma cria uma espécie de tabela de classificação, intitulada “Placar”, na qual o utilizador tem acesso ao seu posicionamento em relação aos seus amigos. Deste modo, é promovida uma competição saudável entre utilizadores, estimulando a vontade e a motivação para se superarem os recordes pessoais e os de outros sujeitos. A ordenação é feita com dados relativos aos quilómetros percorridos no último mês, por exemplo, como também com o tempo total gasto em exercício físico. Além desta informação, a plataforma também disponibiliza dicas e sugestões para manter hábitos de vida mais saudáveis, com o canal de Youtube, intitulado “Runtastic Fitness”. É de realçar também a informação fornecida pela partilha de artigos de blogue, que são exibidos no feed dos utilizadores. Os textos dizem respeito a dicas e sugestões para melhorar a performance desportiva, como por exemplo, “The 5 most common training mistakes for runners”. No que concerne às principas funcionalidades que melhoram a experiência do utilizador, podemos distinguir o feedback por voz, que ajuda a que os usuários se mantenham motivados durante o treino. A possibilidade de conectar outras plataformas à Runtastic, nomeadamente o Spotify, uma plataforma de streaming de música, permitindo que os utilizadores ouçam música enquanto correm ou caminham. “A influência da música no movimento foi descrita como multifacetada, afetando os processos cognitivos, os motores sensoriais e psicoemocionais para apoiar a coordenação de padrões repetidos de movimento, durante o exercício físico” (Clark, Baker & Taylor, 2016, p. 77).

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Em termos de incentivos que mantenham o utilizador interessado e motivado, podemos distinguir a tabela de classificações Placar, que se encontra explicada acima. Além disso, a constante monitorização dos dados leva a que os utilizadores sintam necessidade de se superarem a cada treino, querendo percorrer mais quilómetros, consumir mais calorias ou gerir melhor o tempo dispendido no exercício físico. Por outro lado, a app também incentiva a que os utilizadores convidem outros amigos para se juntarem à comunidade (ver Imagem 3, mais especificamente 3.1., no Anexo 5). Ao adicionarem amigos, a plataforma garante que no feed os utilizadores não vão só encontrar os resultados dos seus amigos, como também mais inspiração e motivação. Por último, em relação à publicidade e ao conteúdo patrocionado, estes encontramse em banners inferiores na homepage do utilizador (ver Imagem 3, mais especificamente 3.4., no Anexo 5). Contudo, nem sempre se revelam adequados à plataforma, já que são publicitadas empresas como a Uber ou, no caso da imagem referida a robots domésticos. Porém, através da associação a outras apps, é estabelecida uma parceria adequada, uma vez que são outras apps da categoria de saúde e fitness, que mostram ser um complemento pertinente aos serviços da Runtastic. A marca Adidas também dispõe de conteúdo patrocionado nesta plataforma, sobretudo através de artigos do blogue, nos quais são feitas sugestões e dicas para melhoria do rendimento de treino.

4.2. Em comparação Para a análise comparativa das plataformas em estudo, foi feita uma feita uma tabela com as suas principais características, realçando os traços mais distintivos de cada uma. Tabela 4: Resumo dos parâmetros principais que caracterizam cada uma das apps. MyFitnessPal – Características

Runtastic – Características

Em termos visuais, é simples, coerente e intituivo – user friendly.

Em termos visuais, é simples, coerente e intituivo – user friendly.

Possibilidade de comunicação entre utilizadores, por via de comentários, partilhas ou mensagens privadas.

Comunicação entre utilizadores só é possível através de comentários e partilhas. Porém, a app oferece feedback acerca do desempenho.

Sugestões e dicas mais centradas na alimentação saudável e equilibrada, como receitas sem adição de açúcar.

Sugestões e dicas mais centradas em hábitos de vida mais saudáveis e ativos, como melhoria dos ciclos de sono.

Foco principal: alimentação.

Foco principal: exercício físico.

Fonte: Elaboração própria.

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As principais semelhanças que foram encontradas entre as plataformas analisadas, dizem respeito ao UI Design, dado que ambas se apresentam como apps simples, coerentes, intuitivas e apresentam o mesmo sistema de cores (azul, branco e cinzento). No que diz respeito às funcionalidades propriamente ditas, e apesar dos seus propósitos serem distintos, pois a MyFitnessPal centra-se na alimentação e nutrição e a Runtastic no exercício físico, existem também ferramentas idênticas, como a auto-monitorização e a definição de metas pessoais, quer em termos de perda ou aumento de peso, quer em termos de quilómetros percorridos. Outra semelhança que merece ser destacada é a possibilidade de conexão das apps, tanto uma com a outra, como com outras apps da categoria de saúde e fitness. A carência de conteúdo multimédia, nomeadamente infografias explicativas, vídeos de inspiração, imagens motivacionais, entre outros, é uma das principais falhas registadas em ambas as plataformas. Apesar da Runtastic conter uma hiperligação para o seu canal de Youtube, no qual se podem encontrar vídeos de explicação de exercícios físicos, de sugestões e dicas para melhorar os hábitos de vida, toda a app continua a carecer de mais dinamismo, em termos multimédia. Em relação às diferenças, a mais relevante é a que diz respeito ao fornecimento de feedback sobre o desempenho, uma vez que a plataforma MyFitnessPal não dispõe desta funcionalidade, enquanto que a Runtastic dispõe. Sendo esta uma das principais técnicas que alteração comportamental, torna-se uma diferença crucial para o sucesso do utilizador. Outra das diferenças assenta no teor publicitário que as apps contêm, pois por um lado os anúncios a que o utilizador tem acesso através da app MyFitnessPal são adequados à categoria na qual a plataforma está inserida, já que dizem respeito a equipamento desportivo e respetivas lojas, por outro lado, o conteúdo que é disponiblizado na Runtastic nem sempre se revela pertinente, podendo gerar alguma confusão no pensamento dos consumidores. Em último lugar, no que concerne à experiência oferecida ao utilizador, pode afirmarse que as apps se encontram em patamares idênticos, quer pela sua utilidade, quer pela sua estética, embelezamento e apresentação. De notar que esta experiência poderá ser tanto melhor, quanto mais resultados o utilizador conseguir obter através da utilização da plataforma, como se encontra explicado mais à frente.

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4.3. Um olhar crítico sobre as apps A análise crítica a cada uma das plataformas estudadas teve como base os pontos fortes e fracos de cada uma, sintetizados na tabela abaixo. Com este estudo, conseguiu-se perceber que técnicas de alteração comportamental estão inseridas nas apps, partindo das ilações de Middelweerd (2014), explicadas no capítulo dedicado ao Estado de Arte.

Tabela 5: Síntese dos aspetos positivos e negativos das plataformas digitais MyFitnessPal e Runtastic. MyFitnessPal

Aspetos positivos Publicidade e conteúdo patrocionado adequados, por se relacionarem com serviços e/ou produtos das áreas da saúde e do fitness. Comunicação entre utilizadores passível de ser feita por diversas vias (comentários, partilhas, mensagens privadas). Conexão com outras apps. Algumas funcionalidades reservadas para contas premium, mas o que os utilizadores mais utilizam está diponível de forma gratuita.

