Novembro/13 • Edição 53 • Ano V - Distribuição gratuita
ADÉLIA PRADO – SENSIBILIDADE E LUCIDEZ NO AUGE DA MATURIDADE
Para milhões de brasileiros, um herói. Para os condenados, um déspota esclarecido
O Pantanal ao alcance de todos
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Uma nova Lagoa está nascendo.
nova Pampulha também.
E uma
Equipamentos de última geração, com tecnologia alemã, já começaram o processo de desassoreamento da Lagoa.
Revitalização da pista de caminhada.
Recapeamento de 18 km de vias na orla.
Nova sinalização turística.
A Pampulha está completando 70 anos e a Prefeitura de Belo Horizonte está dando um grande passo rumo à tão sonhada limpeza e despoluição da Lagoa. Já começaram os trabalhos de desassoreamento da Lagoa. Serão retirados aproximadamente 800 mil metros cúbicos de sedimentos. A previsão é de que, até maio do próximo ano, o serviço esteja concluído, com um investimento de mais de 100 milhões de reais. Mas não é só isso. A Pampulha está ganhando também uma nova iluminação na sua orla, nova ciclovia, pista de caminhada revitalizada, patrimônios restaurados, sinalização turística e novas atrações, como a Casa Kubitschek, recentemente inaugurada. Um dos mais belos cartões-postais de Belo Horizonte está ganhando uma nova vida e vai ser candidato a Patrimônio Cultural da Humanidade. Pampulha. Pode se orgulhar. 2 | www.voxobjetiva.com.br
Olhar BH
Um pedaço do Oriente - Jardim Japonês Foto de Suziane Fonseca |3
Editorial Justiça ainda que tardia
Carlos Viana Editor Executivo carlos.viana@voxobjetiva.com.br
“... O povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo.” (Daniel 11:32)
A Vox Objetiva é uma publicação mensal da Vox Domini Editora Ltda. Rua Tupis, 204, sala 218, Centro, Belo Horizonte - MG CEP: 30190-060
Os muitos questionamentos sobre as decisões do ministro Joaquim Barbosa com relação aos condenados do Mensalão revelam um Poder Judiciário dividido e em busca nova identidade. Ao coro dos advogados que tiveram os pedidos negados pelo presidente da Suprema Corte, juntaram-se as várias associações de magistrados e de classes que estão sempre de prontidão para defender os interesses corporativos e privilégios. Muitos desses benefícios foram amealhados desde os tempos da ditadura militar. Nas várias manifestações púbicas, essas mesmas vozes discordantes já se mostraram contrárias às decisões, por exemplo, do Conselho Nacional de Justiça que tem se rendido à necessidade de um Poder Judiciário mais transparente, produtivo e que custe menos aos contribuintes brasileiros. Entre as principais críticas, está a de que as medidas de Barbosa tenham sido precipitadas ou com objetivos exclusivamente midiáticos. O que não se pode negar é que o ministro colocou abaixo um posicionamento comum em relação às condenações em nossos tribunais. Quanto mais ricos os réus, mais recursos e o estabelecimento de novos prazos para o adiamento contínuo no cumprimento das penas. Outro ponto levantado contra Joaquim Barbosa é o de que o julgamento teria sido político, por conta dos nomes envolvidos. Seria bom lembrar que os processos do Mensalão chegaram a ser motivo de uma quase anedota por parte do ministro Ricardo Lewandowski, que apostou solenemente na prescrição dos crimes. A fala considerada atabalhoada pelos advogados de defesa dos mensaleiros precipitou o cumprimento dos prazos e a criação de outra estratégia: atrasar o andamento para que novos ministros assumissem as cadeiras no Supremo Tribunal Federal e pudessem mudar os votos a tempo de evitar as condenações. E faltou pouco para esse planejamento ser bem-sucedido. A estratégia garantiu a revisão dos chamados embargos infringentes acolhidos e defendidos pelos novos nomes. Se existe algum embasamento na crítica de ‘julgamento político’, ele está ligado ao processo de escolha dos ministros, que precisa ser revisto urgentemente pelo Congresso Nacional. É preciso deixar claro: a prisão dos mensaleiros pode não mudar um contexto histórico de atraso no Judiciário, mas é, antes de tudo, um recado contra a corrupção no Brasil. A decisão também atende a um propósito fundamental no Direito, o de que é preciso certeza que os processos terão fim. Depois do Mensalão, a expressão ‘transitado em julgado’ vai representar punição aos culpados. Para o brasileiro simples, acostumado aos recursos legais acessíveis apenas a quem tem possibilidade de bancar advogados milionários, o posicionamento do ministro Barbosa é um tipo de ‘basta’ a tanta impunidade e às interferências do poder econômico.
Editor Adjunto: André Martins l Diagramação e arte: Felipe Pereira | Capa: Felipe Pereira | Foto de capa: Carlos Humberto/ SCO/STF | Reportagem : André Martins, Lucas Alvarenga, Patrícia Brum, Tati Barros, Thiago Madureira | Correspondentes: Greice Rodrigues Estados Unidos, Ilana Rehavia - Reino Unido | Diretoria Comercial: Solange Viana | Anúncios: comercial@voxobjetiva.com. br / (31) 2514-0990 | Atendimento: jornalismo@voxobjetiva.com.br (31) 2514-0990 | Revisão: Versão Final | Tiragem: 30 mil exemplares | voxobjetiva.com.br
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A Copasa tem a receita e os ingredientes para ajudar a construir um futuro melhor. A água é essencial para a vida no planeta. Ela está presente em tudo, principalmente, na cozinha.
Por isso, você também pode contribuir com a qualidade da água, cuidando melhor do esgoto que é produzido na sua casa. Confira algumas dicas:
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Use água tratada para lavar e cozinhar os alimentos.
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A água que você usou para lavar legumes e verduras pode ser reutilizada para aguar suas plantas.
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Mantenha sempre o ralinho na pia da cozinha.
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O óleo não deve ser jogado na pia nem na rede de esgoto.
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Mantenha sua caixa de gordura sempre limpa.
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Planeje-se antes de comprar, assim você reduz o desperdício de alimentos.
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Utilize produtos de limpeza biodegradáveis.
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Use a água com consciência. Feche a torneira ao ensaboar as vasilhas.
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Restos de alimentos não reaproveitáveis, barbantes, embalagens e plásticos não reutilizáveis devem ser jogados no lixo.
• Jogue o lixo no lixo e não na rede de esgoto.
Sumário Jackson Romanelli
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Kayteknee
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Wikimedia
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Marcello Casal / ABr
verbo
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ADÉLIA PRADO Uma reflexão sobre a vida
capa
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metropolis
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À ESPREITA Espionagem americana confirma necessidade de proteção virtual para governos e sociedade civil
salutaris
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DIETA E FERTILIDADE Especialistas relacionam alimentação às chances de gravidez bem-sucedida
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UM SHOW DE DESFECHO A polêmica em torno do ministro Joaquim Barbosa e das prisões do Mensalão
hORIZONTES
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PANTANAL Exuberância e aventura no roteiro mais pitoresco do Brasil
PODIUM
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É CAMPEÃO!!! Com campanha quase irretocável, Cruzeiro conquista o tricampeonato nacional, quebra recordes e faz história
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Tom Brasil
André Martins
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Agência Fotosite
Washington Alves / VipComm
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KULTUR
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PATRIMÔNIO
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SPFW
Casarões tombados e abandonados Maior evento de moda da América Latina dita as tendências para o Inverno 2014
Artigos
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crônica • Laura Barreto Ah se os homens soubessem... IMOBILIÁRIO • Kênio Pereira Locação pode reduzir valor venal do imóvel
justiça • Robson Sávio Mídia e formação de opinião
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política • Paulo Filho
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PSICOLOGIA • Maria Angélica Falci
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Meteorologia • Ruibran dos Reis
50 30 31
Senilidade precoce Por que não?
Temporada das águas
crônica • Joanita Gontijo A noite que traz o dia RECEITA Torre de bacalhau
VINHOS • Danilo Schirmer Na dúvida, rosé
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“Sem sensibilidade não dá nem pra começar” Fazendo prosa ou verso, a linguagem de Adélia Prado, uma das maiores escritoras mineiras vivas, continua sendo a poesia por excelência André Martins Fotos de Jackson Romanelli Na primeira metade da década de 70, conversas e cartas trocadas entre Affonso Romano de Sant’Anna e Carlos Drummond de Andrade faziam referência à poesia de uma professora mineira, casada e mãe de cinco filhos. Adélia Prado começou a escrever bem jovem, mas a ‘voz própria’ que tanto impressionou Drummond só foi ouvida na maturidade. O despontar da escritora natural de Divinópolis pode ser considerado um marco. Até então, poucas mulheres, a exemplo de Clarice Lispector, tinham projeção no cenário da literatura no país. Em 1975, Adélia publicou o primeiro livro: Bagagem. A partir daí, a poetisa foi se consolidando como um dos grandes nomes da literatura nacional.
É verdade que a senhora compôs os primeiros versos em razão da morte da sua mãe? Geralmente a dor torna as pessoas mais sensíveis, introspectivas e aguça a capacidade de percepção das coisas ao redor?
“Quando a coisa pede poema, faço poema; quando pede prosa, escrevo prosa. Ambas me dão enorme prazer. Mas a linguagem por excelência é a poesia”
Para Adélia, a poesia é forte, tem desejos e se manifesta quando e como quer – em prosa ou em verso. Na obra da poetisa circunscrevem, em grande medida, o cotidiano e a experiência religiosa. Há também uma perceptível reflexão acerca do ofício de escrever e dos processos de criação. São poesias de poesias. Uma metalinguagem que, segundo ela, não é racional.
Em entrevista concedida com exclusividade à Vox Objetiva, Adélia Prado fala da sua obra e de poesia, da qual também se utiliza para exprimir opiniões e posicionamentos. Assim como faz em seus textos, ela parece pinçar as palavras que lhe parecem mais
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interessantes. O resultado são respostas enxutas e marcadas por extrema lucidez. Em dezembro, Adélia Prado completa 77 anos.
Na escola já me aconteciam versinhos para as brincadeiras. Tinha facilidade para rimar. Com a morte da minha mãe, lembro ter escrito um texto maior. Escrever naquele momento foi bom, dava consolo. Não tinha qualidade literária; só afetiva. Não tinha uma dicção própria. Tomava emprestado de outros poetas.
Quando a dor não aguça a percepção do sofredor, ele continua ‘em branco’. E isso não é bom. Nascemos para ‘ver’ e para termos consciência. O papel do sofrimento é nos levar até ela (a consciência) e nos aprofundar nela. Além da morte e da finitude, do que se tratavam esses primeiros escritos? A senhora ainda tem esses poemas? Não tenho mais os textos escritos aos 15 anos. Só os tenho numa grata lembrança. Morte e finitude: penso
verbo
nisso diariamente. Mas não traz tristeza sempre, porque essas questões não me deixam nem quando estou na maior alegria. Sofrer e morrer é parte da nossa natureza. Por intermédio de Affonso Romano de Sant’Anna, alguns de seus poemas repousaram nas mãos de Carlos Drummond de Andrade. E ele fez comentários elogiosos a respeito do que leu. Como a senhora recebeu e ‘processou’ as palavras de Drummond? Fiquei felicíssima com a acolhida de Carlos Drummond de Andrade. Sou-lhe grata pelas generosas palavras a respeito do meu texto. Precisava de alguém como ele para me certificar de que sou poetisa. E ele fez isso. A senhora reflete muito sobre a escrita, o processo e o surgimento da arte por meio das pala-
vras conseguidas, via de regra, com a emoção. Qual a relação entre poesia e sensibilidade? Eu nunca reflito, racionalmente falando, sobre o processo criativo. Basta expressar a emoção da qual nascem o poema e qualquer forma de arte. Sensibilidade? Sem ela não dá nem pra começar. O processo metalinguístico de reflexão acerca do próprio fazer poético é algo que contribui para o refinamento da sua poesia ou serve unicamente para a aquietação, a noção da condição do artista e da própria arte? Para mim, os poemas que escrevi como ‘reflexão do próximo fazer poético’ são, antes de tudo, eles mesmos poesia. Uma poesia sobre o poema. Se não for assim, vira prosa crítica sobre o fenômeno poético. E isso eu não sei fazer. Qualquer coisa é a casa da poesia; até ‘o fazer poético’. |9
verbo
Seus textos registram cenas cotidianas, triviais. A ‘mineiridade’ é algo muito perceptível na sua obra. Mas, ao mesmo tempo, essas cenas que conversam tanto com a nossa realidade, com a vida comum, parecem ser universais. Modéstia à parte, como a senhora descreveria a sua obra? Minha obra é a única ao meu alcance. E toda obra é filha da realidade experimentada de quem a escreve. Eu tenho Minas, o interior, o cotidiano, família, casa, religião. Falo do que me cerca e me afeta. E espero, como diz Tolstoi, estar contando não só a minha aldeia. A senhora faz poesia e prosa. Uma é mais difícil do que a outra? Se existem dificuldades em cada uma delas, quais seriam as mais marcantes? Quando a coisa pede poema, faço poema; quando pede prosa, escrevo prosa. Ambas me dão enorme prazer. Mas a linguagem por excelência é a poesia. E, ao fazer prosa, só a publico quando julgo que a poesia está nela também. Para Adélia, os elogios de Drummond a certificaram como escritora
O seu processo de criação literária é rápido ou a senhora sofre muito para dar corpo a uma obra? Se dar corpo à arte for sofrimento, quero sofrer diariamente. O que dói é viver. Quando se escreve sobre a vida, estamos fazendo festa. É uma alegria escrever. Quais os autores que a senhora lia quando mais nova e ainda lê? Há algum poeta, escritor proeminente de Minas Gerais que a senhora citaria e recomendaria a apreciação dos leitores? Li na juventude Olavo Bilac, Castro Alves, José de Alencar, Cecília Meireles, Augusto dos Anjos, Monteiro Lobato, Casimiro de Abreu, Edmundo D’Amici, autores que tínhamos na escola. Depois descobri Drummond, Clarice Lispector, Manuel Bandeira, Murilo Mendes e Guimarães Rosa, dentre muitos que estou conhecendo agora, nacionais e estrangeiros. Tem muita gente boa aparecendo que não conheço. Tenho certeza. Citar mineiro proeminente? Pra começar, Drummond e Guimarães Rosa.
