Agroecologia - Práticas Sustentáveis no Manejo de Pragas e Doenças - Caderno VI

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AGROECOLOGIA

PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NO MANEJO DE PRAGAS E DOENÇAS

Cadernos da Agricultura Familiar

Nº 06

2014 AGROECOLOGIA Cadernos da Agricultura Familiar

Ano Internacional da Agricultura Familiar Camponesa e Indígena

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Jardim da Fantasia Bem-te-vi, bem-te-vi Andar por um jardim em flor Chamando os bichos de amor Tua boca pingava mel Bem te quis, bem te quis E ainda quero muito mais Maior que a imensidão da paz Bem maior que o sol Onde estás? Voei por este céu azul Andei estradas do além Onde estará meu bem Onde estás? Nas nuvens ou na insensatez Me beije só mais uma vez Depois volte prá lá. Paulinho Pedra Azul

Foto:Jarbas Mattos

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BOAS-VINDAS Tardezinha, quando o sol, Se esconde atrás da serra, Aparece o véu da noite, Para escurecer a terra! Fruto do Cerrado O Cerrado brasileiro, a savana mais rica do mundo em biodiversidade, ocupa quase um quarto (mais de 20%) do território nacional. Distribuído por 2.036.448 quilômetros quadrados, o bioma reúne mais de 15 mil espécies de plantas e mais de 1,5 mil espécies de animais. Os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo, e ainda o Distrito Federal, são áreas de incidência contínua de Cerrado no Brasil. Também existem enclaves de Cerrado no Amapá, em Roraima e no Amazonas. Do Cerrado surgem abundantes nascentes para as três grandes bacias hidrográficas brasileiras – Amazônica, do São Francisco e do Prata. Essa fartura de águas contribui para que o Cerrado guarde mais de 30% da biodiversidade brasileira. Um patrimônio que, infelizmente, encontra-se ameaçado pela ocupação de uma agricultura devastadora, centrada nas monoculturas e no uso dos agrotóxicos. A Agroecologia, abordagem da agricultura que se baseia nas dinâmicas da natureza, em que se trabalha a fertilidade e o cultivo do solo sem o uso de fertilizantes químicos e de agrotóxicos, é uma alternativa boa para cuidar do Cerrado, porque gera renda para as famílias de agricultores e agricultoras familiares e, ao mesmo tempo, contribui para preservar a biodiversidade e proteger o Meio Ambiente. Nesta cartilha, você encontra informações essenciais para fazer da Agroecologia uma prática sustentável em seu pedaço de chão. São ideias simples, práticas, eficientes e criativas para você explorar, aplicar e multiplicar e, assim, contribuir para o manejo agroecológico de nossas riquezas naturais, para uma alimentação mais saudável na mesa brasileira e para uma melhor qualidade de vida no Brasil e no mundo inteiro.

Bom Proveito!

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CERRADO

Biodiversidade em Números Estudos demonstram que no Cerrado existem 11 mil espécies de plantas nativas catalogadas, 220 espécies de plantas de uso medicinal comprovado e 400 espécies de plantas utilizadas na recuperação de solos degradados. No Cerrado encontram-se 200 espécies de mamíferos conhecidas, 800 espécies de aves, 180 espécies de répteis, 150 espécies de anfíbios e 1.200 espécies de peixes. O Cerrado serve de refúgio para 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos. Cerca de 137 espécies de animais do Cerrado encontram-se ameaçadas de extinção. A anta, a capivara, o cachorro-do-mato-vinagre, o gato maracajá, a jaguatirica, o lobo-guará, a onça-pintada, a suçuarana e o tamanduá-bandeira são alguns dos animais do Cerrado em risco de extinção.

Lobo-guará (Chrysocyonbrachyuru) Trata-se de animal de pernas e pelagem longas, de cor laranja-avermelhado e orelhas grandes. Possui uma crina negra no dorso, mesma cor do focinho, das patas dianteiras e de mais da metade distal das patas traseiras. Fonte: www.anda.jor.br/28/02/2012/animal-ameacado-de-extincao-o-lobo-guara-vive-no-cerrado

Foto: Wikimedia | Autor: Sage Ross

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A Organização das Nações Unidas (ONU) define Desenvolvimento Sustentável como o modelo de desenvolvimento capaz de suprir as necessidades dos seres humanos da atualidade, sem comprometer a capacidade do planeta de atender as gerações futuras. Segundo a ONU, o Desenvolvimento Sustentável, base e essência da Agroecologia, se baseia em nove princípios: 1. Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos. 2. Melhorar a qualidade de vida humana. 3. Conservar a vitalidade e a diversidade do Planeta Terra. 4. Minimizar o esgotamento de recursos não-renováveis. 5. Permanecer nos limites de capacidade de suporte do Planeta Terra. 6. Modificar atitudes e práticas pessoais. 7. Permitir que as comunidades cuidassem de seu próprio ambiente. 8. Gerar uma estrutura nacional para a integração de desenvolvimento e conservação. 9. Constituir uma aliança global.

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SUMÁRIO 08

ALTERNATIVAS PARA UMA NATUREZA AMEAÇADA

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DOENÇAS MAIS COMUNS NAS ÁREAS DE PRODUÇÃO DO CERRADO

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PRAGAS – RESPOSTA DA NATUREZA AO DESEQUILÍBRIO ECOLÓGICO

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DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS

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IMPACTO DOS AGROTÓXICOS

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DEFENSIVOS NATURAIS

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MUDANÇA DE RUMOS

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DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE ALGUMAS PRAGAS EM ÁREAS DE CERRADO

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PILARES DA SAÚDE DOS ECOSSISTEMAS

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RECEITAS SIMPLES PARA O TRATAMENTO DAS DOENÇAS EM ÁREAS DE CERRADO

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PRINCIPAIS AGENTES CAUSADORES DE DOENÇAS

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BIBLIOGRAFIA

Foto: trepadeira-trepadeira.blogspot.com.br

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AGRADECIMENTO Esta cartilha, chamada Agroecologia – Práticas Sustentáveis no Manejo de Pragas e Doenças –, é inspirada na cartilha Agroecologia – Plante esta Ideia –, coordenada pela Fundação Adenauer para o Projeto de Agricultura Familiar, Agroecologia e Mercado – Desenvolvimento Sustentável da Agricultura Familiar no Nordeste –, produzida sob a coordenação da jornalista Maristela Crispim. Muitos dos dados daquele texto foram copiados e adaptados às necessidades dos projetos da Rede Terra e do Instituto Itiquira para o Cerrado e para as pessoas do Campo. As duas instituições manifestam seu reconhecimento e agradecem à equipe de produção, à Fundação Adenauer, pela realização, à União Europeia, pelo apoio à cartilha do Nordeste, e às parcerias em Brasília, pela realização dos Cadernos do Cerrado. Todos os direitos para a utilização desta Cartilha-Caderno são livres. Qualquer parte poderá ser utilizada ou reproduzida, desde que seu uso seja exclusivamente sem fins lucrativos e que sejam reconhecidos os créditos.

