Publicação da Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados – novembro | dezembro 2015
anahp por dentro Brasil tem representatividade internacional no 39º Congresso Mundial de Hospitais. Pág. 08
saúde O mercado de saúde já sente os impactos da crise político-econômica que assola o Brasil. Pág. 18
bem-estar Crescimento da população desocupada em 2015 cria reflexos nas operações de hospitais e operadoras de planos de saúde. Pág. 40
Capital estrangeiro na assistência à saúde Saiba o que muda com o recurso, e qual a opinião de especialistas e executivos da saúde sobre o tema
Publicação da Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados – novembro | dezembro 2015
03 editorial
O cenário de incertezas políticas e econômicas que acometeu o país pode ser um desafio para os investidores.
52 hospitais associados
Instituições membros da Anahp investem em novas tecnologias e qualidade do atendimento.
06 opinião
Daniel Coudry compartilha como o Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (Cbexs) pode contribuir para a formação e capacitação dos gestores de saúde no Brasil.
08 anahp por dentro
Mais de 20 executivos participaram do evento em uma delegação especial organizada pela Anahp. Na ocasião, o atual presidente do Conselho da Anahp foi oficialmente nomeado o futuro presidente da International Hospital Federation (IHF).
22 eventos
3º Conahp reúne mais de 1.000 participantes e um excelente time de palestrantes durante os três dias de evento.
40 bem-estar
Desde o início de 2015 quase 500 mil brasileiros deixaram de utilizar planos de assistência médica, a grande maioria devido ao desemprego, já que muitos dos beneficiários contavam com o auxílio de planos empresariais.
48 tecnologia e saúde
Tecnologias na saúde se veem ameaçadas pelos efeitos de uma possível crise político-econômica de longo prazo.
Capa saúde
Capital estrangeiro na assistência à saúde: Saiba o que muda com a Lei 13.097, que autoriza a participação de recursos estrangeiros na assistência à saúde no Brasil, e qual a opinião de especialistas e executivos da saúde sobre o tema. Pág. 12
Caro leitor Que 2016 seja um ano melhor para o nosso país, para o sistema de saúde e para todos nós!”
Nesta última edição de 2015 do Panorama Anahp, gostaria de
nossos leitores a conquista de uma oportunidade importante para que
convidar os nossos leitores a refletir sobre os acontecimentos político-
o Brasil contribua com as principais discussões sobre saúde no mundo.
econômicos no país e seus reflexos para o mercado de saúde.
A partir de agora o país está representado no Comitê Executivo da IHF.
Iniciamos o ano, cientes de que o Brasil enfrentaria um momento
Outra novidade que os nossos leitores poderão acompanhar nesta
econômico desfavorável, mas ao mesmo tempo uma conquista
edição do Panorama é a criação do Colégio Brasileiro de Executivos
importante para o setor privado de saúde acontecia – a aprovação
da Saúde (Cbexs), uma entidade sem fins lucrativos, focada nos
da Lei 13.003, em Janeiro de 2015, permitindo a participação de
aspectos associativos, de educação e representatividade (advocacy)
capital estrangeiro na assistência à saúde, até então proibida por lei.
para executivos e gestores que atuam na área da saúde.
Há anos os prestadores de serviços de saúde buscavam
O Cbexs foi idealizado por executivos experientes e preocupados
mecanismos mais eficientes para expansão e modernização de
com a capacitação e desenvolvimento de novos profissionais
suas infraestruturas, mas as alternativas de créditos existentes no
para o setor. Trata-se de uma iniciativa alinhada as principais
Brasil são de difícil acesso e de alto custo. O capital estrangeiro na
tendências mundiais de mercado e, para conhecer um pouco
assistência à saúde veio para corrigir essa assimetria do setor.
mais sobre este projeto, convidamos o executivo Daniel
Entretanto, o cenário de incertezas políticas e econômicas que acometeu
Coudry para explicar como o Cbexs pode contribuir para a
o país pode ser um desafio para novos investimentos de um modo
formação e capacitação dos gestores de saúde no Brasil.
geral. Esta edição do Panorama Anahp tem como objetivos principais
Não poderia encerrar este editorial sem mencionar o sucesso
abordar os desdobramentos dessa conquista importante para o
do 3º Conahp. Foram três dias de intenso debate, mais de 60
setor e entender como os atores do sistema e especialistas avaliam
palestrantes e cerca de 800 participantes. Agradeço a todos que se
a possibilidade de investimento estrangeiro na assistência à saúde.
dedicaram à realização do evento, especialmente a nossa equipe
Ainda nesta publicação, ouviremos os principais representantes
operacional, que não poupou esforços para que o Congresso
da cadeia suplementar de saúde compartilhando os impactos
fosse um sucesso de público e de crítica. A cobertura completa
da crise nos negócios e o que esperar para 2016, especialmente
do Conahp pode ser acompanhada nas páginas a seguir.
em um momento de alto desemprego e redução significativa
Por fim, desejo um Feliz Natal a todos e que 2016 seja um ano melhor
do crescimento de beneficiários de planos de saúde.
para o nosso país, para o sistema de saúde e para todos nós.
O Panorama traz também a participação da delegação Anahp durante o 39º Congresso Mundial de Hospitais, promovido pela International
Saudações,
Hospital Federation (IHF), em outubro de 2015. Durante uma semana, mais de 50 executivos brasileiros participaram do evento – a 2º maior delegação no Congresso. Além disso, compartilharemos com os
Francisco Balestrin Presidente do Conselho
Associação Nacional de Hospitais Privados
Panorama Anahp
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Panorama Anahp
Conselho de Administração Presidente: Francisco Balestrin | H. Vita Curitiba – PR
Diamond
Vice-Presidente: Antônio C. Kfouri | H. do Coração (HCor) – SP Eduardo Amaro | H. e Maternidade Santa Joana – SP Francisco Eustácio Vieira | H. Santa Joana – PE Henrique Neves | H. Israelita Albert Einstein – SP José Ricardo de Mello | H. Santa Rosa – MT José Roberto Guersola | Hospital Barra D’Or – RJ Maria Norma Salvador Ligório | H. Mater Dei – MG Paulo Chapchap | H. Sírio-Libanês – SP
Expediente
Gold
Panorama é uma publicação bimestral da Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados. Jornalista Responsável Evelyn Tiburzio – MTB 11.385/MG Redação Evelyn Tiburzio Lucas Martini Conselho Editorial Carlos Figueiredo Evelyn Tiburzio Lucas Martini Direção de Arte
Silver
Graphic Designers Fotos Shutterstock, Jô Mantovani Tiragem 5.000 exemplares
Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados Rua Cincinato Braga, 37 – 4º andar – São Paulo – SP www.anahp.com.br – 11 3178.7444
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Panorama Anahp
Associação Nacional de Hospitais Privados
opinião
Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde Mercado passa a contar com entidade focada nos aspectos associativos, de educação e representatividade para executivos e gestores que atuam no setor
Na última década, observamos um processo mais evidente de profissionalização das empresas brasileiras na área de saúde. A Governança Corporativa ganhou espaço no mercado, e as companhias perceberam que o aperfeiçoamento dos modelos de gestão é um dos pilares mais importantes e um dos instrumentos determinantes para a sustentabilidade das empresas. Para acompanhar esta nova dinâmica de mercado, com processos mais claros, prestação de contas, adequação a normas e leis (compliance), entre tantos outros requisitos, os executivos também precisaram se adaptar a essa realidade. Entretanto, pesquisas demonstram que as lideranças brasileiras ainda precisam evoluir. O setor de saúde, especialmente, vem passando por profundas transformações no Brasil e no mundo, dados os desafios crescentes decorrentes da necessidade de aumento da eficiência e da efetividade do cuidado, fontes de financiamento esgotáveis, demografia mutante, entre outros. Algumas peculiaridades explicam esta realidade: trata-se de área altamente complexa, com grande dependência do capital humano, com pessoas submetidas a elevada carga de trabalho num contexto de grande stress, em que o erro coloca vidas em risco. Na saúde, temos ainda um ambiente complexo e delicado do ponto de vista das relações do setor, e o desafio se faz ainda maior.
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Panorama Anahp
Pesquisa de clima organizacional realizada pela Associação Nacional
que se dedique a atividades na área da saúde, mediante
de Hospitais Privados (Anahp) e focada em dois grandes pilares –
aprovação do Conselho, em concordância com o estatuto.
engajamento e suporte organizacional – revelou um reflexo positivo
Em todas as categorias, no entanto, existem critérios importantes
no principal foco de atuação da área: os pacientes. Por outro lado,
para associação ao CBEXs, como por exemplo, possuir curso
o maior desafio está no desenvolvimento de lideranças. Tendo em
superior, estar em atividade em cargo gerencial na área de saúde, e
vista o perfil técnico do setor de saúde, comportamentos básicos
ter pelo menos dois anos de experiência em gestão e liderança.
de gestão ainda são pouco frequentes junto aos líderes do setor.
Para os interessados em se tornar um associado pleno (fellow),
A exemplo de algumas iniciativas no mundo, como a American
a primeira prova de certificação está prevista para o último
College of Healthcare Executives (ACHE) – entidade que congrega
trimestre de 2016. Vale ressaltar que além dos critérios básicos de
mais 45 mil associados, e proporciona capacitação, benchmarking,
associados, para fazer a prova de certificação o executivo precisa
desenvolvimento de estudos e pesquisas, entre outros benefícios
ser um associado efetivo há pelo menos 12 meses, comprovar
aos seus afiliados – um grupo de executivos experientes e
experiência de pelo menos três anos em gestão, ter participado,
preocupados com o desenvolvimento de novos profissionais para
presencialmente, de pelo menos três eventos promovidos pelo
o setor saúde no Brasil fundou o Colégio Brasileiro de Executivos
CBEXs nos últimos 12 meses, e fornecer descrição da posição
da Saúde (CBEXs), entidade sem fins lucrativos, focada nos
atual no trabalho, organograma da empresa e currículo atualizado,
aspectos associativos, de educação e representatividade (advocacy)
bem como indicação de duas referências de fellows do CBEXs.
para executivos e gestores que atuam na área da saúde.
Trata-se de uma iniciativa inovadora no mercado brasileiro, uma vez
Alinhado às tendências mundiais de mercado, o CBEXs pretende
que há entidades representativas de várias categorias profissionais,
estimular as instituições a incluir nas diretrizes de suas atividades
empresariais, mas até então não existia uma organização com
a excelência em gestão, elevar a eficiência das empresas por
o propósito do CBEXs – de contribuir para o desenvolvimento
meio de um mecanismo de certificação para gestores de saúde,
e capacitação adequados dos executivos da saúde.
disseminar as boas práticas de gestão e governança corporativa
Sabemos que a proposta é audaciosa e que a responsabilidade
na cultura das organizações, além de capacitar profissionais,
do CBEXs transcende os interesses de seus associados, mas ao
conselheiros, diretores executivos e outros agentes associados.
mesmo tempo temos a certeza de que é um passo importante
O CBEXs contempla três categorias de associados: pleno
e necessário para o mercado brasileiro de saúde.
(fellow), aprovado no curso de certificação para executivos do Colégio; efetivo, profissional em atividade no setor de saúde, que busque filiação ao CBEXs, visando uma futura certificação; e participante, que contempla qualquer pessoa física ou jurídica
Daniel Coudry Fundador do Cbexs
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Panorama Anahp
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anahp por dentro
Presidência da IHF
conta com representante
brasileiro
Presidente do Conselho da Anahp, Francisco Balestrin, é designado presidente futuro da International Hospital Federation (IHF). A cerimônia aconteceu em Chicago, durante o 39º Congresso Mundial de Hospitais O atual presidente do Conselho de Administração da Anahp – Associação Nacional de Hospitais Privados –, Francisco Balestrin, foi oficialmente nomeado o futuro presidente da International Hospital Federation (IHF). A entidade congrega mais de 50 mil hospitais e estabelecimentos de saúde, em mais de 100 países, responsáveis pelo atendimento de aproximadamente três bilhões de pessoas. A nomeação de Balestrin e sua posse como integrante do Comitê Executivo ocorreu dia 7 de outubro, durante o 39º Congresso Mundial de Hospitais da IHF, realizado em Chicago (EUA). Seu mandato – de acordo com o modelo da entidade – passa a vigorar a partir de 2017. O Comitê Executivo da IHF é composto por três presidentes – passado, presente e o designado – e de um diretor tesoureiro. Para a gestão 2015-2017, respondem pelo cargo de Presidente, Erik Kreyberg Normann, da Noruega, como Presidente Passado, Kwang Tae Kim, da Coreia do Sul, e, como Presidente Designado, Francisco Balestrin, do Brasil. Com sede na Suíça, a IHF conta ainda com uma Diretoria liderada por um CEO, Eric De Roodenbeke.
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Panorama Anahp
Esta é uma oportunidade importante para que o Brasil contribua com as principais discussões sobre saúde no mundo e compartilhe das melhores práticas mundiais de assistência”, afirma Balestrin.
Comitê Executivo da IHF para a gestão 2015-2017:
Francisco Balestrin foi oficialmente nomeado o futuro
Kwang Tae Kim, da Coreia do Sul, Erik Kreyberg Normann,
presidente da International Hospital Federation (IHF)
da Noruega e Francisco Balestrin, do Brasil
“Temos uma grande identidade com a IHF, cujo papel é o de contribuir com os hospitais na ampliação do nível de serviços com segurança e qualidade, além de oferecer suporte para a educação continuada de seus profissionais. Esta é uma oportunidade importante para que o Brasil contribua com as principais discussões sobre saúde no mundo e compartilhe das melhores práticas mundiais de assistência”, afirma Balestrin. Fundada em 1929, nos Estados Unidos, a IHF tem como suas atribuições o incentivo à cooperação internacional na área de saúde e a melhoria permanente do atendimento aos pacientes em todo o mundo. “O modelo de governança da Federação também merece uma atenção especial, uma vez que a participação dos presidentes – passado, presente e futuro – garante a continuidade das iniciativas da entidade”, comenta Balestrin. O 39º Congresso Mundial de Hospitais também contou com a participação de executivos brasileiros compartilhando a experiência das Lideranças em Saúde no país.
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Delegação brasileira reúne mais de 50 executivos no 39º Congresso Mundial de Hospitais O Brasil esteve muito bem representado durante o 39º Congresso Mundial de Hospitais. Mais de 50 executivos participaram do evento em uma delegação especial organizada pela Anahp. Além da participação no Congresso, a Associação promoveu iniciativas para troca de experiências, espaço para relacionamento e uma visita ao Northwestern Memorial Hospital, em Chicago (IL). Para Nelisson do Espírito Santo, Diretor Executivo da Casa de Saúde São José (RJ) e um dos participantes da delegação, o Congresso do IHF integra e compartilha práticas e experiências de todos os continentes e proporciona a oportunidade de refletir sobre a nossa realidade. “Participar da delegação da Anahp, significou participar da segunda maior delegação do mundo em um congresso com tal expressividade. Isso demonstra a importância do nosso país e do nosso sistema, para contribuir e ao mesmo
39º Congresso Mundial de Hospitais contou com a participação de
tempo aprender com o resto do mundo. Além disso, a Anahp
executivos brasileiros compartilhando a experiência das Lideranças
proporcionou a integração entre os executivos brasileiros, criando
em Saúde nos hospitais brasileiros: Carlos Figueiredo, Denise Santos,
momentos propícios para a troca de experiências, visita em
Francisco Balestrin, Claudio Lottenberg e Miguel Cendoroglo
hospitais, com o objetivo de conhecermos outras realidades e práticas, incluindo o DRG. Foi enriquecedor”, compartilha. De acordo com Marcelo Coli Fernandes, Diretor Financeiro do
a Anahp pela oportunidade que nos concedeu ao organizar sua
Hospital Santa Catarina (SP), participar da delegação Anahp para o
comitiva, pelos momentos muito agradáveis que passamos juntos
Congresso da IHF foi uma experiência marcante e muito proveitosa.
aos demais líderes brasileiros, e por todo o apoio que recebemos
“Tivemos uma semana com acesso a culturas e práticas do
durante nossa estada em terra norte-americana”, comenta.
mercado de saúde internacional que serão riquíssimas para nosso
O próximo congresso da IHF acontecerá entre os dias 30 de
dia a dia nas instituições. Voltamos para casa com sentimento de
outubro e 03 de novembro de 2016, em Durban, na África
muito trabalho a fazer, visando incrementar o modelo assistencial
do Sul. Em breve a Anahp disponibilizará mais informações
e de relações comerciais, financeiras e administrativas. Agradeço
sobre uma possível delegação para o evento.
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saúde
Capital estrangeiro
na assistência à saúde
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Saiba o que muda com a Lei 13.097, que autoriza a participação de recursos estrangeiros na assistência à saúde no Brasil, e qual a opinião de especialistas e executivos da saúde sobre o tema Falta de leitos, necessidade de investimento em infraestrutura,
tem uma participação maior nos investimentos em saúde,
tecnologia e capacitação de profissionais. Estes são temas
55% da despesa total com saúde no país é privada.
recorrentes no setor e os principais desafios dos hospitais brasileiros.
