MARTE A REVISTA DO SEU MUNDO
MACONHA
NOVEMBRO 2012 ED 1 Nº1
Entenda como a legalização afeta a economia mundial
ENTREVISTA Como a recessão Pepe: o canhão da Vila fala sobre sua econômica influencia o futebol vitoriosa carreira CRISE NO FUTEBOL
mundial
ENSAIO CAOS URBANO Bicicleta, ônibus “We love Rock’n’Roll!“ e VLT. Qual a saída para o transporte?
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Diretor da FAAC Nilson Ghirardello Coordenador de curso Juarez Tadeu de Paula Xavier Chefe do Departamento de Comunicação Social Ângelo Sottovia Aranha Professores Orientadores Mauro De Souza Ventura Tássia Zanini Endereço Depto. de Comunicação Social Av. Luiz Edmundo Carrijo Coube 1401, Vargem Limpa - Bauru/SP Tel: 14 3103-6000 Ramal: 6066 Revista produzida pelos alunos do 6º termo do curso de Jornalismo do período diurno da Unesp Redação Amanda Tavares Ana Beatriz Assam Bruno Marise Estevão Rinaldi Ludmylla Rocha Luís Morais Luiz Felipe Barbiéri Marcela Busch Mariana Ribeiro Pablo Marques Vinícius Garcia
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EDITORIAL
Reitor Julio Cezar Durigan
A primeira edição de uma revista é sempre algo muito peculiar. O primeiro editorial, então, exige um exercício muito maior. O que é essa revista e para que ela vai existir? Bom, se você está lendo esse editorial, provavelmente já deve saber ou desconfiar que a Marte se trata de uma revista masculina. A opinião de que os interesses masculinos variam pouco é sustentada por muita gente. Será que isso é mesmo verdade? Nós da Marte discordamos, definitivamente, desse ponto de vista. Nem sequer pensaríamos em um projeto de revista masculina se concordássemos com a opinião de que homens são óbvios assim. Uma revista não pode ser óbvia. Ela deve fugir da rotina, mesmo que aborde assuntos rotineiros. É fácil pensar que o homem brasileiro padrão costuma se interessar por esporte, carros e mulheres, e já que estamos escrevendo para homens (acalmem-se, mulheres, vocês também estão convidadas), não podemos ignorar esse fato. A nossa intenção, porém, é tratar tudo sob um ponto de vista atual e condizente com o homem que vive em um mundo que se modifica intensamente em tão pouco tempo. A Marte é uma revista do gênero masculino feita por homens e mulheres. Afinal, elas também sabem o que eles querem, não? Se os marmanjos se preocupam tanto com a opinião feminina a respeito deles, não faz sentido que elas não participem da produção de um veículo que traz informação e opinião voltada para esse público. E trazemos, logo na nossa primeira edição, um assunto bastante polêmico. Vamos incendiar a questão sobre a legalização da Maconha, com um ponto de vista diferente sobre o assunto. Relacionamos esporte e economia para descobrir as consequências da temida crise econômica europeia para os clubes de futebol. Também damos dicas de viagens, de gastronomia além de não deixar a música de lado, com a volta dos LPs com força no mercado. Dê mais um gole na cerveja (falamos dela aqui também, claro!) e boa leitura!
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06SATÉLITES Novidades, inovações e curiosidades 08VOLTOU PRA FICAR? O retorno dos LPs 12INFORMAÇÕES AQUI Me diga com quem andas que te direi como ir 14MESA DE BAR Entrevista com Pepe, o canhão da vila 18A SAÍDA ESTÁ BEM AO LADO O desafio da mobilidade urbana 24PERFIL Criolo 28VÊNUS “We love Rock’n’Roll!” 36ACENDENDO A DISCUSSÃO Legalização x economia 44PRA VIAGEM Destinos deliciosos 47A TECNOLOGIA NÃO PARA/TÁ CARO D+ Tecnologia descartável? 4
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14 50A BOLA, O LUCRO E A CRISE Recessão europeia: fim de jogo? 56POKER FACE A cartada da vez 58A FINAL QUE PAROU O BRASIL Jogo político 60ELES PERGUNTAM, ELAS RESPONDEM Respostas interessantes para perguntas indecentes 62TABU Prazer por um fio? 64TENDÊNCIA Moda para homem 66INDICAÇÕES Lançamentos do momento 68BEBER MENOS PARA BEBER MELHOR Mercado abre espaço para as cervejas gourmet 70O PRAZER DO RIDÍCULO Vale tudo no sexo? 5
De olho na barraca
Quanto mais CRIATIVO melhor
Ao
procurar uma cabana buscamos, geralmente, o maior conforto, espaço e segurança que ela puder oferecer. Mas e se além disso ela tiver estampas legais como essa? A FieldCandy pensou nisso e bolou forros divertidos. Para pedir o seu basta acessar o site da marca, que aceita encomendas de todo o mundo: www.fieldcandy.com/_all
Nós sabemos, as indicações de filme são só no fim da revista, mas essa parceria entre a Coca-Cola e o 007 não podia ficar para o final. Em homenagem ao novo filme de James Bond, o 007 - Operação Skyfall, garrafas e latinhas foram personalizadas com o agente secreto mais famoso do planeta.
curaucomu.wordpress.com
Crédito: Curaucomu.wordpress.com
Tirando onda
Os fotógrafos CJ Kale e Nick Se-
lway lançam mais uma de suas incríveis galerias. Dessa vez, ficaram em casa. Ambos os moradores da Kalua Kona, no Havaí, ilustram como ninguém a mistura entre as ondas e a atividade vulcânica do lugar. Para conferir a galeria, basta acessar www. flickr.com/photos/50052848@ N06/. O flicker conta com fotos bacanas das várias regiões registradas pelos surfistas. Crédito: Curaucomu.wordpress.com
Pendurado...
O cabideiro mais criativo dos últimos tempos. Você
pode deixar só os bigodes ou completar o cara aí do lado na sua parede. Essa invenção você encontra no site: www.osegredodovitorio.com
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A bomba verde
Salvar o planeta também é negócio. A empresa Greenaid criou as
chamadas “bombas de semente” (foto) para facilitar o plantio. Formada por argila envolta em sementes, a bomba é vendida no exterior em máquinas parecidas com as de chicletes ou pelo site da empresa, o www.greenaid.co.
Esse
aparador de livros vai tirar aquela mania chata da sua namorada de arrumar seus livros e ainda vai deixar seu quarto no maior estilo.
Segura aí!
Infelizmente a criadora dessa arte, a empresa KnobCreek não entrega no Brasil.
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Crédito: Curaucomu.wordpress.com
Divulgação
P U O VOLT
Os discos de vinil voltaram à moda, mas será que isso é passageiro ou o velho formato é mesmo imortal? Bruno Marise
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omeço dos anos 90. Se você gostava de música, provavelmente tinha sua col4eçãozinha de discos na estante. Então aparece um novo formato: Menor, portátil, sem chiados e com maior capacidade, possibilitando a gravação de mais faixas. Com a popularização do CD e acessibilidade ao público geral, muita gente, alucinada com essa novidade, trocou sua coleção de LPs pelos Compact Discs. Hoje, vinte anos depois, os que resolveram manter seus discos de vinil, sentem-se satisfeitos e respiram aliviados. É o caso do jornalista e colecionador Bento Araújo, editor da revista Poeira Zine, publicação especializada em rock dos anos 60 e 70: “Quando ocorreu a popularização do CD, todo mundo começou a trocar seus LPs pelos CDs, e eu nunca entrei nessa. Agra-
deço até hoje por ter mantido meus vinis. Antes de ser jornalista eu trabalhei em loja de disco, acompanhei bem essa explosão do CD, mas sempre teve um ou outro que manteve o vinil, e nessa época eu já sentia que ia ter uma virada de mesa”. E a virada realmente ocorreu. De uns anos pra cá, o formato dado como morto e obsoleto há vinte anos, começou a se popularizar novamente. Para os colecionadores e fiéis ao vinil, ele nunca morreu, e os sebos viraram uma alternativa para quem não queria se render ao CD. Marco Gaspari, que foi proprietário de um sebo por oito anos, também vivenciou plenamente a época em que o vinil foi praticamente aposentado em troca do CD. “Os sebos, como qualquer comércio, viviam da demanda e os clientes queriam CDs. Era preciso então que as lojas criassem es-
paços para abrigá-los e, devido à pequena procura, começaram a liquidar os vinis. Foi a época em que os clientes passaram a trocar seus vinis por CDs e nesse processo vendiam a um preço ainda mais ridículo, claro, que aqueles praticados pelos comerciantes que revendiam esses mesmos vinis. Os LPs continuaram a ser vendidos, mas para poucas pessoas que, como eu, colecionavam os LPs”. Aos poucos o LP voltou a ser fabricado e comercializado. Primeiramente em regravações de álbuns clássicos e reedições especiais, e depois como uma alternativa para quem prefere esse formato. A produção está longe de ser em grande escala por enquanto, mas Bento Araújo acredita que isso pode voltar a ser uma realidade. “Eu acho que existe a chance de os LPs voltarem a ser produzidos
do que nos Estados Unidos qualquer disco de qualquer banda sai por 10 a 15 dólares. A diferença ainda é muito gritante”, completa Bento. O LP surgiu no final dos anos 40, como uma mídia de reprodução musical fabricada com o material plástico chamado de vinil, substituindo os antigos discos de goma-laca de 78 rotações. Possui ranhuras em espiral que conduzem a agulha do toca-discos da extremidade até o centro do disco. Os sulcos fazem a agulha vibrar e a vibração é transformada em sinal elétrico, que é amplificado e reproduzido em forma de música. O processo de gravação é totalmente analógico, o que segundo os defensores do vinil torna a qualidade de som extremamente superior à gravação digital dos CDs, que elimina as frequências sonoras mais altas e baixas, os harmônicos, graves e ecos, tornando o som muito mais artificial. O aspecto visual e artístico também é um dos argumentos de quem
defende os LPs, com sua capa grande, possibilitando uma melhor amostragem da arte e espaço para encartes maiores e pôsteres. Marco Gaspari, não é tão otimista em relação ao ressurgimento do vinil: “Fala-se muito das virtudes do vinil: um som mais encorpado, a arte da capa, o próprio saudosismo que cerca esse artefato, mas é preciso levar em conta que existe muita desinformação por parte de quem consome e muito marketing por parte de quem comercializa. O som, por exemplo: primeiro que é preciso investir um bom dinheiro num bom equipamento para poder obter o tal som mais encorpado. Hoje em dia, por uma fração desse valor é possível ainda ouvir CDs com a mesma fidelidade de som. Até porque o tal vinil virgem 180g das reedições é prensado em sua maioria a partir do CD remasterizado e não das masters originais. É gato por lebre”.
Arquivo Pessoal
? R A C I F A R A
em grande quantidade sim, inclusive eu voltei agora de uma viagem pros Estados Unidos, visitei muitas lojas de discos, e é engraçado que você encontra vinil em supermercado por lá, tem uma seção só pra isso, e tem mais discos do que CDs, então eu acho que daqui uns dois anos a tendência vai ser essa, o vinil voltar a ser mais produzido que o CD. Se bobear lá fora alguns artistas estão produzindo mais LPs do que CDs”. No Brasil, a gravadora Polysom sabendo da alta vendagem do vinil na Europa e nos Estados Unidos, decidiu reabrir sua antiga fábrica de LPs, que foi inaugurada no final de 2009, e hoje se mantém como a única fábrica de discos de vinil da América Latina com capacidade para a produção mensal de 28 mil LPs e 14 mil compactos por mês. A gravadora vem realizando trabalhos de relançamentos de álbuns clássicos da música brasileira remasterizados em LPs de 180 gramas. “O problema do Brasil é o preço, justamente por ter uma fábrica só. Um disco novo lacrado, por aqui custa 70, 80 reais, sen-
“Agradeço até hoje por ter mantido meus vinis”
Bento Araújo e sua preciosa coleção
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N
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ão são todos os fãs de música que são irredutíveis em relação a superioridade dos LPs. Daniel Sicchierolli é colecionador há 26 anos, e tem preferência pelo CD. “Coleciono os dois, mas prefiro CDs, pela praticidade e também porque os recursos para se ter uma boa audição de um CD são mais acessíveis do que a de um vinil. E apesar de engenheiros jurarem de pés juntos que o som do vinil é melhor, no meu som e na forma como ele está montando, posso provar que o som do CD é melhor”. Daniel acredita que o LP voltou
Daniel 10 possui mais de 2 mil CDs em sua coleção
a ficar em evidência pelo fato de a indústria ter entrado em decadência e as bandas e gravadoras pensaram em uma forma de vender mais disco, fazendo edições especiais, CD, vinil, bônus, reedições, para o consumidor comprar o mesmo álbum duas ou três vezes. “O mercado de colecionador é pequeno, mas quem está nele deixa de almoçar para comprar um disco”, completa o colecionador. Artistas têm lançado seus trabalhos em vinil como uma alternativa ao CD, as lojas especializadas no formato vêm crescendo, e os sebos veem um novo público aparecendo. Mas o que causou o interesse das novas gerações em um artigo que existe há quase 70 anos? A democratização da internet e a facilidade de acesso à informação são responsáveis? Bento afirma que sim. “Totalmente. Eu vejo muito isso no meu próprio trabalho, a internet acabou criando um mercado, pra muitas bandas que nunca tiveram um mercado, e através da internet o pessoal acaba disponibilizando o material delas em blogs e sites, e a banda acaba se tornando cult. E existem até gravadoras especializadas em relançar esse tipo de vinil”. Para Marco, que trabalha diretamente com essa área, houve sim uma mudança na parte comercial e a procura pelo LP cresceu de uns anos pra cá, mas ainda não superou o CD. “Aumentou bastante, mas ainda vendo mais CDs que LPs, prova-
velmente porque os bons vinis usados sumiram do mercado e quem compra CD não está comprando porque a oferta de LPs de qualidade é pequena. Simplesmente eles não querem os LPs, não têm onde tocar, e música para eles é apenas um passatempo. CD você ouve no carro e isso ainda é um ótimo motivo de venda”. Da mesma maneira que os CDs chegaram com tudo, praticamente baniram o vinil e foram considerados como a mídia musical definitiva, o MP3 deu um enorme baque na indústria fonográfica e diminuiu consideravelmente a venda de CDs. Mas será que como o CD já foi uma grande novidade e hoje está praticamente obsoleto, isso pode acontecer com o vinil mais uma vez? Será essa onda passageira? “Num primeiro momento, eu achava que essa moda dos LPs seria algo que não ia durar muito, mas eu tenho percebido que o CD morreu completamente. Então é assim: ou é vinil, ou é a música que não existe, o formato virtual. Se existe um formato de se ouvir música física, é o vinil, não tem nenhum outro concorrente. No caso da internet, um público não anula o outro. Eu acho que as duas partes podem trabalhar juntas, ao contrário do CD que era um formato que competia”, afirma Bento. Marco já não tem tanta certeza se é uma volta definitiva. “Se é uma onda, vai haver um pico e depois vai começar a refrear até atingir um ponto mais rea-
LP vs. CD
Arquivo Pessoal
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LADO
lista. Tudo está muito irreal: os preços, a demanda, a ansiedade por um produto ainda não devidamente absorvido. Eu acredito, sinceramente, que da mesma forma que o vinil morreu e depois ressuscitou, o CD vai parar de ser fabricado, vai morrer e daqui a alguns anos estaremos respondendo a perguntas do tipo: ‘e aí, a que você atribui essa volta do CD?’”. Já Daniel, pensa diferente, “Eu acho que vai se manter como está, só que mais seleto e com itens cada vez mais elaborados para ter um valor agregado maior. Talvez, no futuro, a galera do MP3 perceba que ter o disco, o encarte etc. é mais legal que ter apenas o arquivo. Outro dia, falando com um amigo, comentamos sobre o MP3 e os CDs. A minha pergunta final foi: por quanto você consegue vender esses arquivos? É, ele não teve resposta. A indústria se adaptou muito bem à demanda”.
Marco Gaspari é mais cético em relação ao retorno dos LP’s
“(...) daqui a alguns anos estaremos respondendo a perguntas do tipo: ‘e aí, a que você atribui essa volta dos CD’s?’”
