Edição 66

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Dezembro/14 - Janeiro/15 • Edição 66 • Ano VII • Distribuição gratuita

“MADE IN JAPAN” – A DELICADEZA E VERSATILIDADE NIPÔNICA DE FERNANDA TAKAI

Solteiros sim!

Os jovens e a solitude companheira

MÃO DUPLA Dilma e Pimentel vão governar juntos. A expectativa é de que obras esperadas há décadas pelos mineiros se tornem realidade. Duplicação da BR 381, ampliação do metrô e reforma do Anel Rodoviário são prioridades Obras | 1 na BR 381. Trecho de Antônio Dias


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OLHAR BH

Igreja de São José Foto: Felipe Pereira |3


EDITORIAL Corrigir e transformar A diferença entre o pessimista e o otimista está na forma como eles encaram os obstáculos e as dificuldades em qualquer situação adversa. O que nos impede de atingir objetivos pode ser visto como aprendizado e desafio ou empecilho ao resultado desejado. No fundo, a diferença fundamental está em aprender ou não com erros e acertos e transformar as experiências em novas conquistas.

Carlos Viana Editor Executivo carlos.viana@voxobjetiva.com.br

“... O povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo.” (Daniel 11:32)

A Vox Objetiva é uma publicação mensal da Vox Domini Editora Ltda. Rua Tupis, 204, sala 218, Centro, Belo Horizonte - MG CEP: 30190-060

É dessa maneira que devemos entender o Brasil. Tivemos um ano de 2014 praticamente nulo à espera da eleição presidencial. Por ora, enfrentamos o resultado do descontrole das contas públicas e da falta de um planejamento realista e executável. Ao encerrarmos este ano, estamos fechando um ciclo com crescimento medíocre, políticas públicas erráticas e um experimentalismo danoso à economia brasileira. Pagamos o preço do desrespeito à regra fundamental da administração pública de nunca gastar mais do que se arrecada. Passou! Em 2015 é preciso encarar os problemas. Vamos entrar janeiro na expectativa de saber como o governo reeleito vai lidar com erros que não podem ser repetidos. Há muito o que consertar e corrigir. A escolha da nova equipe econômica foi um bom primeiro-passo. Os nomes foram bem recebidos por todos os segmentos produtivos do país. Na visão de grandes especialistas, distantes da militância ideológica, se forem apoiados, de fato, pelo governo, os novos ministros da economia e do planejamento vão colocar em prática um plano de ajustes. Os resultados positivos serão sentidos somente após dois ou três anos. Reorganizar a administração pública brasileira se torna ainda mais urgente diante do quadro atual de mudanças na economia internacional ligada ao petróleo. Somos dependentes do investimento estrangeiro, e manter a entrada de capital via Petrobras é fundamental para manter a economia em funcionamento. Sozinha, a estatal, que enfrenta a maior crise de confiança da história, responde por 3% do PIB nacional. É muita riqueza enlameada pela corrupção e pelo imobilismo de quem governa. O cenário é preocupante. É preciso agir. Somente o otimismo pode manter nossa confiança no futuro. Aos leitores, nosso desejo de um ano novo desafiador, mas vitorioso; de tempos mais organizados e bem-sucedidos para os brasileiros. Precisamos acreditar em nossa capacidade e no nosso aprendizado diante das dificuldades. Em nome de toda a equipe de Vox Objetiva, um feliz ano novo!

Editor adjunto: André Martins l Diagramação e arte: Felipe Pereira | Capa: Felipe Pereira | Foto de capa: Edsom Leite/Ministério dos Transportes l Estagiária: Daniela Rebello l Reportagem: André Martins, Daniela Rebello, Haydêe Sant’Ana, Ilana Rehávia, Rodrigo Freitas, Vinicius Grissi | Correspondentes: Greice Rodrigues - Estados Unidos, Ilana Rehavia - Reino Unido | Diretoria Comercial: Solange Viana | Anúncios: comercial@voxobjetiva.com.br / (31) 2514-0990 | Atendimento: jornalismo@ voxobjetiva.com.br (31) 2514-0990 | Revisão: Versão Final Tiragem: 30 mil exemplares | voxobjetiva.com.br

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SUMÁRIO 8

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Reprodução

Bruno Sena Reprodução

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Eduardo Tropia

Divulgação

VERBO

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FERNANDA TAKAI Mãe, escritora e cantora, vocalista do Pato Fu revela detalhes de um cotidiano desafiador

METROPOLIS

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NATAL TECNOLÓGICO

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EU E EU MESMO

RESULTADOS BH inaugura centésima Umei e comemora bom desempenho no Ideb

CAPA

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SALUTARIS

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Antes malvista socialmente, solteirice tem sido a escolha de jovens adultos

PODIUM

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FUTEBOL AMERICANO Esporte ganha adeptos no Brasil, mas tem falta de investimentos como principal desafio

HORIZONTES

EXPECTATIVA Com alinhamento de governos, Minas pode ter obras importantes finalmente desengavetadas

Especialistas discutem uso de aparelhos eletrônicos por crianças

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INTERCÂMBIO Destinos incomuns entraram no roteiro de estudantes. Conheça.


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Reprodução

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Divulgação

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ESCÓCIA A porção do Reino Unido que encanta pelo melhor whisky do mundo e pelo visual estonteante

KULTUR

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JOIA RARA Complexo Arquitetônico da Pampulha lança candidatura a Patrimônio Cultural da Humanidade Trilogia chega ao fim com recepção insossa de público e crítica

IMOBILIÁRIO • Kênio Pereira Estratégias de combate à inadimplência

JUSTIÇA • Robson Sávio Segurança Pública: feliz ano velho!

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PSICOLOGIA • Maria Angélica Falci

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METEOROLOGIA • Ruibran dos Reis

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O HOBBIT

ARTIGOS

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Orgulho de ser

De olho no céu

CRÔNICA • Joanita Gontijo Descanso dos avatares

GASTRONOMIA

RECEITA – Chef Ilmar de Jesus Almôndegas Exóticas

VINHOS – Nelton Fagundes Hora de brindar com os melhores espumantes |7


VERBO

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Bruno Senna

Jackson Romaneli


VERBO

Mil em uma Dona de uma voz doce, Fernanda Takai lança CD “Na medida do impossível” com repertório que mistura estilos e parcerias para lá de especiais Haydêe Sant’Ana

c

antora, compositora, cronista, escritora, instrumentalista e mãe. Fernanda Takai é o típico exemplo de mulher moderna que se divide em mil para dar conta das tarefas diárias. Na estrada há mais de duas décadas, a cantora concilia, há 7 anos, a carreira solo e a de vocalista da banda Pato Fu. Esse desafio requer muita disciplina e organização.

Nascida no Amapá, mas com coração de origem mineira, Takai veio para Belo Horizonte ainda criança. O início da carreira musical acontece em 1988 com a banda Data Vênia, na qual permaneceu até o início dos anos 90. Em 1992, a cantora e mais dois amigos que participavam do grupo “Sustados por um Gesto”, John Ulhoa - hoje marido da vocalista do Pato Fu - e Ricardo Koctus, decidiram formar uma banda.

Além da agitada carreira musical, a vocalista do Pato Fu se dedica a projetos pessoais. Ela é cronista dos jornais Correio Braziliense e Estado de Minas. Também é autora de dois livros: “Nunca subestime uma mulherzinha” e “A mulher que não queria acreditar”, uma coletânea dos textos publicados nos periódicos para os quais contribui.

“Gosto de me sentir sempre incentivada pela arte e pela vida para seguir em frente”

Neta de japoneses, Fernanda explica que o nome de fantasia do grupo Pato Fu foi inspirado no método de defesa pessoal oriental Kung Fu. A mistura da voz doce da vocalista com um ritmo pop, marcado por batidas eletrônicas e o som de guitarras distorcidas, foi um sopro de novidade para a música brasileira. Rapidamente o grupo se tornou reconhecido em todo o país. Em 2007, Takai se lançou em carreira solo com o disco “Onde brilham os olhos seus”, uma homenagem à musa da Bossa-Nova, Nara Leão. Sucesso de público e crítica, o CD teve uma ótima repercussão. O bom desempenho marcou a estreia da cantora em grande estilo.

Em entrevista exclusiva à Vox Objetiva, Fernanda Takai fala sobre a vida, a carreira musical e sobre o álbum novo: “Na medida do impossível”, disco produzido com parcerias especiais escolhidas a dedo pela cantora. Quando você teve o primeiro contato com a música?

Como ouvinte assídua de música desde muito pequena. Eu tinha um gravador de K7s aos 6 anos de idade. Aos 9, comecei a aprender violão e isso serviu como um elemento de socialização importante para mim. Depois tive uma banda no colégio que entrou em alguns festivais. Quando o Pato Fu começou, eu estava terminando a faculdade de Comunicação. Como é conciliar a carreira solo com a da banda Pato Fu? Tenho que administrar bem o tempo. Nunca paro a banda pra realizar meus projetos solo. É tudo ao mesmo tempo. Tem semana que faço três shows completamente diferentes: o Música de Brinquedo, o Pato |9


VERBO

Fu e o meu solo, além de participar especialmente em eventos de outros artistas e gravar no meu estúdio. À parte de tudo isso, tem a vida real: filha, mãe, supermercado, bichos, casa, jardim, reuniões, entrevistas,... Por enquanto está dando certo. Qual a diferença em compor para a carreira solo e para a banda Pato Fu? Geralmente trabalho com o John para o Pato Fu. Nesse meu disco solo, chamei outras pessoas para a etapa de composição. Isso já diferencia bastante. E meu trabalho solo é mais delicado, mais tranquilo sonoramente falando. O Pato Fu traz mais contrastes no som e nos temas. Você trabalha muito compondo músicas para sua carreira solo e para a banda e escreve para jornal. Como você consegue administrar o tempo para fazer tanta coisa? Sou uma pessoa organizada. Tenho disciplina. Isso aprendi desde cedo. Também gosto de aceitar alguns desafios pra saber avaliar o tamanho dos meus passos a cada etapa da carreira. Seu novo disco “Na medida do impossível” traz um repertório e parcerias de sucesso, mas, em cada combinação, música e artista estão em sintonia. Como surgiu a ideia das parcerias para o disco? Admiro todos os artistas que participam do meu álbum e sou amiga da maioria deles. É um disco muito afetuoso para ser compartilhado. A diversidade das pessoas ali mostra que o melhor da vida é ter liberdade. Exercito isso completamente nos meus trabalhos solo. Quando estamos numa banda, temos que respeitar e, às vezes, acatar a decisão da maioria. O Pato Fu só é do jeito que é porque resulta das nossas forças e de gostos pessoais. É uma média ponderada entre indivíduos. Por que este nome: “Na medida do impossível”? Acho que dá uma ideia boa de superação, de ir além do que se pensa, do que se espera de si mesmo em primeiro lugar. Ao longo da carreira de 22 anos, produzi tantas coisas diferentes que, às vezes, nem eu mesma acredito. Gosto de me sentir sempre incentivada pela arte e pela vida para seguir em frente.

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Quais artistas inspiraram e influenciaram você na sua carreira musical? Acho que as escolhas das canções e da diversidade dos meus convidados ilustram bem a minha vontade de romper certas leis óbvias de relacionamento com um mundo compartimentado. Escuto música de todos os tempos, dos mais variados estilos. Entre vários ídolos, boa parte deles está na geração dos anos 80 daqui e de fora. Nessa época, eu era adolescente e começava a ter banda na escola, participar de festivais,... Você é descendente de japoneses. Como é o seu contato com a cultura japonesa hoje em dia? Interesso-me bastante. Até aprendi um pouco o idioma. Sempre que possível, estou lendo, vendo ou ouvindo algo a respeito. Minha filha também gosta e quer muito ir ao Japão. Estive lá por quatro vezes já. Em “Música de Brinquedo”, vocês gravaram utilizando apenas instrumentos de criança. Como foi essa experiência? Tivemos que ser muito dedicados pra levar esse projeto do estúdio para o palco em turnê. Acho que só uma banda como o Pato Fu enfrentaria essa ideia quase improvável. Tem sido ótimo! Temos fãs muito novos agora e é um espetáculo que vai ficar na memória de muita gente de uma forma divertida e carinhosa. O Pato Fu é uma banda que tem mais de 20 anos de carreira. Cada integrante tem projetos pessoais que desenvolvem paralelamente. Qual o segredo para se manterem unidos e firmes na estrada? A minha carreira solo aconteceu por causa de um “sim” a uma ideia linda do Nelson Motta. Há sete anos venho levando meus compromissos solo paralelamente aos da banda. Dá muito trabalho, mas é muito libertador. Eu recebi muitos convites legais nos últimos tempos por ter ganhado mais visibilidade como uma artista que pode também se apresentar sem o Pato Fu. O grupo ainda é importante pra mim, mas hoje é bom saber que posso alcançar outras plateias. Como todos têm seus projetos especiais, a gente se entende.