Apesar de sua importância e representatividade para o mercado,
A saúde é uma das atividades econômicas mais importantes no
até janeiro de 2015 o setor hospitalar ainda era fechado ao capital
país, representando 9,5% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo
estrangeiro. Esta realidade mudou com a aprovação da Lei 13.097,
estatísticas da Anahp com base em dados da Organização
publicada em 20 de janeiro de 2015, autorizando a participação
Mundial da Saúde (OMS). O setor também é responsável por
de recursos estrangeiros na assistência à saúde no Brasil.
gerar 27% do total de empregos no Brasil em 2014, segundo
Para Marcelo Aurélio Faccioli, Senior Investment Banker do
informações do Ministério do Trabalho e Emprego. Destes
Corporate Finance do Banco Santander, a legislação que proibia o
empregos, mais da metade foram em atividades concentradas no
investimento estrangeiro em hospitais fazia com que os investidores
setor hospitalar, com a geração de 55,8 mil postos de trabalho.
direcionassem seus esforços para outras áreas da saúde, tais
O Brasil possui hoje cerca de 6.300 hospitais no país, e mais de
como diagnóstico, indústria farmacêutica, varejo de medicamentos,
60% dessas instituições são privadas. Além disso, diferente de países desenvolvidos, em que o setor público
entre outros. “Esta abertura era esperada e, por isso, muitos potenciais investidores dedicaram recursos imediatamente para estudar o mercado após a alteração da lei 13.097”, comenta.
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Panorama Anahp
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saúde
O que muda a partir de agora? De acordo com Marcio Serôa de Araujo Coriolano, Presidente
de redes hospitalares, o que pode aumentar os ganhos de
da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), ao
produtividade, eficácia e eficiência”, comenta Henrique Salvador,
ocupar posição de destaque entre as nações em desenvolvimento,
Diretor-presidente da Rede Mater Dei de Saúde (MG).
o Brasil precisa continuar investindo internamente – em todos os
Em pesquisa realizada pela KPMG, com cerca de 200
segmentos – e a entrada de recursos estrangeiros, fortalecendo
executivos do setor, a participação direta ou indireta, inclusive
a poupança interna, ajuda o país a se capitalizar para isso.
controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência
“Os mecanismos de crédito existentes no Brasil são de
à saúde foi considerada necessária ou fundamental por 92%
difícil acesso e de alto custo”, compartilha Pedro Palocci,
desses executivos. A pesquisa demonstrou ainda que para
Presidente do Grupo São Lucas (SP), ao defender o
89% dos gestores, esse recurso vai ajudar no crescimento do
capital estrangeiro como uma nova alternativa viável de
setor, trazer novas tecnologias e ampliar o acesso à saúde.
financiamento para crescimento do setor saúde no país.
No entanto, 60% dos executivos concordam que – no que
“Além da capacidade de ampliação e do crescimento por
se refere à gestão de pessoas, governança, informações
meio de fusões e aquisições, a empresa hospitalar precisa
gerenciais e contábeis – as instituições hospitalares no Brasil
constantemente de ingresso de capital para a atualização
não estão preparadas para serem adquiridas e interagirem
tecnológica e para a adequação dos processos e o
com os investidores internacionais; 35% concordam que as
investimento no desenvolvimento das pessoas. Além disso,
instituições estão preparadas, porém será necessário grandes
com o possível acesso ao capital estrangeiro estratégico,
adaptações; e apenas 5% acreditam que as instituições estão
há uma maior proximidade com técnicas globais de gestão
preparadas e não haverá necessidade de adaptações.
Entre os principais desafios apontados pelos executivos para a interação dos hospitais com os investidores internacionais, foram citados:
24%
Dificuldade em encontrar pessoal qualificado e com domínio de outros idiomas para prestar contas e interagir com os investidores;
23%
Adaptação às questões culturais;
9% 29%
Exigências e padrões de qualidade;
16%
Trabalhar sob pressão para entregar os resultados e metas;
1% 14
Desafios tecnológicos;
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Apenas 1% dos executivos acredita que não haverá desafios nessa interação.
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Normalmente os hospitais são geridos por médicos que priorizam a questão assistencial, deixando a gestão em segundo plano. Essa falta de profissionalismo e atuação mais rigorosa na gestão financeira da instituição acaba transparecendo a imaturidade do setor e dificultando a entrada de investidores”, Marcos.
Desafios As incertezas políticas foram apontadas por Marcos Boscolo, Sócio
de sua rentabilidade
de Auditoria e Líder de Atendimento nos setores de saúde e educação
desvalorização cambial. “Esses gestores querem evitar o risco
da KPMG no Brasil, como pontos negativos para os investidores
dessa perda novamente e, por isso, precisam acertar o momento
devido à recente
estrangeiros. “A saúde no Brasil é bastante regulada e o Governo
correto de realizar o investimento”, complementa Marcelo.
tem um papel extremamente relevante nessa regulação. Eventuais
“Normalmente os hospitais são geridos por médicos que priorizam
mudanças legais podem afetar significativamente o setor”, explica.
a questão assistencial, deixando a gestão em segundo plano.
O executivo ainda citou como exemplo a educação, em que as
Poucos hospitais possuem bons controles de custos, conhecem
empresas basearam seus processos de expansão com base em
os procedimentos que geram as maiores margens, gerenciam com
regras do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) – que foram
cuidado e atuam proativamente para reduzir os volumes de glosas de
alteradas pelo Governo – afetando drasticamente o setor. “Há um
convênios, etc. Essa falta de profissionalismo e atuação mais rigorosa
receio muito grande que com uma eventual mudança de
na gestão financeira da instituição acaba transparecendo a imaturidade
Governo – considerando principalmente o clima atual – possa
do setor e dificultando a entrada de investidores”, ressalta Marcos.
haver alguma mudança na regulação do setor”, comenta.
No entanto, Marcelo explica que não existe um único modelo de
Outro ponto importante mencionado por Marcos é o cenário
acesso ao capital estrangeiro, e cada alternativa exige uma preparação
econômico desfavorável. “O setor privado de saúde tem forte relação
específica. O executivo ainda explica que há uma diferença relevante
com renda e emprego. Quanto mais emprego, mais renda e mais
entre estar pronto para receber um investimento e estar pronto para
pessoas com planos de saúde. Assim, um país sem crescimento,
ser adquirido. “Tenho visto no Brasil um número considerável de
com aumento do desemprego, um cenário político incerto e crise
hospitais que estão, sim, prontos para serem adquiridos. Auditorias
de imagem internacional por sucessivos casos de corrupção, não
dos balanços, certificações de qualidade, gestão profissional e
atrai investimentos”. O executivo pondera, no entanto, que com o
governança corporativa são itens desejáveis, mas as suas ausências
aumento do dólar nos últimos tempos, a aquisição de negócios
significam muito mais um ajuste do preço do que um impedimento
no Brasil se tornou mais barata ao capital estrangeiro. “Gasta-se
para a transação ocorrer. O maior desafio dos investidores, no
menos para investir no Brasil em função da desvalorização do
entanto, é encontrar a chamada ‘plataforma’ para iniciar o processo.
real frente ao dólar. O que está sendo avaliado é se esse ganho
Então, a pergunta que se faz é: qual rede de hospitais está preparada
cambial compensaria os demais riscos de investimentos”, explica.
para receber o investimento e fazer bom uso dos recursos, ou
Segundo o executivo do Santander, os investidores que fizeram bons
seja, que tem um time de gestão preparado para adquirir, integrar e
investimentos no país há dois ou três anos perderam grande parte
explorar as sinergias de um processo de consolidação?”, pondera.
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saúde
Oportunidades Apesar dos desafios a serem enfrentados, Marcio considera que
relacionamento entre o interesse dos investidores e a necessidade
os hospitais brasileiros não só estão preparados para receber
destes recursos para os hospitais no Brasil”, afirma Pedro.
investimentos estrangeiros, como precisam deste reforço. Para
O dirigente ainda comenta que a instituição tem sido procurada com
o executivo, um dos gargalos da saúde suplementar é a carência
frequência por investidores e advisors, e que as oportunidades estão
de incentivos ao investimento em capacidade instalada para
sendo avaliadas. “Nós estamos nos preparando nos últimos anos
atender à crescente demanda por serviços privados. “O Brasil é
para crescer e temos uma efetiva necessidade deste crescimento.
um mercado extremamente atrativo para quem quer empreender
Temos uma demanda reprimida que pressiona nossa capacidade
em saúde, segmento que tem muito para crescer. Afinal, na
operacional diariamente e esta é uma situação que pode ser
atualidade, os três bens ou serviços prioritários para o brasileiro
resolvida com um investimento neste modelo”, compartilha Pedro.
são educação, casa própria e plano de saúde”, explica.
“Se a instituição estiver em ordem e conseguir apresentar
Para Roberto Liesegang, Sócio da Motta, Fernandes Rocha
dados confiáveis, mesmo que o negócio não esteja gerando
Advogados, apesar das peculiaridades do mercado de
lucro, pode ser um alvo bem interessante para ser adquirido,
saúde brasileiro, principalmente quanto à sua complexidade,
pois os investidores avaliam não apenas o histórico de
fragmentação e assimetria, existem hospitais que já estão no
resultados passados, mas principalmente a capacidade
radar de investidores estrangeiros. A tendência é que este número
de geração de resultados futuros”, explica Marcos.
cresça exponencialmente. “Estamos, inclusive, observando
“Ganho de escala e eficiência são alguns efeitos positivos que as
grande movimentação, tanto por parte dos investidores
empresas com reconhecida atuação fora do país podem proporcionar
quanto dos hospitais, em torno deste tema”, compartilha.
com novas soluções e boas práticas. Outro aspecto é que importam
Para Henrique, algumas instituições hospitalares de maior porte
a cultura de modelos de saúde em que governos são menos
evoluíram muito nos últimos anos na sua governança e estruturação
intervencionistas, e as políticas que delimitam papéis assistenciais
de gestão. Para o executivo, há também uma maior preocupação
dos setores público e privado são mais avançadas”, completa Marcio.
com a profissionalização da atividade e uma visão mais estratégica por parte dos que lideram os principais hospitais brasileiros. “Se observarmos o que ocorreu neste setor em outros países com nível de desenvolvimento semelhante ao Brasil, acredito que já avançamos muito na capacidade de integração e de gestão”. “Temos um tempo de amadurecimento que vai ocorrer de uma forma rápida para que tanto os investidores decidam como vão entrar neste mercado, como para os hospitais no sentido de entender como absorver melhor estes recursos. Estou muito otimista que logo encontraremos uma forma ideal de
O Brasil é um mercado extremamente atrativo para quem quer empreender em saúde, segmento que tem muito para crescer. Afinal, na atualidade, os três bens ou serviços prioritários para o brasileiro são educação, casa própria e plano de saúde”, Marcio.
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Como se preparar Segundo Roberto, é preciso que os candidatos interessados em atrair investidores, sejam eles estrangeiros ou não, estejam cientes que este processo pode ser longo e que há necessidade de preparação de ambas as partes. O especialista ainda reforça que estes investimentos não se limitam ao aporte de capital. “Tecnologia, inovação, modelos de gestão, treinamento, revisão de processo e ganhos de produtividade vêm acompanhados de uma série de requisitos e contrapartidas por parte dos investidores. Questões relacionadas à governança, por
Tenho certeza que os investimentos estrangeiros chegarão e que, em breve, veremos o anúncio de novas transações relevantes. O processo de consolidação é inevitável por várias razões, a principal delas é porque é atrativo para os participantes”, Marcelo.
exemplo, terão que ser implementadas nos hospitais que possuem modelos de gestão familiar, caracterizados pela concentração de poder e confusão patrimonial”, orienta. De acordo com Marcelo, o investidor estrangeiro se cerca de cuidados adicionais, têm políticas de compliance mais rígidas e maior aversão ao risco por não conhecer a dinâmica do mercado doméstico. “Trata-se muito mais de características desejáveis para aumentar a atratividade do que exigências e requisitos. Neste sentido, podemos mencionar: boa reputação junto à comunidade médica e aos pagadores (planos de saúde e seguradoras); rentabilidade consistente; capacidade de reproduzir em maior escala aquilo que já faz bem no seu tamanho atual; e gestão profissional das instituições como requisitos importantes a serem avaliados pelos investidores”, compartilha.
Experiência de mercado O movimento de maior destaque observado nos últimos tempos foi o da Rede D´Or, que se antecipou a esta tendência por meio de uma captação de dívida, fez várias aquisições e se consolidou como a maior plataforma de hospitais do país sem relação direta com plano de saúde. Logo após a publicação da lei, anunciou a venda de participação para a Carlyle, um dos maiores gestores de fundos de Private Equity do mundo, com investimentos em hospitais na Europa e na Austrália. “Os jornais têm noticiado que vários fundos de Private Equity estão mantendo conversas com diferentes empresas do mercado e acredito que, em breve, veremos as primeiras transações se concretizarem. Mas o volume maior de transações acontecerá depois que surgirem novas plataformas capazes de adquirir e integrar hospitais individuais”, comenta Marcelo. “Investimentos como o que estamos discutindo não acontecem da noite para o dia. Os gestores estudam cautelosamente a tese de investimentos, conhecem e analisam um grande número de empresas e oportunidades até tomarem a decisão de prosseguir. Depois ainda vem toda a fase de diligência e negociação, que pode demorar meses. Tenho certeza que os investimentos estrangeiros chegarão e que, em breve, veremos o anúncio de novas transações relevantes. O processo de consolidação é inevitável por várias razões, a principal delas é porque é atrativo para os participantes”, finaliza Marcelo.
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saúde
Retrospectiva do mercado
Entidades representativas do setor suplementar de saúde e hospitais compartilham os impactos do atual momento político-econômico do país para o setor
de saúde
Em 2015, o mercado privado de saúde apresentou novidades importantes, como a aprovação da Lei 13.003, em Janeiro de 2015, que permite a participação de capital estrangeiro na assistência à saúde. Além disso, discussões pertinentes e fundamentais para a perenidade do setor, como a revisão do modelo de remuneração e práticas mais transparentes de relacionamento entre os atores do sistema foram observadas ao longo do ano. Mas, assim como os demais setores da economia, a saúde também tem sofrido os impactos da crise político-econômica que assola o Brasil desde meados de 2014. Vale lembrar, no entanto, que a saúde é um setor de grande importância econômica, que potencializa o crescimento e a criação de empregos qualificados e, portanto, produz desenvolvimento para o país. De acordo Antonio Abbatepaolo, Diretor Executivo da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), em agosto de 2015, segundo o CAGED/MTE (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho), o Brasil fechou com menos 86.543 vagas formais de emprego, totalizando 633.981 postos de trabalho a menos no ano de 2015, em contraste com o setor de saúde que nesse mesmo período teve um saldo positivo de 47.509 vagas de trabalho. No entanto, com as altas taxas de desemprego
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alcançando 7,6% em agosto de 2015, segundo dados do Instituto
Com base na variação de emprego e renda, e tendo em vista
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o mercado de saúde
a concentração em planos coletivos empresariais – que são
suplementar começa a sentir os efeitos da crise vivida pelo Brasil.
aqueles oferecidos pelas empresas aos seus funcionários a
Estimativa da Abramge, com base em informações da Agência
título de benefício, a perspectiva da Abramge para o número
Nacional de saúde Suplementar (ANS), o mercado de planos
de clientes em 2015 é de queda. “A projeção da Abramge é
médico-hospitalares recuou 0,4% no primeiro semestre de
de que o ano pode encerrar com menos 300 mil beneficiários,
2015 – fato inédito no setor, com uma redução de mais de 190
podendo chegar a até 500 mil num cenário mais negativo. A
mil beneficiários nas operadoras de saúde suplementar.
entidade ainda não fez uma projeção desse número para
Para Marcio Serôa de Araujo Coriolano, Presidente da Federação
2016, mas a prosseguir o cenário de retração econômica, a
Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), os números gerais
perspectiva para 2016 é de estabilidade”, afirma Antônio.
do mercado de saúde suplementar no Brasil mostram que o ritmo
Já a indústria farmacêutica apresenta resultados muito superiores
de crescimento da base de beneficiários, de fato, desacelerou.
ao da média da economia nacional, acima de 8% ou 9%. “No
“Os dados de junho de 2015, com base nos indicadores do 10º
entanto, isso não significa que a crise não tenha chegado ao
Boletim da Saúde Suplementar – publicação da FenaSaúde que
setor com a elevação de custos, o impacto do dólar (em um setor
traz um conjunto de indicadores das associadas e do mercado
altamente dependente de insumos importados), a tributação
de Saúde Suplementar – indicam que a base de beneficiários
pesada e crescente. Tudo isso não diminui, porém, o consumo,
de planos ou seguros médicos expandiu em 1% ante junho de
porque o País não oferece, em 75% dos casos, alternativa aos
2014. Na comparação entre junho de 2014 e junho de 2013, por
brasileiros: ou se sacrificam e compram os medicamentos ou não
exemplo, essa expansão havia sido de 3,2%”, compartilha.
há outra opção”, pondera Antônio Britto, Presidente-executivo da
“A base de beneficiários de planos ou seguros médicos vinha
Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma).
registrando expansão estável nos últimos anos. Em junho de 2013,
Nos hospitais, algumas instituições relatam ter observado
o crescimento foi de 3,3% em comparação a junho de 2012. Em
uma desaceleração da taxa de crescimento dos atendimentos
junho de 2014, a expansão foi de 3,2% em relação a junho de 2013.
no pronto-socorro, ambulatório e consultórios. Além disso,
Já os dados de junho de 2015, na comparação com junho de 2014,
os hospitais começam a sentir as pressões em relação aos
mostram crescimento de apenas 1%”, complementa Marcio.
custos, especialmente por conta da inflação e o câmbio.