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crônica
Comportamento
Ah se os homens soubessem… Que, muitas vezes, uma palavra tem mais significado e valor do que uma joia; Que gentilezas são como poderosos afrodisíacos; Que saber escutar e ter bom humor são grandes diferenciais competitivos; Que responder e-mails e mensagens são outros maiores ainda!; Que segurança para mulher é sinônimo de apoio e não de força bruta; Que ‘combinado é combinado’; Que gostamos de bilhetes, surpresas e presentes sem motivo; Que acreditamos neles mesmo quando a história é a mesma para todas; Que a gente finge que acredita e que somos ótimas nisso; Que sabemos muito bem nos vingar quando queremos – mas já aprendemos que é bobagem – e quando fazemos, fazemos bem feito; Que, ao contrário deles, pensamos neles várias vezes ao dia, mesmo durante tarefas de extremo prazer, como fazer as unhas; Que quando dizemos ‘não tem problema’, ou ‘esquece’, estamos magoadas; Que para a gente, amizade é tão importante ou mais do que sexo. E que, nesse caso, fazer sexo com um marido, namorado, rolo, ou só amigo, que seja ‘amigo de verdade’, é muito melhor do que com um desconhecido; Que apreciamos mais o respeito do que a fidelidade; Que o melhor ou único remédio para TPM é a distância. Que os hormônios ferram a gente! E que não queríamos ser aquela pessoa bestial na qual nos transformamos nesse momento de flagelo uterino; Que dizemos ‘sim’ quando queremos dizer ‘não’ e vice-versa; Que sempre estamos precisando perder três quilos ou mais, mas nem por isso eles podem sequer sinalizar que perceberam; Que, assim como sobre filhos e família, só nós podemos falar das amigas; Que amigas são como ondas, vêm e vão, mas gostamos delas mesmo assim; Que às vezes, muitas vezes, fingimos de bobas para evitar a fadiga; Que conseguimos perdoar e até esquecer, mas só uma vez; Que, como eles, temos vontade de fazer sexo; Que, ao contrário do que se imagina, somos uma classe unida; Que nosso pé muda de tamanho, para mais ou para menos, se nos apaixonamos por um sapato e que nossa paixão por acessórios é estratosférica; Que 5 minutos para ficar pronta pode significar uma hora; Que gostamos das coisas arrumadas, mas que arrumá-las é um saco!; Que olhar para a bunda de todas as mulheres do mundo incomoda; Que deixar de comprar um objeto de desejo para nós significa ‘economia’; Que por mais que achem bobagem, dividir o banheiro e os hábitos de higiene é totalmente desnecessário e prejudicial à relação; E, por último, que ser um bom pai é a coisa mais linda do mundo! E que faz tudo isso aí em cima ficar tão pequeno, que até me arrependi de ter escrito. Afinal de contas, não há dinheiro nem carro, nem cartão de crédito, educação, roupas, joias, casas, viagens, loucuras, paixão ou sexo (não que eu dispense tudo isso) que possam encantar tanto uma mulher quanto um pai responsável, cuidadoso, paciente, presente e amoroso com as suas crias. Além de ‘não ter preço’, definitivamente isso, sim, é apaixonante!
Laura Barreto Autora do site ociodooficio. com.br laubarreto11@hotmail.com
“Não há dinheiro nem
carro, nem cartão de crédito, educação, roupas, joias, casas, viagens, loucuras, paixão ou sexo (não que eu dispense tudo isso) que possam encantar tanto uma mulher quanto um pai responsável, cuidadoso, paciente, presente e amoroso com as suas crias
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metrOpolis
Cada volante, uma sentença Indústria automobilística festeja crescimento de vendas no Brasil e nos Estados Unidos. Mas quando o assunto é direção, os dois países mostram diferentes hábitos Greice Rodrigues*, de Nova Iorque Hugo Martins Oliveira
Excesso de veículos de passeio pode forçar a adoção de medidas, como o pedágio urbano e o rodízio de automóveis em Belo Horizonte
Acidentes, pontos de lentidão, engarrafamentos. Os boletins sistemáticos nas emissoras de rádio revelam o interesse imediato de milhões de ouvintes no início das manhãs, nos fins de tarde e em momentos pontuais das noites: chegar a algum local em determinado tempo.
utilizando os meios coletivos de locomoção com maior frequência, os americanos não abandonaram um objeto fetichizado e símbolo do pensamento capitalista: o automóvel. Esse costume permanece, a despeito da fragilidade econômica desde os atentados de 11 de setembro.
Nas principais metrópoles, os problemas com o trânsito são comuns. Mas não é assim em todos os lugares do mundo. Nova Iorque é um bom exemplo. O sistema de transporte público por lá funciona 24 horas por dia, atendendo àqueles que se locomovem pela cidade. A complexa rede de serviços inclui metrô, trens, ônibus e até faixas exclusivas para pedestres. Quando o assunto é o transporte público, a Big Apple está entre as cinco metrópoles mais eficientes do mundo, conforme aponta uma pesquisa feita pela Faculdade de Arquitetura da Universidade de Boston.
Até setembro de 2013, o crescimento no percentual de emplacamentos feitos nos Estados Unidos chegou a 8,1%. O índice divulgado pela consultoria Jato Dynamics deixa o país atrás apenas da China em número de carros vendidos. Em 2012, a maior economia mundial registrou a impressionante marca de 14,5 milhões de veículos negociados. Mesmo assim, os Estados Unidos vivem um fenômeno curioso: enquanto a indústria automobilística norte-americana comemora os bons índices, os estadunidenses estão dirigindo cada vez menos. É o que apontam pesquisas realizadas pelo Departamento de Transporte dos Estados Unidos e pela Universidade de Michigan. Os estadunidenses estão dirigindo cada vez menos. Mas o aparente contrassenso pode ser esclarecido por especialistas.
Outras grandes cidades dos Estados Unidos seguem o modelo nova-iorquino de qualidade. Porém, mesmo podendo transitar com facilidade pelas metrópoles e 12 | www.voxobjetiva.com.br
metrOpolis
Os pesquisadores compararam informações de 2004 e de 2006 com dados apurados no ano passado e no primeiro semestre de 2013 para mostrar como a população utilizava o carro. O resultado foi uma redução de 9% no uso da direção, reflexo de uma série de mudanças no comportamento dos americanos. Essas alterações estão relacionadas com a alta no preço dos combustíveis e a crise econômica, que elevou a taxa de desemprego naquele país, forçando os inúmeros americanos a deixarem os carros mais tempo na garagem.
Señor Codo
A tendência ao envelhecimento das populações e as mudanças nas relações trabalhistas também contribuíram para o atual cenário, em que se dirige gradativamente menos. “Com o avanço tecnológico, é cada vez maior o número de pessoas que trabalham em casa e não precisam dirigir até o escritório ou a fábrica”, explica Michael Sivak, professor do Instituto de Pesquisa em Transporte da Universidade de Michigan e autor de um dos estudos.
Cenário brasileiro Assim como os Estados Unidos, o Brasil registra bons números de emplacamentos de carros. Com 3,6 milhões de automóveis negociados no ano passado, o país assumiu o quarto lugar em vendas de veículos no mundo, conforme levantou a Jato Dynamics. Houve um crescimento de 6,1% em relação às vendas de 2011, justificado pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) até dezembro deste ano e pela ascensão da nova classe média brasileira. Mas enquanto os norte-americanos têm repensado a forma de se locomover, por aqui acontece o contrário. Os carros pouco têm permanecido nas garagens. Prova disso é que, em 12 anos, a frota de veículos de passeio de Belo Horizonte dobrou. Com quase 1,6 milhão de automóveis e uma média de 8,3% de novos emplacamentos ao ano, a capital mineira convive em uma das maiores proporções de habitantes por carro de todo o país: 158 pessoas para cada 100 veículos. São dois habitantes / carro a menos do que na cidade de São Caetano do Sul, no ABC paulista primeira colocada no quesito. Obtido por meio da comparação de dados recentes do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) com a estimativa populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a capital mineira, o índice de habitantes por veículo assusta. Porém, não é ele a ponta do iceberg. Nesta década, Belo Horizonte chegou ao terceiro horário de pico, registrado entre 22h e 23h, pelo intenso fluxo de automóveis que rodam nas imediações das faculdades da cidade durante o período.
O sistema de transporte público de Nova Iorque foi reconhecido como um dos mais eficientes, de acordo com a Universidade de Boston
Atenta ao excesso de automóveis trafegando pela capital mineira, em 2014, a Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) deve adotar uma série de mudanças que vão dificultar a vida de quem opta pelo transporte individual. O planejamento inclui a conclusão de 150 quilômetros de faixas exclusivas para o Move (o BRT), o alargamento de calçadas, a criação de 140 quilômetros de ciclovias e o fechamento de quarteirões na área central, eliminando uma série de vagas de estacionamento. Em setembro passado, o rodízio de carros e o pedágio urbano foram incluídos na legislação municipal como opções para restringir o tráfego na cidade. “As políticas de transporte deveriam ser pensadas e postas em prática sob a ótica das metrópoles, não como redes autônomas sem nenhum tipo de interação”, opina Ronaldo Guimarães Gouvêa, professor do Departamento de Engenharia e Geotecnia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na visão do especialista em transporte urbano, as altas tarifas, a demora das viagens e a baixa qualidade do serviço prestado fizeram com que os meios coletivos de locomoção perdessem espaço para o carro. “Dirigir em uma grande cidade é se expor ao estresse, ao risco de acidentes e multas e à procura por vagas de estacionamento. Se tivéssemos um transporte confortável, com uma tarifa justa, ainda estaríamos dirigindo?”, questiona Gouvêa. * Colaboraram André Martins e Lucas Alvarenga | 13
metrOpolis
OPção: DUAS RODAS Se o recorde no comércio de automóveis chama a atenção no Brasil e nos Estados Unidos, entre os europeus as “magrelas” se tornaram coqueluche. Em todos os 28 países da União Europeia, exceto na Bélgica e em Luxemburgo, são vendidas mais bicicletas que automóveis. O maior contraste foi registrado no Reino Unido. Na Terra da Rainha foram negociados 3,6 milhões de bikes e só 2 milhões de carros saíram das concessionárias, conforme apontam a Associação de Veículos com Rodas da Europa e a Associação Europeia de Fabricantes de Carros. A recessão pode ter sido um fator preponderante para o crescente interesse pelas “magrelas” na Europa. Já na maior economia do planeta, a procura por bicicletas se mantém constante há duas décadas. Dados divulgados em 2012 pela Associação Nacional dos Vendedores de Bicicletas dos Estados Unidos (NDBA) mostram que 18,7 milhões de bikes ganharam as ruas por lá. O número põe o mercado de bicicletas à frente do segmento automotivo na comparação por unidades vendidas: 4,3 milhões a mais.
Recentemente o Departamento de Transportes dos Estados Unidos identificou, entre jovens americanos com idade entre 16 e 34 anos, que a predileção pela bicicleta está ligada à preocupação com o meio ambiente. Para 24% dos entrevistados, a bike é o meio de locomoção ideal. Já 16% preferem caminhar até o trabalho, em vez de usar o carro. “A bicicleta representa uma opção de baixo custo de aquisição que contribui para o meio ambiente e o bem-estar de quem a utiliza”, salienta José Eduardo Gonçalves, diretor executivo da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo). Mesmo com os benefícios das “magrelas” e do discurso pró-bicicleta, o mercado brasileiro ainda anota vendas tímidas. Até setembro passado, 557 mil bicicletas foram vendidas no Brasil contra 2,78 milhões de automóveis, conforme divulgado pelos fabricantes de veículos de duas rodas e os distribuidores de carros. Uma das explicações para essa diferença está no imposto que incide sobre as bicicletas nacionais. O tributo supera em 8,5% aquele atribuído aos carros aqui produzidos, conforme indicam estudos das consultorias Tendências e IHS Automotive.
Artigo
Imobiliário
Locação pode reduzir valor venal do imóvel Fico surpreso com casos em que locadores sofrem com prejuízos e desvalorização de até 40% no preço de venda de um imóvel alugado para inquilinos de grande porte. Há casos em que locadores que recebem um valor irrisório de aluguel ficam chocados ao descobrir a perda do direito de revisar o valor de acordo com o preço de mercado. Outros foram forçados a renovar o prazo de contrato por mais cinco anos, mesmo a contragosto. Em outras situações, a locação perdura quase que de forma perpétua, chegando a ponto de ninguém desejar comprar o imóvel, seja por qual preço for. Os problemas surgem pela falta de cuidado na elaboração do contrato. O documento deveria ter sido redigido por um advogado especialista em locação. Muitas vezes, o que acontece é a preocupação do locador em economizar, não despendendo o valor do honorário correspondente a um mês de aluguel para um especialista capaz de fazer ou analisar o contrato, conforme estabelece a tabela do Creci ou da OAB-MG. O proprietário do imóvel deve entender que tem o poder de locar um imóvel para quem desejar, da maneira, com condições e preço que bem entender. Mas quando ele é mal-assessorado, vemos o inverso, especialmente quando o inquilino é um banco, uma concessionária de serviço público, um órgão público ou uma grande empresa. Eles costumam ‘empurrar’ o seu modelo de contrato para que o locador ou a imobiliária sem preparo aceite as condições. São raros os profissionais que têm pleno domínio das diversas leis aplicáveis à locação. Há inquilinos tão habilidosos que jogam uma isca para seduzir o locador a não prestar atenção nas cláusulas do contrato. Há casos de o locador praticamente perder uma propriedade, quando ficam diante de condições que inviabilizam a retomada do imóvel. O inquilino de grande porte tem uma excelente assessoria jurídica, muitos anos de experiência na locação e um domínio comercial que supera o conhecimento do locador ou da imobiliária que não tem know-how na redação de contratos específicos. Esses documentos são muito diferentes dos modelos que desestimulam uma reflexão jurídica adequada ao caso concreto. Uma coisa é alugar um apartamento. Outra completamente diferente é locar um terreno onde haverá uma construção ou uma loja onde serão realizadas reformas expressivas. Cabe a cada parte defender seu interesse, pois uma palavra pode mudar todo o teor do contrato. Depois de assinado, lamentar não adianta. É uma ingenuidade imaginar que um inquilino vá elaborar cláusulas que beneficiem o locador. Sendo assim, pense, analise e, antes de fechar o negócio, busque orientação para compreender o contrato e seus reflexos.
Kênio Pereira Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG keniopereira@caixamobiliaria.com.br
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O proprietário do imóvel deve entender que tem o poder de locar um imóvel para quem desejar, da maneira, com condições e preço que bem entender
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metropolis
Tu espionas,
Reprodução
eu espiono
Escândalos de monitoramento de informações desestabilizam relações diplomáticas e colocam em xeque soberania de nações e segurança de usuários da internet André Martins e Lucas Alvarenga
Uma denúncia quase deixou a presidente Dilma sem argumentos. No dia 4 de novembro passado, a imprensa paulista escancarou a existência de um possível monitoramento da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) desde 2003. Os alvos foram diplomatas russos, iranianos, iraquianos e norte-americanos em serviço no país. A notícia veio a calhar para os Estados Unidos, sobretudo após virem à tona as informações de que o Brasil é a segunda nação mais espionada pela maior economia do mundo, ficando atrás somente dos próprios Estados Unidos. Mas, afinal, teria o governo brasileiro cometido um ato ilícito? “Quando você acha que existem espiões de potências estrangeiras atuando no Brasil, você deixa de espionar? Não. Você faz a contraespionagem”, declarou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. A frase legitimava mais um ato da Abin. Em julho deste ano, a agência assumiu oficialmente que monitora as redes sociais para evitar novos protestos, como os que tomaram as ruas do país durante a Copa das Confederações. Com a identidade preservada, um diplomata com vivência na Organização das Nações Unidas (ONU) considera a espionagem brasileira uma mera ‘bisbilhotice’. Para ele, a inteligência do país busca informações econômicas e políticas de nações cuja postura gera certa desconfiança, como a Rússia. “O Brasil não consegue sequer monitorar as redes de telefonia celular em território nacional. Imagine as redes de grandes provedores, como a do Google!”, provoca. Para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), não houve nada de ilegal no monitoramento da Abin. Independentemente dos métodos empregados, a coleta de dados é comum no mundo globalizado. No 16 | www.voxobjetiva.com.br
entanto, nem todo monitoramento é considerado espionagem. “Informação é essencial aos governos. Você pode coletá-la por meio de pesquisas, dados comerciais e militares e resultados de eleições. Isso é normal. Mas quando essa coleta é feita de forma ilegal, falamos de espionagem, que pressupõe roubo de escutas telefônicas, monitoramento físico ou remoto de computadores e suborno”, explica Jorge Lasmar, coordenador do curso de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).