VERBO

Bruno Senna

HĂĄ sete anos venho levando meus compromissos solo paralelamente aos da banda. DĂĄ muito trabalho, mas ĂŠ muito libertador

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Soraya Saraiva

METROPOLIS

DE VENTO EM POPA Ensino Fundamental da rede municipal de Belo Horizonte tem o maior Ideb dentre as metrópoles. E capital inaugura a centésima Umei André Martins

B

elo Horizonte fecha 2014 com saldo positivo na área da educação básica. A capital mineira tem o melhor Ensino Fundamental em comparação com o das metrópoles brasileiras com mais de 2 milhões de habitantes. O resultado foi divulgado em setembro deste ano com base nos dados do Índice de Educação Básica Infantil (Ideb) referentes a 2013. Pela terceira vez consecutiva, o desempenho médio das escolas da capital mineira atendem às expectativas projetadas pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). A avaliação de qualidade da educação é feita a cada dois anos. Os critérios são a relação entre a nota que a escola tira (desempenho) na Prova Brasil - nome dado ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) - e o tempo médio gasto pelos alunos para concluir uma série (rendimento escolar). Nesse cálculo, portanto, o desempenho obtido pela escola é inversamente pro12 | www.voxobjetiva.com.br

porcional ao rendimento do aluno. Por exemplo: se uma escola atinge nota 8 na Prova Brasil, mas o tempo médio gasto pelos alunos para concluir cada série for de dois anos, o Ideb é 4. A partir da obtenção desse índice, o MEC monitora os desempenhos e norteia a política educacional até a próxima avaliação. O índice registrado pelas escolas belo-horizontinas foi de 5,7 para os anos iniciais do Ensino Fundamental (4ª série e 5º ano) e de 4,5 para os anos finais (8ª série e 9º ano). O resultado excedeu a meta de 5,6 definida para os anos iniciais e atingiu o índice projetado para os anos finais. Embora estejam abaixo da média estadual (6,2 e 4,7, respectivamente), os números de Belo Horizonte ultrapassam os da média brasileira, que foi de 5,2 para os anos iniciais e 4,2 nos anos finais. A secretária municipal de educação, Sueli Baliza, comemora o resultado e entende que ele atinge


METROPOLIS

um significado ainda mais expressivo por se tratar de dados referentes ao sistema de educação de uma metrópole. Para ela, o desempenho de BH no Ideb é reflexo de uma junção de fatores que incluem o trabalho de professores e de diretores e as iniciativas que contribuem de modo transversal. “Dentre muitos esforços e iniciativas, cito o Escola Integrada. Esse programa ocupa metade dos alunos da rede municipal com atividades esportivas, música, dança,... E tem o Programa Saúde na Escola: foram mais de 100 mil adesões. Os alunos têm um acompanhamento de saúde efetivo cujo resultado se reflete no melhor desempenho em sala”, explica. O MEC vai fazer nova avaliação em 2015. Para Sueli, o desafio é manter a estrutura da rede municipal de educação e continuar focando na qualidade e no bom desempenho. Para o Ideb do próximo ano, a meta prevista para o Brasil é de 5,9 para os anos iniciais e 4,9 para os anos finais do Ensino Fundamental. CEM UMEIS Além do bom desempenho no Ideb, Belo Horizonte comemora o número expressivo de centros de referência em educação infantil. No dia 11 de dezembro, o município ganhou a centésima Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei). Com potencial de atendimento de até 440 alunos, o espaço, localizado no bairro Santa Branca, Região da Pampulha, é um passo a mais rumo à meta da Secretaria Municipal de Educação (SMED). A perspectiva é chegar a 2016 com 153 unidades construídas e atender a cerca de 180 mil crianças de zero a 5 anos.

tação pública. As concessionárias vitoriosas nos processos ficam com encargos relativos à segurança, limpeza, sustentabilidade e aquisição de mobiliário. Recentemente a iniciativa foi premiada pelo jornal britânico Financial Times. A Umei Santa Branca não é a última a ser entregue em 2014. No final do ano, as crianças do bairro Serra Verde, no extremo Norte de Belo Horizonte, vão ser contempladas com uma unidade de educação. “Nós sabemos que Belo Horizonte tem um histórico de dívida envolvendo a educação infantil, que é uma área muito nova no atendimento da educação da capital. Nós temos o compromisso de expandir esse atendimento. A educação infantil é entendida por muitos estudiosos e pesquisadores da área como o momento mais importante da formação do quociente intelectual. Então a criança que tem acompanhamento nessa fase da vida adquire uma visão de mundo mais ampla”, aponta Sueli. A secretária também ressalta que, a partir de 2016, a SMED pretende universalizar o atendimento às crianças com mais de 4 anos e continuar a progredir no atendimento ao público de creches, considerado ponto nevrálgico em todo o Brasil.

BH fecha 2014 com 101 Umeis; previsão para 2016 é de que 153 unidades estejam em funcionamento Isabel Baldoni

Em funcionamento desde junho, a Umei Santa Branca atende 210 crianças de zero a 6 anos. O espaço tem uma estrutura completa para receber alunos: são dez salas de aula, um berçário, um pátio coberto, salas de atividades, auditório, parquinho, dentre outros ambientes. A centésima Umei de BH foi construída por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) da Educação e teve investimento de R$ 3,7 milhões. Desse total, R$ 1,3 milhão foi repassado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). A PPP da Educação é uma iniciativa da PBH e tem sido implementada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento e pela SMED sob a forma de lici| 13


ARTIGO

Kênio Pereira

Imobiliário

Estratégias de combate à inadimplência Os condomínios não têm objetivo de lucrar em suas operações. O valor da quota condominial corresponde ao rateio das despesas necessárias à manutenção e à conservação do bem que pertence à coletividade condominial. Essa realidade exige a participação regular de todos no pagamento do rateio. Caso contrário, o imóvel pode deteriorar, levando à desvalorização da propriedade. As principais despesas dos condomínios são fixas e precisam ser honradas independentemente da arrecadação do mês. Assim, toda vez que um condômino deixa de pagar, o patrimônio comum é colocado em risco, obrigando os bons pagadores a suprir a cota-parte dos inadimplentes. Essa situação causa uma compreensível revolta, pois há inadimplente que explora os vizinhos durante anos ao se utilizar de todos os serviços e empregados sem nada pagar.

“A inércia gera a indignação entre os que cumprem suas obrigações, pois eles se sentem explorados”

É comum o síndico sentir certo constrangimento ao propor um processo de cobrança contra um vizinho, pois tem receio de prejudicar seu relacionamento pessoal com o morador inadimplente. Diante disso, a melhor estratégia é conduzir o problema de forma profissional, com a assessoria jurídica que vai conduzir o caso. A falta de atitude enérgica contra os inadimplentes dissemina o sentimento de impunidade por parte dos demais condôminos. Isso acaba estimulando que outros deixem de pagar a quota de condomínio, pois há muitos casos em que a dívida prescreve por falta de atitude. Essa inércia gera a indignação entre os que cumprem suas obrigações, pois eles se sentem explorados. 14 | www.voxobjetiva.com.br

Atualizar a convenção consiste numa atitude mais eficiente para garantir a pontualidade e evitar os desgastes e custos de uma ação de cobrança. A multa moratória de apenas 2% sobre o valor do débito é insignificante, mesmo mediante da aplicação do índice de correção monetária e do juro de 1% ao mês. O art. 1.336 do Código Civil permite ao condomínio estipular juros mensais acima de 1%, sendo que há decisão judicial confirmando juros de até 10% ao mês. Rerratificar a convenção com técnica jurídica e inserir uma taxa de juros mais elevada são medidas de economia, pois o custo de contratação de um advogado para propor um processo de cobrança é elevado. Essa despesa pode girar em torno de R$ 6 mil. Esse valor pode ultrapassar os R$10 mil, caso o réu tumultue. Esse processo costuma durar seis anos até chegar ao ponto de o imóvel ser penhorado. Por fim, a convenção pode estabelecer, também como fator de pressão contra a inadimplência, o protesto de cotas condominiais e a inscrição do nome do inadimplente nos cadastros de proteção ao crédito (SPC, Serasa, etc.) e outras medidas bem interessantes, mas que poucos sabem implementar. Por isso, é fundamental criar mecanismos que desestimulem a impontualidade. Quando são assessorados por especialistas, os objetivos têm obtido êxito com a redução drástica da inadimplência.

Kênio Pereira Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG keniopereira@caixaimobiliaria.com.br


Manoel Marques

CAPA

HORIZONTES

E agora,... vai? Com governos federal e estadual alinhados, Minas espera ver obras importantes finalmente saírem do papel e do campo das promessas Rodrigo Freitas

H

á 28 anos, o metrô de Belo Horizonte é uma novela de contornos dramáticos para o cidadão da Região Metropolitana. Promessas de expansão da linha um e criação de ramais sempre foram feitas, mas a verdade é que pouca coisa saiu do papel. Em setembro de 2011, a presidente Dilma Rousseff esteve na capital mineira e anunciou recursos para a criação das linhas Barreiro - Calafate e Savassi - Lagoinha. Três anos depois, nada saiu do papel. Os governos federal e estadual trocaram acusações de incompetência na gestão das obras e nada, além de estudos, foi feito até hoje. No entanto, essa história pode ganhar outros rumos com a posse do governador eleito Fernando Pimentel (PT) em janeiro. Amigo de Dilma, Pimentel terá influência no governo federal. E um dos primeiros passos do novo mandatário de Minas Gerais será repensar o metrô. Aliados dizem que Pimentel reconhece a im-

portância do ramal Barreiro - Calafate, mas questiona a linha Savassi - Lagoinha. Para o novo governador, o mais importante seria concretizar a expansão das extremidades da linha um. Numa ponta, a ideia é levar o metrô até a cidade de Betim, passando por Contagem. Do outro lado, o objetivo seria expandir o sistema – que atualmente tem sua última estação em Venda Nova – até o município de Ribeirão das Neves. Nesse caso, o trecho subterrâneo entre a Savassi e a Lagoinha seria suprimido do projeto. “Isso seria o mais importante do ponto de vista da população. Trata-se de um metrô que pensa a Região Metropolitana como um todo. Na opinião do Fernando, isso é mais importante do que um ramal passando pela Savassi”, afirma o deputado federal Miguel Corrêa, aliado de primeira hora do governador eleito. O parlamentar afirma ainda que tudo isso ocorreria em consenso com Dilma.

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CAPA

Eduardo Tropia

Segundo deputados da base aliada, Pimentel tem como prioridade a expansão do metrô rumo às cidades de Ribeirão das Neves e Betim

Se depender da vontade de outros deputados que vão integrar a base governista de Pimentel, o metrô será expandido rumo à Grande BH. “Eu lutarei por isso. A minha visão é priorizar trajetos que tenham uma utilização maior de quem precisa ter acesso à capital. O cidadão hoje é metropolitano. Temos uma área de domínio da rede ferroviária na Região Metropolitana que pode perfeitamente ser usada. Eu estou convencida de que a solução dos nossos gargalos de trânsito na Grande BH passa exatamente pelo transporte sobre trilhos”, afirma a deputada estadual eleita Marília Campos (PT), ex-prefeita de Contagem. Para Marília, há outro fator prático que dificultaria a construção do ramal Savassi - Lagoinha e que serviria para agilizar o transporte sobre trilhos em direção à Região Metropolitana de Belo Horizonte. “Há uma fala do (arquiteto e urbanista) Jayme Lerner no sentido de que fazer metrô subterrâneo em áreas com um processo de ocupação tão definido pode não dar certo e que o melhor seria apostar em modalidades como o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e o bonde elétrico. É menos impactante e menos oneroso. E esse trecho da Savassi à Lagoinha se enquadra nesse conceito de uma região muito densa”, avalia a deputada eleita. Marília ressaltou que ainda não conversou com Pimentel, mas que vai defender a ideia na Assembleia Legislativa. Silvestre de Andrade, engenheiro civil e mestre na área de transporte, afirma que a linha Contagem - Betim já foi muito estudada e há demanda para metrô na região. “Esse ramal fazia parte do projeto original do

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metrô, feito há mais de 30 anos. Essa linha de Contagem a Betim é importante, foi estudada, mas depois abandonada. Há até um projeto sendo contratado pelo estado para dar continuidade a esse projeto, mas a gente não sabe se realmente vai sair”, revela o especialista. Andrade avalia ainda que, no caso de Ribeirão das Neves, talvez ainda não haja demanda para o metrô. “A meu ver, essa linha não tem demanda de metrô. Talvez haja uma demanda de VLT. O metrô é um sistema de maior capacidade. Mas, claro, não seria ruim um metrô com capacidade de sobra em Neves. Pelo contrário. Quando um sistema já começa esgotado, é ruim. Mas, por outro lado, talvez seja necessário otimizar a aplicação dos recursos neste momento em que o dinheiro é escasso”, opina. Para Silvestre Andrade, ainda é preciso que o governo reflita sobre o sistema de transporte como uma rede integrada e não como uma linha. “Hoje não se pode pensar em termos de transporte sem se pensar em várias alternativas, feitas de acordo com a demanda. Então, temos que pensar em rede de transporte e não em linha de transporte. O conceito é de rede. A cidade vai variando e crescendo em rumos que não crescia. Antigamente todo mundo ia do bairro para o Centro, mas hoje os deslocamentos são muito variados. Então é preciso pensar em um sistema integrado entre o BRT, VLT, metrô e ônibus. A rede de transporte precisa se comunicar”, adverte. Mesmo com a ideia de levar o metrô a Betim e a Neves, o novo governo de Minas ainda não sabe o que isso


CAPA

MAIS OBRAS Entre as outras duas grandes obras que Minas Gerais aguarda – a duplicação da BR-381 e a reforma do Anel Rodoviário –, Pimentel quer cuidar urgentemente do Anel. Trata-se de uma obra na via mais perigosa de Belo Horizonte e que está com sua execução travada por questões burocráticas. “Essa é a prioridade zero porque o metrô e a BR-381 já estão mais adiantados. O problema é que o atual governo não conseguiu tirar a obra do Anel Rodoviário do papel e o Fernando (Pimentel) tem a preocupação de resolver isso urgentemente. Não dá para continuar perdendo vidas ali praticamente toda semana”, entende Miguel Corrêa.

pessoas de baixa renda. Vale lembrar que o projeto Vila Viva (construção de prédios populares no lugar de barracos em aglomerados), que faz o maior o sucesso há anos na capital, é do Pimentel. Portanto, ele sabe como fazer. E, por fim, vamos recomeçar o programa Caminhos de Minas, que o atual governo transformou em uma grande balela. As obras estão paradas. Vamos recomeçar porque o asfalto leva o progresso”, enumera Durval, que considera “importantíssima” a boa relação de Pimentel com Dilma para o sucesso de tais empreitadas.

