Cartão postal

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Editorial

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O espírito nômade N

ão importa para onde você vai. Siga para o leste, dê a volta para o sul. Não importa, porque o que vale mesmo é sair do lugar. Esse espírito nômade move a humanidade para frente, faz evoluir, cruza fronteiras e supera limites. Todo mundo tem um pouco do espírito nômade. Mesmo que a ordem para ‘criar raízes’ pareça um pouco mais confortável do que sair por aí sem destino. Você cresce, toma-se de costumes e de repente surge aquela vontade de se movimentar, nem que seja para o outro lado da cidade ou para uma praia próxima. Mas para entender essa necessidade de se mover, é preciso olhar para trás, para o passado. Aconteceu há muito tempo numa terra sem nome. Dizem que um de nossos ancestrais ergueu-se e resolveu andar usando apenas os pés. Pura ousadia que trouxe consequências inigualáveis aos seres humanos. Deixamos de habitar as árvores e passamos a viver quase exclusivamente no solo, um chão sem dono e pronto para ser explorado. Naquela época não havia passaportes ou nações, apenas a vontade de sobreviver. Com isso em mente, alguém – com o ímpeto aventureiro – resolveu andar – com os pés apenas – até o horizonte. Assim o mundo ia além do que se podia ver. A humanidade deu um salto gigantesco e saiu por aqui e ali, povoando os continentes. Um dia, se sentiu a necessidade de parar. Criamos pastos e plantamos frutas, e desde então o espírito nômade luta para não sucumbir. Mas ele está aqui, às vezes escondido, mas sempre aqui. Foi pensando nesse espírito que a revista Cartão Postal deu os primeiros passos. Viajar é o jeito moderno e mais visível que a humanidade encontrou para suprir as vontades do tal espírito nômade, nos tornamos andarilhos, peregrinos, turistas, que seja, pois viajar é preciso. E todos os anos, milhões de pessoas se tornam viajantes e se deslocam pelo planeta para ver algo além da cerca que estão incrustadas suas raízes. Monumentos históricos, manifestações culturais, arquitetura, ah! São tantas desculpas para se visitar um lugar que mal percebemos o essencial: viva o espírito nômade, que torna as palavras de Camões quase um hino da evolução. É, “navegar é preciso”, mas viajar é mais. Por isso, não importa a direção que você escolha, o que não pode é ficar parado! Desejamos a todos uma boa viagem. Equipe Cartão Postal.

Revista Cartão Postal - Edição e revisão de texto: Juliana Mello - Edição de imagem: Gustavo Stevanato - Reportagem: Flora Miguel, Giuliana Chorilli, Gustavo Stevanato, Henrique Gaparino, Heraldo Soares, Júlia Guerra, Juliana Mello, Leticia Mendonça, Maria Clara Lima, Micaela Lepera, Nara de Stéfani e Renato Oliveira - Diagramação e arte: Flora Miguel, Giuliana Chorilli, Gustavo Stevanato, Henrique Gaparino, Heraldo Soares, Júlia Guerra, Juliana Mello, Leticia Mendonça, Maria Clara Lima, Micaela Lepera, Nara de Stéfani e Renato Oliveira

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Destino do Mês

CARTÃO POSTAL

Cidades Medievais: Lucca e Granada Jogos Panamericanos em Gaudalajara

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Ecoturismo São Francisco Xavier Destino Aventura: Ilha Grande

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História Travessias de Minas Gerais As viagens de Paddy, o taxista irlandês Isla Del Sol

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Se Prepara! Planeje sua viagem!

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Pouca Grana Couchsurfing: Como funciona?

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Terminal 9

Especiarias Comendo como argentino No reino dos grãos finos

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Ensaio Fotográfico Cemitério de la Recoleta - Buenos Aires

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Ponto de Vista Paraíso boliviano: Isla de Sol O Caminho de Santiago 45 dias: um mochilão pela América do Sul

O meio de locomoção não pode faltar no checklist

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Onde Ficar Preconceito com hostels? Esquça isso!

Top 5

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E aí, qual é a sua balada?

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Souvenir

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O que levar de lembrança ? Cidades Medievais

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Comendo como argentino

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O muriqui de São Francisco Xavier

Jogos Panamericanos

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Se Prepara!

Se Prepara! Para muitas pessoas planejar uma viagem é sinônimo de dor de cabeça. Mas a fase de preparação pode ser também uma das mais gostosas. É nela que a gente sonha, mentaliza e se organiza para conhecer e desfrutar de todos os lugares por que passamos e situações que nos esperam. Espontaneidade e improvisos no decorrer da viagem são fundamentais para que a aventura se torne excitante. Apesar disso, alguns itens são essenciais para segurança do viajante e para garantir que as emoções possam ser vividas sem chateações ou grandes problemas. Confira as dicas que a“Se prepara” traz para você nesta edição.

Bagagem de mão: companhias low-cost!

No Brasil, elas ainda são novidade, mas na Europa as companhias aéreas de baixo custo já dominam o mercado. Você viaja para onde quer por um preço mais que acessível. Mas nem tudo é tão fácil assim, para aproveitar o precinho você só pode levar a sua bagagem de mão, nada de malas pra despachar! E agora? Quando se faz um mochilão, menos é mais, seja compacto! Leve apenas trocas de roupas básicas, você pode laválas no hotel ou hostel que ficar. Pocure saber quais itens são proibidos no voo. Os casacos você usa ou leva na mão, mesmo que esteja calor. Geralmente, sua mochila não pode passar dos 10 Kg. Agora, se você acha mesmo que não vai conseguir economizar na bagagem, já pague antes, no site da cia aérea, a taxa pra despachar sua mala. Deixar para fazer isso no check in vai lhe custar o dobro do preço.