MERCADO DE PLANOS MÉDICO-HOSPITALARES
NÚMERO DE BENEFICIÁRIOS DE PLANOS MÉDICOS
(Variação no 1º semestre)
(em milhões)
1,3% (632.435)
2013
1,1% (522.999)
2014
2015
49,5
50,7
50,5
dez/13
dez/14
jun/15
- 0,4% (- 193.268)
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Panorama Anahp
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saúde
A expectativa em 2016 é de um ano desafiador em termos de atividade econômica e empregabilidade, com provável repercussão sobre a demanda de serviços”, comenta Henrique Neves.
De acordo com Marcio, o desejo do consumidor brasileiro por
extraordinários a beneficiários que recorrem à justiça questionando
plano ou seguro de saúde é fator decisivo para a manutenção da
coberturas muitas vezes não estabelecidas no contrato do plano,
atividade econômica, ainda que em ritmo mais lento. O executivo
sobrecarregando, desta forma, todo o sistema”, explica.
ressalta, no entanto, que um dos grandes desafios para a cadeia de
Márcio ainda cita as mudanças demográficas como um ponto
saúde suplementar, independente do cenário macroeconômico, é
de atenção para o aumento dos custos em saúde. “Com o
o controle dos custos assistenciais. “Esse deve ser o grande alvo
aumento da expectativa de vida, a tendência é que as despesas
de atenção da sociedade – e isso envolve operadoras, prestadores
com saúde fiquem cada vez mais altas, em todo o mundo.
de serviços, órgão regulador e Governo. As despesas do setor
Independente de qualquer circunstância, o envelhecimento
crescem mais que as receitas, uma desproporção que onera o
da população brasileira impactará os gastos assistenciais
sistema e, inevitavelmente, tem reflexo no valor das mensalidades
com a prevalência das doenças crônicas, levando o cidadão
dos contratos. A sociedade deve participar ativamente de
a requerer mais assistência médica e novas tecnologias.
discussão que tem um ponto central: quanto o brasileiro pode e
Esses recursos são cada vez mais onerosos”, completa.
quer pagar por saúde, e o que considera essencial”, destaca.
O Presidente-executivo da Interfarma lamenta que a crise política
Segundo o executivo da Abramge, as operadoras têm
leve o país a uma paralisia que, por sua vez, prejudica uma economia
buscado aprimorar a gestão dos planos de saúde e têm estudado a implantação de novos modelos de remuneração visando sua sustentabilidade econômica.
fragilizada. “Isso tem impedido a discussão e a adoção de reformas que, não sendo feitas, causam enorme prejuízo ao país. Nesse cenário, nos preocupamos com a carência
“A expectativa em 2016 é de um ano desafiador em
de recursos do setor de saúde, que deve fazer de
termos de atividade econômica e empregabilidade,
2016 um ano tristemente inesquecível”, finaliza.
com provável repercussão sobre a demanda de serviços”, comenta Henrique Neves, Diretor Geral do Hospital Israelita Albert Einstein (SP). Para o presidente da FenaSaúde, as operadoras de planos de saúde terão que se adaptar a uma economia com projeção de redução do nível de atividade e do PIB. No entanto, Marcio chama a atenção para outras questões de grande impacto para o setor, como as de caráter regulatório e demográfico. “Toda a cadeia da saúde precisa de uma regulação mais construtiva, sustentável e que assegure, por exemplo, o controle em relação à incorporação de novas tecnologias, hoje feita de forma acrítica. Os ajustes também precisam englobar a revisão do modelo de remuneração de serviços médicos, atualmente por quantidade de procedimentos indicados, e não por resultados clínicos obtidos, o que seria o ideal. Vale destacar ainda o efeito da judicialização, que é cara e elitiza o acesso à saúde, concedendo privilégios
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eventos
O hospital na construção da excelência do sistema de saúde:
Perspectivas e desafios 3º Conahp, realizado entre os dias 11 e 13 de novembro, reúne cerca de 1200 participantes e 80 palestrantes nacionais e internacionais
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Panorama Anahp
Hospital baseado em valor, engajamento da equipe, a importância de medir os resultados e compartilhá-los com a equipe e com os pacientes foram os principais pontos abordados durante o 3° Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp), realizado entre os dias 11 e 13 de novembro de 2015, no Sheraton WTC Hotel, em São Paulo (SP). O evento reuniu mais 1200 participantes, e 80 palestrantes nacionais e internacionais, que compartilharam experiências e debateram o futuro do sistema de saúde no Brasil. As atividades do 3° Conahp tiveram início com o Précongresso abordando o tema “Os desafios para a gestão do hospital que entrega valor: Pilar para a sustentabilidade do sistema de saúde”. A manhã do dia 11 de novembro contou com a participação de Ary Ribeiro, Superintendente de Serviços Ambulatoriais e Comercial do Hospital do Ary Costa Ribeiro, Vice-presidente da
Coração – Hcor (SP) e Vice-presidente da Comissão
Comissão Científica do 3º Conahp
Científica do Conahp; Evandro Tinoco Mesquita, Diretor Médico do Hospital Pró-Cardíaco (RJ); Jennifer Clawson, Core Member of Global Healthcare Practice do Boston Consulting Group (USA); Maurício Alchorne, Diretor Técnico da Anahp; Caleb Stowell, VP of Research and Development do Intenational Consortium for Health Outcomes Measurement – ICHOM (USA); Andreas Ringman Uggla, Director for Production and Business Development do Karolinska Hospital (SWE); Sandro Chaves, Diretor Médico do Hospital Mater Dei (MG); Eliezer Silva, Diretor Geral do Hospital de Ensino do Hospital Israelita Albert Einstein | Vila Santa Catarina (SP); e Sheila Cristina Martins, Chefe do Serviço de Neurologia do Hospital Moinhos de Vento (RS). “Que este evento contribua para as transformações necessárias no sistema de saúde. Precisamos repensar o hospital baseado em desperdício para o hospital baseado em valor”, menciona Ary Ribeiro ao iniciar as discussões do pré-congresso.
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eventos Experiência Internacional Ao abordar o tema o “Hospital baseado em valor | Uma agenda
os resultados e a experiência do paciente”, comenta.
positiva de transformação”, Jennifer Clawson falou sobre as
Após a apresentação do resultado da pesquisa aplicada entre as
pressões que os hospitais sofrem diariamente e compartilhou
instituições membros da Anahp, sobre “Hospital baseado em valor”,
algumas experiências de como lidar com essa questão nas
os participantes da mesa discutiram as oportunidades de melhoria,
organizações. Também mencionou o crescimento dos gastos com
em busca do desenvolvimento do hospital baseado em valor.
saúde no Brasil, que não é sustentável e não promove resultados
De acordo com Caleb Stowell, normalmente os resultados
melhores, especialmente porque o aumento da expectativa de vida
são medidos a partir dos aspectos econômicos. “Na nossa
no Brasil não corresponde ao aumento dos gastos com saúde.
organização, no entanto, nós medimos a perspectiva do
“Fica difícil criar uma perspectiva de qualidade sem considerar
paciente. Eu analisei os resultados de vocês e busquei
a perspectiva do paciente, e hoje ele passa por várias barreiras
outras referências sobre os principais gargalos, mas vocês
nas instituições. Nós não mensuramos os resultados de forma
medem tudo de maneira muito superficial”, afirma.
eficiente, e essas são questões que importam para o paciente.
Andreas Ringman Uggla compartilhou a experiência do Karolinska
Em pesquisa realizada, foi identificado que os pacientes
Hospital sobre o percurso do paciente na instituição. “Após
querem escolher os prestadores de serviços de saúde a partir
um levantamento, foi identificado que ele passava por mais de
de dados que demonstrem desempenho e qualidade, mas
cinco departamentos. Por isso é importante trabalhar iniciativas
esses dados não estão disponíveis”, explica Jennifer.
para melhorar a experiência desse paciente na instituição.
A necessidade de eliminar a lacuna entre clínica médica e gestão,
No caso do Brasil, talvez seja uma alternativa interessante
por meio do engajamento, também foi outro ponto abordado
buscar soluções conjuntas aos planos de saúde”, sugere.
por Jennifer. A palestrante compartilhou a experiência de um
Caleb Stowell também reforça a necessidade do engajamento
hospital na Suécia, que começou a divulgar publicamente os
entre equipe clínica e de administração. “Isso leva tempo, mas
resultados, proporcionando maior engajamento dos médicos e
é fundamental trabalhar campanhas entre as áreas para que
uma melhora drástica dos resultados. “Mas transparência não é
cada um encontre seu papel na organização”, compartilha.
o suficiente, é necessário engajar a equipe, e neste processo o
Começar a trabalhar com as métricas no âmbito da Anahp foi
feedback é fundamental. É necessário que haja uma mudança no
a sugestão de Jennifer Clawson. “São hospitais de ponta, que
modelo de controle para o modelo de engajamento”, pondera.
tem condições de iniciar este trabalho conjuntamente”, afirma.
Ao final da apresentação, Jennifer destacou que um
“Independente do país e suas peculiaridades, existe uma
passo importante foi dado para as transformações
realidade universal sobre valor, todos nós trabalhamos com
necessárias no sistema de saúde. “Observamos uma
médicos e enfermeiros. Promovam treinamentos, workshops
disponibilidade dos prestadores de saúde em mudar e
e envolvam os pacientes nas discussões, esse é o desafio
buscar uma nova maneira de trabalhar, a fim de melhorar
que eu proponho a vocês”, incita Andreas Ringamn Uggla.
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Panorama Anahp
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Experiência Nacional Sandro Chaves compartilhou a experiência da Rede Mater Dei de
Sheila Christina Martins, por sua vez, compartilhou a experiência
Saúde (MG), visando a melhoria assistencial e gestão adequada de
do Hospital Moinhos de Vento (RS), a partir do Projeto Stroke,
recursos, a partir da implementação do Protocolo de Pneumonia
da ICHOM, que consiste em um conjunto de variáveis a serem
Adquirida na Comunidade (PAC) e como a instituição trabalhou o
medidas para definir se o tratamento está sendo adequado.
alinhamento das equipes para as melhores práticas assistenciais.
“Medidas de desfecho padronizadas e transparentes são essenciais
“O PAC determina a abordagem adequada da antibioticoterapia,
para direcionar a melhoria da assistência. Os médicos serão capazes
que deve ser iniciada no pronto-socorro. Inclusive nós debatemos
de comparar e aprender com seus pares internacionais; pagadores
com os convênios essa necessidade. Também padronizamos a
serão capazes de medir o retorno de seus investimentos e orientar
avaliação de risco de aspiração e manejo de sondas e ostomias,
os pacientes para provedores de maior valor; e os pacientes
e alinhamos os processos para autorizações”, explica.
serão capazes de escolher os prestadores mais apropriados
Segundo Sandro Chaves, esta iniciativa proporcionou a redução da
para os seus cuidados”, comenta Sheila Cristina Martins.
conta média hospitalar em 76%, reduziu a mortalidade hospitalar por
Durante o Talk Show, os participantes da mesa tiveram
PAC, o custo da internação e a permanência hospitalar”, compartilha.
a oportunidade de esclarecer algumas questões e
“Medir, relatar e comparar os resultados é a melhor maneira
compartilhar experiências. O principal desafio apontado
de implementar cuidados de saúde baseada em valor ,
pelos palestrantes foi o engajamento da equipe.
melhorar os resultados e fazer boas escolhas em relação a
“Os principais obstáculos foram os departamentos. Era um grande
redução de custos”, comenta Eliezer Silva, ao compartilhar a
problema fazer as equipes conversarem, por isso levamos quase
experiência do Hospital Municipal Vila Santa Catarina (SP) na
um ano discutindo o protocolo. Também tivemos mudanças no
implementação do modelo de gestão baseado em valor.
relacionamento com a operadora”, compartilha Sandro Chaves.
“Esperamos fornecer ao governo e à população brasileira,
Para Evandro Tinoco, a maioria das instituições de excelência
dados sobre os custos individualizados de cuidados de saúde
discute e capilariza a importância do valor, mas será que nós
por grupos de doentes e da doença. Além disso , esperamos
estamos mensurando os desfechos que realmente interessam
que nossos dados possam contribuir, no futuro, para a
aos nosso pacientes? “Precisamos de colaboração, cooperação
melhoria das estratégias de alocação de recursos no sistema
e benchmarking com os grandes centros e consultorias de
público de saúde do nosso país”, afirma Eliezer Silva.
excelência para alcançarmos os resultados desejados”, finaliza.
Participantes do pré-congresso “Os desafios para a gestão do hospital baseado em valor: pilar para a sustentabilidade do sistema de saúde”
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eventos Sessão solene de abertura do 3º Conahp teve a presença de líderanças políticas e de entidades representativas do setor
Solenidade Oficial de abertura do 3° Conahp David Uip, Secretário de Saúde do Estado de São Paulo; José
custos mais altos em energia elétrica, por exemplo. Para todos nós,
Carlos Abrahão, Diretor-presidente da Agência Nacional de
rede pública ou privada, esse momento requer muita criatividade
Saúde Suplementar (ANS); Ivo Bucaresky, Diretor da Diretoria de
para manter a competitividade. Tenho certeza que desse evento
Coordenação e Articulação do Sistema Nacional de Vigilância
e de seus debates sairão soluções que interessam ao SUS e aos
Sanitária – DSNVS; Florentino Cardoso, Presidente da Associação
hospitais de modo geral. Eu e o Governador de São Paulo, Geraldo
Médica Brasileira (AMB); Edson Rogatti, Presidente da Confederação
Alckmin, queremos partilhar das conclusões do evento”, indica.
das Misericórdias do Brasil (CMB); Eduardo Oliveira, Secretário Geral
José Carlos Abrahão afirma que a construção de um sistema
da Federação Brasileira de Hospitais (FBH); Tércio Kasten, Vice-
de saúde mais qualificado e sustentável depende do diálogo
presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNS); Francisco
entre todos os agentes do setor e que só assim será possível
Balestrin, Presidente do Conselho da Anahp; Fernando Andreatta
proporcionar a melhor saúde pra toda a população.
Torelly, Presidente da Comissão Científica do Conahp; e Carlos
“A Anahp tem uma missão importante, ser um ícone do setor
Figueiredo, Diretor Executivo da Anahp, participaram da solenidade
de saúde do Brasil. Temos instituições de muita qualidade em
oficial de abertura do 3° Conahp, que reuniu 1200 pessoas.
nosso país e devemos mostrar isso ao mundo. O Conahp se
Para Francisco Balestrin, o Conahp é hoje um marco no
tornou um centro de referência para o compartilhamento de
calendário da saúde no Brasil, e uma oportunidade única para
conhecimento e experiências no setor. É somente a partir do
debater os temas importantes para os hospitais brasileiros e,
debate construtivo que implementaremos uma saúde mais
principalmente, para trabalhar na construção de um sistema
segura, integrada, humanizada e de excelência no Brasil”, diz.
de saúde com mais qualidade e segurança assistencial. “Somos, antes de mais nada, uma associação que reúne instituições e profissionais que lutam diariamente para que os processos sejam melhores, os protocolos sejam cumpridos e para que os nossos pacientes recebam os cuidados necessários em um ambiente de acolhimento, com segurança e resolutividade. Ainda temos muito o que aprender, e este é um espaço fundamental para nos enriquecermos uns com os outros e com as melhores experiências nacionais e internacionais”, afirma Francisco Balestrin. Segundo David Uip, Secretário de Saúde do Estado de São Paulo, o Conahp – um evento importante para o setor saúde – ganhou ainda mais relevância em 2015, em um contexto de crise político-econômica no Brasil. “Vivemos um momento complicado, agravado por um país que ainda trata muito da doença e previne menos do que o necessário. Os hospitais privados vão ter mais dificuldade para investir com a alta do dólar e
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Panorama Anahp
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Presidente do Conselho de Administração da Anahp, Francisco Balestrin anuncia a abertura oficial do Conahp
Construindo um sistema de saúde de excelência A primeira sessão plenária do Congresso, abordando o tema “Construindo um sistema de saúde de excelência” contou com a presença de Henrique Neves, Diretor Geral do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) como Presidente da Mesa, e com a palestra de Derek Feeley, Executive Vice-president do Institute for Healthcare Improvement – IHI, que abordou o papel da liderança na construção de um sistema de saúde de excelência. “O comportamento das lideranças é fundamental para enfrentarmos os desafios de construir um sistema de saúde de excelência”, comenta Derek Feeley.