Orçadas em R$ 2 bilhões, as obras do Anel Rodoviário preveem alargamento de pistas e de viadutos e construção de vias e de marginais Reprodução

significaria em termos de valores a serem acrescidos nas obras, atualmente orçadas em R$ 6,5 bilhões, considerando-se os atuais projetos.

Em termos de obras estaduais gerenciadas diretamente pelo estado, o deputado estadual Durval Ângelo (PT), futuro líder do governo na Assembleia, aponta que o novo governo vai focar no tripé habitação, asfaltamento e educação. Segundo ele, a ideia das obras é promover o desenvolvimento de Minas por meio da transformação social. “Temos escolas no Interior de Minas que estão caindo. É fundamental que haja uma requalificação desses espaços físicos para que alunos e professores tenham bem-estar. Da mesma forma, o Pimentel quer focar na construção de moradias para

As obras federais que Minas espera

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CAPA

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CAPA

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ARTIGO

Robson Sávio

Justiça

Segurança Pública: feliz ano velho! Vamos iniciar 2015 com notícias mais do que velhas. Cerca de 55 mil pessoas são mortas por ano no Brasil. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as forças de segurança do país matam seis vezes mais que os policiais norte-americanos. Em cinco anos, policiais brasileiros mataram 11.197 pessoas, número que a polícia estadunidense levou 30 anos para atingir. Nos mesmo cinco anos avaliados, 490 policiais foram assassinados. A violência gerou um custo aos cofres públicos de R$ 258 bilhões – cerca de 5% do Produto Interno Bruto do país em 2013. O problema não é somente dos governos. É fácil desobedecer às leis e sempre é possível “dar um jeitinho”. Esse é o pensamento de mais de 80% dos entrevistados no levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para apurar o índice de Confiança na Justiça Brasileira. Entre os entrevistados, 86% dos que recebem mais de oito salários-mínimos disseram acreditar no “jeitinho”. Entre os que recebem até um salário-mínimo, o percentual foi de 69%. E há quem acredite que pobre é que é malandro!

Voltando nossos olhares para as Alterosas: quando assumiu o governo de Minas, em 2011, o ex-governador Anastasia prometeu ampliar os núcleos do programa Fica Vivo para cem unidades. Passados quatro anos e não obstante o aumento dos homicídios em Minas (especialmente juvenis), o Fica Vivo saltou de 34 para 38 núcleos. Em dezembro, o governo fechou dois núcleos do programa: um em Uberaba e outro em Sabará. O programa, que era a “menina dos olhos” da segurança pública do governo tucano, terminou 2014 aos trancos e barrancos.

“Em termos de seletividade, nosso sistema de justiça criminal é primoroso”

O número de detentos nas cadeias e penitenciárias do Brasil subiu de 551.622 em 2012 para 574.027 em 2013. O país ocupa o quarto lugar no ranking mundial de encarceramento, atrás de Estados Unidos, China e Rússia. A maior parte da população carcerária é formada por homens (93%), negros (61%) e com idades entre 18 e 29 anos (54%). Em termos de seletividade, nosso sistema de justiça criminal é primoroso. Pesquisa do Departamento Penitenciário Nacional do

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Ministério da Justiça em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre a justiça criminal e a aplicação de alternativas penais no Brasil, constatou o “sistemático, abusivo e desproporcional uso da prisão provisória pelo sistema de justiça criminal do país”. O estudo identificou que em 37,2% dos casos pesquisados em que há aplicação da prisão provisória, os réus não são condenados à prisão ao final do processo.

E por falar em ano novo, temos também um governo novo. Será? O primeiro secretário anunciado por Pimentel, em dezembro passado, o de Defesa Social, não tem um pingo de conhecimento na área. Até parece que a situação da segurança pública em Minas está uma maravilha. Será que o novo governador, na área da segurança, fará como Pilatos?

Robson Sávio Reis Souza Filósofo e cientista social robsonsavio@gmail.com


Alec Couros

Sinal dos tempos Geração Z troca brinquedos e atividades recreativas pela tecnologia de ponta Haydêe Sant’Ana

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oi-se o tempo em que brincadeiras ao ar livre eram tidas como as melhores alternativas de diversão para as crianças. O tempo passou, e os hábitos mudaram. Jogos on-line, videogames e outras modernidades passaram a ser o entretenimento favorito de muitos. O uso cada vez mais precoce da tecnologia reflete as transformações do mundo. Na era digital, laptops, tablets e smartphones se tornaram ferramentas cotidianas. A tecnologia foi incorporada a diferentes áreas da vida social adulta. É natural que as crianças não queiram ficar de fora desse processo. A facilidade de acesso e a forma de manusear os aparelhos chamam a atenção. Os integrantes da nova geração parecem ter nascido habituados a tudo que remeta à tecnologia. Eles sabem tudo sobre videojogos, dominam a linguagem dos hipertextos e desenvolvem várias atividades ao mesmo tempo sem demonstrar dificuldade. Inteligentes e espertas, essas crianças são conhecidas como os ‘nativos digitais’. Elas se distinguem dos ‘imigrantes digitais’ (integrantes das gerações anteriores) por se adaptar facilmente a esse novo contexto, não precisar consultar manuais de instruções e não ter medo se aventurar no mundo digital. Gabriel, de 5 anos, e Júlia, de 1, compõem a geração Z. Em casa, os filhos do gerente administrativo Alessandro Félix e da assistente contábil Rosilene Félix têm contato

com diversos tipos de aparelho eletrônico. Gabriel foi introduzido nesse mundo aos 2 anos, mas desde bebê assiste a desenhos animados em tablets e notebooks. Hoje o primogênito da família utiliza os eletrônicos para ver filmes, jogar e se comunicar. A pequena Júlia, embora não tenha coordenação motora desenvolvida, ensaia movimentos nas telas touchscreen. Acostumado desde cedo com as modernidades, Ian Alvarenga, de 11 anos, também demonstra clara preferência por eletrônicos. O pré-adolescente tem tablet, videogame e MP3 Player. Para o Natal, o garoto pediu o PES 2015, jogo de simulação de futebol profissional desenvolvido para o Playstation 4, o X Box One e o X Box 360.

DOSAGEM O contato precoce com o mundo digital pode afetar o desenvolvimento e o comportamento infantil, como alertam especialistas. Déficit de atenção, privação do sono, obesidade, depressão infantil, desenvolvimento lento da capacidade linguística e social são alguns dos possíveis problemas relacionados com o uso excessivo de tecnologia ao longo da infância. Por outro lado, existem benefícios relacionados com esse contato, embora não se tenha a comprovação científica

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SALUTARIS

Crianças e tecnologia A AVG ouviu 2,2 mil mães em sete países da América, da Ásia e da Oceania com filhos entre zero e 4 anos sobre a relação dos pequenos com o mundo high-tech

deles. O acesso à cultura, o interesse pela pesquisa, a menor dificuldade de aprendizado, o raciocínio rápido são citados como pontos positivos por especialistas. A tecnologia afeta o desenvolvimento infantil na mesma proporção que os brinquedos. É o que destaca a psicóloga e doutoranda em Psicologia pela PUC-Minas, Vanina Dias. Segundo ela, o uso da tecnologia na infância pode ser uma via de mão dupla. “O que determina se esse envolvimento vai ser positivo ou negativo são os modos como as crianças acessam e a interpretação delas ao que lhes é oferecido” explica. Uma pesquisa da empresa Antivírus Guard (AVG) aponta que 97% das crianças brasileiras entre 6 e 9 anos que têm pai ou mãe como usuários da internet estão conectados. De acordo com a Academia Americana de Pediatria (AAP) e a Sociedade Canadense de Pediatria (CPS), crianças entre zero e 2 anos não devem ter nenhum tipo de exposição à tecnologia. As de faixa etária de 3 a 5 anos devem ter acesso restrito de uma hora por dia. Para as crianças de 6 a 18 anos, o recomendável seria até duas horas por dia. No entanto, as opiniões dos profissionais da área estão mudando. Se antes havia um consenso contrário ao uso de eletrônicos por crianças menores de 2 anos, atualmente psicólogos, médicos e terapeutas adotam posição mais tolerante. Eles começam a perceber que proibir o uso talvez não seja a melhor alternativa. Autor do guia internacional sobre o assunto, publicado em 2011, o médico Dimitri Christakis defende o uso limitado. Segundo ele, o tempo máximo de exposição para crianças de até 3 anos é de uma hora. Opinião divergente tem a psicóloga colaboradora do Núcleo de Dependências Tecnológicas e Internet do Hospital das Clínicas de São Paulo, Sylvia van Enck. Para ela, uma hora de exposição ininterrupta é muito para uma criança. Uma das maiores preocupações apontadas pelos profissionais é o desinteresse e o abandono das crianças por atividades sadias, como brincar ao ar livre, passear e interagir com os amigos. “Quando a criança vive muito mais no mundo virtual do que no real, o desenvolvimento mental e físico é afetado” destaca Sylvia. Essa é uma preocupação comum também aos pais. Alessandro Félix, pai de Gabriel e de Júlia, explica que tenta controlar o uso de eletrônicos em casa. “A Júlia utiliza o tempo que definimos, porém o Gabriel tem liberdade. Normalmente desligamos a internet sem que ele saiba para interromper o uso”, explica. Já Marcos Souza, padrasto de Ian, incentiva o jovem a fazer passeios ao ar livre nos fins de semana. “Tudo em excesso é prejudicial”, entende. Na opinião de Vanina, o ideal é que as crianças recebam apoio e orientação familiar. Assim elas mesmas vão ser capazes de determinar um limite. “Isso não é algo que deve ser dado, mas construído por meio de uma relação saudável da criança com seus pais”, conclui.

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o apagar das luzes de setembro de 2014, o sonho de consumo de plebeias e nobres mundo afora se tornou ainda mais distante. Na elegante cidade italiana de Veneza, George Clooney, um dos homens mais cobiçados do mundo, colocou fim a uma solteirice de mais de uma década. O cinquentão trocou alianças com a advogada britânica de origem libanesa Amal Alamuddin em uma cerimônia discreta. Bonito, elegante, bem-sucedido e rico, o ator era, até então, o símbolo máximo dos chamados ‘solteiros convictos’. Longe da realidade glamourosa da cidade dos sonhos de Clooney, há vários exemplos de pessoas que optam por apreciar a solteirice enquanto podem. Eles não deixaram de acreditar no amor nem pensam em ficar estagnados nesse estado civil ad eternum. Apenas pensam que a vida de solteiro é uma fase a ser vivida com a maior intensidade possível.

Eles são novos, qualificados e solteiros. A solitude de jovens adultos marca uma geração e levanta debate sobre as‘razões’ para a solteirice André Martins

Realizada a cada dois anos, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2013 indicou que a população brasileira com idade igual ou superior a 15 anos é majoritariamente solteira. Elas correspondem a 48,2% das pessoas dentro desse recorte etário. A maior parte da ala dos ‘disponíveis’ é composta por homens (52,2%). Entre eles, os mais altos percentuais de solteiros por idade estão na faixa de 15 a 34 anos.

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O oficial do Corpo de Bombeiros Militar Júlio César Teixeira, de 29 anos, é um dos representantes desse “universo”. Sem traumas amorosos nem nenhuma frustração no campo afetivo, o jovem vê vantagem na liberdade que a vida com ele mesmo oferece. “Tenho mobilidade, liberdade e não preciso pensar em um planejamento compartilhado”, cita Júlio, que confessa ter desistido de uma pretendente por apreciar a solteirice. Para ele, organizar a vida financeira, buscar o sucesso profissional e o bem-estar pessoal são as prioridades no momento. Situação muito similar vive Ronaldo Alves Martins, de 28 anos. Solteiro convicto, o médico-veterinário dedica grande parte do tempo à qualificação profissional e ao lazer. Segundo ele, esses são investimentos para Dcubillias

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SALUTARIS

a construção de uma base de vida sólida. “Vivo um momento muito conturbado, com muitos projetos e atividades ao mesmo tempo. Isso inviabiliza uma agenda fixa. Viajo muito e não tenho ‘parada’ certa. Além de gostar dessa vida, acredito que assumir um relacionamento nesta fase não seria o ideal”, entende. A vida profissional é uma variável de peso na decisão de permanecer solteiro não apenas para Júlio e Ronaldo. A psicóloga Raquel Aquino explica que o mundo laboral contribui para dar robustez a esse contingente de solteiros e estabelecer a tendência dos casamentos tidos como tardios. “A pressão pelo sucesso e a busca pelo reconhecimento fazem com que muitas pessoas optem por uma vida individual, deixando os relacionamentos sérios, que visam o matrimônio, em segundo plano ou definitivamente fora de questão”, analisa. Embora os padrões de comportamento estejam mudando rapidamente, Raquel acredita que homens e mulheres continuem suscetíveis ao tradicionalismo. Na opinião dela, o enlace matrimonial ou ter uma z vida afetiva ainda é algo intrinsecamente relacionado à ideia de satisfação e sucesso. “É muito comum ouvir frases como ‘Você não tem namorado?