Porta-documento

As cidades grandes costumam ser perigosas para os turistas em épocas de temporada, principalmente para os mais distraídos. Para ter mais segurança ao fazer seus passeios com documentos, cartões de crédito e dinheiro, uma boa alternativa é utilizar um portadocumento. O porta-documento é uma mini bolsa achatada com zíper e elástico que pode ser utilizada tanto em volta do abdômen, escondido por baixo da camiseta, ou no tornozelo, escondido por debaixo da calça. São vendidos em lojas de artigos para viagem e esporte, por R$8,00 em média.

Seguro viagem

Ninguém quer ser pego desprevenido caso aconteça algum acidente ou doença, ainda mais se você pretende praticar esportes como esqui, trilhas e escaladas durante uma viagem ou vai passar um longo tempo no exterior. Para ficar tranqüilo, pense em fazer um seguro-viagem. Neste site: https://www.seguroviagem.srv.br/ você pode cotar qual companhia de seguros oferece um pacote mais adequado para sua viagem. A compra online é feita pelo cartão de crédito e os preços variam de acordo com a companhia, modalidade do seguro, duração e o destino da viagem. Uma semana de seguro para América do Sul, por exemplo, custa a partir de R$45,00. Além do atendimento médico no exterior, existem coberturas mais específicas como: ressarcimento em caso de perda ou extravio da bagagem, cancelamento de voo, complicações odontológicas e outros imprevistos.

Capa de mochila

Parece simples, mas só o mochileiro que viaja sem uma capa para a mochila sabe a falta que ela faz! Além de serem impermeáveis, protegendo a mochila da chuva e conservando o material, elas cobrem completamente toda a superfície, escondendo bolsos, zíperes e tudo o que fica à mostra. Por isso, a dica são as capas para a mochila da Quechua, encontradas na Decathlon por R$ 24,90 para mochilas de 35/50L e por R$ 29,90 para as de 55/80L. Vale o investimento!

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Especiarias

Comendo como argentino Preparamos uma lista das dez comidas mais populares da Argentina, para você estar por dentro da alimentação diária do país portenho

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Comendo como argentino

É bastante comum encontrar uma multidão de pessoas enfileiradas nos restaurantes fast-food de destinos turísticos cobiçados em época de temporada. Afinal, eles são práticos, baratos e trazem o sabor já conhecido das refeições que fazemos em nosso lar. Mas, durante uma viagem, não é mais vantajoso cercar-se de comidas estranhas, que nunca vimos antes, ao invés de apegar-se àquilo que é familiar? Na aventura de uma viagem ao desconhecido, a passagem pela cultura alimentar de cada lugar pode se revelar a parte mais interessante do roteiro. E nessa experiência, o quente é comer aquilo que as pessoas do lugar que vamos conhecer comem no dia-a-dia. Na“Especiarias” deste mês, a Cartão-Postal preparou uma lista das dez comidas mais populares da Argentina, que fazem parte do cotidiano dos argentinos e que podem ser encontradas em todo o país.

Pizza com fainá e moscato Pode parecer pouco criativo sair para comer uma pizza ao viajar para fora do país, mas vale a pena para conferir como um alimento que existe no mundo todo pode ter preparações tão diversas. A pizza argentina é bem diferente da brasileira, tem massa fininha, crocante e a textura do queijo é mais cremosa. O toque de argentinidade está no acompanhamento, como sugere o pizzaiolo argentino Rodrigo Cruz: “Para sentir-se praticamente dentro de um tango, junto com a pizza, peça fainá (uma massa de origem genovesa, feita com grãode-bico e azeite de oliva) e um copo de moscato (um vinho doce). A pizza é servida sob o pedaço de fainá.”

Foto: Juliana Mello

Medialunas e facturas Todo viajante sabe que para conseguir cumprir o roteiro planejado é preciso começar o dia se alimentando bem. A grande maioria dos hotéis e albergues argentinos serve no café da manhã as deliciosas medialunas. Com recheios variados, doces ou salgados, a massa em formato de meia-lua (daí vem o nome) tem duas versões: manteca e grasa (manteiga e gordura). Franco Dominguez, chef de um café em Buenos Aires, explica a diferença: “A medialuna de manteiga é mais leve, tem textura suave, vai bem com recheios salgados e neutros. Já a de gordura combina perfeitamente com recheios doces”. Franco deixa algumas dicas para escolher uma boa medialuna. “Para saber se uma medialuna de grasa está boa, você tem que reparar se ela está clarinha, açucarada por fora e se ela rasga facilmente. Não tem erro: elas não podem estar duras ou queimadas, têm que se desfazer na boca”. As medialunas são o petisco-chefe das cafeterias argentinas. Sair para deliciá-las ao ar livre (a maioria dos cafés de Argentina tem mesinhas na calçada) é um programa perfeito para começar o dia.