Formato
LP (Long Play)
CD (Compact Disc) Diâmetro/Material 30 cm (Vinil) 12 cm (Acrílico) Nº de Voltas 800 voltas/lado 21.500 voltas Leitura Mêcanica - Agulha Ótica - Feixe de luz infravermelha com Cristal Frágil Alta Tolerância a Riscos Analógica Digital Tipo de Gravação menos de 0,01% Distorção Harmônica 2% Não Sim (650 MB por Gravação de Dados CD-RW)
Relação Sinal/Ruído Tempo de Gravação Duração da ‘agulha’
60 dB 50’ (2 lados) 600 horas
j
90 dB 74’ (1 lado) mais de 5.000 horas
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casal viajante
informações aqui Quer viajar, mas não sabe como, onde, quando e nem com que dinheiro? Não se preocupe. A consultora de viagens Nately Marin nos ajudou a pesquisar as melhores opções para cada bolso, personalidade e ocasião Amanda Tavares
Para onde ir? Para relaxar, indicamos Maceió, Natal e Porto de Galinhas. Fora do Brasil, as opções mais comuns para curtir a dois são o Caribe, Nova York e Califórnia. Quanto tempo ficar? Entre 7 e 15 dias
Onde se hospedar? As praias brasileiras oferecemdesde resorts completíssimos até pousadas pequenas e intimistas – tudo depende do gosto e do orçamento. Na Califórnia, também é possível encontrar hotéis baratos nas principais cidades. Já em Nova York, tome cuidado com os hotéis muito antigos. Você também pode alugar quartos na cidade através do site airbnb.com. O que fazer? No litoral brasileiro, a dica é aproveitar as praias, conhecer os principais pontos históricos e se deliciar com as comidas típicas. Em Nova York, separe tempo para conhecer alguns museus, andar pelo Central Park e ver a cidade toda iluminada do topo do Empire State Building ou do Rockefeller Center. Já a Califórnia pede visitas a Los Angeles, San Francisco e San Diego.
curtindo sozinho
família na estrada
Para onde ir? No Brasil, aproveite o agito de Fortaleza e Florianópolis. No exterior, as festas de Cancun são imbatíveis.
Para onde ir? No Brasil, a diversão para a criançada fica garantida nos grandes resorts com recreação. No exterior, a Disney é líder absoluta.
Onde se hospedar? Os hostels são ideais para quem quer viajar e conhecer muita gente nova. Apesar disso, é possível conseguir hotéis razoavelmente baratos na baixa temporada.
Onde se hospedar? Ao viajar com as crianças, prefira resorts ou hotéis completos. Dessa forma, não há preocupação com a segurança, com as refeições ou com as atividades especiais para os pequenos.
Quanto tempo ficar? Uma semana
O que fazer? Em Florianópolis, surfe nas praias do Leste durante o dia e, à noite, aproveite os bares e baladas da Lagoa da Conceição. Em Fortaleza, a pedida é aproveitar as mordomias na Praia do Futuro e curtir os bares do Centro Antigo. Já em Cancun, não deixe de visitar as ruínas Tulum e dê também um mergulho em Cozumel. No domingo, confira o mercado de Puerto Morelos.
Quanto se gasta? Entre R$1900,00 e R$2300,00 (nacionais); entre USD1900,00 e USD2400,00 para Cancun.
Quanto tempo ficar? Entre 7 e 15 dias
O que fazer? Seja nos resorts ou em Orlando, uma coisa é certa: seus filhos terão mil programas para fazer. Aproveite para curtir a esposa em alguns separados e não se esqueça de participar de algumas atividades com toda a família! Quanto se gasta? Considerando a viagem para o casal e um filho, o orçamento fica entre R$5300,00 e R$6000,00 nos destinos nacionais e entre USD 5200 e USD9000,00 para a Disney.
Quanto se gasta? Para o Nordeste, junte entre R$3400,00 e R$4000,00. No exterior, as contas ficam entre USD4000,00 e USD7000,00.
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PEPE
Mesa de Bar
Craque santista fala sobre sua carreira como jogador e como técnico, dá seus pitacos sobre o futebol e sobre craques atuais como Neymar e Ganso Luís Morais
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A
pauta era entrevistar um ex-jogador qualquer. Eu já estava perdendo os fios de cabelo quando ligo numa casa em Santos para tentar falar com um ex-jogador, mas não desses quaisquer. Pelo contrário, um craque. Do outro lado da linha estava José Macia, conhecido como Pepe, ex-ponteiro esquerdo do melhor time brasileiro de todos os tempos - o Santos da década de 60, ao lado de Pelé, Mengálvio, Coutinho, Durval, entre tantos outros craques. A sua habilidade dentro de campo é tão grande quanto sua calma em atender esse entrevistador. Chega de papo, e confira agora a entrevista exclusiva com o Canhão da Vila, Pepe. Marte: Vamos começar pela origem. De onde surgiu o apelido Pepe? Pepe: Meu pai era o Pepe e eu era o Pepinho. E quando fui pro Santos pegou o apelido. E explico que todo cidadão que é espanhol e se chama José o apelido é Pepe. Assim como todo Francisco é Paco. Herdei o apelido então do meu velho José Macia Pai. Eu seria José Macia Filho, mas houve um erro na certidão de nascimento e ficou José Macia mesmo.
M: Você chegou ao Santos na década de 50. Você chegou a jogar em algum clube amador ou profissional antes disso? P: Eu comecei em São Vicente, primeiro no infantil do Comercial e depois no juvenil do Recreativo Continental – esse clube existe até hoje, no qual eu sou presidente de honra. Na época, em 1951, com 16 anos, eu jogava apenas na várzea do São Vicente e vim fazer um teste
no infantil do Santos. Havia um jogador chamado Emmanuele que se tornou famoso depois com o nome de Del Vecchio. Ele foi artilheiro do Santos, jogou no Napoli da Itália, Boca Juniors... nós fomos juntos para fazer teste no Santos, agradamos e ficamos. Então em 51, com 16 anos, fui pro infantil e em 52 e 53 tive que passar por uma espécie de vestibular mesmo, passei pelo juvenil todo, um ano no amador, e só em 54 com 19 anos que comecei a jogar algumas partidas no profissional. Em 55 que eu realmente me tornei efetivo. M: Você sempre jogou como ponta? P: Eu gostava de jogar na meia esquerda em São Vicente. As vezes na meia esquerda, as vezes na ponta. Mas eu me sentia mais a vontade na meia. Eu com o Del Velchio fazíamos a ala esquerda no São Vicente, mas no Santos o Salu que era o técnico na época (ainda não era o Lula, que veio só no ano seguinte dirigir as equipes juvenis do Santos) me colocou de vez na ponta esquerda. Fiquei de 51 até o final de 54 jogando de armador na ponta esquerda. Aliás foi um ótimo negócio que eu fiz, porque se em 56 eu estivesse jogando na meia esquerda eu estava liquidado: ia chegar o Pelé. M: Você jogou todos esses anos de carreira no Santos? P: Todos esses anos no Santos. Eu joguei na Seleção Paulista e na Seleção Brasileira também. Eu joguei na equipe profissional do Santos 750 jogos e marquei 405 gols. Eu tive uma carreira bonita com muitos títulos importantes – sou bi-campeão mundial pela seleção e bi-campeão mundial e da Libertadores
pelo Santos e uma infinidade de títulos paulistas. Eu falo isso com muito orgulho. Modéstia a parte, eu sou o jogador brasileiro que tem mais títulos no futebol mundial. Mas aí você vai me perguntar “e o Pelé?”. Acontece que depois que eu parei minha carreira de jogador de futebol me tornei treinador e passei a ganhar outros títulos, que logicamente o Pelé não ganhou porque não foi treinador. Eu tenho aproximadamente 90 títulos na minha carreira. M: Falando então da sua carreira como treinador: você chegou a ser técnico em um time que tinha o Pelé. Como que foi isso? P: Foi ótimo. Foi como se o Pelé estivesse do meu lado. Nós nos damos muito bem, sou padrinho de casamento dele do primeiro casamento com a Rose. Foi ótimo trabalhar do lado dele, porque durante 10 ou 12 anos fizemos a ala esquerda lá no Santos. As pessoas até dizem “mas jogar do lado do Pelé até eu” e que “era fácil”. Era fácil uma ova. Você precisa prever o que esta passando na cabeça dele. Realmente me orgulho desse detalhe e de ser o maior artilheiro vivo da história do Santos, já que, como comentei uma vez “Pelé é ET, veio de Saturno. Ele não vale”. M: De tantos gols que você marcou no Santos, quais foram os mais marcantes? P: Os mais importantes foram no jogo contra o Milan. Fomos jogar no Mundial de 63 com o Milan lá e perdemos de 4x2. Então tivemos que ganhar no Maracanã duas vezes – ganhamos de 4x2 e de 1x0 – para nos tornamos bi-campeões mundiais.
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E nesse 4x2 eu fui a figura de destaque, porque o Santos perdia de 2x0 e o empate dava o título para o Milan. Eu marquei o primeiro e o quarto gol, ambos cobrando falta. E nesse dia estávamos sem o Pelé, sem o Zito e sem o Calvet.
M: Depois desse jogo você chegou a ter oferta do Milan, mas sempre jogou no Santos. Por que essa preferência pelo time da Vila? P: O futebol atual está muito diferente, mais profissionalizado. Hoje já não tem, com raras exceções, aquele carinho e amor pelo clube. Os jogadores procuram fazer o mais rapidamente possível seu pé-de-meia. Na época o Milan se interessou por mim depois desse estrago que fiz neles... o Barcelona se interessou por mim porque o Real Madrid tinha um ótimo ponteiro esquerdo chamado Francisco Gento e queriam alguém para 16
M: Sobre esse “amor ao clube”, o que você achou da novela envolvendo a transferência de Paulo Henrique Ganso do Santos para o São Paulo? P: O Paulo Henrique Ganso é um jogador fabricado aqui nas categorias de base do Santos, um excepcional jogador no estilo de Gerson, Neto, outros mais. Mas ele teve problemas físicos, dificuldades para retornar, só que é o tal negócio: a parte financeira é muito importante. Disso aí não tenho a menor dúvida que o jogador na atualidade tem um pensamento diferente dos nossos tempos. Mas eu não sou contra não. O cara joga 12, 15 anos no máximo e depois tem que tratar da vida. Tem que fazer seu pé-de-meia nesse período. M: Eu havia perguntando como era treinar o Pelé, mas como foi a carreira de técnico em geral? P: Ahh, eu até fugi da pergunta, mas o Pelé nunca me deu trabalho nenhum (risos). A gente sempre se deu muito bem. Quando eu parei de jogar me tornei técnico dos infantis e juvenis do Santos, fui subindo na carreira e me tornei treinador
profissional do Peixe quando fui campeão paulista em 1973 com o Pelé jogando. Ele só me ajudou. Ele sabia que o padrinho dele tava ali no comando e a responsabilidade era grande. E na época ele já era considerado o maior jogador de futebol do mundo e embora já estivesse com 33 anos, foi ótimo ter ele do nosso lado, pior seria se tivéssemos ele contra.
“As costas do Neymar estão sobrecarregadas. Se na nossa época diziam que o time do Santos era Pelé +10, imagina agora”
M: E como foi ser técnico no futebol japonês? Eles tinham uma ideia diferente do futebol? P: Eu fui pro Verdy Kawasaky que era realmente o melhor time que tinha no futebol japonês. Lá havia um brasileiro, o Rui Ramos, que estava lá há muito tempo e me ajudou muito. Ele me deu todas as dicas sobre como é que eram as coisas por lá. Fiquei no Yumiuri (antigo nome do Verdy) muito feliz. Minha família também gostou muito do futebol japonês. Nós tínhamos lá também o Kazu, que jogou comigo no Santos e retornou pra lá. O Japão é realmente encantador. O único problema que a gente sente lá é que de vez em quando você está jantando e começa a balançar o lustre, tem muito problema de mini-terremoto e as vezes de grande escala. Trabalhei também no Al Saad
Site oficial Santos F.C.
Site oficial Santos F.C.
Pepe atuou 40 vezes pela Seleção Brasileira e marcou 22 gols
rivalizar com o Gento. E contra o Barcelona eu sempre joguei bem nos amistosos que nós fizemos. Essa contratação acabou não acontecendo simplesmente por um motivo: eu não sou daqueles caras “ou me vende ou eu faço bico”. Eu não fazia isso, pelo contrário, continuava dando o máximo de mim e nunca dei problema. Nesse sentido eu fui muito Santos, muito alvinegro, mas eu confesso que não conseguiria ganhar aqui o que eu ganharia no exterior.
O Canhão da Vila passou toda sua carreira de jogador no Santos e depois assumiu o comando técnico do Peixe, onde comandou Pelé
presidente do Santos, você mudaria o quê nesse time? P: É uma pergunta bastante interessante. Eu acho que o time atual do Santos não está de acordo com a categoria do clube do passado. Existem alguns jogadores que não tem nível para jogar no Santos. As costas do Neymar estão sobrecarregadas - hoje o melhor jogador do Brasil e ao lado do Messi da América do Sul. Em 2013 e 14 o Santos precisa se reforçar não só com elementos da categoria de base – um serviço bem feito, aliás – mas com a contratação de pelo M: Antes dessa entrevista eu menos 3 jogadores de alto nível, liguei pro meu pai, que é san- para voltar o Santos às manchetista e acompanhava o time tes internacionais. do Santos na década de 60, e pedi uma pergunta pra ele. M: Falando no Neymar, o que Ele perguntou se você fosse você acha dele? A posição dos no Qatar e anos depois eu voltei para o próprio Qatar no Al Ahli em 2005. Lá eu tive a satisfação de ser técnico de um jogador excepcional chamado Guardiola, hoje um dos melhores treinadores do mundo. Ele conversava muito comigo sobre como era o Santos da minha época. E o Barcelona que hoje dá show de bola por aí tem muito daquele Santos, porque quem ajeitou esse time foi o Guardiola. Nós vemos o Barcelona sempre jogar em um ou dois toques. Esse Barcelona ai tem muita coisa do Peixe.
pontas está sumindo, mas o Neymar atua ali pelo seu lado esquerdo hoje. P: O Neymar é ponta de lança, sempre foi centroavante nas equipes infantis e juvenis do Santos. Hoje ele joga deslocado pela ponta esquerda onde deve se dar muito bem. Mas eu não sei, eu acho que se o Neymar jogasse no meio ficaria com um pouco mais de liberdade, saltaria o marcador pela frente. Nas equipes infantis e juvenis ele jogava pelo miolo, e era mais próximo da área, do goleiro, e lá ele fazia mais gols. Mas não discordo dessa tática do Muricy e vou vibrando com o Neymar. Dá gosto de ver o moleque jogar. Se na nossa época diziam que o time do Santos era Pelé + 10, imagina agora.
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Amanda Tavares
A SAÍDA ESTÁ BEM AO LADO Mariana Ribeiro e Pablo Marques
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e há alguns anos trânsito era assunto de cidade grande, atualmente, no interior do Nordeste às seis da tarde há congestionamento. Esse problema, generalizado no Brasil, é o resultado de uma política de décadas de investimento no setor rodoviário e estímulo ao uso dos automóveis por parte da população. A questão é que chegamos ao século XXI com um trânsito caótico e o desafio, daqui para frente, é procurar reverter - ou ao mesmo, controlar essa situação. Até pouquíssimo tempo nossas políticas públicas de mobilidade urbana eram focadas nos automóveis: acreditava-se que para resolver o problema do trânsito era preciso expandir as rodovias, criar grandes avenidas e novos trajetos. A discussão, agora, é diferente. É preciso pensar em novas formas de locomoção pelo espaço urbano, priorizando veículos públicos e não motorizados. Ciclovias, VLTs e BRTs são alguns dos termos que compõe essa nova fase de debate e, principalmente, planejamento.
