Aliquis 8, 2008 1
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Intertextualidade na era do hipertexto 4 Marco Civil da Internet do Brasil 6 Twitter: Vilão ou mocinho? Uma análise da coexistência entre twitter e jornalismo 9 Twitter: novo gênero literário 10 Não fale mais sozinho 12 Novas tecnologias e qualificação dos profissionais 13 O chat como promotor de entrevista 14 As novas tecnilogias como facilitadores para a construção de uma sociedade sustentável 16 INTERNET SEM CONFETE 23 YouTube: Espaço de Criação, Interação e Compartilhamento 25 ENCONTRO DE GERAÇÕES co-criação de conteúdo online 26 Novas tecnologias: “decifra-me ou te devoro” 28 A educação e as novas tecnologias 30 A Tecnologia e suas implicações no Ensino à Distância 32 Cyberbullying - tão antigo quanto devastador 34 3
Moisés de Andrade Júnior*
Intertextualidade na era do hipertexto Intertextualidade e hipertexto: um leitor mais informado sobre o assunto diria que o título deste ensaio peca por redundância. A rigor, o hipertexto – definido como uma forma não linear de organização da informação textual – é a intertextualidade por excelência. Não mais o leitor está preso à linearidade do texto impresso no papel, com seu início, meio e fim. Agora, na era da internet, o leitor pode acessar um texto e dele partir para outros, unidos por elos conceituais, leituras complementares, textos explicativos, qualquer coisa: a liberdade permitida pela ferramenta do hipertexto reside na possibilidade de enriquecer o texto em uma rede de links que é tão vasta quanto são os recursos da internet. Contudo, se todo hipertexto é intertextual, o contrário não é ver4
dadeiro. No texto de papel, seja ele qual for, a intertextualidade também existe, mas muitas vezes de forma mais sutil: ela se encontra nas referências mais ou menos explícitas utilizadas pelo autor, na bibliografia utilizada, nas outras obras e autores comentados ao longo do texto, nas páginas de rodapé. Se tomarmos a linguística interacionista como referência – a linguística de Bakhtin, Bronckart, Kristeva e tantos outros – veremos que não há texto sem intertextualidade: não existe texto independente de referências a outros escritos, que o precederam ou lhe serviram de base; assim como nenhum homem é uma ilha, nenhum texto está isolado de dialogar (dialogismo) e de ser atravessado por diversas vozes (polifonia) em sua composição. Um texto, qualquer que seja ele, é resultado de uma história.
A ferramenta de hipertexto, contudo, leva a noção de intertextualidade a um nível ainda mais concreto. Seu mérito está em dar à dimensão da intertextualidade uma característica literal, permitindo que o dialogismo que atravessa o texto realmente se atualize em outros trabalhos, outras páginas, figuras, vídeos. O leitor não apenas sabe da intertextualidade – ele a experimenta. O clique em determinado link leva-o a outra página, a outros textos, que por sua vez podem levá-lo a novas páginas, a um vídeo ou download. A linearidade da leitura, tão necessária na experiência do livro, é quebrada na mídia digital: um texto deixa de ser um fim em si mesmo para tornar-se um intermediário, parte de uma experiência que vai além dele e o transcende: o leitor que acessa um blog ou um verbete da Wikipédia acessa um conteúdo, uma notícia ou uma informação. Se quiser, pode dar-se por satisfeito e parar por ali; se quiser saber mais, parte de uma página para outras relacionadas: a intertextualidade nunca esteve tão viva.
Estaria então a experiência da leitura do papel com os dias contatos, como profetizam alguns apocalípticos do livro? Provavelmente não. A experiência da leitura do papel é outra coisa: existe uma intimidade própria da leitura de um livro, seu peso, sua capa apreciada, sua mobilidade, seu cheiro característico. O livro é um objeto por si só, e como tal, carrega um valor simbólico: é uma posse que pode ser guardada, exibida, emprestada e compartilhada. Os híbridos desta nova era da informação – os tablets – tentam conciliar dois mundos aparentemente incompatíveis: procuram combinar a experiência da leitura
de um livro real com a interatividade do hipertexto. Se serão bem sucedidos em seu intento, ainda é cedo para afirmar, mas podese dizer que já mataram um dos aspectos mais prazerosos que o livro oferece: seu lado social, a possibilidade de emprestá-lo, de compartilhá-lo com alguém. Não se empresta um tablet. Difícil ouvir alguém dizer: “tô lendo um livro fantástico, vou te emprestar meu iPad quando eu terminar de ler”. Também não será possível espiar a capa do livro que o passageiro ao lado do ônibus está lendo: com os tablets, acaba-se também a curiosidade fuxiqueira que tantas vezes produzem novas leituras, e novos leitores. E isso é uma coisa que a cultura do hipertexto não
vai conseguir emular, não importam seus esforços. Com o tempo, essa intertextualidade literal do hipertexto alcançará mais e mais nichos da experiência do leitor moderno. Até onde ela modificará nossas formas de lidar com o texto – e amá-los, ou odiálos – ninguém pode dizer com certeza. Enquanto isso, o livro, mesmo não tão descaradamente intertextual, vai muito bem, obrigado. E vai continuar assim, espero, por muito mais tempo. *
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Juliana Pitanguy* Joana Alfradique de Hollanda**
Marco Civil da Internet do Brasil Até que ponto é possível regulamentar a rede sem ferir a privacidade dos internautas?
O anteprojeto de lei, Marco Civil da Internet do Brasil, que deve tramitar pelo Congresso Nacional até o fim de junho, prevê o estabelecimento de regras para o uso da internet em território nacional. Se aprovado, passará para o Estado a responsabilidade de fiscalizar a internet, como espaço público. As propostas do Marco Civil estão divididas em três temas principais: o primeiro sobre liberdade e proteção aos direitos dos usuários, o segundo determina responsabilidades de usuários, provedores e servidores, e, por útlimo, o papel do Estado no uso da rede como ferramenta social. De acordo com as mudanças propostas, os usuários terão que cadastrar seu endereço de computador - o IP - para navegar, e não poderão mais manter o anonimato para usar a rede. Com a nova lei, a Justiça passará a ser responsável por remover conteúdos ofensivos da internet, e portanto, a filtragem de conteú6
dos não será mais função dos provedores; e, por fim, os provedores terão que arquivar o registro de todos internautas por um período máximo de seis meses. Elaborado pelo Ministério da Justiça, em parceria com a FGV Rio (Fundação Getúlio Vargas), este projeto também conta com a participação direta da sociedade, que pode se manifestar e alterar a redação da minuta colaborativa do Marco Civil através do blog www.culturadigital.br/marcocivil. Até 30 de maio, as pessoas têm a chance de opinar a respeito do Marco Civil. A iniciativa é democrática, porque leva em conta não apenas as ideias de juristas e técnicos, mas a opinião dos usuários, representantes da sociedade. Entretanto, a participação no debate é um direito dos internautas, afinal, o Marco Civil irá limitar sua privacidade na rede. Será que o Marco Civil é uma
tentativa de “medir” até que ponto é possível regulamentar sem ferir a privacidade dos internautas? Será que a regulamentação do mundo virtual pode ser considerada como censura Estatal? Quanto ao direito do indivíduo de se expressar na internet, este deve ser o mesmo direito de se expressar em ambiente público? O projeto é polêmico por causa de sua característica multidimencional, por questionar definições do cyber espaço, que, já em sua constituição, nunca foi bem delimitado. A definição do espaço virtual é uma problemática, porque se tomarmos a internet como realidade, então ela deixa de ser essencialmente virtual, e passa a ser um veículo concreto, oficial, e portanto, deve obedecer as leis de cada país. Só que o detalhe é que o mundo virtual ultrapassa os continentes, com a rapidez em
que divulga, comunica e converge mundos distantes. Mais de 37 milhões de brasileiros são usuários ativos de internet no país, segundo dados da empresa de pesquisas de mercado Nielsen Ibope Online. Por um lado, este aspecto da acessibilidade é positivo, tendo que, todos podem ser comunicadores, e como tal, todos podem fazer parte da comunidade virtual. Entretanto, o conteúdo que recebem ou produzem não é sempre confiável. Por vez, as pessoas se baseiam em fofoca, e em rumores circulados rapidamente pela rede, para noticiar um fato como verdade para todos. Como o ciclo de especulação não é quebrado, calúnias podem ser livremente publicadas, repetidamente, sem nenhuma restrição das autoridades. Atualmente, os provedores - uai, uol, terra, entre outros - tem de fazer o papel de “policiais” da internet, filtrando materiais inapropriados para a rede, como comentários racistas ou preconceituosos, conteúdos pornográficos, criminosos como o de pedófilos etc. Seu papel é de restringir a liberdade de expressão em última instância, ou seja, agir em casos extremos em que pessoas violam os direitos de outros. Leves infrações, como mentiras, podem circular pela internet, sem maiores consequências. Como os provedores não têm formação para investigar crimes, os pedófilos, racistas ou assaltantes conseguem se camuflar na rede para burlar as leis. Em se tratando de liberdade na internet, há extremos no mundo, como o caso dos Estados Unidos e da China. Enquanto no primeiro, aparentemente, não há censura
e os usuários da rede estão livres para se expressarem, no segundo, o Estado intervém de maneira afrontosa ao vigiar o buscador mais famoso do mundo, o Google. Na China, a empresa Google teve de redirecionar seus usuários à uma página do Google em Hong Kong, para evitar que o governo chinês continuasse censurando seu conteúdo. Mesmo assim, o governo continua filtrando conteúdos das buscas do provedor, além de bloquear conteúdos da rede relacionados ao Tibete, sites de notícias internacionais, e temas relacionados à democracia, entre outros. É uma intervenção na vida de cerca de 404 milhões de usuários de Internet chineses, incluindo 346 milhões que utilizam banda larga, e 233 milhões com acesso via celular. Nos Estados Unidos, a questão da regulamentação da internet está criando briga entre as empresas donas dos provedores - e a FCC (Agência Federal de Comunicação), agência do governo norte americano. A FCC é uma agência criada pelo governo para agir em prol dos meios de comunicação, e, desta forma, o governo aponta membros para fazer parte da comissão da agência. Até então, o controle do tráfego da internet americana era feito pela FCC, que podia interferir no conteúdo divulgado pelos usuários, mas a justiça americana tem posto em cheque o poder da agência. A vitória de companhias de banda larga e de telefonia, em decisões da justiça contra a FCC, mostra que o poder da agência tem sido questionado, e, até o governo está atuando em defesa das empresas
de telecomunicação. Portanto, nos Estados Unidos, a discussão se diverge em duas frontes: uma em favor da internet controlada pelos provedores e por suas empresas, e outra que defende a administração da internet como responsabilidade do governo, e portanto da FCC. Quando dizemos censura pensamos em censura Estatal, mas será que o controle das empresas sobre os conteúdos da internet não poderia criar um outro tipo de censura também? Será possível falar em censura capitalista? Atenta ao descontrole virtual mundial, a União Européia apresentará, em breve, um plano para a internet, que valerá para toda Europa. O plano pretende criar um mercado de telecomunicações que será compartilhado entre todos cidadãos europeus, assim, todos usuários pagarão as mesmas taxas para obter a internet do provedor. A medida também irá impedir que as operadoras limitem o conteúdo que trafega pela internet. As medidas que serão adotadas na rede européia vão tentar frear uma prática comum entre as operadoras, o traffic shaping, uma técnica que coloca os internautas em espera para uso de serviços, como o download de músicas e vídeos. O Bit Torrent, por exemplo, utiliza este mecanismo para aumentar o número de clientes usuários de seus produtos, sem ter que aumentar a velocidade de sua rede. No fim das contas, o provedor sai lucrando. Tim Berners-Lee, o famoso criador da internet, já alertava em 2006 sobre o risco da internet ser corrompida. “Se a rede mundial 7
de computadores se desenvolver livremente, fenômenos ruins podem comprometer sua utilidade”, disse Berners-Lee, ao jornal inglês The Guardian. “O WorldWideWeb tem como objetivo criar links para qualquer informação, em qualquer lugar, ” disse Berners-Lee em 1991, ao apresentar o conceito da rede. O britânico entrou para a história quando apresentou ao mundo a ideia de hiperlinks, navegador e servidor. Sua invenção da world wide web (www) revolucionou a maneira como milhões de pessoas trabalham, fazem negócios e se relacionam. Desde então, a internet, como meio de comunicação, faz com que as pessoas interajam de forma dinâmica e livre. Com um simples toque do teclado, internautas transmitem opiniões, partilham experiências e ampliam seus conhecimentos de mundo. As pessoas descobrem novas realidades acerca de seu próprio país e de sua comunidade, exploradas de maneiras diferentes, com olhares nunca antes expostos. Através da rede, internautas se tornam jornalistas, comentaristas, e até notórias celebridades, por publicar conteúdos criativos, curiosos ou polêmicos, que chamam a atenção dos outros. A temporariedade da internet é parte de sua composição, por causa da velocidade com que a rede transmite informações. É por isso, que a fama dos internautas dura pouco. A internet diminui as distâncias físicas, temporais e culturais do mundo. Ao revelar idiomas instantaneamente, e ao permitir que imagens e sons se tornem universais a milhões de indivíduos, a rede 8
se torna realidade para a maior parte dos cidadãos do mundo. Na internet, artistas são descobertos, pessoas comuns se tornam personagens famosos de vídeos acessados por espectadores de qualquer lugar do planeta. Entretanto, a internet divulga tantas informações, que se os usuários não filtrá-las devidamente, eles podem ter desentendimentos comunicativos, e consequentemente, fim de relacionamentos, fraudes, violência, entre outros. O veículo internet possibilita todas formas conhecidas de expressão e de comunciação, além de criar outros modos de falar, ler, sentir agir e reagir. Engloba desde casais apaixonados a empresas, profissionais liberais, artistas, loucos e até criminosos. Agora, se a característica interativa for cerceada, a livre expressão em rede, será que caminharemos para uma sociedade de censura? Afinal, a liberdade de expressão pode ser
medida? Por outro lado, se a internet está se consagrando como um dos principais meios de comunicação mundial, não seria natural que ela obedecesse às leis da mesma maneira que os outros veículos de comunicação fazem? REFERÊNCIAS ORRICO, Alexandre. Privacidade do usuário é tema polêmico. Caderno “Informática”, Folha de S.Paulo.19/5/2010 G1: O Portal de Notícias da Globo. Website: http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL15412666174,00-BUSCAS+NO+GOOGLE+ SEGUEM+CENSURADAS+NA+CHI NA+APOS+REDIRECIONAMENTO. html. Cultura Digital. Website: www.culturadigital.br/marcocivil.