EXPEDIENTE Agroecologia – Práticas Sustentáveis no Manejo de Pragas e Doenças Cadernos da Agricultura Familiar - 06 Pesquisa: Aldimar Nunes Vieira, Zezé Weiss Redação e Beneficiamento de Textos: Nathália Santiago, Zezé Weiss Edição: Zezé Weiss Revisão: Lucia Resende Projeto Gráfico: Anderson Blaine Maio/2014 Tiragem: 5.000 exemplares Realização:

www.redeterra.org.br

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Produção:

www.institutoitiquira.org.br

www.xapuri.info

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ALTERNATIVAS PARA UMA NATUREZA AMEAÇADA O Brasil é um dos países que mais consomem agrotóxicos no mundo. Em 2008, as terras brasileiras receberam 700 milhões de toneladas de veneno, colocando nosso País à frente dos Estados Unidos, até então o maior consumidor de agrotóxicos no Planeta. Ou seja, passamos a ser o país campeão mundial de agressão química à natureza. Os pesticidas e fertilizantes químicos persistem por muito tempo na natureza, contaminando os alimentos, o solo e a água, com consequências ainda desconhecidas para a saúde humana e a vida na Terra. Mesmo assim, o veneno continua baixando, sem dó nem piedade, sobre a terra em que vivemos. Os alertas sobre os riscos do uso de produtos químicos para os/as trabalhadores/ as rurais e para os/as consumidores/s são constantes e crescentes. Como consequência, a demanda por alimentos orgânicos – produzidos sem veneno e sem agredir a natureza – vem crescendo. Os agrotóxicos não matam somente os insetos ou micro-organismos considerados pragas, mas também os seus inimigos naturais, que mantêm o equilíbrio das populações, por meio do controle biológico. Assim também é eliminada a vida nos solos, que ficam doentes e não conseguem mais gerar plantas saudáveis e resistentes. Ao final são as “pragas” que ficam cada vez mais resistentes contra os diversos produtos químicos. Ao final, com as “pragas” mais resistentes, aumenta a necessidade do agronegócio de usar os agrotóxicos.

Foto: saudecampofloresta.unb.br

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PRAGAS – RESPOSTA DA NATUREZA AO DESEQUILÍBRIO ECOLÓGICO As chamadas pragas preocupam os seres humanos há milhares de anos, desde a domesticação das plantas e dos animais. Os insetos ou quaisquer outros organismos que atacam uma plantação – dos micro-organismos como os fungos, as bactérias e os nematoides, até os mamíferos mais evoluídos – são considerados pragas pelos/as pelos/as produtores/as rurais. Cerca de 60% da fauna identificada até hoje no mundo são insetos. Estima-se que 67 mil espécies de organismos chamados nocivos ataquem os cultivos agrícolas em diferentes partes do mundo. Dessas, 5% são consideradas como pragas. Mas nem sempre as pragas são nocivas aos cultivos. Ao contrário, muitas delas ajudam a manter o equilíbrio ecológico em nosso planeta. As formigas e os cupins, por exemplo, são considerados pragas em muitos lugares do mundo, mas representam 20% da biomassa animal total da Terra e têm um papel decisivo na reciclagem e na cadeia alimentar dos sistemas florestais, portanto são importantes para o funcionamento dos ecossistemas. Algumas espécies de formigas predadoras controlam o aumento de outros insetos, ajudando o/a trabalhador/a rural fazer o controle natural das infestações destes insetos. Portanto, no manejo ecológico, o conceito de praga não existe, e o que é chamado de praga são somente organismos que ocupam diferentes posições nos ecossistemas. As suas populações se regulam conforme a abundância de alimentos e a existência de seus inimigos. O aumento de uma das populações é uma resposta da natureza a algum desiquilíbrio no sistema. Os desequilíbrios são mais constantes nas monoculturas introduzidas pelo ser humano, porque o monocultivo desequilibra o ecossistema. Ao enfrentar desequilíbrios, a Natureza busca seus próprios mecanismos para atacar a invasão das plantas de uma só espécie e, assim, tentar voltar à sua condição natural, que é a diversidade, com o equilíbrio biológico.

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SOLUÇÃO PARA AS “PRAGAS” A solução do problema das “pragas” passa por: • Fim do uso do veneno; • Mais investimentos no desenvolvimento e na divulgação das alternativas do manejo ecológico, que se inicia com a prevenção, através do equilíbrio nutricional do solo; • Diversificação da produção agroecológica; • Controle biológico através do equilíbrio natural entre as espécies; • Plantação e aplicação de plantas que afastam ou atraem os insetos e microrganismos dos cultivos, antes de tratar infestações e doenças com remédios naturais. A adoção de sistemas integrados e diversificados em pequenas e médias propriedades completa o ciclo de alternativas para o manejo biológico das pragas nos cultivos do Cerrado.