Henrique Neves e Derek Feeley
O palestrante também mencionou a importância do compartilhamento do poder entre as lideranças, mas ressaltou que isso só pode acontecer quando há confiança da equipe. Derek Feeley ainda citou uma frase de Edgard Schain, que diz – “A função do líder é criar e gerenciar cultura”, e reforçou que precisamos criar um sistema de aprendizado e não um sistema que julgue. Derek Feeley compartilhou a estratégia do IHI para melhorar a saúde e os cuidados de saúde no mundo, e ressaltou que há iniciativas simples pelas quais podemos começar a mudar os sistemas de saúde. “Trabalhamos com iniciativas nas escolas, por exemplo. São ações simples e que podem ser replicadas em qualquer lugar”, comenta.
Gonzalo Vecina Neto e Eric de Roodernbeck
O hospital como protagonista no sistema de saúde de excelência “O hospital como protagonista do sistema de saúde de excelência” também
países em que existe um sistema EHR bem desenvolvido, há grandes
foi um dos temas abordados durante as sessões plenárias. A mesa
evidencias de alta qualidade e eficiência no atendimento”, comenta.
presidida por Gonzalo Vecina, Superintendente Corporativo do Hospital
O palestrante citou, inclusive, a importância dos dispositivos para
Sírio-Libanês (SP), contou com a presença de Eric de Roodenbeck, Chief
manter dados compartilhados objetivando uma atenção mais eficiente,
Executive Officer da International Hospital Federation (IHF), abordando os
apontando para a geração de valor, identificando custos e benefícios
desafios para as mudanças na saúde, a partir das principais tendências
para tratamentos, bem como monitorando as condições crônicas.
que irão moldar a gestão da prestação de serviços e cuidados de saúde.
Para Eric de Roodenbeck, o empoderamento do paciente
As organizações de saúde são complexas e ainda nos deparamos
também é uma tendência e algo que precisa acontecer. “O
com algumas tendências importantes que nortearão as mudanças
paciente deve ser o centro do cuidado integrado”, reforça.
do sistema de saúde, como o perfil clínico e epidemiológico dos
Segundo o palestrante, o crescimento da classe média nos mercados
pacientes, a genômica, a digitalização, o empoderamento do paciente, a
emergentes também está impulsionando a demanda por serviços
globalização, a cobertura universal de saúde e o estímulo à eficiência.
especializados. Eric de Roodenbeck cita ainda a cobertura universal de
“A mudança das condições crônicas dos pacientes, associada
saúde como a chave para redução da pobreza e uma tendência mundial.
ao envelhecimento populacional, proporciona um grande desafio
Por fim, o palestrante menciona que os países estão sentindo a pressão
a ser considerado. Os hospitais não estão bem organizados
do aumento dos custos de saúde, e que o caminho para a eficiência
para lidar com as múltiplas condições crônicas. Os países da
depende de como gerimos as organizações. “O setor industrial é sempre
OCDE gastam 75% das despesas com saúde em tratamentos
melhor do que o hospitalar neste sentido. Precisamos gerir nossas
de doenças crônicas”, explica Eric de Roodenbeck.
organizações de maneira mais eficiente e profissionalizada”, pondera.
A Genômica foi outro aspecto citado pelo palestrante. “Não trata-se
“O sistema é complexo e não pode ser abordado de qualquer
apenas de uma ciência, mas uma revolução que envolve muitas
jeito. Certamente o papel do hospital não é o de protagonista,
questões éticas a serem resolvidas. Mas há recomendações
mas de olhar para estas tendências apresentadas. Temos que
específicas, como no tratamento de câncer, por exemplo. No
enfrentar a escassez de recurso, o aumento de demanda por uma
entanto, a maior parte das iniciativas estão no setor privado
população cada vez mais empoderada e sedenta por atendimento
e ainda não há muita clareza nas informações”, ressalta.
de qualidade e temos que fazer gestão”, comenta Gonzalo Vecina.
A digitalização também foi mencionada por Eric de Roodenbeck
“É necessário pensar fora da caixa e encontrar caminhos para
como uma aliada importante para a qualidade da assistência. “Nos
os desafios do sistema”, finaliza Eric de Roodenbeck. Associação Nacional de Hospitais Privados
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eventos
Sessão Plenária 3 – Debate Internacional
Como assegurar a sustentabilidade do sistema de saúde O Conahp contou com as experiências internacionais de Carles
32 projetos estratégicos do Plano de Saúde”, afirma.
Constante i Beitia, Director General de Planificació i Recerca
Nesse processo de mudança da saúde catalã, Carles aponta para
en Salut, do Ministério da Saúde da Catalunha; Juan Carlos
as principais lições aprendidas. “Fixamos metas altas. Isso gera
Giraldo Valencia, Director General da Associacion Colombiana
mais mérito e engajamento. Tivemos muito diálogo, reuniões para
de Hospitales y Clinicas, da Colômbia; e Humberto Javier
investigar e inovar, sempre buscando impulsionar a qualidade.
Potes Gonzalez, Director General do Consorcio Mexicano de
Também promovemos o empoderamento da população. A
Hospitales, do México. Sob a coordenação de Reinaldo André
transparência, com a prestação de contas publicamente, é
Brandt, Presidente do Conselho Deliberativo do Hospital
fundamental nesse processo de transformação”, diz.
Israelita Albert Einstein (SP), eles discutiram o tema “Como
Juan Carlos Valencia chamou a atenção para a mudança
assegurar a sustentabilidade do sistema de saúde”.
do perfil epidemiológico, afirmando que em breve 75%
Carles Constante apresentou as principais características
da mortalidade geral será por doenças crônicas.
do sistema de saúde catalão – que atualmente atende a 7,5
“Vivemos em um mundo globalizado e cada vez mais urbanizado.
milhões de pessoas – e revelou que o modelo passou por uma
As pessoas estão concentradas em polos, e pessoas em
grande transformação para enfrentar alguns dos principais
maior concentração transmitem mais rapidamente doenças.
desafios para o setor em seu país: a transição demográfica, o
Precisamos evoluir a medicina preditiva, personalizada,
desenvolvimento científico e tecnológico, e a crise econômica.
pela sustentabilidade do sistema de saúde”, ressalta.
Segundo ele, de acordo com o Instituto de Estatística da
Juan Carlos Valencia destacou uma pesquisa de 2013, que
Catalunha, em 2020, o envelhecimento da população
indicou as principais preocupações dos CEOs da saúde para os
deve atingir 18,32%, ante 14,56% em 1991.
próximos anos. Os dados demonstraram que a grande maioria
A nova linha de atuação do sistema é mais orientado aos
dos executivos apenas pensa na sustentabilidade sob o aspecto
doentes crônicos, à resolução desde os primeiros níveis de
financeiro, e a qualidade assistencial vem depois. “A sustentabilidade
atenção e a mais qualidade na alta especialização. “Atuamos
é multidimensional, deve ser olhada de um modo amplo”, defende.
em três frentes: programas de saúde para promover a qualidade
Para Humberto Javier Potes o envolvimento da sociedade é a chave
de vida, modernização do modelo organizacional para um
para uma transformação na saúde. “Todos devem entender que
sistema sanitário mais sólido e sustentável, e transformação
a saúde não é para a sociedade, mas sim da sociedade. E isso
do modelo de assistência, com mais qualidade, acessibilidade
começa pelas lideranças. Temos que estabelecer políticas públicas
e segurança nas intervenções. Para cada linha de atuação
que incentivem alterações no estilo de vida das pessoas, uma
desenvolvemos uma série de programas, que juntos somam
saúde preventiva e sustentável e não apenas onerosa”, enfatiza.
Qual o modelo assistencial do hospital que entrega valor? A experiência do Karolinska Hospital foi compartilhada
para comparar dados e ter uma discussão mais consistente. Dessa
por Andreas Ringman Uggla, na conferência internacional
forma, fica mais fácil desenhar, liderar e melhorar o trabalho de todo o
moderada por Ary Ribeiro, abordando o tema “Qual o
time responsável pelo fluxo de pacientes na instituição”, compartilha.
modelo assistencial do hospital que entrega valor?”.
Hoje o Karolinska Hospital está organizado por especialidade
De acordo com Andreas Ringman Uggla, há dois anos o
médica e com o novo modelo operacional será organizado por
Karolinka Hospital decidiu implementar um modelo de saúde
grupos de pacientes, valor do paciente, competências e não
baseado em valor. Cinco pilares principais foram considerados
profissões. Dessa forma, segundo o palestrante, será possível ter
pela instituição: Fluxo de pacientes bem definidos; engajamento
mais transparência e compartilhar os objetivos com toda a equipe.
da equipe interdisciplinar com a participação de pacientes;
Andreas Ringman Uggla também citou a importância do
transparência de resultados; ferramentas para melhorar fluxo
papel do gestor de fluxo de paciente para obeter resultados
e processo; pesquisa, educação e um modelo holístico de
positivos. “A responsabilidade é praticamente 100% do gestor
operação. “O que nós tentamos foi criar um modelo operacional
de fluxo de paciente, que precisa engajar a equipe”, explica.
holístico, em que todos consigam trabalhar no hospital”, explica.
Para finalizar a conferência, Ary Ribeiro chama a atenção para a
Segundo Andreas Ringman Uggla, não podemos mudar um processo
viabilidade de implementar a estratégia do Karolinska Hospital nas
sem mudar o custo, mas a qualidade não custa mais, pelo contrário, ela
instituições brasileira. “No Brasil, eu entendo que haveria mais barreiras
proporciona uma redução de custos. “Criamos um software que reúne
para atingirmos os objetivos de consenso como as mudanças
os dados do paciente e que nos ajude a ter as informações integradas
feitas no Karolinska, mas o que não torna impossível”, salienta.
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Panorama Anahp
Associação Nacional de Hospitais Privados
Durante debate internacional da Sessão Plenária 3, palestrantes posam para foto com o Presidente do Conselho de Administração da Anahp, Francisco Balestrin
Sessão Plenária 5 – Conferência Internacional
A contribuição da gestão de processos e fluxos na entrega de valor para o paciente James Scheulen, Chief Administrative Officer do Johns Hopkins
James recomenda a adoção de protocolos para diminuir a variabilidade.
Department of Emergency Medicine (USA), abordou a contribuição
Ele afirma que na indústria eles controlam tudo em tempo real, fazem
da gestão de processos e fluxos na entrega de valor para o paciente.
análise estatística para alinhar processos, e que na saúde deveria haver
Para o palestrante, a expectativa do paciente é contar com um
um pensamento semelhante. “Não são as pessoas que levam a sua
serviço consistente e rápido, uma espécie de Mc Donalds da saúde.
operação, são os processos. Por isso, simplifique os seus processos
O problema, segundo ele, é que a saúde é uma das áreas de maior
para minimizar a chance de erros. Quanto menos etapas o paciente
variabilidade que existem – nenhum paciente é igual ao outro, não
tiver de seguir, menor as chances de um equívoco acontecer”, alerta.
há como criar uma linha de montagem como na indústria.
Prosseguindo com sua análise sobre a variabilidade, James
Assim, James Scheulen observa que é importante contar com
Scheulen afirma que no Johns Hopkins todas as decisões
ferramentas de gerenciamento e gestão – além de uma abordagem
são tomadas por abordagem interdisciplinar. E também
de engenharia de sistemas – que ajudem a aumentar o controle sobre
recomenda que os hospitais usem modelos de simulação.
a variabilidade, minimizando seus efeitos negativos nos hospitais.
“Os hospitais são tão complexos que são perfeitos para
Nos hospitais, o tempo é sempre um fator crítico. A acomodação é
modelos de simulação. Se o seu grupo interdisciplinar
outro problema enorme associado ao tempo, e que contribui para
têm cinco ideias diferentes para melhorar a acomodação
grande parte dos desafios da área de emergência. Desse modo,
de pacientes, então como escolher a melhor? Lá nós
gerenciar a capacidade continuamente poderá afetar seus resultados.
simulamos as opções para comparar os resultados”, diz.
E estimar uma capacidade máxima também é importante. “Em uma
James explica que em janeiro de 2016 o Johns Hopkins lançará
estrada vazia, se alguém muda de faixa, nada acontece. Mas se
em parceria com a GE um modelo de simulação que será o mais
essa mesma estrada está sob influência de tráfego intenso, o risco
avançado do mundo. Baseado nesse trabalho foi possível perceber
de um acidente com essa mesma ação aumenta. E se você mudar
que existiam muitas opções de melhorias possíveis para o hospital.
de faixa e houver um ponto cego? Quando o seu sistema de saúde
“Descobrimos, por exemplo, que nosso tempo de acomodação na
trabalha no limite, há mais chances de algo de ruim acontecer. Por
emergência era muito alto. Com esse projeto queremos aumentar
isso, encontrem uma margem de segurança que não afete a qualidade
a nossa capacidade para 90% (atualmente é de 86%), é claro, sem
de seus serviços nem a rentabilidade de seu negócio”, explica.
comprometer a margem de segurança que já expliquei”, projeta.
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Panorama Anahp
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eventos
Como deveríamos pagar pela atenção à saúde? “A unidade de análise para a criação e mensuração do
resultados é o ponto de partida para desenvolver um cuidado
valor, é o tratamento da condição médica de um paciente
baseado em valor. A ICHOM tem desenvolvido métricas de
ao longo de um ciclo completo de cuidados”, afirma Robert
resultados para várias condições médicas e as instituições
Kaplan, Senior Fellow, Marvin Bower Professor of Leadership
podem começar a implementar essa metodologia”, afirma.
Development, Emerutus na Harvard Business School (USA) –
Robert Kaplan ainda sugere que as instituições não percam
uma das participações mais esperadas do 3° Conahp.
tempo esperando por uma solução tecnológica para
Para Robert Kaplan, todos os países têm observado um
mensurar os resultados. “Não esperem a TI desenvolver um
aumento crescente dos custos em saúde. “A nossa incapacidade
sistema para medir resultados, inicie numa planilha. Não
de entregar um sistema de saúde viável para os governos
deixe que isso seja uma barreira”, chama a atenção.
é um desafio, especialmente por se tratar de um sistema
Para o palestrante, o modelo de remuneração praticado ao redor
complexo. Muitos veem o problema da qualidade, outros de
do mundo não promove uma agenda de valor. “É a única indústria
acesso. Nos Estados Unidos, por exemplo, nós melhoramos o
em que as pessoas são pagas para consertar os defeitos”, comenta
acesso, mas os custos continuam aumentando”, comenta.
Robert Kaplan ao se referir aos procedimentos médicos mal feitos.
“Precisamos entregar melhor valor para o nosso cidadão. Queremos
O palestrante apresentou alguns cases de sucesso a partir da
melhorar os resultados e os custos, mas há muitas condições e
metologia de pagamento combinado (bandle payment), implementado
doenças que não mensuramos, como as crônicas, por exemplo.
no Karolinska Hospital, que reduziu o tempo do paciente na fila
Precisamos mensurar os custos de todas as situações do
de espera e reduziu custos. Para o Professor, essa é a única
paciente e aí sim entender o modelo de pagamento que possa
metodologia que alinha prestadores, pagadores e fornecedores
gerar essa agenda de valor”, complementa Robert Kaplan.
dentro uma relação saudável para gerar valor para o paciente.
Para o Professor da Harvard Business School, há quatro passos
“Gerenciar os custos é ter o paciente certo, no local certo e com o
importantes para criar valor nos cuidados de saúde: organizar
custo adequado. Quando você tem resultado e gerenciamento de
times multidisciplinares focados nas condições médicas do
custo, você gera melhoria contínua”, complementa Robert Kaplan.
paciente; medir e comunicar os resultados associados às
Para finalizar a conferência, Robert Kaplan ressaltou que o
condição médicas; medir e melhorar os custos por condição
passo mais importante é começar a medir os resultados de
médicas; e desenvolver sistemas de pagamentos para
acordo com as condições médicas e introduzir essa cultura
remunerar os prestadores para tratar as condições médicas.
de medir no dia a dia das instituições. Em segundo lugar, o
Mas para promover as mudanças no sistema de saúde, mensurar
Professor sugere que as instituições brasileiras façam uma
os resultados é primordial, segunda o Professor. “Medir os
experiência com o sistema combinado de pagamento.
Uma das atividades mais agurdadas do evento, Robert Kaplan participa do 3º Conahp por videoconferência; Pedro Oliveira, Paulo Ishibashi, José Ricardo de Mello; James Scheulen, José Roberto Guersola, Arthur Brito, Lauro Miquelin; Henrique Neves, Caleb Stowell; Gines Henrique Martines, Evandro Moraes, Jeffrey Martin, José Mariano Moraes.