Twitter: Vilão ou mocinho? Uma análise da coexistência entre twitter e jornalismo Muito mais que apenas uma forma de interação virtual entre as pessoas que têm afinidades, ou mantém seu círculo de amizades via Internet, as redes sociais estão mais do que nunca disseminando informações e consequentemente conhecimento. Segundo a revista Veja “as redes sociais na internet congregam 29 milhões de brasileiros por mês” [1], desta forma vê-se a viabilidade numérica do uso dessas redes como meio de divulgação de novas informações. O twitter é a rede social do momento. Devido a sua forma de postagem e a caracterização da rede por seguidos e seguidores, que figuram afinidade e interesse comprovados, várias instituições, públicas e privadas, de ensino ou de comércio, têm usado essa rede como complemento na divulgação de seus nomes e marcas. Além, é claro, das próprias disseminadoras de notícias, jornais e revistas, físicos ou eletrônicos, que já aderiram ao twitter. Esse microblogging se tornou uma ferramenta a favor do jornalismo. Devido a sua acessibilidade, cidadãos comuns tornaramse propagadores de notícias em tempo real. Com uma simples sms, qualquer pessoa pode pu-
blicar em primeira mão o acontecimento de um terremoto, como ocorreu no caso do Haiti. Claro que entramos numa outra questão, sobre a legitimidade das informações. Até que ponto pode-se confiar nas publicações instantâneas? Ou elas são tão dignas quanto às coberturas jornalísticas? O fato é que o twitter mudou o conceito de “notícia em primeira mão” e aliado aos meios de comunicação convencionais ele pode complementar a divulgação de matérias, além de ser um recurso barato e acessível a todos os níveis sociais. Estendendo todo esse conceito às outras redes sociais. O twitter é uma excelente forma de lançar rapidamente na rede mundial acontecimentos do agora, só que devido à limitação de caracteres, apenas 140 por mensagem, as informações são muito superficiais, ficando a cargo da mídia convencional os pormenores e o desenrolar dos fatos. Jornais bem populares como “Super” e “Aqui” já utilizam o twitter como complemento na divulgação de suas matérias. O “Super” usa essa rede para lançar fleches sobre as notícias
Jane Corrêa Valadares Graduada em Português, pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). que sairão no jornal, aguçando a curiosidade de seus seguidores, prováveis leitores assíduos, que serão obrigados a comprar o jornal caso queiram se aprofundar no assunto. O jornal “Aqui” tem outra estratégia, ele lança as chamadas das matérias no twitter e faz linkagem com a página eletrônica do jornal. Podemos supor, portanto, que a intenção de cada um desses jornais é diferente ao usar o twitter. O “Super” quer aumentar as vendas do jornal impresso, e o “Aqui” opta por aumentar os números de acesso à página e, acreditamos que em menor escala, também as vendas do jornal, já que alguns leitores preferem o jornal físico. O fato é que diferentemente do que é discutido, as redes sociais não vieram para acabar ou desestruturar as formas convencionais de propagação de notícias, mas sim para complementar o fazer jornalístico e dinamizar ainda mais a velocidade com que o mundo toma conhecimento das novidades, sejam elas boas ou más.
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Twitter: novo gênero literário Clóvis França Magalhães* O gênero literário assume uma posição de problema no decorrer da história, pois ora é definido como um conjunto de preceitos estáticos, ora como uma proposta criativa e inovadora suscitando novos modelos literários. A última opção será adotada nesse trabalho que pretende apresentar o Twitter, sem considerar a concepção de texto literário, como um gênero aberto às adaptações literárias. Ao adentramos sobre os estudos dos gêneros literários percebermos algumas fases. A primeira pode ser a tomada de consciência de Platão sobre os gêneros e a categorização em dois modos básicos feitos por Aristóteles na poética: o narrativo e o dramático. A fase seguinte, na Idade Média, porém, essa sistematização foi esquecida e a doutrinação dos antigos não serviu para a produção da poesia trovadoresca. A terceira fase destaca os estudos dos gêneros como ponto central da interpretação do fenômeno literário. Essa é marcada pelo fervor renascentista que incluiu o gênero lírico na categorização de Aristóteles e iniciou o preceito da divisão da produção literária em lírico, épico e dramático, divisão considerada por muitos como estática, até os dias atuais. Ao mencionar sobre a observação dos renascentistas e a recriação dos pilares fixos dos gregos a se10
rem imitados, Cunha (1979. p.94) aponta: “Trata-se de uma concepção supra-histórica que nega a possibilidade de desenvolvimento e variações dos gêneros, segundo as exigências de cada época”. Considerar a demanda histórica para criação literária é uma tarefa de extrema importância, pois as discussões polemicas entre a estrutura fixa, delimitada nos três grandes gêneros, defendida pela inflexibilidade das estéticas renascentistas e, por outro lado, as inovações modernas sobre gêneros hibridos iniciadas a partir do Barroco consideram um novo sentido e adaptação dos gêneros fixos às novas necessidades. Atualmente muitos autores usam a terminologia gênero para denominar as variadas formas literárias, como poesia, verso, canção, balada, romance, conto, novela, soneto, epopéia, lírica, drama, narração, rondó, farsa, tragicomédia etc. Nesse contexto de variadas formas de comunicação artística
e literária incluímos o Twitter. Escrever muito em poucas palavras é uma arte. O Twitter é uma ferramenta que facilita essa arte, pois permite o aprimoramento de uma dádiva da escrita: a concisão. A literatura concisa é vasta e perpassa outros gêneros como o conto, o aforismo e o haicai. Este mantém a estrutura da lírica japonesa com três linhas e 21 silabas. Esse considera a tradição das máximas e ganha espaço na sabedoria popular. Aquele é uma estrutura em prosa privilegiada que evita os exageros, como afirma Moisés (2003, p.41) “o conto aborrece as digressões, as divagações, os excessos”. A concisão de palavras, já que o suporte do Twitter permite apenas 140 caracteres, poderá, em alguns casos, gerar uma concisão de idéias. Essa característica permite uma adequação melhor de alguns gêneros como o microconto e aforimos tão usados, em outros suportes, por escritores modernos
como Sérgio Porto, Millor Fernandes e José Simão. A concisão proposta pelo Twitter não é novidade no meio literário. Sérgio Porto revelou, em 12 palavras ou 73 caracteres, o panorama dos chamados “anos dourados” quando questões sexuais eram tratadas com restrições: “Se peito de moça fosse buzina, ninguém dormia nos arredores daquela praça”. A novidade é o que o Twitter permite: transportar para a Internet a concisão literária. Por isso a Internet tem sido um meio de grande relevância e mudança para a divulgação de escritores das novas gerações, assim como dos autores de épocas que os únicos meios de acesso à leitura eram o livro e os jornais. A defesa de uma nova abordagem sobre gênero leva em consideração a necessidade de cada época. A procura atual por leituras mais rápidas, objetivas e concisas foi o
motivo do crescimento de publicações de contos e do surgimento de autores interessados nesse gênero. Com advento da intenet o mercado editorial e autores preocuparam-se em adaptar obras clássicas para o Twitter e abrir uma nova vertente para essa ferramenta: a literária. Ao adaptar essas obras ou propagar a criação de pequenos versos como forma de expressão surge um novo gênero, ainda sem classificação, que não se enquadra nos grandes moldes originais da literatura. Nesse aspecto há 31 anos a autora Cunha (1979, p. 96) já manifestava a necessidade de surgimento de novas formas: “A tendência moderna dos escritores é, cada vez mais, libertar-se das intolerâncias acadêmicas, em rebeldia contra os principios autoritários, em nome de uma originalidade que derruba a ordem preestabelecida e instaura novas modalidades, cada vez mais dificeis de serem classificadas nas fronteiras dos gêneros”.
Enfim, é preciso perceber o twitter como uma proposta criativa e inovadora que pode contrubuir para a produção literária, pois apresenta elementos constitutivos da literatura: a concisão e a critividade. Além disso, conceber essa ferramenta, às vezes, como um gênero literário é admitir uma mudança nos modelos tradicionais dos gêneros literários para acompanhar a expressão literária em outros suportes que não seja o livro impresso. REFERÊNCIAS CUNHA, Helena Parente. Os Gêneros Literários. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 42, p. 93-130. 1979. MOISES, Massaud. A criação literária. São Paulo: Cultrix. 2003. *Graduado em LETRAS pela Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE), Pós-graduando em Revisão de textos (PUC-Minas), Pós-graduando em Ensino de Artes Visuais (UFMG). Professor na rede municipal de Governador Valadares-MG.