Uma moça tão bonita!’, ‘Se não casou até hoje, não casa mais’. Essas são expressões que demonstram o quanto a sociedade ainda relaciona boa estrutura e sucesso com o casamento. Se tiver filhos, melhor ainda”, analisa a psicóloga. Para Júlio, casamento não é carta fora do baralho desde que seja algo que “valha a pena”. “Acredito que seja possível evoluir num relacionamento. São necessárias diversas qualidades imateriais para uma vida afetiva estável. O crescimento humano é favorecido nessa condição”, opina. Com os 30 anos batendo à porta, o bombeiro não se cobra prazos para subir ao altar. Mesmo sem haver nada que o desagrade enquanto solteiro, Ronaldo não acredita que seja possível viver feliz sem a construção do vínculo matrimonial e familiar. “Meu conceito de sucesso e felicidade envolve família. Acredito que não teria sucesso de forma individual. Quero desfrutar tudo com esposa e filhos”, entende. SOLTEIRA SIM! Mas casamento não é uma alternativa para todos os solteiros. Há quem prefira pensar em situações hi-

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A liberdade é um dos principais atrativos da vida de solteiro, segundo o bombeiro militar Júlio César Teixeira

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Arquivo pessoal

SALUTARIS

“Peão, bicho solto” - o veterinário Ronaldo Alves acredita que o momento atual seja apropriado para a estruturação do futuro

potéticas, envolvendo cônjuge e filhos, apenas para se afastar ainda mais da ideia. É o caso de Daniele Leroy, de 29 anos. Depois de se decepcionar afetivamente por algumas vezes, a preparadora física chegou a uma conclusão considerada, para muitos, drástica. Ela optou pela solitude, a decisão de não se comprometer afetivamente com ninguém e buscar a realização pessoal Atenção por si. básica “Eu não sou uma pessoa só. Apenas 11,8% optei por nãodoter um compromisso do orçamento estado como esses idealizados pela sociedade, pelas noveMelhoria na promoção da saúde e na las, pelos filmes e pelos livros de romance. Algumas prevenção de doenças pessoas da minha família não entendem e tentam interferir muito, mas eu não dou abertura. Acho que as coisas não funcionam assim. Pelo menos comigo, não”, explica a jovem. Para a socióloga Maria Cristina Leite Peixoto, a predileção pela solitude é um fenômeno contemporâneo. O desejo de ficar só vai na contramão do que estabelecia o padrão hegemônico na sociedade tradicional, que tinha o casamento como um dos principais pilares. “Hoje a sociedade oferece bem mais alternativas. É possível casar no estilo tradicional, ter uma união homoafetiva, permanecer solteiro vivendo com os pais - o que é outro fenômeno. Existe aceitação. Por isso, talvez as pessoas estejam mais animadas a fazer essa escolha”, reflete. Nem sempre foi assim. A discriminação contra os

FOBIA O não se relacionar não expressa necessariamente um desejo de estar só, mas possivelmente uma dificuldade ou aversão a vínculos afetivos sólidos. É a chamada “namorofobia”. P.A., de 32 anos, é um exemplo. Ele não se orgulha da alcunha de “enrolado” dada pelos amigos, apesar de confessar a preferência por relacionamentos meteóricos, o chamado “ficar”. Quando o “rolo” adentra uma atmosfera mais densa, P.A. revela que a reação é o afastamento para não causar prejuízos à outra parte. “Penso que casamento, relação estável, não seja para mim. Não consigo me imaginar vivendo ao lado de uma pessoa por anos. Até mesmo quando envolve alguém por quem eu demonstre interesse. Em determinado momento, eu me esquivo. Quero acreditar que não tenha encontrado ainda alguém que me despertasse por completo”, explica. De acordo com o psicanalista especializado em relacionamentos, Sergio Savian, casos como o de P.A. surgem a partir de traumas da infância e afetam tanto homens quanto mulheres, ainda que elas “cumpram melhor a ordem social” e estejam mais “condicionadas ao casamento” que eles. “A criança é totalmente vulnerável e dependente dos pais e, quando passa por uma situação de perigo, ela deixa de confiar e se anestesia para o sentir. É assim que se forma um caráter neurótico que tende a se perpetuar por toda a vida”, explica. De acordo com Savian, a psicoterapia, através da qual se levanta todo o histórico do paciente, pode ser uma alternativa para a solução do problema.

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sua vez, se beneficiam da condição. “Em muitos casos, eles são vistos com inveja por não terem sido ‘fisgados’. Enfim, a História é feita de mudanças e permanências”, entende.

“Existe aceitação. Por isso, talvez as pessoas estejam mais animadas a fazer essa escolha”

Maria Cristina Leite Peixoto Socióloga

Embora eventualmente ainda cause estranheza e levante indagações sobre a vida alheia, a opção por viver solteiro pode levar ao autoconhecimento e, consequentemente, favorecer o indivíduo a ter um casamento saudável, caso essa venha a ser uma alternativa em determinado momento da vida. “Quando a pessoa vive bem consigo e se conhece, é feliz por ser quem é e como é, ela tem muitas chances de encontrar a felicidade a dois pelo fato de não colocar a própria vida, as expectativas e os motivos no convívio a dois. O outro não é responsável por sua felicidade. Ele é um adjuvante que faz com que esse caminho trilhado junto tenha algo a mais”, elucida Raquel. Segundo a historiadora Márcia Pinna, o peso da solteirice era maior para mulheres do período colonial até a segunda metade do século XX

Segundo Márcia, o quadro sofre alterações apenas a partir da década de 70, quando a revolução sexual abriu possibilidades às mulheres. “Elas podiam se divorciar, abrindo mão de um casamento que não lhes trouxesse felicidade, simplesmente não se casar ou não ter filhos em nome da sua liberdade ou mesmo da carreira”. No entanto, a historiadora, autora do blog História Hoje, entende que ainda exista a pressão pela vida partilhada, principalmente no caso das mulheres. Para ela, muitas se sentem inferiorizadas e cobradas. Os homens solteiros, por

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Reprodução

solteiros remete ao período colonial. E o peso da solteirice não era o mesmo para homens e mulheres. Enquanto eles podiam viver sós sem questionamentos, a vida individual era responsável, segundo a classe médica da época, por danos diversos para a saúde feminina. Ficar solteira era ainda considerada desonra, como explica a jornalista e historiadora Márcia Pinna Raspanti. “Ser solteira tinha um significado bem diferente naqueles tempos. A solteira era aquela que não tinha marido, nem família que a defendesse. Era a mulher pública, que podia ser seduzida, abandonada ou mesmo violada. A carga pejorativa do termo já existia na península ibérica desde o século XV, de acordo com Ronaldo Vainfas, no livro ‘Trópico dos Pecados’”, conta.


ARTIGO

Maria Angélica Falci

Psicologia

Orgulho de ser Refletindo sobre um possível tema para o artigo da edição que encerra 2014, fui surpreendida pela minha filha, de 7 anos. “Mãe, escreve sobre o orgulho”, ela sugeriu. Fiquei pasma e me perguntei o que ela sabia sobre o tema. Lancei perguntas, e mais que depressa ela soltou: “O orgulho faz com que uma pessoa se sinta feliz”. Bem, destrinchando então a sugestão dessa pequena mente, vamos tentar entender duas vertentes a respeito do tema.

seja uma pessoa com projeções mais firmes do que busca e acredita, do sentimento de viver bem e se sentir digna. Portanto, pelo lado psíquico, o orgulho é considerado fator predominante para produzir satisfação e sensações de plena estabilidade. É claro que um orgulho exacerbado pode levar ao egocentrismo, individualismo elevado, à superestimação de si, ao narcisismo patológico, dentre outros problemas.

“... ser orgulhoso de si faz, sim, toda a diferença no posicionamento ao longo dos desafios da vida”

O orgulho é visto como um sentimento de validação das capacidades pessoais. Ele dá sensação de positividade ao indivíduo diante de conquistas e empenho na missão de atingir objetivos. É como um combustível de autoconfiança, uma forma de elogiar a si. Algumas pessoas consideram o se orgulhar como ato de justiça pelo reconhecimento de existir, realizar, empreender, ser. Por outro lado, visto do ponto de vista ideológico, o orgulho pode ser sinônimo de soberba e arrogância; um mecanismo de pura vaidade e ostentação.

Esses dois pontos podem realmente gerar muita confusão na aplicação prática do conceito, pois o sentimento tanto pode ser visto numa ótica positiva quanto negativa. Ser uma pessoa muito orgulhosa de si nem sempre é visto com bons olhos em nossa cultura. Mas, do ponto de vista psicológico, ser orgulhoso de si faz, sim, toda a diferença no posicionamento ao longo dos desafios da vida. Uma pessoa que apresenta orgulho de si nem sempre deve ser entendida como arrogante ou prepotente. É possível

Mas me atendo ao que sugeriu minha filha, sentir orgulho de ser é um fator determinante para o alcance do sucesso, principalmente nos âmbitos familiar, social e profissional. Sentir-se honrado por conquistas pode contribuir para arejar o interior, afastar negatividades, credibilizar as potencialidades e aumentar a crença na vida.

Quando utilizado com sabedoria, o orgulho traz muitas vantagens, pois se sentir honrado é um sentimento muito forte que permite continuar e sonhar, mantendo os pés no chão. Que o novo ano possa vir com muito orgulho! Traga esse presente para o seu emocional!

Maria Angélica Falci Psicóloga clínica e especialista em Sáude Mental angelfalci@hotmail.com | 27


RECEITA

Rafael Tavares

RECEITA

Divulgação

Almôndegas exóticas Chef Ilmar de Jesus - Restaurante e Bar Casa Cheia

INGREDIENTES - ALMÔNDEGAS

MODO DE PREPARO

1 kg de carne de sol moída 150 g de linguiça semidefumada 150 g pernil defumado 2 ovos 250 g de farinha de rosca 8 dentes de alho triturados 1 colher de chá de noz-moscada 1 colher de chá de pimenta árabe 150 g de queijo minas ralado grosso Óleo de soja 10 g de pimenta-biquinho

ALMÔNDEGAS

CREME DE ABÓBORA COM MANJERICÃO

Descasque a abóbora e pique em pedaços. Coloque azeite, o pimentão, a cebola, o aipo e o alho-poró em uma panela e deixe cozinhar por alguns minutos. Acrescente a noz-moscada e a pimenta-do-reino. Depois de tudo cozido, acrescente o vinho e deixe reduzir. Adicione a abóbora picada e alguns galhos de manjericão. Depois de cozida a abóbora, bata tudo no liquidificador acrescentando mais algumas folhas de manjericão. Tempere com sal, se necessário.

1 kg de abóbora ½ pimentão vermelho picado 1 cebola picada em cubos 1 talo de aipo picado em cubos ½ alho-poró picadinho ½ maço de manjericão 150 ml de vinho branco seco 1 colher de chá de noz-moscada Pimenta-do-reino a gosto Azeite e sal a gosto 28 | www.voxobjetiva.com.br

Misture a carne com a linguiça e o pernil até homogeneizar. Em seguida, acrescente os ovos, o alho, a noz-moscada e a pimenta árabe. Misture. Enrole as almôndegas e as recheie com queijo. Empane na farinha de rosca e frite em óleo quente até ficar crocante. Ao montar o prato, coloque a pimenta-biquinho CREME DE ABÓBORA COM MANJERICÃO


VINHOS

Hora de brindar com os melhores espumantes Nelton Fagundes, sommelier da Enoteca Decanter BH

O fim de ano está aí! Como bom apreciador de vinhos, acredito não haver época melhor para provar ótimos espumantes e champagnes. Não há comemoração sem eles. São bebidas muito versáteis, podendo escoltar refeições e casar perfeitamente com vários petiscos de festa. Esses tipos de vinho passam, em sua maioria, por dois processos de fermentação: uma para produzir o vinho e outra para gerar o gás-carbônico, essencial nesses produtos. Os métodos mais usuais são Charmat - com segunda fermentação em autoclaves, em que se produz um espumante fresco, leve, perfumado, frutado; e o Champenoise - com segunda fermentação na garrafa. Nesse tipo de elaboração, obtém-se um espumante ou um champagne com mais estrutura, peso na boca, notas de fermento e aromas de padaria. É bom ressaltar que existem outros tipos de elaboração e de métodos, como frisante, o Asti e o ancestral.

Dica de harmonização para as Almôndegas exóticas Sugiro o Pinot Noir Select Saurus, da região da Patagônia, Sul da Argentina. O rótulo sai por R$ 73,10. A bebida apresenta aromas de frutas vermelhas, como morangos e cerejas, acidez equilibrada, taninos presentes e arredondados com ótimo final de boca. A harmonização é equilibrada devido à acidez presente, atenuada com a suculência do prato. A combinação proporciona um belo equilíbrio entre a complexidade da almôndega e os atributos do vinho.

O grande complicador na hora de escolher os espumantes são a tipologia, a origem e o estilo. O que mais confunde é a classificação, que envolve a concentração de açúcar por litro de bebida. Temos o espumante natural, ou Nature em francês (sem adição de açúcar); o Extra Brut (até 5 g); o Brut, o mais consumido (5 g a 15 g); o extra dry (15 g a 25 g); o demi-sec; e o doce (a partir de 35 g). Os melhores são mais secos ou mais próximos do limite mínimo. Portanto, podemos degustar um espumante Brut bastante seco e um Brut quase meio seco. Por isso, às vezes provamos uma marca e achamos adequada e, ao provar outra, não percebemos o mesmo efeito. Então fique atento! Investir um pouco mais pode garantir a qualidade e maior retorno. Para as festas de final de ano, vou indicar três opções de espumantes, com preços variados: o primeiro é o Bossa Brut Nº 1 Serra Gaúcha, de R$ 35,60. Um espumante método Charmat, 100% Chardonnay, com toques cítricos de abacaxi, limão, leve e persistente. Pode ser usado nas mais diversas ocasiões. A segunda dica é Prosecco Bedin Extra-Dry Veneto, da Itália, que sai a R$ 76,50. Concentra frutas de polpa branca, como damascos e peras. Presente na boca e muito cítrico. Vai ser o grande amigo dos canapês finos e de guloseimas feitas para este final de ano. Para finalizar, o Ferrari Maximunn Brut, de Trento, na Itália, com valor de R$ 176: um dos espumantes mais fantásticos que provei nos últimos tempos! Exuberante, soberano, denso, interminável. Tem notas de abacaxi, lima, peras maduras, tostado, toques de brioche e tons defumados. Uma explosão de sabores e sensações! Podemos dizer literalmente: Eu mereço uma Ferrari! Essas são as dicas para você encerrar este ano e começar 2015 em altíssimo estilo. Opções não faltam. Faça a sua escolha. Desejo a todos um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de motivos para brindar, com bons espumantes, é claro!