Runtastic

Aspetos negativos

Aspetos positivos

Aspetos negativos Publicidade nem sempre adequada à plataforma, já que por vezes não está relacionada com a categoria de saúde e fitness. Idioma da app está em português, mas os artigos do blogue (disponíveis no feed) encontram-se na língua inglesa.

Pesquisa, por vezes, confusa devido à dimensão da base de dados.

Feedback personalizado durante o treino.

Carece de multimédia, como: fotografias, imagens, vídeos, infografias, entre outros.

GPS para controlo do percurso percorrido e da localização atual.

Falta de feedback sobre o desempenho.

Conexão com outras apps.

Falta de tutoriais.

Pouco controlo na gestão de stress dos utilizadores.

Ligação ao canal de Youtube, no qual estão disponíveis vídeos para melhorar o desempenho e com mais dicas e sugestões.

Muitas funcionalidades só estão disponíveis para contas premium.

Fonte: Elaboração própria. Em relação à inclusão de técnicas de alteração comportamental, podemos afirmar que as duas plataformas fazem uso de três das quatro técnicas de alteração comportamental mais comuns, segundo Middelweerd (2014), que são: a auto-monitorização, o feedback sobre o desempenho e a definição de metas. Tal justifica-se pelo facto da app MyFitnessPal não incluir um acompanhamento profissional do progresso dos seus utilizadores, ao contrário da Runtastic que, apesar de não oferecer um acompanhamento profundo, fornece feedback sobre os treinos que os utilizadores fazem o auxílio da plataforma.

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Por outro lado, as técnicas de mudança comportamental que foram identificadas pelo mesmo autor como sendo aquelas que são menos utilizadas pelas plataformas digitais, também não foram encontradas nas apps em estudo. Estas correspondem a: entrevistas de motivação, gestão de stress, prevenção de recaídas, auto-fala, modelos e identificação de dificuldades. No que diz respeito a alterações que podiam ser aplicadas nos serviços prestados pelas apps, e começando pela MyFitnessPal, podia ser interessante a inclusão de mais técnicas de alteração de comportamentos, nomeadamente o fornecimento de feedback e a gestão de stress. Assim, os utilizadores não só teriam acompanhamento por parte de um profissional que poderia fazer uma melhor adequação dos planos de alimentação para cada caso, auxiliando o progresso individual, como também seria mais fácil gerir o stress que os utilizadores sentem quando estão, durante um período de tempo considerável, expostos às restrições alimentares implementadas pela plataforma. Esta limitação conduz a falhas no regime dietético que, por sua vez, conduzem a sentimentos de frustração para com a app e para com o indivíduo em si, como foi admitido pela Participante 3, na sessão de focus group. Ainda no que concerne à plataforma MyFitnessPal, e na minha opinião, para facilitar e auxiliar a pesquisa de alimentos, tornando-a menos confusa, cada um deles devia ser acompanhado por uma imagem ou fotografia. Esta podia ser inserida diretamente na base de dados ou carregada para a app por utilizadores. Desta forma, ao adicionar o alimento a uma refeição, o utilizador teria mais facilidade em reconhecer aquilo que consumiu, como também reduzia o tempo dispendido na pesquisa dos alimentos. Quanto à plataforma Runtastic, penso que podiam ser adicionadas técnicas de alteração comportamental como a prevenção de recaídas e modelos de identificação de dificuldades. Embora a app já disponha de alertas e notificações, cuja função é relembrar o utilizador que necessita de correr ou caminhar, devia conter sistemas que atuassem antes do indivíduo desistir da prática de exercício físico. É de realçar ainda a importância da identificação das dificuldade e obstáculos que impedem o sujeito de efetivar a prática desportiva, mostrando soluções criativas para tais problemas. Esta idenficação de dificuldades funciona, também, como prevenção de recaída, dado que pela oferta de soluções existe menos probabilidade do utilizador encontrar distúrbios que o impeçam de estar ativo.

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No que toca à experiência que as apps oferecem aos utiizadores, pode afirmar-se que esta revelou ser bastante positiva. Além de terem utilidade para o utilizador, pelo facto de cumprirem os seus propósitos, estas plataformas são bem estruturadas, quer em termos de UI Design, como em termos de organização da informação disponibilizada. Revelaram ser completas, com várias ferramentas que podem ser úteis para otimizar a experiência do utilizador, e também o alcance dos objetivos dos indivíduos. São coerentes, intuitivas e de uso fácil e compreensível para qualquer tipo de utilizador. Penso que, e em conclusão, a experiência dos utilizadores em apps desta categoria pode ser sofrer alterações consoante os resultados que estes conseguirem alcançar, sendo tanto melhor quanto maiores forem os resultados atingidos. Ou seja, quem sente que alcançou as suas metas individuais classifica a sua experiência como boa a muito boa, e quem não as alcançou classifica-a como suficiente a boa, de acordo com o que foi percpetível com a sessão de focus group.

3. Discussão de Resultados Com a realização da presente investigação, foi possível corroborar as ideias defendidas pelos autores dos artigos científicos, que constituíram a base deste estudo. Um dos objetivos estabelecidos dizia respeito à compreensão do papel que as apps MyFitnessPal e Runtastic desempenham na promoção de estilos de vida mais ativos. Após a realização do focus group, pode afirmar-se que estas plataformas contribuem de forma positiva para a alteração de hábitos de vida, incentivando os seus utlizadores a serem mais ativos, e a tomarem decisões mais conscientes na sua alimentação. Contudo, esta influência ocorre durante um curto período de tempo, devido à carência de técnicas de alteração comportamental. Esta ideia foi corroborada por West e outros (2012), ao referir que “a inclusão de fatores de reforço é limitada, apesar destes serem considerados vitais para facilitar a mudança comportamental dos indivíduos”. Com os baixos níveis de inclusão destas técnicas, os benefícios que os utilizadores podem retirar da utilização das plataformas de saúde e fitness fica, consequentemente, limitado a um efémero espaço temporal. Em média, “uma app utiliza cinco de 23 técnicas possíveis” (Middelweerd et al, 2014, p. 1). Tal veio a verificar-se também nas plataformas MyFitnessPal e Runtastic, que fazem uso das ferramentas mais comuns, como o fornecimento de feedback sobre o desempenho, no caso da Runtastic, auto-monitorização e definição de metas. Os jovens entrevistados mostraram também desejo e interesse em ver alterações que digam respeito ao acompanhamento e aconselhamento por parte de profissionais, o que vai ao encontro da ideia de Oliveira (2016), que sugeriu a junção de dois géneros de assistência: “por um lado,