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Não fale mais sozinho Simone Aparecida de Souza*
São inúmeras as pessoas que se queixam de alguém que as deixa falando sozinhas ou de quando não têm alguém para conversar e dividir seus pensamentos. Porém, há quem diga que problemas assim já podem ser resolvidos com a ajuda de 140 caracteres, quase uma mensagem de texto de um telefone celular. No Brasil, aproximadamente 66,3 milhões de pessoas já possuem acesso à internet[1] e boa parte delas faz uso de mídias sociais. Uma das mídias mais utilizadas pelos internautas no momento, o Twitter possibilita que algo seja dito em poucas palavras e visto por até 44,5 milhões de pessoas[2], sendo 11,5 milhões brasileiras[3]. No Twitter, o internauta se cadastra criando um perfil em que todos os seus posts estarão relacionados, mas só serão vistos pelos seus seguidores (há também a possibilidade de um post ser visto nas buscas através de uma hashtag, o que não é o foco deste texto). Entre os usuários mais seguidos no Twitter do Brasil estão atores, cantores, jogadores e técnicos de futebol, humoristas e programas de TV[4]. Nos posts do Twitter eles falam sobre suas profissões, o que estão realizando ou pensando naquele momento, matando a curiosidade de fãs e trazendo-os para mais próximo de sua realidade. Mas pessoas anônimas também utilizam essa mídia social, trazendo palavras interessantes ou não. 12
Comentários sobre o dia, sensações ao acordar ou comer algo novo, palavras de conforto e frases enigmáticas fazem parte do repertório de pessoas comuns que estão no microblog. Seria necessário o apoio de alguns conhecimentos e estudos psicológicos para tratar melhor do assunto. Entretanto, é observado, através do uso dos meios digitais, que seus usuários se sentem cada vez mais sozinhos, mesmo estando online simultaneamente com milhões de outras pessoas. Com a inserção do conceito de redes sociais na web, muitas pessoas passaram a criar uma extensa lista de relacionamentos virtuais (fraternos, amorosos, profissionais etc.), que nem sempre não incluem contatos físicos, pessoais. Alguns estudiosos já pesquisam os efeitos desse tipo de comportamento, mas ainda assim pode-se dizer que no Twitter a solidão dessas pessoas de alguma forma é amenizada. Recursos disponíveis no microblog permitem a interação com os autores dos posts através de comentários e respostas. Por exemplo, quando alguém diz através do Twitter que está procurando um programa para uma sexta-feira à noite, provavelmente um dos seus seguidores irá apresentar alguma opção, ou até convidá-lo para um
programa em conjunto. Se alguém disser que está sofrendo por amor, aparecerão vários amigos oferecendo apoio ou curiosos perguntando o que houve. O Twitter é uma ferramenta de comunicação que pode ser usada para muitos fins, de promoção de ideias ao simples fato de noticiar que o dia não está sendo bom, mas definitivamente ele é um território de expressão em que o usuário não está mais sozinho. [1] http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedir ect?temp=5&proj=PortalIBOPE&p ub=T&db=caldb&comp=Noticias &docid=AA70188ED2F6E8F18325 76C70045A089 [2] SPYER, Juliano. Tudo o que você precisa saber sobre o Twitter – um guia prático para pessoas e organizações. [3] Ibidem. [4] http://www.twittertrendingtopics.com/ranking.php
Novas tecnologias e qualificação dos profissionais Simone Campos Alves** O mercado de trabalho vem sofrendo transformações nos processos de modernização e de reestruturação do sistema de produção, com destaque para a introdução das novas tecnologias de informação e comunicação em tais processos. Que atualmente esse mercado exige um profissional cada vez mais qualificado e condicionado ao uso dessas novas tecnologias, já se sabe. O que se torna complexo é a maneira como esses profissionais, tão exigidos, se qualificarão para dominar tais tecnologias. O trabalhador com formação educacional de nível médio, pautado nos processos mecânicos, com conhecimentos básicos em informática e com preparo inadequado para enfrentar as exigências do mercado, já não é o escolhido pelas empresas que vivem um período de desenvolvimento constante e rápido dos processos de modernização tecnológicos. Agora, o que se pede cada vez mais é um profissional com alto nível de instrução, bem qualificado e em constante atualização. As novas demandas profissionais vão além das competências tradicionais, tidas como cognitivas e técnicas, pois a nova forma de trabalho incorpora uma expectativa de envolvimento do trabalhador com o processo de produção.
Essa situação causa profundas mudanças nas relações trabalhador-empresas, pois estas exigem dos funcionários aprimoramento em suas práticas de trabalho, mas, muitas vezes, já não desempenham a função de investidoras e qualificadoras de seus colaboradores. Dessa maneira, a crescente necessidade de capacitação e qualificação do trabalhador na busca por um perfil que objetiva sua valorização pessoal e profissional, passa a ser uma obrigação do mesmo e não da empresa em que trabalha. Assim, o profissional, para se manter atuante no mercado, passa a estudar após sua jornada de trabalho, o que faz com que o mesmo onere gastos em sua formação. E, além de um nível de escolarização mais alto, que sai do básico para o médio e superior, a busca permanente do conhecimento voltada para áreas específicas dos setores tecnológicos se faz necessária. Portanto, as novas ocupações e exigências de qualificações têm demandado dos trabalhadores uma análise acerca de sua postura e especialização, principalmente no que diz respeito ao conhecimento e manuseio das novas tecnologias. A preferência das empresas por trabalhadores mais qualificados e informatizados é marcante no novo contexto social do trabalho, uma vez que esses fatores são exigências do processo produtivo modernizado.
* Simone Aparecida de Souza Comunicóloga, publicitária e pósgraduanda em Revisão de Textos pela PUC Minas. ** Simone Campos Alves Graduada em Letras pela Faminas-Bh, pós-graduanda em Revisão de textos pelo IEC/Puc Minas, professora de língua Portuguesa na rede Estadual de ensino de Minas Gerais.
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O chat como promotor de entrevista
Ida Márcia Mesquiata*
Ao inventar o rádio, David Sarnoff proporcionou à humanidade o primeiro meio de comunicação de massa eletrônico, optando-se pela unilateralidade do fluxo de informação sonora, opondo-se a bilateralidade do telefone e do telégrafo sem fio. Desde a década de 30, com Bertold Brecht1, a lógica unilateral do rádio passou a ser criticada. Segundo ele, era necessário converter o rádio de aparelho de distribuição em aparelho de comunicação. Nas palavras do próprio Brecht se o rádio “conseguisse não apenas se fazer escutar pelo ouvinte, mas também pôr-se em comunicação com ele” ele seria o mais fabuloso meio de comunicação. A proclamada necessidade de comunicação bilateral via rádio tornou-se realidade com o auditório e as cartas ouvintes. Em seguida, se deu com o telefone e o surgimento dos programas phone-in e do formato de programação talk rádio. Mais recentemente, incorporou o uso de fax e, por último, email. 14
Por mais que tenha sido vencida a barreira da unilateralidade, é patente a limitação do rádio como meio de comunicação interativo, pois não há como incorporar a participação de muitos em um único fluxo sonoro. O desejo utópico expresso na fala de Brecht só pôde ser completamente satisfeito, portanto, com o advento da internet. A internet é uma ferramenta atual de comunicação, que permite uma interação em tempo real entre quaisquer partes do globo, e cuja utilização tem sido crescente na sociedade brasileira nos últimos anos. Isso devido à maior presença de computadores em residências, e ao surgimento de cyber-cafés e lan-houses, que resultou na democratização do acesso e em um maior número de usuários da rede. Os programas de entrevistas têm experimentado uma nova relação com esse meio de comunicação. O clássico formato da entrevista vem sendo transformado pelos chats, salas de bate-papo virtuais, através
da participação ativa do público, o qual vê diminuído o seu papel de observador/ouvinte e ampliado o seu poder de intervir na entrevista. A internet, além de promotora, também atua como difusora dessa nova forma de entrevista, seja por meio de texto, áudio ou vídeo. A entrevista com convidados na internet é oferecida pelos servidores comerciais e geralmente possibilita a interação entre internauta e alguma personalidade. Essa modalidade de entrevista é semelhante aos bate-papos disponíveis na Web, com a ressalva de que as perguntas somente são respondidas pelo entrevistador, comportandose, portanto, como uma forma assimétrica de diálogo. De maneira geral é possível distinguir cinco personagens em uma entrevista na internet. São eles: o entrevistado: pessoa que responderá às perguntas dos internautas - geralmente é alguém capaz de transmitir informações do interesse dos participantes; o mediador: pessoa incumbida de selecionar as perguntas a serem encaminhadas para o entrevistado; participantes efetivos: são os que enviam perguntas que são selecionadas pelo mediador; participantes não-efetivos: enviam perguntas, porém essas não são encaminhadas para o entrevistado; participantes observadores: não enviam perguntas, são apenas expectadores da conversação. Os participantes podem inverter seus papéis; assim, um participante observador pode decidir, em determinado momento da entrevista, enviar uma pergunta, por exemplo. Além dessa troca de papéis, é permitido que os participantes entrem ou saiam da sala durante a entrevista.
A entrevista online apresenta vantagens por estar em sintonia com o meio de comunicação mais atual e vigorante da modernidade: a internet. Esse tipo de entrevista é coerente com o comportamento globalizado do homem moderno que preza pela comodidade e que está habituado ao rápido intercâmbio de informação entre várias pessoas que se encontram fisicamente distantes. Em se tratando da comodidade, contribuem para ela o anonimato dos participantes (mediante a utilização de apelidos que preservam a sua identidade) e a facilidade em se juntar ao chat; basta estar conectado à rede. Em contrapartida, o anonimato poderia contribuir para o surgimento de perguntas ino-
portunas e até mesmo ofensivas. Daí a importância do moderador, que evita as chamadas “saias justas” ao avaliar o conteúdo das perguntas, selecionando somente aquelas que ele julgar pertinentes. A informalidade do texto decorre da própria modalidade da entrevista: a linguagem característica da internet é marcada por expressões que favorecem a velocidade da digitação, compostas por símbolos e terminologias consensuais entre os internautas. A interatividade tem sido umas das facetas mais democráticas e revolucionárias da chamada era da informação, sendo a internet o carro-chefe desse processo. A entrevista é uma das formas mais antigas de obter-se conhecimen-
to por meio de uma personalidade. O papel da internet como instrumento de realização da entrevista é uma demonstração de como o meio existe para servir ao fim, devendo, para isso, ser passível de adaptações inerentes às transformações do mundo. 1 BRECHT, Bertolt. Teorias do Rádio (1927-1932). Tradução de Regina Carvalho e Valci Zuculoto. In MEDITSCH, Eduardo (org.) Teorias do Rádio: textos e contextos . Vol. I. p. 35-45. Florianópolis/São Paulo, Insular/Posjor UFSC/Intercom, 2005 *Pós-graduanda em Revisão de Textos – IEC/PUC Minas.
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AS NOVAS TECNOLOGIAS COMO FACILITADORES PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE SUSTENTÁVEL Alex Gabriel da Silva [1]
Débora Maria Pereira da SilvaJúnior [2]
Resumo Questões como o aquecimento global – que, na aurora do século XXI, nada mais são que respostas às atitudes irresponsáveis do ser humano no concernente ao meio-ambiente – tem trazido à baila discussões acerca da urgência de se tentar contornar ou mesmo corrigir o problema do risco que sofre o planeta, ou, melhor dizendo, os habitantes desse planeta. Em suma, o problema é ocasionado pelos avanços tecnológicos e pelo consumismo exacerbado, que intensificam o lançamento de poluentes na atmosfera e aumentam a produ16
ção de lixo, respectivamente. O objetivo do presente trabalho é discutir as novas tecnologias como grandes aliadas da questão da sustentabilidade, ao mesmo tempo em que facilita a vida do homem moderno. Nesse sentido, nos propomos a discorrer acerca de ações sustentáveis ora em desenvolvimento na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Palavras-chave: Sustentabilidade. Tecnologia. Internet. Belo Horizonte.
1. INTRODUÇÃO O uso de novas tecnologias, antes de compreender maior praticidade e conforto para o ser humano, deve apresentar-se como uma possibilidade para se mitigar os efeitos provocados pela ação do homem na natureza. Uma série de iniciativas no mundo mostra, com uma dose de criatividade e muita tecnologia, que a preocupação com o meio ambiente e com ações ecologicamente responsáveis não se trata de uma utopia. A cada dia surgem novidades surpreendentes em se tratando da mescla entre tecnologia e sustentabilidade. Nesse âmbito, podemos mencionar desde uma porta giratória existente na cafeteria Natuurcafé La Porte, na Holanda, que converte a entrada e saída de cada cliente em energia para alimentar as luzes da loja a uma rodovia que gera eletricidade na medida em que os carros circulam sobre ela. Nesse contexto, é válido chegarmos à conclusão de que a inteligência humana é sim, capaz de gerar projetos que façam da
tecnologia uma aliada na luta pela preservação do meio-ambiente. O imediatismo e o afã pela praticidade que perpassam a sociedade atual, todavia, persistem como empecilhos para que a sustentabilidade deixe de resumir-se a ações isoladas, passando a ser uma prática social comum.
prazo, consciência de que nossas relações sociais e nosso estilo de vida impactam diretamente a realidade à nossa volta - e que devemos ter solidariedade com nossos descendentes, conforme define o Relatório Brundtland, documento intitulado “Nosso Futuro Comum”, publicado em 1987.