Lagarta de soja | Foto: blog.ourofino.com

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IMPACTO DOS AGROTÓXICOS O controle biológico é o instrumento que a Natureza, com o manejo de alguns insetos predadores, usa para controlar o crescimento da população de outros insetos, ácaros, nematoides, fungos, bactérias e vírus. Ninguém sabe ao certo como e por que uma praga aparece, mas é de conhecimento comum que as pragas nos cultivos são mais frequentes onde são feitas profundas mudanças na agricultura. Ao combater as pragas com agrotóxicos, o ser humano altera o equilíbrio ecológico mantido pela Natureza. A introdução do monocultivo em grande escala, do uso intensivo de fertilizantes químicos e de agrotóxicos, do plantio de plantas exóticas, híbridas ou transgênicas na substituição de variedades nativas, na chamada “Revolução Verde” das últimas décadas, que de verde não tem nada, são fatores que aumentam o desequilíbrio dos ecossistemas e ameaçam a qualidade de vida no Planeta. Nesse novo ciclo vicioso, a concentração das terras com as monoculturas extensivas aumenta a probabilidade de ataques por organismos que danificam as plantações. No combate a esses organismos: • Os agrotóxicos não matam somente as pragas, mas também os seus inimigos naturais. • As pragas muitas vezes ficam resistentes contra as substâncias químicas. Para combatê-las, é preciso aplicar quantidade e diversidade cada vez maior de agrotóxicos. • Os agrotóxicos diminuem a respiração, a transpiração e a fotossíntese, prejudicando a resistência das plantas. • Os adubos químicos e os agrotóxicos interferem no equilíbrio dos micro-organismos e prejudicam a disponibilidade de nutrientes disponíveis no solo para as plantas. • Os agrotóxicos matam minhocas, besouros, abelhas e outros pequenos organismos benéficos para a agricultura. • Os agrotóxicos também contaminam o solo, a água e afetam a saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais. Os fertilizantes químicos geralmente contêm metais pesados, como o cádmio. Esses metais são ingeridos junto aos alimentos, não são eliminados e se armazenam no corpo.

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O cádmio provoca principalmente distúrbios gastrointestinais. O mercúrio, utilizado em fungicidas, se concentra em diversas partes do corpo como pele, cabelo, glândulas sudoríparas e salivares, tireoide, sistema digestivo, pulmões, pâncreas, fígado, rins, aparelho reprodutivo e cérebro, provocando inúmeros problemas de saúde. Os alimentos impregnados por agrotóxicos chegam os mercados urbanos e prejudicam a saúde também das pessoas que vivem nas cidades. Esses riscos variam de acordo com o tempo e a dose da exposição aos diferentes venenos. Os efeitos podem ser agudos ou crônicos, causando intoxicações, dores de cabeça, alergias, náuseas e vômitos nas pessoas e nos animais.

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MUDANÇA DE RUMOS O aumento dos casos de câncer e de outras doenças graves, muitas vezes associado à ingestão cotidiana de venenos como parte da alimentação humana, tem feito com que casa vez mais consumidores/as procurem alimentos saudáveis, produzidos sem a utilização de agrotóxicos e fertilizantes químicos. Segundo pesquisas recentes: • 17% dos/as brasileiros/as preferem produtos orgânicos; • Mais de 3,5 milhões de brasileiros/as consomem produtos orgânicos de uma a cinco vezes por semana; • Somente 2% dos/s produtores/as agrícolas do país abastecem o mercado com produtos orgânicos. O mercado oferta, portanto, enormes oportunidades para a produção orgânica. O cultivo agroecológico deixa de ser uma ideia boa, uma filosofia, e passa a ser uma alternativa e até mesmo uma necessidade para o desenvolvimento de novos modelos de agricultura sustentável, capazes de corrigir os efeitos negativos da agricultura tradicional.

Foto: www.acaifrooty.com.br AGROECOLOGIA Cadernos da Agricultura Familiar

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PILARES DA SAÚDE DOS ECOSSISTEMAS O uso de sementes crioulas, ou nativas, o manejo e a conservação dos solos, o cultivo de agroflorestas e o controle biológico são ações que contribuem para o aumento da biodiversidade e para o equilíbrio ecológico. Os biofertilizantes fazem parte dos pilares de manutenção da saúde dos ecossistemas. MANEJO PREVENTIVO DAS PRAGAS O melhor jeito de evitar a ação das pragas e doenças nos plantios é fazer um manejo preventivo para fortalecer as defesas internas de seus ecossistemas e, assim, eliminar as chances do ataque do cultivo por alguma espécie indesejada. O manejo preventivo pode ser feito com a adoção de um conjunto de sistemas de produção integrados dentro da propriedade, ou mesmo em suas vizinhanças, imitando a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas que já existem em equilíbrio na Natureza. Esse equilíbrio se consegue com o plantio de espécies consorciadas, que se complementam, respeitando seus ciclos, criando interações positivas, dando preferência às plantas nativas mais resistentes e adaptadas às condições locais. O primeiro passo é cuidar bem do solo, porque um solo saudável alimenta bem as plantas que ficam mais resistentes e se protegem melhor das pragas e das doenças, que tendem a se manifestar nas plantas mais fracas, com deficiência de nutrientes. A planta que o parasita tenta matar é sempre a mais frágil, a mais inadequada. Para que o solo esteja saudável, cheio de nutrientes e micro-organismos é importante: • Cobertura vegetal para a conservação do solo e da água; • Adubação periódica com matéria orgânica; • Rotação de cultivos; • Adubação verde, com o plantio de leguminosas e gramíneas.

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MANEJO ECOLÓGICO DE PRAGAS Manejo Preventivo Fortalecimento do agroecossistema

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Seleção do Cultivo, Manejo e preservação Aumento da Biodiversidade na propriedade e ao redor

Manejo Planejado pos-plantio

3 Outras práticas de manejo que previnem pragas

Outras práticas de manejo que previnem pragas

Plantas saudáveis com o mínimo dano de insetos ou doenças.

4

Construir solo saudável, (preservação da vida no subsolo)

Objetivo Geral

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Aumento de inimigos naturais

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Manejo Reativo Se os objetivos não estão sendo alcançados

Construir solo saudável, (preservação da vida no subsolo)

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Rendimento ótimo e qualidade, com melhoria da paisagem e dos serviços ecológicos do ecossistema com efeitos ambientais positivos

Insumos nativos do solo

MANEJO DE PLANTAS ESPONTÂNEAS As plantas que surgem espontaneamente são muitas vezes chamadas de “plantas daninhas”, “mato” ou mesmo “pragas”. No manejo agroecológico, as plantas diferentes da cultura são chamadas de “espontâneas”, porque surgem sem serem plantadas, mas isso não significa que sejam prejudiciais à cultura. Mesmo podendo causar perdas às culturas pela competição por água, luz e nutrientes, ao invés de eliminar as plantas espontâneas – até mesmo aplicando herbicidas – deve-se conviver com elas. Cada uma dessas plantas tem seu papel de proteger a superfície do solo, estocar nutrientes e hospedar insetos polinizadores. Há plantas mais problemáticas nos ciclos de diferentes culturas, sendo preciso avaliar o dano econômico para planejar as estratégias de manejo. Se for necessária a eliminação seletiva, ou o controle dessas plantas, podem ser usadas as seguintes técnicas de manejo: Fazer cobertura do solo – com plantas vivas ou secas impedem o desenvolvimento de plantas espontâneas; AGROECOLOGIA Cadernos da Agricultura Familiar