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PODIUM

Em alta na terra do futebol Futebol americano ganha adeptos no Brasil, mas a modalidade sofre com a falta de investimentos Vinícius Grissi

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o país do futebol de Pelé, Reinaldo e Tostão, outro futebol ganha cada vez mais fãs: o americano. A modalidade chama a atenção pelo crescente espaço que vem ocupando na televisão e pelo interesse despertado Brasil afora. O futebol americano é um esporte capaz de atrair mais de 7 mil pessoas à decisão da Superliga Nordeste em 30 | www.voxobjetiva.com.br

uma Arena da Copa e de fazer do Cuiabá Arsenal, time com a maior média de público do Mato Grosso, uma possível solução para evitar que a Arena Pantanal se torne um elefante branco. Sobra motivação para se apaixonar pelo esporte, como garantem os seguidores. Entre as razões mais

apontadas, está a inteligência tática. “Cada jogada é minuciosamente armada e disposta em um livro de estratégias entregue aos jogadores. As chamadas são ‘decoradas’, e os jogadores precisam ter inteligência para executar o lance e modificar a formação de acordo com o que o adversário apresenta”, explica o jornalista Josias Pereira. Ele tinha 17


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anos de idade quando se viu atraído pelo espetáculo e pelos uniformes. Hoje Josias acompanha os jogos da temporada americana por streaming. A National Football League (NFL) ganhou ainda mais destaque no Brasil, na última temporada, graças a Breno Giacomini. O offensive tackle (um dos jogadores de ataque) do Seattle Seahawks, de 29 anos, é o mais perto que o Brasil já chegou do título mais importante do mundo nesse esporte. Nascido em Cambridge nos Estados Unidos, o jogador é filho de Conceição e João Giacomini, mineiros de Governador Valadares. Na última temporada, Breno foi um dos mais importantes atletas do seu time, que acabou conquistando o Superbowl. “Agradeço o apoio do Brasil. Minha família ainda está lá e parte desse título vai para o Brasil”, disse à época em entrevista ao site da ESPN. Na oportunidade, Breno confirmou que ia comemorar a conquista sambando no Rio de Janeiro. Este ano, Cairo Santos também entrou para a história. Em setembro, o kicker (chutador) foi o primeiro brasileiro a disputar uma partida de NFL, quando atuou na derrota do Kansas City Chiefs para o Tennesse Titans (26 a 10). Provavelmente o primeiro de muitos, tendo em vista o crescimento do futebol americano no Brasil. Mais tradicional entre os torneios disputados no país, o Touchdown contou com apenas oito equipes na primeira temporada, em 2009. No ano passado, o número de equipes subiu para 20. Entre os jogadores, estão os mineiros Minas Locomotiva, Uberlândia Lobos e Ipatinga Tigres. O tem a participação de times que contam com a marca de grandes clubes do futebol nacional, como o Botafogo Reptiles, o

Flamengo FA, o Vasco da Gama Patriotas, o Santos Tsunami e o Corinthians Steamrollers. Mesmo com o crescente número de times e de adeptos, o futebol americano encontra dificuldade para se sustentar no Brasil. “Temos dificuldade pra conseguir um bom campo para treino. Para mandar os jogos este ano, nós fechamos uma parceria com a prefeitura de Ibirité, mas nem sempre a gente tem essa sorte. Temos conseguido algumas parcerias mais fortes, mas o apoio ao esporte é ainda muito tímido “, revela Abraão Coelho, presidente do Minas Locomotiva. O time foi fundado em 2006 e é tricampeão mineiro. São 70 atletas inscritos, sem contar a categoria de base, com jovens entre 14 e 17 anos. Ainda assim, a equipe tem dificuldades para atrair patrocinadores dispostos a ajudar nos custos. “A gente não tem know-how dessa área e não temos ninguém especializado para fazer isso. Então a barreira, às vezes, é muito difícil. Conseguimos alguns parceiros, mas ainda assim não é uma parceria efetiva de um planejamento de longo prazo, mas um apoio mais pontual”, detalha. Guard na linha ofensiva do Minas Locomotiva, Bruno Augusto Batista passou a se interessar pelo futebol americano em 1996. A narração em português e as explicações sobre o esporte foram o ponto de partida para ele que, mais tarde, percebeu o quanto o esporte é democrático. “O futebol americano precisa de pessoas com perfis diferentes. Em uma posição joga um cara mais alto e mais gordo. Em outra, é necessário ser mais magro e mais rápido. É um esporte que não tem discriminação com ninguém. Se você tiver disposição para jogar, você vai jogar”, conta. E disposição não falta para Bruno, que é um dos vários atletas que tiram dinheiro do próprio bolso

GLOSSÁRIO DO FUTEBOL AMERICANO As palavras mais importantes do futebol americano para ajudar a entender o jogo. BLOCK: Manter contato com qualquer parte do corpo do seu adversário. CLIPPING: Uma infração. Consiste em empurrar um jogador pelas costas. COVER: Defender uma área ou um setor do campo. DOWN: Tentativas de ataque para avançar as jardas no campo. Inicialmente os atacantes têm quatro downs, renovados automaticamente quando alcançam as dez jardas regulamentares. END ZONE: Área final com dez jardas de extensão onde o jogador deve penetrar para conquistar um touchdown. FIELD GOAL: Quando um chute passa entre as traves de gol (em cima da trave transversal e entre as linhas verticais). Esse gol vale três pontos. FUMBLE: Quando um atleta deixa a bola escapar de suas mãos, deixando-a livre para ser capturada por qualquer jogador. TACKLE: É a pancada recebida pelo jogador com a posse de bola que visa derrubá-lo e parar a jogada.

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Ainda que a passos lentos, a organização no Brasil cresce. Oficializada em 2012, a Confederação Brasileira de Futebol Americano é responsável pela administração da seleção e organiza o Campeonato Brasileiro (paralelo ao Torneio Touchdown), que tem 29 equipes em suas duas divisões. O Coritiba Crocodiles, atual campeão, briga pelo bicampeonato nesta temporada. De toda forma, a profissionalização do futebol americano parece distante. “As equipes daqui estão no nível semiamador. Teoricamente, estão no nível do futebol americano colegial. O profissionalismo pleno depende muito mais dos patrocínios e de pessoas dispostas a levar a ideia adiante”, mostra Josias Pereira, que também destaca a importância do trabalho de times como o Minas Locomotiva. “Eles reforçam a ideologia do jogo e ajudam na captação de fãs, além de formar jogadores, verdadeiros apaixonados pela bola oval, que vão passar isso de geração a geração. Mesmo sem investimento, essas equipes se desdobram para fazer o melhor, por isso merecem aplausos”, acredita. Entre blocksetackles, o futebol americano parece ter chegado ao Brasil para ficar. E ainda está distante da end zone.

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Elsa/Getty images

para comprar equipamentos (aproximadamente R$ 1 mil por jogador entre chuteira, capacete e protetores) e custear as viagens com a equipe. Mas a paixão pelo futebol americano é tão grande que deixou o seu time do coração em segundo plano. “Eu não gosto do futebol normal; gosto do Galo. Assisto no máximo jogos do Atlético ou da seleção brasileira. O futebol americano é, disparado, o meu esporte favorito”, confessa.

REGRAS DO FUTEBOL AMERICANO A Vox Objetiva ensina as regras básicas do futebol americano para quem deseja entender um pouco mais sobre o jogo.

O INÍCIO

DURAÇÃO

OS TIMES

Cada partida tem quatro períodos de 15 minutos. O cronômetro é paralisado, se o jogador sair pela lateral, se algum time pontuar, se houver um passe incompleto ou se houver falta.

São 11 atletas em campo para cada equipe, mas as substituições são ilimitadas e cada time chega a colocar 30 jogadores. Quem tem a posse de bola escala 11 atacantes, e o adversário escala 11 defensores.

AS JOGADAS Cada time tem quatro tentativas para pontuar ou avançar dez jardas no campo. As jogadas terminam quando o jogador com a bola é derrubado, sai pela lateral ou dá um passe incompleto.

Para começar cada tempo, a bola é posicionada na linha de 35 jardas, e o kicker chuta em direção ao campo adversário. O chamado retornador recebe a bola e avança até ser derrubado.

A PONTUAÇÃO Cada touchdown (quando um time conduz a bola além da linha de fundo do adversário) vale seis pontos. A equipe também ganha o direito de tentar um ponto extra chutando a bola entre as traves. Caso opte por tentar um novo touchdown, soma dois pontos se obtiver sucesso. Os times também podem somar três pontos a qualquer momento chutando a bola a partir do chão entre as traves. E ganha dois pontos caso derrube um atleta adversário com a bola dentro da própria end zone


ARTIGOS

Ruibran dos Reis

Meteorologia

De olho no céu Nos últimos anos, a variabilidade do clima tem trazido sérias consequências à vida na Terra. Tragédias de grandes proporções, como enchentes, inundações, chuvas de granizo, tornados, têm acontecido com tanta frequência no Brasil que esses fenômenos não podem mais ser considerados atípicos nem pontuais. O ano de 2014 tem tudo para entrar na história. O país passa por uma das maiores secas que atingiram a região Sudeste nos últimos 70 anos. Isso porque as chuvas que caíram de 2011 até agora apresentam índices abaixo da média histórica. Desde janeiro não ocorrem chuvas significativas na região.

utilizadas informações meteorológicas de superfície, oceânicas e de ar superior. Com o auxílio de um supercomputador, que realiza 700 trilhões de operações por segundo, chega-se a uma previsão climática. Os dados são utilizados em um modelo de previsão regional, discriminando informações por territórios.

“A situação dos reservatórios, que já é péssima, pode se agravar nos próximos meses”

Além da falta de água para abastecimento humano, as consequências da seca atingem a agricultura, a indústria e as empresas de geração de energia. Essas são as atividades econômicas que mais dependem da água para o pleno vigor.

Mesmo com o fenômeno El Niño atuando com fraca intensidade, os modelos de previsões climáticas preveem mais uma estação chuvosa ruim, com baixo volume de precipitação no Sudeste do Brasil.

A situação dos reservatórios, que já é péssima, pode se agravar nos próximos meses. Dessa forma, os governos estaduais deveriam estar tomando medidas urgentes de conscientização na diminuição do consumo de água para evitar racionamentos drásticos num futuro próximo.

Os bancos estão de olho nas previsões climáticas para o próximo ano. Se não chover o suficiente para encher os reservatórios, a previsão é de um tempestuoso desaquecimento econômico. É possível fazer levantamentos climáticos de alta confiabilidade com até seis meses de antecedência por meio de modelos de previsões numéricas do tempo. São

Ruibran dos Reis Diretor Regional do Climatempo e professor da PUC Minas ruibrandosreis@gmail.com

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HORIZONTES

Exóticos e surpreendentes, destinos incomuns entram na mira de intercambistas brasileiros

Luz Adriana Villa

Senhora bagagem i Daniela Rebello

v

Uma opção que vem sendo muito procurada é o intercâmbio de férias. Mas essa escolha que une o útil ao agradável - os estudos à diversão - exige planejamento. Outra opção é o trabalho voluntário no exterior: muito procurado nas agências. Além de conhecer locais e culturas diferentes, o intercambista pode praticar um novo idioma, buscar novas experiências e ter a oportunidade de fazer amizades que extrapolam as fronteiras. De acordo com os dados da Associação Brasileira de Organizadores de Viagens Educacionais e Culturais (Belta), o mercado de intercâmbio cresceu cerca de 600% nos últimos dez anos. Se em 2003, menos de 34 mil brasileiros fizeram algum curso no exterior, em 2013, o número chegou a 202 mil. O que gera maior dúvida é o destino. De acordo com a pesquisa Mercado de Educação Internacional e Intercâmbio Brasil, os países mais procurados por brasileiros, em 2013, foram Canadá, Estados Unidos e Reino Unido. Porém, novos destinos vêm chamando a atenção daqueles que buscam preços acessíveis e lugares menos frequentados por compatriotas.

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See Ming Lee

erão, férias, descanso. Não são poucas as pessoas que contam os dias para a chegada do fim do ano para colocar o pé na estrada. O hábito frequente dos brasileiros de deixar tudo para a última hora - isso inclui o planejamento de uma viagem - pode ser sinônimo de frustração. Nem sempre é possível seguir um roteiro sem uma programação definida.


HORIZONTES

COLÔMBIA Terra de Gabriel García Márquez e do mais saboroso café sul-americano, a Colômbia está localizada no canto Noroeste da América do Sul. O país é cruzado por três cordilheiras e suas praias cercadas pelo mar do Caribe. O país tem uma cultura muito rica e preservada. Segundo a ProColombia, organização governamental responsável pelo turismo do país, a nação é o lar de mais de 87 povos indígenas, que falam 64 línguas nativas. A Colômbia é a pátria de milhões de afro-colombianos, 30 milhões de mestiços e de 12 mil ciganos. Em pesquisa feita pelo Happy Planet Index (HPI) e elaborada pela organização não governamental (ONG) ecológica britânica, o país aparece como a terceira nação mais feliz do mundo. O índice usa dados globais sobre a expectativa de vida e do bem-estar sustentável que cada país oferece aos cidadãos. A violência era um ponto crítico para o país na década passada. Era. Os índices despencaram nos últimos 11 anos. De acordo com um estudo da ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, em uma lista com as 50 cidades mais perigosas do mundo, apenas seis estão na Colômbia. A título de comparação, 16 municípios brasileiros aparecem na lista.