O presente estudo, portanto, objetiva discorrer acerca dos tantos recursos disponíveis na web que, quando usufruídos, evitam práticas danosas ao meio-ambiente, enfatizando aqui o gasto exacerbado de papel. Discorreremos também acerca de algumas ações realizadas na cidade de Belo Horizonte de modo a mesclar tecnologia e sustentabilidade.
Elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, o relatório faz parte de uma série de iniciativas, anteriores à Agenda 21[3], as quais reafirmam uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, e que ressaltam os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar a capacidade de suporte dos ecossistemas. O relatório aponta para a incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo vigentes.
2. NOVAS TECNOLOGIAS E SUSTENTABILIDADE 2.1. Conceituando sustentabilidade Sustentabilidade é um tema em construção, uma vez que, há muito que aprender a respeito, principalmente porque, de certa forma, o termo ganha uma conotação diferente na medida em que ocorrências agravantes surgem no tocante ao meio-ambiente. A princípio, é válido apresentarmos o conceito de sustentabilidade apresentando-a como algo relacionado a atos de nosso cotidiano. Desde estilo de vida e consumo de cada um de nós, até a forma como lidamos ou deixamos de lidar com o lixo que produzimos. Tem a ver com a maneira como usamos os recursos e energias disponíveis. Tem muito a ver com nossa atitude em cada momento de nossas vidas. Para agir de forma sustentável devemos ter visão de longo
Mais evidentemente no século XXI, a sustentabilidade apresentase como uma proposta de se estruturar a civilização e atividade humanas, de modo que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente, e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejando e agindo de forma a atingir pró-eficiência na manutenção indefinida desses ideais. 2.2. Conceituando novas tecnologias O termo “novas tecnologias” é bem abrangente, e, porque não, subjetivo, já que o “novo” pode ser diferente para cada olhar. Atualmente nos surpreendemos a cada
instante com novidades tecnológicas cada vez mais interessantes, futurísticas e envolventes. No entanto, para algumas pessoas, o aparelho televisor é algo fascinante. Para outros um celular acoplado ao relógio é a novidade. Trataremos nesse artigo, porém, do conceito mais histórico a respeito dessas novas tecnologias. As Novas Tecnologias de Informação e Comunicação surgiram no contexto da Revolução Informacional, “Revolução Telemática” ou Terceira Revolução Industrial como métodos para comunicação. Foram desenvolvidas de maneira gradativa desde a segunda metade da década de 1970 e, especialmente nos anos 1190. O objetivo da maioria dessas tecnologias era, e ainda é, agilizar o conteúdo da comunicação por meio da digitalização e da comunicação em redes para a captação, transmissão e distribuição das informações – texto, imagem, vídeo e áudio. Em suma, essas tecnologias estão associadas à interatividade entre todos que a utilizam. Enquanto na TV a informação é repassada de um para todos, na internet, por exemplo, as informações são acessadas por todos e enviadas por todos. Nesse sentido, muitas tecnologias são questionadas por sua inclusão no conceito de novas tecnologias da informação e comunicação, ou apenas novos modelos de tecnologias antigas. Para não haver dúvidas, é razoável afirmar que as novas tecnologias, relacionadas a uma revolução informacional, oferecem uma infraestrutura comunicacional que permite a interação em rede de seus integrantes. Numa rede, no entanto, geralmente são descartados modelos em que haja uma 17
produção unilateral das informações que serão somente repassadas aos outros terminais de acesso. Este modelo é considerado reativo e não interativo e aparece mesmo na internet, disponibilizados pelos conhecidos portais, e agências midiáticas que disponibilizam suas informações e serviços pela Internet tão somente. 2.3. O uso estratégico das novas ferramentas web para uma vida sustentável A revolução provocada pelo desenvolvimento de novas tecnologias neste final de século vem atingindo em cheio diversas profissões. Algumas desapareceram, outras surgiram e a grande maioria sofreu algum tipo de transformação nestes tempos de tecnologia digital. Mudanças tecnológicas fazem cada dia mais diferença em diversas carreiras e são muitos os benefícios para as profissões. Façamos algumas considerações sobre a seguir. 2.3.1 O Google Docs: praticidade no trabalho e sustentabilidade O Google Docs[4], por exemplo, ferramenta do Google para processamento de textos, está se tornando bastante popular entre usuários corporativos. Um dos serviços disponibilizados pela ferramenta é a criação de formulário. É sabido que grandes empresas criam, em sua plataforma, o seu sistema próprio para inscrição em eventos, cursos e afins. Pequenas empresas, no entanto – ou mesmo grandes empresas com tecnologia menos desenvolvida – valem-se de grande quantidade de folhas A4 para proceder com inscrições para suas atividades. Essas empresas desconhecem, contudo, que todo o procedimento empresarial 18
– tal como inscrições e cadastramento de funcionários – pode ser facilmente realizado através do Google Docs. Suponhamos, por exemplo, que uma empresa esteja promovendo um ciclo de palestras. Essa instituição pode criar um formulário no Google Docs, sendo que, concluída a criação do formulário – que permite criação de várias janelas e personalização de layout – o Google fornecerá um link para acesso ao formulário. Este é o link a ser divulgado via e-mail ou através de um blog ou site que a empresa possa ter, preferencialmente junto de uma peça de divulgação virtual, a qual afastaria a necessidade de uma vasta quantidade de folders impressos. Assim, após acessar o link e realizar a inscrição na atividade, o administrador receberá no email inicialmente escolhido a ficha de inscrição do interessado. A ferramenta oferece ainda a possibilidade de se gerar uma planilha com todos os dados necessários
ao acompanhamento, tais como quantidade de inscritos, percentual de inscritos em cada palestra etc. Tem-se, ainda, a possibilidade de geração de gráfico. Tudo isso numa interface semelhante a do Micrososft Excel. Outro contexto em que se pode utilizar o Google Docs como forma de evitar-se o gasto exacerbado de papel é o da sala de aula. Documentos, planilhas, desenhos e apresentações na web podem ser disponibilizados nesse sistema de modo que os usuários possam editar o mesmo arquivo ao mesmo tempo, permitindo que todos tenham sempre a versão mais recente. Não se trata apenas da disponibilização do arquivo para download na internet, mas de uma ferramenta de edição de textos semelhante ao Microsoft Word. O aluno poderia, por exemplo, disponibilizar o seu texto no Google Docs, compartilhando-o com o endereço de e-mail do professor. Esse, por sua vez, acessaria o ar-
quivo – estando este disponível apenas para ele, sem possibilidade de que internautas tenham acesso ao mesmo para fins escusos – e faria nele as devidas alterações, sinalizações etc. As planilhas possuem uma janela de bate-papo na tela, e as revisões de documentos mostram exatamente quem alterou o quê e quando.
conceituadas no ramo da publicação e venda de e-books. A primeira, objetivando o livre acesso à leitura e à produção de conhecimento, a Plus trata-se de uma editora sem fins lucrativos, publicando livros exclusivamente como e-books e disponibilizando-os gratuitamente para download em seu portal. Trabalho parecido é desenvolvido pela E-books Maytê, pioneira no Se pensarmos, por exemplo, na lançamento de e-books em forquantidade de versões impressas mato livro aberto com ilustração e de uma monografia que são troefeitos de animação. cadas entre aluno e professor, notamos de imediato o quão prático Podemos ver, portanto, que livros é o sistema, além de benéfico para podem ser lidos, adquiridos pela o meio-ambiente. Para compreen- Internet de forma ética. Pode-se der isso, basta que façamos uma comprar e-books pela internet e estimativa da quantidade de pa- até mesmo baixar grandes cláspel a ser economizado caso alunos sicos através do site Domínio e professores de escolas e grandes Público[7], que tem em seu acervo universidades adotassem o Goo- virtual clássicos da Literatura Brasigle Docs como ferramenta para leira, e uma infinidade de arquivos troca de textos. em formato texto, imagem, áudio ou vídeo concernente a todas as 2.3.2. E-books: incentivo à áreas do conhecimento. Trata-se leitura sustentável de uma iniciativa governamental, Outra atitude sustentável tem sido objetivando compartilhar conhea criação de editoras de e-books, cimentos sem ferir direitos autotais como a Editora Plus[5] e a E- rais, colocando à disposição dos books Maytê[6], que já consolida- internautas uma espécie de biblioram-se no mercado como editoras teca virtual, que pretende-se re-
ferência para professores, alunos, pesquisadores e para a população em geral. 2.3.3. Outras ações sustentáveis no âmbito tecnológico A redução do gasto de papel dáse ainda através de ações como o Projeto da Nota Fiscal Eletrônica (NF-e)[8]. Coordenado pelo ENCAT (Encontro Nacional dos Administradores e Coordenadores Tributários Estaduais) e desenvolvido em parceria com a Receita Federal, o projeto tem como finalidade a alteração da atual emissão da nota fiscal em papel, por nota fiscal eletrônica com validade jurídica para todos os fins. Outra ação interessante – embora ainda vista com certa resistência – é a emissão de certidões digitais, sendo o Cartório 24 Horas[9] o principal portal a oferecer este serviço. Nem todos, porém, podem ainda usufruir do serviço, uma vez que isso depende de que o cartório de registro do interessado haja se cadastrado no portal. Tem-se como tendência, todavia, que o serviço seja globalmente utilizado num futuro próximo. Outras considerações que se pode fazer acerca da redução do gasto de papel através de uma sábia utilização da internet giram em torno, por exemplo, da adoção, pelas empresas, de currículo via e-mail ou através de sistema próprio para cadastramento. Contratos são aderidos pela internet com valor jurídico. Nem mesmo o gênero carta morre com o advento da internet. Pode-se, se desejar, valer-se do email para o envio de textos desse gênero, o que, certamente, gera uma calorosa discussão acerca da suposta distinção entre o gênero carta e o gênero e-mail. Até car19
tões virtuais são comumente trocados em ocasião de aniversários e datas comemorativas. Vale ressaltarmos, no entanto, que se há uma ação via internet talvez superior a todas as mencionadas, esta ação é o uso da internet para conscientização das pessoas, via internet, em relação às atitudes que devem ser tomadas diariamente para preservação do meio ambiente. Exemplo disso é o americano Mike Lieberman, que posta todos os dias, dicas ecossustentáveis. O lema, “Uma atitude sustentável por dia, durante o ano inteiro”[10], chama atenção de milhares de pessoas. As dicas são obvias, como decidir o que vai comer antes de abrir a geladeira ou não jogar lixo na privada, mas são muito importantes para conscientizar as pessoas a respeito do trato com o meio ambiente.