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oje as rodovias são a principal via de transporte de passageiros e cargas no país. Nem sempre foi essa a realidade brasileira. No final do século XIX, durante o ciclo do café, o país possuía uma malha ferroviária que visava o transporte do produto do interior do país, principalmente na região sudeste, para os portos. Até a década de 30 foram construídas cerca de 30 mil km trilhos pelo país. Após a crise 1929, o café deixou de ser o principal motor da economia e os investimentos em ferrovias caíram drasticamente. Foi o inicio da substituição das ferrovias pelas rodovias. E esse processo de mudança na matriz de transporte repercute até hoje na maneira de se locomover dentro do território brasileiro. Após a 2ª Guerra Mundial, houve um aumento expressivo da industrialização no Brasil e o governo iniciou o investimento na construção de rodovias para escoar
CIDADE:
Um organismo vivo A
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s estruturas de uma cidade podem ser comparadas à estrutura do organismo humano. Vários sistemas estão interligados e precisam caminhar juntos para o bom funcionamento de tudo e para a boa qualidade de vida da população, caso contrário irá desencadear uma série de problemas. As cidades, assim como o corpo humano, envelhecem e precisam se restauradas, conservadas e planejadas para aguentarem a deterioração. Nas cidades, a principal dificuldade é conseguir orquestrar o crescimento urbano e populacional com a infraestrutura. O trânsito é um dos maiores gargalos urbanos, que prejudica uma série de outros setores. Segundo o professor Issao Minami, da FAU-USP, “uma cidade precisa se organizar no ponto de vista das suas funções principais habitar, circular e recriar. Essas são as três funções vitais para que as cidades tenham uma certa ordem na sua estrutura urbana.” A cidade de São Paulo, por exemplo, possui uma malha urbana que tende a convergir para o centro. A periferia sofreu uma ocupação intensa e desordenada, provocando um inchaço populacional distante do centro. Essas pessoas precisam se deslocar diariamente dezenas de quilômetros para terem acesso a lazer, educação, saúde e, principalmente, emprego. Assim, é necessário um planejamento de vias e de transporte para levá-las até seu ponto de destino. Uma estrutura muito grande é difícil de ser planejada e conservada adequadamente. Cidades globais, como São Paulo,
precisam se atentar a mobilidade urbana, que vai muito além de sua população. O rodoanel, por exemplo, foi uma tentativa de afastar o fluxo de caminhões da área central. Issao aponta outra saída. “É necessária a criação de centros e subcentros para diminuir a concentração urbana. Nós chegamos ao ponto que todo o sistema de transporte do MERCOSUL e do país passaram pelas marginais do rio Pinheiros e Tietê, em São Paulo, em direção aos portos”.
POLÍTICA NACIONAL DE MOBILIDADE URBANA
No início desse ano demos um passo adiante nas políticas públicas de modalidade. Isso porque em 3 de janeiro foi assinada a Política Nacional de Mobilidade Ur=bana (Lei nº 12587), que começou a vigorar em setembro. O plano instituiu as diretrizes de planejamento urbano para proporcionar melhoria nas condições urbanas da população no que se refere à acessibilidade e à mobilidade. Segundo o documento é priorizado o “acesso amplo e democrático ao espaço urbano, através da priorização dos modos não-motorizados e coletivos de transportes, de forma efetiva, que não gere segregações espaciais, socialmente inclusiva e ecologicamente sustentável”. O plano propõe, entre outras coisas, a integração entre os meios de transporte urbano,
o incentivo ao uso de energias renováveis e menos poluentes e a priorização de projetos de transporte público coletivo. Além dos objetivos gerais, propõe medidas específicas para melhorar o deslocamento, como a restrição da circulação de carros em horários pré-determinados, como já ocorre em São Paulo, a cobrança de tarifas para utilização de infraestrutura urbana, e espaços exclusivos para o transporte coletivo e não motorizados. São criadas, ainda, linhas de financiamento para custear projetos de transportes públicos. Para Marcos esse plano é apenas um começo, mas o grande avanço diz respeito ao fato de, pela primeira vez, os carros deixarem de ser o enfoque nas discussões de planejamento urbano, para dar espaços aos meios de transportes não motorizados e públicos. Buscando, portanto, inserir o Brasil nos padrões de mobilidade urbana sustentável. Os Municípios com mais de 20 mil habitantes ficam obrigados a elaborar um plano diretor de modalidade, em conformidade com as diretrizes nacionais. As cidades têm, no máximo, três anos para elaborá-lo, os que descumprirem o prazo ficam impedidos de receber recursos federais destinados à modalidade urbana até cumprirem a exigência.
Onde tudo começou... essa produção. O auge da expansão rodoviária se deu no governo Jucelino Kubischek, com o plano de desenvolvimento “50 anos em 5”, que visava o progresso econômico investindo em infraestrutura. Nesse período as grandes montadoras de automóveis montam filiais no país. Durante o milagre econômico no regime militar, com o objetivo de integração nacional, cresceram os investimentos na construção de rodovias. O capital estrangeiro alavancou o crescimento da economia e da infraestrutura nacional. Entre os anos de 1949 e 1979, as rodovias foram multiplicadas por oito, enquanto a malha ferroviária sofreu uma redução de 20%. Conforme uma pesquisa realizada pela CNT (Comissão Nacional de Transportes) entre os anos de 1997 e 2010 a União investiu R$1,3 bilhão em ferrovias.
AS CAPITAIS BRASILEIRAS A Ong Mobilize Brasil realizou um estudo no ano passado analisando os indicadores de mobilidade urbana sustentável das capitais brasileiras. A pesquisa foi coordenada pelo economista e jornalista Thiago Guimarães, e contou com a participação de especialistas da área e por um grupo de jornalistas da equipe, baseados em dados de órgãos governamentais, institutos de pesquisa, universidades e entidades independentes. Os quesitos analisados dizem respeito à relação entre a renda média mensal dos habitantes das cidades e a tarifa de ônibus, entre o número de viagens por modos individuais motorizados de transporte e o número total de viagens, à porcentagem de ônibus municipais acessíveis a pessoas com deficiência física, às mortos em acidentes de trânsito por ano e à estrutura cicloviária das cidades.
SÃO PAULO
C
omo não é de se estranhar, São Paulo ficou em último lugar no ranking das nove cidades analisadas. Todos os que moram ou convivem na cidade, mesmo que pouco, sabem que às 18h é quase impossível se locomover pela capital, seja por transportes individuais ou coletivos. Congestionamentos de 200 km já são considerados “normais” e, nos horários de pico se formam as longas filas e o “empurra, empurra” nas plataformas dos metrôs. A posição de “lanterninha” no estudo se deve ao fato de ser uma cidade extremante dependente dos automóveis para locomoção. A população cresceu, consequentemente a necessidade de transporte também, e as políticas públicas não acompanharam esse processo. Hoje a frota de carros na cidade é de
quase 7 milhões e o sistema viário é de 17 mil km, por outro lado, as linhas de metrô são de apenas 74 km e as ciclovias ocupam 35,7 km da cidade. O problema, entretanto, não vem de hoje e não é de um dia para o outro que será solucionado. Marcos explica que o crescimento urbano acelerado e não acompanhado de políticas públicas se relacionam com a situação calamitosa do trânsito paulistano. “A cidade foi se expandindo, ocupando cada vez mais área, que antes era o chamado cinturão verde da cidade. Hoje, dos 1500 km² da cidade, temos 1200 km² ocupados. Os empregos e serviços, entretanto, continuaram concentrados na região central e sudoeste na cidade [no perímetro entre três rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí], o que atrai um enorme
contingente de pessoas para essas áreas diariamente. Sem transporte público de qualidade, as pessoas optam pela utilização do automóvel, e como São Paulo é uma cidade com PIB alto, que concentra pessoas com poder de compra alto, a frota de veículos se multiplica rapidamente”. Marcos coloca ainda que, desde a década de 80 até o início de 2000, o transporte público em São Paulo praticamente não passou por investimentos. A rede de metrô e trens permaneceu quase estagnada nos anos 90 e, só agora, passa por ampliação e modernização. Atualmente, São Paulo está em obras. Nos últimos anos tivemos a expansão da linha de metrô, melhoramentos dos trens e início da construção de monotrilhos. A linha 17 Ouro, por exemplo,
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s rádios voltadas 24 horas por dia para o público que estão dentro dos automóveis fazem sucesso nas grandes cidades. A cidade de São Paulo foi uma das pioneiras nesse ramo jornalístico no país. Teve a sua primeira rádio no ramo inaugurado em 2007. Os motoristas são o público-alvo e também são os produtores de notícias. As rádios disponibilizam telefones e as redes sociais na internet para que o ouvinte passe informações em primeira mão sobre o trânsito. Segundo o editor chefe da rádio SulAmérica trânsito Ronald Gimenez Mendo, “nunca na história do rádio os ouvintes participaram tanto da produção de conteúdo de uma emissora. É uma maneira dos ouvinte se sentirem representados na
programação. Nosso telefone toca o tempo inteiro desde a nossa primeira transmissão”. A grade de programação dessas emissoras está ligada a situação do trânsito, mas tentam não se limitar a apenas a essas informações. O objetivo dela é oferecer uma oportunidade de economia do tempo e do dinheiro que são desperdiçados pelas ruas da cidade. “Fazer as pessoas economizarem tempo no trânsito é dar algum tempo a mais na vida delas”, diz Ronald. Essas emissoras focam seu conteúdo em quem convive com o trânsito diariamente. Indo além da função tradicional de entreter, mas também de in mas também de informar, com notícias que estão em pauta, e de guiar o motoristas pelas ruas.
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Rio de Janeiro é a segunda maior cidade do país, mas conta com os melhores índices de mobilidade urbana entre as capitais. Isso não significa que os problemas de trânsito tenham sido solucionados. A cidade enfrenta décadas de problemas de locomoção e entre 2001 e 2011 houve o aumento de 32% da frota de carros, além da explosão imobiliária em algumas regiões, que aumentou a demanda por transporte. Marcos explica que a boa avaliação se deve, principalmente, a priorização do transporte coletivo na locomoção. “No Rio de Janeiro a maior parte dos deslocamentos é feito por ônibus, e eu não estou dizendo que o transporte é bom, as pessoas demoram muito tempo para chegar, faz calor, os ônibus são desconfortáveis, mas do ponto de vista de impacto para cidade, interfere muito menos que os automóveis”. Quase 50% da população carioca utiliza o
Cliclovia - Pista permanente de circulação exclusiva de bicicletas Vlts – Veículo Leve sobre Trilhos, uma alternativa para solucionar o problema da mobilidade urbana Matriz de Transportes – conjunto dos meios de circulação usados para transportar mercadorias e pessoas BRT - Sistema de ônibus de alta capacidade, operando em pista exclusiva e terminais de integração. transporta em condições de conforto e segurança grandes volumes de passageiros.
PEDALANDO...
transporte coletivo. É preciso considerar, ainda, a influência dos eventos internacionais na reorganização do trafego na cidade. Nesse ano, o Rio recebeu o Rio +20 e, agora, se prepara para receber as competições esportivas dos próximos anos, a Copa (2014) e as Olimpíadas (2016). O aumento
“No Rio de Janeiro a maior parte dos deslocamentos é feito por ônibus”
significativo do fluxo de pessoas obriga a cidade a passar por modernização em seu sistema de deslocamento e pensar em alternativas eficazes para evitar transtornos nesses períodos. O Rio de Janeiro está em fase de obras. Quatro projetos de BRT estão sendo efetuados pela prefeitura. O corredor
Transoeste (que liga Santa Cruz ao Terminal Alvorada, na Barra da Tijuca) foi inaugurado em junho desse ano. O sistema ainda sofre com o excesso de lotação, mas estima-se que quem utiliza o transporte economiza em torno de uma hora e meia no tempo de viagem. O próximo previsto para entrar em execução é o Transcarioca, que permitirá o acesso ao Aeroporto Internacional do Galeão. Os outros dois, Transbrasil e Transolímpica, ainda estão em fase de projeto. Outro plano importante é o dos VLT (veículo leve sobre trilhos), que circulará no Centro e na Região Portuária e ligará toda a área por seis linhas e 42 estações. É previsto que a primeira etapa da instalação, com quatro linhas funcionando, seja concluída em 2014. Além disso, o Rio passa por expansão das linhas de metrô e das ciclovias, e modernização dos trens urbanos.
Ciclofaixa – Pista exclusiva para bicicletas, geralmente funcionam durante finais de semana e feriados
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s bicicletas são uma opção saudável e ecologicamente correta para se locomover nas cidades. No entanto, as grandes cidades não possuem a estrutura necessária para agregar esse item a sua mobilidade urbana. Ronald jornalista da Rádio Sulamérica Trânsito e acompanha diariamente o trânsito em São Paulo não acredita na inserção das bicicletas no trânsito agora “ Os ciclistas tem que andar em um espaço segregado. Existe uma disputa por espaço e os ciclistas sempre sairão prejudicado. Uma colisão com qualquer veiculo é muito mais perigoso para quem está em cima de uma bicicleta.” Hoje as ciclovias não são uma realidade na maioria das cidades, e as ciclofaixas funcionam apenas durante feriados e finais de semana, quando o fluxo de automóveis nas ruas é bem reduzido. A tentativa de interligar estações de metrô com bicicletas, talvez seja a maneira
mais simples de introduzir um meio de transporte limpo e prático no cotidiano da população.” São Paulo tem tudo para que tivéssemos espaços para esse tipo de transporte, mas com o
passar do tempo isso vai ficando mais difícil. É preciso repensar a estrutura da cidade para permitir esse tipo de transporte. A estrutura hoje prejudica a gente e também as próximas gerações. “
Mariana Ribeiro
A
Glossário
Rádio para o trânsito ou sobre o trânsito?
RIO DE JANEIRO
O
Ong Mobilize - 2011
deverá ter 22 km e conectar o aeroporto de Congonhas ao sistema metro-ferroviário da cidade. Em fevereiro de 2011, a prefeitura de São Paulo lançou, ainda, o ambicioso Programa Ecofrota, que prevê a substituição progressiva dos combustíveis fósseis por limpos, e sua proibição total nos da cidade partir de 2018. O momento em São Paulo é de retomada de investimentos na área, após a estagnação quase 30 anos. “Você tem ações do governo do estado: novas linhas de metrô, melhorias dos trens, alguns corredores de ônibus, que vão melhorar a circulação na cidade”. Apesar do investimento, entretanto, não é hoje que veremos os resultados, “só sentiremos os efeitos reais disso daqui a 20 ou 25 anos”, completa Marcos.
Sistema Nacional de Mobilidade Urbana - conjunto organizado e coordenado dos modos de transporte, de serviços e de infraestruturas para deslocamentos de pessoas e cargas.
A cidade de Sorocaba, no interior de São Paulo, é referência nacional em ciclovias: são mais de 70km de pista.
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Junior Furlan
Daryan Dornelles
Perfil
Ana Beatriz Assam
“Ele foi um grosso, antipático”. A frase proferida pela loirinha recém-saída do camarim fazia referência ao rapper Criolo, cujo show tínhamos acabado de assistir. Eu era a próxima. Sem hesitar, entrei. Sentado em um canto, quase despercebido, estava ele. E única coisa que eu queria fazer era elogiá-lo. Mas aqueles próximos minutos na companhia dele seriam divisores de águas. Criolo está longe de ser grosso e antipático. É dono de uma sensibilidade única, de fala doce e pausada. É atencioso e, acima de tudo, incrivelmente humilde. E apesar de não lembrar em quase nada aquele que ainda há pouco estava fazendo um show tão intenso, é ainda assim o mesmo Criolo das críticas contundentes e das alfinetadas em cima do palco. Só que aqui no camarim, elas saem como tapas de luva de pelica. Não há como dizer que ele pertença a um só lugar, aqui embaixo ou lá em cima. Nos dois casos, ele se doa completamente. O que acontece é que, Criolo, assim como tantos outros artistas projetados pelo sucesso, acabou fadado ao endeusamento dos fãs. Mas ele é humano, acima de tudo. E como humano, se dá ao direito de ficar cansado depois de seus shows. Não, ele não gosta de sorrir. É preciso só um pouco de sensibilidade para entendê-lo. Talvez conhecendo sua história fique um pouco mais fácil.
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asceu há 37 anos em Santo Amaro como Kleber Cavalcante Gomes, apenas mais um dos cinco filhos de Seu Cleon, metalúrgico, e Dona Vilani, professora. Aos seis anos, mudou-se para o Grajaú, bairro da Zona Sul de São Paulo, onde morava com os pais até ano passado. Mudou-se por questões de logística, mas ainda faz referência ao bairro de 1 milhão de habitantes quando fala de “sua casa” e de suas referências musicais. Seu pai tinha o costume de ouvir vinis de artistas como Nelson Gonçalves, Agnaldo Rayol e Agnaldo Timóteo. Sua mãe cantava o tempo todo. E os vizinhos, vindos cada um de uma parte do Brasil, assim como seus pais cearenses, sempre tinham algo a acrescentar
a formação do pequeno Klebinho, como Dona Vilani o chama até hoje. Mas foi aos 11 anos que Criolo teve seu primeiro contato com aquilo que seria seu fio condutor: o rap. Na escola, ouviu um colega fazendo rimas sobre não saber se iria passar de ano. Ficou totalmente fascinado e foi atrás de conhecer mais sobre o gênero. Escreveu o primeiro rap ainda no mesmo ano, mas sua primeira apresentação em público só aconteceu 2 anos mais tarde, em uma associação do bairro. Foi nessa época também, que Criolo viveu uma de suas experiências mais marcantes. Na ocasião de sua matrícula no colegial, acompanhado da mãe, o menino questionou Dona Vilani: “E você?”