QUEM FOI E CONTA? Vinicius Senra, 23 anos “A Colômbia, mais especificamente Medellin, é surpreendente. A capital do país é muito desenvolvida, principalmente em relação à infraestrutura e ao transporte. Em dez anos, o governo de lá adotou uma série de políticas públicas que transformou a cidade. Em 2013, Bogotá foi eleita a mais inovadora do mundo! O país tem uma cultura riquíssima e um povo extremamente receptivo e cativante. Trabalhei em um orfanato com meninas de 12 a 19 anos que haviam sofrido abuso sexual. Apesar de ter sido difícil, foi uma experiência muito enriquecedora e gratificante”.

CHINA A China é o país mais populoso do mundo, com cerca de 1,7 bilhão de habitantes, e a segunda maior economia mundial. Não é simples morar lá, mas essa pode ser uma experiência única. Esse gigante asiático é um país de extremos. Alimentação, idioma, tradições: difícil encontrar algo similar ao Brasil. O país oferece atrativos para todos os gostos e idades. É possível visitar valiosos patrimônios históricos, como a Grande Muralha da China e a Cidade Proibida, e desfrutar de uma vida noturna badalada, cassinos e compras. Na gastronomia, as iguarias à base de insetos chegam a ser curiosas e exigem coragem dos degustadores. O domínio do mandarim, língua predominante na China, é um diferencial não só para a experiência pessoal, como para o currículo e o mercado de trabalho. A maioria dos intercambistas que se interessam pelo país viaja sem saber o básico da língua. Nesses casos, é recomendado o inglês avançado ou fluente.

QUEM FOI E CONTA? Arthur Rodrigues, 24 anos “Tentei planejar a viagem para não ter problemas ou decepções. Acredite, nada foi como eu imaginava. O choque cultural foi enorme. Me apaixonei por coisas que nem sabia que existiam, comidas que nunca tinha ouvido falar. A dedicação dos chineses é algo que me surpreendeu. A excelência das pessoas não é um diferencial, é praticamente uma obrigação. É um dos lugares mais bonitos que já conheci, uma das belezas mais exóticas”.

A China é um país barato. Para quem pretende estudar em uma universidade, a maioria delas tem alojamentos estudantis. O preço médio de um quarto para oito estudantes é de 650 yuans anuais por pessoa, o que equivale a aproximadamente R$ 170. A locomoção também sai em conta. Em um táxi, cada quilômetro sai por R$ 1, e um bilhete único de metrô em Pequim custa cerca de R$ 0,80.

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HORIZONTES

ILHAS MAURÍCIO A República de Maurício é composta por ilhas de origem vulcânica localizadas a cerca de 800 quilômetros do litoral-leste da ilha de Madagascar, no Sudeste da África. O país tem 330 quilômetros de costa cercados por uma barreira de corais. É uma piscina natural gigante, perfeita para mergulhos. Praias de azul-turquesa, algumas até com golfinhos, águas quentes e areias brancas tornam esse paraíso um ‘Caribe da África’. O conjunto de ilhas vai além da beleza exuberante. A história do país é envolvente. O arquipélago foi colonizado pelos holandeses, mas esteve sob domínio francês, britânico e se tornou independente do Reino Unido em 1968. Isso contribuiu para uma grande diversificação cultural. Porém, com menos de 1 milhão de habitantes, hoje a população é composta por 60% de indianos. Após a abolição da escravatura, eles foram para o arquipélago em busca de trabalho nos canaviais. O idioma oficial das Ilhas Maurício é o inglês, embora se fale também francês e o crioulo.

QUEM FOI E CONTA? Bruna Bandeira, 19 anos “Fui para ilha fazer trabalho voluntário. Maurício é um local turístico, mas eu pude conhecer um lado que a maioria dos turistas não conhecem. Vivi no bairro em que a população mora, pegava ônibus todos os dias de manhã e comia a mesma comida. Conheci a pobreza que está fora do roteiro turístico. Conheci um país cuja maioria não conhece, e isso foi interessante. Mergulhei com golfinhos, conheci o fundo do mar, escalei montanhas, fiz várias coisas “exóticas” e, ao mesmo tempo, tive a experiência incrível de trabalhar com as crianças com deficiência auditiva. Aprendi muito!”.

PERU O país agrada a todos os gostos, paladares, idades e bolsos. O turismo no Peru está cada vez maior. Se o país era procurado basicamente por mochileiros, hoje o Peru seduz até pelo requinte. Para os amantes da história indígena, curiosos ou admiradores de uma cultura diferente, o Peru é um museu a céu aberto. Conhecer sobre os incas, os “adoradores do sol”, é desvendar o passado de um povo guerreiro que construiu monumentos brilhantes que permanecem de pé. O maior deles é Machu Picchu, local que ficou coberto pela vegetação até 1911, é Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade tombado pela Unesco e é considerado uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno. Há também quem goste de viajar em razão da culinária local. Os nativos dizem que quem sabe apreciar boa comida se apaixona pelos sabores peruanos. A gastronomia do país é rica devido à enorme variação de excêntricos ingredientes e temperos. As famosas folhas de coca, consideradas pelos peruanos uma planta do poder, são usadas, dentre outras finalidades, para aliviar dores de estômago, regular a pressão e combater a depressão. Os chás à base de coca despertam ainda a curiosidade de turistas por amenizar os efeitos da altitude.

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QUEM FOI E CONTA? Flávia Navarro, 27 anos “Morei 12 semanas na casa de uma família peruana que me tratou como filha e me apresentou a fantástica culinária local. Essa, com certeza, foi uma das minhas paixões em toda a viagem. Eu me encantei pela cultura, gentileza e receptividade dos peruanos. Esse intercâmbio me fez refletir sobre a minha existência. Das três viagens que fiz, esta, na América Latina, fez-me encontrar minhas raízes e me sentir em casa”.


HORIZONTES

ÍNDIA

Rafiq Sarlie

Um destino desafiador, mas único e surpreendente. Com mais de 5 mil anos de história, o berço do hinduísmo e do budismo, a terra de Mahatma Gandhi mantém tradições marcantes. Para os indianos, a religião hindu, hoje predominante no país, é um modo de vida. A população leva muito a sério crenças e superstições que guiam destinos. As principais cidades da Índia, Nova Déli e Mumbai, acompanham a tendência do mundo moderno. Apesar dos contrastes sociais, a Índia está conquistando espaço entre as principais economias do mundo. O país abriga a segunda maior população mundial. O número de habitantes é seis vezes superior ao do Brasil, porém a Índia tem território cerca de 2,5 vezes menor. Isso leva a uma concentração populacional que surpreende os visitantes. Não bastasse, animais, carros e motos dividem espaço com as pessoas nas ruas. Comer com as mãos, passear em cima de elefantes, visitar tempos e apreciar o encantador pôr do sol no Taj Mahal, uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno, são sugestões para os intercambistas. Para não sair do protocolo, a dica é cumprimentar todos com o famoso “Namastê”, usado a qualquer hora. O termo significa ‘O Deus que está em mim cumprimenta o Deus que está em você’.

QUEM FOI E CONTA?

Denis Jarvis

Mark Goble

Sara Martins, 22 anos “Morei seis semanas na capital Nova Déli e trabalhei como voluntária em uma ONG de preservação ambiental. Dentre muitas coisas que me chamaram atenção estão o calor, a forma de vestir, de comer e de cumprimentar. O silêncio é raro em meio a um número tão grande de pessoas e a um trânsito caótico. Após o trabalho, viajei duas semanas pelo país. Pude conhecer as diversas Índias que existem dentro de uma. São tantos hábitos, roupas, climas, línguas, comidas e vegetações que a impressão que tenho é a de ter viajado por diferentes locais do mundo”.

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HORIZONTES

ARREBATADORA ESCÓCIA Por que o resto do Reino Unido não abriu mão da porção de terra que produz o melhor whisky do mundo? Ilana Rehavia, de Londres

o

s escoceses sempre gostaram de fazer as coisas de um jeito próprio, começando pelos kilts, as famosas saias masculinas usadas sem cueca. Em setembro, a Escócia voltou a mostrar seu lado rebelde, dando um referendo para decidir se declarava independência do restante do Reino Unido. Depois de horas de debates, meses de campanha e um resultado muito apertado, os escoceses acabaram optando por ficar. Na Inglaterra, no País de Gales e na Irlanda do Norte,

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o clima foi de alívio geral. E não é difícil entender por que muitos britânicos comemoraram a decisão das urnas. Razões políticas e econômicas à parte, a Escócia tem paisagens de tirar o fôlego, o melhor whisky do mundo, uma cultura riquíssima, cidades vibrantes e um povo simpático e acolhedor. EDIMBURGO Para quem se anima a conferir pessoalmente a razão de o Reino Unido não querer perder a Escócia, um

bom ponto de partida é Edimburgo. Com o maior número de construções tombadas do mundo, a capital escocesa parece cenário de um conto de fadas. É daquelas cidades para serem exploradas a pé e se perdendo pelas ruas, descobrindo lojinhas charmosas e pequenos bares e cafés. As atrações turísticas também não decepcionam, como o imponente Castelo de Edimburgo. Construído originalmente para servir como um forte, ele domina o horizonte da cidade do topo de uma enorme rocha vulcânica.


HORIZONTES

University of Glasgow

ting Bureau, a agência de divulgação da cidade. Glasgow é famosa pela badalação. A noitada perfeita começa com um jantar num dos ótimos restaurantes da cidade. Curiosamente, os mais concorridos servem comida indiana, como os imperdíveis Mother India’s Café e The Wee Curry Shop. Para um menu tipicamente escocês, porém, a pedida é o haggis, o mais famoso – e polêmico – representante da culinária local. O prato não é para os fracos: trata-se de uma iguaria em que o coração, o fígado e os pulmões de uma ovelha são fervidos no estômago do animal.

No Military Tattoo acontece a maior exibição internacional de música militar do mundo

No verão do hemisfério norte, Edimburgo ferve com uma maratona de festivais culturais que atraem milhares de pessoas e transformam as ruas da cidade em uma enorme festa. A agenda começa com o Festival Internacional de Cinema, seguido pelo Festival de Jazz e Blues e pelo Festival de Arte. Em agosto acontece o Royal Edinburgh MilitaryTattoo, um impressionante evento militar, o Festival Internacional de Edimburgo e o Fringe Festival, que

GLASGOW

Depois do jantar, é hora de conferir uma das casas de música ao vivo da cidade que gerou bandas, como Belle & Sebastian, Snow Patrol e Franz Ferdinand. No topo da lista dos locais estão as casas King Tut’s Wah Wah Hut e Barrowlands.

A 70 quilômetros da capital fica Glasgow, a maior cidade escocesa, um tipo de irmã mais nova e descolada de Edimburgo. “É uma cidade de reinvenção onde há sempre algo novo acontecendo, como um bar divertido, uma exposição de arte bacana ou uma nova banda incrível”, diz Amy Riddell, da Glasgow City Marke-

Para a programação diurna, a principal atração arquitetônica de Glasgow é o legado de Charles Rennie Mackintosh, considerado o principal representante do estilo Art Nouveau no Reino Unido. Ele passou grande parte da vida na cidade e deixou criações, como a Escola de Arte de Glasgow, considerada sua obra-prima,

reúnem teatro, comédia, dança e música. A temporada termina com o Festival de Literatura e o Edinburgh Mela, um evento de cultura mundial.

University of Glasgow

Pertinho do castelo fica outra atração majestosa: a maior coleção de whisky do mundo. Composta de 3384 garrafas, ela foi acumulada ao longo de 35 anos por ninguém menos que o brasileiro Claive Vidiz, de São Paulo. Em 2008, a coleção foi comprada por um valor não revelado pela fabricante de bebidas Diageo e transportada de navio para Edimburgo. Hoje a coleção pode ser vista no Scotch Whisky Experience, um moderno museu onde o visitante passeia pela história e conhece o método de produção do whisky a bordo de um trenzinho em forma de barril, degusta um verdadeiro malte escocês e, claro, visita a impressionante coleção que veio do Brasil.

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HORIZONTES

Joshua Rappeneker

a igreja Queen’s Cross e a casa de chá The Willow Tea Rooms, parada perfeita para um chazinho da tarde. BEBIDA NACIONAL Se você prefere uma bebida mais forte, uma viagem à Escócia não pode deixar de incluir a visita a uma destilaria de whisky ou, quem sabe?, várias delas. Mais da metade das destilarias escocesas fica na região de Speyside, no Nordeste do país, onde há uma rota turística especial dedicada a elas, a Malt Whisky Trail. Bem-sinalizada, a rota pode ser percorrida de carro ou em passeios organizados de ônibus (a opção ideal para quem pretende degustar a produção local). O percurso inclui oito destilarias abertas para a visitação: Benromach, Cardhu, Dallas Dhu, Glen Grant, Glen Moray, Glenfiddich, The Glenlivet, Strathisla e a tanoaria Speyside Cooperage, que fabrica e conserta barris de carvalho usados para a produção da bebida. O embaixador da Glenfiddich no Brasil, Christiano Protti, conta que uma série de fatores contribuem

Visitar a Escócia e não experimentar as variedades de whisky pode ser considerado um pecado

para fazer do whisky escocês o melhor do mundo. “A terra, que produz a cevada e outros grãos; a água límpida e desmineralizada, responsável por grande parte do conteúdo de uma garrafa de whisky; a turfa, matéria orgânica disponível somente na Escócia; e o clima com temperaturas em torno de dez graus praticamente o

Os cenários naturais escoceses, que incluem lagos e ilhas, são de tirar o fôlego

ano todo (…) são alguns dos importantes segredos que fazem do scotch o melhor whisky do mundo”. Protti menciona também a importância da tradição e da herança deixadas por mestres destiladores ao longo dos séculos. A Glenfiddich, por exemplo, foi a primeira a engarrafar um whisky puro malte e continua sendo uma destilaria familiar até hoje.