3.PROJETOS E AÇÕES SUSTENTÁVEIS NA CIDADE DE BELO HORIZONTE, EM MINAS GERAIS 3.1. Problemas ambientais em Belo Horizonte A cidade de Belo Horizonte passou por profundas transformações estruturais e hoje se configura como cidade-grande. Porém, na medida em que a população cresce sem infraestrutura adequada e sem planejamento, aspectos como saneamento básico e coleta de lixo ficam comprometidos e acabam 20
gerando sérios problemas ambientais. Estes problemas, porém, são apenas exemplos de uma vasta rede de aspectos que degradam o ambiente e comprometem a vida da população belorizontina. Além do problema com o lixo, BH tem hoje altos índices de poluição do ar em decorrência do aumento de veículos. Mas não é apenas o problema estrutural responsável pela poluição de Belo Horizonte. A falta de conscientização do belorizontino em relação ao meio ambiente, principalmente com o tratamento dado ao lixo, é lamentável. A quantidade de lixo nas ruas, nas sarjetas, nas calçadas é impressionante. Há lixeiras pela cidade, mas não são suficientes para comportar a quantidade de resíduos da população, porque são muito pequenas e servem para depositar todos os tipos de resíduos – papel, plástico, metal, vidro e lixo orgânico. A coleta seletiva funciona bem em bairros da classe alta da cidade, como Cidade Jardim, Savassi e Mangabeiras, por exemplo, mas não é aplicada em outras regiões da cidade. Em setembro de 2005 foi discutida no Seminário Legislativo “Lixo e Cidadania – políticas públicas para uma sociedade sustentável” a questão do problema do lixo na cidade de Belo Horizonte. Na ocasião foi ressaltado pela vice-presidente da Associação de Engenharia Sanitária (Abes), Maeli Estrela Borges, que Belo Horizonte “não dispõe de áreas para instalar um
aterro sanitário” e que “alternativas como incineração e compostagem são caras e inviáveis”. Em uma cidade onde há a discussão sobre políticas públicas para uma sociedade sustentável, dizer que determinadas “alternativas” são caras e inviáveis não nos parece, a princípio, coerente. O problema poderia ser sanado se houvesse uma política de conscientização mais rígida e bem afirmada em nossa sociedade. O problema maior não é a produção exacerbada de lixo, mas a forma como o tratamos. Além da questão do lixo, outro problema ambiental da cidade de Belo Horizonte é a má qualidade do ar. Foi realizada uma pesquisa sobre a qualidade do ar da cidade de BH pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade de Minas Gerais (UFMG). Os dados mostraram que a concentração de poluentes está muito acima do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O nível aceitável é de 10mg/m3 de partículas ultrafinas de poluição e a capital apresenta o dobro do recomendado. Esse é outro problema que depende de conscientização e políticas sustentáveis mais enérgicas. Diante disso, ambientalistas, pesquisadores e pessoas preocupadas em construir uma sociedade sustentável, não só em Belo Horizonte como em todo o mundo, unem-se em projetos e ações sustentáveis valendo-se de novas tecnologias para isso. 3.2. Projetos e ações sustentáveis em Belo Horizonte A proposta a seguir é apresentar alguns projetos e ações realizados na cidade de Belo Horizonte que
se utiliza de novas tecnologias a favor da construção de uma sociedade sustentável. Quando pensamos em tecnologia aliada a sustentabilidade, logo imaginamos carros elétricos, reciclagem de lixo, fontes de energia limpa, etc. Porém, uma sociedade sustentável se constrói primeiramente na conscientização das pessoas. Sendo assim, o ambiente virtual tem sido forte aliado na construção dessa sociedade preocupada em realizar ações cada vez mais sustentáveis. Alguns recursos digitais são diretamente ligados à sustentabilidade. Outros fazem um trabalho indireto, porém, indispensável. É o caso do Banco Real, que lançou um curso on-line sobre sustentabilidade. O objetivo desse curso é compartilhar com a sociedade experiências acumuladas pela instituição desde o ano de 2000 sobre ações sustentáveis nas grandes corporações, uso racional da energia, dentre outros. Além disso, a internet é o principal veículo para disseminar informações como essa. Apresentamos a seguir evento que acontecerá em Belo Horizonte sobre tecnologia digital a serviço da sustentabilidade e o 3.2.1. Tratamento Digital para o Excesso de papeis nas Corporações Sustentáveis Será realizado em junho de 2010, na cidade de Belo Horizonte, o Seminário sobre o tratamento digital para o excesso de papeis nas corporações sustentáveis. Trata-se de discutir a implantação de uma gestão eletrônica de documentos, o GED com o propósito de diminuir a utilização de grande quantidade de papel nas empresas e
assim salvar milhões de árvores. A tecnologia GED não é tão nova assim, já que data de 1990. A novidade fica por conta da tecnologia ECM – Enterprise Content Managent – datado de 2005. A diferença entre os dois é que o GED é um programa de computador que arquiva documentos, enquanto que a tecnologia ECM abrange toda a empresa, dede a biblioteca até a simples guarda de documentos. O ECM cuida do conteúdo corporativo, ou seja, 80% da informação que normalmente está dispersa pela empresa, guardada em discos internos de laptops ou servidores. Esse conteúdo e tratado de forma modular, aberto, que usa padrões XML, interface web, escritos em Java e que suportam qualquer coisa, desde câmeras de vídeo firewire até dispositivos de reconhecimento de voz USB. E esse é o grande diferencial, pois a gestão de documentos é feita de maneira virtual, ou seja, não ocupa um espaço físico, sendo, portanto ilimitada. Em Belo Horizonte, o evento irá tratar especificamente sobre o uso dessa tecnologia em prol do Verde Sustentável, ou seja, da eficácia desse procedimento em favor do reflorestamento e da diminuição da produção de papel. Além disso, apresentará as novas tecnologias de digitalização e microfilme aliadas na gestão de acervos de documentos, como por exemplo, registros antigos e de maior importância. Essa tecnologia aplicada ao consumo de papel é sustentável e resolve parte do problema, do lixo, por exemplo, além de evitar que milhões de árvores sejam derrubadas para a fabricação de papel.
3.2.2. Registro Público de Emissões de Gases de Efeito Estufa A partir de 2010 os empreendedores do Estado de Minas Gerais poderão registrar em ambiente virtual a emissão de Gases de Efeito Estufa. O programa é uma iniciativa governamental aliada à Fundação de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (FEAM) e tem como objetivo “promover ações para a gestão voluntária de emissões de gases de efeito estufa”. Os participantes poderão registrar as emissões através de uma plataforma online elaborada pela FEAM, em parceria com a Universidade Federal de Lavras. A tecnologia é baseada em uma metodologia mundialmente aceita – Greenhouse Gas Protocol (GHG Protocol) desenvolvida pelo World Resources Institute (WRI) e pelo World Business Concil for Sustainable Development (WBCSD). Essa tecnologia digital permitirá além de registros futuros, a criação de um banco de dados de emissões relativas a anos anteriores conforme informações cedidas pelos empreendedores. Além disso, os índices poderão ser acessados pela plataforma on line na página eletrônica da Feam. Dessa forma, o empreendedor poderá calcular e monitorar as emissões de gases de efeito estufa sem a necessidade do envio de documentos oficiais para registro no BDA. 3.2.3. Conscientizar é preciso Insistir na educação das pessoas em relação ao tratamento dado ao meio ambiente é tão importante quanto utilizar-se de novas tecnologias para a construção de uma sociedade sustentável. Que lugar melhor para isso do que a escola. 21
Em Belo Horizonte tem crescido o número de escolas que adotam projetos voltados para a conscientização de seus alunos no que diz respeito a uma atitude sustentável. Exemplo disso é a “Escola Ecossustentável” desenvolvida pela rede SESI de Educação. Trata-se de uma ação pedagógica aliada a construção de valores afim de proporcionar mudanças de atitudes que proporcionam melhor qualidade de vida. Os alunos envolvidos criam cartazes de conscientização para serem afixados nas escolas da rede, fazem vídeos institucionais e mantêm o blog onde todas as ações podem ser consultadas e seguidas por quem queira desenvolver o mesmo trabalho. Alem desse projeto, a rede Fiemg desenvolve eletronicamente a Bolsa de Recicláveis. Trata-se de um serviço gratuito que tem como objetivo promover o intercambio de resíduos sobre oferta, procura, doação e troca de resíduos.
4. CONCLUSÃO Como vimos, a construção de uma sociedade sustentável pode se fazer a partir da boa utilização dos recursos tecnológicos. Sabemos que no passado essa inteligência foi usada de forma a prejudicar as pessoas e, consequentemente, o planeta. E é correto afirmarmos que, não raro, os avanços tecnológicos ocorrem ainda de forma irresponsável para com o meio ambiente. Urge, portanto, que utilizemos isso a favor das pessoas, para o bem do planeta, ganhando ainda praticidade e conforto em nossas atividades. É uma atitude sustentável nos beneficiando em todos os aspectos.
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5. REFERÊNCIAS PLANETA SUSTENTÁVEL. Disponível em <http://planetasustentavel. abril.com.br/>. Acesso em: 28 mai. 2010.
Alternativos do Bairro Floramar e Adjacências (GREAMAR), como professora voluntária. Contato: deborasilvax@gmail.com.
PORTAL DA SUSTENTABILIDADE. Disponível em <http://www.sustentabilidade.org.br/>. Acesso em: 15 mai. 2010.
[3] A Agenda 21 foi um dos principais resultados da conferência Eco-92 ou Rio-92, ocorrida no Rio de Janeiro, Brasil, em 1992. É um documento que estabeleceu a importância de cada país a se comprometer a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não-governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais.
PORTAL EDUCAÇÃO E SITES ASSOCIADOS. Curso de Práticas de Sustentabilidade. São Paulo: EAD – Educação à Distância. Parceria entre Portal Educação e Sites Associados. [1] Pós-graduando em Revisão de Textos pelo Instituto de Educação Continuada da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, graduado em Letras pela PUC Minas. Atuante na área de apoio gerencial no Núcleo de Apoio à Inclusão do Aluno Com Necessidades Educacionais Especiais da PUC Minas e professor voluntário de Língua Portuguesa no Projeto Universidade à Vista, da Associação Pré-UFMG. Contato: alex.letras@ gmail.com. [2] Pós-graduanda em Revisão de Textos pelo Instituto de Educação Continuada da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, graduada em Letras pela PUC Minas. Professora de Língua Portuguesa pelo Serviço Social da Indústria (SESI), como professora contratada, e do Grupo de Estudos
[4] Consultar http://www.google. com/google-d-s/intl/pt-BR/tour1. html. [5] Site da Editora Plus: http://editoraplus.org/. [6] Site da E-books Maytê: http:// www.ebmayte.com/. [7] Site do Domínio Público: http:// www.dominiopublico.gov.br/ [8] Site do Portal Nacional da Nota Fiscal Eletrônica: http://www.nfe. fazenda.gov.br/ [9] Site do Cartório 24 Horas: http:// www.cartorio24horas.com.br/ [10] Tradução para 365 Ways to Go Green. Endereço do blog: http:// www.365waystogogreen.com/
INTERNET
SEM CONFETE por TELÊMACO A Internet, em 2010, não é nenhuma novidade. Em 2000 já não era. Com toda certeza, o telescópio de Galileu foi um invento que trouxe mais conseqüências e mudanças nas relações sociais e nas questões éticas de seu tempo que a Internet do século vinte. Classificada como hipertexto, é uma ferramenta que amplia o uso da linguagem. Por interferir diretamente nos símbolos da comunicação social é que seu impacto é grande. Por tratar da linguagem. Os perigos e os benefícios vêm daí. Nos anos sessenta a ida do homem à lua foi assistida com poucas horas de atraso pela TV. No ano
passado foram encontrados em Marte (mais exatamente nos asteróides próximos ao planeta) os metais preciosos que não foram achados na lua. A internet não é a campeã na redução de distâncias, nem em sofisticação tecnológica, se comparada a outros avanços científicos. É sabido que novas tecnologias podem implicar perigos para a sociedade. No caso da rede de computadores, os danos são os que podem advir do mau uso da linguagem. Ciências como a genética ou a nanotecnologia – e como se chama a ciência que desenvolve armas? – são potencialmente muito mais nocivas.