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Não revolver o solo – para manter as sementes das plantas espontâneas na superfície do solo, sem condições adequadas à sua germinação. Fazer controle mecânico – por meio de capinas, manuais ou mecânicas ou, melhor ainda, de roçadas, a partir do momento em que as plantas espontâneas atingem o ponto de dano econômico. CONTROLE BIOLÓGICO O controle biológico é feito através do equilíbrio natural da biodiversidade entre os organismos predadores que atacam as plantações e os seus inimigos naturais. Quando o equilíbrio ecológico é mantido nas matas, bosques, árvores, lavouras, agroflorestas, hortas, pomares e quintais, as espécies se acertam entre elas mesmas no ciclo natural da vida. Quando o equilíbrio ecológico é quebrado, pode haver necessidade de se fazer o controle biológico das espécies predadoras. Algumas plantas, como o sorgo (favorece a reprodução do percevejo, que se alimenta de ácaros e lagartas), cumprem esse papel. Alguns outros animais predadores, como as formigas (controlam o aumento de outros insetos), que são controladas por aves ou lagartos, também contribuem para o controle biológico. Existem outros animais que são fundamentais para o controle biológico: Joaninhas: são insetos pequenos e têm coloração variada. Elas predam cochonilhas, pulgões, ácaros, mosca branca e ovos de lagarta do algodão. Sapos e rãs: alimentam-se de insetos, larvas, gafanhotos e mariposas. Lagartixas: predam mosquitos e outros insetos domésticos. Vespas: controlam pulgões das cucurbitáceas, broca de tomate, ovos de cochonilha, mandarová (ou mandruvá) da mandioca, dentre outros. Andorinhas: alimentam-se por dia de uma quantidade de insetos que equivale à metade de seu próprio peso. No campo das plantas, a Crotalária (Crotalariajuncea) atrai as libélulas, que são as predadoras naturais de mosquitos, incluindo o Aedes aegypti, o conhecido mosquito da Dengue. Essa planta tem também uma grande capacidade de fixar nitrogênio, razão porque é muito utilizada como adubo verde na rotação de culturas e para enriquecer o solo.

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BIOFERTILIZANTES Os biofertilizantes são uma alternativa aos adubos químicos. Seu uso ajuda a manter a planta equilibrada e mais resistente às pragas. Existem vários biofertilizantes, desde o mais simples, que leva apenas esterco e água, ao mais completo (enriquecido) que leva calcários, cinzas ou qualquer outra fonte de complemento de mineral. O preparo dos biofertilizantes é simples, desde que tomados alguns cuidados: • Usar esterco fresco (mais rico em micro-organismos e nitrogênio) e água limpa, o mais pura possível; • Manter o recipiente protegido da luz direta do sol; • Adicionar os ingredientes enriquecedores de forma lenta e gradual; • Manter a temperatura em torno dos 38ºC. Um biofertilizante fica pronto por volta de duas semanas. Depois de pronto, seu odor é agradável. Como a parte sólida se separa da parte líquida, é importante agitar a bomba antes de cada aplicação. Desde que bem cuidado, o biofertilizante não tem prazo de validade. Alguns biofertilizantes mais usados: SUPERMAGRO O supermagro foi usado inicialmente no município de Ipê, no Rio Grande do Sul, para os plantios de maçã. Hoje o supermagro é utilizado em outras partes do Brasil, principalmente para os plantios de beterraba, morango, tomate, milho, uva e similares. Ingredientes • • • • • • • • • • • • • •

30 Kg de esterco fresco de gado; 2,0 Kg de sulfato de zinco; 2,0 Kg de sulfato de magnésio; 0,3 Kg de sulfato de manganês; 0,3 Kg de sulfato de cobre; 0,3 Kg de sulfato de ferro; 0,05 Kg de sulfato de cobalto; 0,1 Kg de molibdato de sódio; 1,5 Kg de bórax; 2,0 Kg de cloreto de cálcio; 2,6 Kg de fosfato natural; 1,3 Kg de cinza; 27 litros de leite (pode ser soro de leite); 18 litros de melado de cana (ou 36 de caldo de cana).

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Preparo: 1. Misturar todos os minerais. Então, temos 12,45 Kg de mistura. 2. Primeiro dia Num recipiente de 250 litros, colocar 30 litros de esterco, 60 litros de água, 3 litros de leite e 2 litros de melado de cana. Misturar bem e deixar fermentar, sem contato com sol ou chuva. 3. Dias 4, 7, 10, 13,16, 19 e 22 Acrescentar 1 Kg desta mistura junto com 3 litros de leite e 2 litros do melado, a cada vez. Assim, sucessivamente, até o dia 25, quando se coloca o resto da mistura (1,95 Kg), mais o leite e o melado. 4. Depois de 10 a 15 dias, após o dia em que se acrescentaram os últimos ingredientes à mistura (22º dia, desde o início do processo), o produto estará pronto para ser peneirado e utilizado. ATENÇÃO! Durante o processo é necessário observar se a fermentação está acontecendo. O produto deve ter um cheiro agradável de melado e ser facilmente peneirado. Esse biofertilizante enriquecido também pode ser utilizado junto com as caldas bordalesa e sulfocálcica, principalmente para o controle de doenças causadas por fungos. URINA DE VACA A urina animal contém fenóis, hormônios e milhares de substâncias com quantias de nutrientes bem superiores ao esterco, aumentando o sistema de defesa das plantas, ao mesmo tempo em que serve como adubo para as hortaliças. Preparo Após a coleta, a urina deve ser armazenada durante o período mínimo de 3 dias, em vasilhames bem fechados que podem ser as garrafas plásticas de 2 litros, para que a ureia da urina se transforme em amônia. Depois, é só misturar um copo da urina em 20 litros de água. Uso Pulverizar sobre a planta a cada 15 dias, para aumentar a resistência. Serve para o tomate, quiabo, jiló e demais olerícolas. No caso da alface, aplicar no solo duas vezes durante o ciclo da planta.