Foto: Juliana Mello

Pastas Assim como o Brasil, a Argentina hospedou grande quantidade de imigrantes italianos. Como consequência, incorporou as massas em sua gastronomia. Sempre presente nas mesas das famílias argentinas, os fideos de domingo são uma tradição. Com o tempo, foram criadas variações argentinas das receitas italianas, como os sorrentinos. Tratase de uma massa recheada, como o ravióli, só que maior e de formato arredondado. O recheio mais tradicional leva ricota, presunto e mussarela. “Os sorrentinos são uma criação nossa, mas ainda preparamos algumas massas seguindo a risca as versões italianas, deixadas por nossos antepassados. Valorizamos a preparação caseira das massas, as receitas passadas de geração em geração”, conta Jimena Boghetti, dona de uma cantina na cidade de Rosario, em Santa Fé. “Quem vem à Argentina, também não pode deixar de provar o ravióli a la capresse (recheados com queijo, tomate e manjericão) e os nhoques de espinafre ao molho quatro queijos”, sugere. Foto: Google.com

Tortilla de papas É um clássico prato hispânico que encanta pela simplicidade do preparo. Trata-se de um omelete de batatas, que pode ser feito ao forno ou frito. A tortilla costuma ser degustada no café da manhã, como lanche ou como tapa (petisco). Com uma salada de folhas verdes é uma refeição completa e barata. A receita legítima da tortilla de papas é feita só com batatas, cebolas, ovos, azeite de oliva e sal. Na Argentina, foram desenvolvidas diversas variações que levam outros ingredientes no preparo, como espinafre, acelga, queijos, pimentão verde e vermelho, presunto cru e abobrinha.

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Choripán (chorizo al pan) O choripán é o nosso já conhecido pão com linguiça. Se você vai assistir a um jogo de futebol no estádio, esse é o pedido perfeito. Apelidado pelos argentinos de “chori”, o sanduba costuma ser vendido na rua, em carrinhos. O choripán pode ser encontrado em diversas versões, mas a receita tradicional leva o chimichurri (molho feito com alho, salsinha e orégano), pimenta e tomate.

Foto: Google.com

Locro É um refogado feito com abóbora, feijão branco, milho, batatas, carne, miúdos de boi e porco, cebola e condimentos. “O locro é de origem inca, um prato típico do povo da região dos Andes. Por seu alto valor calórico, costuma ser consumido no frio”, conta a cozinheira argentina Magdalena Gasquéz. O consumo do locro é tradição em dias pátrios e também em celebrações de casamento.

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Comendo como argentino

E Para beber?

Foto: Juliana Mello

Milanesas Nas versões de carne ou frango, elas não faltam no cardápio do argentino. Existem mais de 150 variedades na preparação e apresentação desse prato. No entanto, a milanesa a la napolitana é a mais famosa. É gratinada com queijo, e coberta com molho de tomate e presunto cozido. A receita foi criada pelo restaurante portenho Napolitano, para disfarçar uma milanesa queimada. Para acompanhar? Purê de batata e/ou batatas fritas.

Foto: Juliana Mello

Foto:Google.com

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Dulce de leche O doce de leite está sempre na mesa do argentino. No país portenho, o doce tem coloração escura, textura mais grossa e sabor forte, características atribuídas à qualidade do leite argentino e à quantidade de açúcar do doce. Brasileiro tem mania de comê-lo a colheradas, mas lá o doce é servido como acompanhamento ou recheio de alfajores, pães, bolos, tortas e demais sobremesas, nunca é comido sozinho. Na foto, o flan de doce de leite, campeão das sobremesas feitas à base desta iguaria.

Asado Presente em quase todos os momentos de celebração do povo argentino, o churrasco é uma paixão nacional. “Quem vem de fora não pode deixar de provar a parrillada, que é composta por diversos cortes de carne de boi, frango e porco, temperadas tradicionalmente com sal refinado, pimenta e noz moscada”, explica o portenho Eduardo Sanchéz. Parrillero desde os oito anos, Eduardo mostra que argentino que é argentino entende de carne. “A nossa é especial, tem finas camadas de gordura que interferem no sabor. Como o gado argentino é criado em planície, o animal faz menos força para caminhar, cria menos músculos, consequentemente sua carne fica mais macia”. Restaurantes ou parrillas podem ser encontrados a cada esquina na Argentina, em especial nas cidades grandes. Porém, se rolar um convite, é mais interessante comer um asado caseiro ao ar livre, feito no quintal, à beira de um lago ou em parques, como manda o costume argentino.

Foto:Google.com

Mate O mate é o gás que movimenta o povo argentino. É comum ver as pessoas andando pela rua de cuia na mão e garrafa térmica embaixo do braço. É tomado a qualquer hora do dia e em qualquer lugar: na aula, no trabalho, no carro, ônibus, em praças, parques. A bebida é conhecida pelos brasileiros, mas há muita diferença entre o mate consumido no Brasil e o que se bebe na Argentina. Para começar, o mate daqui é moído e o de lá não, o que garante um sabor mais forte à infusão. Por isso, lá o mate costuma ser consumido em cuias pequenas. Compre a cuia e a bomba (são vendidas como lembrancinhas em todo canto no país), e desfrute um mate com seus companheiros de viagem nos momentos de descanso. Para prepará-lo deve-se encher 2/3 da cuia com a erva mate, colocar a bomba (bombilla) e logo derramar água quente (sem ferver) até a borda formando uma cobertura de espuma. Se preferir, acrescente açúcar ou adoçante.