Nem é o seu alcance global que faz da internet a bola da vez. A História é uma sequência de episódios de globalização, já houve várias antes da atual. Sabe-se que a origem da rede de computadores é militar. Mas não é isso que faz dela um instrumento de poder. Há um programa de TV exibido pelo canal Brasil (TV por assinatura), em que Ferreira Gullar – ou outro de sua geração – comenta o exílio de Gilberto Gil e Caetano Veloso pela ditadura militar. Por que eles, tão dóceis, quando havia tantos militantes de esquerda aparentemente mais perigosos e agressivos? A resposta é precisa: 23
É que quem lidera a criação ou a transformação de uma linguagem é mais perigoso do que quem pega em armas. Vindo da esquerda intelectual européia, o sociólogo Manuel Castells acredita que há, em processo, uma revolução centrada no uso e aplicação na tecnologia da informação, que altera as bases materiais da sociedade. Altera-se, através da tecnologia, o modo de produção e também as relações sociais, os sistemas políticos e os sistemas de valores. Sim, mas a linguagem segue seus próprios processos. Para além da tecnologia. Como fica o Estado – e seu poder - na gerência desse processo informático generalizado? Tentando se adaptar e se impor. E também a mídia. Conformando-se ao poder que é da própria linguagem. Citando o filósofo paulista – USP – Renato Janine Ribeiro (renatojanine.pro.br), parlamento e mídia são os poderes – econômico e político - que mais se utilizam da linguagem. As características do uso da linguagem como poder são as mesmas, na web ou fora dela. A jornalista Eliane Brum publicou na revista Época, de 16/11/2009 um artigo, “A era dos adultos infan-
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tilizados”. A existência de profissionais do tipo personal demonstra a dificuldade das pessoas de cuidarem de si mesmas. Concluindo o artigo, ironiza BRUM: seria necessário haver um think coach, um profissional encarregado de treinar a mente, evitando os vícios mentais derivados dos equívocos culturais. A expressão, porém, é perfeita para as técnicas de exercício de poder através da linguagem próprias da mídia e do parlamento, que são nossos think coach compulsórios. Técnicas como: o uso do imperativo: vote, compre, escolha, prefira, faça; o uso insistente do pronome você, que faz o discurso parecer uma arma apontada; o emprego de frases universais, verdades sem resposta. “Verdades” são ditas em tom solene por personagens com expressão de autoridade, ordens são dadas pela voz sedutora de uma mulher. A consciência do interlocutor é submetida a estímulos não só constantes, mas repetitivos. A opção lingüística da classe poderosa é cansativa e constrangedora. A mensagem é sempre a da relação de poder: quem manda, quem aponta, quem diz a verdade está em posição de fazê-lo: o locutor é mais, está acima, pode mais, que o alocutário ouvinte/leitor.
O contexto da rede mundial de computadores é o da sociedade de classes à qual pertence, incluindo seu conteúdo. É uma ferramenta que se pretende universal, que alcança tudo. Sua técnicas lingüísticas já indicam sua posição “superior” em relação a seu usuário interlocutor. Navega-se seguindo ordens, mesmo tendo os computadores de hoje “evoluído” ao usar os verbos no infinitivo em seus comandos, e menos verbos no imperativo. O usuário é obrigado a desviar dos estímulos de propaganda para acessar o que for de seu interesse, como num supermercado com sua profusão de ofertas e promoções. A todo momento, o usuário encontra um “você”, convocando-o a gastar, na melhor das hipóteses, só o tempo. Tanto quanto o avião a jato a jato ou a máquina de lavar roupa, a internet é maravilhosa. Para ouvir estações de rádio européias, para matar a saudade de cidades conhecidas, para estudar e consultar enciclopédias e dicionários. Como um shopping, é também desgastante e cansativa. E tem a função ideológica de se fazer obedecer. Assim como a mídia e o parlamento.
YouTube: Espaço de Criação, Interação e Compartilhamento Flávia Gomes Vieira*
Ao transportar a TV para a tela de um computador onde o telespectador pode criar seus próprios vídeos e compartilhá-los em um espaço maior do que sua própria tela de TV, faz do YouTube um dos sites de difusão e compartilhamento de vídeos online mais procurados e acessados pelos usuários da web. Estes acessos não se fazem sem razão, pois a real motivação para o embasamento do fenômeno YouTube pode ser encontrado na possibilidade da liberdade de expressão. Além de permitir aos usuários projetarem-se em mídia eletrônica que remetem à própria TV, transmitindo a si mesmos, em concordância com o Slogan do site: Brodcast Yourself. Fundado em fevereiro de 2005, o YouTube é um site de difusão e compartilhamento de arquivos áudio visuais que se baseia na participação dos internautas como provedores de conteúdo. Criado por três programadores (Chad Hurley, Steve Chen, Jawed Karim) e comprado pela empresa Google pela quantia de US$1,65 bilhão em ações, tornou-se um sucesso a ser considerado pela revista Time em 2006, como a “Invenção do ano”. A grande novidade apresentada pelo site seria a possibilidade de visualizar vídeos online, sem que o internauta tenha a necessidade de fazer download do arquivo. Outra
característica atraente é a possibilidade de postar vídeos caseiros, filmes e trabalhos gráficos pessoais e compartilhá-los. Desta forma, ao ser criado o espaço de compartilhamento para quaisquer vídeos, os quais são divulgados no próprio site gratuitamente, permite aos usuários manifestarem suas criações, críticas, ideologias e etc.. Entretanto, seja transmitindo-se ou transmitindo algo, o usuário promove uma intervenção criativa, compartilhada em que se posiciona politicamente mesmo que implicitamente boicotando os meios de comunicação tradicionais ou “legais”. Se o internauta quiser criticar o governo do seu país divulgando sua opinião, ele pode. Esta atitude promove um novo comportamento ativista e nem tanto passivo como normalmente é para a maioria dos sites. Neste caso, o telespectador passa a ser mais ator do que espectador. Permitindo então, ao usuário a interação com várias mídias, além da projeção de sua imagem, do seu trabalho, crenças entre tantos outros aspectos. Obviamente o assunto não é tão simplista como parece, o YouTube vem sofrendo problemas judiciais quanto aos direitos autorais. Embora possuam uma equipe de monitoramento de conteúdos
pornográficos, ainda assim é pouco para monitorar os 100 milhões de vídeos postados diariamente. Porém a censura na internet ainda é algo a ser melhorado e merecedor de projetos de lei para inibir tais práticas. Enfim, o site é um meio intervencionista de exposição midiática que proporciona e potencializa a criação, a interação e o compartilhamento de vídeos de várias ideologias, e consequentemente, ajuda a diminuir a audiência de meios tradicionais de comunicação como a TV, por exemplo. Ainda assim, permite ao telespectador assumir uma atitude mais ativa do que passiva diante do ciberespaço, através de sua manifestação pública, seja em forma de denúncia, ironia, ou ideologia abrindo espaço para a almejada liberdade de expressão. O mais interessante nesse comportamento seria a grande possibilidade de interação entre outras mídias o que gera a explosão de acessos do site YouTube com repercussão internacional.
* Pós Graduanda em Revisão de Textos pela PUC Minas
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A chegada da internet trouxe novas perspectivas para o jornalismo, ao possibilitar novas formas de se tratar a informação. O novo meio pode ser caracterizado por aspectos que o distinguem dos tradicionais, segundo o pesquisador J.B Pinho:
ENCONTRO DE GERAÇÕES
co-criação de conteúdo online
Consideramos livro, jornal, revista, tablóides, imprensa, internet, telefone, televisão, entre outros, como os atuais meios de comunicação. O termo adquiriu relevância e importância, firmando-se como corpo de transmissão de idéias, de filosofia e de ensinamentos com o surgimento da comunicação a longa distância mediante a tecnologia - ou a telecomunicação. A telegrafia foi o primeiro meio de comunicação verdadeiramente moderno, permitindo a comunicação rápida e o encurtamento das distâncias. Posteriormente, chegaram a telefonia, o rádio, a televisão, a transmissão por cabo e satélite e, mais recentemente, a Internet. A rede mundial de computadores surgiu em plena guerra fria entre dois grandes blocos militares: a OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte e o Pacto de Varsóvia, e em meio à corrida espacial, à queda do muro de Berlim e à caça às bruxas (Estados Unidos lidera uma forte política de combate ao comunismo em seu território e no mundo). 26
Nas décadas de 1970 e 1980, além de ser utilizada para fins militares, a Internet foi um importante meio de comunicação acadêmico. Estudantes e professores universitários, principalmente nos Estados Unidos, trocavam idéias, mensagens e descobertas pelas linhas da rede mundial. O que hoje se tornou prática pelo mundo afora. A partir de 1990 a Internet tornou-se popular, crescendo em ritmo acelerado. Acredita-se que a Internet é a maior criação tecnológica depois da invenção da televisão na década de 1950. A partir de 1995, surgiu a oportunidade para que usuários fora de instituições acadêmicas também obtivessem acesso à Internet. Desde então, o número de computadores brasileiros em conexão com a Internet só tem aumentado. Aumenta, a cada dia e, assustadoramente, o fascínio pelo mundo virtual, não só pelas crianças, pelos adolescentes, como também pelos adultos e até mesmo por aqueles que vivenciaram o surgimento do rádio no Brasil.
- Não-linearidade: diferentemente do texto impresso, lido sempre da esquerda para a direita, na internet a informação se encontra em todos os espaços com o hipertexto. Através dele, o leitor é enviado a conteúdos relacionados a partir de palavras do texto: “A principal característica do hipertexto é a sua maneira natural de processar informação, funcionando como de uma maneira parecida com a mente humana” (PINHO, 2003, p.50). - Fisiologia: o olho humano pisca menos ao ler na tela do computador do que quando está com a vista relaxada. Isso pode gerar menos disposição para leituras longas, o que requer textos mais curtos e objetivos na internet. - Instantaneidade: a internet pode transmitir os fatos no mesmo momento em que acontecem. A televisão e o rádio também têm essa característica, com a diferença de que a web tem mais condições de cobertura em torno do mundo dadas as suas facilidades. Contudo, a velocidade das informações pode gerar notícias mal apuradas ou até mesmo boatos. - Dirigibilidade: segundo esse autor, a internet pode dirigir as informações para o público sem qualquer mediação, por causa do grande espaço que possui. Não haveria necessidade de decidir o que entra e o que não entra.
Custo de produção e de veiculação: com relação a televisão e mídia impressa, os custos da internet são mais baixos. Excetuando os investimentos iniciais em equipamentos e programas, a veiculação de uma notícia não exige custos elevados. Interatividade: o internauta pode discutir na internet temas, expor suas opiniões. - Acessibilidade: um site está com seu conteúdo disponível 24 horas por dia, ninguém precisa interromper suas atividades para acompanhar algum noticiário, ele estará disponível para acesso em outros horários. - Receptor Ativo: o receptor tem o direito de escolher o que quer ver, ouvir, ler. Ao contrário dos meios tradicionais em que a informação o procura, na internet ele busca o que mais lhe interessa. A principal dificuldade para mergulhar na internet encontrase justamente em adaptar-se às demandas e necessidades desse novo meio: redefinir o olhar para uma leitura não linear, compreender a linguagem própria das ferramentas de acesso e se tornar um receptor ativo são obstáculos para aqueles que foram formados pelas outras tecnologias. Por outro lado, ao convergir vários meios em si, a internet procura encontrar uma linguagem compartilhada pelo maior número de pessoas e que, ainda, possa envolver vários atores, de diferentes formações, cultura e gerações, em sua co-criação. Graças a essa poderosa tecnologia podemos então, ver, ou-
vir e seguir, em tempo real, tudo aquilo que as pessoas, e não mais somente as organizações midiáticas, ao redor do mundo desejam compartilhar. Esse material engloba uma parcela cada vez maior dos acontecimentos, reflexões e conhecimentos produzidos. Para isso, estão a serviço das pessoas: blogs, microblogs, twitter, podcast, videocast, feeds, digg, youtube, msn, facebook, badoo, google, googledocs, facebook, entre outros. A web (rede), em sua forma comercial, surgiu como uma plataforma de compartilhamento de conteúdo à distância. Em pouco tempo, o uso que se fez dessa plataforma promoveu sua evolução para algo mais abrangente, absorvendo o conceito de “colaboração”. Nesse contexto a web 2.0 é nomeada, e passa a institucionalizar a descentralização própria da internet, com ferramentas que permitam a co-construção do conteúdo (redes sociais, blogs, sites wikis). Agora, já entramos em mais uma era da web, chamada web 3.0, em que, além do conteúdo, também os aplicativos estão “na rede”, ou, como também é chamado, numa “nuvem”, em servidores compartilhados via internet. Outro avanço próprio dessa fase é a possibilidade do usuário customizar suas aplicações para que se adéqüem a suas necessidades. Assim, não apenas o conteúdo é gerado de forma colaborativa, mas as ferramentas para gerar conteúdo são evoluídas dessa forma. Os aplicativos encontram na rede sua plataforma de funcionamento, estabelecendo a dependência desse meio para que funcionem plenamente.