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Eixo Construção da Inovação A tecnologia como aliada no processo de cuidado do paciente e
Telessaúde, mas chama a atenção para os impeditivos regulatórios
seu papel para melhorar os resultados no dia a dia das instituições
no Brasil. “Pela telemedicina a gente expande os canais e meios
foram os principais pontos debatidos pelos palestrantes no eixo
de comunicação, permite fluxo de informações precisas, seguras
estratégico construção da inovação, durante o 3° Conahp.
e de qualidade. Infelizmente temos um impedimento regulatório no
Participaram das discussões Laércio Cosentino, Chief Executive
Brasil, que não nos permite realizar teleconsulta, mas esperamos
Officer da TOTVS; Enéas José de Mattos Faleiros, Healthcare Executive
que isso possa ser absorvido pelo sistema”, comenta.
da Cerner; Herno Harzheim, Professor Doutor e Coordenador do
Pedro Oliveira abordou a resistência à inovação e compartilhou
Telessaúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS);
como essa questão tem sido tratada no âmbito da universidade, em
Lilian Correia, Chief Information Officer do Hospital Samaritano (SP);
Portugal. “Procuramos incentivar a inovação por meio do estímulo
Pedro Oliveira, Professor da Católica Lisbon School of Business
à criação de startups no mercado, por exemplo”, explica.
and Economics (PRT); Paulo Ishibashi, Superintendente Comercial,
O novo posicionamento do Hospital Samaritano (SP), em
Marketing e Negócios do Hospital Samaritano (SP); Salvador Paiva,
núcleos de especialidades e a adoção de ferramentas para a
Paciente Convidado; José Ricardo de Mello, Diretor-presidente do
gestão de relacionamento com os clientes foram mencionados
Hospital Santa Rosa (MT); Arthur Brito, Diretor Executivo de Design
por Paulo Ishibashi. “A assimetria das informações gera
e Arquitetura da Kahn do Brasil; Lauro Miquelin, Diretor Geral da
desconfiança e multiplicidade de uso e custo elevado. A gestão
L+M; James Scheulen, Chief Administrative Officer no Johns Hopkins
das informações é extremamente importante para sermos
Departament of Emergency Medicine (USA); José Roberto Guersola,
transparentes e promovermos o engajamento do paciente”.
Vice-presidente da Rede D’Or; Caleb Stowell, VP of Research and
O redesenho físico-funcional de uma estrutura de saúde para viabilizar
Development do ICHOM (USA); José Luiz Bichuetti, Consultor
os processos, fluxo adequado e a sustentabilidade dos hospitais,
Empresarial; Gines Henrique Martines, Superintendente de Provimento
também foi compartilhado entre os palestrantes. Arthur Brito e Lauro
da Unimed; Evandro Moraes, Gerente de Suprimentos do Hospital
Miquelin, discutiram o propósito do ambiente de saúde, reforçaram
Moinhos de Vento (RS); Jeffrey Martin, Leader the Enterprise Supply
a importância da prática integrada e dinâmica nas organizações
Chain Management Function no Johns Hopkins Hospital (USA); e José
de saúde. “Existem várias soluções que, por meio de simulações,
Mariano Moraes, Diretor-presidente do Hospital Monte Sinai (MG).
conseguem fazer com que os colaboradores se vejam no processo.
Entre os temas abordados, podemos citar: Como a tecnologia
O nosso grande desafio, no entanto, é fazer com que um edifício
da informação vai revolucionar o cuidado com o paciente;
construído hoje, possa acomodar as mudanças de processos
estratégias para o engajamento de pacientes; o redesenho
no futuro para se manter funcional”, comenta Lauro Miquelin.
físico-funcional do hospital; medindo desfechos relevantes para
James Scheulen compartilhou a experiência do projeto de um
os pacientes; e estratégias de inovação para
centro de emergência e ressaltou que é preciso conhecer o fluxo da
a cadeia de suprimentos e logísticas.
instituição e operação para projetar um departamento de emergência
Para Laércio Cosentino, o paciente é o centro
adequado à estratégia da instituição. “Você precisa entender o seu
de tudo, e por isso é necessário gerar um único
escopo de serviços, para propor uma estrutura funcional, pensada
e padronizado ecossistema de informações,
para o paciente e para as necessidades do paciente”, afirma.
integrando todos os elos da cadeia no prontuário
Para o representante da ICHOM, saúde baseada em valor
eletrônico de propriedade do paciente, com
começa com resultados. “Nós acreditamos num modelo em que
acesso às informações de forma segura e
valor é o centro do cuidado de saúde, o que impactará todos os
seletiva. “A Tecnologia está aí para ajudar,
stakeholders. O sistema baseado em valor é a meta e a mensuração
mas sabemos que isso leva tempo”, afirma.
de resultados é a base para a melhoria”, comenta Caleb Stowell.
Enéas José de Mattos pondera, no entanto, que a
O palestrante ainda ressalta que a saúde baseada em valor significa
tecnologia só é boa se ela colabora com a saúde.
liberdade e transparência para os profissionais e pacientes, e
“As informações do paciente estão desintegradas
sugere que os hospitais no Brasil comecem a medir a excelência,
e não conseguimos saber exatamente o quanto
proporcionando alinhamento entre a e corpo clínico, além de utilizar
essa inovação colabora com o nosso setor”,
esses dados para negociar com as operadoras de planos de saúde.
explica. O palestrante ainda compartilha que
Rastreabilidade, ferramentas de gestão de estoques e
essa é a maior prioridade dos EUA para os
investimentos em tecnologia que possam contribuir com a cadeia
próximos cinco anos em se tratando de inovação.
de suprimentos também foram compartilhadas por Gines Martines,
“Cada vez mais investimos em produção de
Evandro Moraes e Jeffrey Martin. “É importante olhar para a
exames, medicamentos, e cada vez menos
organização e identificar as possibilidades de reduzir custos nas
em prevenção”, comenta Herno Harzheim. O Professor da UFRS
negociações com fornecedores. Para isso, a estrutura é a chave
compartilha os resultados positivos alcançados pelo Projeto
para alinhar processos e gerar valor”, comenta Jeffrey Martin.
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eventos
Eixo Construção da Liderança O papel da liderança no processo de engajamento da
e entendimento daquela região”, esclarece Jorge Moll.
equipe para a construção de um novo modelo de gestão
Henrique Salvador, por sua vez, apresentou a estratégia
para os hospitais também foi um dos tópicos abordados
da rede Mater Dei para ampliação, relacionamento com
pelas lideranças do setor durante o evento.
as operadoras e modelo de gestão. “Fomos ampliando a
Entre os temas abordados, podemos citar – Construindo estratégias
instituição de acordo com a demanda, e depois identificamos
empresariais em saúde: experiências dos hospitais privados Anahp;
a necessidade de organizar a gestão, foi então que nos
a construção da excelência através das pessoas; a tecnologia da
aproximamos da Fundação Don Cabral, que nos ajudou a
informação e comunicação para um hospital de excelência; o desafio
implementar o nosso modelo de governança”, comenta.
da produtividade da força de trabalho na eficiência hospitalar; e
Henrique Salvador ainda compartilha a estratégia do hospital, em
o impacto da cultura organizacional na eficiência institucional.
atender casos de menor complexidade. “Se por um lado é mais
Participaram dos debates, Henrique Salvador, Diretor-presidente da
vantajoso para os hospitais atender casos de alta complexidade,
Rede Mater Dei de Saúde (MG); Jorge Moll, Diretor Corporativo do
as operadoras também precisam de instituições que atendam
Hospital Copa D’Or (RJ); Fernando Torelly, Superintendente Executivo
casos de menor complexidade, e foi assim que estabelecemos
do Hospital Moinhos de Vento (RS); Paulo Barreto, Superintendente
uma relação de parceria com algumas operadoras”, explica.
Geral do Hospital São Lucas (SE); Fábio Patrus, Superintendente
Quando o assunto é gestão de pessoas, os desafios das gerações,
de Gestão de Pessoas e Qualidade do Hospital Sírio-Libanês (SP);
a capacitação e o reconhecimento dos profissionais são questões
Eduardo Jorge Marinho, Superintendente de Saúde do Hospital
mencionadas pelos palestrantes como cruciais nas organizações
Santa Izabel (BA); Silvana Castellani, Gerente de Recursos Humanos
para engajamento da equipe de alta performance. “Temos a
do Hospital do Coração – Hcor (SP); Maria Norma Salvador Ligório,
mania de achar que a capacitação vai resolver os problemas,
Vice-presidente Administrativa, Financeira e Comercial da Rede Mater Dei de Saúde (MG); Lilian Hoffmann, Chief Information Officer do Hospital Beneficência Portuguesa (SP); José Lobato, Gerente Executivo de Tecnologia da Informação do Hospital do Coração – Hcor (SP); Klaiton Luis Simão, Chief Information Officer da Rede de Hospitais São Camilo (SP); Paulo Marcelo Zimmer, Gerente de Especialidades Médicas do Hospital Israelita Albert Einstein (SP); Evandro Felix, Gerente Executivo de Planejamento e Qualidade do Hospital do Coração – Hcor (SP); Claudia Regina Laselva, Gerente de Pacientes Internados e Apoio Assistencial do Hospital Israelita Albert Einstein (SP); Ivana Siqueira, Superintendente de Atendimento e Operações do Hospital Sírio-Libanês (SP); Rodrigo Lopes, Diretor Executivo do Hospital Bandeirantes (SP); Walter Amauchi, Superintendente Geral do Hospital Nipo-Brasileiro (SP); Vania Rohsig, Superintendente Assistencial do Hospital Moinhos de Vento (RS);
Silvana Castellani, Eduardo J. Marinho, Fábio Patrus e Maria Norma S. Ligório
Carmem Pires Migueles, Diretora Executiva da Symbállein Consultoria (RJ); e Eduardo Amaro, Diretor do Grupo Santa Joana (SP). As lideranças dos hospitais membros da Anahp compartilharam os desafios para engajar os colaboradores e como as instituições trabalham esta questão internamente. “Definimos um posicionamento muito claro de ser o melhor hospital para o paciente complexo. Tivemos que avaliar as competências internas e formar novas lideranças alinhadas ao novo posicionamento da entidade”, explica Fernando Torelly. O executivo ainda reforçou a importância da transparência dos resultados para os colaboradores. O representante do Copa D’Or chamou a atenção para o desafio das diferenças regionais e culturais para construir a estratégia de uma rede com hospitais em todo o Brasil. “Na Rede D’Or, nós adotamos diferentes modelos, de acordo com as necessidades
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Paulo Zimmer, Lilian Quintal Hoffmann, José Lobato e Klaiton Simão
mas aí nos deparamos com o exemplo das lideranças. Não
hospitalar também foi um dos temas discutidos. Para Evandro
adianta dizer uma coisa e fazer outra”, comenta Fabio Patrus.
Felix, o capital humano é o direcionador para obtenção de maior
O Superintendente de Gestão de Pessoas do Hospital Sírio-Libanês
eficiência e produtividade nas organizações de saúde. “Eficiência
ainda chama a atenção para que as mudanças comecem pelos
em saúde é obter os melhores resultados assistenciais para os
hospitais. “A gente sabe das mazelas do modelo de saúde atual.
pacientes, para o maior número de pessoas, com o melhor custo.
A operadora não está preocupada, a corretora menos ainda e o
E o único caminho para alcançar esses objetivos é por meio da
prestador é que vai se mexer nessa história. A gente precisa mudar,
melhor gestão de nossos serviços e colaboradores”, afirma.
e essa mudança precisa partir dos hospitais”, complementa.
Evandro Felix compartilhou ainda um estudo realizado pela
O papel da tecnologia da informação para um hospital mais
Deloitte com mais de 3000 gestores, de 106 países, que
eficiente também foi discutida a partir do ponto de vista dos
consideraram o engajamento e desenvolvimento das lideranças
CIOs das instituições. “As tecnologias têm alto custo e isso é
como pontos principais citados por estes gestores. “O Brasil
um grande desafio. Por isso precisamos pensar em alternativas
foi o país que apresentou o pior resultado em relação ao
viáveis para as instituições de saúde”, comenta José Lobato.
engajamento da liderança, o que está alinhado à pesquisa
“A transição do modelo de saúde precisa começar e a tecnologia da
da Anahp sobre clima organizacional”, comenta.
informação é fundamental neste processo para a assertividade das
“Quando temos a cultura organizacional bem alinhada,
decisões. É importante, no entanto, que a alta gestão entenda que
o dialogo é propositivo e colaborativo, e ganhamos
este é um caminho de curto prazo e investimento constante, para não
eficiência. O caminho para alcançar o equilíbrio, é ter uma
se acomodar nas primeiras conquistas”, complementa Klaiton Simão.
equipe ciente dos objetivos da companhia e alinhada aos
O desafio da produtividade da força de trabalho na eficiência
valores da instituição”, finaliza Carmen Migueles.
Jorge Moll, Paulo Barreto, Henrique Salvador e Fernando Torelly
Rodrigo Lopes, Evandro Felix, Ivana de Siqueira e Cláudia Laselva
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eventos Eixo Construção de Novos Modelos
Miguel Cendoroglo, Vivien Rosso, Martha Oliveira,
Evandro Tinoco, Ir. Marinete Tibério,
Francisco Balestrin e Denise Santos
Miguel Cendoroglo e Antônio Antonietto
Uma grande reflexão sobre o sistema de saúde brasileiro,
Médico do Hospital Sírio-Libanês (SP); Evandro Tinoco Mesquita,
esta foi a proposta da programação associada ao eixo
Diretor Médico do Hospital Pró-Cardíaco (RJ); Antonio Britto Filho,
Construção de Novos Modelos, que levou para o palco
Presidente Executivo da Interfarma; Henrique Sutton de Sousa Neves,
do 3º Conahp palestrantes nacionais e internacionais e
Diretor Geral do Hospital Israelita Albert Einstein (SP); e Francisco
apresentou cases e debates sobre o desenvolvimento de
Balestrin, Presidente do Conselho de Administração da Anahp (SP).
novos modelos mais eficientes e sustentáveis para o setor.
Entre os temas abordados, podemos citar: Experiências nacionais
Participaram das discussões Rodrigo Bornhausen Demarch, Gerente
de redução do custo per capita da assistência e melhoria da
de Qualidade de Vida e Saúde do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP);
experiência do paciente; Novos modelos assistenciais e de
Alceu Alves da Silva, Superintendente Executivo do Sistema de Saúde
organização do cuidado para a saúde suplementar; Impactos
Mãe de Deus (RS); Antônio Carlos Onofre Lira, Superintendente
e desafios do DRG como ferramenta de gestão hospitalar e
Técnico Hospitalar do Hospital Sírio-Libanês (SP); Francisco Eustácio
cuidados na adoção como referência em remuneração; Gestão
Fernandes Vieira, Diretor-presidente do Hospital Santa Joana (PE);
do relacionamento com o corpo clínico; e Uma contribuição
Vivien Bolzan Gomez Navarro Rosso, Superintendente Geral do
para o sistema de Saúde no Brasil – Livro Branco Anahp.
Hospital AC Camargo Cancer Center (SP); Miguel Cendoroglo Neto,
Para Antônio Carlos Onofre Lira, a gestão da experiência do paciente
Superintendente Médico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP);
é tão importante quanto a mensuração ou análise de outras questões
Martha Regina de Oliveira, Diretora de Desenvolvimento Setorial –
relativas ao atendimento. Ele relata que sob a perspectiva do paciente
DIDES – Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); Denise
a qualidade técnica é avaliada indiretamente, pelas evidências do
Santos, Chief Executive Officer do Hospital Beneficência Portuguesa
interesse e da preocupação dos profissionais do hospital com o seu
(SP); Manuel Delgado, Administrador Hospitalar e Membro do
bem-estar. Criar uma percepção positiva no cliente, portanto, não
Conselho Geral da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento
depende apenas do conhecimento técnico da equipe assistencial.
Hospitalar (PRT); Ana Maria Cristina Sogayar, Coordenadora Médica
“É a percepção positiva ou negativa da interação com os serviços
do Hospital Israelita Albert Einstein (SP); Marcia Martiniano, Médica
do hospital que vai influenciar a intenção do paciente de voltar,
do Hospital Sírio-Libanês (SP); Carlos Figueiredo, Diretor Executivo
recomendar ou pagar por aquele serviço. Elevar a experiência
da Anahp (SP); Ir. Marinete Tibério, Presidente do Hospital São
do paciente é também avançar rumo ao cuidado centrado
Vicente de Paulo (RJ); Antônio Eduardo Antonietto Junior, Gerente
na pessoa, promovendo a transparência de informações e o
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Panorama Anahp
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Francisco Balestrin, Henrique Neves e Antonio Britto Filho
empoderamento do paciente. Fazemos pesquisa de pós-venda
Ela diz que ao comparar dados de 2013 da expectativa de vida ao
e pesquisas de satisfação imediata, via aplicativo no celular, na
nascer versus os gastos per capita com saúde de diversos países
Unidade Itaim, para serviços como Ultrassom e Endoscopia. O
é possível compreender como a eficiência é mais importante que
gestor acompanha tudo em tempo real. O envolvimento do paciente
o gasto, já que muitas nações atingem qualidades superiores
deixou de ser opcional, hoje é um fator estratégico”, afirma.
ou iguais às outras com valores menores de investimento.