Fernet Vai na balada? Então, nada de pedir vodka com energético ou cerveja. Peça um fernet! Os argentinos sáo apaixonados pela bebida, é o que se toma em todas as festas, esquentas e reuniões. Trata-se de um destilado de ervas variadas, de origem italiana, que costumava ser consumido como licor logo após as refeições, devido às suas propriedades digestivas. Como drink, é misturado ao refrigerante de cola, para o fernet tradicional (na foto), ou ao refrigerante de limão, para a versão de

Empanadas Dispensam apresentações. São as queridinhas dos turistas, afinal são práticas, baratas e deliciosas, uma opção perfeita para matar a fome nos dias mais corridos da viagem. De origem árabe, as empanadas passaram a compor a culinária espanhola e daí se espalharam pelo mundo com a colonização. Apesar de serem comumente associadas à Argentina, as empanadas estão presentes na cultura alimentar de muitos outros países hispânicos, como Chile, Peru e Bolívia. As argentinas são vendidas em restaurantes (como entrada), padarias e casas especializadas, em diversas versões: fritas, assadas ou folheadas. Os recheios são bem variados. Na hora de escolher, experimente o sabor mais tradicional: empanadas de carne al cuchillo (cortada em cubinhos, feita com cebola, ovo cozido, salsinha e pimenta). Foto: Juliana Mello

menta da bebida. A mistura equilibra o sabor sabor forte e amargo do fernet. “O fernet deve ser servido em um copo alto, com gelo até a borda. A proporção é bem simples: 1/3 da bebida, para 2/3 de refrigerante”, ensina Alejandro Guiñazú, barman de uma danceteria em Buenos Aires. “Mas vale ressaltar que a bebida tem cerca de 45% de álcool, por isso quem não está acostumado deve maneirar na dose. Apesar de ter tanto álcool, o fernet não dá ressaca”, garante.

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Especiarias - No reino dos grãos finos

Se não falta vocação, o restante é preparo. O modo como se faz um café é fundamental, pois é nesta etapa que todo o esforço de produzir um café de qualidade culmina. “Cada vez mais, os processos são aprimorados para extrair uma característica especial de cada café, mas compreender que o café vem das sementes de uma fruta é essencial. O preparo, que consiste em fazer perceber o sabor e aroma do café torrado ou moído, influencia justamente no poder de extração dessa fruta”, adoça Chaud.

No reino dos Grãos-Finos Os “caçadores de café” que vão além do fundo das xícaras em busca dos cafés mais autêntico

Café em coador de pano

Café em filtro de papel

Expresso

Na água quente, sem ferver, despeje o pó e misture com uma colher de pau. Com isso, há liberação de açúcares e óleos aromáticos da bebida. Depois, basta despejar a bebida no coador de pano e apreciar um café forte, aromático e encorpado.

O pó de café deve ser colocado no filtro de papel, nivelado e sem socar. Despeje a água quente, antes de ferver, pouco a pouco sobre o pó sem mexer a colher. Você terá um café mais suave e aromático.

É um café exclusivo, preparado sob pressão, em doses individuais para ser saboreado no momento da extração. Resulta em um café cremoso, com a doçura perceptível e o corpo bem definido. Permite criar novas bebidas combinadas com leite.

Foto: Vogue Europa

Foto: Vogue Europa

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ntigamente, havia lá sempre uma vez um príncipe que queria se casar e se dedicava a procurar no mundo inteiro uma verdadeira princesa. Quando finalmente a encontrava, convidava a moça para conhecer todo seu reino e, cheio de sentimento, para uma xícara de café. Nenhum mal. Vida longa ao Rei e que Deus continue salvando as Rainhas. Mas se nenhum casamento, monarquia ou governo se levantou sem antes bater no fundo das xícaras, para onde foram esses cafés reais? As coroas de bronze que aparecem dentro das chávenas não contam o resto da história. E quem quer ser rei, tem que se fazer rei. “Hoje é muito difícil comprar um café, carece-se de informações sobre as características do café, como o tipo de grãos, a combinação ou a região onde é plantado. Essas informações são importantes para se ter um poder de escolha e assim descobrir o melhor café para o seu paladar”, pontua José Gomes Chaud, comerciante e especialista em produtos e conhecimentos em gastronomia. E não é fácil mesmo assentar um reino sobre as xícaras. Cada país tem um calendário de safra, ou seja, quando há possibilidade de saber o potencial da safra, o seu momento de colheita e secagem e a finalização dos trabalhos de seleção das sementes. A demanda por conhecimentos e mão-de-obra cresce à medida em que a procura por cafés de qualidade aumenta.

Gustavo Stevanato O trabalho de um coffee hunter ou ‘caçador de cafés’ exige um conhecimento específico que inclui a identificação de componentes geográficos e sua influência no desenvolvimento do grão, além das diferentes etapas do processamento do café – da escolha da variedade ao ponto de torra ideal para cada lote. Não é só de olhar a borra deixada no fundo da xícara que se descobre se um café tem futuro ou não. “Este profissional deve ter um excelente relacionamento com diversos produtores, além de sólidos conhecimentos técnicos e larga experiência de campo, em avaliação sensorial, em torra de café e os serviços (como um barista). Todos esses conhecimentos são fundamentais para que grãos que são verdadeiros ‘tesouros escondidos’ posam ser encontrados”, afirma o especialista e coffee hunter Ensei Neto. Porque mesmo com o berço de ouro, é a pureza e a uniformidade dos grãos que define a qualidade e dão as joias à coroa. A ausência de defeitos ou contaminações das sementes é o que garante a majestade e a autenticidade de cada café. “Quanto mais sementes de frutos maduros estiverem em um lote, melhor ele será. É como falar de laranjas. Escolhe-se laranjas maduras para fazer uma boa laranjada. As verdes deixarão o suco azedo e com a desagradável sensação de ‘pega’ na língua”, tilinta Ensei.