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URINA DE VACA ENRIQUECIDA Parte do mesmo princípio, porém com mais ingredientes. Ingredientes • 100 g de farinha de trigo; • 20 litros de água; • 50 g de sabão neutro; • 200 ml de urina de vaca. Preparo Dissolver a farinha de trigo em 1 litro de água. Dissolver também as 50 g de sabão neutro em 1 litro de água quente. Em seguida adicionar os 18 litros de água restantes às duas caldas previamente coadas e, por último, adicionar os 200 ml de urina de vaca. Uso Pulverizar molhando bem todas as folhas da lavoura nas horas mais frescas do dia. ATENÇÃO! Como colher? Na hora da retirada do leite, a vaca geralmente urina, momento em que a urina deve ser recolhida em um balde. Como guardar? Em recipientes fechados, a urina poderá permanecer por até um ano sem perder a ação. Cuidados na Aplicação Por causa do cheiro forte, a urina de vaca atua como repelente de insetos, principalmente para combater ataques de moscas, pulgões e lagartas. Para a sua aplicação, é recomendado o uso dos equipamentos de proteção individuais (EPIs).

Em dosagens adaptadas, os biofertilizantes de urina de vaca são recomendados para as seguintes culturas: Quiabo, jiló, berinjela Dissolver um litro de urina em 100 litros de agua. Pulverizar de 15 em 15 dias. AGROECOLOGIA Cadernos da Agricultura Familiar

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Tomate, pimentão, pepino, feijão de vagem, alface, couve Dissolver ½ litro de urina em 100 litros de água. Pulverizar uma vez por semana. Abacaxi Até os quatro meses de idade. Dissolver 1 litro de urina em 100 litros de água e pulverizar uma vez por mês. A partir do 5º mês até a floração: 2,5 litros de urina em 100 litros de água, aplicados uma vez ao mês até os primeiros sinais de indução da floração. Suspender a aplicação antes da floração e só retornar a aplicação após o avermelhamento. Coco, acerola, limão, laranja, tangerina, banana, pinha, jabuticaba, goiaba e graviola 1ª Aplicação: via solo, em plantas pequenas, dissolver 1 litro de urina em 100 litros de água e aplicar no solo uma única vez. 2ª Aplicação: (30 dias) via folhas, dissolver 1 litro de urina em 100 litros de água para as plantas pequenas e 5 litros de urina em 100 litros de água para as plantas grandes. 3ª Aplicação: 1 litro de urina em 100 litros de água com aplicações regulares, a cada 30 dias. ESTERCO COMO BIOFERTILIZANTE: Ingredientes • 40 kg de esterco fresco de gado; • 10 kg de esterco fresco de aves; • 2 latas de 20 litros de diferentes folhas verdes; • 30 litros de leite ou soro de leite (sem sal); • 18 litros de garapa; • 10 kg de cinza; • 4 quilos de farinha de osso; • 1 kg de calcário dolomítico. Preparo Completar com água e mexer bem, esperando de 7 a 10 dias para coar e usar. Uso 2 litros da solução em 100 litros de água, para tratamento foliar; 20 litros da solução em 100 litros de água para adubar o solo.

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CALDAS NATURAIS As caldas são produtos com substâncias orgânicas e minerais que exercem uma ação benéfica sobre o metabolismo das plantas. Essas substâncias são: cinzas, leite ou soro de leite, água de vermicomposto, enxofre, caldas bordalesa e sulfocálcica, esterco líquido fermentado, enriquecido com macro e micronutrientes. As mais usadas são bordalesa, sulfocálcica e viçosa. CALDA BORDALESA Ingredientes • 200 g de sulfato de cobre; • 200 g de cal virgem; • 20 litros de água limpa. Preparo 1. Em uma vasilha, colocar 10 litros de água. Colocar os 200 gramas de sulfato de cobre em uma trouxinha de pano ralo. Amarrar a trouxinha no meio de uma vara e colocar a vara de forma que se apoie nas bordas da vasilha, deixando a trouxinha “mergulhar” na água. Geralmente, após uma hora, o sulfato de cobre estará todo dissolvido. 2. Em outro recipiente, com capacidade superior a 20 litros, colocar, em pequenas quantidades, os 200 g de cal virgem e água, até formar uma pasta consistente. Em seguida, juntar água até completar 10 litros. 3. Em seguida, despejar a calda contendo o sulfato de cobre sobre a calda contendo a cal, que estará na vasilha maior. 4. Agitar bastante a mistura, enquanto vai sendo preparada. 5. Verificar se a calda apresenta o pH desejável, que é o neutro, mergulhando na solução uma lâmina de canivete bem limpa, deixando meio minuto. Se, ao retirar, a lâmina apresentar formação de ferrugem, o pH ainda está ácido. 6. Se o pH estiver ácido, é só colocar mais um pouco se solução de água e cal, até que não mais se processe a reação de ferrugem. A aplicação deve ser feita no mesmo dia do preparo.

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CALDA BIOFERTILIZANTE A calda biofertilizante demonstrou excelente efeito no aumento da resistência às pragas e moléstias e, como adubo foliar, é eficiente para inúmeras plantas. O processo de produção é bastante simples, sendo viável sua produção na propriedade, desde que exista esterco de gado disponível. Ingredientes • 10 litros de esterco fresco; • 3 litros de esterco de galinha; • 500 gramas de açúcar e água. Preparo Num recipiente plástico de 20 litros, colocar meia lata (10 litros) de esterco de curral, o esterco de galinha e o açúcar. Completar com água, evitando transbordar, fechar bem e deixar 5 dias. Uso Na aplicação, a calda pronta deve ser diluída na proporção de 1 litro desta para 10 litros de água.

Calda biofertilizante | Foto: Sebrae

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PRINCIPAIS AGENTES CAUSADORES DE DOENÇAS Alguns dos principais agentes que podem atacar os cultivos direta ou indiretamente, servindo de vetores de outras doenças, especialmente em hortas, são: Fungos São vegetais sem clorofila que causam diversas doenças como a antracnose, que queima as folhas e causa apodrecimento de frutos, muito comum nas mangueiras, cajueiros e mamoeiros, por exemplo. Causam também as conhecidas ferrugens, formando pequenas manchas nas folhas. É importante remover as folhas infectadas e aplicar uma calda à base de cobre (tipo bordalesa). Uma forma de prevenção é a neutralização da acidez do solo com calcário. Uma dica de aplicação é: 1 kg para covas de 80 cm x 80 cm x 80 cm ou 300 gramas por m2. Bactérias Disseminam-se rapidamente e causam a famosa murcha bacteriana, levando a planta à morte. A planta parece estar sofrendo por falta de água e, mesmo regada, continua murchando até morrer. São as bactérias agindo. Como são de difícil controle, a planta toda precisa ser eliminada imediatamente. Outra dica: fazer a rotação de culturas, diversificando a produção e utilizando o manejo adequado. Uma bacteriose pode inviabilizar algumas culturas por longos períodos em solos infestados. Por exemplo, a Ralstoniasolanacearum, que causa murcha nos tomateiros, permanece no solo por muito tempo. O quadro abaixo apresenta alguns gêneros de bactérias e seus sintomas: Bactéria