Com o avanço da tecnologia e o surgimento de novas ferramentas, a interlocução entre sujeitos diversos acontece de forma instantânea. Vale dizer que, no caso da Internet, um dialeto próprio se impôs, sendo característica de cada tribo sua maneira de se expressar. Quem sabe, para o futuro, as terminologias usadas na Internet se consagrem e se tornam oficiais? Isso é possível e pode acontecer em um tempo cada vez menor graças à capacidade da rede de, mais do que proporcionar o encontro de pessoas pela distância sublimada, também estabelecer o diálogo entre diferentes gerações como nenhum outro meio já foi capaz. Referências Bibliográficas: DIZARD, JR, Wilson. A nova mídia: A comunicação de massa na era da informação. Tradução de Antônio Quiroga e Edmond Jorge. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. PINHO, J.B. Jornalismo na Internet: planejamento e produção da informação on-line. São Paulo: Summus, 2003.
* Maria Tereza Novo Dias: graduada em Comunicação Social, habilitação Jornalismo em 2008 pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). ** José Serve Machado: psicólogo - PUC Minas/ Pós-graduação em Administração de Recursos Humanos - UNA 27
Novas tecnologias: “decifra-me ou te devoro” Cláudia Helena Santos Rezende* Maria Lúcia de Sousa Pires**
Existem diferentes reações diante das novas tecnologias de comunicação. Elas vão de um extremo ao outro. Se há os que podem ser considerados“entusiasmados” com os meios, que participam de todas as redes sociais que aparecem – Facebook, Orkut, Twitter, Buzz, Linkedln, Sonico, Hi-5 e outras –, há os que simplesmente dizem “odeio computador” e se fecham. Esses deixam de aproveitar uma infinidade de possibilidades e acabam se distanciando do modo de vida contemporâneo, que, sim, está conectado, talvez de uma forma irreversível, ao mundo virtual. Ninguém precisa ser um internauta expert e navegar por todos os sites possíveis durante 24 horas por dia. Isso nem é o mais aconselhável. Mas ter um domínio, por mínimo que seja, a ponto de saber como pesquisar, como interagir, como entrar em contato com instituições – de qualquer local do planeta – e como compartilhar informações com amigos, parentes ou colegas de trabalho é algo saudável. Ter uma intimidade mínima com as novas ferramentas de comunicação é importante para a sobrevivência no mundo. Hoje, as comunicações ocorrem por emails, por grupos de email, por comunicadores instantâneos, por redes 28
sociais. Além disso, os programas de computador estão presentes em qualquer trabalho, seja acadêmico ou corporativo. Um exemplo: você precisa fazer uma apresentação para uma equipe em seu trabalho. A que vai recorrer? À cartolina e ao pincel, não mais. O recurso mais provável deve ser o Power Point, apesar de existirem outros. Então, não é possível mais negar as novas tecnologias e torcer o nariz. Se é difícil, se existe uma barreira – mesmo que seja no inconsciente – para lidar com esses meios, é preciso encontrar uma maneira de rompê-la. A internet e os programas de computador devem ser encarados como aliados e, na verdade, é o que eles são. Não só tornam mais práticas as ações e agilizam as tarefas, bem como impressionam e permitem a ampliação do conhecimento. Imagine há cerca de 15 anos, quando a internet ainda não estava tão difundida. Havia várias diferenças em relação a hoje: as correspondências eram somente em papel e levavam semanas, e até meses, para chegar ao destino; as comunicações somente ocorriam pes-
soalmente, por telefone ou papel impresso; por falar em impressão, tudo tinha de ser passado para o papel, o que era, além de menos prático, pior para o meio ambiente; e, por fim, as fontes de pesquisas eram enciclopédias, bibliotecas, dicionários e professores. Como o mundo ganhou com a possibilidade de pesquisa pela internet! Foi o fim das enciclopédias tradicionais, de dezenas de volumes, como a Barsa e a Larousse, mas, para o ser humano, isso foi muito benéfico. É preciso, sim, filtrar o que é divulgado na rede mundial, mas ela abre muitos caminhos e facilita o dia a dia. No campo didático, também houve ganhos – para professores e alunos. É claro que a inserção das novas tecnologias na área educacional não ocorreu de forma totalmente amistosa, sem estranhamentos. Muitos reagiram à novidade, mas, hoje, a situação já é melhor, apesar de ainda existirem docentes resistentes a “tanta modernidade”. Um exemplo disso é o que aconteceu nas escolas públicas há cerca de 20 anos. No início da década de 1990, os governos estaduais conseguiram
empréstimos juntos aos bancos estrangeiros para informatizar todas as escolas da rede estadual. Porém, essa inovação causou muitos problemas, principalmente, para o corpo docente das instituições de ensino. Uma das exigências dos bancos era que as escolas se adaptassem às novas mudanças e as aulas teriam que ser ministradas, pelo menos uma vez por semana, nos laboratórios de informática. Muitos professores nunca tinham visto um computador à frente, e isso fez com que o número de licenças médicas tiradas por eles aumentasse gradativamente. A situação foi inusitada, pois muitos professores já estavam em processo de aposentadoria e eles teriam que sair do lugar comum e decifrar os códigos da esfinge. Na época, vivenciou-se o caos escolar. Para solucionar o problema, o governo teve que investir muito nos cursos preparatórios e capacitar o corpo docente para se adaptar ao novo mundo. Hoje, as novas tecnologias estão no dia a dia: o mimeógrafo foi trocado pela impressora HP e o retroprojetor, pela tela interativa. As mudanças foram incomensuráveis, mas, para uma parte, ainda continuam sendo uma verdadeira esfinge e causando polêmica. Os professores devem pensar que cada aluno aprende de forma diferenciada. Só a aula “informatizada” pode levar à dispersão do corpo discente e, consequentemente, a não aprendizagem. Nesse caminho rumo à inserção
das tecnologias no aprendizado, há casos exóticos, tais como de professores que levam o pen-drive para a sala de aula e não conseguem mais pegar um pincel para tirar uma dúvida dos alunos. Para evitar problemas desse tipo, é necessário pensar que há alunos que não conseguem decodificar o que está na tela, mas, sim, o que está escrito no quadro branco. Outro problema a ser avaliado é que alguns profissionais da área de educação não pensam que há faixas etárias, como a dos adolescentes, que sentem muito sono. Imagine uma aula geminada, ou seja, com cem minutos de duração, em que o aluno tem de prestar atenção a uma tela interativa, numa sala fechada e escura, e que, muitas vezes, é um assunto que ele já pesquisou na internet! É comum também o professor se esquecer de trazer o pen-drive para a sala e não ter preparado a aula. Ele terá um grande problema para resolver com 40 alunos afoitos pela aprendizagem. A informática deve entrar nas instituições de ensino como suporte para os professores, e não como recurso único para a aprendizagem. O docente tem de usar os novos meios tecnológicos para dar um passo à frente, para facilitar a aprendizagem de uma forma inovadora, interativa e atrativa para os alunos. É preciso, ainda, não perder de vista que os jovens de hoje são a chamada “geração conectada”. Isso quer dizer que eles têm acesso a todo tipo de dado, por meio do computador e até do celular. E ninguém quer levantar cedo e ir para a aula para ver um assunto que já conhece.
ainda mais atentos porque a chegada da internet fez com que surgisse uma figura diferente na sala de aula, a de facilitador do aprendizado, do intermediador, do compartilhador ou até companheiro na jornada em busca do conhecimento. Não há mais – ou não deveria haver – o “comandante” que passava uma informação para aqueles que ainda não a detinham. Hoje, todos a detêm, mas nem todos sabem utilizá-la. Diante da presença maciça das novas tecnologias no cotidiano, é preciso ter bom senso ao lidar com as ferramentas, pois decifrá-las é essencial para a sobrevivência no mundo capitalista moderno. No caso da educação, esses recursos somente serão bem-vindos quando usados como suportes para o processo ensino-aprendizagem, e não como único meio didático. Nada de eliminar outras estratégias de educação. Na vida particular ou profissional, vale o esforço para entender e mergulhar no mundo virtual e tecnológico. Ele pode surpreender de uma forma muito positiva. * Gradução em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), em 2002, e em História pela Universidade Federal de Minas Gerais, em 2007; pósgraduanda em Revisão de Textos pelo Instituto de Educação Continuada (IEC) da PUC Minas, em 2010 **
Por isso, professores devem ficar 29
A educação e as novas tecnologias Simone Rosilene da Silva Carvalho* Rosemary Gomes de Miranda ** Atualmente, percebe-se que o homem tem uma grande dependência da tecnologia para sobreviver. Sendo assim, é necessário entendê-la como integrante de um momento histórico que está interligada a formação do sujeito que cria, recria e se vale dela para a sua própria realização pessoal e também coletiva. Dentro desse contexto, é importante que a educação se aproprie das novas tecnologias aproveitando as oportunidades que a técnica lhe oferece, considerando a necessidade de trabalhar novas formas de leitura que se fazem necessárias e promovendo um processo educativo significativo. As tecnologias de forma geral atraem as pessoas de todas as idades. No cotidiano, é comum vê-las resolvendo seus problemas através do celular, internet, caixa eletrônico etc. Entretanto, utilizar esses recursos com eficiência ainda é um desafios para muitos, principalmente, aqueles que são mais resistentes, pois não participaram na sua infância ou juventude da escrita digital. Mas as crianças e os jovens por fazerem parte deste momento histórico, se adaptam e dominam as práticas tecnológicas com facilidade. Assim, será que a educação atual está apta a atender e a desenvolver no sujeito as competências e habilidades que se fazem presentes na sociedade atual? De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), “A educação escolar deverá vincu30
lar-se ao mundo do trabalho e à prática social.” No entanto, o que se observa é que embora as mudanças sejam visíveis no campo do ensino ainda são insuficientes para atender as novas demandas intelectuais que se fazem presentes na atualidade.
centes por horas concentrados. Já que na demanda social as novas tecnologias são uma necessidade, é totalmente incoerente não incluir no currículo do aluno de maneira formal uma disciplina que o possibilite lidar com essa prática de forma coerente e adequada.
Isso é visível nas práticas pedagógicas de muitas escolas e educadores que insistem em privilegiar um ensino fragmentado, transmissivo e passivo com disciplinas estanques que não levam em consideração o ponto de vista do aluno e nem os projetos educativos que articulam a solução de desafios e situações-problemas como forma de construção de aprendizagem.
Entretanto, é fácil jogar a culpa na escola, no sistema ou nos educadores. Podemos dizer que falta um investimento financeiro na educação que possibilite equipamentos adequados, salários dignos, plano eficiente de estudo e reciclagem aos professores etc. Porém, sabemos que isso passar por uma dimensão muito maior, pois envolvem questões ideologias, políticas, econômicas e sociais.
Tais práticas tradicionais, não possibilitam ao sujeito a flexibilidade, a variedade, a estabelecer relações e a se valer de estratégias para a resolução de problemas. Além, é claro, da falta de contextualização no mundo das relações sociais e de interesse dos envolvidos no processo de aprendizagem. Dessa maneira, um sujeito que participa desse modelo de educação que distancia a realidade escolar da prática social não estará preparado para enfrentar as situações reais que encontrará na vida contrariando totalmente ao que é previsto na LDB. Assim, muitos alunos mostram-se desmotivados na escola por não encontrar nela um suporte que dê significado as suas reais necessidades. No entanto, é comum ver as Law Houses cheias e mantendo as crianças, os jovens e os adoles-
Contudo, ainda com essas e outras dificuldades é necessário vencer as barreiras e procurar criar um espaço em que seja possível superar o ensino transmissível e unidirecional possibilitando ao sujeito dentro de cada contexto se apropriar e construir seu conhecimento de forma contextualizada e significativa se valendo das novas tecnologias. No entanto, para isso é necessário entender que o simples fato do aluno ou do professor usar o computador na escola não garante nada. Para Corrêa (2003), inovação tecnológica não significa inovação pedagógica. Pois, uma tecnologia velha ou nova não está no produto, mas depende da significação do humano, na forma do uso que se faz dela.