Qual o Rei, tal a Grei O café é produzido principalmente nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Bahia, mas não há xícaras tilintando vazias em todo país. O consumo da bebida por ano no país é seis vezes maior que a média mundial, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC). Mas, muitas vezes, o Brasil não passa do balcão. O costume de se tomar café em uma golada mecânica e rápida, geralmente ao final da refeição, enquanto se paga a conta, impede que o maior produtor e exportador de café no mundo reine sobre si próprio.

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Ponche De Café Ingredientes: 4 pedacinhos de chocolate meio amargo 4 colheres de creme de leite 4 xícaras de café bem forte Chantilly, canela e cacau em pó Raspas de laranja Açúcar a gosto

Modo de preparo: Derreter o chocolate, o açúcar e o creme em fogo brando. Juntar o café e levar ao fogo sem deixar ferver. Colocar em xícaras grandes. Guarnecer com chantilly e sobre ele colocar canela, cacau em pó e raspas de laranja.

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Especiarias Ensaio Fotográfico

Cemitério da Recoleta A cidade de Buenos Aires, na Argentina, é toda feita de brisa. Entre parques, cafés e história, nos deparamos com o bairro da Recoleta, um dos mais bonitos de lá. Cheia de graça, a Recoleta tem um ar mais que gostoso. O bairro tem flores, lojas coloridas, restaurantes e muita música na rua, é sempre movimentado e abriga a zona de maior concentração de opções para o lazer jovem na cidade. Tanta energia contrasta com um de seus maiores méritos: o Cemitério da Recoleta (Cementerio de la Recoleta, para bom viajante). Trata-se de um dos maiores do mundo, junto ao cemitério de Staglieno, em Gênova, e o Pére Lachaise, em Paris. Atualmente, compõe-se de quatro blocos e possui cerca de 6.000 sepulturas, dentre as quais mais de 70 foram declaradas Patrimônio Histórico Nacional e do próprio cemitério, também considerado um Museu Histórico Nacional pelas celebridades enterradas e arquitetura rica aos olhos e bolsos. Imponente, o Cemitério da Recoleta encanta mais do que assusta e uma visita pelo local se faz obrigatória. Repleto de mausoléus, com estátuas, vitrais e portas ornamentadas, é uma obra de arte a céu aberto. No cemitério, estão enterradas personalidades da literatura, espetáculo, esporte e política, com destaque para Eva Perón – uma das sepulturas mais visitadas do local. Em um espaço tão grandioso, vale voltar a atenção aos detalhes. Flora Miguel

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Ensaio - Cemitério da Recoleta

“Nós que aqui estamos, por vós esperamos”



Cada mausoléu é uma experiência visual diferente, e o próprio espaço do cemitério espalha suas particularidades. Gatos recostados sobre tumbas, rosas saudosas, pessoas dormindo em seus bancos ou mesmo o vento nas folhas. Ali, tudo tem muita vida sobre a morte.



Relato de viagem - Isla del Sol

Foto: Júlia Guerra

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Ponto de Vista

ISLA DEL SOL

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mais de 3.500 metros de altitude está o Titikaka, o lago navegável em maior altitude do mundo. Divisa natural entre a Bolívia e o Peru, o lago tem cerca de quarenta ilhas e, pertencente ao lado boliviano, a Isla del Sol é a maior delas. Instigante e misteriosa, a Bolívia é um país que parece ter ficado no século passado e ainda está longe dos avanços tecnológicos e desenvolvimento econômico. Mas como tudo que respira usa suas artimanhas e segredos para sobreviver, a vida desse país se traduz por suas magníficas belezas naturais e paisagens jamais imaginadas, como as imagens deslumbrantes que só podem ser vistas da Isla. Júlia Guerra