O começo No dia 20 de maio de 2013, Washington começou a empreender uma verdadeira caçada a Edward Snowden, responsável por revelar ao mundo os pormenores da espionagem norte-americana. Até o governo russo ter aceitado o pedido de asilo temporário do ex-técnico de segurança da Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos, Snowden permaneceu acuado por 40 longos dias em área de trânsito, nas pro-
metropolis
Sucesso mundial, a série Homeland retrata a espionagem da agente da CIA Carrie Mathison (Clair Danes) contra um prisioneiro de guerra americano suspeito de colaborar com o grupo terrorista Al-Qaeda
Mesmo com a tradição americana em espionagem, engana-se quem confere aos americanos o título de inventores da ‘arte da bisbilhotice’. Segundo Lasmar, doutor em Relações Internacionais pela London School of Economics and Political Sciences, a espionagem faz parte da história da civilização. “Há registros dos egípcios fazendo espionagem; dos assírios usando de imunidade diplomática; de espiões russos enviados por Pedro, ‘O Grande’, antes de invasões a outras nações; e do cardeal Richelieu, no século XVI, que montava a estrutura de informação da França”, enumera.
Álibi Mais recentemente, os atentados ao World Trade Center, em Nova Iorque, e ao Pentágono, em Washington, fizeram do dia 11 de setembro de 2001 uma sombra que até hoje povoa os Estados Unidos. O maior ataque terrorista da história comoveu pessoas de diferentes continentes e deu ao governo Bush uma justificativa para praticar a espionagem em todo o mundo. A principal delas: a implacável busca por Osama Bin Laden, líder e fundador da Al-Qaeda – grupo que assumiu a autoria dos atentados.
ximidades do principal aeroporto de Moscou. A meio mundo de distância, ele acompanhava as investidas americanas para tê-lo de volta. São claras as razões para as autoridades estadunidenses se preocuparem em colocar as mãos em Snowden o mais rápido possível. Por intermédio dele, informações de vigilância a governos, como do Brasil e da Alemanha, vêm vazando na mídia e desestabilizando relações diplomáticas. A essa altura, talvez só o ex-analista de inteligência e Washington saibam o real potencial de dano da divulgação das informações vazadas – e que, possivelmente, ainda estão por vazar. Antes de esse escândalo envolvendo a CIA vir à tona, a série americana Homeland revelava ao mundo os mecanismos e meandros da espionagem praticada pela inteligência dos Estados Unidos. A obra narra o monitoramento realizado pela agente Carrie Mathison (Claire Danes) ao ex-fuzileiro de guerra Nicholas Brody (Damian Lewis), convertido ao Islã e suspeito de colaborar com o grupo terrorista Al-Qaeda.
Imersa numa crise psicológica e sociológica sem precedentes, a sociedade americana permitiu que o governo flexibilizasse os direitos individuais logo após os ataques, por meio do Ato Patriota, que retirava garantias constitucionais dos cidadãos. “Com o ato, foi criada a desculpa para violar, sempre que preciso, a privacidade e a liberdade individuais. É aquela ideia de onde passa um boi, passa uma boiada”, ilustra Diogo Costa, professor de Relações Internacionais do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais em Minas Gerais (Ibmec-MG). Para o diplomata ouvido pela Vox, esse momento de fragilidade da sociedade americana gera certa dubiedade, antes perceptível durante as guerras da Coreia e do Vietnã. “Internamente os americanos condenam o governo, mas se aliam a ele em qualquer episódio internacional. Além disso, a sociedade americana se vê hoje em um estado policial que a agrada. Afinal, isso traz uma segurança interna pessoal imensurável”, avalia o relações internacionais. Logo no primeiro mandato como presidente, Obama suspendeu o habeas-corpus, sob a desculpa de que | 17
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suspeitos de terrorismo deveriam ser detidos indefinidamente, mesmo sem julgamento. Para Diogo Costa, que também é mestre em Teoria Política pela Columbia University, foi esse estado de pânico que solidificou a permanente vigilância americana. “Agora, com a espionagem, o que vemos é um inchaço da capacidade do Estado de violar a privacidade de seus cidadãos e de outros mundo afora”, atesta. Se o medo chancelou avanços na espionagem americana, o que faz o Brasil ser rotineiramente monitorado? A postura brasileira contrária aos interesses estadunidenses no Conselho de Segurança da ONU e a relação do governo Lula com inimigos dos Estados Unidos tornaram o Brasil uma incógnita, como garantiu o diplomata. “Na América do Sul, Lula se alinhou com Venezuela e Equador e se colocou como protetor de Evo Morales. O governo firmou com o Irã um laço diplomático questionável, inclusive dentro do Itamaraty, na época em que se discutia o enriquecimento de urânio feito por lá”. Embora não seja propalado, o Brasil tem problemas com o terrorismo, mas as pontuais ocorrências não justificam a atitude espiã dos Estados Unidos. Para Lasmar, o país foi alvo de espionagem por questões econômicas. “É difícil não pensar que esse monitoramento vise interesses sobre o pré-sal e o programa nuclear brasileiro”. Além do grampo no celular da presidente, a Petrobrás e o Ministério de Minas e Energia tiveram dados acessados. Ironicamente o escândalo estourou durante o anúncio da descoberta do valioso e promissor Campo de Libra. Como efeito cascata, as denúncias provocam uma desconfiança generalizada no mundo e dão provas da ‘erosão da liderança norte-americana’. Ainda assim, Lasmar acredita que as denúncias sejam incapazes de ameaçar a soberania estadunidense em curto prazo. “Antes de estourar esse escândalo, alguns países tentaram criar uma convenção mundial sobre telecomunicações e uso da internet, mas o processo foi barrado. Os Estados Unidos e a União Europeia não apoiaram”, lembra. Ainda que Brasil e Alemanha hasteiem bandeiras contra os excessos praticados na rede, uma regulamentação em nível internacional vai encontrar forte resistência, como entende o docente.
Retratação As animosidades diplomáticas começaram após a publicação, em “O Globo”, de que o Brasil vinha sendo alvo da CIA e da Agência Americana de Segurança Na18 | www.voxobjetiva.com.br
cional (NSA). O governo brasileiro exigiu uma resposta de Obama, que, em nota, apenas lamentou o fato e se comprometeu a solicitar uma revisão dos métodos empregados pela inteligência americana. No calor da situação, Dilma cancelou uma visita aos Estados Unidos marcada para setembro. Pouco antes, ocorreu o encontro dos países-membros do G20, grupo das 19 maiores economias mundiais mais a União Europeia. Na ocasião, a presidente deu um ultimato a Obama: “Eu quero saber tudo em relação ao Brasil. Tudo”, enfatizou Dilma na fria capital russa. Lasmar salienta que a postura da presidente foi mais uma resposta à sociedade brasileira do que uma ameaça ao governo norte-americano. “O programa Ciência sem Fronteiras continua enviando estudantes para os
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Estados Unidos, e os acordos de cooperação bilateral foram mantidos. Se o Brasil quisesse adotar uma medida realmente dura, poderia, por exemplo, ter proibido a participação de empresas americanas nos leilões para a exploração do pré-sal”, atenta o docente.
Crédito: Roberto Stuckert Filho PR
Se o Brasil não retaliou os Estados Unidos, a Alemanha – tradicional parceira comercial norte-americana e principal economia do Velho Continente – pode fazer diferente. A chanceler alemã Ângela Merkel reconheceu que o comércio entre os dois países pode ser revisto. A mandatária vinha sendo criticada, em seu país, por não ter sido mais dura diante das denúncias de que havia sido espionada. Washington negou que esteja praticando ou venha a praticar espionagem contra a Alemanha. No entanto, não ficou claro se houve o monitoramento.
Fator tecnológico A ‘novela’ sobre as denúncias de espionagem dos Estados Unidos ganhou um novo capítulo com a divulgação da contraespionagem brasileira, realizada durante os governos petistas. Embora se trate de um mero monitoramento, a atitude da Abin pode implicar a perda de uma importante ‘cartada moral’. “Quando Dilma se levanta como uma das grandes vozes por uma regulamentação do uso da internet e das telecomunicações, ela está levantando uma bandeira moral. O Brasil não poderia ter telhado de vidro”, critica Costa. O professor do Ibmec-MG diferencia as ações de monitoramento americanas das brasileira. “A inteligência brasileira faz uma coisa que parece ser mais focada. Ela busca um alvo. Já os Estados Unidos fazem uma espionagem preventiva. Saem espionando todo o mundo. Se eles tiverem alguma desconfiança de alguém, já têm posse da informação”, esclarece. Se o limite da espionagem passa pela tecnologia desde Marconi, inventor do telégrafo sem fio, hoje o mundo assiste ao ápice desse momento. A internet revolucionou o modo como a informação é armazenada e trouxe novos desafios para os serviços de inteligência mundo afora. Os avanços tecnológicos permitiram aos espiões invadir sistemas para descobrir dados sigilosos, algo comum atualmente. Mas, se todos estão mais vulneráveis, qual a saída para a espionagem? A questão não é simples, como ressalta Patrick Tracanelli, especialista em segurança da informação. O fato de os servidores estarem em território brasileiro poderia diminuir a exposição dos dados de brasileiros à mira jurídica dos Estados Unidos. Afinal, os servidores estão lá, e as empresas responsáveis pelas informações estão submetidas às leis americanas. Além disso, seria evitada a sobrecarga de vias, e a qualidade do acesso seria melhorada. Outras questões jogam contra a vinda de servidores para o Brasil. “As empresas avaliam custos e benefícios para isso. E sob o ponto de vista de quem invade os sistemas de segurança, trazer esses dados para servidores nacionais não vai melhorar em nada a segurança da informação”, atesta Tracanelli.
A presidente Dilma Rousseff e a chanceler alemã Angela Merkel tiveram os telefones celulares grampeados pela inteligência americana | 19
Arquivo pessoal
Tracanelli, o “hacker do bem” Ele viola sistemas, descobre falhas, rouba informações e, como se não bastasse, eventualmente expõe seus ‘feitos’ a quem possa interessar. Esse é o ganha-pão de Patrick Tracanelli. Com essas poucas informações, ele pode até parecer a pior espécie de internauta que habita o mundo virtual, mas as aparências enganam. Especialista em Unix pela Universidade da Califórnia e em Gestão de Segurança da Informação pela Universidade Fumec, Tracanelli usa seus conhecimentos para evitar que pessoas mal-intencionadas causem prejuízos na grande rede. O fundador da FreeBSD Brasil Ltda., empresa especializada em segurança da informação, conversou com a Vox Objetiva sobre esse trabalho e a necessidade de proteção virtual em uma era em que informação tornou-se, mais do que nunca, sinônimo de poder. O que faz um “hacker do bem”? O termo ‘hacker’ vem do verbo ‘to hack’, que pode ser traduzido como ‘modificar’, ‘alterar’. Um hacker é um curioso em sua essência. Todos os hackers são do bem. Os hackers do mal são marcados por uma distorção social, ética e moral. Esses são chamados “crackers”, expressão que vem do inglês “to crack”, os que tendem a quebrar, destruir. Se buscarmos os especialistas do bem, que focam em combater, mitigar ou evitar ação dos crackers, vamos encontrar especialidades mais bem definidas. Destacam-se os Security Researchers e os Penetration Testers (Pen Testers). O primeiro grupo é composto por pesquisadores que investem tempo estudando e descobrindo como os sistemas funcionam e buscando identificar pontos fortes e fracos sobre a segurança deles. Já os Pen Testers atuam como crackers, mas não causam danos e agem de forma ética. São contratados por empresas que visam o aperfeiçoamento de seus sistemas. Você testa sistemas de órgãos públicos? Como tem sido a procura após os escândalos envolvendo a espionagem americana? Sim, temos testado agências de inteligência ligadas
ao governo federal, sistemas e agências de interesse militar, tribunais de justiça, centros estaduais de processamento de dados e órgãos mais específicos associados a serviços públicos. Com os recentes escândalos de espionagem, a iniciativa pública tem se movimentado mais. Temos percebido também o interesse de órgãos públicos em capacitar e treinar seus servidores. A saída contra a espionagem realizada pelos governos está em organizações da sociedade civil? Está na seriedade com que empresas e o próprio governo tratam a segurança da informação, as melhores práticas e a educação interna de seus profissionais e usuários de internet. As falhas e vulnerabilidades são conhecidas; as soluções também. Então, por que governos e empresas continuam tão suscetíveis a esses ataques? Por falta de cultura de segurança da informação. Só depois dessa etapa é que a sociedade civil vai poder olhar mais a fundo as causas-raiz e os problemas mais perigosos. O que o cidadão comum pode fazer para garantir a privacidade na rede? Ele não pode fazer nada para garantir a privacidade, mas pode fazer muito para dificultar e minimizar os riscos. O Comitê Gestor da Internet no Brasil tem uma excelente cartilha de fácil e agradável leitura que pode ser acessada no site www.cartilha.cert.br. Colocar em prática as dicas dessa cartilha melhoraria muito os níveis de responsabilidade do próprio usuário. Cultura e educação devem vir em primeiro lugar. Nesse momento, este deveria ser o foco do cidadão comum: procurar se educar.