Sintomas

Principais culturas

Clavibacter

Murcha e cancro

Tomate e pimentão

Curtobacterium

Murcha

Feijão de vagem e ervilha

Erwinia

Podridão mole

Pseudomonas Ralstonia

Manchar foliar, podridão mole Murcha

Cenoura, repolho, hortaliças Alho, cebola e curcubitáceas Solanáceas

Xanthomonas

Mancha foliar

Solanáceas, Brássicas e outras

Vírus AGROECOLOGIA Cadernos da Agricultura Familiar

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São transmitidos por insetos sugadores, como pulgões, por exemplo, e também por sementes e mudas contaminadas ou ferramentas não higienizadas. Causam manchas amareladas entre as nervuras das plantas. A solução é fortalecer o solo para aumentar sua fertilidade, tornando a planta mais vigorosa e eliminando os insetos transmissores do vírus. Nematoides São “parentes” das lombrigas e atacam pelo solo. As plantas afetadas apresentam raízes grossas e cheias de fendas. Num ataque intenso, provocam a morte da planta. Sua disseminação é altamente dependente do ser humano, seja por meio de mudas contaminadas, pelo deslocamento de equipamentos de áreas contaminadas para áreas sadias, ou por meio da irrigação. Causam nos tecidos das plantas danos mecânicos pelos seus movimentos e retiram nutrientes para seu sustento. As plantas ficam enfraquecidas e suscetíveis ao ataque de outros organismos, como fungos e bactérias. O plantio de cravode-defunto na área infestada ajuda no controle.

Nematoides na soja | Foto: ruralcentro.uol.com.br

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DOENÇAS MAIS COMUNS NAS ÁREAS DE PRODUÇÃO DO CERRADO ANTRACNOSE Causa lesões em frutos, em campo ou após a colheita. É mais problemática em cultivos de verão, quando ocorrem temperatura e umidade altas. Iniciase com pequenas áreas redondas e deprimidas, que crescem rapidamente e podem atingir todo o fruto. Sob alta umidade, o centro das lesões fica recoberto por uma camada cor-de-rosa, formada por esporos do fungo. Os frutos atacados não caem. FERRUGEM Ocorre nas folhas com pequenas pústulas elípticas, a princípio recobertas pela cutícula. Nesta fase, a planta apresenta-se com folhas secas e depauperadas e a produção já está comprometida, devido ao pequeno tamanho dos bulbos produzidos. FUMAGINA Consequência da infestação de pulgões, moscas brancas ou cochonilhas, que secretam substância adocicada na superfície de folhas e frutos, onde se desenvolve um fungo de cor escura. Este fungo não infecta nenhum órgão da planta, mas dá um aspecto estranho e desagradável e pode afetar a capacidade de fotossíntese. MELA Afeta toda a parte aérea da planta e apresenta basicamente dois tipos de sintomas. O primeiro aparece nas folhas como pequenas manchas aquosas, arredondadas, de cor mais clara que a parte sadia, e essas manchas são rodeadas por bordos de cor castanho-avermelhada. À medida que a infecção progride, ocorre uma intensa produção de micélio de cor castanho-claro, em ambas as faces das folhas, formando uma teia micélica. MÍLDIO Os sintomas iniciam-se com uma descoloração nas folhas que evolui para uma mancha alongada no sentido do comprimento das mesmas. Com o avanço da doença, hastes florais e folhas podem quebrar e/ou secar.

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MURCHA OU FUSARIOSE Ataca os vasos lenhosos a partir das raízes causando murcha generalizada e morte rápida das plantas. A doença se inicia pelas extremidades do ramo e neste momento, antes da generalização da murcha, as raízes já se encontram apodrecidas. NEMATOIDE DAS GALHAS As plantas afetadas apresentam desenvolvimento abaixo do normal, amarelecimento das folhas e murchamento. Estes sintomas se devem à formação de galhas (engrossamentos) e apodrecimento das raízes, que perdem a capacidade normal de absorver água e nutrientes do solo. OÍDIO Ataca muito os cultivos irrigados por gotejamento. Ocorrem manchas claras na superfície superior das folhas. Sob condições favoráveis à doença, essas manchas tornam-se necróticas ou com muitas pontuações negras, com formato pouco definido. A parte inferior da folha fica recoberta com estruturas esbranquiçadas do fungo. Entretanto, podem ocorrer clorose e necrose, sem que se perceba claramente o “pó branco”, o que dificulta o diagnóstico da doença. Folhas muito atacadas podem cair, mas os frutos não são atacados pela doença. TOMBAMENTO O tombamento é uma doença que afeta muitas culturas. Sua preferência é por plantas jovens e ocorre em sementeiras, em copinhos, em bandejas ou em mudas recém-transplantadas. As mudas ficam escuras ou apodrecem na base do caule, provocando o tombamento da planta. Sob leve pressão, o topo da planta se desprende sem que a raiz seja arrancada.