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S

Fotos: Júlia Guerra

aímos de Copacabana por volta das 13h30. Nosso barco era o último a sair naquela terça-feira, meados de janeiro e por apenas 18 pesos bolivianos quase quarenta pessoas faziam fila para entrar no pequeno barco onde nós éramos umas das últimas. A parte de baixo do barco era fechada e já estava cheia, o que fez as pessoas começarem a ocupar a parte superior, descoberta, mas que garantia a vista mais linda do Lago Titikaka durante cerca de duas horas de viagem. Não que a Isla del Sol fosse tão longe, o barco é que era bem lento. Minha amiga Marília Escanhoela Cucolicchio, estudante do segundo ano de Engenharia Ambiental, 21 anos, já me acompanhava há 30 dias no mochilão que começou em Mendoza, na Argentina, e mais de 2.500 quilômetros depois, a Isla del Sol era um dos lugares que mais desejávamos e estávamos prestes a conhecer. Já íamos preparadas para tomar chuva durante a viagem com o barquinho. O dia amanheceu completamente fechado e frio. Mas o nosso destino era um lugar que, apesar de chover inevitavelmente todas as tardes, também tem sol durante – praticamente - todos os dias do ano, justificando seu nome. Quanto mais nos aproximávamos da Isla del Sol, mais o dia se abria e as nuvens de Copacabana iam ficando para trás. Os lugares apertados no barco entre muitas mochilas e mochileiros passaram despercebidos enquanto os viajantes dos mais diversos países se conheciam, conversavam e trocavam suas experiências de viagem. A parte sul da ilha é a mais turística e com melhor estrutura para receber os visitantes, porém íamos para a parte norte, mais rústica e indicada a quem não se preocupa muito com infraestrutura. Percebi que quase todos levavam barracas e eu e a Marília estávamos entre as pessoas que não levavam. Nas conversas durante a viagem, as pessoas falavam que não havia lugar para ficar na ilha, pois, os poucos hostels de lá já estavam todos lotados. Achamos difícil aquilo ser verdade e não nos preocupamos muito, afinal tinha lido em vários relatos de viajantes na internet que era comum pessoas nativas da ilha hospedarem visitantes em suas casas por 15 bolivianos. Talvez aquilo realmente fosse comum, mas não na parte da ilha em que estávamos. Depois que o barco atracou, as pessoas que não tinham barraca saíram com uma nítida pressa e ansiedade para encontrar onde passar a noite. Buscamos por quase uma hora as tais pessoas que hospedavam turistas, mas nem os nativos conheciam quem recebia hóspedes. Sem muita opção, perguntamos por vagas nos poucos hostels e todos já estavam cheios. O único hostel que tinha vaga estava acabando de ser construído, mas a dona do lugar nos ofereceu um quarto que já estava pronto por 40 bolivianos a noite.

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Ponto de Vista - Relato de viagem - Isla del Sol O único banheiro era no andar de baixo do lado de fora do hostel e completamente precário. Mas as camas eram boas, o quarto limpo e, sem mais opções, aceitamos. Para um hostel boliviano, 40 pesos é um abuso, mas estávamos na Isla del Sol sem barraca e a localização do hostel era perfeita: aos pés da areia da praia onde todos ficavam. E nem pareceu tão caro assim quando nos lembramos da conversão da moeda de 1 boliviano = 25 centavos de reais, ou seja, o hostel saiu R$ 10 a noite. Depois da viagem e da expedição para achar um lugar para dormir, a fome apertou, mas lá pelas seis horas da tarde os restaurantes ainda estavam todos fechados, não havia lanchonetes, mercados (muito menos) e as opções se reduziam a comprar bolachas, frutas e bebidas nas únicas duas lojinhas de comida e lanches de carrinhos abertos. Aproveitamos o resto do dia e então fomos conhecer os arredores da ilha. Caminhamos cerca de dez minutos e chegamos à outra praia onde não havia ninguém, pois, sua margem forrada por pedras não deixava que as pessoas acampassem ali. Mas o sol se escondendo aos poucos na linha do horizonte daquele lago imenso, onde não é possível ver o fim, pedia que ficássemos ali por algum tempo apenas observando aquele espetáculo, inspirando e expirando lentamente o ar puro compartilhado com a terra, as plantas e os pequenos pássaros. Pedia tranqüilidade e que trocássemos um pouco de energia com aquela natureza, de pés descalços sobre as pedras cinzas e frias. A noite começou a cair e voltamos ao hostel para um cochilo e um banho quente, o que ficou só em nossas cabeças, já que não era possível pela falta de água e energia elétrica naquela noite, problema que mais tarde nos informaram ser frequente. Horas depois, a fome apertou de novo e debaixo de um temporal saímos em busca de um restaurante. Há alguns metros do hostel, encontramos um bastante cheio, com as pessoas conversando animadas, o que nos agradou e nos fez entrar. Pedimos um vinho e a sopa de quinua que era entrada do prato de truta com batatas fritas – que já tinha acabado. Porém, mesmo assim, não nos cobraram menos. Na Bolívia, um país que parece ter parado no tempo, quase tudo é negociável, da corrida do táxi às diárias dos hostels, passagens de ônibus e preços de passeios. Provavelmente teríamos conseguido, com um pouco de insistência, que nos cobrassem menos pela falta da truta, mas depois de um mês de viagem, você se cansa de tanto pechinchar; além disso, naquela noite, estávamos para desfrutar a buena onda do lugar e não para comprar briga por uma comida. Mas vale a dica para quem está com a grana contada. Acordamos cedo no dia seguinte e a progra-

