Ensaio Individual: Novas formas de fazer rádio O fenómeno do podcasting e como obriga a rádio a diversificar conteúdos
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Andreia Catarina Gonçalves Marques das Neves | N.º 217864 Licenciatura em Ciências da Comunicação Unidade Curricular de Rádio e Multimédia Professora Doutora Paula Cordeiro Ano Letivo de 2017/2018
O presente ensaio versa sobre o fenómeno do podcasting e como este tem obrigado a rádio a diversificar cada vez mais os seus conteúdos. A revisão de literatura foi feita após uma pesquisa no motor de busca Google Académico por artigos sugeridos pela professora, com vista a entender como é que o crescimento do podcasting afetou a rádio e a perceber de que forma a rádio tem diversificado os seus conteúdos. O surgimento do podcasting em 2004, significou uma nova forma de aceder ao entretenimento e à música. Os podcasts representam um novo cenário para os media e forçam a rádio a alterar o seu modelo de negócio, levando à transformação do conceito de rádio tal como o conhecemos, devido à crescente capacidade que o consumidor tem em poder selecionar aquilo que pretende escutar. De acordo com Berry (2006), “o podcasting permite que qualquer pessoa com um computador crie um programa de ‘rádio’ e o distribua livremente através da internet” (p.144), defendendo ainda que os podcasts se caracterizam como “todo o conteúdo mediático distribuído automaticamente a um utilizador pela internet” (p.144), para além de constituirem uma fuga aos anúncios transmitidos pela rádio. Deste modo, o autor acredita que os podcasts funcionam como um novo meio de comunicação que veio alterar as práticas já existentes, pois oferece uma forma mediática horizontal, na qual os consumidores podem ser produtores e vice-versa. Qualquer pessoa que tenha acesso à tecnologia pode criar conteúdo, gravar a sua voz e publicá-la de forma a que chegue a todos. Esta nova forma de distribuição de conteúdos em formato digital veio ameaçar a rádio, já que o podcasting não é apenas um meio convergente (que reúne áudio, web e dispositivos portáteis), mas também uma tecnologia disruptiva que já forçou alguns no setor de rádio a reconsiderarem algumas práticas e ideias preconcebidas sobre público, consumo, produção e distribuição (Berry, 2006, p.144). Isto acontece devido à consolidação do podcasting como forma de narrativa que compreende as possibilidades do meio e à disseminação de tecnologias de acesso que facilitam o consumo de conteúdo. Segundo Berry (2006), “qualquer pessoa pode fazer um podcast: não é necessária uma licença (embora sejam impostos direitos de autor sobre as músicas) e definitivamente não é preciso um estúdio” (p.145). De acordo com Cordeiro (2012), “o podcasting transformou o conceito, modelo de negócio e de comunicação da rádio” (p.150). O conteúdo, troca e comportamentos de partilha são elementos chave para compreender as necessidades de hoje em dia, já que a rádio ainda hoje é importante para as pessoas: música, companhia e notícias são 2
traços da programação chave com a qual os ouvintes se relacionam (Cordeiro, 2012, pp. 151 e 152). Segundo Berry (2006), “a rádio deve voltar às origens e fazer aquilo que faz melhor, com o entendimento de que o mundo está a mudar” (p.158). O autor expõe ainda que “os podcasts podem não só reconectar o público (como a CBC no Canadá), mas também resultar num aumento de ouvintes, pois o público tem acesso a material em qualquer momento (em vez de apenas no momento de transmissão ou produção)” (p.158). De forma a dar resposta aos problemas que a rádio enfrenta, bem como a diversificar os seus conteúdos, casos como a 'Jack FM' foram lançados nos EUA para oferecer uma maior diversidade e a rádio KYOU lançou um formato de podcast em São Francisco, no qual os ouvintes enviam podcasts para transmissão em FM (Berry, 2006, p.158). A experiência partilhada de rádio em direto deve garantir lugar nas transmissões de rádio futuras (Berry, 2006, p.159), o que significa que a rádio necessita de tornar os conteúdos mais interativos e fazer uma oferta que não esteja disponível em qualquer outra plataforma. Concluindo, o consumidor tem cada vez mais preferências em relação ao tipo de voz e ao conteúdo que quer ouvir e por isso, para a rádio continuar é necessário que esta repense não só as suas práticas, mas também as noções daquilo que a audiência procura.
Referências: - Cordeiro, P. (2012). From Radio to R@dio: broadcasting in the 21st century. In Radio evolution: conference proceedings. - Berry, R. (2006). Will the iPod kill the radio star? Profiling podcasting as radio. Convergence, 12(2), 143-162.
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