Miguel Cendoroglo Neto ressaltou a importância da medicina
“O gasto em saúde é um definidor, mas há outro fator muito mais
baseada em valor. Ele lembra que desde 2014 o Hospital Israelita
relevante que é a gestão e organização. No Brasil, falta portabilidade
Albert Einstein implementou o Triple Aim a 100% dos pacientes
de dados individuais, transparência e integração das instituições
do hospital. Para Miguel, é somente a partir da eficiência que
hospitalares. Precisamos urgente de um repositório do nosso
se pode atingir um modelo de qualidade e sustentável.
histórico de saúde (registros de saúde). A partir do ano que vem
“A partir de melhorias de eficiência, que levaram à redução
a ANS vai colocar o processo de integração das informações
do tempo médio de permanência, nos últimos 6 anos,
da rede suplementar e pública da saúde em prática. Essa é a
proporcionamos um incremento virtual de aproximadamente 81
nossa expectativa para pararmos de andar em círculos, repetindo
leitos, ou seja, houve aumento de saídas sem a necessidade
exames já feitos e gerando outros desperdícios”, explica.
do aumento de leitos na mesma proporção”, disse. E
Tratando dos impactos e desafios do DRG como ferramenta
complementou recomendando que os hospitais não esperem
de gestão hospitalar e os cuidados na adoção como referência
estar prontos para fazer as mudanças necessárias; as duas
em remuneração, Manuel Delgado falou do modelo de GDH/
coisas devem ocorrer simultaneamente ou não acontecerão.
DRG em vigor em Portugal, de Procedimentos Gerenciados
Martha Oliveira defende uma revisão do nosso sistema
à luz de modelos de financiamento compreensivos.
de saúde. Ela chama a atenção para mudanças na
Manuel explicou as principais questões ligadas aos procedimentos
população, como do perfil demográfico, que exigem um
gerenciados, como: a Classificação de Doentes por procedimentos
novo modelo assistencial, com foco na qualidade, e com
(base de classificação e garantia de homogeneidade); o recurso
outra estrutura de financiamento – não fee for service.
à Conta Aberta Aprimorada nos casos mais graves, urgentes,
Para Martha não adianta discutirmos apenas como financiar a
oncológicos e com outras co-morbilidades associadas; além dos
saúde. Temos que ser mais eficientes com os recursos que temos.
ajustamentos pelo risco e a comparabilidade da casuística.
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Panorama Anahp
35
eventos
Para ele, o financiamento dos hospitais caminha inexoravelmente
e criar um novo modelo de saúde para o Brasil a partir de uma
para modelos compreensivos, prospetivos, de partilha de risco e
análise aprofundada do paciente e do DRG”, defendeu.
focados no volume e qualidade do desempenho. E afirma que os
No debate sobre a gestão do relacionamento com o corpo clínico,
modelos de classificação de doentes são incontornáveis como
Irmã Marinete falou sobre o histórico do Hospital São Vicente
instrumento de suporte para os modelos de remuneração.
de Paulo e de das vantagens e desvantagens de se trabalhar
“A qualidade e exaustividade dos registos médicos são essenciais
com um corpo clínico fechado de 462 médicos efetivos.
para a credibilidade e robustez dos modelos de remuneração. A
“A interação e a comunicação com os médicos é melhor, as
comparabilidade entre hospitais é possível e necessária, para
pessoas se sentem parte da instituição, são chamadas pelo
distinguir os melhores desempenhos quanto à qualidade, à
nome, a adoção de novas tecnologias também é favorecida,
eficiência e à complexidade dos doentes e, assim, traduzir com
com melhor adesão do corpo clínico e a resolutividade é muito
equidade remunerações diferentes para diferentes hospitais”, diz.
maior. No entanto, ter o corpo clínico fechado também reduz a
Márcia Martiniano apresentou o case de implantação de Modelo de
exposição da marca, há menor oxigenação de novos pensamentos
Análise do Produto Hospitalar no Hospital Sírio-Libanês através do
e aumento da ocupação de serviços ociosos”, relata.
Sistema de Grupos Diagnósticos Relacionados (DRGs). Ela citou as
Miguel Cendoroglo diz que o desafio de lidar com um corpo clínico
três fases do projeto. Na primeira, o hospital analisou dados de 34.573
aberto, já que o número de médicos cadastrados geralmente é
internações (1 procedimento e 1 diagnóstico por internação), em
bastante grande, é principalmente o da comunicação personalizada.
seguida fez a análise de 986 internações (média de 4,1 procedimentos
E indica alguns problemas comuns na prática clínica atual, como:
e 5,6 diagnósticos por internação) e por fim fez a implantação
Especialistas com autonomia extremamente ampla e com visão
definitiva do sistema no hospital, em vigor desde janeiro de 2015.
de foco na doença; a prática da medicina artesanal, onde cada
“Defendemos que os hospitais tenham uma ferramenta para
profissional é único; cuidados centrados em suas decisões técnicas,
conhecer em profundidade o perfil do paciente, a morbidade
sem considerar os desejos e contextos do paciente; a prática
hospitalar e oferecer um serviço melhor. Nosso foco com o
extremamente intervencionista, sem percepção e conhecimento
DRG é conhecermos a nós mesmos e aos pacientes”, afirma.
sobre segurança do paciente; e a falta de trabalho em equipe.
Carlos Figueiredo revelou que a Anahp está realizando um projeto
Para manter a eficiência e a qualidade do atendimento para o paciente é
piloto em parceria com a 3M para a incorporação do DRG em
necessário realizar um trabalho individualizado e analítico com o corpo
hospitais associados à Anahp e lamentou que o número de
clínico, superando desafios como a grande quantidade de médicos.
hospitais no Brasil que utilizem o DRG ainda seja pequeno.
“Todos os anos a área dedicada a desfechos avalia os
“Hoje nós perdemos um volume muito grande de informações
nossos 7 mil médicos, sem exceção. Depois da avaliação
de risco devido ao uso do modelo de empactotamento ou fee
de desempenho criamos um ranking com todos os médicos
for service. Temos condições suficientes de mudar esse quadro
a partir de vários indicadores (80 no total). Médico pode
3º Conahp supera a expectativa dos expositores Com um formato inovador, integrando a área de expositores e de palestras em um único ambiente, bem como exibindo a transmissão das palestras em telões 360 graus, entre outras novidades, o 3º Conahp agradou em cheio ao público e às empresas expositoras. Érico de Paula Coelho Neto, gerente nacional comercial da Air Liquide Healthcare foi enfático ao declarar que o evento foi o melhor da área médica em 2015. “O Conahp criou uma nova tendência, um novo modelo de congresso para o setor. Foi um evento sensacional, que congregou o relacionamento com o conhecimento e a integração do público. Enquanto em muitos eventos do gênero você faz apenas ações de relacionamento, o Conahp nos proporcionou a concretização de negócios dentro da própria feira. Ano que vem certamente marcaremos presença novamente”, afirmou. A qualidade do público presente e a grande proximidade dos visitantes com os expositores foi destacada por Fernanda Souza Carvalho, diretora comercial da Sodexo. “Estou há 18 anos na Sodexo e nunca vi um modelo de evento tão intimista, em que todos estão no mesmo nível de interação, sejam líderes de grandes hospitais, público ou expositores. É um evento que proporciona uma grande exposição da marca e que atua como um facilitador, uma ponte para estabelecer contatos estratégicos com pessoas que têm poder de decisão”, analisa. Christiano Cruz, gerente de HealthCare da White Martins, também ficou satisfeito com o evento. “Consideramos que o 3º Congresso Nacional de Hospitais Privados proporcionou uma dinâmica inovadora entre palestrantes, congressistas e expositores ao promover uma interação permanente entre estes públicos. O evento, assim como as edições anteriores, ratificou sua posição de destaque no calendário do setor de saúde através da discussão de temas atuais, participação de palestrantes renomados e presença de um público altamente qualificado”, diz.
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acompanhar on line seu status, aquilo que pode melhorar e no que já é bom. Ao término do período de avaliações, os médicos mais bem avaliados recebem diversos benefícios. Essa é uma forma de engajar os nossos profissionais”, afirma.
Sessão Pôster apresenta 120 trabalhos científicos
O Livro Branco Anahp, com 12 propostas e uma visão
Com o objetivo de disseminar as melhores práticas
macropolítica, econômica e social, buscando a essência de um
do setor da saúde para o mercado, durante o
modelo de saúde que contribua para a sociedade, com foco
3º Conahp, médicos, estudantes e demais
no cidadão usuário do sistema de sáude, foi o tema da última
profissionais da saúde puderam inscrever resumos
sessão paralela do Eixo de Construção de Novos Modelos.
de trabalhos científicos na Sessão Pôster.
Antonio Britto afirmou que há uma exaustão do modelo de
Dentre os diversos trabalhos inscritos relacionados
saúde vigente e que o Livro branco Anahp poderia prestar
aos três eixos temáticos do 3º Conahp, em
grande contribuição para a formação de um novo e melhor
Inovação, Liderança e Novos Modelos, 120
modelo para o sistema de saúde brasileiro. “Precisamos criar
foram selecionados e ficaram expostos a
uma agenda de integração. A provocação que eu faço é que
visitantes e jurados durante todo o evento.
mais faltam propostas do que líderes na saúde. Por isso, o
O anúncio dos vencedores foi feito dia 12, no segundo
pensamento deve ser coletivo e consensual”, afirmou.
dia de atividades. Participaram da cerimônia Francisco
Henrique Neves também defendeu maior integração das
Balestrin, presidente do Conselho da Anahp, Maurício
lideranças, inclusive entre os sistemas público e suplementar
Alchorne, diretor técnico da Anahp, e Fernando Andreatta
de saúde. “Temos que pensar enquanto cadeia, em todos
Torelly e Ary Costa Ribeiro, respectivamente presidente
os elos juntos. Ou perdemos ou ganhamos todos. Não há
e vice-presidente da Comissão Científica do Conahp.
mais espaço para o pensamento único. Para romper com o
“Quero agradecer a todos os hospitais, que apoiaram a
modelo vigente há que se fazer um esforço coletivo”, disse.
participação de seus colaboradores e, essencialmente,
Francisco Balestrin reiterou o desejo de mudança para a saúde
incentivaram o compartilhamento de conhecimento,
que embalou o discurso de diversos palestrantes ao longo do
oferecendo uma contribuição importante para a
Conahp. “O setor de saúde hoje enfrenta um ranço ideológico.
construção de um sistema de saúde melhor em nosso
As respostas precisam ser diferentes porque as perguntas
país”, disse Torelly antes de informar os ganhadores.
mudaram. A realidade que enfrentamos na saúde hoje é muito
Com o tema “O impacto da avaliação de desempenho
diferente da de anos atrás. Temos de superar nossos egos e
médico em sinergia com o serviço de farmácia
preconceitos e promover o trabalho coletivo por um bem maior:
na segurança da prescrição de fármacos”, Karen
a melhoria da saúde para os cidadãos brasileiros”, ressaltou.
Nogueira da Silva, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz (SP), sagrou-se como a grande vencedora da Sessão Pôster do 3º Conahp, conquistando como prêmio uma inscrição e despesas pagas para o próximo Congresso do IHI, em 2016. “Foi um trabalho conjunto dos profissionais da área de Relacionamento Médico, que recebeu o incentivo da superintendência do hospital. Sentíamos a necessidade de criar um programa de avaliação de desempenho médico que tivesse entre seus aspectos de avaliação a prescrição de medicamentos. Por isso, dentre outros indicadores, englobamos este. Estou muito feliz com o prêmio”, disse Karen, analista administrativo da área de Relacionamento Médico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Também foram premiados o segundo colocado, trabalho de Ivan Cunha Melo, do Hospital Mater Dei (MG), que abordou “Um novo indicador de qualidade da Clínica Médica I da Rede Mater Dei de Saúde”. E o terceiro lugar, de autoria de Christiane Padovani, do Hospital Santa Paula, que apresentou resumo sobre “Plano educacional multidisciplinar como diferencial na reabilitação de pacientes com AVCi em um hospital sem serviço ambulatorial”.
Associação Nacional de Hospitais Privados
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eventos
Lançamentos Anahp apresenta duas novas publicações e lança prêmio de jornalismo com abrangência nacional
Durante o 3º Conahp, a Anahp surpreendeu o púbico com o anúncio de novas iniciativas voltadas à promoção da saúde de excelência no Brasil. A primeira novidade foi revelada no primeiro dia do evento, com o lançamento do Prêmio de Jornalismo Observatório Anahp. Na ocasião, Francisco Balestrin, Presidente do Conselho de Administração da Anahp, e Evelyn Tiburzio, Coordenadora de Comunicação da Anahp, subiram ao palco para divulgar a premiação, criada para incentivar a produção de conteúdos jornalísticos relevantes e que estimulem, seja a partir de cases de sucesso ou denúncias, o desenvolvimento de uma saúde de mais qualidade para os cidadãos brasileiros. “Para que a saúde seja vista como um direito, a população conta com um grande aliado, que é a imprensa brasileira. Ela informa e denuncia quando preciso, permitindo que tenhamos acesso a uma saúde mais ética e de melhor qualidade. Esse prêmio é uma forma de prestar reconhecimento a esses tão essenciais profissionais: os jornalistas”, afirmou Balestrin. Ao todo serão premiadas as melhores reportagens em
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Panorama Anahp
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cinco categorias: mídias impressa, digital, especializada,
pelo site da Anahp e pelo aplicativo para celulares da entidade.
rádio e TV. O evento acontece em 2016, em São
A apresentação do Livro de Cases de Sustentabilidade Ambiental
Paulo, dia 07 de abril, no Dia Mundial da Saúde.
foi feita por Jadson Costa, Diretor Comercial da Anahp, e Vanessa
O segundo dia do Conahp ficou marcado pelo lançamento
Queiroz Torres, Sustentabilidade e Compliance do Hospital
de duas publicações: a Cartilha de Segurança do Paciente
Israelita Albert Einstein (SP), além de Coordenadora do Grupo
e o Livro de Cases de Sustentabilidade Ambiental.
de Trabalho (GT) Práticas de Sustentabilidade da Anahp.
Publicação digital com conteúdo desenvolvido a partir da
Eles exibiram uma prévia da publicação, composta por
experiência dos hospitais Anahp, a Cartilha apresenta informações e
22 cases de sucesso, compartilhados por integrantes de
recomendações de segurança para o paciente sob uma perspectiva
hospitais associados à Anahp membros do Grupo de
inédita, a do paciente hospitalar. Participaram do lançamento
Trabalho, em que é possível acompanhar as mais variadas
Carlos Figueiredo, Diretor Executivo da Anahp, e Elenara Ribas,
iniciativas implementadas nas instituições de saúde, visando
Coordenadora do Grupo de Estudo de Segurança do Paciente.
a sustentabilidade ambiental do setor hospitalar no Brasil.
“Reunimos informações e procedimentos básicos que ajudam as
“A Anahp espera, com esta iniciativa, contribuir para
pessoas a entenderem o que é segurança do paciente e, o mais
que outros hospitais e estabelecimentos de saúde
importante, a fiscalizarem o trabalho dos hospitais e de suas equipes,
possam se inspirar na experiência compartilhada destes
garantindo que a qualidade assistencial seja sempre mantida onde
cases, colaborando assim com o propósito maior de
quer que ele seja atendido”, disse Carlos, que também informou que
proporcionar um planeta mais saudável, contribuindo para
o material já está sendo distribuído gratuitamente em versão digital
seu desenvolvimento sustentável”, disse Jadson.
Em meio aos lançamentos da entidade, o Coquetel Anahp de Confraternização promoveu a interação entre congressistas e empresas parceiras do evento
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bem-estar
Alta do desemprego pressiona setor saúde Avanço da população desocupada em 2015 já cria reflexos nas operações de hospitais e operadoras de planos de saúde, que preveem um 2016 ainda mais desafiador
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Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
inflação, a dificuldade de crédito e o incremento de mais
não deixam dúvidas. O desemprego chegou para ficar no Brasil.
impostos. A saída muitas vezes é cortar empregos.
Com a retração da economia e a instabilidade política que se
Na outra ponta, as famílias, preocupadas com o possível
instaurou no país, o número de pessoas desocupadas segue
desemprego de um familiar, passam a procurar vagas de trabalho
aumentando e, o pior, não há previsão para retração nesse aspecto.
também para os demais membros do grupo – esposa, filhos,
De acordo com o Instituto, a população desocupada, de 8,4
idosos já aposentados, entre outros. Com isso, a procura por
milhões de pessoas, subiu 5,3% frente ao 1º trimestre de 2014
emprego dispara e a oferta por posições cai. A conta não fecha.
e, ante o 2º trimestre do ano passado, o avanço foi de 23,5%.
Uma análise mais aprofundada dos dados do IBGE demonstra
Exclusivamente em relação a 2015, o segundo trimestre do
que houve geração de postos de trabalho, mas que o número é
ano apresentou taxa de desemprego de 8,3%, a maior da
inferior ao que seria necessário para manter a taxa estável ou haver
série histórica, que teve início em 2012 (PNAD contínua).
redução. O nível de ocupação – que mede a parcela da população
Os resultados se explicam, em parte, devido ao clima de
ocupada em relação à população em idade economicamente
insegurança econômica que se estabeleceu no país, provocando
ativa – foi estimado em 56,2% no 2º trimestre, estável frente ao 1º
efeito em cascata. Para o empregador, pesa o aumento da
trimestre de 2015 e muito semelhante ao nível de 2014 (56,9%).