Artigo
Justiça
Mídia e formação da opinião Uma das ‘pedras de toque’ do bom jornalismo sempre foi – e continua sendo – a busca da imparcialidade e da isenção. Profissionais comprometidos com a ética e a verdade lutam por uma imprensa verdadeiramente cidadã e cumpridora dos ideais democráticos: a defesa da liberdade e da justiça. O poderio econômico foi dominando a mídia e os ‘profissionais da pena’ foram deixando de ser ícones da verdade. Muitos se transformaram em marionetes dos patrões. À medida que isso acontece, presenciamos uma incestuosa relação no universo da comunicação. Parte do jornalismo é subjugada às conveniências do grande capital, conformado-se aos interesses econômicos dos oligopólios midiáticos. Esses grupos de comunicação determinam o que deve ser pautado e publicizado — uma vez que o jornalismo tem se transformado em mercadoria. As grandes redes de comunicação, as poderosas agências noticiosas e os grandes conglomerados da imprensa determinam o que deve ser divulgado e sob qual ótica os fatos são apresentados à opinião pública. Precisamos de uma reforma agrária do ar; uma invasão às capitanias hereditárias dos barões da mídia. Há muito se questiona a isenção e a imparcialidade dos meios de comunicação. Por um lado, essa dúvida decorre das relações imbricadas e promíscuas que envolvem os donos dos veículos. Muitos deles são editores das próprias empresas de comunicação. Por outro, torna-se consequência da fragilidade de parte de seus quadros profissionais, subjugados e impotentes em relação às determinações patronais. Quem perde com essa situação é a democracia, que deixa de ter na imprensa o contraponto às mazelas sociais e políticas. Mas restam esperanças. Com a ampliação da internet e das redes sociais, múltiplas vozes têm despontado no horizonte monofônico da comunicação brasileira. Na cobertura das denúncias de corrupção no país, a imprensa tem desprezado o aprofundamento das informações e demonstrado discricionariedade. Quase não se fala sobre os corruptores, os donos do capital por detrás dos políticos corruptos. Será que a mídia deseja subjugar a opinião pública à opinião publicada? Somos bombardeados com um vendaval de informações pontuais, muitas vezes descontextualizadas, passando a (falsa) impressão de que todos os políticos são corruptos e desonestos. Essa situação tem provocado uma histeria coletiva expressa na raiva, no ódio e na desilusão em relação aos políticos. Além disso, há um imobilismo cívico – a ideia de que este país não tem conserto. Diante de tanta (des)informação, parece que estamos perdidos; que ninguém é honesto; que não vale a pena lutar pela ética e justiça. O pior dos mundos é quando os cidadãos não reconhecem na mobilização social e na luta política o caminho para as mudanças. Quão limitadas e distorcidas são as opiniões de alguns de nossos principais jornalistas e âncoras que corroboram esse cenário da parcialidade e da desinformação. Ora, os jornalistas têm todo o direito de dar sua opinião e de expressar suas convicções. O que é incompreensível é a parcialidade de certos julgamentos midiáticos. É um tipo de ‘opinionismo’ sem a devida explicação dos argumentos que podem estar permeando os comentários de alguns dos cronistas sociais e políticos, mestres em frases soltas e de efeito. Em lugar de explicar e informar, esses profissionais acabam por confundir e desorientar ainda mais os cidadãos.
robson Sávio Reis Souza Filósofo e cientista social robsonsavio@yahoo.com.br
“restam esperanças.
Com a ampliação da internet e das redes sociais, múltiplas vozes têm despontado no horizonte monofônico da comunicação brasileira
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Na conta de
Barbosa
Corajoso, presidente da Suprema Corte promove sensação de combate à impunidade no país, mas gera polêmica ao antecipar penas dos condenados pelo Mensalão
Lucas Alvarenga
Embora não tenha instaurado a democracia brasileira, a Proclamação da República contribuiu para a ruptura de um modo centralizado de fazer política: a monarquia. Doutora em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio), Maria Tereza Chaves de Mello defende a ideia de que a população teria abraçado o levante do dia 15 de novembro de 1889 por acreditar que o novo regime traria amplo desenvolvimento para o país. Fellipe Sampaio / SCO/STF
Passados 124 anos, outro presidente – o do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa – renovou a data histórica. O ministro da mais alta Corte do país ordenou, no feriado, a execução das penas de 12 condenados pelo Mensalão, o mais midiático caso de compra e venda de apoio parlamentar do Brasil. Um escândalo julgado em tempo hábil muito em função do esforço de Barbosa, relator da ação penal. Com a punição dos acusados de envolvimento com o esquema, nomes históricos do Partido dos Trabalhadores (PT) foram presos. Os Josés – Dirceu e Genoino – se tornaram ‘símbolos do fim da impunidade’, ‘sacramentada’ por um julgamento transmitido ao vivo. Nele ficou marcado o embate jurídico entre o atual presidente do STF, Joaquim Barbosa, e o próximo, Ricardo Lewandowski. Os fatos transcorriam como em um reality show. Nesse espetáculo de egos inflados, Barbosa e Dirceu atraíam holofotes, cada um a sua maneira. De origem humilde, os dois mineiros ascenderam ao poder e, para mantê-lo, agiam com empáfia. Dirceu conseguiu articular a chegada do PT à presidência, mas sua postura era questionada pelos próprios companheiros de partido. Barbosa ainda é questionado pelo tratamento conferido aos demais juristas. “Em vários momentos, o minis22 | www.voxobjetiva.com.br
Joaquim Barbosa, relator do Mensalão, antecipou as prisões de 12 condenados pelo esquema e dividiu opiniões entre juristas e a sociedade
tro mostrou autoritarismo, incapacidade para o diálogo e desrespeitou colegas de STF e advogados. Essas atitudes não contribuem para a democracia”, lamenta Leonardo Marinho, conselheiro da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG).
O estopim para Barbosa Contrariando o restante do STF, Barbosa antecipou a execução penal de Marcos Valério, Delúbio Soares, José Dirceu, José Genoino, dentre outros. O ministro Marco Aurélio de Mello desaprovou a pressa de Barbosa em declaração à imprensa. “Não havia motivo para o açodamento”, opinou. O magistrado não poupou críticas ao fato de condenados ao regime semiaberto terem sido presos em regime fechado, mesmo que por poucos dias. Dos pontos de vista lógico e econômico, a decisão também se revela inadequada. “Eles têm o direito de cumprir pena onde moram. Portanto, voltarão para
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próximo da sua residência mais cedo ou mais tarde. O custo com o deslocamento para a Papuda, em Brasília, poderia ter sido evitado, sem prejuízo para a execução penal. Vejo nisso tudo a espetacularização da pena, prática bastante comum na Idade Média”, enfatiza o conselheiro da OAB-MG. O último episódio protagonizado pelo presidente do STF envolve a demora para aprovar a prisão domiciliar de Genoino. Doutor em Ciências Penais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Marinho questiona se o estado de saúde do petista dá direito a essa concessão. O advogado lembra também que, se Genoino não tivesse se recusado a passar pelo exame do Instituto Médico Legal (IML), tudo poderia ser esclarecido antes.
Politização do caso
e vítimas de uma ‘operação midiática inédita’. O argumento de Genoino não apaga, porém, a responsabilidade dele de ter zelado pelo fluxo de dinheiro no partido, na época em que era presidente da legenda. Nem isenta Dirceu de ter articulado relações questionáveis a fim de estabelecer o PT no governo, sejam elas envolvendo o Mensalão ou não. Apesar disso, Marinho chama a atenção para o julgamento do ex-chefe da Casa Civil com base em presunções e indícios. “A teoria do domínio do fato foi deturpada no caso de Dirceu”, atesta Marinho.
Impacto nas urnas Um novo capítulo do caso começa no primeiro semestre de 2014, quando serão apreciados os embargos infringentes de Delúbio Soares, João Paulo Cunha, José Dirceu e José Genoino, petistas condenados pelo Mensalão. Os embargos são recursos que permitem um novo julgamento a quem teve quatro ou mais votos dos ministros pela absolvição. Mas nem a sombra de aliados da presidente, novamente expostos ao banco dos réus, deve ameaçar a candidatura dela.
“Com a corrupção, todos saem enfraquecidos. O conjunto das instituições se corrompe. Por isso, elas precisam enfrentar a corrupção mais como política de Estado do que como iniciativa de governos específicos”
Pós-doutor em Ciência Política pela UFMG, Fernando Filgueiras questiona a postura de Barbosa de usar a opinião pública para se autoafirmar no Judiciário e se posicionar como alternativa para a Nos bastidores, petistas assupolítica nacional. “São mem que a antecipação das priatitudes lamentáveis para sões dos colegas de partido pode um magistrado do STF. O ter beneficiado a legenda. E não caso do Genoino ultraapenas eles pensam assim. “Nas passa o bom senso e joga duas últimas eleições presidenpara a mídia a execração ciais, o escândalo em torno do pública da política braMensalão não foi suficiente para Fernando Filgueiras, cientista político sileira. O curioso disso é abalar Lula e Dilma. Agora, com o que o Judiciário não medesfecho do caso, é ainda menos lhorou a sua imagem diante da opinião pública”. provável que isso ocorra”, projeta Bruno Wanderley Reis, professor do Departamento de Ciência Política da Apesar da midiatização da ação penal, os esforUFMG. ços do relator do Mensalão não foram em vão. “O processo pode vir a fortalecer uma jurisprudência Filgueiras é outro que não vê grandes impactos eleique possibilite o enfrentamento da corrupção no torais com as prisões decretadas. “As pessoas perceâmbito do Judiciário”. Para o pós-doutor e profesbem que a corrupção está entranhada na política brasor do Departamento de Ciência Política da UFMG, sileira e não depende desse ou daquele partido. O que o que está em jogo nesse momento é se o processo a sociedade espera é que o Judiciário seja tão rigoroso do Mensalão foi politizado ou não. “Creio que isso com o Mensalão mineiro quanto foi com o petista”, só possa ser verificado à medida que outros casos considera o cientista político. sejam julgados com o mesmo rigor”, pondera. A expectativa governista é de que, após a avaliação Antes de se entregarem à Polícia Federal, Delúbio, dos embargos, o Mensalão mineiro seja julgado. O esDirceu e Genoino declararam ser presos políticos, quema, também montado com a ajuda de Valério, teve | 23
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o intuito de financiar a reeleição do então governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB) em 1998. Relator da ação penal mineira, o ministro Luís Roberto Barroso garantiu que o processo será colocado na pauta do STF o mais rápido possível, mas pondera: “não sei se será em 2014”. As investigações do Mensalão tucano envolvem um provável candidato ao maior posto do executivo mineiro: o senador Clésio Andrade (PMDB). O ex-vice-governador de Minas da época é acusado de lavagem de dinheiro e peculato: crime de desvio de dinheiro público por quem o administra.
Momento oportuno Essa arena de escândalos em que situação e oposição atribuem um ao outro só enaltece as fragilidades do
exercício do poder público. De acordo com o cientista político Aldo Fornazieri, R$ 85 milhões são perdidos por ano com desvios de verba pública. “Com a corrupção, todos saem enfraquecidos. O conjunto das instituições se corrompe. Por isso, elas precisam enfrentar a corrupção mais como política de Estado do que como iniciativa de governos específicos. Afinal, o que está em jogo é a própria democracia”, enfatiza Filgueiras. No desfecho desses acontecimentos, Barroso enxerga o cenário ideal para que deputados federais, senadores e, principalmente, a sociedade revejam o sistema penal, mas, sobretudo, os sistemas eleitoral e partidário vigentes no país. “O Brasil precisa de uma reforma política urgente e não há como realizá-la agradando a todos. Será preciso fazer escolhas. O próximo presidente deveria investir todo o capital político do início de mandato para mudar esse modelo”, declara.
O que disseram na rede... Sobre os condenados
José Cruz - ABr
Sobre aqueles que condenaram
Marcello Casal - ABr
“PT é vítima do padrão ético que cultivou”
Kennedy Alencar, comentarista político. Compara as origens petistas à atual postura da legenda
Elza Fiúza - ABr
“Ainda bem que o Supremo não é tão supremo assim. A última sentença cabe a Deus; a penúltima, à história. Tardam, mas não falham. A justiça vencerá”
Leonardo Boff, teólogo e escritor. Levanta dúvidas sobre a decisão do STF
“Zé Dirceu e Genoino se dizem presos políticos. De quem? Do governo do partido deles?”
“Em muito boa hora, o Supremo se reúne e recupera a confiança do país na sua Justiça”
Ricardo Amorim, economista. Questiona a dupla, que se declara vítima de uma ‘operação midiática’
José Agripino, senador e presidente nacional do DEM. Entusiasmado com a condenação histórica e a postura do STF Fonte: perfis no twitter e no facebook
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artigo
Política
Senilidade precoce Surgido como partido popular, fundado no tripé Igreja (Comunidades Eclesiais de Base), sindicatos (trabalhadores) e academia (elite intelectual), o PT, por um breve período, manteve a aura de ser o único partido político com viés programático no país. Enquanto oposição, defensor intransigente da democracia, da ética na política e da participação popular na definição das prioridades públicas, o PT cresceu no gosto popular e se tornou, de fato, um “partido de massas”. Mas a imagem de partido diferenciado começou a ruir antes mesmo da chegada ao poder. Ainda no início da década de 90, com pouco mais de 10 anos, as primeiras defecções de membros fundadores e a denúncia de que contratos de prefeituras administradas pelo partido (na região do ABCD paulista) com o empreiteiro – e “cumprade” – Roberto Teixeira sustentavam Lula e família apontaram o PT para o caminho da vala comum de todos os partidos brasileiros. Dentre outras coisas, esse caminho teve a “insolúvel” morte de Celso Daniel, então prefeito de Santo André, e chegou, em 2005, ao “infindável” Mensalão. Feita essa introdução, cheguemos ao Processo de Eleição Direta (PED) realizado pelo partido no início de novembro. Difundido pelo marketing partidário como exemplo de democracia interna e garantia de ampla participação das bases na definição dos rumos do partido, a ‘eleição’ na legenda se configura em perda de tempo, reforça certa ‘esquizofrenia’ petista (pelo menos de suas maiores lideranças) e é, mais uma vez, uma ação que desperdiça dinheiro público (o processo é bancado com recursos do Fundo Partidário). Perda de tempo, porque o embate entre os postulantes é frívolo. As discussões e propostas sobre política para o país são pequenas e redundantes, e a disputa é na base do “eu sou melhor do que ele” e o resultado, a vitória, já está definido antes mesmo da inscrição das chapas. Esquizofrenia, porque, em público, as principais lideranças da legenda, em arroubos retóricos próprios de palanques, defendem a renovação, o rejuvenescimento e o arejamento da estrutura partidária, mas trabalham desenfreadamente nos bastidores, pela manutenção do status quo interno para que nada mude e que o controle do partido permaneça nas mãos dos que há décadas são os seus senhores. A cada PED, as denúncias de filiações aleatórias e de compra de votos se tornam mais frequentes e ruidosas. Sem nenhum sentido de pilhéria, a situação pode nos levar a novas reflexões sobre uma afirmação de Leonel Brizola, dita ainda nos anos 80 – “o PT é a UDN de tamanco e macacão”. Tomemos Belo Horizonte como exemplo: em uma articulação que atende às pretensões eleitorais do ministro Fernando Pimentel, foi eleito presidente da sigla o deputado federal Miguel Corrêa, político de formação populista e considerado um “coronel” na região de Venda Nova, onde mantém curral eleitoral à custa da velha política assistencialista - é o típico político que o PT defenestrava quando da sua criação. Egresso do PPS, o deputado pavimenta, com a eleição no diretório municipal, a sua ambicionada (e já negociada) candidatura à prefeitura da capital.