gramação era conhecer as ruínas Incas que estavam a cerca de 50 minutos de caminhada dali. Com mais de 150 ruínas, a Isla del Sol é um verdadeiro sítio arqueológico. Acreditase que a ilha seja o berço da civilização Inca. O caminho de ida é quase todo de subida, que se revezam entre alguns planos e baixadas, o que torna a caminhada relativamente tranqüila, se você já está familiarizado com a altitude. Para chegar até lá é preciso pagar dez bolivianos a um senhor educado, mas sério, que toma conta de um portão no meio da trilha. No caminho, pudemos sentir um pouco da vida que respira ali, algumas pequenas casinhas dispersas, alguns homens trabalhando na terra e pastoreando seus animais. Quanto mais subimos, mais as paisagens vão se tornando azuis pela água e pelo céu que se encontram e as intervenções de montanhas verdes na água deixam o cenário completamente lindo e raro. As ruínas de Chinkana, ou El laberinto, como são conhecidas, ficam no alto de uma montanha com uma vista sem igual para o Lago. Perto dali, encontramos também as ruínas de algo que se assemelha a uma mesa com bancos em volta, tudo de pedra, usado antigamente para fazer rituais e sacrifícios. Passamos bastante tempo lá, observamos as ruínas e imaginamos as pessoas e a forma de vida primitiva que existia ali. Escutamos - de graça - as explicações de um guia que contava a história do lugar a um grupo de brasileiros e depois mais histórias, que um garoto de mais ou menos nove anos contava a um mexicano. A fome começava a dar sinais e o caminho de volta ainda era um pouco longo para quem já tinha o estômago roncando. Decidimos voltar e fomos direto procurar um restaurante. Por 31 bolivianos cada uma, almoçamos, depois de quase uma hora de espera, trutas com arroz e salada. Depois do almoço, fomos aproveitar o resto da tarde na praia. Descansando na areia entre mates argentinos, violões brasileiros, sotaques mexicanos e gírias chilenas, observávamos as pessoas e comentávamos sobre seus costumes, suas roupas, seus gestos, a forma de falar. Na manhã seguinte, iríamos embora e aquela água azul, aquele céu azul, a luz do sol e aquela magia da Isla, possível lembrança dos rituais incaicos, já deixavam saudade. Um dia e meio é pouco para visitar a Isla del Sol. A vontade que dá é de passar anos por lá.

Moeda local: Peso Boliviano Conversão R$ 1 = $ 4 Barco ida: $18 Barco volta: $25 Hostel: $40/noite Dica de site: www.mochileiros.com

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Ponto de Vista - Relato de viagem - Isla del Sol

Foto: JĂşlia Guerra

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Diz a lenda que o sol, vendo que os homens viviam como animais, sentira piedade deles, enviando-lhes, assim, um de seus filhos e uma filha para que lhes dessem o conhecimento das leis e que pudessem, com isso, viver como homens racionais, prosperando e gozando os frutos da terra.

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Ponto de Vista - O Caminho de Santiago

Foto: Nara De Stéfani

A belíssima Catedral de Santiago de Compostela é a meta de milhares de peregrinos todos os anos.

O caminho de Santiago Foto: Nara De Stéfani

Nara De Stéfani O Caminho

Desde a existência mais remota, o homem possui uma inerente inclinação a longas jornadas e à transformação que elas proporcionam. Eu e meu amigo estávamos em Astúrias, região norte da Espanha, quando cruzamos com alguns peregrinos do Caminho de Santiago e impulsionados por essa necessidade inconsciente decidimos embarcar também nessa jornada. Existem muitos caminhos que levam a Santiago, o Francês, mais famoso de todos, o Português, o Inglês, o do Norte, o Primitivo, a Via de la Plata e a Rota Marítimo Fluvial. Faríamos o Caminho do Norte, conhecido por suas belas paisagens de contraste entre mar e montanha. Muitos peregrinos com objetivos espirituais e em busca de momentos de solidão e tranquilidade, optam por essa rota, que diferente da Francesa não é tão freqüentada. A escolha do caminho nos pareceu perfeita já que estávamos ali por razões muito mais espirituais do que religiosas, mas não deixamos de ficar contentes quando descobrimos que aquele era um ano Santo, em que todas as pessoas que realizassem o caminho estariam perdoadas de todos os seus pecados.

A meta...

Não importam quais são os motivos e metas que levam cada um a realizar o caminho, o maior benefício de todos é com certeza a caminhada em si, os dias em contato com a natureza e assim consigo mesmo. A vida caótica nas cidades, com seu turbilhão de

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informações, problemas, competição e jogos sociais, nos afasta de nosso eu interior. A natureza tem o poder de nos aproximar de nossos valores, de nos fazer compreender e aceitar melhor a vida e seus infortúnios. Sua força nos ensina a respeitar tudo aquilo que nos supere, e alguns problemas acabam nos parecendo insignificantes e descabidos quando estamos no alto de uma montanha. Depois de dez dias caminhando chegar a Santiago foi gratificante, mas já no segundo dia senti falta dos momentos na natureza, os únicos capazes de mostrar com nobreza o que está além de nossas vidas...

A Caminhada...

Muitos, inclusive eu, se perguntam se é necessário preparo para fazer o Caminho. A resposta veio de um dos peregrinos mais experientes que já estava a trinta dias caminhando “O caminho te prepara”. Confesso que os primeiros dias foram os piores, mas aos poucos o nosso corpo se acostuma com as longas horas de caminhada e com o peso da mochila. A nossa rotina consistia em andar, comer e dormir. Caminhávamos em média seis horas por dia, o que pode variar acordo com a disposição de cada um. Ao longo do caminho, dormíamos e comíamos em albergues e restaurantes muito baratos nos povoados, onde todos os peregrinos são muito bem acolhidos. Durante a jornada o clima é de solidariedade e acolhimento, as pessoas fazem amizades e as lições e ensinamentos vêm muitas vezes de forma inesperada e em pequenas atitudes.