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bem-estar O valor do tíquete médio geral por saída acompanhou, aproximadamente, a inflação. Entretanto, este valor não sofreu qualquer aumento ou mesmo decresceu de 2014 a 2015 para algumas das grandes operadoras”. – Wagner Marujo
No setor saúde, o aumento da taxa de desemprego nas principais
de despesas, como as de folha de pagamento e energia.
regiões metropolitanas do país ao longo do 1º semestre de 2015
Outra influência dessa instabilidade se dará na redução dos
já foi captado pelos hospitais associados à Anahp – Associação
aportes no setor nesse momento. Antes da crise, o setor
Nacional de Hospitais Privados, havendo variação do impacto
projetava a necessidade de 13 mil novos leitos para acompanhar
de acordo com o tipo de serviço prestado pelo hospital.
a evolução da demanda. Hoje, com a tendência de redução do
Dados do Núcleo de Estudos e Análises da Anahp (NEA) indicam
número de beneficiários de planos de saúde, e consequente
que houve queda de 3% no número total de atendimentos nos
menor demanda por serviços – já que o número de leitos dos
prontos-socorros dos hospitais particulares no 1º semestre do ano.
hospitais se manteve estável nos últimos anos – a desaceleração
Por outro lado, a taxa de ocupação geral dos hospitais Anahp
por serviços de saúde apenas equilibrará essa relação.
não sofreu alteração significativa na comparação da média do
Segundo Wagner Marujo, Diretor Superintendente do Hospital
primeiro semestre de 2015 com 2014, havendo somente mudança
Infantil Sabará (SP), na comparação entre o 1º semestre de 2015
no perfil de atendimento. A média de permanência diminuiu em
e 2014, houve uma discreta diminuição no fluxo de pacientes no
função da redução da complexidade observada nos pacientes.
setor de pronto-socorro, havendo aumento de pacientes na unidade
Devido ao risco de perda de emprego, os indivíduos presentes
de internação, UTI e hospital-dia. “O valor do tíquete médio geral
no sistema antecipam exames e procedimentos que poderiam
por saída acompanhou, aproximadamente, a inflação. Entretanto,
esperar. Assim, em curto e médio prazos, a previsão é de que
este valor não sofreu qualquer aumento ou mesmo decresceu
a demanda por serviços hospitalares permaneça estável.
de 2014 a 2015 para algumas das grandes operadoras”, avalia.
O reflexo, entretanto, já se apresenta na receita líquida por
Para ele, o impacto do desemprego no acesso ao sistema de
paciente-dia e nas despesas totais por saída hospitalar. O
saúde suplementar só agora está se consolidando e acontecerá
tíquete médio (receita líquida por saída hospitalar) caiu quase
mais precocemente entre as classes mais pobres. Wagner
10% – de R$ 10,9 mil nos primeiros seis meses de 2014 para
acredita que o efeito do aumento da taxa de desemprego
R$ 9,9 mil no mesmo período deste ano. A queda de receita
para os hospitais dependerá do posicionamento estratégico e
por paciente é um agravante em um momento de aumento
da segmentação de clientes adotada por cada instituição.
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Considerando o primeiro e segundo semestres desse ano, houve, na verdade, discreto crescimento no número de atendimentos, de 2,6%. O aumento da produção está relacionado ao surto da dengue, que aumentou o volume de atendimentos no período“ – Walter Amauchi O Superintendente Geral do Hospital Nipo-Brasileiro (SP), Walter
Por outro lado, afirma que momentos de crise são momentos
Amauchi também não detectou alteração no número de atendimentos
de oportunidade. “Estamos aprimorando nossos processos e
em seu hospital devido ao atual momento político-econômico
aumentando nossa produtividade, analisando as fragilidades de
do país. Considerando o primeiro e segundo semestres desse
nossos contratos com fornecedores terceiros e com as operadoras,
ano, houve, na verdade, discreto crescimento no número de
procurando ainda mais transparência em nossos relacionamentos
atendimentos, de 2,6%. “O aumento da produção está relacionado
comerciais e nos qualificando como parceiros privilegiados, além de
ao surto da dengue, que aumentou o volume de atendimentos
alavancarmos nosso relacionamento direto com pacientes e seus
no período. Notamos, ainda, variação do tíquete médio devido
familiares”, revela o Superintendente do Hospital Infantil Sabará.
à dificuldade de renegociação com as fontes pagadoras, que
Na avaliação de Walter, a expectativa para o segundo semestre
provocaram reajustes abaixo dos índices inflacionários. Nossa
de 2015 é de queda da produção hospitalar em percentuais ainda
produção no primeiro semestre não sofreu alterações em relação
desconhecidos. Em parte, ele credita sua projeção ao aumento
a atual conjuntura de crise político-econômica”, considera.
das glosas, principalmente as praticadas pela Amil e pela Unimed
Para o segundo semestre, no entanto, ambos preveem
Paulistana. O mesmo se aplica em relação aos pagamentos
que um acontecimento recente poderá afetar os resultados
efetuados com atraso por parte de algumas fontes pagadoras.
de 2015. Trata-se da alienação compulsória da carteira
“Consideramos que a queda da produção, dificilmente ocorrerá sem
de beneficiários da Unimed Paulistana em decisão da
prejuízos nos resultados da empresa. Para minimizar esta condição,
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
o hospital tem atuado fortemente na redução de custos – revisão e
“Exceto pelo impacto negativo da inadimplência da Unimed
racionalização de pacotes de procedimentos, redução de desperdícios,
Paulistana, o segundo semestre de 2015 não deve diferir
renegociação comercial com os fornecedores, melhorias nos processos
muito do projetado. Os débitos dessa operadora dificilmente
operacionais e de faturamento – e ações de conscientização e
serão recuperados em razão da falta de segurança jurídica
treinamento de RH com foco na produtividade. Além de, paralelamente,
apoiada na regulação normativa sobre a hierarquia dos direitos
buscarmos estabelecer renegociação com as fontes pagadoras”,
creditícios da reserva técnica das operadoras”, diz Wagner.
explica o Superintendente Geral do Hospital Nipo-Brasileiro.
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bem-estar
Perspectivas para as operadoras de planos de saúde Enquanto os hospitais ainda não estão sentindo os efeitos da crise
todas as operadoras de planos de saúde, o resultado mais negativo
de forma expressiva, entre as operadoras de planos de saúde,
nos primeiros seis meses de 2015 se deu na região Sudeste
segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar
(-0,9%), seguida por Norte (-0,8%) e Nordeste (-0,8%). Com balanço
(ANS), o horizonte é menos animador. O universo de 50,69 milhões
positivos apenas nas regiões Centro-Oeste (2%) e Sul (1,6%).
de usuários registrado em operadoras em janeiro de 2015 foi
“Essa defasagem no mercado de trabalho tem impacto direto
encolhendo mês a mês e chegou, em julho, a 50,19 milhões.
no setor de saúde suplementar, uma vez que os planos coletivos
A queda inverte a curva de crescimento do setor nos últimos
empresariais correspondem a 66,5% do total de beneficiários.
anos e acompanha o aumento do desemprego, sobretudo no
Apesar do setor de saúde suplementar possuir certa resiliência
mercado formal. Das 492 mil pessoas que ficaram sem plano
e possuir reservas técnicas na ordem de 40%, o crescimento
ou seguro-saúde, a grande maioria tinha plano empresarial.
do setor é incerto, pois não está imune às dinâmicas e aos
Já entre as cooperativas médicas, ainda de acordo com
impactos gerados pelo atual cenário econômico”, enfatiza o
a ANS, no primeiro semestre de 2015 houve crescimento
Diretor de Desenvolvimento e Marketing da Unimed do Brasil.
de 0,7% ante o mesmo período do ano passado.
Edevard avalia que é necessário rever o modelo assistencial em vigor
“Apesar do aumento da taxa de desemprego e a contínua queda na
no Brasil, como forma de buscar o bom funcionamento e o equilíbrio
oferta de vagas de trabalho ter afetado o crescimento dos planos
econômico da saúde suplementar brasileira. “O setor da saúde deve
coletivos empresarias, parcela mais significativa da carteira de
focar na gestão e na busca pela excelência operacional e assistencial.
beneficiários, os reflexos da crise não atingiram o Sistema Unimed,
Para isso, a mudança do modelo atual, focado na doença e que
que no primeiro semestre de 2015 apresentou crescimento de 0,7%
produz um ciclo vicioso totalmente oneroso, deve mudar. Em um
na sua carteira de beneficiários”, afirma Edevard Jose de Araújo,
novo modelo, que tenha o paciente como centro de todo o processo,
Diretor de Desenvolvimento e Marketing da Unimed do Brasil.
o beneficiário passa a ser tratado por uma equipe multidisciplinar
Com capilaridade nacional, o Sistema Unimed vem monitorando
que o acompanha constantemente. Além disso, o próprio indivíduo
os efeitos da crise nas principais regiões do país, sempre
passa a desempenhar o papel de agente responsável por sua própria
comparando seu modelo de negócio de cooperativismo com
saúde. Esse novo modelo assistencial, que é amplamente utilizado
outros do segmento. No primeiro semestre houve crescimento da
na Holanda, Canadá e também é difundido por toda a Europa,
empresa nas regiões Sudeste (0,2%), Sul (2,3%) e Centro-oeste
trabalha com a Atenção Primária, oferecendo cuidado integral com
(3,3%), estabilidade no Norte e queda no Nordeste (-1,2%).
foco na pessoa durante todo o seu ciclo de vida, considerando
Na avaliação geral do mercado, com base no desempenho de
histórico familiar, comunitário e regional do usuário”, aponta.
Apesar do aumento da taxa de desemprego e a contínua queda na oferta de vagas de trabalho ter afetado o crescimento dos planos coletivos empresarias, parcela mais significativa da carteira de beneficiários, os reflexos da crise não atingiram o Sistema Unimed”. – Edevard Jose de Araújo
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Direitos do desempregado Desde o início de 2015 quase meio milhão de brasileiros
E, por fim, mesmo que mantenha seu plano de saúde, o ex-
deixaram de utilizar planos de assistência médica, a grande
empregado poderá exercer esse direito pelo prazo máximo
maioria devido ao desemprego, já que muitos dos beneficiários
de 24 meses, variável de forma proporcional ao tempo em
contavam com o auxílio de planos empresariais.
que usufruiu do plano durante o contrato de trabalho.
Em casos como esses, em que o ex-empregado demitido ou
Por outro lado, se a intenção for contratar um plano alternativo
exonerado sem justa causa tenha contribuído com o plano de
por conta própria, buscando, por exemplo, custos menores
saúde, ele tem garantido o direito de manter sua condição de
dos que os oferecidos pelo plano de saúde da ex-empresa,
beneficiário nos mesmos termos de cobertura assistencial de
será bastante difícil. Atualmente, apenas 20% dos segurados,
que gozava durante a vigência do contrato de trabalho.
aproximadamente, contam com essa modalidade, segundo a
Segundo nota do PROCON-SP, o direito de permanência
ANS. “A oferta de planos individuais é quase inexistente. Essa
é extensivo, obrigatoriamente, aos dependentes inscritos
falta de acesso se dá pela baixa e concentrada oferta e pelos
quando da vigência do contrato de trabalho, mesmo
altos preços desses planos”, afirma Joana Cruz, Advogada e
em caso de morte do titular. Existe um prazo limitado
Pesquisadora do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
para manter o vínculo e a partir do momento que o
Uma pesquisa realizada pelo Idec, em 27 capitais do Brasil no
usuário começar a trabalhar, ele perde o benefício.
fim do primeiro semestre deste ano, identificou que em cinco
Ainda que exista uma conjuntura favorável ao ex-empregado
delas (Belo Horizonte, Salvador, Macapá, São Luís e Vitória) o
em termos legais, na prática essa situação impõe às
consumidor não tem qualquer opção de plano individual com
pessoas diversos desafios, como pagar integralmente
cobertura completa (ambulatorial, hospitalar e obstetrícia). Em
pelo serviço mesmo com o decréscimo da renda.
outras 11 capitais (Rio Branco, Maceió, Manaus, Salvador,
Além disso, uma boa parte das empresas não é clara quanto
Goiânia, Campo Grande, Cuiabá, Belém, Boa Vista, Porto Alegre
aos direitos de seus funcionários no momento do desligamento.
e Florianópolis), somente uma operadora ofertava o serviço.
A oferta de planos individuais é quase inexistente. Essa falta de acesso se dá pela baixa e concentrada oferta e pelos altos preços desses planos”. – Joana Cruz
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bem-estar Garantia para os hospitais
Além de fazer o acompanhamento do pagamento das prestações devidas pelas operadoras, recomendamos que os prestadores de serviços hospitalares acompanhem a decretação de regimes especiais pela ANS. Uma operadora que fica três ou quatro anos sob regime de Direção Fiscal certamente está com dificuldades em manter suas provisões técnicas”. – Teresa Gutierrez
Quando uma operadora de plano de saúde passa por dificuldades
regime de Direção Fiscal, certamente está com dificuldades em
financeiras ou tem a alienação compulsória de sua carteira, como
manter suas provisões técnicas que correspondem, basicamente, aos
ocorreu recentemente com a Unimed Paulistana, quais as medidas
valores devidos aos prestadores de serviços”, aconselha a Advogada.
a serem adotadas para que o hospital possa receber a remuneração
Por fim, ela sugere o ajuizamento de ações de cobrança
dos procedimentos e atendimentos que serão ou que já foram
ou execuções de título executivo extrajudicial para exigir
realizados, mas que ainda não foram pagos? Essa é a principal dúvida
o pagamento dos débitos da OPS antes mesmo de ser
que tem rondado a cabeça dos gestores de hospitais do Brasil.
decretada a liquidação extrajudicial pela ANS.
Segundo Teresa Gutierrez, Coordenadora da Área de
Em relação ao paciente, beneficiário de uma operadora deficitária,
Direito Regulatório e Direito da Saúde do Escritório Nunes
os atendimentos de urgência devem ser mantidos pelos hospitais,
& Sawaya Advogados, nos termos do artigo 23 da Lei nº
independentemente do vínculo do paciente com qualquer OPS.
9.656, de 03 de junho de 1998 (“Lei nº 9.656/1998”), as
Além disso, é recomendado que as instituições hospitalares
Operadoras de Planos Privados de Assistência à Saúde (OPS)
orientem seus pacientes sobre seus direitos. No caso da Unimed
não estão sujeitas à decretação imediata de falência.
Paulistana, por exemplo, tanto a ANS quanto os órgãos de defesa
Ela conta que a Agência Nacional de Saúde Suplementar
do consumidor disponibilizaram orientações aos beneficiários,
efetua o acompanhamento econômico-financeiro das OPS e,
mas muitos deixaram de pagar as prestações mensais e
conforme o caso, toma medidas para que sejam implementadas
acabaram não usufruindo da portabilidade extraordinária.
adequações às anormalidades econômico-financeiras identificadas,
“Quando uma OPS fica inadimplente com seus prestadores de
dentre as quais destaca o Regime de Direção Fiscal.
serviços, o mais comum é que seja promovida a denúncia e rescisão
“No caso da Unimed Paulistana, por exemplo, em breve levantamento
do contrato de rede credenciada, o que desobriga os prestadores
feito por nosso escritório, abrangendo os anos de 2009 a 2015, foi
de serviços a prestarem atendimentos aos beneficiários dessa
identificada a instituição de Regime de Direção Fiscal durante quase
OPS. Ao notificar a operadora, recomendamos que os hospitais
todo esse período. Foi apenas entre os anos de 2011 e 2013 que a
cumpram o disposto no artigo 16 da Resolução Normativa da ANS
Unimed Paulistana não ficou sob os cuidados diretos da ANS”, revela.
nº 363, de 11 de dezembro de 2014, informando ao responsável
“Assim, além de fazer o acompanhamento do pagamento das
técnico da OPS os pacientes que estão em tratamento continuado,
prestações devidas pela OPS, recomendamos que os prestadores
pré-natal, pré-operatório ou que necessitem de atenção especial,
de serviços hospitalares acompanhem a decretação de regimes
medida necessária para que a operadora transfira o paciente
especiais pela ANS. Uma OPS que fica três ou quatro anos sob
para outra instituição credenciada”, enfatiza Teresa.
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tecnologia e saúde
Mercado de
tecnologia já sente os
efeitos da crise?