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a monitorização da atividade física e, por outro lado, o acompanhamento médico” (p. 22). Se estas funcionalidades fossem inseridas em plataformas da categoria, não só se estaria a contemplar mais uma técnica de alteração de comportamentos, como também se estaria a melhorar a experiência do utilizador, otimizando a personalização dos serviços prestados. Uma das soluções para que tal fosse possível seria a colaboração entre profissionais das três áreas envolvidas em apps de saúde e fitness: os engenheiros informáticos, os especialistas em comportamento humano e os médicos ou personal trainers, tal como foi defendido por Middelweerd (2014). No que concerne às motivações, pode afirmar-se que as mesmas relacionam-se com razões estéticas. Segundo os entrevistados no focus group, a preocupação com a imagem corporal, nomeadamente em termos de peso e gordura corporal, constituiu a sua principal motivação. Porém, também se registaram razões relacionadas com a aprendizagem e consciência em relação à nutrição, sobretudo no que diz respeito à app MyFitnessPal. A maioria dos participantes do focus group, especialmente aqueles que desejavam perder peso, conseguiram alcançar os seus objetivos, mesmo que durante um curto período de tempo. Em consequência, houve também um aumento da auto-estima, uma vez que os benefícios da prática de exercício físico regular e do controlo da alimentação têm repercussões tanto a nível de saúde como a nível mental, com a melhoria da “autopercepção e da redução dos riscos de ansiedade e depressão” (Malina, 2006, p. 30). Deste modo, é possível afirmar que as plataformas têm influência na vida e hábitos dos seus utilizadores, sobretudo para aqueles que as instalam já com objetivos prédefinidos. Contudo, as apps revelam-se ineficazes a longo prazo, uma vez que os seus usuários vão perdendo, ao longo do tempo, a motivação que tinham inicialmente, quer por falta de inclusão de técnicas de alteração comportamenal, quer pela demasiada rigidez e concentração que requerem. Assim, evidencia-se o papel da motivação pessoal para a manutenção regular e contínua da utilização das apps MyFitnessPal e Runtastic, dado que estas falham nos incentivos que fazem a médio e longo prazo. Contudo, os conhecimentos e hábitos que os utlizadores adquirem com o uso, ainda que por um pequeno período de tempo, têm tendência a manter-se mesmo depois de cessada a utilização.

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Conclusões Pode afirmar-se que, depois da aplicação das técnicas de investigação inerentes ao presente estudo, tanto a pergunta de partida como os objetivos delineados foram respondidos pertinentemente, no decurso do trabalho. É relevante realçar o papel das apps de saúde e fitness, no geral, e da MyFitnessPal e Runtastic, em particular, para a adoção de hábitos de vida mais ativos e saudáveis. Porém, os resultados que são obtidos pelos utilizadores são mais notórios a curto prazo, uma vez que para além destas não incluírem técnicas de alteração comportamental eficazes e duradouras, a restrição alimentar e rigidez de treino a que os utilizadores se submetem têm tendência para não durar mais do que, aproximadamente, dois a três meses. No decorrer do estudo, foi ressalvado o papel que a motivação e dedicação pessoal aos objetivos e metas individuais têm para o alcance dos resultados desejados a médio e longo prazo, pois sem esses sentimentos os utilizadores caem facilmente na desistência. Por outro lado, as plataformas mostraram ser importantes para o aumento dos conhecimentos e da consciência em relação à nutrição e à prática regular de exercício físico, que se mantêm ao longo da vida. O segredo para melhores resultados está no equilíbrio entre a alimentação saudável e a prática desportiva, o que leva à conclusão de que a utilização conjunta das duas apps estudadas é a melhor opção, dado que a MyFitnessPal está mais relacionada com a alimentação e, por outro lado, a Runtastic mais ao exercício físico. Além disto, tornase relevante que os utilizadores controlem a utilização que fazem destas plataformas, evitando viver em função daquilo que lhes é recomendado e, em simultâneo, preservando a sua sanidade mental e bem-estar físico. A investigação levada a cabo revelou ser pertinente, especialmente para o campo do fitness e da comunicação digital, já que abriu caminho para a reformulação das técnicas de alteração comportamental que são utilizadas por plataformas da categoria de saúde e fitness. Esta renovação tem por objetivo melhorar os serviços prestados, apostando numa maior personalização e adequação em função dos objetivos pessoais e características individuais dos seus utilizadores, prolongando tanto a utilização das plataformas como os resultados alcançados. No que toca às maiores limitações encontradas no decorrer da investigação, estas estiverem relacionadas com a falta de colaboração dos jovens em participar no focus group. Apesar da grande quantidade de respostas por parte de indivíduos que revelaram interesse na área temática em estudo, a maioria desistiu quando a autora abordou a necessidade de realizar uma sessão de focus group. Durante a realização deste encontro, existiram poucos

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momentos de debate e interação entre participantes, o que veio dificultar a análise dos resultados obtidos através desta técnica. Por fim, futuras investigações na área do fitness e da comunicação digital poderiam centrar-se na existência de mercado, em Portugal, para a criação de uma app direcionada a jovens universitários, que os ajudasse a criar rotinas de exercício físico mais regulares e a tomar decisões alimentares mais benéficas para a sua saúde. Seria também interessante explorar quais os métodos e as técnicas de alteração comportamental que surtem mais efeitos na população jovem, de forma a desenvolver plataformas que comuniquem melhor com os indivíduos, e que, simultaneamente, prolonguem os efeitos da sua influência e ofereçam uma melhor experiência ao utilizador.

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Apêndices

Apêndice 1 - Tabela 6: Síntese das técnicas utilizadas e os seus objetivos.

Técnica

Objetivo

Análise descritiva das apps MyFitnessPal e Runtastic.

Averiguar o modo de funcionamento de cada app, tendo em consideração as suas características principais (funcionalidades, grafismos, cores, …).

Análise comparativa das apps MyFitnessPal e Runtastic.

Compreender e descrever as diferenças e semelhanças entre as apps em causa.

Análise crítica das apps MyFitnessPal e Runtastic.

Depois de reunidos os testemunhos, averiguar quais são as lacunas de cada app e de que forma poderiam ser melhoradas, para se tornarem mais eficazes.

Focus group.

Perceber quais os resultados obtidos com a utilização de pelo menos uma destas apps, assim como em que condições é que as mesmas foram utilizadas.

Fonte: Elaboração própria.

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Apêndice 2 - Tabela 7: Estudos académicos feitos a nível nacional e que se mostraram relevantes para a recolha de informação para o presente trabalho. Nome do Aluno

Leonardo Duarte Magalhães Cruz

Estela Marina Fernandes Martins Carneiro

Mónica Joana Borges Ferreira de Melo

Joana dos Santos Mendes

Mayumi Thaís Fernandes de Delgado

Estabelecimento de ensino

Título

Mês e Ano

Instituto Universitário de Lisboa

“Corpo e cultura fitness: estudo etnográfico de um ginásio em Portugal”

Outubro de 2015

Universidade do Minho

“Características do mercado fitness e a sua presença na web”

Abril de 2017

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia

Universidade de Aveiro

Instituto Politécnico de Lisboa

“Atividade física na promoção de estilos de vida ativos”

“CBEM - comer bem, exercitar melhor: aplicação móvel de saúde, para jovens estudantes universitários portugueses”

“Plano de Negócio para a aplicação mobile Nutri Consult”

2012

2012

Setembro de 2015

Palavras-chave Corpo Ginásio Fitness Portugal Body Gym Website Fitness Ginásios Health clubs Funcionalidade Usabilidade Eficiência Confiabilidade Qualidade Avaliação website Presença online Functionality Usability Efficiency Reliability Quality Evaluation site Presence online

Atividade física informal Atividade física formal Género Ano de escolaridade Jovens.