Paulo Filho Jornalista e consultor de Comunicação Social paulojfilho@ig.com.br
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A cada PED, as denúncias de filiações aleatórias e de compra de votos se tornam mais frequentes e ruidosas. sem nenhum sentido de pilhéria, a situação pode nos levar a novas reflexões sobre uma afirmação de Leonel Brizola, dita ainda nos anos 80 – ‘o PT é a UDN de tamanco e macacão
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A serviço da fertilidade? Especialistas em reprodução humana e nutricionistas divergem sobre a influência dos alimentos no aumento ou na redução das chances de gravidez Lucas Alvarenga Jovens e saudáveis, elas não estavam acima do peso nem eram diabéticas. Mas seus embriões apresentavam má formação. Esse mistério intrigou o endocrinologista Jeffrey Russell, do Instituto de Medicina Reprodutiva Delaware, em Newark, cidade de Nova Jersey, nos Estados Unidos. O pesquisador americano se deparou com esse dilema em um programa de fertilização in vitro. Então ele resolveu investigar. Este ano, o especialista divulgou uma pesquisa que coordenou com 120 mulheres com idade entre 36 e 37 anos. Quando reduziu os carboidratos e elevou o consumo de proteínas na dieta, Russell concluiu que seria possível aumentar as chances de concepção e de nascimento. A pesquisa analisou um registro alimentar das participantes durante três dias. Um grupo de massa corpórea similar ingeriu de 60% a 70% de carboidratos na dieta. Essa faixa percentual corresponde à média diária comum às mulheres. Todas as pacientes sofriam de infertilidade. Elas foram divididas em dois grupos. O consumo de proteínas de um grupo superou 25%, enquanto a média de proteínas consumida pelo outro grupo foi inferior a 25%. Durante um ano, as pacientes mantiveram ao 26 | www.voxobjetiva.com.br
menos duas relações sexuais por semana com um parceiro. No final desse período, essas mulheres não conseguiram engravidar por problemas próprios. Por isso, os resultados da dieta em resposta à fertilização in vitro surpreenderam. O desenvolvimento do blastocisto – estágio inicial do embrião – foi superior no grupo de maior ingestão de proteína – 64% contra 33,8% do grupo de baixa proteína. A taxa de gravidez clínica do grupo de mulheres que consumiu mais proteína foi de 66% contra 31,9% do segundo grupo de pacientes. O mesmo fenômeno ocorreu em relação às mães dos bebês que nasceram e permaneceram vivos: 58,3% das mães que fizeram a dieta proteica tiveram bebês. No outro grupo, o percentual foi de 11,3%. Em outro cenário, a taxa de gravidez clínica caminhava para 80% com a ingestão de proteína superior a 25% e de carboidratos inferior a 40%. “A alta concentração de glicose cria um ambiente oócito hostil, antes mesmo da concepção ou da implantação do óvulo. Já a redução de carboidratos, seguida
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pelo maior consumo de proteínas, torna o ambiente saudável e nutritivo”, compara Amanda Alvarez, especialista em medicina reprodutiva do Instituto Paulista de Ginecologia, Obstetrícia e Reprodução Assistida (IPGO). Para Amanda, as mulheres com cistos no ovário se beneficiam em dobro com o equilíbrio da dieta. Elas têm maior indisposição à insulina - hormônio que controla os níveis de glicose. A especialista esteve presente no último Congresso Americano de Obstetras e Ginecologistas, evento em que Russell apresentou a pesquisa à comunidade médica. Ao aderirem à prática avaliada pelo pesquisador americano, as mulheres com ovário policístico diminuem o risco do surgimento do diabetes tipo 2 e aumentam as chances de engravidar por técnicas de reprodução assistida.
Efeitos nutricionais A fertilidade e a alimentação mantêm afinidades que vão além da relação entre proteínas e carboidratos. Mulheres que consomem mais de cinco xícaras de café por dia têm 50% menos de chances de engravidar, conforme aponta o estudo da Clínica de Fertilidade do Hospital Universitário Aarhus, na Dinamarca, apresentado em 2012. E o consumo excessivo de alimentos ricos em cafeína tem efeito similar ao do tabagismo, segundo um dos autores da pesquisa, o ginecologista Ulrik Schiøler Kesmodel.
Há quem pense diferente. Esse é o caso de Juliano Scheffer, diretor científico do Instituto Brasileiro de Reprodução Assistida (Ibrra). O ginecologista pede cautela ao interpretar trabalhos científicos como esses. Afinal, muito foi produzido e até hoje não há um consenso sobre o papel de determinados alimentos na fertilidade humana. “Pacientes magras, com índice de massa corpórea abaixo de 18, não podem ter a mesma dieta de mulheres com sobrepeso cuja relação peso altura supere 25. Uma dieta rica em carboidratos pode trazer benefícios para a paciente magra. Para a mulher com sobrepeso, reduzir carboidratos talvez seja o ideal”, esclarece. As mudanças nos hábitos de vida das novas gerações, sobretudo das mulheres, têm elevado a prevalência da infertilidade. Há 15% de pessoas inférteis no mundo. A cada década, esse índice aumenta 10%. As razões para o problema são inúmeras. Como os casais tendem primeiro a estudar e a constituir uma carreira, a gravidez tem se tornado um sonho tardio. E as estatísticas são cruéis nesse quesito. Até os 25 anos, apenas 4% das mulheres têm de lidar com a infertilidade. No entanto, 25% das jovens senhoras com mais de 35 anos são inférteis. Arquivo pessoal
Da mesma forma, a ingestão de gorduras trans pode dobrar os riscos de infertilidade, de acordo com levantamentos mundo afora. Está comprovado que a carência de ferro dificulta a ovulação. E o consumo frequente de farinha branca pode favorecer o surgimento de desequilíbrios que dificultam a fecundação, como diabetes e ovário policístico. “Está cada vez mais evidente a ligação entre um organismo bem-nutrido e a facilidade para a fecundação e a manutenção da gestação”, acredita a nutricionista Fernanda Scheer. Em contrapartida, o uso de gorduras insaturadas – vindas de peixes e oleaginosas, também ricas em antioxidantes – torna mais fluida a membrana que envolve o óvulo. Esse processo facilita a penetração do espermatozoide e a saída do embrião. Já o consumo de gorduras saturadas, como queijos e óleo de coco, auxilia na formação dos hormônios sexuais, o que favorece a ovulação, como garante Fernanda, também especialista em Nutrição Funcional pela Universidade Ibirapuera (UNIb).
Diretor científico do Ibrra, Juliano Scheffer pede cautela ao avaliar as pesquisas sobre dieta e fertilidade e lembra que há particularidades, como o peso, que devem ser levadas em conta | 27
Salutaris
A modernidade, que trouxe avanços nas técnicas reprodutivas, também permitiu a diversificação de fatores de risco. Esse é o caso da androgenização da mulher - processo em que os hormônios a tornam mais masculina por causa da testosterona. O próprio consumo de cigarros e de bebidas alcoólicas se popularizou entre elas. Não é à toa que o marketing dessas drogas lícitas está sendo direcionado para as mulheres. “A exclusão desses fatores de risco e a manutenção de relações constantes são essenciais para quem deseja engravidar por métodos de reprodução assistida ou de forma espontânea”, avalia o diretor científico do Ibrra.
Mas onde fica a alimentação? Se para uns a escolha dos alimentos é fundamental, para outros, trata-se de mais um cuidado a ser tomado para melhorar a fertilidade. O certo é que,
quanto mais variado e colorido seja o prato, melhor será para a saúde da paciente. E não é só isso. Segundo Scheffer, uma alimentação incorreta e a ausência ou o excesso de atividades físicas podem alterar o ciclo fisiológico-hormonal da mulher, prejudicando a ovulação. Está claro que a hidratação é essencial para todas as reações químicas do corpo, inclusive para a fecundação. Os carboidratos e as proteínas também são importantes para a produção de energia e a renovação de tecidos respectivamente. “O organismo precisa desses nutrientes para promover a renovação celular e garantir a ovulação e a boa qualidade dos espermatozoides”, observa a nutricionista Fernanda Scheer. Ela continua: “está cada vez mais evidente que, além de trabalhar as questões individuais, é fundamental os especialistas em reprodução humana olharem para a nutrição”.
O fiel da balança Nutricionista funcional, Fernanda Scheer dá dicas alimentares às mulheres que desejam balancear a dieta e atingir um organismo mais saudável e propício à gravidez por meio da fertilização in vitro O QUE NÃO CONSUMIR? A gordura trans presente nos alimentos industrializados Farinha branca no lugar da farinha integral Leite e iogurtes desnatados ou semidesnatados
O QUE CONSUMIR? Mais gorduras insaturadas, como azeite, salmão, sardinha, linhaça e castanhas Fontes de ferro, como couve, beterraba, açaí e carnes vermelhas (consumo moderado) Bastante líquido
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artigo
Psicologia
Por que não? Ao fazer algumas avaliações sobre a administração do tempo, percebi o quanto dizer ‘não’ é difícil para muitas pessoas. Analisando a questão pela ótica cultural, é possível chegar a uma resposta para esse comportamento. Somos um povo muito solícito e, quase sempre, queremos agradar ao outro antes de a nós mesmos. Esse traço nos diferencia das pessoas de outras culturas. Em alguns momentos, essa tendência pode ter seu valor, mas se for um ato constante, a solicitude exagerada pode trazer inúmeras dificuldades na construção e na validação da própria pessoa. Quem tem esse comportamento apresenta necessidade elevada de aceitação. A situação pode resultar em certa anulação de si mesmo – sentimentos de inferioridade e de inadequação. Em alguns casos, o indivíduo é conduzido a uma frustração gigante na vida. Quem não tem facilidade para se posicionar acaba desrespeitando suas prioridades. A pessoa cria dificuldades desnecessárias para si e luta muito para atender às próprias demandas. São indivíduos que correm riscos constantes de não atingir objetivos pessoais por causa do tempo que gastam na solução dos problemas dos outros. É muito importante fugir do individualismo. É necessário olharmos as necessidades alheias, mas nunca podemos deixar de analisar o encaixe das situações adversas mediante as questões pessoais. Planejar-se individualmente e respeitar o próprio ritmo são aspectos fundamentais até mesmo para que se consiga dar apoio a um conhecido, quando isso se faz necessário e possível. A pronúncia do ‘não’ precisa ser entendida como algo natural, possível e previsível em vez de ser interpretada como resposta ofensiva, um desprezo ou egoísmo de quem diz. Bom seria se fosse prática social fazer o seguinte questionamento diante de problemas: a solução para esse impasse pode estar no outro, nesse momento? As pessoas que demandam muito do outro não querem perceber nem sentir. Na maioria dos casos, são verdadeiros egocêntricos, que não se sujeitam ao ‘não’. Em alguns momentos, causar certa frustração nesses indivíduos pode produzir mudanças na percepção e até mesmo amadurecimento analítico. Preze pelo seu bem-estar, pois uma pessoa sempre disposta a atender às demandas alheias acaba projetando nela mesma dores físicas, ansiedade elevada, mau humor, atraso em todas as prioridades, dentre outros sentimentos e problemas. Projete seu tempo com muito cuidado. É necessário estar bem para atender o outro. Lembre-se da regra: dentro do avião, a instrução, em caso de acidente, é colocar a máscara de oxigênio primeiro em você.
Maria Angélica Falci Psicóloga clínica e especialista em Sáude Mental angelfalci@hotmail.com
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Quem não tem facilidade para se posicionar acaba desrespeitando suas prioridades. A pessoa cria dificuldades desnecessárias para si e luta muito para atender às próprias demandas
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Receita
Torre de bacalhau Chef Carlos Pita Tulio Godinho
INGREDIENTES
MODO DE PREPARO
2 postas de bacalhau de 200g cada e dessalgadas 6 rodelas grandes de palmito imperial 12 azeitonas pretas azzapa 1 batata grande cozida e cortada em lâminas 1 cebola roxa média cortada em rodelas ¼ de pimentão verde cortado em lâminas 2 colheres de sopa de alho cortados em lâminas100ml de azeite extravirgem 4 ramos de tomilho 2 pimentas dedo-de-moça grandes Sal a gosto
Coloque o azeite e um pouco de tomilho em uma frigideira aquecida para aromatizar e, em seguida, cozinhe e doure o bacalhau. Em outra frigideira também aquecida, adicione o azeite e doure os demais ingredientes. Tempere com o sal. Na montagem do prato, coloque as rodelas de palmito. Coloque as lâminas de batata, as rodelas de cebola e o lombo de bacalhau sobre o palmito formando uma torre. Finalize com as lâminas de alho e pimentão e as azeitonas. Decore com os ramos de tomilho e a pimenta dedode-moça.
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Artigo
Vinhos
Na dúvida, rosé Na maioria das vezes em que vamos escolher um prato, ficamos na dúvida de qual vinho servir. Essa dúvida ‘existencial’ muitas vezes acaba nos deixando inseguros a ponto de abortarmos o prato e o vinho desejado. Esse comportamento é compreensível, mas não desesperador. Buscar a harmonização perfeita é um exercício que deve ser realizado constantemente. Afinal, o céu é o limite. Mas deixar de saborear um prato simplesmente pelo receio de não saber o vinho certo para acompanhar, é abrir mão de mais uma rica experiência gastronômica em nossas vidas. Com o fim de ano batendo à porta, o aumento de festas e confraternizações nos leva ao grande dilema da escolha do vinho. Algumas vezes, sabemos informações sobre o que será servido na ocasião: só petiscos, petiscos e jantar ou só jantar. Entretanto, nem sempre temos mais detalhes, e o receio de errar na escolha do vinho começa a falar mais alto. O que era para ser um momento de euforia passa a ser motivo de dúvida e insegurança. Porém, existe uma opção que pode ajudar nesses momentos. O vinho e o espumante rosés são extremamente versáteis na hora de harmonizar. São verdadeiros coringas, pois se adaptam à maioria das situações. Quase sempre é uma boa pedida um rosé seco, estruturado e com boa acidez, pois essas são características determinantes para obter o equilíbrio necessário tanto para o prato a ser saboreado quanto para o momento a ser compartilhado. A dica é o reconhecido e premiado espumante Casa Valduga Reserva Blush. Esse delicioso e surpreendente espumante rosé é elaborado com as uvas Chardonnay (50%) e Pinot Noir (50%) pelo método champenoise. A bebida fica 25 meses em maturação até que ocorra a autólise (autodestruição) de leveduras. Esse espumante tem um rosado claro e cristalino, com um perlage fino e constante, provenientes do longo tempo de maturação. A bebida também apresenta um aroma frutado que lembra frutas secas, brioche e um leve amanteigado. Seu paladar é elegante e provoca agradável frescor e cremosidade na boca. Sem dúvida, esse espumante é uma ótima opção para acompanhar a deliciosa receita de bacalhau divulgada ao lado, do competentíssimo Chef Carlos Pita.