A pergunta não era sem fundamento. Criolo sabia do amor da mãe pelas letras desde pequena, quando seu único contato com elas eram através do jornal que embrulhava a carne vinda do açougue. Com medo que o sangue estragasse as palavras impressas, Vilani corria até sua casa com o embrulho. O hábito fez com que ganhasse diversos campeonatos de corrida. Mas a mãe nunca tinha terminado os estudos e o filho sabia de sua frustração. Questionou a secretária do colégio. Foi aceita e cursaram juntos, mãe e filho, os três anos do segundo grau. A experiência inusitada marcou Criolo profundamente. Nesse ponto, passou a enxergá-la não só como mãe, mas como ser humano. A admiração, que já era gran-
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de, se tornou imensa. São dela as histórias que o rapper mais gosta de contar. Após concluir o colegial, Dona Vilani ainda se formou em filosofia e pedagogia e fez duas pós-graduações. Hoje, está a frente de um café filosófico no Grajaú. Tudo isso, é motivo de muito orgulho para o filho. Ele, por outro lado, abandonou para nunca mais voltar as faculdades de artes e pedagogia. Chegou a dar aulas de arte na rede pública de ensino. Foi vendedor nas lojas Americanas, em lojas de calçados, vendedor de cocada na rua e de
roupas de porta em porta. Tudo isso, em paralelo à carreira como MC, iniciada oficialmente em 1989. Deixou então de apresentar-se como Kleber e tornou-se, a principio, Criolo Doido. O “Doido” só cairia de seu nome artístico em 2011. Segundo ele, a atitude se deve pelo fato de enxergar a palavra doido como um elogio, acreditando que ainda vai demorar para que mereça esse adjetivo. Ao longo dos anos, continuou sua militância dentro do rap, influenciado principalmente por grandes nomes dos anos 90, como Racionais
alegando que estava produzindo um artista que “ninguém botava fé.” Ironicamente, aquele que seria o álbum de despedida de Criolo, acabou se tornando seu renascimento. Com 370 mil downloads através site oficial, onde foi disponibilizado gratuitamente, o álbum foi citado incansavelmente nas listas dos melhores do ano em 2011. Elevou a carreira de Criolo a níveis inimagináveis, colocando-o em capas de revistas, recebendo diversos prêmios e protagonizando shows com ingressos esgotados por todo o Brasil. Das quase 70 canções apresentadas por Criolo a Cabral e Ganjaman, dez foram escolhidas para compor o álbum. Deixando de lado os tradicionais samplers e as batidas eletrônicas do rap, Nó na Orelha faz uso de instrumentos tradicionais e mescla diversos gêneros, como afrobeat, reggae, samba, bolero e, é claro, rap. “O rap sempre utilizou trechos de outros gêneros musicais em suas composições. O Criolo fez o contrário, levou a rua e a poesia urbana para os outros estilos”, afirma Jair dos Santos, o DJ Cortecertu, integrante do portal Central Hip Hop. Em suas dez faixas, Nó na Orelha viaja por ritmos distintos, mantendo, entretanto, sua coesão na atitude rap. Não tanto em forma,
mas em substância, através das letras e temáticas expostas, indagando questões e expressando modos de pensar. O nome do álbum, aliás, se deve a mania que o rapper tem de “incomodar” seus amigos, “alugando suas orelhas” toda vez que compõe algo novo. O reconhecimento não veio só pela mídia, mas também de seus ídolos. Caetano Veloso, parafraseado na faixa Sucrilhos, cantou com Criolo no VMB de 2011, onde o paulistano ainda levou 4 prêmios. Outros artistas como Mulatu Astake, com quem dividiu palco recentemente em Londres, e Chico Buarque também são citadas em meio as músicas de Nó na Orelha. A maior surpresa, no entanto, ficou por conta de Chico, que apresentou durante todos os shows de sua mais recente turnê, uma citação em forma de rap homenageando Criolo. Em uma das últimas músicas do espetáculo, ele responde e canta a versão que o rapper fez para Cálice, canção que Chico compôs em parceria com Gilberto Gil durante a ditadura militar. Além disso, Criolo caiu também nas graças das classes privilegiadas. Recentemente, realizou uma rápida turnê internacional, entre junho e julho desse ano, passando por Londres, Paris, Milão, Roma, Roskilde (Dinamarca), Los Angeles e Nova York.
As críticas, porém, também existem. Principalmente pelas apresentações realizadas em casas de shows e outros locais de difícil acesso popular. Alguns mais ácidos, dizem que o rapper “virou modinha”. A resposta de Criolo é simples. Para ele, o rap não sai de seu foco principal, que assim como de todas as manifestações artísticas, é fazer com que o ser humano se perceba enquanto ser humano, despido de classe, cor, gênero, arrogâncias e bens materiais. As pessoas devem ser sensíveis para criarem um diálogo com as críticas que são apresentadas e decidirem, da forma que acharem melhor, como aplicarão aquilo em suas vidas DJ Cortecertu acha perigosa a ideia de dizer que o Criolo não representa a periferia só pelo fato de agradar outros públicos. “O cara ralou muito no underground e nem sempre teve apoio dos próprios integrantes do hip-hop. Com novos produtores, ele conseguiu outra vitrine.” É o que Criolo diz em um dos versos de sua versão de Cálice: “Me chamo Criolo, o meu berço é o rap. Mas não existe fronteira para minha poesia”. A cena rap, fechada em torno de si mesma nos últimos 15 anos, não poderia ter melhor representante para sua nova, e mais acessível, fase.
Laís Aranha
Arquivo pessoal Luiz Maximiano
Mãe e filho na formatura do 3º colegial em 1992 (acima); e em foto mais atual, no colégio onde ela dá aulas
MCs, Facção Central, Sabotage e DMN, os dois últimos citados em seu mais recente trabalho. Sua primeira canção só surgiria aos 25 anos. Mesmo assim, “Ainda Há Tempo”, seu primeiro registro em estúdio, datado de 2006, traz apenas uma canção: Aprendiz. O álbum vendeu a tiragem única de mil cópias em um mês. Foi também em 2006 que criou, junto com o companheiro de longa data Cassiano Vila, o DJ Dandan, a Rinha dos MCs, evento com disputas de batalhas de freestyle (improvisação). A iniciativa louvável surgiu exatamente por conta da dificuldade que Criolo tem em fazer freestyle e de sua admiração por aqueles que o fazem. O rapper Emicida, por exemplo, um dos mais famosos do gênero atualmente, surgiu na Rinha. Há cerca de quatro anos, no entanto, Criolo resolveu encerrar sua carreira como artista. Até aquele momento, já somava 20 anos de carreira. Questionava sua contribuição para o rap, alegando que outras pessoas muito boas estariam “dando conta do recado”. Em comemoração, gravou um DVD ao vivo, durante show na Rinha dos MCs, o Criolo Doido Live in SP, lançado em 2010. Um amigo, porém, tentando convencê-lo a não parar, daria uma sugestão: gravar aquelas “outras coisas” que Criolo vinha fazendo. Já fazia 10 anos que ele vinha trabalhando com outros gêneros. Essa faceta – fruto daquilo que ouvia na infância – no entanto, permanecia escondida. O mesmo amigo, Ricardo Costa, integrante da Matilha Cultural, o apresentou aos músicos e produtores Marcelo Cabral e Daniel Ganjaman. Dessa parceira, surgiu o disco Nó na Orelha, lançado em 2011. Meses antes do lançamento, Ganjaman publicaria em seu Twitter um trecho de uma das canções do álbum,
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We love Rock’n’Roll! A sensualidade da mulher com a força do rock. Direto da redação, para o recheio da revista, Ana Beatriz Assam é o nosso primeiro presente para você, leitor. O acorde da guitarra soará ainda mais interessante depois desse ensaio. Da redação
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Fotos Diogo Zacarias Figurino Miscel창nea e Acervo Pessoal
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Ana Beatriz Assam
Acendendo a discussão Projeto de lei uruguaio e alto valor lucrativo da droga reacendem assunto visto como tabu há mais de 40 anos Ana Beatriz Assam e Vinícius Garcia
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país platino estaria interessado em se beneficiar do turismo de narcotráfico. Para isso, o governo federal promete plantar cerca de 150 hectares de maconha para os 75,5 mil usuários declarados do país. O que resultaria em 28 mil quilos de maconha por ano. O problema é que o país não tem tradição agrícola e seu território está totalmente situado no clima temperado, território apropriado à apenas algumas espécies de maconha, como a Cannabis Indica.
O jornalista João Marcelo Oliveira da Silva, coordenador da campanha “É preciso mudar?”, elogia o Uruguai e afirma que “a política de drogas no país é há anos mais avançada que a do Brasil”. João Marcelo dá continuidade ao seu pensamento ao dizer que “hoje descriminalizar é chamar a atenção da sociedade para o efeito devastador provocado por 50 anos de guerra (desde a convenção Única sobre Entorpecentes que
delimitou as políticas de combate às drogas). É um primeiro passo importante e que precisa ser feito de forma sólida”. Já Emílio Nabas Figueiredo, consultor jurídico do fórum brasileiro Growroom, comunidade virtual de cultivadores da cannabis para uso próprio, afirma que “Brasil e Uruguai possuem realidades diferentes pelo tamanho de território e população”. Emílio finaliza expondo que “o papel do Estado deve ser de regulamentar e fiscalizar, criando meios para o acesso seguro lícito. Esses meios podem ser o cultivo doméstico para o cultivo compartilhado, ou o cultivo para fins comerciais e até para consumo próprio”. E é justamente o cultivo doméstico um dos pontos criticados da proposta de José Mujica. Apoiadores da legalização propõem a unificação de dois projetos que estão tramitando pelo Congresso: um que regulamenta o plantio da droga e outro que cria clubes, registrados em cartório, destinados à venda para consumo. Se o projeto já sofre algumas ressalvas dos favoráveis à legalização, a situação piora quando o assunto é abordado pela oposição. Baseados em uma lei antifumo de 2006 semelhante à aplicada no estado de São Paulo, os
Legalização: Neste cenário, a maconha seria um produto de uso comum, assim como o álcool e o cigarro, sem regras rígidas para venda e consumo. Apesar de ser o termo mais usado para tratar do assunto, não existe país no mundo em que a droga seja totalmente legalizada.
Regulamentação: Dentro desta hipótese, o Estado impõe regras para o consumo e fornecimento do produto. Nesse caso, a maconha é tolerada, não liberada. É o que acontece na Holanda, onde ao contrário do que muitos pensam, não se pode usar a droga livremente nas ruas.
Descriminalização: Como a própria palavra já indica, descriminalizar é deixar de considerar como crime. No caso da maconha, cabe ao Estado determinar o que será descriminalizado. No Brasil, a campanha “É Preciso Mudar” propõe a descriminalização do consumo de drogas.
do Estado “ O papel deve ser de
regulamentar e fiscalizar, criando meios para o acesso seguro lícito
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Legalizar, regulamentar ou descriminalizar?
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oposicionistas veem uma certa contradição em legalizar uma droga em que o uso mais comum é através do fumo. E o povo também enxergou essa contradição. Em recente pesquisa, 60% da população se mostrou contra a legalização da droga. A jornalista uruguaia Estefania Rodriguez comenta que não sabe “até onde vai chegar a pressão da população contra a proposta” e cita um caso em que o apelo da sociedade não foi atendido: “Tivemos uma experiência aqui no Uruguai de um caso onde a população votou a favor da legalização do aborto e o nosso presidente não respeitou a decisão do povo. Assim o projeto foi vetado pelo governo. Talvez possa acontecer o mesmo. O Uruguai diz que é um país democrático e que é o povo que tem que decidir, mas na prática acaba não sendo assim”. Se fumar tabaco em ambientes fechados e em local de trabalho público ou privado chega a ser impugnável, o consumo de maconha, mesmo não considerado crime, é de certa forma escondido pelos usuários. “O consumo de maconha aqui no Uruguai é bem normal principalmente em relação aos jovens. Mas ainda assim é um assunto complexo porque ninguém diz que fuma para os pais ou à família. Não é uma prática que seja comum na rua. Porém no verão é fácil de ver pessoas fumando em zonas onde só jovens vão pra à praia”, explica Estefania.
A mobilização da economia Considerado como uma das maiores fontes de recurso, o tráfico de drogas movimenta hoje mais de 400 bilhões de dó-
Vinícius Garcia
N
os últimos dois meses o tema maconha se tornou um dos assuntos mais pautados pelos governos sul-americanos. Embalado pelo Uruguai, o Chile entrou na discussão internacional da política de drogas ao expor um projeto de lei de dois senadores que sugerem a permissão do cultivo domiciliar da maconha para consumo e para fins terapêuticos. Já o governo argentino descriminalizou o porte de pequenas quantidades para consumo pessoal. No caso específico do Uruguai, o presidente José Mujica, do partido Frente Ampla, propôs a estatização da produção e da distribuição da droga. A medida faz parte de uma série de 16 projetos que visam diminuir o consumo e o tráfico de pasta base de cocaína, adquirida através do mesmo traficante que comercializa maconha. Com o projeto, Mujica deseja também acabar com a contradição da lei uruguaia que descriminaliza o consumo, mas proíbe a compra e a venda. Caso seja aprovado, o projeto prevê a disponibilização de 30 a 40 gramas mensais de maconha para usuários uruguaios previamente inscritos em uma lista de consumidores, o que põe fim às especulações de que o
Ex-deputado federal, Fernando Gabeira é defensor de longa data da descriminalização
lares ao redor do mundo. A maconha, a droga mais consumida do planeta, ajuda a movimentar esse comércio paralelo com um mercado consumidor de 119 milhões a 224 milhões de pessoas. Em um estudo realizado nos Estados Unidos, concluiu-se que uma possível legalização da maconha poderia render 47 bilhões de dólares em impostos em apenas um ano. Pesquisadores e até jornalistas cogitam que a legalização poderia salvar a economia norte-americana. “Se nós pensarmos na liberação do governo atuar como agente mediador e regulador, naturalmente a droga vai ser uma fonte de receita adicional, posto que o tráfico tem uma das maiores arrecadações. De um lado teríamos um aumento da arrecadação do governo com a carga tributária indireta, aquela que tem conceito de imposto indireto, como ICMS, PIS, COFFINS. Por outro lado, dependendo da disseminação da droga, isso poderia ter efeitos colaterais como uma maior dependência dos institutos de saúde”, explica o
economista Reinaldo Cafeo. Cafeo ainda salienta que a “dependência dos institutos de saúde levaria a custos a médio e longo prazo” que, de acordo com o “grau de utilização”, “poderiam criar problemas do ponto de vista comportamental e das estruturas familiares”. Estipulando uma relação entre maconha e economia talvez a primeira palavra que nos vem à cabeça seja tráfico. E é no combate ao tráfico que o governo federal encontra dificuldades e assume gastos exorbitantes. Isso porque é necessário todo um aparato de fiscalização, além de despesas com processos judiciais e prisões. Tomando novamente os Estados Unidos como exemplo, o governo norte-americano gastou no ano de 2009 cerca de 70 bilhões de dólares na repreensão ao tráfico. Fernando Gabeira, jornalista e ex-deputado federal, comenta o assunto. “É muito difícil planejar isso (a legalização da maconha) agora, mas evidentemente que uma das possíveis economias é no campo da segurança. Você te-
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Vinicius Garcia Vinícius Garcia
ria menos necessidade de mover um aparato de segurança tão grande. E um dos eventuais custos são relativos à saúde. Com relação aos impostos, o máximo que eles podem fazer é garantir que os custos com saúde sejam atenuados, mas ainda não temos pressupostos para isso”, afirma Gabeira. Enquanto isso, no Brasil
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As discussões em torno da legalização da maconha estão cada vez mais acesas. E não estamos falando aqui só sobre a Marcha da Maconha, espécie de passeata favorável a legalização da droga que ocorre anualmente em diversas localidades do
mundo e nos últimos anos tem se mostrado forte no Brasil. No mês de setembro, a Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia (CBDD), comissão composta por personalidades de diversos setores da sociedade brasileira, entregou ao presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, um anteprojeto de lei que propõe a descriminalização do usuário de drogas no país. Em discussão desde 2009, o projeto do deputado Paulo Ferreira (PT), membro da comissão, conta com o apoio da campanha “Lei das Drogas: É Preciso Mudar”, lançada em julho desde ano em uma parceria da CBDD com a ONG Viva Rio.