Saúde Fitness Aplicações móveis Apps Cbem Multimédia. Negócios Saúde Obesidade Nutrição Aplicações mobile Fitness mHealth Business Business plan Health Obesity Mobile applications

Link da Investigação https://repositorio.isct eiul.pt/bitstream/10071 /10448/1/Disserta%C 3%A7%C3%A3o.pdf

http://repositorium.sd um.uminho.pt/handle /1822/46596

http://recil.grupolusof ona.pt/bitstream/han dle/10437/4969/TES E%20MESTRADO% 20%20Atividade%20f% C3%ADsica%20na% 20promo%C3%A7% C3%A3o%20de%20 %20estilos%20de%2 0vida%20ativos.pdf? sequence=1 http://ria.ua.pt/handle /10773/9565?mode=f ull&submit_simple=m ostrar+registo+em+fo rmato+completo

http://repositorio.ipl.pt /bitstream/10400.21/ 5904/1/Projeto%20Pl ano%20de%20Neg% C3%B3cio%20App% 20Nutri%20Consult% 20%20Mayumi%20Delg ado.pdf

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Maria Andreia Borges Dinis Ferreira

Instituto Politécnico do Porto

Ivo Vieira de Oliveira

Instituto Politécnico de Leiria

Teresa Isabel Pádua Taveira da Costa

Universidade de Trás-dos-Montes e Alto Douro

Joana Estevão João Oliveira Martins

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

Dulce Micaela Camacho da Silva

Fábio José Marques da Rosa

Universidade de Coimbra

Universidade do Minho

A presença dos ginásios desportivos nas redes sociais e o impacto junto dos utilizadores

“Plataforma apppeso – prescrição, registo e monitorização de atividade física” “Percepção da imagem corporal, composição corporal e atividade física de jovens adultos” “Relação entre a imagem corporal e a toma de substâncias ergogénicas nutricionais” “Estudo exploratório da insatisfação corporal e do comportamento alimentar perturbado, em função do género: o papel do peso, da vergonha e da aceitação da imagem corporal” “Associações entre a atividade física e a obesidade: diferenças entre género”

2016

Outubro de 2016

Outubro de 2015

2011

Setembro de 2012

2013

Satisfação dos clientes Fidelização dos clientes Redes sociais Fitness Wellness e ginásios Social networks Wellness and gyms Customers satisfaction Customers loyalty Sedentarismo Saúde Prescrição Atividade física Aplicação móvel Aplicação de back-office Atividade Física Imagem Corporal Composição Corporal Antropometria -

Imagem Corporal Pertubações alimentares

Obesidade Atividade física Índice de massa corporal Obesity Physical activity Body mass index

http://recipp.ipp.pt/bit stream/10400.22/966 9/1/tese_andreia_tut or.pdf

https://iconline.ipleiria .pt/bitstream/10400.8 /2336/1/Ivo%20Vieira %20de%20Oliveira_ MEI-CM.pdf http://repositorio.utad .pt/bitstream/10348/5 209/1/msc_tiptcosta. pdf http://recil.grupolusof ona.pt/handle/10437/ 2746

https://estudogeral.si b.uc.pt/jspui/handle/1 0316/23289

http://repositorium.sd um.uminho.pt/handle /1822/28835

Fonte: Elaboração própria

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Apêndice 3 – Troca de e-mails para solicitação de uma investigação científica na área do fitness, realizada no âmbito de uma dissertação de mestrado. •

Ana Catarina Cabrito, no dia 17 de novembro de 2017, pelas 10h55:

Bom dia Exma. Sra. Estela Carneiro, Venho por este meio solicitar o acesso à sua tese de mestrado, intitulada “Características do mercado fitness em Portugal e a sua presença na Web”, por forma a complementar o meu projeto de investigação final na licenciatura em Ciências da Comunicação, do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, da Universidade de Lisboa. O projeto referido centra-se no estudo das aplicações móveis MyFitnessPal e Runtastic e os resultados que as mesmas têm nos jovens utilizadores, entre os 18 e os 24 anos.

Com os melhores cumprimentos, Ana Catarina Cabrito •

Estela Carneiro, no dia 19 de novembro de 2017, pelas 23h49:

Boa noite Ana,

É com todo o gosto que partilho o documento consigo. Espero que lhe seja útil a minha dissertação com o tema "Características do mercado de fitness e a sua presença na Web" (http://hdl.handle.net/1822/46596). A parte da metodologia foi intensivamente estudada, tendo sido o ponto mais forte e bastante elogiada pelos juris devido à clareza e brevidade na abordagem ao assunto. Deixo aqui o meu email para qualquer dúvida adicional.

Boa sorte!

Obrigada, Estela Carneiro, emfcarneiro@gmail.com

46


Ana Catarina Cabrito, no dia 21 de novembro de 2017, pelas 20h04:

Boa noite Estela,

Agradeço profundamente o envio tão atempado do documento. Ser-me-á muito útil para o meu trabalho de investigação.

Com os melhores cumprimentos, Ana Catarina Cabrito

Apêndice 4 – Tabela 8: Tabela base para a análise das apps em causa nesta investigação. Interatividade

Multimédia

Funcionalidades “Extra”

Sequência lógica e intuitiva.

Vídeos de exemplificação.

Vídeos.

GPS.

Estrutura estética e funcional.

Tutoriais de uso.

Caixas de comentários.

Imagens e fotografias.

Personalização.

Menu visível e de fácil acesso.

Regra dos Três Cliques.

Feedback personalizado.

Animação (cartoons, ilustrações).

Publicidade/Conteúdo patrocinado.

Coerência, conciso, apelativo, de simples leitura e intituitvo.

Texto legível e compreensível.

Partilhas de utilizadores.

Fotogalerias.

Idioma.

-

Navegação circular.

Links para redes sociais digitais.

Infografias.

Uso offline/online.

-

-

Alertas e notificações.

Aúdio (som, podcast).

-

-

-

Comunicação entre utilizadores (criação de perfis, partilha de resultados,…).

Definição de metas.

-

-

-

-

Hiperligações.

-

Aspetos Visuais

Navegabilidade

(UI Design)

(UI Design)

Cores principais e cores secundárias.

Fonte: Elaboração própria.

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Apêndice 5 – Descrição extensiva da app MyFitnessPal. •

Descrição na loja de aplicações do sistema operativo Android (Play Store): É de realçar que, na loja de aplicações Play Store, o nome da app encontra-se

automaticamente traduzido para “Contador de Calorias”. O texto que se encontra na descrição é: “Perca peso com a MyFitnessPal, a aplicação de saúde e boa forma mais popular do mundo! Com o maior banco de dados de alimentos, a nossa aplicação é muito rápida e fácil de usar. Irá ajudá-lo a perder aqueles quilos extra. Não há aplicação melhor para perder peso – ponto final.” •

Primeiros passos na app:

Tabela 9: Descrição das primeiras etapas que os utilizadores encontram na app MyFitnessPal. Passos Iniciais

O que a app oferece

Criação de conta.