Danilo Schirmer Sommelier daniloschirmer@hotmail.com
“O vinho e o espumante
rosés são extremamente versáteis na hora de harmonizar. São verdadeiros coringas, pois se adaptam à maioria das situações
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O dono do Brasil Mais do que números e o título antecipado, Cruzeiro 2013 resgata o orgulho do torcedor celeste e mostra que planejamento e criatividade fazem toda a diferença Thiago Madureira Fotos de Washington Alves / VipComm São múltiplos os olhares de uma conquista. Primeiro, a fria exatidão da matemática: essa ciência que, de tão perfeita, pouco compreende a essência passional de torcer – o que faz do futebol o esporte mais apaixonante e praticado no mundo. Com os números, o Cruzeiro garante o tricampeonato brasileiro (1966, 2003 e 2013). Além disso, põe fim a tabus até então inquebráveis e desmente verdades dos catedráticos da bola. Quem nunca ouviu falar que o Campeonato Brasileiro é o torneio mais equilibrado do mundo? Era (pretérito imperfeito). Em 2013, pelo menos, não foi. O Cruzeiro liderou o Nacional praticamente de ponta a ponta. Em apenas 11 oportunidades não ficou em primeiro, embora estivesse rondando quem por lá estava. 32 | www.voxobjetiva.com.br
Campeão também em precocidade. Após bater o Vitória por 3 a 1, na 34ª rodada, a Raposa chegou ao título com quatro rodadas a serem disputadas. Foi o título com a maior antecedência da história do Brasileirão, igualando ao São Paulo em 2007. Talvez isso explique as queixas recorrentes dos adversários, que tacharam a competição de marasmo e chatice. Chato talvez para eles, que viram o campeão se deleitar a cada nova vitória. Outro recorde alcançado foi o de vitórias consecutivas. Da 15ª até a 22ª rodada, o Cruzeiro venceu os oito jogos, igualando ao próprio feito de 2003. As vítimas foram Vitória, Ponte Preta, Vasco, Bahia, Flamengo, Goiás, Atlético-PR e Botafogo.
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Por fim, inédito também foi ter vencido todos os adversários do torneio. Título inapelável. Mas explicar a conquista celeste se valendo apenas de algarismos é alijar parte singular da história. A conquista foi vivida a cada sorriso estampado nas arquibancadas; a cada unha ruída por momentos de apreensão. Abordar os sentimentos apoteóticos capazes de fazer Joaquim abraçar João, sem que ambos jamais tenham se visto na vida, é necessário para entender o que se passou com cada cruzeirense que voltou a comemorar como há dez anos. O estudante Thalles Moreira, que acompanhou todos os jogos no Mineirão, exceto o empate contra o Santos, revela a sensação conflitante que o assolou antes do título. Confiança e desconfiança, por mais paradoxal que pareça, andavam lado a lado. “O trauma de 2009 [quando o Cruzeiro perdeu a final da Copa Libertadores para o Estudiantes, da Argentina] ainda era presente na minha vida. Até por isso, fui bem cauteloso. Foi difícil porque a razão falava para segurar, mas a emoção de torcedor queria explodir a cada vitória”, resume. “A ficha só caiu mesmo contra o Botafogo. A partir dali, eu vi que o Cruzeiro tinha todas as condições de ser campeão. Confiante, eu já entrava no Mineirão certo da vitória”, confessou Thalles.
dos jogos. Queria aproveitar cada minuto. Como não tive oportunidade nos outros títulos, essa era a minha vez”, destacou.
Festa antecipada
Jogos do tri Cruzeiro 5 vs 1 Vitória Mineirão - 15ª rodada A goleada sobre o rubro-negro baiano pôs o time celeste definitivamente na liderança e marcou a arrancada rumo ao título Cruzeiro 3 vs 0 Botafogo Mineirão - 22ª rodada Com show de Júlio Baptista, equipe chegou à oitava vitória consecutiva no Brasileirão e abriu sete pontos na liderança Cruzeiro 5 vs 3 Criciúma Mineirão - 31ª rodada Em jogo de viradas, os comandados de Marcelo Oliveira se recuperaram de uma série de três derrotas em quatro jogos Cruzeiro 3 vs 0 Grêmio Mineirão - 33ª rodada O amplo domínio da posse de bola se refletiu em gols e na conquista "moral" do tri, entoado por quase 60 mil torcedores Vitória 1 vs 3 Cruzeiro Barradão - 34ª rodada Sem Éverton Ribeiro, a equipe garantiu matematicamente o tri, ainda no intervalo do jogo, graças a derrota do Atlético-PR
Outro expectador assíduo dos jogos da Raposa no Gigante da Pampulha, Sylvio Alvarenga procurou aproveitar ‘cada minuto’. “A convicção no título era grande”, revela o estudante de engenharia de Santa Maria de Itabira, radicado em Belo Horizonte. “Sempre quis ser o primeiro a chegar e o último a ir embora
A euforia com a conquista era grande tanto entre torcedores quanto entre os atletas. Depois de voltar da Bahia com o título, os jogadores celestes foram recebidos com festa em Belo Horizonte, na quinta-feira, dia 14 de novembro. No aeroporto, centenas de cruzeirenses os recepcionaram. Em retribuição, os campeões subiram no teto do ônibus e saudaram a torcida. Mais tarde, a festa tomou as ruas de Belo Horizonte. Um veículo do Corpo de Bombeiros levou atletas e alguns dirigentes aos principais pontos da cidade. Um mundo de gente seguiu o carro aberto da avenida Antônio Carlos, passando pela Praça Sete, Savassi e Praça Raul Soares, até a sede do clube, no Barro Preto. O título antecipado coroou a ousadia de uma diretoria que não esperava colher os frutos do atual planejamento tão cedo.
PILARES DA CONQUISTA
Três fatores foram fundamentais para a conquista do tricampeonato brasileiro. O primeiro deles, o planejamento, que começou em novembro do ano passado. Há um ano, Marcelo Oliveira foi anunciado técnico do Cruzeiro para 2013. Festa? Um grupo de torcedores foi à Toca da Raposa II protestar contra. Vestidos com camisas de uma torcida organizada do clube, eles criticavam o passado | 33
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alvinegro de Marcelo, ex-jogador do Atlético, e exigiam um treinador de ‘grife’. Luxemburgo, demitido de Grêmio e Fluminense neste ano, era o preferido.
dois dos grandes reforços: Dedé, zagueiro da seleção brasileira, e Júlio Baptista, meia-atacante com uma Copa do Mundo no currículo.
Para piorar, a diretoria negociou Montillo, melhor jogador do time, com o Santos. A partir dali, para muitos cruzeirenses, a temporada dava indícios de que não seria nem um pouco satisfatória.
Mas sem um grande estádio, o sucesso do programa sócio-torcedor não seria possível. Fechado em junho de 2010, o Mineirão só foi reaberto este ano. O Gigante da Pampulha passou por uma reconstrução para sediar jogos da Copa do Mundo de 2014. Com a reinauguração, o Cruzeiro teve de volta a sua casa. E o torcedor deu o apoio necessário. Prova disso é que o time mineiro teve a maior média de público como mandante neste Brasileirão – cerca de 28 mil torcedores por jogo. Jogando no estádio, o Cruzeiro foi derrotado apenas uma vez no ano, pelo São Paulo.
Ao lado do executivo de futebol Alexandre Mattos, Marcelo imediatamente mostrou trabalho. Selecionou jogadores jovens e em busca de ascensão no mercado, que foram contratados a um bom preço. Foi o caso de Éverton Ribeiro, Dedé, Ricardo Goulart, Lucca e Willian, que foi contratado em junho, com a saída de Diego Souza. Também chegaram atletas experientes e vencedores, como Dagoberto, Júlio Baptista e Bruno Rodrigo. Mas o grande trunfo do Cruzeiro não está nos nomes. O conjunto se mostrou forte o suficiente para realizar uma campanha histórica, mesmo sofrendo com desfalques por suspensão e lesão ao longo do Campeonato Brasileiro.
“Grande parte dos nossos títulos foram conquistados lá. A magia daquele estádio é uma coisa de outro mundo; tem uma mística que o envolve. Sem o Mineirão, não sei se levaríamos o caneco”, disse Thalles, que se sente em casa no estádio. Ele explica: “Gosto tanto de lá e espero com tanta ansiedade um jogo, que é como se fosse mesmo minha segunda casa”.
“Marcelo e a diretoria contrataram bem. O Cruzeiro tem dois bons times, quase do mesmo nível. Apenas Fábio e Éverton Ribeiro fazem falta. Marcelo usou muito bem o elenco. Substituiu e poupou jogadores na hora certa. Mesmo quando a troca era por motivos técnicos, ele passava aos jogadores e à imprensa a mensagem de que a substituição era para poupar o atleta. Eu não soube de nenhum jogador descontente”, analisou o cronista e ídolo celeste Tostão. Em campo, o time fez prevalecer a história de futebol bem-jogado do Cruzeiro. O título foi forjado na categoria de um ataque envolvente – tendo como maestro o craque do campeonato, Éverton Ribeiro – e de uma defesa sólida, liderada pelo capitão Fábio. “Deu gosto de ver o Cruzeiro jogar. Às vezes, quando o Cruzeiro estava em um momento melhor do jogo, parecia que nem era time brasileiro; parecia um time que estava disputando outro campeonato. Foi muito diferente dos outros”, atestou o comentarista José Trajano, da ESPN. O Cruzeiro não deu show somente dentro de campo. Fora dele, a torcida promoveu um espetáculo à parte. Os sócios-torcedores abraçaram o clube. Neste ano, o Cruzeiro chegou ao quinto lugar em número de parceiros. São mais de 45 mil associados. A diretoria sempre fez questão de ressaltar a importância dos sócios para aumentar a capacidade de investimento no futebol. Com a ajuda dos associados, o clube trouxe, nesta temporada, 34 | www.voxobjetiva.com.br
Candidato a craque do Brasileirão de 2013, Éverton Ribeiro é líder em assistências no campeonato ao lado de Seedorf, do Botafogo
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Meteorologia
Temporada das águas Acredita-se que, quando da sua origem, a Terra era um ambiente extremamente seco. A teoria que explica o processo de umidificação do nosso planeta e que parece mais plausível aos meteorologistas é a elaborada por pesquisadores liderados pelo Dr. Alexandre Conel, da Carnegie Institution, em Washington, Estados Unidos. Para os estudiosos, a água teria sido formada na Terra graças à ação de asteroides e de alguns meteoritos. O vapor d’água tem um tempo médio de permanência na atmosfera de 12 dias até se tornar uma gotícula d’água e cair na forma de chuva. Dependendo da temperatura no interior da nuvem, a chuva acontece na forma líquida ou em cristais de gelo. A temperatura interna de uma nuvem cumulonimbus (nuvem vertical) pode atingir -80ºC. Quando a chuva cai de ‘mansinho’, aumenta-se a infiltração e, consequentemente, o lençol freático se torna mais vigoroso. Nos rios, a vazão aumenta, ao contrário do que é observado no período seco. Mas quando a chuva chega na forma de temporal, as águas lavam o solo, levando os nutrientes e causando voçorocas e inundações. Ao contrário do que se possa pensar, o volume de chuva que ocorre durante o ano não está variando devido a uma perspectiva histórica. É normal que aconteçam variabilidades pluviométricas anuais. Uma pesquisa realizada por mim, com base em dados de chuvas coletados nos últimos 150 anos, em Nova Lima, mostra que ocorreram períodos com altos e baixos volumes de precipitações. As tragédias que temos observado nos últimos anos, em Santa Catarina, na cidade de São Paulo e na região serrana do Rio de Janeiro se devem mais às atividades antrópicas (causadas pelo homem). Incluem-se aí a ocupação desordenada do solo e a impermeabilização das cidades. Infelizmente não têm sido tomadas medidas concretas para a diminuição ou a minimização dos desastres causados pelas chuvas. O que se observa são apenas ações com viés político e que não são efetivas na solução dos problemas. A chuva é muito bem-vinda sempre. Ela não é responsável pelos desastres. Chuva fraca, chuva forte, granizos, neve: tudo isso são manifestações da natureza. O que precisamos fazer é entender a forma como esses fenômenos acontecem e tentar tirar proveito deles, otimizando a agricultura e nos precavendo para que nunca nos falte a água.
Ruibran dos Reis Diretor Regional do Climatempo Professor da PUC Minas ruibrandosreis@gmail.com
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Chuva fraca, chuva forte, granizos, neve: tudo isso são manifestações da natureza. O que precisamos fazer é entender a forma como esses fenômenos acontecem e tentar tirar proveito deles
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O Pantanal é nosso Entrou no táxi, e a mãe fez tantas recomendações que o condutor não se conteve: - Parece até que a senhora vai pro Pantanal. Dei apenas um sorriso. Era verdade. De Belo Horizonte rumo a Campo Grande (MS) e, de lá... Bom, essa era uma página a ser escrita logo a seguir por quem nunca imaginou que o Pantanal pudesse estar ao alcance Patrícia Brum Fotos de Tom Brasil
Por falta de dinheiro ou por questões de segurança, a maioria dos brasileiros sempre julgou ser loucura ir ao Pantanal. Ainda mais por conta própria. Um dos locais mais ricos em vegetação e biodiversidade do Brasil carrega mitos comerciais que encarecem e distanciam o destino do próprio povo brasileiro. A situação torna o habitat humano da região cada vez mais dedicada a estrangeiros. A verdade é que o Pantanal é um lugar aberto a todos. Basta se organizar para ir com segurança e baixo custo. Existem várias formas de conhecer a maior planície alagada do mundo. Para quem está acostumado ao conforto dos aviões e das agências de viagem, prepare-se para conseguir uma boa promoção. A passagem aérea para o Mato Grosso do Sul é o que há de mais caro nessa história. Entretanto, se você está aberto a novas experiências, saiba que é possível fazer essa viagem por seis dias, com R$ 805, parcelados em até cinco vezes sem ju36 | www.voxobjetiva.com.br
ros. Para isso, prepare uma mochila, vá à rodoviária de Belo Horizonte e procure as companhias Mota ou Gontijo. Por R$ 230 você compra uma passagem rodoviária para Campo Grande. É bem verdade que a viagem é longa – são quase 24 horas –, mas os ônibus são confortáveis, oferecem água, ar-condicionado e geralmente estão bem vazios, permitindo que você possa ler ou dormir o quanto quiser entre uma paisagem e outra. Além disso, ao fazer o percurso por terra, você vai conhecer várias cidades de Minas, São Paulo e Mato Grosso do Sul. Chegando a Campo Grande, você encontra, dentro da agradável rodoviária (que é similar a um pequeno shopping aberto), uma lojinha de atendimento aos turistas. Na Central de Informações, a turma é acolhedora e vai lhe passar com segurança todas as informações de que você precisa para os cinco dias de visita ao Pantanal. Não existem muitas opções de hospedagem dentro do Pantanal. As pousadas e os hotéis-fazenda com boa
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infraestrutura são apenas três. Mas tenha atenção na hora da escolha. A mais conhecida (e oferecida pelas agências de viagem) não é necessariamente a melhor nem tampouco a com melhor localização. Na verdade, procure ir o máximo possível para dentro do Pantanal. Isso vai aumentar suas chances de ver uma maior variedade de animais, entre aves, répteis, mamíferos e uma ampla diversidade de vegetação.
Como entrar no Pantanal Na Central de Atendimento ao Turista da rodoviária, peça que a atendente faça contato com a pousada de sua escolha e combine de buscá-lo. Por R$ 60, você vai de Campo Grande a Corumbá – porta de entrada para o Pantanal. A pequena viagem dura aproximadamente quatro horas. O serviço de traslado por van é feito em parceria com as pousadas e é confortável, tem ar-condicionado e água. A viagem é segura, pois a estrada é boa e tem radares que controlam a velocidade entre 60km e 80km por hora.