Dessa forma, não basta trocar as práticas educativas, pois estaremos apenas apresentando uma fachada de modernidade, remodelando o “velho” em novos artefatos. Essa forma de pensar e de aliar a educação as novas tecnologias deve possibilitar um diferencial na vida do sujeito, que vá além do simples domínio da máquina. Isto é, não basta trocar a cópia pelas ferramentas: recorte e cole ou simplesmente ensinarmos a usar o mouse, a navegar na internet, a criar um blog ou e-mail. Tudo isso é importante, mas a função principal da educação deve ser a de favorecer condições e situações em os alunos possam desenvolver a capacidade de pensar e de entender a tecnologia para além do mero artefato, recuperando sua dimensão humana e social.
Assim, é necessário que a educação se aproprie das novas tecnologias possibilitando ao aluno agir sobre ela de forma ativa. Pois no mundo atual as informações chegam a todo o momento sendo fundamental filtrá-las de maneira crítica e reflexiva, caso contrário, nossos alunos serão meros receptores passivos e facilmente manipuláveis. Portanto, a educação deve vincular-se ao mundo e a prática social no seu fazer educativo, possibilitando um espaço em que o sujeito possa construir seu conhecimento de forma contextualizada. Assim, as novas tecnologias, a informação, os canais de comunicação não são, por si mesmas educativas, pois dependem de uma proposta pedagógica que a utiliza enquanto mediação para uma determinada pratica educativa.
Referências Bibliográficas COSCARELLI, Carla viana, org. Novas Tecnologias, novos textos, novas formas de pensar / 2ª edição, Autêntica, 2003. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
* Graduada em Letras – PUC MINAS ** Graduada em Letras – UNI BH Pós-graduada em Leitura e Produção de Texto – UNI BH Pós-graduada em Psicopedagogia - CEPEMG Graduanda em Pedagogia – Newton Paiva 31
disseram se sentir vítimas dos colegas.
Cyberbullying - tão antigo quanto devastador Sarah Curty*
Para que se entenda o que é cyberbullying é necessário, antes, voltar aos tempos de escola. Não existe uma pessoa no mundo - eu, pelo menos, desconheço - que nunca tenha sido vítima de humilhação e brincadeirinhas de mau gosto durante a infância ou adolescência e nada soube fazer para se defender. Humilhação ou agressão verbal, física ou psicológica, tanto faz. Acontecia naquela época, acontece hoje. Apesar de ser recorrente há tempos, o termo bullying é relativamente novo. Saiu dos dicionários norte-americanos direto para o nosso vocabulário e significa, literalmente, intimidação. De acordo com Olweus, um dos maiores programas do mundo contra o bullying: “A person is bullied when he or she is exposed, repeatedly and over time, to negative actions on the part of one or more other persons, and he or she has difficulty defending himself or herself. This definition includes three important components: 1 – bullying is aggressive behavior that involves unwanted, negative actions; 32
2 – bullying involves a pattern of behavior repeated over time; 3 – bullying involves an imbalance of Power or strength”[1].
O cyberbullying é um constrangimento pelo qual o adolescente passa, via internet. Ou seja, a internet e as redes sociais são as principais maneiras de disseminação de xingamentos ou humilhações a determinada pessoa. Duas pesquisas recentes mostram os danos que o bullying causa na vida da criança e do adolescente. A primeira foi realizada pelo Centro de Pesquisa americano Pew. Esta pesquisa foi realizada em 2009 em todos os Estados Unidos com cerca de 2400 estudantes e mostrou que 38% já sentiu na pele o que é ser intimidado e violentado online. A outra pesquisa foi realizada no Brasil pela ONG Plan, também em 2009. Pouco mais de cinco mil estudantes de escolas públicas e privadas foram entrevistados e o resultado mostrou que pelo menos um em cada seis alunos já sofreu intimidações na escola. No que diz respeito ao constrangimento virtual, cerca de 20% dos jovens
O fato é: hoje, a maior parte da diversão dos adolescentes está na internet. É com base nas consultas feitas na internet que os trabalhos escolares são feitos, é onde se encontra os amigos, onde se paquera. E os jovens de hoje passam muito mais tempo on-line do que ao ar livre. É mais prático fazer uma conferência no MSN do que ir à casa de um colega fazer algum trabalho, por exemplo. A internet, como sendo o lugar de mais acesso dos jovens dos dias de hoje, facilita, também, o processo de crescimento e de afirmação da identidade, como qualquer outro ambiente no qual o adolescente se insira. A internet proporcionou à vida de tanta gente - senão de todos - praticidades como compras, viagens sem sair de casa, amigos de toda parte do mundo e hoje, deve ser estudada como qualquer outro ambiente social no qual podem ocorrer falhas no processo de formação de personalidade. Na internet é tudo muito fácil, inclusive, ser o que não se é. On-line uma pessoa pode se transformar em um personagem, provavelmente mais forte, interessante e inteligente do que realmente é. O que mais me impressiona é a facilidade como o comportamento hostil é difundido nas comunidades virtuais. É muito mais fácil ser o bad boy virtual do que real. Primeiro porque se tem o respaldo do anonimato das comunidades virtuais e segundo porque hoje, a internet é o reino dos adolescentes, ou seja, um prato cheio para quem quer sacanear com os outros.
De acordo com o Olweus, as crianças que são expostas a tratamentos agressivos dos colegas podem desenvolver problemas físicos como enxaquecas, dores no estômago, dificuldade para dormir e psicológicos, como dificuldade de aprendizado, medo de ir à escola ou brincar no pátio com os colegas. Não é para menos. Ser intimidado por colegas, não é uma situação fácil, ainda mais quando são colegas de classe. Como conviver com o “monstro” ao lado? De acordo com a pedagoga e especialista em bullying, Cleo Fante: “São inúmeras as causas que colaboram para as práticas do bullying virtual. Dentre elas, estão a ausência de orientação ética e legal na utilização de recursos tecnológicos, a ausência de limites, a insensibilidade, a insensatez, os comportamentos inconsequentes, a dificuldade de empatia, a certeza da impunidade e do anonimato”[2]. Os adolescentes que mais fazem o cyberbullying são aqueles que querem se sobrepor aos outros e usam da crueldade para satirizar alguém. Além de tudo, ninguém gosta de ouvir que é gordo ou feio, quando precisa, na verdade, de ser aceito na comunidade em que vive.
A crueldade on-line é mais fácil de ser disseminada porque a internet é “território de ninguém”, o anonimato é simples de ser conseguido e a impunidade é certa. Resta aos pais, educadores e autoridades a tentativa de regulamentar e acreditar naqueles que já sofreram e que ainda vão sofrer com tamanha brutalidade. Referências: DUPRAT, Maluh. Cyberbullying: ofensas e humilhações na internet. Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br//noticias/2163413/ cyberbullying -ofensas-e-humilhacoes-na-internet. Acesso em: 19 de maio de 2010. FANTE, Cleo. Os danos do cuberbullying. Pátio Revista Pedagógica, Porto Alegre, ano 11, n. 44, p. 48-51, nov. 2007/jan. 2008. LACERDA, Henrique. Cyberbullying – Engenharia Social na Era das Redes Sociais. Disponível em: http://www.nerdrops.com/colunas/tecnologia/cyber bullying%e2%80%93-engenharia-socialna-era-das-redes-sociais/. Acesso em: 20 de maio de 2010. LENHART, Amanda. Cyberbullying: What the research is telling us.... Disponível em: http:// www.slideshare.net/PewInternet/ cyberbullying-what-the-research-
is-telling-us?type=presentation. Acesso em 19 de maio de 2010. LIMA, Roberta de Abreu; FIGUEIREDO, João. A Tecnologia a Serviço dos Brutos. Revista Veja, São Paulo, ano 43, n. 2163, p. 99–102, 2010. Bullying Escolar no Brasil - Relatório Final – São Paulo: CEATS/FIA, 2010. Disponível em: http://www. aprendersemmedo.org.br/docs/ pesquisa_plan_ relatorio_final.pdf. Acesso em 19 de maio de 2010.
[1] “Uma pessoa é intimidada quando é exposta, repetidamente e ao longo do tempo, a ações negativas por parte de uma ou mais pessoas, e ele ou ela tem dificuldade de se defender. Esta definição inclui três importantes componentes: 1 - bullying é um comportamento agressivo que envolve ações indesejadas e negativas; 2 - bullying envolve um padrão de comportamento repetido com o passar do tempo; 3 - bullying envolve um desequilíbrio de poder ou força”. Disponível em: http:// www.olweus.org/public/bullying. page. Acesso em: 19 de maio de 2010. [2] FANTE, 2007/2008, p. 50-51.
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A Tecnologia e suas implicações no Ensino à Distância Sheilla Horta* A procura constante do acesso à educação de forma facilitadora chamou a atenção para uma modalidade nova, mas quejá faz parte da nossa realidade nos dias de hoje: a educação à distância. A chegada da tecnologia para esta nova forma de ensino foi primordial para trazer novas perspectivas a este tipo de aprendizagem que tem como base os ambientes digitais. Porém, produzir esse novo tipo de conhecimento parece ser ainda um desafio para a Educação Tecnológica no Brasil. Essa é uma área que ainda sofre muitos preconceitos apesar das vantagens que a cerca, como, por exemplo, a facilidade de acesso aos cursos, sem precisar de locomoção para um ambiente de ensino, proporcionando maior comodidade para o usuário, flexibilidade de horários, uma gama de recursos tecnológicos, etc. Essas novas tecnologias de comunicação e informação realizadas via internet não surgiram de repente. É importante lembrarmos, dos meios de comunicação que ocorrem através do rádio e televisão, meios convencionais de transmissão que pressupõem a figura do emissor e do receptor. Temos como exemplo o Telecurso 34
2000 que apresenta um ciclo de programa contendo informações, conteúdos, conceitos, disciplinas, utilizando-se de tecnologias como o ambiente virtual que compartilha informações e experiências entre os diferentes públicos. As tecnologias de informação trouxeram um novo panorama para a educação à distância que consiste numa flexibilidade muito maior em razão das várias facetas de produção, interação imediata com informações, além do rompimento de barreiras espaciais. A internet surgiu como um meio facilitador que permite incorporar diversos recursos, oferecer informações de maneira organizada, promover interações entre pessoas , entre outros. Nesse contexto, ouvimos muito falar de expressões como on-line, e-learning, que fazem parte dessa rede de comunicações. Eles reúnem práticas voltadas para o desenvolvimento de competências por meio da interação e colaboração entre aprendizes. Desta forma, o EAD não é só uma solução temporária que atende alunos que moram distantes da instituição educacional e nem trata da simples transposição de conteúdos. Ele pode alcançar seus objetivos, ou não, dependendo da sua
abordagem pedagógica. É aí que entra um aspecto importante que está por trás dessa modalidade de ensino: diante de uma grande multiplicidade tecnológica nesse contexto, é preciso haver uma postura pedagógica para dar conta desse novo estilo de ensino. Observa-se que, mesmo com os recursos da tecnologia, o aluno se vê isolado, sem contato com algum tipo de orientador ou com o restante dos participantes. Por isso, é importante propor uma forma de participação efetiva de todos os envolvidos a fim de que todos sejam também co-pesquisadores. Diante de tudo que nos é novo, é preciso um olhar crítico. É fácil perceber que a distância espacial e o uso de diversas mídias são características inseparáveis da educação à distância, e que há uma imensa gama de possibilidades que a tecnologia nos proporciona. Porém, é preciso pensar até que ponto ela é benéfica para o campo da educação já que não podemos deixar de colocar levar em conta as práticas pedagógicas. *
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