Através do e-mail (e respetiva palavra-passe), ou com conexão automática com o perfil Facebook.

Personalização da app.

Seis questões iniciais: objetivos; atividade física diária; género, idade e residência; altura e peso; meta semanal; criação de nome de utilizador e palavra-passe.

Relação com a app.

Depois de concordar com os termos de utilização, é perguntado ao utilizador se quer receber e-mails da app com sugestões de receitas e exercícios, por exemplo.

Depois da ativação da conta.

Estabelecimento da meta calórica diária e criação de um plano alimentar personalizado.

Conta Premium.

Oferta de um período experimental gratuito, com a duração de 30 dias.

Início do tutorial.

Representação daquilo que o utilizador deve fazer sempre que ingerir alimentos.

Fonte: Elaboração própria

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Modo de funcionamento: Para fazer a monitorização das calorias, que é o objetivo principal desta plataforma, o

utilizador deve inserir os dados relativos aos alimentos que ingere em cada refeição. Começa por selecionar a refeição, por exemplo, o pequeno-almoço e insere todos os alimentos que consumiu, por exemplo, um sumo de laranja natural e uma torrada de pão branco com manteiga (Imagem 2, mais especificamente 2.3, no Anexo 4.). Ao selecionar cada alimento, o utilizador tem acesso a uma visão geral da informação nutricional de cada um com os valores das calorias, dos hidratos de carbono, das gorduras, açúcares, das proteínas, entre outros. Apesar do valor estar programado para 100 gramas, o usário pode alterar este número, adequando-o à quantidade que consumiu. Este processo deve ser repetido sempre que houver a ingestão de alimentos, ao longo do dia. A plataforma tem refeições pré-definidas: o pequeno-almoço, almoço, jantar e lanches. Deste modo, o utilizador pode ver a sua informação mais organizada e, por essa razão, tem uma melhor perceção daquilo que ingeriu. No diário de utilizador, é possível ver quantas calorias já foram ingeridas do total diário, e em consequência saber quantas ainda se podem ingerir nas refeições que faltam realizar. Estes valores são apresentados em formato de cálculo matemático, por exemplo: 1800 – 356 + Meta

Alimento

216 Exerício

=

1660 Restantes

Além deste controlo alimentar, a plataforma também realiza a monitorização da ingestão diária de água e de exercício físico, especialmente dos passos dados (através da possibilidade de conexão da app a um pedómetro ou tracker).

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Apêndice 6 – Descrição extensiva da app Runtastic. •

Descrição na loja de aplicações do sistema operativo Android (Play Store): É de realçar que, na loja de aplicações Play Store, o nome da app encontra-se

automaticamente traduzido para “Runtastic: Personal trainer de corrida e caminhada”. O texto que se encontra na descrição da app é: “Runtastic é a app gratuita para quem quer começar a correr, caminhar, pedalar e a ter uma vida mais saudável. A app inclui treinos de corrida intervalada e outros recursos que vão ajudar-te a melhorar a performance. Runtastic acompanha e monitoriza as tuas atividades físicas – uma app perfeita para entrar em forma, perder peso e viver melhor. Não fiques aborrecido com os teus treinos, a Runtastic ajuda-te a bater recorder e alcançar objetivos”. •

Primeiros passos na app:

Tabela 9: Descrição das primeiras etapas que os utilizadores encontram na app Runtastic.

Passos Iniciais

O que a app oferece

Criação de conta.

Através do e-mail (e respetiva palavra-passe), ou com conexão automática com o perfil Facebook ou com conexão automática com a conta Google.

Termos de utilização.

Primeira questão da app está relacionada com os termos de serviço e utilização.

Personalização da app.

Perguntas relativas à altura e peso do utilizador.

Pedido de acesso à localização (via GPS).

A app pede imediatamente o acesso aos serviços GPS do smartphone (em que é dada a opção ao utilizador de não ativar).

Fonte: Elaboração própria.

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Modo de funcionamento: Para iniciar a monitorização do exercício cardiovascular, nomeadamente corridas e

caminhadas, o utilizador deve ativar a localização do seu smartphone, permitindo que a plataforma tenha acesso ao GPS do aparelho, e posteriormente clicar em “Iniciar” (ver Imagem 3, mais especificamente 3.4, no Anexo 5). O utilizador tem a possibilidade de realizar treinos específicos, que estão prédefinidos pela plataforma (ver Imagem 3, mais especificamente 3.5, no Anexo 5), que lhe permitem trabalhar no alcance das metas individuais. Ou seja, estes treinos são, por exemplo, “Summer Body” ou “5k Run”, que vão ao encontro dos objetivos dos utilizadores. Porém, estes planos são limitados, dado que só existem sete disponíveis para a versão gratuita da Runtastic. Os dados relativos à performance do usuário são armazenados automaticamente pela app, que disponbiliza dados relativos aos progressos feitos e às metas anuais, por exemplo. Estes dizem respeito sobretudo a informação sobre as corridas ou caminhadas, ou seja, referem-se a quilómetros percorridos, tempo gasto e ritmo médio (min/km). Estes valores servem, em simultâneo, para o posicionamento do utilizador numa espécie de tabela de classificação, intitulada por “Placar”. Aqui, os utilizadores podem encontrar a sua posição em relação aos seus amigos, observando quem já percorreu mais quilómetros no último mês ou quem já dispendeu mais tempo para o exercício físico, por exemplo. Este espírito competitivo pode incentivar a que o utilizador corra mais vezes ou percorra mais quilómetros, para superar os seus amigos e a si mesmo.

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Apêndice 7 – O estabelecimento de contacto para agendamento do focus group. No dia 14 de abril de 2017, entre as 14h e as 15h, foi feita uma publicação em quatro grupos de Facebook, dedicados à partilha de experiências e de dicas sobre hábitos de vida mais saudáveis e ativos. As comunidades escolhidas para o efeito foram:

1.

Só Meninas Fitness (27.222 membros, até à data de publicação);

2.

Paleo Descomplicado (363.383 membros, até à data de publicação);

3.

Donas do Corpo Fit (40.770 membros, até à data de publicação);

4.

Fitness e Desportistas (5.260 membros, até à data de publicação).

Além disso, foi também feita uma publicação no Facebook e no Instagram pessoal da autora, na qual foi pedida a colaboração de pessoas, dentro da faixa etária definida previamente, para esta investigação. De realçar que, a publicação que surtiu um maior número de respostas foi a realizada no Instagram pessoal. Depois de reunidas as respostas das pessoas interessadas em colaborar, a autora estabeleceu um contacto, recorrendo à opção de mensagem privada, com o intuito de agendar o focus group. Porém, com a necessidade de deslocação até um sítio específico, num dia e numa hora previamente definidas, das 15 pessoas que inicialmente tinham mostrado o seu interesse em colaborar com o projeto, apenas seis se encontravam disponíveis para estar presentes na sessão. Esta sessão foi agendada para o dia 26 de abril de 2018 pelas 17h30, no Instituto Superior Técnico, da Universidade de Lisboa (IST-UL). Este sítio foi escolhido por ser de fácil acesso, dado que por estar localizado na Alameda, uma das zonas centrais da capital portuguesa, dispõe de diversos meios de transporte, facilitando a mobilidade dos participantes. Para além deste fator, é um Instituto que contém várias salas de estudo, nas quais os estudantes podem conversar tranquilamente, o que a autora considerou ser um benefício para a realização do encontro sem percalços ou distrações exteriores.