Ainda que você chegue a Campo Grande à noite, aproveite para realizar o trajeto de van de dia para ver as belezas naturais do Mato Grosso do Sul pelo caminho. Peça à atendente da Central que combine sua saída com a van às 8h e hospede-se gratuitamente numa sede local da mesma pousada que vai receber você no Pantanal. Isso mesmo! O primeiro dia de estadia é grátis para quem vai ficar os próximos quatro dias na mesma pousada. Essa sede fica a um quarteirão da rodoviária e é totalmente higienizada e confortável. Se preferir, feche o pacote ainda em Belo Horizonte. Nesse caso, você chega a Campo Grande com horários e traslados definidos, sendo desnecessário o contato na Central quando desembarcar. Mas você pode obter informações sobre outros passeios locais, como a cidade de Bonito, também riquíssima em patrimônio natural. Para escolher a pousada que vai receber você, uma simples pesquisa na internet com as palavras-chave ‘hospedagem’ e ‘pantanal’ traz as opções. | 37
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Riqueza preservada Com aproximadamente 200 mil quilômetros quadrados de beleza natural, o Pantanal foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade em 2000, abarcando parte dos estados brasileiros de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estendendo-se também à Bolívia e ao Paraguai. A extensão da área é equivalente ao território ocupado por Portugal, Suíça, Holanda e Bélgica. A terra permanentemente submersa do Pantanal é o habitat de centenas de espécies animais e vegetais, algumas delas únicas no planeta. Embora o Pantanal também se estenda para dentro da Bolívia e do Paraguai, mais de 70% da área está em território brasileiro do qual dois terços ficam no estado de Mato Grosso do Sul. O ecossistema do Pantanal se destaca pela sua extraordinária biodiversidade e pela facilidade na observação de toda a vida selvagem graças à ausência de florestas densas e à consequente visibilidade privilegiada sobre o terreno. O parque é uma reserva natural protegida, e a localidade é de grande importância para a reprodução dos estoques de peixes que formam a base da alimentação de grande parte da fauna local. O Pantanal é constituído por um enorme delta interior de rios. Durante a cheia anual, eles se interligam pela inundação. A cheia ocorre de acordo com a época de chuva, entre dezembro e março, quando o Pantanal recebe as águas dos planaltos que o envolvem, principalmente aos lados norte e a nordeste. Nesse período, muitos dos passeios realizados pelo pau de arara são feitos por barcos que se tornam o principal meio de transporte nas estradas de terra.
Devido à baixa declividade dessa planície nos sentidos Norte - Sul e Leste - Oeste, a água que cai nas cabeceiras do rio Paraguai chega a demorar meses para atravessar todo o Pantanal. Como o escoamento das águas é lento e a altitude da bacia é extremamente baixa, o resultado é a típica inundação que acontece todos os anos no Pantanal. Segundo os guias da região, a maioria graduada em geologia, quando os rios transbordam, grandes quantidades de sedimentos naturais são trazidas pelas águas. Quando as águas recuam, o solo seca, e esses sedimentos altamente nutritivos servem de fertilizante. O fenômeno causa uma explosão de vida na mudança das estações. Assim o ciclo das águas é fundamental para as abundantes flora e fauna, além de ajudar a preservar o meio ambiente por dificultar a invasão do Pantanal pelo homem. Embora o Pantanal seja bem conhecido entre a maioria da população brasileira, fora do país a região sempre viveu à sombra da Floresta Amazônica como destino ecoturístico. Quem, no entanto, visitou as duas regiões é taxativo em afirmar que, para a observação da vida selvagem, o Pantanal é verdadeiramente único! O título de Patrimônio foi concedido na Austrália pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciências e Cultura (Unesco). A região foi a 12ª do Brasil incluída na lista do patrimônio natural e cultural da humanidade. Esse título é escolhido por representantes de 148 países. Na posição de maior planície alagável do mundo, o ecossistema do Pantanal é o habitat de espécies ameaçadas de extinção.
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A aventura vai começar!
vale provar uma cachaça à base de ervas da região vendida no local.
Saindo pela manhã de Campo Grande, a van chega à porta de entrada do Pantanal, em Corumbá, às 13h. Você desce num local chamado Buraco das Piranhas. Trata-se de um ponto de apoio na estrada para aguardar uma caminhonete pau de arara ir buscá-lo. Não se preocupe, pois a viagem segue com total segurança. Não há riscos de superlotação do caminhãozinho de propriedade da pousada.
Ficar acampado também é uma boa pedida. Você tem toda a infraestrutura dos vestiários, e a pousada empresta barracas iglus que ficam montadas à sua espera. A tarde será para você explorar a área de 1,7 mil hectares. O rio margeia o cenário do camping, e os animais não são nem um pouco tímidos na exibição de voos rasantes, mergulhos, etc.
O pau de arara logo pega a estrada de terra e atravessa pequenas pontes de onde se pode avistar jacarés, garças e tuiuiús. À medida que o veículo adentra o Pantanal, é possível observar pássaros nunca vistos.
Os passeios que compõem a programação da pousada escolhida serão todos guiados. É uma exigência do turismo no Pantanal, graças à preservação imposta pelo título de Patrimônio Natural da Humanidade.
Passeios pelo Pantanal Nos três dias que seguem, após caprichados cafés da manhã, o caminhãozinho pau de arara vem buscá -lo para as aventuras. O veículo retorna todos os dias para o almoço e sai para mais passeios, chegando a tempo do jantar – diga-se de passagem, tão imperdível quanto as demais refeições.
Passeio de barco O caminhãozinho vai se distanciando da pousada por uns 700 metros até o barco, equipado com bancos e guarda-sol. O barco faz o passeio da manhã pelo rio Abobral - afluente do rio Miranda, que deságua no rio Paraguai – famoso cenário da novela Rei do Gado.
Chegamos
A água é um elemento fundamental no ecossistema do Pantanal. Com grande quantidade hídrica durante boa parte do ano, o barco se torna um excelente
Na pousada, você tem a opção de se instalar em quarto, camping ou redário. Os quartos têm um valor superior e ficam um pouco mais distantes da natureza nua e crua. Por isso, aconselhamos que você aproveite os redários (redes), que ficam no andar de cima de uma casa de madeira localizada acima do restaurante. O espaço é protegido por telas no entorno. Não há pernilongos dentro do espaço de dormir. No espaço há uma brisa agradável e pouquíssimos mosquitos, dependendo da época do ano. Sem dúvida, outubro é uma boa escolha. No primeiro dia de hospedagem, você vai provar uma deliciosa e farta comida feita no fogão a lenha. A bebida fica à sua escolha e não está incluída no pacote. Para quem gosta de aperitivos, | 39
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meio de transporte. A visão sobre a paisagem a partir do barco mostra o Pantanal de um lado diferente. É possível observar elementos da flora e da fauna com espécimes difíceis de ser encontrados nos passeios por via terrestre.
A pé A caminhada é ideal para a aprendizagem sobre a rica flora do Pantanal, especialmente em relação às propriedades medicinais de uma grande variedade de plantas. Trata-se da atividade mais indicada também para a observação de pássaros e borboletas. Por ser um passeio silencioso, sempre existe a possibilidade de encontros inesperados com outros animais.
Safári fotográfico O safári é feito de carro. Por isso, a jornada possibilita explorar uma área maior. Percorre-se a Estrada do Parque Pantanal adentro, passando por inúmeras pontes de madeira. Acontecem surpresas a cada passagem. Graças à boa visibilidade que o veículo alto e aberto proporciona, a hipótese de avistar grande variedade de animais é grande. Esse passeio é a modalidade por excelência para fotografar também as belíssimas paisagens que o Pantanal oferece.
A cavalo Sem dúvida, a cavalgada é um dos passeios de maior sucesso. Tanto na cheia quanto na seca, o cavalo é um meio de transporte magnífico para a observação da vida selvagem no Pantanal. Os cavalos no Pantanal estão acostumados a entrar na água e não hesitam nem por um momento em fazê-lo. Para uma adequada 40 | www.voxobjetiva.com.br
preparação para o passeio, leve máquinas fotográficas e celulares (para foto) dentro de uma bolsa envoltos por bolsinhas plásticas. A precaução é necessária para casos de chuva pelo caminho. A posição alta que o cavalo nos coloca permite a visibilidade do cavaleiro sobre o terreno. Então não deixe de levar uma câmera. Os níveis de ruído são baixos, o que aumenta as hipóteses para encontros inesperados.
Atração noturna Se o Pantanal mostra abundância de vida durante o dia, à noite parece dobrar as atividades da fauna local. Os milhares de sons que surgem da escuridão se fundem num magnífico concerto em que as mais
variadas espécies de rãs e de sapos disputam a audiência com as enormes quantidades de insetos. Usando uma potente lanterna, o guia mostra o fascinante turno da noite da vida selvagem pantaneira. E lembre-se de olhar para um dos céus mais estrelados que você já viu. Se possível, programe-se para ir durante a lua cheia. Esse é, sem dúvida, um espetáculo à parte.
Pesca de Piranha Peixe conhecido e temido por muitos, a piranha é um dos habitantes mais comuns das águas do Pantanal. A carne desse peixe, muito apreciada pelos humanos, é também a base alimentar do jacaré. Como uma das atividades durante a sua estada, a pesca da piranha pode ser praticada até por inexperientes pescadores. A cozinha da pousada prepara com maestria o resultado do dia em forma de caldo ou frito. A pesca no Pantanal só é permitida para consumo próprio. É proibida a comercialização de qualquer espécie.
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Dicas que fazem grande diferença • Confira algumas recomendações e condições para a segurança de sua viagem ao Pantanal • Compre sua passagem rodoviária com saída marcada para as 18h. Assim, na primeira parte do trajeto você pode descansar para, depois, apreciar pastos verdejantes e planícies incríveis durante o dia. • Na bagagem de mão, leve lanches, documentos e objetos de uso pessoal. Apesar de a viagem ser segura e tranquila, é recomendado que o dinheiro seja guardado em pochetes internas. Uma blusa de frio pode ser útil. Os ônibus e as vans têm um potente ar-condicionado. • Poucas operadoras permitem algum sinal de celular dentro do Pantanal. Por isso, dê notícias à família antes de sair do Buraco das Piranhas. • O melhor período para ir ao Pantanal é outubro. Nessa época, a planície não está nem muito cheia nem muito seca, e o clima aumenta as chances de ver a onça-pintada – principal atrativo devido à escassez da espécie provocada pela caça ilegal. • Saiba tudo sobre os bastidores do Pantanal antes de ir. Acesse https://www.facebook.com/tom.guide. A assessoria especial e as fotos foram gentilmente cedidas pela Tom Brasil.
Contas de viagem • Passagem rodoviária BH - Campo Grande = R$ 460 • As companhias parcelam em até cinco vezes, sem juros. • Translado de van Campo Grande – Pantanal = R$ 120 • O pagamento é em dinheiro e à vista. Para dividir, inclua no pagamento do pacote que você vai fechar com a pousada. • Hospedagem quatro dias e três noites no Pantanal, com pensão completa = R$ 225 por pessoa ou R$ 450 o casal. • Informe-se sobre a pousada localizada o mais distante possível da rodovia. Acredite: quanto mais entrar no Pantanal, melhor. Em casos de necessidade de parcelamento por mais de três vezes da estadia com cartão de crédito, feche o pacote com a pousada antes de ir.
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Em agonia
Casarões tombados sofrem com o desmazelo e a depredação em Belo Horizonte Texto e fotos de André Martins
Grupos culturais reivindicam casarão centenário da Fhemig para a implantação do espaço multicultural Luiz Estrela
Entre os modernos arranha-céus da cidade, casarões históricos e tombados pelo patrimônio prestam uma reverência ao passado. É natural que essas construções de curvas e formas curiosas chamem a atenção de quem percorre a cidade com olhar de estranhamento. A importância histórica de alguns prédios é tamanha que eles acabam passando por um processo de tombamento, que nada mais é do que a oficialização da proteção dos bens. O presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC) de Belo Horizonte, Leônidas de Oliveira explica que a intervenção é sustentada por três pilares. “Nós nos atentamos à importância arquitetônica e artística, à história da propriedade e à relevância na manutenção de uma ambiência. As obras e os prédios contribuem para manter determinadas áreas da cidade com características comuns preservadas”, detalha. 42 | www.voxobjetiva.com.br
A cidade é entendida como um grande bem público. Essa é a premissa que justifica o tombamento das propriedades públicas e privadas, ainda que a intervenção ocorra a contragosto de quem detém a posse das escrituras. Compete aos donos de espaços e de obras protegidas preservar e implantar projetos que envolvam o patrimônio tombado. Em Belo Horizonte existem cerca de 700 casas e casarões tombados pelo Patrimônio Histórico Municipal, segundo Oliveira. A maioria deles, 80%, estão ativos. São casas particulares ou espaços públicos que, por exemplo, funcionam como museus ou sedes de secretarias municipais. Mas é a situação de alguns prédios e casas fechadas que chamam a atenção. Abandonados, parte desses
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imóveis mínguam sob as intempéries do tempo e se tornam ambientes propícios para a prática de crimes e a proliferação de pragas. Assim como os casarões em atividade, esses prédios deveriam ser protegidos, mas muitas vezes não são. Recentemente o antigo prédio da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), situado na rua Manaus, no bairro Santa Efigênia, foi tomado por parte de grupos culturais. A ocupação reascendeu o debate sobre a situação e o abandono de parte dessas construções. Fechado desde a década de 80, o prédio acumula sujeira, tem portas e janelas quebradas, pintura desgastada e grandes rachaduras. A estrutura do imóvel de 100 anos é tão frágil que os ocupantes isolaram o segundo pavimento com medo de o edifício ruir. O grupo negocia com o governo na tentativa de obter o aval para a realização das obras emergenciais no prédio. Os recursos viriam de doações da sociedade civil. “A gente entende que o financiamento coletivo vai ser um marco simbólico muito importante. A sociedade pode ser envolvida no processo de conservação do patrimônio histórico. Nessa perspectiva, a sociedade civil se torna um agente capaz de determinar a própria história e de preservá-la”, explica Victor Diniz, assessor de imprensa do Espaço Luiz Estrela – nome dado ao prédio pelos ocupantes. Feitas as intervenções para que o casarão se mantenha de pé, o diálogo para decidir a destinação do prédio seria retomado com o governo. O grupo pretende fazer do local um espaço multicultural. Segundo Victor, a Fundação Lucas Machado (Feluma) – mantenedora da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCMG) e à qual o prédio foi cedido pela Fhemig por um período de 20 anos – tem um projeto previsto para o local. O espaço serviria como um memorial em homenagem ao ex-presidente da República Juscelino Kubitschek. A reportagem de Vox Objetiva tentou obter mais informações da Feluma, mas a fundação preferiu não se pronunciar sobre o assunto. De acordo com o presidente da FMC, Leônidas de Oliveira, os projetos de preservação e de tombamento que tiveram mais êxito foram e são pactuados com todos os agentes. “É preciso que a sociedade inteira e os poderes público e privado façam um novo pacto pelas cidades no Brasil. Com um entendimento mútuo, é possível cuidar e fomentar a diversidade cultural, o patrimônio e os espaços públicos. Historicamente o espaço urbano no Brasil é entendido como ‘coisa dos
Casas tombadas pelo Patrimônio Histórico Municipal são alvos de depredação na rua Congonhas, bairro Santo Antônio
outros’. Mas não é. A cidade é de todos. O espaço urbano público é a extensão das nossas casas. Como cidadãos, devemos todos cuidar”, arremata.