Baseada na Lei 11.343 de 23 de agosto de 2006, a Lei das Drogas, a atual política de drogas do Brasil tem sido duramente criticada nos últimos anos. De acordo com a lei, o consumo incide em adquirir, guardar, ter em depósito, transportar ou trazer consigo, para consumo pessoal, pequenas quantidades da maconha. Já o tráfico consiste em importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, em quantidades mais significativas. No primeiro caso, apesar de
não existir mais a pena de prisão desde 2006, aquele considerado como usuário ainda está sujeito a processos, advertência, prestação de serviços à comunidade, ou multa. Se a apreensão for considerada como tráfico, a pena é de cinco a quinze anos de prisão e pagamento de 500 a 1500 dias-multa. O que diferencia usuário de traficante, basicamente, é a quantidade de droga apreendida. No entanto, a lei não define a quantidade que diferenciaria o consumo próprio do tráfico, cabendo a determinação as autoridades policiais ou de primeira instância. “Como a quantidade na hora da ocorrência não importa, isso
permite que a autoridade policial defina se isso é ou não tráfico e passe para frente. E quem se atinge mais uma vez são os pobres, porque quem tem recursos pode levar seu advogado lá e resolver isso na hora”, afirma o sociólogo Pedro Bodê. Outro ponto discutido da Lei das Drogas é o fato de não ser permitido que os acusados por tráfico respondam ao processo em liberdade. Dessa forma, mesmo os usuários acusados “injustamente” devem permanecer presos durante o julgamento. Segundo dados da campanha “É Preciso Mudar”, desde que a legislação atual está em vigor no país, o número de presos por crimes
relacionados a drogas dobrou. A base do novo projeto de lei, no entanto, não é só estabelecer critérios dentro da Lei das Drogas que possibilitem uma diferenciação clara entre usuário e traficante. “Sugerimos mudanças no artigo 28, visando criar critérios mais objetivos para diferenciar usuários de traficantes e mudanças no artigo 40, que hoje impossibilita aguardar em liberdade o julgamento quando acusado por crimes ligados às drogas”, afirma o coordenador da campanha, João Marcelo Oliveira da Silva. De acordo com João Marcelo, o uso das drogas continuaria proibido como é hoje, mas não seria mais crime. Assim, os depen-
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Com isso, o país não só conseguiu reduzir sua população carcerária e de todo o sistema judiciário, como permitiu que sua polícia concentrasse esforços nas investigações aos verdadeiros criminosos. “O investimento para manter um dependente químico preso é maior que o custo para tratá-lo. Além disso, é menos eficiente, pois o sistema prisional não recupera casos de dependência e não consegue impedir que os detentos tenham acesso às drogas”, completa João Marcelo. Com a expectativa de alcan-
çar o apoio da opinião pública e recolher um milhão de assi naturas, a campanha já conseguiu 125 mil simpatizantes apenas em sua petição online. João Marcelo conta que a ideia é ganhar as ruas de todo o país recolhendo assinaturas em um momento pós-eleições. Apesar de contar com número expressivo de assinaturas, a iniciativa da campanha não
der a manutenção da proibição com a mera descriminalização. “Na visão do Growroom a campanha tem muita parcimônia, e não contempla as necessidades dos usuários e cultivadores do Brasil, pois apenas descriminalizar não garante o acesso seguro aos usuários e não prevê meios lícitos de cultivo para consumo próprio”,
The Economist / UNODC
dentes deixariam de ser “caso de polícia” e passariam a ser um problema de saúde pública. O coordenador da campanha também afirma que o proposto pelo projeto de lei segue, em grande parte, o exemplo de sucesso do atual modelo político de Portugal, adotado há 10 anos. Ao ser tratado como um problema da saúde pública, o usuário pode ser encaminhado para penas alternativas, sem passar pelo sistema prisional.
agrada a comunidade pró-legalização como um todo. Muitos dos usuários do Growroom, por exemplo, tem se manifestado contrários a campanha. Para o grupo, além de ser um primeiro passo para a mudança, a campanha “É Preciso Mudar” também tem pontos positivos, como partir de setores sociais até então omissos na questão da criminalização das drogas. Há ainda a ampla divulgação em meios de comunicação que difunde o debate na sociedade. Contudo, existem os aspectos negativos, principalmente no que se refere ao fato da campanha defen-
atesta o consultor jurídico do Growroom, Emilio Nabas. De acordo com Emílio, ao proibir o consumo da droga, o Estado abre mão do controle sobre o ciclo socioeconômico da maconha, e ao criminalizar deflagra “uma verdadeira guerra civil”. Por conta disso, o grupo propõe ao Estado a regulamentação em alternativa à proibição, tirando o monopólio sobre o produto das mãos do mercado negro. Essa regulamentação presume a descriminalização do consumo, porte, cultivo, distribuição, comércio e industrialização da planta do gênero cannabis, “com clara previsão de acesso seguro nos termos
da lei, de forma análoga ao que hoje é feito com álcool e tabaco”. Com uma regulamentação bem elaborada, o Growroom acredita que seria possível verter os benefícios econômicos do mercado lícito de planta para as comunidades que hoje têm no comércio ilícito parte de sua fonte de capital. ”A mudança no Brasil será proporcional a coerência social e eficiência da Lei que regulamentar a maconha. Isso significa que o legislador deve perceber que estará criando uma nova economia e, portanto deve ir além do mero lucro, considerando paradigmas atuais como da responsabilidade social e sustentabilidade”, observa Emílio. Além disso, o grupo ainda enfatiza as infinitas vantagens econômicas advindas do uso industrial da cannabis e as novas descobertas de seu uso medicinal, ambos aspectos que podem ser ampliados com a evolução tecnológica. Independente de qualquer assinatura ou regularização, João Marcelo acredita que a campanha “É Preciso Mudar” já conseguiu uma vitória muito importante: colocar o assunto da pauta da sociedade. Segundo ele, o tema drogas sempre foi tratado com mitos, tabus e falta de informação. Dessa maneira, discutir alternativas de forma responsável, com dados e propostas eficientes é um excelente caminho para que a sociedade brasileira encontre o melhor caminho para resolver essas demandas. “É uma questão de verificar se a sociedade está disposta a aceitar, legalmente, os desafios que o consumo legal de maconha traria”, acredita o advogado Fernando Zimmerman.
Maconha no mundo Holanda Ao contrário do que pensa a maioria das pessoas, o consumo de maconha na Holanda não é legalizado, mas sim tolerado e regulamentado. O consumo em locais públicos, assim como as plantações, é expressamente proibido e de acordo com as leis, cada pessoa pode cultivar no máximo 5 plantas por vez e portar até 5 gramas de maconha ou haxixe. São bastante comuns, no entanto, os coffeshops, estabelecimentos onde a venda da droga para consumo pessoal é tolerada pelas autoridades locais. Além disso, o uso e a venda de outros produtos feitos com a planta do gênero cannabis e substâncias similares, assim como de aparelhos destinados a utilização da droga, também é permitido dentro destes locais. “O que acontece é que, para conseguir fornecer o bastante para seus clientes, os coffeshops têm fornecedores ilegais, o que contribui com o crime organizado”,explicaJoséHenriquevanAmson,brasileiroquemoraa14anosnaHolanda. Segundo van Amson, para resolver a situação, algumas coligações políticas do Parlamento holandês teriam sugerido a criação de plantações organizadas e geridas pelo governo. Assim, seria possível manter o controle não só sobre o fornecimento, mas também sobre a qualidade da droga, ao mesmo tempo que haveria um corte em grande parte do lucro das organizações criminosas. Na esteira deste movimento, recente decisão do atual governo holandês proíbe a entrada de turistas em coffeshops. A medida, que entrará em vigor em janeiro de 2013, procura combater o chamado “turismo de drogas”. Ainda de acordo com van Amson, a criminalidade tem aumentado em grande número nas cidades holandesas próximas as fronteiras do país, já que muitos turistas de países vizinhos, como a Alemanha e a Bélgica, entram na Holanda apenas para usar drogas. Por conta disso, a nova lei será implantada primeiro na fronteira do sul do país, nas províncias de Limburg, Noord Brabant e Zeeland, ainda no fim deste ano.
Estados Unidos
Dos 50 estados norte-americanos, 17 liberam a maconha para uso medicinal e em outros sete a legislação vigente ainda apresenta pendências. A disputa entre governo federal e estadual é de longa data e se intensificou no ano de 1996: ano em que a Califórnia, estado mais rico e populoso dos Estados Unidos, legalizou a maconha para fins medicinais, fato que influenciou os demais estados a tomarem a mesma medida. Mas foi a partir de outubro do ano passado que as autoridades federais decidiram realmente agir. Uma série de prisões foram decretadas na Califórnia e, no mês passado, o governo ordenou o fechamento de 71 dispensários (lojas que comercializam maconha medicinal) na cidade de Los Angeles. Ao todo, já passa de 600 o número de dispensários proibidos em todo o estado. O antropólogo e sociólogo, Pedro Rodolfo Bodê, explica o caso. “Pegando o caso da Califórnia nos Estados Unidos, em que os mais otimistas veem como um passo (a legalização a maconha) e os menos otimistas dizem que é inevitável, a maconha é um dos primeiros produtos geradores de riqueza. É regulado, se paga imposto e não existe registro de aumento de criminalidade. Pelo contrário. Lá se resolveu por via do tratamento médico, todas as pessoas que utilizam, usam como tratamento médico, mas todo mundo que quer consegue o acesso à substância”, afirma Bodê. O governo federal justifica que a ação contra a droga se deve ao aumento do número de jovens que fazem uso do produto para fins recreativos. Em contrapartida, em estudo realizado por três economistas americanos concluiu-se que não há evidências entre a legalização da maconha para fins medicinais e o aumento do vício em adolescentes. 43
Editora Peixes/Embratur
Macarronada na Itália, escargot na França e paella na Espanha é fácil de encontrar – e de engolir. Mas que tal uma sopa de crocodilo na Tailândia ou macaco defumado no Congo? Seja seu estômago sensível ou feito de pedra, hoje a tendência turística é viajar para comer. Esse tipo de turismo vem se desenvolvendo na última década. Hoje, existem agências de viagens que oferecem pacotes especiais, com tours para conhecer a fabricação de vinhos, cervejas, doces, massas e outras delícias ao redor do mundo. Há também viagens com reservas antecipadíssimas para restaurantes classificados no Guia Michelin, ou então cursos de culinária nos quais é possível aprender as técnicas de chefs renomados ou antigas receitas de família. Dá até para comparecer a festivais gastronômicos e passar o dia degustando especiarias. Em todos os casos, os clientes buscam apreender, através do paladar, a personalidade de cada cidade visitada, mesclando a experiência da alimentação às tantas outras atividades turísticas.
Pra viagem Amanda Tavares e Marcela Busch
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“O turismo gastronômico está relacionado com muito mais do que apenas o ato de comer. É a busca do contato com um tipo de cultura que liga os hábitos alimentares, os ingredientes disponíveis em um lugar e os saberes culinários da comunidade visitada”, explica Ernani Coelho Neto, doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas. Para ele, um cardápio variado e bem desenvolvido pode ser tão atrativo quanto uma bela praia ou um parque de diversões. “Uma gastronomia desenvolvida tende a ser um complemento que enriquece a estadia do turista e afeta positivamente sua satisfação”, analisa. Apesar do constante crescimento do setor, o público que viaja com o objetivo de se alimentar bem ainda é seleto. No Brasil, esses viajantes são, em grande parte, mais velhos e possuem renda mais elevada que o turista médio – no geral, pessoas que possuem vontade, paciência, tempo e dinheiro para desfrutar e experimentar novos pratos. Essa tendência, contudo, deve mudar nos próximos anos com a crescente popularização de programas de televisão
e publicações sobre o assunto. Bons exemplos são o programa “Sem Reservas”, apresentado pelo chef Anthony Bourdain e exibido no canal a cabo TLC, ou o “Diário do Olivier”, que mostra as experiências gastronômicas do também chef Olivier Anquier no canal GNT.
DESTINOS DELICIOSOS
Mas para onde viajar? Entre os principais destinos, França e Espanha são grandes líderes internacionais – em grande parte, devido à sua ótima infraestrutura e à própria gastronomia. “Os países que tiveram sucesso na empreitada se beneficiaram, em primeiro lugar, do papel central que a comida e as tradições culinárias têm na vida de seus povos. Se as práticas e saberes não são ‘vivos’ entre os nacionais, dificilmente serão propagadas para os estrangeiros”, explica Ernani. Para sentir o tão desejado gostinho nacional, muitos chefs aconselham os turistas a acompanhar refeições de habitantes locais. Quando isso não é possível, o importante é se informar e sair para passear! “A cada novo lugar que vamos, sempre
pesquisamos antes os ingredientes locais, os pratos típicos, o que outras pessoas recomendam experimentar e, com isso em mãos, procuramos por esses itens enquanto passeamos. Gostamos mesmo de andar e explorar os lugares, já que muitas vezes a comida de rua ou dos bairros menos turísticos são as que mais nos surpreendem”, comentam Débora Cheruti, designer, e Fernando Salles, jornalista, donos do blog “Brincando de Chef” (brincandodechef.com. br). Para Nina Moori, do blog “Gourmandise” (gourmandisebrasil.com), o interesse pela gastronomia é inerente ao ser humano: “É algo natural para qualquer pessoa. Comer é uma atividade diária desde que nascemos. Prestar um pouco mais de atenção neste hábito diário é muito mais natural que se interessar por medicina, engenharia, economia, publicidade ou direito. A partir do momento que observamos com maior interesse o que comemos e bebemos, o caminho é bastante simples, até por se tratar de algo prazeroso”. Seu blog traz receitas e também conta experiências de viagens e
Viajar é uma das melhores formas de entretenimento. Acrescente grandes restaurantes e comidinhas de rua para dar sabor. Sal a gosto. 45
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www.apple.com
Débora Cheruti e Fernando Salles/Brincando de Chef
das delícias provadas em cada uma delas. “Já viajamos muito e o próximo país da lista é o Japão. Somos descendentes de japoneses e nos interessamos muito pela cultura oriental, tão diferenciada. A gastronomia tradicional japonesa se modernizou muito”, completa Nina. As viagens gastronômicas não apenas proporcionam experiências diferenciadas, mas também experiência profissional. É o caso de Mayra Abucham, personal chef do site “Dedo de Moça” (dedodemoca.net). Engenheira de alimentos, aproveitou a ida do namorado a Nova Iorque para fazer um curso de gastronomia. “Ir para o exterior para estudar culinária tem a vantagem do tempo que dedicamos: me empenhei 100%, já que fui pra lá com esse intuito”, diz Mayra. Ela ainda ressalta que qualquer viagem pode ser gastronômica: “Eu diria que quem gosta de comer bem o faz em qualquer lugar. Em sua casa, diariamente, e quando viaja. É impossível separar... Os interesses sempre ‘acompanham’ a pessoa. Turismo gastronômico não é apenas frequentar os melhores restaurantes do lugar,
A tecnologia não para
e sim, conhecer como os locais se alimentam, visitando feiras livres, mercados e restaurantes frequentados pelos moradores”. Ana D’Andréa, professora aposentada, embarcou para a Argentina em uma viagem gastronômica um pouco diferente: ela e seu marido, Geraldo, foram atrás dos famosos vinhedos das planícies argentinas. “Nós já fazíamos parte de um grupo de degustadores de vinho. Um dos participantes sugeriu um roteiro enogastronômico. Não pensamos duas vezes antes de topar”, comenta. A viagem englobou visitas aos produtores de vinhos mais conhecidos da Argentina. “Nós já havíamos feito várias viagens para a degustação de vinhos, mas essa foi nossa primeira vez fora do país. Inesquecível”, completa Ana. As opções de turismo gastronômico são muitas. Mesmo que você não tenha mudado de ideia sobre o prato de macaco defumado do Congo, ou sobre insetos do Oriente, é possível estabelecer um roteiro que se encaixe nos seus gostos, seja com garfo e faca, hashis ou mesmo com as mãos. Boa viagem e bom apetite!