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Apêndice 8 – Guião de entrevista do focus group. •

Introdução (explicação do projeto e da temática):

Boa tarde. Antes de mais quero agradecer a vossa disponibilidade para participarem neste focus group. Quero pedir a vossa autorização para a gravação áudio desta discussão, para depois ser-me mais fácil analisar os resultados. Podem interagir livremente uns com os outros, debatendo ideias e trocando opiniões sobre as aplicações, e sobre aquela que foi a vossa experiência. Porém, peço que o façam ordeiramente e que falem um de cada vez, para conseguir captar tudo. Podemos dar início ao debate. •

Questões:

1 - O que vos motivou a utilizar apps de saúde e fitness? o

Objetivo da questão: Fomentar o debate em relação às motivações que levaram os participantes a utilizar estas plataformas digitais.

2 - Que influência tiveram estas apps nas vossas vidas? o

Objetivos da questão: Levar ao debate sobre a influência que as apps tiveram no quotidiano dos entrevistados, nomeadamente no que diz respeito à adoção de hábitos de vida mais saudáveis. Trazer discussões sobre as mudanças que sentiram no dia-a-dia depois de serem utilizadores da app e se elas se mantiverem depois de cessada a utilização.

3 - Quais foram os resultados que alcançaram com estas apps? o

Objetivo da questão: Promover o debate sobre os resultados obtidos, a nível físico (como o emagrecimento, a perda de massa gorda ou o aumento de massa muscular) e a nível mental (melhoria da auto-estima, da imagem corporal).

4 - Que mudanças fariam nestas apps? o

Objetivo da questão: Estimular a que existam opiniões em relação às melhores qualidades de cada plataforma, bem como em termos do que podia ser melhorado nos serviços prestados, por forma a melhor a experiência do utilizador.

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5 - Recomendariam o uso destas apps? o

Se sim, questionar em que situações e para quem as recomendariam;

o

Se não, questionar o porquê da não recomendação (acabou por não ser aplicado, devido às respostas positivas dos participantes).

Conclusão:

E assim, damos por terminada esta sessão. Agradeço, uma vez mais, a presença de todos e os vossos contributos para esta discussão. Quando o trabalho estiver concluído, partilharei com cada um de vocês os resultados e conclusões retiradas. Obrigada.

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Apêndice 9 -Tabela 10: Características principais dos participantes no focus group.

Nome Participante

(Nome próprio e apelido)

Situação Idade

Residência

profissional

App e duração da

(anos)

(Concelho)

(Estudante ou

utilização

Trabalhador) Participante 1

Raquel Alves

19

Lisboa

Estudante

Runtastic Dois a três meses

Participante 2

Laura Pacheco

23

Oeiras

Trabalhadora

Runtastic e MyFtinessPal – Um ano, com oscilações

Participante 3

David Fernandes

22

Lisboa

Trabalhador

MyFitnessPal – Dois meses

Participante 4

Rodrigo Cravinho

21

Barreiro

Trabalhador

MyFitnessPal – Um mês

Participante 5

Carolina Esteves

18

Setúbal

Estudante

Runtastic – Um mês e recomçeou recentemente

Participante 6

Rita Pedro

21

Lisboa

Estudante

Runtastic e MyFitnessPal – Três meses

Fonte: Elaboração própria.

Apêndice 10 - Observações gerais acerca do focus group. Durante o decorrer da sessão de focus group, que demorou aproximadamente 50 minutos, foram colocadas as questões acima apresentadas aos participantes e, apesar de no início ter sido incentivada a troca de ideias e o debate, só em pontos muito ocasionais é que tal aconteceu. Os participantes estavam retraídos e não deram a sua opinião acerca do que os outros diziam, o que levou a que existissem poucas situações em que o debate realmente surgiu. Assim sendo, passarei a destacar os pontos em que houve de facto uma troca de ideias mais profunda entre participantes. A primeira ocasião aconteceu quando o participante 1 referiu que gostaria de ter sido acompanhada por uma espécie de personal trainer na app Runtastic, ao que o participante 4 realçou que também gostaria de ter experimentado algo semelhante quando utilizou a app MyFitnessPal. Esse serviço, de que ambos sentiram falta na sua experiência, foi apelidado pelo participante 4 por online coaching. Os dois falaram,

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por breves instantes, sobre a importância que o acompanhamento do progresso e das evoluções pessoais exerce na motivação individual, uma vez que ao manter os utilizadores interessados e motivados na utilização regular e contínua da app mantém-nos, simultaneamente, focados nos seus objetivos. Outra situação em que também ocorreu um debate, foi quando o participante 3 referiu a contagem de macronutrientes como algo positivo na app MyFitnessPal, e o participante 4 interveio dizendo que essa foi uma das grandes motivações que o levou a instalar esta plataforma, dado que, na sua visão pessoal, a contagem de calorias é importante para se atingirem os objetivos pessoais. Esta referência à contagem de calorias, levou a que o participante 3, 2 e 4 iniciassem uma pequena conversa sobre a facilidade com que as pessoas ficam presas a essa contagem, passando a viver em função daquilo que a app lhes recomenda. Alertaram os restantes participantes para a necessidade de haver equilíbrio na vida, não encarando as apps como um regime, mas sim como algo que facilita e ajuda no processo de mudança corporal ou de estilo de vida. O papel do moderador, que foi desempenhado pela autora da presente investigação, foi fundamental para incentivar o debate e a troca de ideias e experiências entre os participantes, muito embora a aderência dos mesmos não tenha sido a melhor. A pouca experiência da autora enquanto moderadora pode ter exercido alguma influência na carência de intervenção dos entrevistados, porém foram levadas a cabo tentativas de iniciar um debate mais aceso entre os indivíduos. Outra das razões que podem ser apontadas para a falta de interação entre os entrevistados, foi o facto de que todos os intervenientes eram desconhecidos, o que pode ter levado à pouca vontade para a troca de ideias. Por fim, as visões e as perspetivas dos participantes, na maioria das questões levantadas, eram semelhantes, pelo que eles não sentiam necessidade de acrescentar mais algum aspecto ao que estava a ser dito ou a contrapor visões. Apesar da escassez de momentos de debate e interação entre participantes, que seria um dos pontos mais interessantes para analisar nesta técnica de focus group, penso que tudo decorreu dentro da normalidade e que as respostas dadas pelos entrevistados se mostraram bastante úteis e relevantes para a presente investigação. Todos os participantes se mostraram empenhados em dar respostas completas e sinceras acerca das suas experiências com as apps, que no geral se revelaram ser experiências positivas, embora a maioria tivesse sido de curta duração.