Em constante aprimoramento nas últimas décadas, e foco cada vez maior de investimentos por parte dos hospitais, as tecnologias na saúde se veem ameaçadas pelos efeitos de uma possível crise político-econômica de longo prazo Na década de 70, o incremento de tecnologia da informação esteve muito ligado ao segmento bancário, em 1980, aos processos industriais e, desde a década de 90, com ênfase neste início do século 21, a atenção voltou-se para a área da Saúde. Hoje, é quase impossível imaginar um hospital sem computadores, internet e softwares que ajudem na gestão do negócio. Nos últimos anos, o tema se tornou tão relevante para o setor que fez surgir até mesmo o termo Hospital Digital, que designa o nível de maturidade e adoção de TI pelos hospitais, inspirado no modelo de adoção da HIMSS – Healthcare Information and Management Systems Society. Nele, as instituições são avaliadas e determina-se, a partir de oito estágios (do 0 ao 7), qual é o status de informatização do hospital. Atualmente, existem 205 hospitais com a classificação de estágio 7 nos Estados Unidos e, no resto do mundo, seis hospitais já conseguiram atingir essa mesma classificação: 2 na China, 1 na Coreia e 3 na Europa. No Brasil, apesar de até o momento nenhuma instituição do país ter alcançado o estágio 7, dois hospitais foram reconhecidos oficialmente pela HIMSS como estágio 6 e diversas outras instituições participam do processo de avaliação, podendo, em breve, alcançar resultados ainda mais expressivos. Uma pesquisa realizada em 2014 pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC) ajuda a compreender o cenário da presença de infraestrutura e disponibilidade de serviços baseados em TIC (tecnologia da informação e da comunicação) nos estabelecimentos de saúde da rede pública e privada em cinco regiões do Brasil (Norte, Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul). Os resultados da 2ª edição da TIC Saúde, que ouviu 2.121 gestores de estabelecimentos de saúde – 58% do sistema público e 42% do privado – apontam que a disponibilidade de infraestrutura básica de TIC avançou nos estabelecimentos de saúde no Brasil em relação a 2013: 92% deles utilizaram computador nos 12 meses que antecederam a realização da pesquisa e 85% possuíam acesso à Internet. No levantamento anterior, tais proporções eram de 83% e 77%, respectivamente.
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tecnologia e saúde
O empresariado brasileiro como um todo adotou uma postura mais cautelosa e está demorando mais para tomar decisões. Os contratos ainda estão sendo fechados e há muitas empresas fazendo investimentos, pois sabem que sem tecnologia sua competitividade fica prejudicada, mas essas decisões estão demorando mais para serem tomadas”, avalia Marcelo Souccar.
A questão que se coloca é se o avanço da incorporação de TI nos hospitais continuará ocorrendo ou se estará comprometido nos próximos anos devido à crise político-econômica que assola o Brasil desde o início de 2015 e que, entre outros efeitos, fez a taxa de desemprego e o valor do dólar dispararem, além de provocar cortes no orçamento federal da Saúde para 2016. A sensação de Israel Armstrong, General Manager e Diretor da Cerner Brasil, é de que independente do quadro econômico do país haverá crescimento constante da necessidade de recursos de TI na saúde, já que para o setor a tecnologia está muito associada a benefícios como melhoria da qualidade da assistência e segurança do paciente. Por isso, ele não observou mudanças nos planos ou sinalização de redução de investimentos de TI nas organizações com as quais a Cerner do Brasil trabalha. “Continuamos a ver companhias buscando soluções inovadoras para superar os desafios desse momento no Brasil”, avaliando que em momentos de crise a necessidade dos hospitais por mais eficiência acaba favorecendo o seu negócio, já que oferecem soluções focadas na melhoria de qualidade assistencial e eficiência. Marcelo Souccar, Diretor do Segmento de saúde da TOTVS, também confia nos benefícios de suas soluções para vencer a crise. “Todo o nosso portfólio é voltado para a eficiência operacional, redução de custos e produtividade. A tecnologia é uma grande aliada nesse sentido e pode transformar a gestão do setor em um momento como esse, fazendo com que os hospitais tenham processos mais ágeis, controlados, evitando perdas e até proporcionando um atendimento melhor ao paciente”, estima. O cenário de incertezas, no entanto, fez mudar o comportamento dos clientes da empresa na avaliação de Marcelo. “O empresariado brasileiro como um todo adotou uma postura mais cautelosa e está demorando mais para tomar decisões. Os contratos ainda estão sendo fechados e há muitas empresas fazendo investimentos, pois sabem que sem tecnologia sua competitividade fica prejudicada, mas essas decisões estão demorando mais para serem tomadas”. Na Cerner, a projeção para 2016 é bastante positiva. Israel afirma que a empresa planeja um aumento nos investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento – que já ultrapassa US$ 4 bilhões – no próximo ano. Já a Cerner do Brasil irá expandir suas operações para dar suporte aos parceiros locais com sua estrutura dedicada ao país. A TOTVS não faz projeções devido à sua posição de companhia de capital aberto.
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Associação Nacional de Hospitais Privados
TI nos hospitais Bruno Carvalho Fernandes, Gerente de Tecnologia da Informação do Hospital Felício Rocho (MG) afirma que mesmo diante da crise vivida pelo país, sua instituição não reduziu os investimentos em TI. “Em 2015, o valor investido foi superior ao de 2014. Foram realizados investimentos na renovação de parte do parque tecnológico, incluindo estações de trabalho e ativos de rede. Parte do investimento foi direcionado para a área de infraestrutura de TI e implantação de novos sistemas”, revela. A perspectiva da instituição é manter o mesmo patamar de investimentos em TI de 2015 para 2016. Ele comenta que projetos já estão definidos para o próximo ano e relacionam-se principalmente à mobilidade. “A TI nos hospitais está em uma crescente no que diz respeito à melhoria da qualidade assistencial. Nesse sentido, o que teremos de imediato é a estagnação desta evolução. Não digo que a qualidade será afetada em um primeiro momento. Porém, se a crise persistir por longo período a ponto dos investimentos na área cessarem, a qualidade poderá sim sofrer queda acentuada devido ao sucateamento da infraestrutura do setor, o que impactará diretamente na operação assistencial”, projeta.
Tecnologias médicas A constante e imprevisível flutuação do dólar no Brasil, somada à
de registros do 1º semestre de 2015 em relação a mesmo período
grande quantidade de dispositivos médicos implantáveis (DMIs) e
de 2014, o que indica que apesar do controverso cenário político-
medicamentos importados no país, impõem um grande desafio para
econômico brasileiro, o setor ainda não sentiu os efeitos da crise.
a indústria farmacêutica e de DMIs, bem como para os hospitais, que
De acordo com a agência, houve aumento de 6% no número
sofrem com o aumento do custo assistencial nesse momento de crise.
de pedidos de registro e cadastro de DMIs na comparação
Para a indústria internacional, esse cenário de incertezas
entre os dois períodos, conforme dados do Datavisa.
poderia motivar o comércio com outros mercados em
No âmbito dos medicamentos, o número de registros concedidos
detrimento ao Brasil, já que seu produto chega com valor
por ano, entre 2010 e 2015, diminuiu, mas na avaliação entre
menos competitivo ao mercado brasileiro. Além do que, os
2014 e 2015 permaneceu quase inalterado. Em 2010, foram
hospitais poderiam direcionar suas demandas ao mercado
concedidos 509 registros, enquanto em 2014 foram 368 e, em
interno, optando por tecnologias médicas fabricadas no Brasil.
2015, até o mês de outubro, já haviam sido concedidos 315.
No entanto, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Segundo dados do Data Warehouse, entre janeiro a junho de 2015, a
(Anvisa), órgão responsável pela regulamentação de DMIs e
entrada total de petições (entre biológicos, dinamizados, específicos,
medicamentos no país, não houve alteração significante do número
fitoterápicos, genéricos e novos e inovadores) foi de 258.
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hospitais associados
notas
hospitais associados FSFX inicia serviço de Oncologia Pediátrica no Hospital Márcio Cunha Inédito no Leste de Minas Gerais, serviço torna-se referência de atendimento para crianças e adolescentes com câncer de 85 municípios. A estruturação da Oncologia Pediátrica do Hospital Márcio Cunha (HMC) atenderá 85 municípios que compõem a macrorregião Leste, com população aproximada de 1,47 milhões de habitantes. O prazo de atendimento dos pacientes encaminhados, a partir da data do diagnóstico, será de 15 dias para a primeira consulta e de 45 dias para início do tratamento. Vale ressaltar que a macrorregião nordeste de Minas, que tem a cidade de Teófilo Otoni como pólo e conta com 57 municípios e população superior a 800 mil habitantes, também não possui unidade de Oncologia Pediátrica. Possivelmente, grande parte da demanda dessa macrorregião poderá ainda ser absorvida pelo Hospital Márcio Cunha. Segundo o Oncologista Pediátrico, Lucas Teiichi, o serviço minimiza os transtornos ocasionados pelos longos deslocamentos demandados às famílias de crianças e adolescentes até 19 anos, que atualmente precisam buscar auxílio em outras cidades como Belo Horizonte e São Paulo. “O tratamento oncológico já é um tratamento prolongado e muitas vezes apresenta efeitos colaterais. Nosso objetivo é que ele interfira, o mínimo possível, na rotina de vida desta criança, para que não ocorram prejuízos em seu desenvolvimento, aprendizado e convívio social”, completa.
Einstein lança serviço de teleoncologia A partir do Programa de parcerias institucionais que o Centro de Oncologia e Hematologia Einstein estabeleceu com hospitais e clínicas oncológicas em várias cidades, foi criado o Serviço de Teleoncologia, onde tanto pacientes como médicos podem, sem necessidade de deslocamento, fazer consultas com os especialistas do Einstein, em um sistema que também permite análise simultânea de imagens e exames em Oncologia Cirúrgica e Clínica e Oncohematologia. O serviço possibilita ainda revisão radiológica, oncogenética e revisão de lâminas de anatomia patológica. A Telemedicina oferece a oportunidade de levar o conhecimento e a experiência multidisciplinar do Einstein a qualquer paciente e médico, em qualquer lugar do país, sem necessidade de deslocamento, racionalizando os custos e dando a velocidade necessária neste tipo de patologia. Para os médicos, é uma oportunidade de discutir seus casos com referências nacionais e ter acesso a protocolos desenvolvidos no Einstein e no MD Anderson Cancer Center, garantindo que a conduta é a mais acertada para cada caso.
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Parceria entre Hospital Sírio-Libanês e Ministério da Saúde amplia número de transplantes de fígado pediátricos em pacientes do SUS O número de pacientes do SUS beneficiados por transplantes de fígado pediátricos realizados pelo Hospital Sírio-Libanês vem aumentando nos últimos anos, como resultado da parceria com o Ministério da Saúde, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS). No período entre 2009 e maio de 2015, foram 164 procedimentos deste tipo realizados pela área de Filantropia da instituição, sendo 154 deles com doadores vivos e 10 envolvendo doadores falecidos. “É uma das maiores experiências mundiais de transplantes de fígado intervivos em crianças. Com os recursos do Proadi-SUS, conseguimos incluir mais pacientes em um programa que está beneficiando um número crescente de pequenos pacientes”, explica João Seda, Cirurgião Pediátrico do Hospital Sírio-Libanês.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz inaugura serviço de diálise noturna O Serviço de Hemodiálise do Hospital Alemão Oswaldo Cruz passou a oferecer a opção de diálise noturna, como alternativa aos pacientes renais crônicos que preferem dormir no hospital enquanto se submetem a sessões de diálise. O novo serviço favorece os pacientes que buscam a melhor opção de tratamento, com conforto e qualidade de vida, sem afetar a rotina profissional. Segundo Américo Cuvello Neto, Coordenador do Centro de Nefrologia e Diálise do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a Doença Renal Crônica é silenciosa, irreversível e perigosa. “Procurar o médico apenas quando surgir algum sintoma pode ser tarde de mais para iniciar algum tratamento que previna a diálise”, afirma. Classificada em cinco estágios, a Doença Renal Crônica pode ser retardada para que não evolua para a diálise ou para o transplante de rins ou de pâncreas se for tratada corretamente. Porém, a adesão ao tratamento exige mudanças drásticas de hábito e comprometimento do paciente, o que pode afetar suas atividades do dia a dia. Criada com o intuito de atender os doentes renais que não podem se ausentar do trabalho ou de suas atividades rotineiras, a diálise noturna permite a continuidade do tratamento sem causar grandes problemas para o paciente.
Fundação José Silveira lança novo serviço de traumatologia esportiva e doenças da coluna O Hospital Santo Amaro (HSA), unidade da Fundação José Silveira (FJS), disponibiliza ao público o novo serviço de traumatologia esportiva e doenças da coluna, com o diferencial de agregar terapias especializadas em reabilitação e procedimentos minimamente invasivos. O objetivo principal, conforme ressalta o Gerente da Unidade de Saúde da Fundação José Silveira (FJS), Álvaro Nonato, “é proporcionar ao paciente uma assistência multidisciplinar para uma recuperação mais rápida e efetiva”. Junto com o trabalho desenvolvido pela equipe de ortopedia, atuam neurocirurgiões e há, ainda, o suporte qualificado do IBR na reabilitação, com atendimentos em fisioterapia, hidroterapia, pilates e cinesioterapia. De acordo com o Ortopedista Fábio Costa, “a proposta é agregar as diversas terapias necessárias para que, tanto o atleta profissional quanto as pessoas que praticam atividades físicas, tenham um acompanhamento integral e melhorias em um espaço de tempo mais curto”, explica.
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Mais leitos de UTI serão abertos na Grande Vitória Hospital Metropolitano vai dobrar a sua oferta, com a inauguração da nova Unidade de Terapia Intensiva Cardiovascular. De acordo com a Diretora Técnica da Instituição, Karla Toríbio Pimenta, a abertura do setor vai contribuir para minimizar a carência de leitos de alta complexidade que afeta o Estado, assim como todo o Brasil. “Além do aumento do número de leitos, a infraestrutura moderna que instalamos vai propiciar a realização de um trabalho mais eficaz, o que eleva a segurança e o padrão de qualidade do atendimento”, afirmou Karla Toríbio. A Diretora ressaltou a importância de o serviço ser realizado por uma equipe qualificada, competente e eficiente: “São profissionais comprometidos com o resultado do seu trabalho. Como consequência, há melhor assistência, com foco na resolutividade”.
Hospital Santa Rosa inaugura UTI Neonatal que oferece atendimento para bebês a partir de 300 gramas “Prematuro” é o termo usado pra definir o que vem antes da hora. Se um bebê nasceu antes do tempo gestacional previsto, significa que ele vai precisar de uma incubadora aquecida para continuar a desenvolver-se e ficar com todos os órgãos do corpo em perfeito funcionamento. Por isso a importância de se ter um local especializado, independente do peso que o bebê tem. Agora, em Mato Grosso, já existe uma UTI Neonatal que oferece um atendimento especializado para bebês prematuros com peso a partir de 300 gramas. “Com a nova UTI neonatal, o hospital Santa Rosa passa a oferecer 10 leitos específicos para receber os bebês e também a mamãe que necessitar de cuidados especiais neste momento único”, explica a Neonatologista Responsável pela UTI Neonatal do hospital Santa Rosa, Paula Gattass Bumlai. A UTI Neonatal, que está dentro do plano de expansão do hospital Santa Rosa, além de equipada com tecnologia de ponta, tem uma equipe técnica capacitada com 10 pediatras intensivistas, 6 fisioterapeutas e 5 enfermeiras com formação especializada em neonatologia, nutricionista, farmacêutico e 12 técnicos de enfermagem que se revezarão em 3 turnos. Os prematuros contam com incubadoras de última geração e respiradores mecânicos, específico para bebês de baixo peso.
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Excelência por princípio!
Instituições Membros Associados Titulares
Associados
Afiliados
Beneficência Portuguesa de São Paulo
Hospital Márcio Cunha
Hospital São Lucas
AACD – Associação de
Home Doctor
Casa de Saúde São José
Hospital Memorial São José
Hospital São Luiz – Unid. Itaim
Assistência à Criança Deficiente
Pronep Lar
Complexo Hospitalar
Hospital Meridional
Hospital São Lucas de Aracajú
Hospital Adventista de Manaus
SOS Vida
Edmundo Vasconcelos
Hospital Metropolitano
Hospital São Rafael
Hospital Aliança
Hospital A. C. Camargo – Câncer Center Hospital Moinhos de Vento
Hospital São Vicente de Paulo
Hospital Evangélico de Londrina
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Hospital Monte Sinai
Hospital Saúde da Mulher
Hospital Marcelino Champagnat
Hospital Anchieta
Hospital Nipo-Brasileiro
Hospital Sírio-Libanês
Hospital Novo Atibaia
Hospital Bandeirantes
Hospital Nossa Senhora das Graças Hospital Vera Cruz
Hospital Pilar
Hospital Barra D’Or
Hospital Nove de Julho
Hospital VITA Batel
Hospital Primavera
Hospital Copa D’Or
Hospital Porto Dias
Hospital VITA Curitiba
Hospital Santa Catarina
Hospital Dona Helena
Hospital Português
Hospital VITA Volta Redonda
Hospital Santa Genoveva
Hospital do Coração – HCor
Hospital Pró-Cardíaco
Santa Casa de Maceió
Hospital Santa Izabel
Hospital e Maternidade Brasil
Hospital Quinta D’Or
Vitória Apart Hospital
Hospital Santa Lúcia
Hospital e Maternidade
Hospital Rios D’Or
Hospital Santa Marta
Santa Joana
Hospital Samaritano
Hospital Santo Amaro
Hospital Esperança
Hospital Santa Catarina
Hospital São Francisco
Hospital Felício Rocho
Hospital Santa Cruz
Hospital São Mateus
Hospital Infantil Sabará
Hospital Santa Joana
Hospital Vera Cruz
Hospital Israelita Albert Einstein
Hospital Santa Paula
Hospital Villa-Lobos
Hospital Mãe de Deus
Hospital Santa Rosa
IBR Hospital
Hospital Madre Teresa
Hospital São Camilo Pompeia
Imperial Hospital de Caridade
Hospital Mater Dei
Hospital São José
Real Hospital Português
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