Rapidez na inovação tecnológica leva à busca desenfreada por produtos mais avançados e gera prejuízos a consumidores e empresas
Luiz Felipe Barbiéri
A
tecnologia está em constante atualização. São inúmeros os novos aparelhos celulares, notebooks e aplicativos, que inundam o mercado em curtos períodos de tempo. A partir do momento que uma nova tecnologia entra em circulação, a outra já está obsoleta, o que requer do profissional constantes investimentos nos estudos. Nesta área, é fundamental estar atento às mudanças e, principalmente, a novos conhecimentos. O segmento de Tecnologia da Informação (TI), que reúne as áreas de informática, telecomunicações e Internet, está crescendo mais rápido do que se imaginava. Os profissionais dessa área precisam estar constantemente atualizados. O nascimento de uma nova tecnologia e o lançamento de modelos mais avançados de aparelhos como computadores, celulares, máquinas fotográficas entre outros, originam uma “corrida pela atualização”.
O volume de vendas de dispositivos lançados pela Apple é um exemplo disso. O iPhone 5 chegou às lojas de 36 países no dia 17 de setembro, e em menos de 24h as vendas atingiram o patamar de dois milhões de unidades. É o dispositivo eletrônico com vendas mais rápidas da história. O seu antecessor, o iPhone 4s, detinha o recorde de maior volume de vendas em apenas um dia com um milhão de unidades vendidas no seu lançamento. Um pouco menos empolgante, mas com números que também chamam a atenção e elucidam essa busca constante pela atualização está o iPad. O computador de mão alcançou um milhão de unidades vendidas em 28 dias após seu lançamento nos Estados Unidos, menos da metade do tempo dos 74 dias que o iPhone 1 levou para chegar a esse patamar.
Segundo o sociólogo e professor da Universidade Estadual Paulista, Murilo César Soares, a procura desenfreada pelo que há de mais moderno no mercado faz parte da história do capitalismo. “A busca pelo novo é puxada pelas constantes atualizações das empresas, que querem vender cada vez mais. Esse estímulo é típico do capitalismo”, explica o professor, que acrescenta. “O que diferencia o setor como o tecnológico de uma área como a moda, é que não há retorno de tecnologias já defasadas, enquanto a moda constantemente admite retomar o passado”, salienta. Mas assim como a procura diária pela vanguarda tecnológica movimenta o mercado e faz subir o giro financeiro de uma empresa, ela impõe prejuízos a usuários e proprietários devido à obsolescência de seus produtos. Em 2005, o Tribunal de 47
Justiça de São Paulo adquiriu 15 mil autenticadoras, para o desenvolvimento interno de um sistema de biometria de assinaturas eletrônicas. Foram gastos R$ 18 milhões em aparelhos que ficaram obsoletos antes mesmo de serem usados. A empresa de telefonia móvel “OI” também se enquadra num episódio na qual a tecnologia ultrapassada gera prejuízos não só à companhia, como também aos usuários. Em maio de 2011, a empresa deixou milhares de assinantes de Rondônia sem internet. Isso porque a operadora utiliza cabos de fibra óptica por toda a extensão da BR-364 no estado, cabos estes que estão sujeitos a problemas de queimadas, chuvas e obras sem aviso em fazendas e na própria estrada, tornando o serviço instável. Devido ao dinamismo dessa renovação tecnológica, cada vez mais as empresas do setor evitam trabalhar com estoques. “Hoje as empresas não se dão ao luxo de trabalhar com estoques como faziam antigamente. A atualização tecnológica é constante e automática”afirma Moisés Moreira, gerente da unidade Sul da Bauru Cel. Segundo ele, apesar da busca por novos equipamentos, ainda há uma demanda pelos antigos, de tecnologia CDMA (Code Division Multiple Acess) no caso de celulares. “Não importa a idade nem o poder aquisitivo das pessoas. Você encontra alguém de 70 anos querendo um aparelho de última geração, como também uma pessoa mais jovem buscando um celular sem grandes recursos, apenas para falar”, afirma. O despreparo para lhe dar 48
com novas tecnologias também é diferencial no momento da procura por uma nova compra. “O brasileiro ainda não está preparado para muito da tecnologia lançada. Se você fizer pesquisas por ai, vai ver que eles não estão aptos e mexer nesses novos equipamentos”, ressalta. O vendedor de celular e ferrenho consumidor de novas tecnologias, João Paulo Vendramini, dá exemplos da procura das pessoas por inovações, mas ressalta ainda a demanda por antigos equipamentos por parte da população. “Principalmente pela qualidade do sinal, o CDMA ainda é procurado. Muitos dizem que não sabem mexer nos novos modelos, que não enxergam. Mas também tem pessoas que chegam pedindo um Android, que hoje possui mais de 400 mil aplicativos para serem baixados” afirma. Hoje no Brasil, a tecnologia gera cifras assustadoras. Levando em conta somente a comercialização de tablets, no segundo trimestre de 2012, foram comercializadas 606 mil unidades, segundo a IDC, empresa que oferece serviços de inteligência de mercado, consultoria e conferências com as indústrias de Tecnologia da Informação e Comunicações. Trata-se de um recorde. A previsão é de que até dezembro o número chegue à marca de 2,6 milhões. No ranking mundial do mercado de tablets, o Brasil saltou da 17° posição em 2011, para a 11° em 2012. Hoje são comercializados no País cinco tablets, 11 desktops e 17 notebooks por minuto.
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O lançamento do iPhone 5 no último mês de setembro chamou a atenção dos seguidores da Apple. O produto foi lançado em nove países e tende a chegar em vários outros até o final deste ano – no Brasil, a previsão é que chegue até dezembro. Com poucas mudanças em relação ao modelo antecessor, o iPhone 4S, a geração 5 da grande maçã traz como grande novidade a inclusão da conexão 4G, mais rápida e potente que a atual 3G. Além disso, a tela é maior e a espessura do aparelho mais fina. Essas novidades são o suficiente para atrair milhares de consumidores pelo mundo, principalmente nos Estados Unidos, Japão e Austrália. Aqui no Brasil a situação não deve ser diferente. O principal problema nas terras tupiniquins é o preço. Enquanto a Apple lança seu novo iPhone por até US$400,00 (cerca de R$800,00), a barganha deve custar acima dos R$1.300,00 por aqui, tornando o Brasil um dos países com o
Tá Caro D+
Entenda porque pagamos mais caro nos produtos tecnológicos
Luís Morais preço mais alto do mundo. “Os preços altos dos eletrônicos aqui são referentes a uma junção de fatores”, explica o economista Leandro Kojima. “Os principais são: taxação e demanda”, completa.
TAXAS, TAXAS E MAIS TAXAS A principais taxas apontada por Leandro são o IPI e o ICMS: “Um aparelho celular, por exemplo, paga 15% de IPI (imposto que incide sobre produtos industrializados). Um videogame paga ainda mais, cerca de 50%, uma das maiores alíquotas na tabela. O ICMS, fixado por lei estadual, também representa grande ônus sobre o preço do produto: você paga algo entre 16% (RJ) e 18% (SP, MG e PR).” No caso de um iPhone em São Paulo, o preço já sobe em torno de 33%. E não para por aí. O economista explica que há outros impostos, como o PIS, o COFINS, o FGTS e o INSS. Soma-se também os impostos pagos pelo dono do estabelecimento para operar sua loja (sobre a energia
elétrica que ele consome, por exemplo). E tudo é repassado para o preço final. Outro motivo do alto preço é uma antiga lei de mercado, de que toda oferta segue uma demanda. “O brasileiro, graças à expansão do crédito, segue comprando gadgets, videogames e afins sem grande constrangimento. Como ele não vê problemas em pagar o preço que lhe é oferecido, as empresas continuam ofertando a preços muito acima da média mundial”, afirma o economista. A desculpa de que o país não tem uma fábrica produzindo o iPhone também não existe. Leandro Kojima relembra: “A Foxconn começou a produzir o iPhone no Brasil no início do ano, mas os preços do aparelho continuaram no mesmo patamar, algo em torno de R$ 2.000. O IPI foi reduzido de 15% para 3% neste caso, mas outros tipos de tributação ligados à produção passaram a ser incluídos no preço do produto, como os custos trabalhistas. É o chamado 'Custo Brasil'”. 49
Estevão Rinaldi
A BOLA, o LUCRO e a CRISE
AS DÍVIDAS Quem assiste às partidas do Campeonato Espanhol, conhecido como “Liga das Estrelas”, ou da Premier League (o Campeonato Inglês), tem a certeza de que está desfrutando do melhor futebol do mundo. A situação de crise financeira vivenciada nos
países parece passar longe de jogos do Barcelona ou do Manchester United, onde o cenário é sempre o mesmo: estádios lotados, prontos para prestigiar partidas protagonizadas pelas maiores estrelas do futebol mundial, como Messi, Cristiano Ronaldo, Iniesta e Rooney. Poucos desconfiam que esses dois poderosos do futebol mundial contabilizam dívidas estrondosas. O Manchester United, clube de maior torcida no mundo (estima-se que o número de adeptos ultrapasse 659 milhões de pessoas), é também o maior devedor entre os 30 clubes de maior faturamento no mundo: deve US$ 715 milhões (R$ 1,2 bi). Os números só pioraram desde 2008, indicando a iminente relação entre a crise econômica e a dívida. O Barcelona também surpreendeu a muitos quando, em 2011, anunciou que devia R$ 1,1 bilhão (483 milhões de euros). No mesmo período, durante a janela de transferências de agosto, o presidente do clube, Sandro Rosell, contratou o meia Cesc Fábregas, do Arsenal, por R$ 93 milhões, e desembolsou mais R$ 70 milhões para tirar o atacante Alexis Sanchez da Udinese. Os efeitos das dívidas não são, pelo
(IstoÉ)
De que maneira os clubes europeus lidam com suas finanças e se adaptam à crise econômica que assola o continente?
O
futebol é o esporte mais popular do mundo, sendo praticado de forma profissional nos mais diversos cantos do planeta. Seja na América, seja na Europa, a paixão pelo esporte bretão ultrapassa limites, levando o futebol a ser muito mais que um jogo. Tamanha popularidade e fanatismo por parte das massas não poderiam deixar de fazer do futebol, também, uma atividade dona de uma potência financeira gigantesca. Ao longo dos anos, o dito “mercado da bola” não parou de se desenvolver, resultando em uma movimentação intensa de capital. Patrocínios, grandes eventos e ações de marketing crescentes por parte dos clubes também contribuem para engordar os números. No Brasil, estima-se que o mercado futebolístico movimente, anualmente, cerca de R$ 20 Bilhões. A Europa, tradicionalmente dona de uma economia consolidada e poderosa, sempre foi o continente líder em investimentos realizados no segmento do futebol. Lá estão os grandes craques, que jogam em clubes poderosíssimos, donos de estádios modernos e participantes de ligas assistidas e vendidas
para o mundo todo. Os tempos, porém, são outros. A calmaria fugiu do velho continente a partir do momento em que a crise econômica mundial, originada nos Estados Unidos em 2008, refletiu, de maneira avassaladora, nos países da União Europeia. Os países acumulam altas dívidas, falta emprego e a solução imediata encontrada pelos governos é o corte de gastos e o aumento da arrecadação por meio de impostos. As proporções e o futuro da crise se mostram tão imprevisíveis quanto uma partida de futebol. A crise econômica na Europa está “assustando o mundo”, nas palavras do presidente estadunidense Barack Obama. Será que assusta os clubes de futebol da mesma maneira?
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menos até agora, perceptíveis dentro de campo, mas para o consultor Amir Sommogi, já surtem efeito. “Essa dívida já está prejudicando. O Barcelona, por exemplo, tem uma folha salarial gigantesca e não consegue reformar o Camp Nou (estádio do clube). Eles já tentaram antes e a crise atual obviamente impossibilita isso. O foco do clube é o investimento na base, no time principal e no marketing. Isso é fantástico. Eles faturam mais de 500 milhões de Euros por ano. Mas o clube não consegue ter um estádio top, que poderia fazê-lo faturar muito mais no futuro”. As dívidas também assolam os clubes de médio e pequeno porte. Em 2009, um estudo da Universidade de Barcelona concluiu que os times espanhois somavam, na ocasião, dívidas de 3,4 bilhões (R$ 9,7 bilhões). O mesmo estudo concluiu que esse endividamento aconteceu em virtude de diversos empréstimos bancários realizados pelos clubes, que passaram a gastar mais do que suas receitas permitiam.
CONTRASTE Se por um lado as dívidas são altas, por outro o faturamento não deixa a desejar. Uma pesquisa feita pela consultoria Deloitte revelou que, na temporada 2010/2011, os 20 clubes europeus mais ricos faturaram juntos 5,8 bilhões de dólares, apontando um crescimento de 3% em relação ao período anterior. O Barcelona, por exemplo, obteve um superávit acima da média: sua receita aumentou 13%, totalizando US$ 645 milhões. O crescimento do superávit dos clubes é um bom indicativo para se chegar à conclusão de que, em comparação com outros setores, o mercado do futebol vem sofrendo menos as consequências da crise econômica. As formas de um time obter lucro passam por rendas de bilheteria, patrocínio, marketing, programas sócio-torcedor, que concedem benefícios aos torcedores que pagam uma mensalidade ao clube, e cotas televisivas, pagas pelas emissoras aos clubes para que os mesmos concedam o direito das trans-
missões de suas partidas. O alto lucro obtido por clubes de grande porte se justifica facilmente ao se observar que seus estádios estão sempre cheios, seus patrocinadores continuam investindo e os mesmos desenvolvem ações de marketing a nível mundial, vendendo produtos licenciados e tornando seus nomes cada vez mais conhecidos e prestigiados em todo o globo. “Equipes como Barcelona e Real Madrid, por exemplo, não sofrem porque ambos não dependem mais do mercado espanhol para faturar. A globalização de seus negócios permitiu que eles ficassem de certa forma imunes aos problemas da crise financeira”, explica Somoggi. O analista também destaca que, diferente das empresas, os clubes não visam somente o lucro e, portanto, sofrem menos as consequências da crise. “O mundo dos clubes é um pouco diferente do mundo das empresas. A empresa produz. Se ela não vender, vai ter prejuízo.
No mercado do futebol, o clube vai participar de competições. Com crise ou sem crise, ele vai continuar recebendo o dinheiro das cotas de televisão. O clube é afetado, sim, mas o faturamento não vai despencar, não vai ser necessário demitir funcionários. Pode ser que isso mude no futuro, mas até esse momento a crise não vem afetando tanto os grandes clubes”. Clubes menores, por sua vez, não têm o mesmo potencial de marketing. Não vendem camisas e produtos no mundo todo, não têm um elenco recheado de craques para promover campanhas, não conseguem lotar seus pequenos estádios em todas as partidas e seus números de associados são bem mais modestos. Sendo assim, se tornam muito dependentes do dinheiro proveniente da televisão, que também é menor em comparação à quantia recebida pelos grandes.
que a chegada dos investimentos do empresário fez bem ao clube, que já ganhou 12 títulos desde então, incluindo três ligas nacionais e uma Champions League, conquistada na última temporada. Nada mal para um clube que, até 2005, era considerado médio. A chegada de nomes de peso no futebol mundial e dos consequentes títulos também transformou o Chelsea em uma potência mundial em termos de marketing e torcida. Na Inglaterra, os casos de clubes comprados ou com parte de suas ações adquiridas por esses “magnatas da bola” são vários. O próprio Manchester United é uma empresa com razão social, tendo suas ações atreladas ao empresário americano Malcolm Glazer, acionista do clube. Outro caso é do rival dos Red Devils, o Manchester City, comprado em 2007 pelo tailandês Thaksin Shinawatra, sócio-fundador da Shin Corporation,
OS MAGNATAS DA BOLA A notícia de que um clube foi comprado por um milionário não causa mais impacto nos dias atuais. A prática se tornou bastante comum, principalmente no futebol inglês, onde o conceito de clube-empresa, no qual as agremiações de futebol são tratadas como sociedades empresárias com finalidade lucrativa, é bastante forte. A partir de 2003, quando o bilionário russo Roman Abramovich comprou as ações do Chelsea por cerca de 85 milhões de euros, a prática se tornou bastante comum. Na ocasião da compra foi levantada uma polêmica discussão. Abramovich, empresário do ramo do petróleo e da aviação, era acusado de desvio e lavagem de dinheiro em seu país de origem. A torcida dos Blues não ficou contente com a venda do clube. Sete anos depois, é inegável Ian Walton / Getty Images
FC Barcelona
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Camp Nou, estádio do Barça, recebe sempre grandes públicos
Roman Abramovich: o homem que mudou a história do Chelsea (Foto: Ian Walton/Getty)
Roman Abramovich, o homem que mudou a história do Chelsea 53
Sportv
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umas das maiores empresas de telecomunicações da Tailândia. O empresério desembolsou 81,6 milhões de libra para adquirir 75% das ações do clube e se tornar o presidente. Hoje, o City é o atual campeão da Premier League e conta com jogadores com Carlitos Tevez, Kun Aguero e David Silva em seu elenco. A compra do Paris Saint Germain (PSG), da França, é recente, mas já mostra resultados. Adquirido pela Qatar Sports Investiments (QSI) por 50 milhões de euros, o time já contratou o zagueiro Thiago Silva, da seleção brasileira e o atacante suéco Zlatan Ibrahimovic, entre outros reforços de peso. Para Somoggi, clubes financiados por magnatas correm menos riscos em relação à crise financeira. “Para o magnata não tem crise. Ele tem muito dinheiro, não precisa se preocupar tanto com lucro em relação ao futebol. Enquanto ele tiver disposição para gastar, esses clubes não serão afetados”, afirma.