56


Apêndice 11 - Transcrição das respostas dadas por cada participante • o

Participante 1:

Resposta à questão 1: O que mais me motivou foi a necessidade de me sentir bem comigo mesma. Ao mesmo tempo, o facto de não ser orientada por nenhum personal trainer fez com que me motivasse a mim mesma para ir treinar. Antes, tinha o hábito de correr ao pé da minha casa e gostava de ter um programa que me ajudasse a cronometrar o tempo de corrida, as calorias que gastava, tendo em conta o tipo de terreno e os movimentos do meu corpo, a app facilitou esse trabalho, bastava pôr o telemóvel numa bolsinha que se agarrava ao meu braço e correr.

o

Resposta à questão 2: A aplicação ajudou-me a organizar muito mais a minha vida e rotina diárias em prol do meu bem-estar. Arranja sempre um tempo para tentar superar os meus próprios recordes. Também me motivava a tentar perder mais calorias e a correr durante mais tempo.

o

Resposta à questão 3: Consegui perde peso, e isso fez com que melhorasse a minha auto-estima e confiança! Também consegui melhorar a regularidade com que praticava exercício físico, embora isso seja mais um resultado psicológico do que físico.

o

Resposta à questão 4: A Runtastic podia permitir que existisse uma interacção entre o nosso progresso/as nossas partilhas da corrida e um personal trainer. Isto podia permitir que fôssemos aconselhados sobre o melhor percurso para correr, tendo em conta o local onde nos encontrarmos e assim podiamos melhorar o nosso desempenho e atingir as nossas metas de forma mais eficaz.

o

Resposta à questão 5: Sim, recomendaria! Ajuda a percebermos a distância que percorremos, o local onde estamos para que nunca nos percamos e as calorias que gastamos. É também muito prática e dá-nos a possibilidade de estabelecer metas, para nos superarmos a nós mesmo. É muito boa, especialmente para aqueles que, como eu, têm metas pré-definidas para viver uma vida mais equilibrada.

57


• o

Participante 2:

Resposta à questão 1: Eu queria controlar o que comia, e ter noção das calorias que poderia estar a ingerir a mais. Na altura, estabeleci as calorias que deveria ingerir e foi mais fácil saber o quanto abuso numa refeição e, consequentemente, quanto mais posso ingerir no resto do dia. A verdade é que, às vezes comemos certas comidas e alimentos, sem fazermos ideia das calorias que contêm. Com a aplicação (a MyFitnessPal) conseguimos saber as quantidades de proteína, hidratos e gordura de cada alimento. Em relação à outra app (a Runtastic), serviu para me motivar, pois gosto bastante de correr e saber quanto gastei e quantos quilómetros fiz acabou por me fazer melhorar os meus resultados a cada corrida ou caminhada. Mais resumidamente, eu instalei-as porque me queria motivar, melhorar e emagrecer.

o

Resposta à questão 2: Ambas tiveram uma influência positiva e motivadora, sobretudo porque eu perco facilmente o foco se não vejo resultados, e por isso as apps ajudaramme a continuar e a não desistir logo. A Runtastic porque, a partir do momento que vemos que conseguimos mais, não queremos parar e, quando damos por nós, já começa a ser vício bom. Quanto ao MyFitnessPal, é preciso ter mais atenção e cuidado, porque houve uma altura em que se eu passasse as calorias diárias já me sentia na obrigação de compensar no dia seguinte.

o

Resposta à questão 3: No ano passado, quando estava mesmo focada consegui o que pretendia: emagrecer. Eu não ultrapassava as calorias definidas pela app MyFitnessPal, e tinha uma rotina: corria todos os dias e fazia exercícios, com outra aplicação que não estas duas. Atualmente, ainda não estou a fazer resultados, porque não ando a cumprir o que a app me diz…

o

Resposta à questão 4: A Runtastic devia permitir acesso a planos de treino, sem ter de se pagar. Também penso que a app devia ser um pouco mais realista, no sentido em que por vezes é dada a ideia de que perdemos calorias muito rápido e podemos atingir os objetivos individuais muito rápido. O MyFitnessPal está bom como está! Claro que há ferramentas diferentes para a versão paga, mas para o que eu uso está bom.

o

Resposta à questão 5: Claro que sim! Para quem gosta de correr e não está inscrito num ginásio, e tem ataques de fome e gula muito frequentes, como eu, é muito bom para voltar rapidamente aos eixos e à rotina. Mas, tudo depende da força de vontade de cada um.

58


• o

Participante 3:

Resposta à questão 1: O emagrecimento e o ganho muscular foram as principais razões que me levaram a usar a app. Na altura, fazia treinos de hipertrofia 5 a 6 vezes por semana, e precisava de aumentar o meu rendimento. Por isso, comecei a fazer a contagem de macronutrientes através da app. Queria contar as calorias que ingeria diariamente, para ter uma perceção da quantidade de que estava a consumir a mais ou a menos.

o

Resposta à questão 2: Na altura, teve muita influência! Tanto positiva como negativa… Organizava todas as minhas refeições da semana para conseguir atingir os objetivos alimentares que a app estipulava para mim. No início consegui lidar bastante bem como esse regime, mas depois de uns meses já se estava a tornar demasiado. Bastava que saísse um pouco daquela linha alimentar, que ficava logo muito obsessivo com os ganhos. Acabei por me tornar refém das calorias que estava a ingerir…

o

Resposta à questão 3: Consegui perder peso e aumentar muito o meu rendimento nos treinos. Andei cerca de cinco anos num ginásio, mas essa altura foi, sem sombra de dúvida, a altura em que senti que o meu desempenho estava no auge.

o

Resposta à questão 4: Na altura, ainda apresentava alguns defeitos ao nível da informação nutricional dos alimentos, porque nem sempre eram verificados pela app. Além disso, também recomendaria um melhor e maior acompanhamento da base de dados da app, no que toca a alimentos e nutrientes.

o

Resposta à questão 5: Recomendaria! Acho-a bastante completa e ajuda muito quem quer disciplinar a sua alimentação. Seria indicado para atletas, por exemplo.

o

Observações: Durante o período em que usou, começou a sentir-se demasiado presa àquilo que a app lhe recomendava e dizia, vivendo em função disso. Refere que chegou a andar com mais de sete marmitas para controlar tudo o que ingeria ao longo do dia.