Reprodução

BELEZA NATURAL Além do whisky, um tesouro nacional escocês é a natureza deslumbrante. O país tem mais de 790 ilhas, sendo que 130 delas são habitadas. Entre as mais belas estão Islay e Jura, onde George Orwell escreveu sua obra-prima 1984. A pequena ilha de Barra também vale uma visita, com o bônus de poder chegar até ela de avião e pousar na areia da praia. A companhia aérea Loganair faz o trajeto entre Glasgow e Barra, que leva cerca de uma hora. “O pouso na praia é uma atração em si que os passageiros adoram fotografar e filmar”, conta o piloto

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HORIZONTES

Matthew Connor, que fez o trajeto por mais de dois anos. “O voo atrai turistas do mundo todo e certa vez tivemos um grupo de japoneses que viajou para o país exclusivamente para o trajeto”, revela. A Escócia tem ainda milhares de lagos deslumbrantes. São mais de 31 mil deles espalhados pelo país. O mais conhecido é o lago Ness onde, diz a lenda, vive um enorme monstro chamado carinhosamente de Nes-

É uma área perfeita para ser explorada com tempo e de carro. “Minha rota favorita é a A82, que sai de Glasgow, passa pelo lago Lomond, pela vila de Crianlarich e termina em Glencoe. É de uma beleza de tirar o fôlego”, diz Karin Finlay, da organização turística Visit Scotland. Para os mais aventureiros, Karin recomenda também a sinuosa estrada Pass of the Cattle, com alturas vertiginosas e vistas deslumbran-

A arquitetura ousada do Armadillo, à margem do rio Clyde, em Glasgow

COMO APROVEITAR AO MÁXIMO SEU WHISKY ESCOCÊS O embaixador da Glenfiddich no Brasil, Christiano Protti, dá algumas dicas para você tirar o melhor proveito do malte “made in Scotland”. Confira!

Armadillo

• Fazer coquetéis com whiskies não é heresia, mas evite usar whiskies mais antigos (acima de 18 anos, por exemplo), pois é neles que temos os mais diferentes e complexos aromas e sabores para serem apreciados de maneira integral, sem adição de frutas nem de outras misturas;

sie pela população local. O famoso monstro do lago Ness é uma criatura mitológica que parece um tipo de dragão marinho. O primeiro relato de uma aparição data do ano 565 d.C., fazendo dele um dos mitos mais duradouros da história apesar da total falta de evidências científicas que comprovem sua existência. Procurar o monstro do lago Ness é uma ótima desculpa para visitar a região de Highlands, as “terras altas” montanhosas que ficam ao norte do país e têm algumas das paisagens mais bonitas do mundo.

tes. “No final, a recompensa é um almoço no restaurante Applecross Inn. A ótima comida e a paisagem relaxante vão acalmar seu coração”, aposta. Antes de alugar um carro, vale lembrar que a circulação de veículos é feita pela esquerda em todo o Reino Unido e requer atenção redobrada dos brasileiros acostumados a dirigir pela direita. E, caso alguém se empolgue na degustação do malte local, a boa notícia é que a Escócia tem um ótimo sistema de transporte público.

• Você pode até misturar energético a whiskies sem idade no rótulo, mas adicionar energético a um whisky superior a 12 anos demonstra pouco conhecimento e falta de intimidade com a bebida; • Apesar de muitos torcerem o nariz para a adição de pedras de gelo, isso é válido e depende de cada um. Para muitos, o gelo refresca o paladar e os sabores, além de atenuar a sensação alcoólica; • Aos whiskies mais antigos, adicione água em temperatura ambiente pois ela ressalta os aromas e sabores da bebida.

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Felipe Pereira

KULTUR

RUMO AO TÍTULO Referência para o Modernismo em Belo Horizonte, complexo arquitetônico da Pampulha concorre ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade Haydêe Sant’Ana

e

les prestam uma verdadeira reverência ao passado e são ícones do movimento Modernista na capital mineira. Incrustados na região turística da Pampulha, a igreja de São Francisco de Assis, a Casa do Baile, o Iate Tênis Clube, o Museu de Arte (antigo Cassino) e a Casa Kubitscheck concorrem ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. A cerimônia oficial da candidatura, no dia 12 de dezembro, fez parte da programação dos 117 anos da capital. Na ocasião, um dossiê com características e dados do conjunto foi entregue ao Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A partir de agora, o documento

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vai passar por uma análise técnica e, posteriormente, o espaço vai ser visitado por técnicos do Iphan. Em seguida, o dossiê vai ser avaliado pela Organização das Nações Unidas para a Cultura (Unesco). O processo de julgamento da candidatura deve demorar, em média, um ano e meio. Se receber sinal assertivo da Unesco, o local vai receber uma Missão de Avaliação. De acordo com a prefeitura, isso deve ocorrer em setembro de 2015. A expectativa é de que o resultado final seja divulgado em julho de 2016. O título de Patrimônio Cultural da Humanidade concedido pela Unesco envolve monumentos, edifícios, trechos urbanos e até ambientes naturais de importân-

cia paisagística que tenham valor histórico, estético, arqueológico, científico, etnológico ou antropológico. A nomeação é feita com base em três critérios: o bem deve ser “uma obra-prima do gênio criativo humano”, ter “um intercâmbio considerável de valores humanos” e ser “um exemplar excepcional de um conjunto arquitetônico ou tecnológico ou uma paisagem que ilustre estágios significativos da história humana”. A superintendente do Iphan em Minas Gerais Michele Arroyo entende que a candidatura do complexo arquitetônico da Pampulha e um possível título podem projetar o local. “A importância é o reconhecimento internacional desse conjunto artístico e paisa-


gístico como uma referência, um marco no entendimento da arquitetura moderna”, defende. Para o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira, a nomeação também deve trazer bons desdobramentos. “Belo Horizonte é uma cidade jovem com um patrimônio cultural robusto. Isso pode colocá-la na vanguarda das capitais brasileiras e internacionais, especialmente pelo caráter do tombamento: a modernidade. No Brasil, somente Brasília tem esse título de patrimônio moderno e, no mundo, são poucos os lugares”, afirma. Desde 1996, a Pampulha está incluída na lista da Unesco como potencial patrimônio cultural da humanidade. Em 2012, a prefeitura de Belo Horizonte retomou a candidatura da Pampulha iniciando o planejamento das ações necessárias para o reconhecimento, como a limpeza e a revitalização da Lagoa. Conforme informações divulgadas pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) já foram implantados 17,8 mil

metros de interceptores de esgoto na lagoa, faltando apenas 4,2 mil metros. Praticamente todas as obras em Belo Horizonte foram concluídas, restando somente 10% da região de Jacareí e 65% de Braúnas, em Contagem. Ainda não há previsão para a conclusão das obras devido aos processos judiciais de desapropriação que travam a implantação de redes interceptoras em Contagem.

Kathia Shieh

KULTUR

Na opinião de Oliveira, a não conclusão das obras não deve atrapalhar a conquista da importante honraria pela Pampulha. “Obviamente que a qualidade das águas da lagoa é importante para o título, mas o maior empecilho é a requalificação do Iate, que foi descaracterizado ao longo desses anos”, entende. HISTÓRIA A construção da Lagoa da Pampulha, na década de 30, surgiu da necessidade de represar o Ribeirão Pampulha. Era uma medida para evitar enchentes e contribuir para o abastecimento local. A bacia hidrográfica da Lagoa se es-

tende entre os municípios de Belo Horizonte e Contagem e ocupa uma área de 9,45 mil hectares. A represa da Pampulha é o mais antigo e tradicional lago da capital e está inserida nas bacias do Rio das Velhas e do São Francisco. O complexo arquitetônico da Pampulha foi inaugurado em 1943 e faz parte do projeto modernista do então governador Juscelino Kubtschek, defensor da expansão urbana, da industrialização, da criação de avenidas e de bairros. Os locais foram projetados com o objetivo de servirem para a socialização, o lazer e a cultura. A importância histórica do complexo da Pampulha para o movimento modernista brasileiro, iniciado na década de 20, garantiu o tombamento do conjunto pelo Iphan como patrimônio cultural municipal, estadual e federal em 1997. | 43


Reprodução

KULTUR

EXPECTATIVA DEMAIS Trilogia “O Hobbit” chega ao fim com filme que não desagrada por completo, mas divide a crítica; fãs se queixam da desobediência à originalidade da obra literária André Martins

d

e 2001 a 2003, o diretor neozelandês Peter Jackson levou a fantasia da telona a outra esfera ao adaptar a Saga do Anel, escrita pelo britânico J. R. R. Tolkien. Embora tenham sido as primeiras obras do autor a ganhar roupagem cinematográfica contemporânea, “A Sociedade do Anel”, “As Duas Torres” e o “Retorno do Rei” não foram os primeiros livros do escritor nem são os que revelam os primórdios da aventura do hobbit Frodo.

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Na primeira metade do século XX, Tolkien já se ocupava redigindo contos que seriam publicados no livro póstumo “O Silmarillion”. Em 1937, o escritor lançou “O Hobbit”, obra que narra a jornada de Bilbo Bolseiro, o mago Gandalf e 13 anões rumo à reconquista da Montanha Solitária, tomada pelo dragão Smaug. Somente na década de 60 seria lançada a trilogia do anel, que acabou por se tornar um ícone literário da contracultura.


KULTUR

Criador de uma Terra Média fantástica, habitada por humanos, seres mágicos e demoníacos, Tolkien foi além: elaborou mapas de territórios descritos em suas narrativas e deu origem a línguas. O trabalho de um apuro estético e criativo impressionantes leva o escritor a ser considerado um dos grandes autores da literatura fantasiosa. Coube a Peter Jackson, detentor dos direitos sobre as obras, filmar a aventura de Frodo. Com produções robustas, condizentes com os superlativos da indústria hollywoodiana, os três filmes da Saga do Anel foram sucesso em todo o mundo. O trabalho total foi coroado em 2004, quando o último filme da trilogia, “O Senhor dos Anéis: o Retorno do Rei”, abocanhou nada menos que 11 estatuetas no Oscar, incluindo a de Melhor Filme.

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A última parte da franquia tem atenuada a sensação de filme que se arrasta, como acontece com as duas produções anteriores. Mesmo com a arrecadação trilionária por todo o mundo, os três filmes estão longe da representatividade e da repercussão despertada pela trilogia do Anel.

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Depois de quase uma década da conclusão da Saga do Anel, os fãs da franquia comemoraram o anúncio de que Jackson se preparava para rodar “O Hobbit”, livro que seria desmembrado em três partes. Após o lançamento de “Uma Jornada Inesperada”, em 2012, e “A Desolação de Smaug”, em 2013, a sequência chega ao fim com “A Batalha dos Cinco Exércitos”, filme em cartaz nos cinemas.

Ainda assim, é possível que a parte final de “O Hobbit” encabece a lista de maiores bilheteria do cinema em 2014. “A Batalha dos Cinco Exércitos” é aberta por sequências estupendas em que, despertado de seu sono profundo, Smaug, o dragão, assola uma ilha habitada por homens. Após a derrocada da besta, a fita acompanha a articulação do exército dos anões, dispostos a recuperar seu reino; dos orcs, comandado por Azog, o Profano; e dos elfos da Floresta das Trevas, liderados pelo rei élfico Thranduil, que busca reaver joias subtraídas pelo avô de Thorin II, Escudo de Carvalho, rei dos anões. Seguindo uma fórmula que caiu no gosto dos fãs, “A Batalha dos Cinco Exércitos” tem um trabalho sonoro e de efeitos visuais de impressionar, com cenas de batalhas e de lutas convincentes. Muito embora apresente momentos cômicos, às vezes deslocados, o desfecho da fita tem dose trágica acentuada. E é um pouco piegas. O sofrimento passional da bela e unidimensional elfa Tauriel tem certo grau de constrangimento. A recepção à obra dividiu a crítica estrangeira. Enquanto a | 45


KULTUR

Variety definiu o desfecho como “uma batalha épica real” e ressaltou a austeridade do filme, o The Telegraph apontou que a nova obra de Jackson é “apenas uma série de tropeços a caminho de um clímax”. A crítica cultural do jornal Estado de Minas, Carolina Braga, acredita que “A Batalha dos Cinco Exércitos” peque pelo excesso de efeitos. “Por privilegiar aspectos visuais e, claro, os efeitos, a narrativa acaba prejudicada. É como se o diretor tentasse, de alguma forma, responder aos fãs que desejam ver em audiovisual aquilo que imaginaram lendo o livro. Cinema, na minha opinião, vai além. Existem outros aspectos a serem explorados. Dentre eles estão os ricos personagens de Tolkien”, expõe Carolina. A jornalista lamenta o fato de o diretor ter feito um filme tedioso mesmo abusando de recursos. Fã inconteste da obra tolkiana, Pedro Henrique Roscoe Lage Oliveira, de 25 anos, entende que o diretor Peter Jackson tenha se equivocado ao optar por dividir o texto de “O Hobbit” em três partes. “Fiquei um pouco decepcionado com a trilogia, pois foram feitos três filmes a partir de uma obra muito pequena. O diretor inseriu centenas de elementos novos, inclusive personagens que não existem, como a elfa Tauriel”, conta. Ainda assim, Pedro não esconde a curiosidade pelo último filme da franquia.