Ferrugem na cana de açucar | Foto: www.bomsucessonoticiasonline.com.br

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DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS Em geral, as doenças nas plantas são provocadas pelas bactérias, fungos, nematoides ou vírus e, normalmente, não são visíveis a olho nu durante o tempo de incubação. Não se deve proceder a um controle qualquer no sistema de produção sem saber com que tipo de praga e doença se está lidando. Para fazer um diagnóstico da doença o mais fácil é comparar os sintomas com fotografias ou descrições de publicações, quando não for possível consultar um/a extensionista ou agrônomo/a experiente. Em caso de dúvida, é melhor enviar o material a um laboratório de Fitopatologia de universidades ou instituições de pesquisa. É preciso entrar em contato antes, para se informar sobre os critérios de encaminhamento de material. PASSOS PARA UM BOM DIAGNÓSTICO 1. Identificação do organismo que causa maior dano à cultura A observação do sistema vai além das culturas. Ele tem que ser analisado como um todo e com frequência, para identificar a presença de todos os elementos novos do ecossistema e os danos que estejam causando. Podem ser adotadas práticas que incentivem a reprodução de seus principais inimigos naturais. O bicudo, por exemplo, é o inseto mais importante no elenco de organismos que prejudicam a cultura do algodão. Na cultura da banana, os principais organismos são os fungos responsáveis pelo “Mal da Sigatoka” e pelo “Mal do Panamá”. 2. Amostragem da população dos organismos prejudiciais A presença das “pragas” precisa ser monitorada por meio da contagem de ovos, larvas e organismos adultos (no caso de insetos), ou da vistoria das plantas (porcentagem de dano em caso de doenças fúngicas, bacterianas ou viróticas). Essa é uma atividade obrigatória para saber quando é preciso agir e como promover o equilíbrio ecológico de todo o sistema de produção. 3. Escolher e utilizar as práticas de controle Mesmo promovendo o equilíbrio, alguns insetos e organismos podem ser persistentes. Quando existem ameaças desses organismos é necessário adotar práticas “curativas”. Estas consistem na aplicação de “remédios” para as plantas, que tanto combatem as doenças como fortalecem também o sistema imunológico das plantas.

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DEFENSIVOS NATURAIS Quando nas áreas de produção já houver a incidência de doenças e pragas, é necessário passar ao manejo reativo, ou seja, agir de forma específica para conter os danos nas plantações enquanto se reconstitui o equilíbrio biológico do ecossistema. Esse tratamento pode ser feito com defensivos naturais. Os defensivos naturais, também chamados de “alternativos”, por serem uma alternativa aos agrotóxicos, são produtos preparados a partir de substâncias não prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, que favorecem a produção de alimentos mais saudáveis para o consumidor final. Antes do surgimento de agrotóxicos, os agricultores e agricultoras preparavam e utilizavam os produtos a partir de materiais disponíveis nas suas propriedades e proximidades. Com o surgimento da indústria agrotóxica, esses conhecimentos estão se perdendo, mas ainda permanecem nas comunidades campesinas tradicionais e em alguns setores acadêmicos. Entre os defensivos naturais encontram-se os biofertilizantes líquidos, as caldas, os feromônios, os extratos de plantas e os óleos. Os defensivos naturais estimulam o metabolismo das plantas, fazendo-as reagir quando pulverizados sobre elas, aumentando a resistência aos ataques. INSTRUÇÕES BÁSICAS PARA APLICAÇÃO DE DEFENSIVOS NATURAIS • Se houver necessidade de intervenção para controle da praga e/ou doença, utilizar produtos com menor efeito sobre os inimigos naturais das pragas. • Se houver necessidade de intervenção para controle da praga e/ou doença, utilizar produtos com menor efeito sobre os inimigos naturais das pragas. • Nunca misture duas ou mais receitas na mesma aplicação e dê um intervalo de um ou mais dias entre as aplicações de receitas diferentes. • Mantenha o produto que foi preparado afastado de crianças e animais domésticos. • Mantenha o produto afastado de alimentos ou de ração animal, pois, embora alternativo, podem ocorrer reações indesejadas em caso de acidentes, visto que são substâncias concentradas. • Mantenha afastado das áreas de preparo e aplicação: crianças, animais domésticos e pessoas desprotegidas, nos casos dos defensivos mais fortes, como a pimenta e o fumo. • Não utilize equipamentos com vazamentos. Não desentupa bicos,

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orifícios, válvulas dos pulverizadores com a boca, pois sempre ficam resíduos que podem causar alguma irritação. • Não aplique defensivo natural quando houver ventos fortes, nem contra o sentido do vento. Aplique sempre nas horas mais frias do dia. • Não prepare defensivos que envolvam produtos mais fortes com as mãos desprotegidas. Nestes casos, não se esqueça de se proteger, usando os equipamentos de proteção individual (EPIs).

Foto: portal.cerac.org.br AGROECOLOGIA Cadernos da Agricultura Familiar

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DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE ALGUMAS PRAGAS EM ÁREAS DE CERRADO ÁCAROS São “primos” das aranhas, sugadores e invisíveis a olho nu. Sua presença é notável pela presença de teias na parte inferior das folhas, em brotações novas, em flores e frutos. Diminuem o ritmo de crescimento e podem matar a planta. Deve-se manter a umidade na planta, pois os ácaros não gostam de umidade, ou retirar as partes atacadas. Repelentes são cravo-de-defunto, coentro e alho. A calda de fumo também ajuda no controle. Outro método eficaz de combate ao ácaro é o soro de leite. Soro de leite Ingredientes 1 copo de leite azedo; 1 litro de água. Preparo Misturar o leite azedo a água. Uso Pulverizar. Quando pulverizado sobre as plantas, o soro provoca o ressecamento e mata o ácaro. LAGARTAS São devoradoras das folhas. Muitas vezes podem ser catadas com as mãos (utilizar luvas adequadas). Cuidado com as lagartas de fogo, aquelas adultas com pelos vistosos, mas urticantes. A lagarta-rosca é de coloração parda e corta as plantas rente ao solo. Ficam enroladas para se proteger e são encontradas quando estão a uns 10 cm de profundidade, ao redor da planta. Uma boa forma de combater as lagartas é pulverizar com água de cinza. Água de cinza Ingredientes 2 kg de cinza; 10 litros de água. Preparo Misturar a cinza com a água. Uso Pulverizar as plantas com a mistura.

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PULGÕES Os pulgões são insetos sugadores de multiplicação muito rápida, com coloração variada. Atacam brotos novos na parte inferior das folhas e nos caules, produzindo uma substância açucarada e deixando a planta mais susceptível a outras pragas. Esses insetos são um sinal de manejo errado de adubação, por isso é preciso evitar adubo fresco (não curtido) e adubação excessivamente nitrogenada (por exemplo, muita ureia). Os pulgões atacam quando o solo é pobre em matéria orgânica. As joaninhas, suas predadoras naturais, comem os ovos dos pulgões. As flores de cenoura atraem um tipo de mosca que devora os pulgões. Às vezes um bom jato d’água, quando a planta é firme, elimina os pulgões. Pode-se aplicar calda de fumo ou macerado de urtiga. Se forem poucas plantas doentes, podese passar uma mistura de água e álcool em partes iguais nas plantas afetadas. Também pode ser usado preparo de urtiga, arruda, alamanda ou coentro para pulverizar as folhas doentes. Os pulgões também são combatidos com: Chorumão de urtiga (Urtica urens L) Ingredientes 4 kg de urtiga dioica; 60 litros de água. Preparo Misturar e deixar fermentar por 60 dias. Uso Diluir 1 litro da calda em 20 litros de água. Esta receita também é nutritiva para as plantas. Preparado de babosa (Aloe vera) Ingredientes 1 balde de babosa; 1 balde de água. Preparo Picar toda a babosa e misturar com a água, deixando curtir por 24 horas. Uso Para pulverizar a planta, usar 1 litro da calda para 5 de água. Após a aplicação, deixar a planta descansar por 8 dias. Preparado de folhas e talos de tomateiro (Lycopersiconesculentum) Ingredientes 1/2 kg de folhas e talos de tomateiro; 1 litro de álcool. Preparo Picar as folhas e talos do tomateiro, misturar com o álcool e deixar em repouso por alguns dias. Depois do repouso, coar o produto. Uso No momento do uso, diluir um copo do extrato em 10 litros de água e pulverizar sobre as plantas. AGROECOLOGIA Cadernos da Agricultura Familiar