59


• o

Participante 4:

Resposta à questão 1: Queria saber mais sobre os nutrientes dos produtos, e ter uma melhor visão sobre aquilo que estava a ingerir. Nas embalagens e nos rótulos, está sempre explicado o valor desses nutrientes para 100 gramas, e nem sempre comemos essa quantidade, às vezes comemos menos ou mais. Também sabia que eles tinham mecanismos para se conseguirem atingir os resultados de uma melhor forma.

o

Resposta à questão 2: Para mim, a app não teve muita influência no meu dia a dia. Mas, sim para a vida no geral, porque me ajudou a conhecer melhor os produtos que consumia, e se futuramente precisar de contar os macronutrientes já terei algumas bases. Foi útil para conseguir atingir os meus resultados a longo prazo.

o

Resposta à questão 3: Consegui alcançar todos os tipos de resultados, só precisamos de fazer as coisas bem. Estes resultados físicos têm quase sempre associados fatores psicológicos também, como a melhoria da nossa auto-estima e, consequentemente, de todo o nosso estado mental e emocional. Resumidamente, é bom e útil para alcançar resultados

o

Resposta à questão 4: Quando usei, senti falta de um online coaching, para um melhor e maior acompanhamento dos progressos e dúvidas que surgem pelo caminho.

o

Resposta à questão 5: Sim, recomendaria! Porque a nossa saúde está em primeiro lugar, e com esta aplicação é muito mais fácil melhorarmos todos os aspetos dessa área. •

o

Participante 5:

Resposta à questão 1: O que me motivou foi a vontade de querer estar a par dos detalhes das minhas caminhadas, para ganhar uma maior noção do caminho que percorria e de quantas calorias queimava. Também já conhecia pessoas que utilizavam, e que gostavam, por isso decidi também experimentar!

o

Resposta à questão 2: A app ajudou-me a controlar o tempo que demorava a fazer certos caminhos, e ajudou-me a gerir também melhor o tempo que gastava por dia em atividade física.

60


o

Resposta à questão 3: Não obtive grandes resultados, como perda de peso ou algo desse género, só consegui perceber se estava a haver alguma evolução nos quilómetros que percorria ou no tempo que demorava em cada quilómetro. Serviu mais para registar a minha evolução.

o

Resposta à questão 4: Na última vez em que a usei, há cerca de um ano, lembro-me de ter tido alguns problemas com o GPS, porque nem sempre tinha sinal. Talvez seria esse aspeto que gostava de melhorar. Também gostava que o Runtastic PRO fosse gratuito, para que mais pessoas tivessem acesso a ele…

o

Resposta à questão 5: Sim, recomendaria! Apesar do meu problema com o GPS, foi a que melhor se adaptou ao meu telemóvel e tinha funcionalidades que me foram bastante úteis. Além disso, é uma app eficaz para quem pratica cardio, como caminhadas e corrida! Para quem quer uma plataforma que lhe dê noção do tempo, distância e veja as calorias perdidas como motivação, acho que é a app ideal.

o

Observações: As caminhadas não eram contínuas e regulares, por essa razão utilizou a app durante um mês seguido e depois parou, retomando a sua utilização há cerca de um ano. •

Participante 6:

o

Resposta à questão 1: A minha maior motivação foi querer perder algum peso.

o

Resposta à questão 2: Eu acho que as apps tiveram pouca influência na minha vida… O que conta mesmo é a força de vontade com que encarmos a mudança que queremos fazer nas nossas vidas. Eu, apesar de ter tentado, não tinha grande motivação para seguir aquilo que me era aconselhado pela MyFitnessPal ou para ir correr ou caminhar, utilizando o Runtastic.

o

Resposta à questão 3: Não senti grandes resultados... Tudo pelo facto de não cumprir com as instruções da app, e isso não tem a ver com o funcionamento das apps em si, que eu até considero que sejam boas, tem mesmo a ver comigo e com a minha motivação. A única coisa onde admito que tenha havido uma influência foi no meu conhecimento sobre os alimentos e sobre a prática de exercício em si, nomeadamente saber quantas calorias se perde a fazer determinada atividade.

61


o

Resposta à questão 4: Talvez recomendasse que utilizassem mais imagens e frases de motivação, para incentivar e encorajar os utilizadores. Por exemplo, quando entras numa conta de Instagram ou Facebook de uma fitmodel ou de alguém cujo corpo invejas ou admiras, ficas logo motivado para ires correr ou cozinhares pratos mais saudáveis.

o

Resposta à questão 5: Sim, recomendaria. Para quem tem a motivação é muito útil, pois ajuda na contagem de calorias e no conhecimento de quantas calorias foram gastas na prática de desporto. Acredito que, ingerindo a quantidade de calorias certas por dia, podemos realmente ter resultados. Para isso, é preciso que a pessoa esteja realmente predisposta a mudar ou determinada em perder peso e atingir os seus objetivos.

o

Observações: A participante considera que não seguiu as recomendações feitas pela app, especialmente pela MyFitnessPal. Deste modo, não seguiu aquelas que deveriam ser as suas calorias máximas, e mínimas, diárias. No que toca à Runtastic, também deixou de utilizadar passado pouco tempo de a ter instalado, portanto não obteu resultados. Porém, realçou muito o facto da primeira app a ter ajudado a perceber melhor as calorias de cada alimento e da segunda a ter ajudado a perceber quanto gastava em cada quilómetro percorrido. Achou relevante salientar também que ficou contente por ter aprendido mais, mesmo não vendo resultados físicos.

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Anexos Anexo 1 - Gráfico 1: Níveis de atividade física na população portuguesa, em percentagem, em indivíduos com mais de 14 anos, nos anos de 2015 e 2016.

42,60%

30,30%

Dados: Ativo

Moderadamente Ativo Sedentário

27,10%

Fonte: Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IANAF), de 2015 e 2016, disponível na página 60 do relatório retirado de https://ian-af.up.pt/sites/default/files/IANAF_%20Relato%CC%81rio%20Resultados_v1.5.pdf.

Anexo 2 - Gráfico 2: Níveis de prática de atividade física programada a nível nacional, em percentagem, nos anos de 2015 e 2016.

41,8 % 39 %

Dados:

Sexo Masculino Sexo Feminino Nível Nacional

44,7 % Fonte: Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IANAF), de 2015 e 2016, disponível na página 66 do relatório retirado de https://ian-af.up.pt/sites/default/files/IANAF_%20Relato%CC%81rio%20Resultados_v1.5.pdf.

63


Anexo 3 - Imagem 1: Distribuição espacial, por NUTS II, de pré-obesidade e de obesidade na população portuguesa.

Fonte: Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física (IANAF), de 2015 e 2016, disponível na página 85 do relatório retirado de https://ian-af.up.pt/sites/default/files/IANAF_%20Relato%CC%81rio%20Resultados_v1.5.pdf.

64


Anexo 4 - Imagem 2: Screenshots da app MyFitnessPal, capturados no dia 06 de maio de 2017, pelas 14h, podendo estar sujeitos a atualizações e consequentes mudanças. 2.1. Pesquisa de alimentos.

2.3. Diário de alimentação.

2.2. Informação sobre alimentos.

2.4. Página inicial ou feed de notícias.

65


2.5. Perfil de utilizador.

2.7. Menu da app.

2.6. Notificações e mensagens privadas.

2.8. Configurações.

66


2.9. Informações de perfil.

Anexo 5- Imagem 3: Screenshots da app Runtastic, capturados no dia 06 de maio pelas 8h, podendo estar sujeitos a atualizações e consequentes mudanças. 3.1. Feed principal.

3.2. Exemplo de artigo partilhado no feed.

67


3.3. Monitorização do progresso.

3.5. Planos prĂŠ-definidos.

3.4. Mapa virtual e controlo de atividade.

3.6. Perfil de utilizador.

68


3.7. Configurações.

3.8. Personalizção da atividade.

69


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