Abandono Tombadas pelo Patrimônio Histórico Municipal, em 2007, propriedades particulares (entre os números 487 e 511A) situadas na rua Congonhas, no bairro Santo Antônio, estão em total situação de abandono e são alvos de constantes atos de vandalismo. Pode ser difícil de acreditar, mas um dos imóveis serviu de cenário para gravações do filme Menino Maluquinho, de Helvécio Ratton, em 1994. A Gerência de Fiscalização da Regional Centro-Sul já notificou a dona dos imóveis, a Construtora Canopus, sobre a situação do local, como informa a FMC. Caso alguma providência não seja tomada, a fundação vai encaminhar uma denúncia ao Ministério Público. O Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte (CDPCM-BH) aprovou um projeto elaborado pela própria Canopus para o local, com diretrizes que preservam as casas, segundo informa a FMC. O CDPCM é o órgão responsável pela fiscalização dos imóveis tombados na cidade. As propriedades da rua Congonhas registram o período da ocupação da região, no início da década de 30 até o final dos anos 40. A FMC considera as casas de ‘fundamental importância’ para a preservação da história da cidade. A reportagem de Vox Objetiva entrou em contato com a Canopus, mas não obteve retorno. | 43
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Inverno com estilo A Vox Objetiva marcou presença no maior evento de moda da América Latina e dá as dicas do que deve vestir a estação mais elegante do ano Tati Barros Fotos da Agência Fotosite
Um line-up disputado, celebridades atraindo flashes e projetos de ‘fashionistas’ em busca de seus 15 minutos de fama. Assim foi o São Paulo Fashion Week 2013, o principal evento de moda da América Latina. A edição inverno 2014 da semana de moda saiu, nesta temporada, da Bienal do Ibirapuera para o belo Parque Villa Lobos, devido a uma mudança de calendário. O evento apresentou ao mercado da moda diversificadas tendências para deixar o inverno ainda mais elegante.
Semanas antes, o Minas Trend fez jus à sua característica de preview e antecipou várias das trends que se mostraram presentes na capital paulista. Mas os estilistas que fizeram parte do line-up do SPFW foram além! Para ajudar o leitor a identificar o que vai estar presente nas araras durante o inverno, fizemos um guia com o que mais se viu nas passarelas. Confira e faça as escolhas certas para o closet.
Preto e vermelho
Esportivo luxo
O duo de tons fortes foi uma aposta quente para o inverno 2014. A combinação pode parecer um pouco arriscada, mas inegavelmente exala sensualidade. Quem investiu: Colcci, Vitorino Campos e Tufi Duek.
Nessa temporada, o moletom deixa de ser uma peça de academia e ganha um status fashion. Grifes, como a Colcci, Juliana Jabour e Animale, apostaram em modelos casuais com toques de sofisticação.
Macacão A peça apareceu em diferentes tecidos e padronagens. Para alongar a silhueta, a sugestão é usar macacões monocromáticos. O modelo trabalhado no couro apareceu em grifes como a Cavalera e Patrícia Motta. Quem mais apostou: Colcci, Ellus e Gloria Coelho. 44 | www.voxobjetiva.com.br
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COURO O couro é um dos principais clássicos da estação. Nesta temporada, ele apareceu trabalhado de diversas formas. O destaque vai para os modelos vazados, com estampas 3D e coletes. A especialista mineira Patrícia Motta fez sua estreia no SPFW e apresentou uma belíssima coleção. Quem mais apostou: Ellus, Alexandre Herchcovitch, Animale, Cavalera, Tufi Duek, Ronaldo Fraga e Pat Pats.
Peplum O peplum é aquele babado delicado e feminino, localizado um pouco acima da altura do quadril. O detalhe é perfeito para mulheres que desejam afinar a cintura e criar um pouco de volume na região do quadril. Quem apostou: Patrícia Motta, Juliana Jabour, Pedro Lourenço, Reinaldo Lourenço e Alexandre Herchcovitch.
Xadrez Temporada após temporada, a estampa está sempre presente no inverno. Mas na próxima estação, especialmente, ela volta com ainda mais força. Afinal, foram várias as marcas que apostaram nesse clássico que veio direto do guarda-roupa masculino: João Pimenta, Colcci, Cavalera e Ronaldo Fraga.
All Black O pretinho nada básico promete conferir maior elegância à estação. No couro, com franjas e decotes, em modelagens sensuais ou mais clássicas, uma coisa é certa: preto é tendência,. E a dica é investir em sobreposições! Quem apostou: Acquastudio, Alexandre Herchcovitch, Reinaldo Lourenço, Gloria Coelho e Têca por Helô Rocha. | 45
femme
Coisas de madame Texto e fotos de Karina Novy Com o mercado da beleza em alta, dezenas de novas marcas ganham exposição entre as mulheres. Os esmaltes não fogem à regra. Os vidrinhos vêm numa imensidão de cores e acompanham a moda. A cada temporada, vemos o lançamento de tonalidades bem legais. São tantas opções que nem se fôssemos uma centopeia daria para experimentar tudo. Dá vontade de fazer as unhas todos os dias, optando por uma cor diferente em cada dedo. A maioria dessas marcas de esmaltes tem em comum o preço, que gira em torno dos R$10. A primeira, lançamento que começa a ser distribuído em lojas, salões e outros pontos de venda, é a Foup. O esmalte tem dezenas de cores e inova com o pincel flat mais largo, longo e achatado. Ele é capaz de cobrir toda a unha de uma vez, numa pincelada só. Opção nas cores Mandi (tom bordô, vermelho bem fechado) e Lilac (tom nude bem clarinho). O esmalte é bem cremoso, seca rápido e tem boa cobertura.
A segunda marca, a It Style, é vendida na C&A. A cor é a número 77. Tem um tom magenta sensacional, com brilho e ótima cobertura.
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A outra marca, vendida na Renner, é a Alfaparf. A cor Vinho Cintila é de um roxo lindo para o verão. É bem cintilante e diferente dos outros esmaltes.
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The View
Marriot International
Greice Rodrigues, de Nova Iorque
Um dos restaurantes mais sofisticados e elegantes de Nova Iorque fica no coração da Times Square. E não é apenas pela localização. Dividido em três ambientes – bar, lounge e restaurante – o The View tem realmente muito a oferecer. O The View está instalado no 48º andar - na cobertura – do luxuoso Marriot Marquis Hotel: no nº 1535 da Broadway St. O restaurante permite uma experiência inesquecível aos visitantes. O encantamento começa pela deslumbrante panorâmica que leva os visitantes a um ‘passeio’ pelos principais pontos turísticos da cidade. De lá é possível avistar o Empire State, a Brooklin Brigde, o Hudson River e, claro, a efervescente Times Square, dentre outros. É um cenário fascinante, principalmente, durante a noite.
O cardápio é uma atração à parte. Entre as opções estão frutos do mar e carnes de primeira: duas das principais especialidades do restaurante. O The View também oferece uma atraente carta de vinhos que certamente deixa a noite ainda mais agradável. O custo médio por pessoa não fica por menos de US$ 200, incluindo jantar e drinques. Faça a reserva antes de visitar o restaurante.
Para tornar o visual ainda mais completo, o restaurante tem um sistema automatizado que faz o piso girar – de forma lenta e quase imperceptível – em 360 graus. Dessa forma, é possível apreciar Nova Iorque por todos os ângulos.
Victor SB
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terra brasilis
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Zé Ramalho
Sarah Brightman
Dave Matthews Band
Dono de uma voz marcante e de composições de poesia singular, Zé Ramalho sobe ao palco do Chevrolet Hall para apresentação única. Na ocasião, o cantor paraibano vai apresentar grandes sucessos que o consolidaram entre os grandes da MPB. ‘Chão de giz’, ‘Eternas ondas’, ‘Banquete de signos’ estão no set list do show. Ao longo de sua estruturada carreira, Zé Ramalho emplacou belas canções em trilhas sonoras de novelas globais e estabeleceu parcerias de sucesso, como as com a prima Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Alceu Valença. O cantor tem marcas expressivas no mercado fonográfico brasileiro. São milhões de cópias vendidas e um público cativo.
Uma das maiores sopranos de todos os tempos, Sarah Brightman encerra a turnê de ‘Dreamchaser’ pelo Brasil em Belo Horizonte. Ela passou também por Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e pelo Rio de Janeiro. Brightman já vendeu mais de 30 milhões de álbuns, além de ter recebido 180 discos de ouro e de platina em 40 países. Ela foi pioneira no movimento da música clássica crossover e é famosa por sua bela e potente voz. Com sua fusão de estilos musicais, a cantora tornou-se a única artista a conquistar, ao mesmo tempo, o topo das paradas dance e de música clássica da Billboard, revista norte-americana especializada na indústria da música.
A Dave Matthews Band é reconhecida por ser um dos grupos de maior sucesso comercial da história da música americana. A banda se apresenta no Pepsi On Stage, em Porto Alegre, na primeira quinzena de dezembro. A promessa é de um show bastante intimista. O grupo está em turnê mundial do novo álbum ‘Away from the world’, eleito pela Revista Rolling Stones como um dos 50 melhores de 2012. O álbum encabeçou também a lista da Billboard 200. A banda surgiu de uma associação de músicos amigos do estado da Virgínia e vendeu mais de 37 milhões de discos. A banda de raggae S.O.J.A abre os trabalhos.
Chevrolet Hall, Belo Horizonte 30 de novembro de 2013 De R$ 90 a R$ 70 (inteira) chevrolethallbh.com.br
Chevrolet Hall, Belo Horizonte 3 de dezembro de 2013 De R$ 600 a R$ 250 (inteira) chevrolethalbh.com.br
Pepsi On Stage, Porto Alegre 11 de dezembro de 2013 De R$ 370 a R$ 220 (inteira) ticketsforfun.com.br
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BHZ
TERRA BRASILIS
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Sesc Palladium 11 de dezembro de 2013 De R$ 70 a R$ 60 (inteira) sescmg.com.br
Reprodução
CCBB Brasília Até 5 de janeiro de 2014 Entrada gratuita renascimentonoccbb.com.br
Festival SLAP Mulheres A gravadora Som Livre traz a Belo Horizonte verdadeiras revelações da música brasileira dos últimos anos. Em dezembro, sobem ao palco do Sesc Palladium, em apresentação única, Ana Cañas, Jesuton, Thais Gulin e Lorena Chaves. A noite promete ser embalada por ritmos que vão da MPB ao Folk e Jazz. No fim da apresentação está prevista uma homenagem a Minas Gerais. Essa é a terceira edição do festival, que aconteceu em São Paulo e no Rio de Janeiro. O selo Som Livre Apresenta (SLAP) foi criado em 2008 e é responsável pelo lançamento de álbuns de cantores que vêm conseguindo uma ótima projeção no cenário nacional, como Maria Gadú, Marcelo Jeneci e Silva.
Mestres do Renascimento Sucesso em São Paulo com mais de 317 mil visitantes, em 79 dias, a exposição Mestres do Renascimento: Obras-primas italianas chega ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília. São 57 obras do maior e mais influente movimento artístico da história, responsável pela redefinição da arte em todo o mundo. Dentre as obras que compõem a exposição, estão peças produzidas por Rafael, Giovanni Bazzi, Andrea Mantegna, Giovanni Bellini, dentre outros. O Renascimento propunha outro olhar sobre o papel do homem e da ciência, além da revalorização da cultura clássica. Leonardo da Vinci e Michelangelo foram os principais mestres revelados ao mundo por meio do movimento.
Você descansa e não cansa ninguém. Partidas a cada 15, 20 e 30 minutos. Valor da passagem: R$ 19,70.
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Ônibus executivos, Confins-BH-Confins.
crônica
Crônica
A noite que traz o dia
Joanita Gontijo Jornalista e autora da facenovela Do Rivotril ao Redbull joanitagontijo@gmail.com
“Tanto quanto o sol, que não nos pergunta a que horas ele pode se pôr ou surgir novamente no horizonte, os tempos da paixão, do amor ou da decepção não estão sob nosso controle e independem da nossa vontade
”
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“Chega uma hora em que amanhece”. Ouvi essa frase no último final de semana e pensei nas inúmeras circunstâncias que ela pode ser útil. A mais óbvia parece-me ser aquela em que vivemos um período de tormentas. Nutre a alma de esperança acreditar que em algum momento o sol vai nascer e dissipar as trevas. Mas prefiro conexões menos prováveis para experimentar e aplicar o que ouço. E nada é mais complexo do que analisar os relacionamentos humanos, especialmente, os que envolvem amor e desejo. Também há noite e dia nas histórias que unem duas pessoas. Quando será que amanhece numa relação? Penso que, mesmo que o casal tenha se conhecido às 6h da manhã na pista de corrida, é quase sempre noite nos primeiros momentos de uma história de amor. Explico: o encanto, a paixão e a falta de compromisso me remetem às baladas noturnas. Tudo é alegria; tudo é curtição. Os gatos são pardos, e os defeitos pouco aparecem. Em regra, não há compromisso nem cobrança. O que existe é tão somente uma sequência de estados de graça alimentados pela embriaguez da paixão. Mesmo quem não bebe deve evitar dirigir nesse momento. Os reflexos não funcionam muito bem, e é provável que o sinal vermelho ou a placa de perigo na pista sejam ignorados. Gosto do pôr do sol e de tudo que vem noite adentro. Sou notívaga assumida, mas chega uma hora em que o sol nasce. É quando toca meu despertador me chamando para o trabalho; é o momento em que meus filhos saem da cama me demandando atenção. A empregada me traz para a realidade da despensa que carece de uma nova ida ao mercado. Assim é também nos relacionamentos. Chega uma hora em que amanhece. A luz se faz presente, e apenas o que é real sobrevive. O efeito da bebida passa, e a gente descobre se aquela pessoa que nos beijou ardentemente ao som do punk-rock e sob as luzes de neon também estará segurando nossas mãos enquanto a ressaca não passa. Tanto quanto o sol, que não nos pergunta a que horas ele pode se pôr ou surgir novamente no horizonte, os tempos da paixão, do amor ou da decepção não estão sob nosso controle e independem da nossa vontade. Não é possível ficar preso às fantasias da noite e a momentos fugazes que se prometem eternos. Não há eternidade sem que haja o dia e a noite. Não há relacionamentos que se firmam sem a doçura e a diversão da luz das velas ou do pisca-pisca das boates noturnas nem sem a energia, a disposição e o compromisso que nos exigem o amanhecer. Por isso, eu desejo a todos os amantes que ainda não viram o sol nascer: bom dia!
TODAS AS PORTAS DA ASSEMBLEIA ESTÃO ABERTAS PARA VOCÊ. Participar da vida política é direito de todo cidadão. Por isso, a Assembleia facilita o acesso para você chegar à Casa do Povo. Você pode acompanhar o trabalho dos parlamentares, consultar os projetos e as notícias e apresentar sugestões.
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