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VAQUINHAS Insetos de cor verde com listras amareladas, que se alimentam das folhas das plantas prejudicando seu crescimento. Pimenta (Capsicum spp.) Ingredientes 500g de pimenta vermelha; 4 litros de água; 5 colheres de sopa de sabão de coco em pó. Preparo Bater as pimentas em um liquidificador com 2 litros de água até a trituração total. Coar o preparado e misturar o sabão de coco em pó, acrescentando então os 2 litros restantes. Uso Pulverizar sobre as plantas atacadas. Cebola (Allium cepa L.) Ingredientes 1 kg de cebola; 10 litros de água. Preparo Cortar a cebola e misturar na água e deixar curtir por 10 dias. Uso Pulverizar as plantas. LESMAS E CARACÓIS Moluscos que deixam um rastro brilhante e se alimentam das folhas. Durante o dia se escondem debaixo de tábuas, tijolos, pedaços de madeira ou qualquer outro entulho deixado na área de horta, o que deve ser, portanto, evitado. Uma boa forma de combater as lesmas é misturar água e café e pulverizar, ou mesmo colocar um pouco de borra de café no vaso ou canteiro. Outras formas de combate: Chuchu (Sechium edule Schnartz) Ingredientes Chuchu e sal. Preparo Colocar dentro de latas rasas o chuchu em pedaços e depois adicionar um pouco de sal. Uso É bastante atrativo para lesmas e caracóis, possibilitando seu controle mecânico.

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Cerveja com água açucarada Ingredientes Cerveja, água e açúcar. Preparo Misturar água, cerveja e um pouco de açúcar. Uso Colocar à noite perto das plantas atacadas um prato raso com a mistura de cerveja e água açucarada. Na manhã seguinte as lesmas estarão dentro do prato. Possibilita o controle mecânico, uma vez que esta associação apresenta-se bastante atrativa. TATUZINHO Os bichos-de-conta, tatuzinhos-de-jardim ou tatu-bolinha contam com mais de 3 mil espécies. São pequenos animais de corpo comprido, normalmente acinzentado ou rosado, que vivem em locais úmidos, debaixo das pedras ou dos detritos vegetais de que se alimentam. Eles atacam as hortaliças e se alimentam de raízes, porém não trazem grandes prejuízos às hortaliças. PERCEVEJOS Conhecido também como Maria fedida ou fede-fede pelo odor desagradável que exalam, algumas espécies sugam as plantas, outras são extremamente benéficas, sendo predadoras de outras pragas, como lagartas. Portanto, algumas espécies devem ser conhecidas e protegidas. Entre as maléficas estão os barbeiros, transmissores da doença de chagas. Primeiro devem ser removidos manualmente, se não surtir efeito, a calda de fumo pode funcionar como repelente.

Percevejo-gaucho | Foto: Renan Assunção AGROECOLOGIA Cadernos da Agricultura Familiar

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RECEITAS SIMPLES PARA O TRATAMENTO DAS DOENÇAS EM ÁREAS DE CERRADO BICARBONATO DE SÓDIO Usado para o controle do Oídio. Ingredientes 100g de bicarbonato; 10 litros de água. Preparo Misturar o bicarbonato com os 10 litros de água. Uso Pulverizar as plantas. EXTRATO DE ALHO (ALLIUMSATIVUM) Usado para o controle do míldio e da ferrugem. Ingredientes 4 dentes de alho; 1 litro de água. Preparo Amassar os dentes de alho em um litro de água e deixar em repouso por 12 dias. Uso Após este período, diluir a solução em 9 litros de água, filtrar e pulverizar sobre as plantas. Excelente também no controle de nematoides. EXTRATO DE CAMOMILA (ALATRICARIACOMOMILA L.) Indicado para o tratamento das doenças causadas por fungos. Ingredientes 100 gramas de flores de camomila; 1 litro de água. Preparo Bater no liquidificador as flores com a água. Deixar de molho por 12 horas, coar e em seguida diluir o extrato em 20 litros de água. Uso Pulverizar semanalmente.

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MAMOEIRO (CARICAPAPAYA) Usado para o controle do míldio e da ferrugem no cafeeiro. Ingredientes 700 gramas de folhas picadas; 1 litro de água. Preparo Bater no liquidificador as folhas picadas com a água. Deixar de molho por 12 horas, coar e em seguida diluir em 20 litros de água. Para aumentar a aderência e ampliar a ação contra pragas, acrescentar 100 g de sabão comum, previamente diluído em 1 litro de água. Uso Pulverizar as plantas. SUCO DE LIMÃO (CITRUSLIMON) Ingredientes 5 limões; 10 litros de água. Preparo Fazer o suco de limão. Uso Pulverizar sobre as plantas, repetindo a cada 14 dias.

BIBLIOGRAFIA Agroecologia – Plante esta Ideia. Agricultura Familiar – Agroecologia e Mercado. Caderno 01. Fundação Konrad Adenauer, 2008. Revista do IDEC – Edição 162 – Fevereiro 2012 • www.aia2014.gov.br • www.anda.jor.br/28/02/2012/animal-ameacado-de-extincao-o-loboguara-vive-no-cerrado • chc.cienciahoje.uol.com.br • www.atitudessustentaveis.com.br/ecologia-urbana/cinco-cidadesque-se-dedicam-a-mudar-o-mundo-atraves-da-sustentabilidade • www.eco4u.wordpress.com AGROECOLOGIA Cadernos da Agricultura Familiar

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