Apesar dessa vantagem, o analista faz uma ressalva: “Estar nas mãos de um magnata é sempre ruim. O clube passar a depender da vontade de um bilionário, e não na do torcedor e sua cultura, sua comunidade”.
REFLEXOS NO BRASIL O governo brasileiro é cauteloso ao tratar da crise europeia. A presidente Dilma afirmou que a situação “preocupa, mas não amedronta”, e que vai trabalhar para proteger a produção nacional e os empregos no país. O “pé atrás” não parece se aplicar ao mercado futebolístico nacional, que se desenvolve de forma considerável, crescendo em um ritmo superior ao próprio PIB. A crise de 2008 parece ter despertado nos clubes brasileiros a atenção para outras forma de lucro, como explica Amir Somoggi. “Todos imaginaram que a crise de 2008 seria devastadora para o mercado brasileiro. Mas, por incrível que pareça, ela nos afetou positivamente.
O primeiro efeito foi uma redução drástica da aquisição de jogadores brasileiros pelo mercado internacional, e isso afetou as finanças dos clubes daqui. Percebendo isso, os clubes brasileiros acordaram para o marketing. De uma maneira ampla, olhando para o mercado como um todo, todos os clubes vêm crescendo em cotas de TV , patrocínio, licenciamento, bilheteria e sócio-torcedor.
mundiais, a Itália é uma das grandes potências do futebol. Clubes tradicionais da “velha bota”, como Juventus, Milan e Internazionale, estão entre os maiores da Europa e do mundo. Porém, o Campeonato Italiano já não vive sua melhor fase. É só observar os elencos da competição para perceber que a “Série A” está um degrau abaixo em relação a outros campeonatos, como o Inglês e o Espanhol. A própria Inter de Milão, campeã da Champions League na temporada 2009/2010, já não conta com um super elenco e viu o cobiçado treinador português José Mourinho fazer as malas para dirigir o Real Madrid. O mesmo vale para o rival Milan, que tem apostado em jogadores jovens em vez de nomes consagrados. Até que ponto a crise tem influência na queda do futebol italiano? Somoggi acredita que diversos outros fatores já conITÁLIA: UM CASO À PARTE tribuíram, antes, para que isso País dono de quatro títulos acontecesse, e que o futebol
“Os clubes brasileiros dependem muito do dinheiro da TV. Ainda estamos mais frágeis em relação aos europeus”
Ainda está lento, mas está bem melhor do que há 5 anos. A crise acabou contribuindo por linhas tortas com o mercado nacional”, afirma. Fatores como o retorno de
italiano merece uma análise particular. “É um futebol que já foi o maior da Europa em termos de importância. Na década de 90, tinha muita projeção internacional, grandes jogadores e equipes. Veio uma baixa na qualidade da competição, que entrou em crise técnica. A estrutura do futebol italiano ficou para trás. Estádios obsoletos, dependência extrema do dinheiro da televisão e poucos clubes realmente competitivos”. O analista também ressalta que outro problema no caminho é que o maior clube italiano, a Juventus, foi pega em uma fraude com manipulação de resultados em 2006. “Isso afetou muito a credibilidade da competição. E claro, de 2008 pra cá veio a crise, que aprofundou ainda mais o problema. O futebol italiano não consegue, hoje, alcançar o inglês, porque houve falhas no passado e a crise atual minimiza o potencial de crescimento”, explica.
BDO RCS
Seedorf e Forlán: dois gringos “de peso” no futebol brasileiro
jogadores renomados ao fute-bol nacional, como Ronaldo Fenômeno e Ronaldinho Gaúcho, a vinda de estrelas estrangeiras, como o uruguaio Diogo Forlán e o holandês Clarence Seedorf, além da permanência de Neymar, também chamaram as atenções do mundo para o Campeonato Brasileiro, que demonstra se fortalecer a cada ano. Mesmo com essa evolução, Somoggi acredita que o futebol brasileiro está ainda bem aquém de seu potencial. “Houve um salto no faturamento dos clubes de 2003 a 2007, e de 2007 para 2011 ocorreu um outro ainda maior, mas existe ainda uma grande dependência das cotas da televisão. É bom, mas é pouco”, defende, e completa: “Em um viés de crise, os clubes brasileiros estariam mais frágeis que os europeus”.
Amir Somoggi acredita que os clubes brasileiros ainda têm muito a crescer 55
P ker face
Esqueça os mafiosos e seus charutos debaixo de luzes incandescentes: o pôquer hoje é profissional. E um negócio lucrativo.
Vinícius Garcia
Marcela Busch
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riple aces, straight flush, royal straight flush... Se você não está familiarizado com esses termos, com certeza nunca jogou uma partida de pôquer. Não se sabe muito bem onde surgiu o pôquer e nem porque o jogo recebeu esse nome. Alguns dizem que foi na China, no século X; outros afirmam que o jogo foi levado da França para Nova Orleans, nos Estados Unidos, e que foi lá que tomou forma e proporções que conhecemos hoje. Sua popularização nos estados do Texas – que nomeia modalidade mais praticada do pôquer – e de Nevada (onde se situa Las Vegas) disseminou o
GLOSSÁRIO
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All-in: aposta todas as fichas que você tem. Isso acontece quando você não possui fichas a
jogo pelo mundo. Os jogos presenciais ainda são muito comuns pelo mundo afora, inclusive no Brasil. Porém, as disputas online tomaram o público. Fernando Merlin costumava ser um universitário comum, até começar a apostar online: “quando comecei a perceber que podia me manter através do pôquer, decidi fazer isso da vida”. Fernando conta que começou no colegial, com os amigos, sempre apostando baixos valores, entre R$ 1,00 e R$ 2,00. Mais tarde, já na faculdade, começou a jogar online, sem apostar, e gostou. Enquanto o curso que fazia não lhe agradava, Fer-
altura do pote, mas quer continuar no jogo ou como blefe. Blefar: apostar ou aumentar uma aposta com uma mão baixa.
nando começou a apostar nos jogos na rede. E começou a fazer dinheiro. Daí pra perceber que o lucro do pôquer seria suficiente para que se sustentasse sem ter que continuar a estudar algo que não gostava foi apenas o tempo de um blefe. “Pôquer é minha forma de sustento. Encaro isso como profissão”. Se ele se vê fazendo alguma outra coisa? “Não. Sou um profissional, e pretendo continuar me mantendo através disso”. Assim como Fernando, outros milhares de pessoas preferem apostar online. Lucas Santos também joga na rede, embora não por dinheiro e sim por diversão. Daniel diz que faz
Buy-in: quantidade inicial de dinheiro que o apostador tem que depositar no pote para participar daquela mesa. Check: passar a vez.
bem pra mente: “o senso de estratégia aguça muito quando jogamos pôquer. Pensar nas mãos das outras pessoas, no que pode ser blefe e no que é real... É um jogo de atenção, não de azar”. De fato, em 2010, a Associação Internacional de Esportes da Mente (IMSA na sigla em inglês) selou o pôquer como um esporte da mente, e não de azar (o Ministério de Esportes do Brasil fez o mesmo reconhecimento em fevereiro deste ano). Dentre os requisitos para jogar bem estão estratégia, inteligência e habilidade cognitiva. Daniel Lessa, diretor de marketing do site de jogos online Jogatina.com (www.jogatina. com) diz que o boom do pôquer online começou em 1999, com as micro câmeras instaladas nas cartas de jogos presenciais, que proporcionavam a plateia uma visão da “mão” dos jogadores. Logo depois, os jogos televisionados pela ESPN começaram a atrair mais interessados, o que atraiu diversos patrocinadores e criou profissionais. O universo do pôquer – que antes era malvisto pela sociedade, que o associava aos vilões do cinema – agora era moda. A cartada final para a explosão da modalidade online veio com a criação dos sites de jogos, onde qualquer um, de qualquer idade e em qualquer lugar do mundo podia se cadastrar e jogar pôquer à vontade. “No Jogatina não há aposta de dinheiro real. Isso nos trouxe diversos tipos de jogadores, desde o iniciante ao especialista, do médico ao estudante”, diz Daniel. “Além disso,
Cartas fechadas (face down): cartas viradas para baixo, que não são visíveis aos jogadores. Cartas abertas (face up): o oposto de face down.
os jogadores podem interagir entre si, pois temos o sistema de perfil de jogadores. Nessas páginas, você pode adicionar informações pessoais e conversar em chats nas salas de jogos”, complementa. Reconhecer o pôquer como um esporte é inevitável. Existem profissionais, amadores e clubes espalhados por todo o país (e fora dele, claro). Você já deu all in alguma vez?
A A HIERA R Saiba QUIA DAS M quand ÃOS aposta o aumentar . Ou b a lefar.
Roy alta po al flush: ssível mesm – 10, J, Q, K, o A do Straig naipe. cinco c h t flush artas s : eguida s do m esmo n Q uadr quatro aipe cartas a: de igu al valo Full r uma tr house: inca e um pa r Flus cinco c artas d h: o me Straig smo naipe cinco c ht artas s eguida : s, mas de nai diferen pes tes T r i nca: três ca rtas de mesm o valo Par: r duas c artas d e mesm o valo r a mais
Flop: as três primeiras cartas viradas no Hold’em. Fold: desistir de uma mão e se retirar do jogo. Pote: o montante de fichas dis-
postos no centro da mesa. River: a última carta distribuída num jogo de pôquer Turn: a quarta carta virada no Hold’em.
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Danilo Vinhote
A final que parou o Brasil Luiz Felipe Barbiéri Vinícius Garcia
Embate entre principais ministros do Superior Tribunal de Justiça marca julgamento do mensalão
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Em 2005, após vir à tona o caso do mensalão no governo Lula, poucos acreditavam que o escândalo seria julgado. Assim como outros episódios de corrupção na política brasileira no qual os infratores terminaram impunes, o mensalão, por se tratar de um esquema sem precedentes, poderia encaminhar-se para o mesmo desfecho a fim de evitar maiores turbulências para a continuidade do mandato do presidente Lula e de outros petistas. Ficou clara a tentativa do partido dos trabalhadores em preservar a imagem da cúpula do partido. Um dos beneficiados foi o próprio presidente Lula que mal foi citado em todo o processo. Durante toda a repercussão do caso tentaram provar que o presidente da república não soube de nada do caso mensalão e que para ele foi uma sur-
presa descobrirem um episódio de corrupção desse porte em seu mandato, ainda que o ministro mais próximo do presidente e companheiro de militância, José Dirceu, tenha sido acusado de ser chefe de todo o esquema. O que seria uma constatação de uma tremenda falta de comunicação no Planalto ou então indício de privilegio em casos de corrupção parlamentar aos poderosos do partido. Porém, o grande apelo popular do caso garantiu, mesmo que tardio, o julgamento do escândalo sete anos após o esquema vir a público. E foi no dia dois de agosto deste ano que os onze ministros do Supremo Tribunal Federal iniciaram o processo de julgamento dos 38 réus do mensalão. A princípio, o julgamento foi conduzido a um clima sereno e sem grandes discordâncias. Mas foi só José Dirceu e Genu-
íno entrarem em pauta que ficaram claras as divergências entre Joaquim Barbosa, relator do processo, e o revisor Ricardo Lewandowski. O revisor votou a favor da absolvição de Genuíno e Dirceu e gerou discussões com o Barbosa. O novo presidente do STF chegou a declarar em uma sessão que Lewandowski “transforma réu em anjo”. E de fato Lewandowski transformou. É o que povo diz. Aliás, esses ministros viraram personagens de mais uma espetacularização da mídia durante as transmissões das sessões do julgamento. Joaquim Barbosa hoje é canonizado pela população e recebe várias menções de apoio pelas ruas de Brasília. Inclusive a máscara do relator do mensalão é a mais vendida para o carnaval 2013. O que se pode notar é que a mídia, em razão da amplitude do caso, tenta dar um ar maniqueísta ao embate entre os dois ministros. Nessa situação, Joaquim Barbosa é tido como o mocinho e Lewandowski o vilão. Exemplo disso é que as discussões entre os dois foram transmitidas ao vivo e com até uma certa torcida de alguns espectadores. Quem perde é a democracia. Quem perde é o Brasil.
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“Eu acho que não tem problema. ... E a mulher às vezes quer agradar, sabe.”
eles PERGUNTAM
elas
RESPONDEM
Dúvidas, todo mundo tem. Nossa redação parou para tirá-las. Porém, o assunto é polêmico: o que as mulheres pensam, querem e sentem sobre sexo?
O que acham sobre fingir orgasmo?
“É, às vezes o cara tá curtindo e a mulher vira e faz uma cara tipo ‘vai logo, que eu não estou curtindo’. Não rola, acaba o clima.”
O homem pode não estar afim?
“Pode. Mas não é comum.”
“Tem um super preconceito sobre isso.”
“Nós somos educadas para que o homem sempre esteja com vontade, e quem pode ter a “dor de cabeça” é somente a mulher.” “De quatro.”
Qual a sua posição favorita?
“Prefiro de frente, por cima.”
“De quatro também. Porém tem o lance de olhar. Eu curto olhar nos olhos.”
“A mesma coisa – é melhor de quatro porém mais “animal.” “Super válido!”
Sexo a três?
“Depende de como você administra sua relação com a pessoa, como você enxerga seu próprio corpo...” “Eu acho que não consigo porque o sexo é muito uma troca. Não consigo ver uma terceira pessoa nesse momento.”
Da redação
Cospe ou engole? 60
“Tem dias que a mulher não está num bom momento, não está num bom dia. Não é um indício de que o relacionamento vai mal ou que você não está curtindo. Muitas vezes é apenas o momento que não é bom pra mulher.”
“A mulher precisa ser extremamente confiante de si.” Unanimidade: “engole!”