Descobridor da obra de Tolkien por meio da trilogia “O Senhor dos Anéis”, o estudante Gustavo Henrique e Silva, de 21 anos, compareceu à estreia de “A Batalha dos Cinco Exércitos” na capital, na noite do dia 11. Também não ficou satisfeito. “Acredito que o filme tenha deixado a desejar, principalmente no que diz respeito à guerra. Acho que o diretor poderia ter explorado mais alguns detalhes que constam no livro”, lamenta. “A Batalha dos Cinco Exércitos” pode representar mais do que o fim de mais trilogia, como também a última parte de um trabalho de Tolkien a adquirir versão para o cinema por meio das mãos de Peter Jackson. Segundo o próprio diretor, a família do escritor britânico não tem intenção de vender os direitos sobre o livro de contos “Silmarillion”. A notícia não assusta, muito menos, tira o sono dos fãs de Tolkien. “Esse livro é mais uma mitologia que um romance. Acho que levar para o cinema seria cair no erro de muitas franquias, que é continuar a produzir quando o que tinha que dar já deu”, pensa Pedro.

Reprodução

O cinéfilo Jorge Fernando, de 22 anos, também não aprovou a fuga do que havia sido proposto na obra li-

terária. Ainda assim, o estudante reconhece que o longa apresenta qualidade técnica superior à dos dois primeiros filmes e chama a atenção para a genialidade do diretor. “O filme mostra a marca de um Peter Jackson que deve ser, no mínimo, respeitado e digerido por se tratar de um realizador por meio do qual esse universo fantástico ganhou forma”, entende.

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TERRA BRASILIS • CRÍTICA

EU ME CHAMO ANTÔNIO Desilusão amorosa é temática de livro elaborado a partir de poesias feitas em guardanapo André Martins

Podia ser apenas mais um dia de calor tórrido que leva à vertigem até os mais acostumados às altas temperaturas do Rio de Janeiro. Mas foi diferente. Apoiado no balcão do Café Lamas, no Flamengo, o publicitário Pedro Gabriel, de 30 anos, pediu um chope, empunhou uma caneta e deslizou a extremidade em um guardanapo. Formou mais que palavras. Fez poesia: “Primeiro, encanto. Depois, desencanto. Por fim, cada um pro seu canto”.

Era o começo de uma história de sucesso conduzida pela ação intrigante do acaso. São aquelas (histórias) não tão triviais, mas muito próprias das predestinadas a ser. O desenrolar dessa história envolve mais de 2 mil poesias em guardanapos, uma página no facebook que beira 1 milhão de seguidores - “Eu me chamo Antônio” - e dois livros. Devorador de Leminski a Manoel de Barros, Pedro Gabriel nem imaginava que um guardanapo daria novos contornos à própria vida. Ele gostou do resultado, registrou em fotografia o feito e publicou em sua página no facebook. A partir daí, o publicitário tomou gosto e fez da distração um hábito. Criou uma página na mesma rede social para a postagem do material e assim reuniu centenas de milhares de seguidores apostando no amor romântico que apenas podia ter sido.

- Eu me chamo Antônio”, livro que segue o formato da primeira publicação e conta os percalços sentimentais, a maioria amorosos, de Antônio um tipo de alterego de Pedro Gabriel. O resultado é poético em sentido dilatado. Poesia em palavras, instrumentos manipulados com habilidade pelo autor e em todo o resto: na letra tortuosa, nos traços grossos e imperfeitos dos desenhos, nas cores frias e sóbrias. Não é preciso mais que alguns minutos para finalizar a leitura do livro. Mas não há por que ter pressa. Nem desejável ela é. Apesar de curtos, os poemas oferecem mais possibilidades interpretativas do que a primeira leitura pode indicar. Além disso, o leitor tem a oportunidade de estabelecer um estranhamento sobre palavras simples, de uso cotidiano. Há uma brincadeira dilacerante e bucólica em tudo.

Nascido no Chade, Pedro Gabriel veio para o Brasil aos 12 anos e aprendeu o português brincando com as palavras

Em 2013, chegou às livrarias o primeiro livro de Pedro Gabriel, que leva o nome da página on-line. O autor atingiu um verdadeiro feito, vendendo nada menos que 150 mil exemplares. Agora o publicitário acaba de lançar “Segundo

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Divulgação

Eny Miranda

CTPD

Reprodução

TERRA BRASILIS • AGENDA

14ª CPTD

Bracher - Pintura e Permanência

Sucesso absoluto na capital mineira, o evento chega à sua 41ª edição cumprindo a missão de divulgar duas manifestações culturais muito antigas: o teatro e a dança. Como sempre acontece, a Campanha de Popularização do Teatro e da Dança (CPTD) vai resgatar as peças e os espetáculos de grande sucesso. Estão previstas intervenções que vão agradar a diferentes públicos em vários teatros e espaços alternativos de Belo Horizonte. A promoção e a realização da CPTD são do Sindicato dos Produtores de Artes Cênicas de Minas Gerais.

A exposição revisita a obra do pintor mineiro Carlos Bracher por meio de 86 obras que, além de pinturas, traz desenhos, livros, gravuras, poemas autorais e objetos pessoais. O acervo retrata a criação tempestuosa e marcante de Bracher da década de 60 aos anos 2000. É a primeira vez que o pintor terá uma exposição interativa, com espaço multimídia e cenografia. Os visitantes vão poder submergir na obra do artista por meio de recursos sonoros e, claro, visuais. A exposição conta também com algumas intervenções ao vivo do artista. Imperdível!

Diversos locais da cidade De 6 de janeiro de 2015 a 8 de março de 2015 De R$ 10 a R$ 15 (inteira) sinparc.com.br

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CCBB BH Até 12 de janeiro de 2015, das 9h às 21h Entrada franca culturabancodobrasil.com.br

David Guetta Ele é um dos DJs mais badalados do mundo. A inventividade da música de David Guetta surpreende. Prova disso são os milhões de visualizações que ele acumula no Youtube. Belo Horizonte está entre as 12 cidades brasileiras que vão ser contagiadas pela música eletrônica do DJ. O artista sobe ao palco do Expominas para apresentar seu novo álbum “Listen”, considerado o mais sofisticado e inusitado de sua carreira. No line-up, Breno Rocha, Rogério Solldera, Alok preparam a galera. Depois de Guetta, Marcelo CIC fecha os trabalhos. Expominas 11 de janeiro de 2015, às 18h R$ 200 a R$ 440 (inteira) Outras informações: 2532.8200


TERRA BRASILIS • AGENDA

Leo Aversa

Guga Melgar

Do objeto para o mundo Coleção Inhotim

Verão Arte Contemporânea O evento tem a iniciativa de provocar a reflexão sobre a arte produzida na contemporaneidade. A mobilidade e as transformações coniventes com a época atual. Todos os anos, o VAC conta com artistas diversos, nacionais e internacionais, que apresentam uma variedade incrível de obras e formas de expressão artística. Estão previstas intervenções de teatro, da dança, da música, de artes visuais, do cinema, da literatura, da moda, da gastronomia e da arquitetura.

Reprodução

Diversos locais da cidade De 9 de janeiro a 12 de fevereiro de 2015 veraoarte.com.br

Anime Festival BH Summer 2015 Minascentro 7 de fevereiro, às 12h, e 8 de fevereiro de 2015 às 22h animefestival.com.br

A cultura japonesa vai estar muito bem representada na capital mineira, em 2015. Além do Festival do Japão em Minas, que acontece todos os anos, o Anime Festival BH Summer promete mobilizar a galera que curte mangás e animes. Karaokês, concurso de cosplay, animes, desenhos e muita música japonesa estão na programação desse evento que agrada não apenas a crianças, mas também a muitos adultos, principalmente os que viveram a década de 80 e 90. Serão dois dias de diversão na certa!

Guga Melgar

Pela primeira vez, parte do acervo do Instituto Inhotim deixa sua sede, em Brumadinho, para ser exposto fora do complexo de arte inaugurado em 2006. O Centro de Arte Contemporânea e Fotografia do Palácio das Artes vai receber 50 obras que examinam a formação do campo de arte contemporânea a partir da coleção e do programa de Inhotim. Entre a seleção, obras de Lygia Clark, Chris Burden, Ernesto Neto, dentre outros. A videoinstalação “Homo sapiens sapiens” (2005), de Pipilotti Rist, será exibida pela primeira vez no Brasil. Palácio das Artes Até 8 de março de 2015 Entrada franca fcs.mg.gov.br

Decole mais rápido.

Conexão Aeroporto BH e Betim. Agora, pela pista rápida e exclusiva do MOVE.

BH R$21,00 Por trecho.

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BETIM R$

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CRÔNICA

Joanita Gontijo

Comportamento

Descanso aos avatares A massa é burra, irracional e, por vezes, selvagem. Há quem discorde, mas esse raciocínio foi proclamado por sociólogos, antropólogos e escritores. Misturados à multidão, costumamos perder a autocensura e seguir o fluxo. Isso nem sempre ou quase nunca resulta em ações inteligentes e sensatas. A teoria embasa estratégias de publicitários para levar consumidores a comprar o que não precisam. Também serviu a Adolf Hitler quando ele convenceu uma nação inteira a compartilhar sua ideologia segregadora e assassina. Nos estádios de futebol e fora deles, milhões de torcedores insanos gritam impropérios e agridem os adversários (em alguns casos até a morte) apenas porque ganharam ou perderam uma partida. O mais fajuto argumento de justiça ganha simpatizantes quando é dito por milhares ou milhões. E o pior: você está entre eles.

torcedores que vestem camisas de outras cores. Não importa! A regra é atirar contra tudo que for diferente do que você pensa ou sente, da maneira mais ofensiva e mortal possível. Não me iludo em acreditar que essas atitudes sejam apenas surtos do mundo virtual. Infelizmente a agressividade na rede reflete o desequilíbrio de muitos na vida real. Ainda assim, acho que somos melhores e mais contidos quando andamos com as próprias pernas e não com o mouse. Julgo que saibamos compreender melhor o ponto de vista de alguém quando nossos ouvidos estão mais perto do interlocutor. Duvido das ‘vozes’ que apenas leio, e não ouço. Suponho que um aperto de mãos e um abraço consigam manter viva uma amizade, mesmo depois de horas de calorosa discussão na mesa do bar sobre quem é o melhor time do país.

“Nos períodos de polêmicas mais intensas, somos avatares de um mundo cruel”

A multidão põe em risco a humanidade, e o fanatismo e a histeria comprometem a razão. Até aí, nada de novo. Apenas há muito a lamentar. Mas os eventos políticos e esportivos do ano me chamaram a atenção para um novo lugar em que a tolice é tão contagiosa quanto na multidão. Assim como a massa estimula as barbaridades sob a proteção do anonimato, nas redes sociais, o distanciamento virtual estimula a exposição escancarada de posições medíocres e radicais. Nos períodos de polêmicas mais intensas, somos avatares de um mundo cruel. Alguns são vítimas; outros, algozes. Mas todos agem com intolerância.

Resguardados pela tela do computador, dedos nervosos teclam xingamentos preconceituosos, racistas e homofóbicos. Os alvos podem ser eleitores com posições divergentes ou 50 | www.voxobjetiva.com.br

Por tudo isso, meu desejo de ano novo é que você deixe seu avatar descansar. Se ele anda muito estressado, arrumando briga por onde passa, pode ser falta de uma boa noite de sono. E enquanto ele sonha, aproveite o mundo real, suas benesses e seus perrengues. Assim poderemos ter mais brindes e menos curtidas, mais abraços e menos cutucadas, mais afagos e menos desabafos. Menos cólera e muito mais amor.

Joanita Gontijo Jornalista e autora do livro “70 dias ao lado dela ”joanitagontijo@yahoo.com.br


OLHAR BH

Igreja de São José Foto: Felipe Pereira | 51


CHEGAR AOS 117 ANOS RECONHECIDA MUNDIALMENTE.

É assim que a gente faz a melhor capital do Brasil. PPP da Educação premiada pelo Financial Times.

Cidade Amiga da Criança Fundação Abrinq.

Atenção com crianças e adolescentes - Unicef.

O projeto de construção de escolas por meio de Parceria Público-Privada foi premiado pelo Financial Times/Citi Ingenuity Awards e pela publicação Infrastructure 100.

Reconhecimento pelo cuidado com crianças e adolescentes. Entre 1.500 cidades avaliadas, somente 9 receberam o Título de Destaque Nacional.

BH foi apontada como a cidade com ambiente mais adequado para crianças e adolescentes.

Segurança Alimentar é exemplo para o mundo - ONU.

Exemplo em Defesa Civil - ONU.

Cultura é referência em prática sustentável e inclusiva.

Prêmio Sasakawa 2013, um reconhecimento da ONU ao conjunto de ações da Prefeitura para reduzir riscos de desastres naturais.

O projeto Arena da Cultura foi premiado pela CGLU, organização com sede em Barcelona e presente em 127 países.

O programa de Segurança Alimentar de BH foi reconhecido pela ONU como referência mundial.

Maior Programa de Saúde da Família do Brasil.

BH é a capital com maior cobertura do PSF: 83% dos moradores são atendidos.

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Nos últimos anos, o trabalho da Prefeitura de Belo Horizonte tem se tornado referência em políticas públicas. Várias ações foram reconhecidas mundialmente por entidades como ONU e Unicef. Agora, temos mais um motivo para comemorar: a pesquisa nacional Best Cities Index acaba de apontar BH como a melhor capital do Brasil. Esse é o resultado de um trabalho feito a várias mãos: Prefeitura, parceiros e toda a população. Um presente para os 117 anos de BH e para cada belo-horizontino.

Não para de trabalhar por você. www.pbh.gov.br


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