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TKM SIM TABU Como a experiência sexual repercute na vida social Ludmylla Rocha
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abu: qualquer coisa que se proíbe supersticiosamente, por ignorância ou hipocrisia, segundo o dicionário Michaelis. Apesar do significado, essa palavra toma formas diferentes em cada sociedade. O sexual, porém, se mantém como um dos mais perturbadores da ordem pública e social. Causador de distúrbios sociais dos mais graves, para entendê-lo é preciso compreender como é formado. A professora e antropóloga da UNESP, Larissa Pelúcio, explica que o tabu é “construído coletivamente, é compartilhado e tem significados fortes. E, por isso, é tão difícil lidar com ele individualmente”. O tabu sexual, é determinante na vida do indivíduo. O modo como nos vestimos, nos portamos, vivemos é pautado por nossa sexualidade. Assim, quando ela destoa do senso comum em algum sentido, o impacto é completo. “A sexualidade se constitui na modernidade como a verdade do sujeito, isso baliza muitas vezes a ideia de identidade”, explica Larissa. Exagero? Pare por um minuto e se pergunte como você
reage ao descobrir que uma pessoa próxima tem orientação sexual diferente, seja ela qual for? Você questiona se realmente a conhecia, repensa as experiências que teve com ela como se a verdade da relação dependesse exclusivamente da sexualidade por mais que ela não estivesse envolvida necessariamente na convivência de ambos. Com tabu, a reação é ainda pior. Afinal não se trata apenas de gosto por um ou por outro. Mas também de desejos e intenções que destoam e são repudiadas pela sociedade. Entretanto, para aqueles que conseguem lidar e aceitar suas peculiaridades, a tecnologia trouxe um caminho: “Antigamente, alguém que praticasse um tabu ou mesmo o desejasse e estivesse isolado pensava: “Nossa, eu devo ser uma pessoa muito esquisita”. Com a internet, você começa a perceber que não, você não está só em absoluto e que você encontra não só interlocutores como parceiros”, revela. Essa popularização passa também pela reafirmação dos
paradigmas do passado: “ao mesmo tempo em que há pessoas experimentando, ousando e enfrentando uma série de tabus, também há contra discursos que reiteram o lugar muito comportado da sexualidade”, explica a professora. Isso se dá não só como resposta a abertura de possibilidades da sexualidade, mas nas suas práticas. Em casas de swing, por exemplo, nas quais se imagina toda uma liberdatinagem, há, na verdade, regras pré-estabelecidas que, muitas vezes reproduzem o discurso conservador como a proibição do contato entre os homens bem como a penetração com a parceira de um casal que não seja o seu. Além disso, o contato entre as mulheres é feito como que para o olhar do homem num ambiente com estruturas por fim tradicionalmente heterossexual. Ainda assim, esse tipo de abertura compactua com a libertação dos conceitos de identidade sexual da atualidade. Afinal, completa a professora: “Quem eu sou? Sou hétero, homo, bi. Não, você é muito mais que isso”. 63
Tendência
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Uma das referências nesse sentido, o thesartorialist.com usa a fotografia como inspiração para a moda e as relações diárias entre as pessoas, como explica no próprio blog. Hoje, Scott Schuman – fotógrafo dono do blog tem uma exposição permanente no museu Vitoria & Albert e no Museu Metropolitano de Fotografia de Tóquio. (Foto: the sartorialist.com)
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Blogs de moda chegam ao universo masculino
á muito tempo moda não é coisa só para mulher. São muitos os estilistas de sucesso que brincam com o imaginário desejoso de consumidores do mundo todo: Christian Dior, Mario e Martino Prada, Louis Vuitton, Guccio Gucci não só fizeram sucesso como deram seus nomes às marcas mais caras e cobiçadas do planeta. Mesmo assim, este universo era conhecido como um assunto de interesse primordialmente feminino e de quem teria condições financeiras para tal. A internet, porém, mudou isso. Moda tornou-se um assunto acessível e virou fonte de renda para mais uma categoria: os blogueiros. O Brasil possui até mesmo uma rede que une as blogueiras mais requisitadas nacionalmente, o Fhits, que vende produtos não só recebidos para teste – como é comum na nova categoria – mas também novidades que levam o nome de cada um dois blogs associados. Apesar de nova, a categoria conta com as mulheres como naturais donas do negócio. A novidade é o homem como entendedor e produtor de moda. Mas se isso pouco lhe interessa, experimente um blog de variedade masculina. Essa novidade aos poucos vem ganhando corpo e vencendo as dificuldades do tema. Guilherme Curry é editor do blog modaparahomens.com.br, que hoje, conta com uma equipe de treze colaboradores que ge-
Ludmylla Rocha
ram quatro postagens diárias. “Eu criei um universo diferente, consegui associar bebida, automobilismo, arquitetura, comportamento, ao universo da moda masculina”, explica. Quanto à moda em si, o processo é de adaptação: “Normalmente ou adaptamos para o cenário masculino ou falamos como uma dica do homem para a mulher”. Hoje, ganha a vida com essa atividade: “blogueiro é uma profissão. Ouso dizer que, se levada a sério, exige mais tempo e paciência do que muitas que conheço”. Ele pauta e edita o material enviado pelos demais colaboradores. Apesar da dedicação e atualização constante, ser blogueiro pode ter suas vantagens, além de receber diversos produtos para teste: “acabo sempre conhecendo coisas novas, lugares novos, pessoas novas, etc. É uma novidade todos os dias... Na semana passada, por exemplo, recebi um convite de passar alguns dias na França com tudo pago”. Quanto ao preconceito, Guilherme acredita que lidar com tudo que é novo leva tempo e ainda recebe críticas quanto à profissão que escolheu. “Os homens estão se soltando. Mas ainda rola muito preconceito contra a moda e o homem interessado em moda. Diariamente, vejo comentários ofensivos, mas tento relevar, pois sei que essa pessoa precisa dar uma viajada pelo mundo antes de pensar dessa forma”, afirma.
“Os homens estão se soltando. Mas ainda rola muito preconceito contra a moda e o homem interessado em moda”
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Indicações Bruno Marise e Luís Morais
Confira os principais lançamentos de 2012 segundo a nossa equipe
Música
Mantendo o clima de Enxugando Gelo (2003), o aguardado segundo álbum, Sintoniza Lá, de Bnegão & Os Seletores de Frequência continua contemplando todos os ritmos negros, fazendo uma mistura de reggae, hip-hop, soul/funk e até hardcore. Uma ótima pedida que sai do padrão de lançamentos nacionais.
O veterano Rush surpreendeu a todos com um disco pesado e cheio de garra, Clockwork Angels, remetendo a fase áurea dos anos 70. No álbum, o trio canadense consegue manter sua técnica impecável sem cair no virtuosismo, em um trabalho cativante recheado de riffs pegajosos e belas melodias. Melhor álbum da banda desde Stick it Out (1992).
Se você ainda não conhece The Gaslight Anthem, aproveite esse excelente novo disco, Unwritter, para começar. O grupo está em grande ascenção lá fora, com quatro álbuns gravados. Bastante influenciados por Bruce Springsteen, nesse novo trabalho eles deixam o Punk Rock um pouco de lado pra focar mais no Rock Clássico e em andamentos mais cadenciados, mas sem perder a pegada característica.
Livros
Se você quer um pouco de sossego e não ficar em frente a uma tela com tantas cores cansando sua vista, separamos também alguns livros interessantes para você passar seu tempo - só tome cuidado com alguns tons cinzentos por aí. Morte dos Reis: Crônicas Saxônicas é uma boa pedida para quem curte histórias medievais. A sexta edição do livro escrito por Bernard Cornwell conta a história dos vikings e da Inglaterra do tempo do rei Alfredo, o Grande. O autor ficou conhecido por reescrever a história dos cavaleiros da Távola Redonda e afirma que a sexta edição da obra ainda não será a última! Indo um pouco mais adiante na história, O Colecionador de Lágrimas: Holocausto Nunca Mais pode te levar para o contexto político-social da Alemanha nazista. O médico psiquiatra e também escritor Augusto Cury relata a história ficcional de um professor que provoca seus alunos ao afirmarem que eles são “parceiros de Hitler” e causa estranheza e curiosidade por essa atitude.
Dois indicados ao prêmio Jabuti em 2012 são bastante interessantes: O Anão e a Ninfeta, de Dalton Trevisan (vencedor da categoria “contos e crônicas” ano passado, mesma categoria a qual concorre) e também o livro reportagem Os Últimos Soldados da Guerra Fria, de Fernando Morais, obra que retrata os espiões de Cuba infiltrados nos Estados Unidos.
games
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Com o Xbox 720 e o Playstation 4 sem previsão de lançamento, a sétima geração mostrou que ainda tem muita lenha pra queimar, e recebeu uma grande quantidade de títulos fortes. Separamoas alguns dos games obrigatórios. O esperadíssimo terceiro capítulo da saga de Desmond finalmente chegou: Assassin’s Creed III (PC/PS3/X360). O game que ficou em produção por três anos traz um sistema de combate reformulado, novos movimentos, novas armas, novos cenários, novos inimigos e um mapa gigantesco pra ser explorado. Cheio de possibilidades, o game da Ubisoft mostrou ser o melhor episódio da franquia até agora, correspondendo à expectativa dos fãs. Muito aguardado, Max Payne III (PC/PS3/X360), o terceiro capítulo da história do ex-detetive da polícia de Nova York, foi desenvolvido pela Rockstar e se ambienta em São Paulo. A série mantém suas características consagradas com muita violência, tiroteios ensandecidos, história envolvente e o sistema de Bullet Time. Apesar de a dublagem em português ser bastante canastrona e artificial, acrescenta um item a mais na hora da ação, com os inimigos xingando e soltando palavrões o tempo todo. Um dos melhores shooters dos últimos anos. A terceira edição do já consagrado, UFC Undisputed 3 (PS3/X360), traz gráficos detalhistas, movimentos fiéis e um melhor sistema de combate. Undisputed 3 também permite o jogador travar combates no extinto Pride FC, conhecido pelas regras menos rigorosas e lutas mais violentas. São mais de 150 lutadores e vários modos de jogo pra você encarnar o gladiador do terceiro milênio e partir pra porrada!
Filmes Com o verão chegando, é sempre bom aproveitar alguns dias para pegar uma praia com a família ou com os amigos. Nos dias chuvosos, a pipoca e os filmes acabam se tornando a melhor opção. Mas não perca seu tempo com comediazinhas românticas – deixe essas para assistir com sua mulher, namorada ou qualquer outra “amiga”. Neste ano de 2012 tivemos o final da trilogia do morcego mais conhecido. Batman: The Dark Knight Rises encerra a história dirigida por Christopher Nolan mantendo a ação e o suspense em alta. O super-herói estrelado por Christian Bale tem um novo inimigo e uma ameaça que pode destruir Gothan City. Mas atenção: é necessário assistir os outros dois filmes da trilogia para melhor entendimento deste último. Ação somada a classe vai ser encontrada nesse recém-lançado 007 – Operação Skyfall. É o terceiro filme estrelado por Daniel Craig como o agente mais famoso, James Bond. Apesar de alguma contestação do ator, ele já mostrou em Casino Royale e em Quantum of Solace sua qualidade como Bond. E se está procurando algo do cinema nacional, uma dica do ano passado que está em alta neste ano de 2012: O Palhaço. O longa estrelado, escrito e dirigido por Selton Mello está arrebatando prêmios e mais prêmios pelo Brasil. O filme co-protagonizado pelo veterano Paulo José é a aposta brasileira para tentar alguma indicação ao Oscar de 2013.
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Beber menos para beber MELHOR Amanda Tavares
Cervejas artesanais conquistam o mercado e ganham o paladar dos bons bebedores
Tipo: India Pale Ale (IPA) Peculiaridade: Sabor amargo, alta concentração de lúpulo Recomendamos: Punk IPA, da cervejaria BrewDog (Escócia)
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Tipo: Russian Imperial Stout Peculiaridade: Alto teor alcoólico, bem encorpada Recomendamos: Goose Island Bourbon County Stout (EUA)
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squeça as Brahmas, as Devassas e até as Heinekens: os bons bebedores agora querem cervejas especiais. Apesar do mercado ainda ser dominado pelas grandes empresas – em 2010, 70% dos 12,4 bilhões de litros produzidos eram provenientes da InBev –, as cervejas diferenciadas já detém aproximadamente 4,5% do consumo no Brasil. E a tendência não pára por aí: o potencial de crescimento para o setor é de 15% ao ano. Esse mercado das cervejas especiais – ou “gourmet”, como muitos as apelidam – cresceu exponencialmente nas últimas duas décadas. No Brasil, os últimos cinco anos foram decisivos. “Contava-se nos dedos o número de rótulos importados e artesanais brasileiros que tínhamos. Era preciso buscá-los nos empórios de artigos de luxo. Hoje, qualquer bom supermercado oferece as especiais, e não há qualquer dificuldade em comprá-las em lojas on-line”, explica Maurício Beltramelli, um dos proprietários do site Brejas (brejas.com.br). O surgimento de novas microcervejarias no Brasil tam-
Tipo: Doppelbock Peculiaridade: Alto teor alcoólico, bastante malte Recomendamos: Ayinger Celebrator (Alemanha)
bém contribuiu para a popularização do gênero. Atualmente, já são mais de 170 delas para disputar no mercado nacional, além de 30 cervejarias de médio porte. A maioria é independente e se concentra nas regiões Sudeste e Sul, onde o consumo também é maior – só em São Paulo, foram saboreados mais de 8 milhões de litros de cerveja especial em 2011. Para Joseph Tucker, diretor executivo do ranking internacional Ratebeer (ratebeer.com), a indústria artesanal brasileira é especial: “há muito entusiasmo, inteligência, camaradagem e desejo por qualidade”. Mas não é a primeira vez que os consumidores mudam seus hábitos. O boom no consumo de cervejas especiais assemelha-se ao também recente desenvolvimento dos mercados de vinho e café, que passaram por um processo de refinamento e possuem, hoje, compradores que prezam por produtos de maior qualidade. “Nós sabíamos que era a hora certa para a cerveja, então esperamos pela mudança. Algumas vezes, ficamos em dúvida se isso realmente aconteceria. Acho que eu nunca imagi-
nei que as cervejas artesanais iriam se tornar tão populares”, relata Joseph. E o que tanto atrai os novos consumidores? “O interesse surgiu por curiosidade, para conhecer os diversos sub-estilos com aroma, amargor e doçuras diferentes. Hoje, sou adepto da cultura do ‘beba menos, beba melhor’”, comenta Antonio Jairo Savioli Júnior, apreciador de cervejas diferenciadas há mais ou menos dois anos. É por esse sentimento de diferenciação e refinamento que os bebedores passam a se aprofundar cada vez mais nessa nova fatia do mercado de cerveja. “São milhões de pessoas no Brasil ascendendo da classe C para as classes A e B. Essas pessoas querem exclusividade e esses produtos atendem a essa demanda”, explica Maurício. E, acredite se quiser, esse úblico compra como nunca! Além das vendas nacionais, o Brasil importou mais de 44 milhões de litros no ano passado. Nada mal para um país onde a média de consumo por pessoa é de mais de 60 litros anuais.
Tipo: Lambic Fruit Peculiaridade: Fermentação espontânea, adocicada Recomendamos: St. Louis Premium Framboise (Bélgica)
Tipo: Dark American Lager Peculiaridade: Gosto maltado, médio teor alcoólico Recomendamos: 1795 Dark (República Tcheca)
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O PRAZER do
RIDÍCULO Pablo Marques
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uanto tempo deve durar as peliminares? Qual a posição dá mais prazer para a mulher? Quantas vezes por semana um casal feliz faz sexo? Como convencê-la a praticar e adorar sexo anal? Gozou! E agora, engole ou cospe? Dominar ou ser dominada? Um menáge a tròis para animar o casamento? O sexo é cercado de dúvidas, aflições e tabus. Na tentativa de esclarecer tudo isso jornalistas e escritores se revezam no papel de sexólogo. Revistas masculinas e femininas são as campeãs em dar conselhos. Todos os meses novos manuais são publicados e as pessoas ficam tensas na cama para seguirem o passo a passo do prazer. Uma tentativa de criar um guia sexual que vem desde o Kama Sutra. Assim a relação sexual vem sendo uniformizada, no entanto cada um tem suas preferências, manias e habilidades. O poeta Fernando Pessoa na sua faceta Álvaro de Campos escreveu “Todas as cartas de amor são/ Ridículas/ Não seriam cartas de amor se não fossem/ Ridículas”. Talvez seja uma pretensão muito grande, mas acredito que hoje o sexo é uma demonstração de amor e só é uma demonstração de amor porque é ridículo. Todo mundo já teve ou soube de um momento engraçado no sexo. Desde os mais tímidos que praticam como quem comete um pecado ou então os mais desinibidos que ostentam fantasias de enfermeira, pênis de borracha, dentre outros artefatos exóticos e eróticos. Os extremos são bizarros e provocam risos dos virgens a terceira idade. Tudo muito regrado perde o sentido e ganha ares de graça. E no sexo tudo pode acontecer. O homem pode dar um tapa meio desengonçado no momento errado. A mulher pode descobrir que aquela roupa super sexy, que ela comprou para fazer um Strip no dia dos namorados, é difícil de ser tirada durante a sedução. Aprender, da pior maneira, que antes de dançar para seu homem no pole dance é melhor fazer um alongamento. Descobrir que não tem a menor ideia de como fazer uma massagem só depois de comprar aquele creme que a revista indicou. Ser surpreendido com carinhos mais agressivos ou com pedidos mais ousados como “bate na minha cara”! Não existe manual! Cada um tem seus fetiches e suas preferências. Sexo é prazeroso é intimidade e é ridículo.
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