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Só o primeiro de 45 dias Quase morri de vergonha quando a atendente meio sonolenta, mas simpática, apareceu perguntando se poderia nos ajudar. Lá foi o pequeno investigador fazer o interrogatório com a atendente. Começou a andar pelo hostel e perguntar se havia quartos, se eram só para mulheres porque ele não queria que sua prima ficasse em um quarto com homens. Sim, de um segundo para o outro eu tinha virado prima do bêbado. Nesse momento toda e qualquer apreensão que eu tinha com relação a ter aceitado aquela carona foi embora e comecei da achar muita graça da situação. Para a decepção do Sherlock Homes só haviam vagas em um quarto misto. Fomos até lá e dois rapazes dormiam, mas foram acordados por todo o barulho que o Sherlock fez questão de fazer. Os rapazes abriram os olhos naquela situação meio constrangedora de quem acaba de acordar com um desconhecido do lado (depois de 45 dias de viagem você está quase dormindo de conchinha com o mochileiro do lado e nem liga), e o investigador de polícia foi ate a cama deles, cumprimentou os dois, sentou na cama que seria a minha e começou a fazer perguntas aos rapazes. De onde eram, o que faziam ali, há quanto tempo estavam viajando e os dois, com aquela cara de quem não está entendendo nada, foram respondendo as perguntas do meu “primo” (ele fazia questão de repetir isso o tempo todo). Fomos tomar café da manhã e a situação que tinha começado quase igual a uma cena de “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”, se transformado em “Se beber não case”, começava a ficar chata igual ao “Zorra Total” e meu primo de Tucumán estava insuportável. O café da manhã foi uma tortura porque o cara não parava de falar e fazer comentários sobre as conversas do grupo que tomava café ao lado. Tá, vou dar um desconto, o cara foi bem legal, a pesar de completamente estranho – e bêbado – e antes de ir embora ofereceu ajuda várias vezes, me deu dicas de lugares para visitar e ainda me convidou para um chop a noite. Telefones trocados e ele disse que ligaria. O dia passou e provavelmente ele acordou na maior ressaca. Depois do café da manhã eu saí e acabei chegando às seis da manhã do outro dia depois de fazer o que era para ser uma simples excursão a uma cidadezinha ao lado. Mas isso fica para uma outra história. Para o primeiro dia de um mochilão já foi muita aventura.

Júlia Guerra

Foto: Google

Era só o primeiro dia de uma viagem de 45 e quase mil quilômetros depois cheguei a San Miguel de Tucumán, capital da província de Tucumán, no norte argentino. Às 7h30 da manhã, ao colocar os pés na rodoviária, aceitei a carona de um homem recém saído de um casamento e cheirando a bebida. Perguntou aonde eu estava indo. Eu também não sabia muito bem. A mochila já estava começando a pesar e tinha pelo menos mais oito quarteirões até o hostel. Entrei no carro pensando que se aquele estranho tentasse alguma gracinha não seria difícil dar uns safanões nele porque dois minutos depois percebi que o cara estava consideravelmente bêbado. No minuto seguinte já bateu o arrependimento, aquela sensação horrível de “eu não deveria estar aqui, isso não vai dar certo”. Comecei a rezar e pedir pra alguém lá de cima que ficasse tudo bem – nessas horas a gente apela pra qualquer divindade. Fui por todo o caminho tentando decorar os nomes das ruas e a direção pra onde estávamos indo. Percebi que não nos afastamos do centro e o pudim de cana parou em frente ao hostel que eu havia indicado. Pergunto se eu queria que ele me acompanhasse para perguntar sobre vagas, eu disse que não precisava, mas ele foi mesmo assim. Entrou na recepção do hostel muito sério e com um ar de investigador do FBI, observando cada detalhe do lugar. O problema foi que naquela hora eu comecei a perder o medo pela situação – o que não é bom – porque quando ele saiu do carro, calculei que devia ter mais ou menos 1,58 m, estava com a roupa social completamente amarrotada depois da noite de festa e levava o paletó sobre um dos ombros. Mas a cena ficou completa quando reparei que a gravata estava presa por uma espécie de tipóia. Não tinha vaga e o chofer às avessas me levou até o próximo hostel. Dessa vez ele já nem perguntou se eu queria que me acompanhasse. Desceu do carro, pegou minha mochila e foi entrando no hostel. Ao chegarmos na recepção, o padrinho de casamento anão tocava freneticamente aquele sino que fica em cima dos balcões.


Destino do Mês

Cidades Medievais

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Como conta a História, a Europa foi o berço da civilização ocidental. Lá sucederam-se as invasões de povos, conflitos, guerras e reconquistas. Hoje, as cidades medievais europeias conservam muito mais do que muros e palácios. Elas fazem com que o turista realmente possa enxergar a beleza da História, da Cultura e da Arte. Sendo assim, visitamos duas cidades em especial: Granada, no sul da Espanha, e Lucca, na charmosa província da Toscana, no centro da península italiana. São locais que fazem a diferença em um roteiro para brasileiros no continente europeu, já que somos um país “novo”, onde poucos resquícios da nossa História foram preservados.

Heraldo Soares

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Destino do Mês - Cidades Medievais

Do império romano

ao bucolismo toscano

Fotos: Google

Q

ue a Toscana faz parte da lista dos cenários naturais mais belos de toda a Europa, ninguém duvida. A região central da Itália abriga berços de variadas civilizações medievais por onde passaram visigodos, bárbaros, e é claro, todo o império romano. O estudante de engenharia industrial da Politécnica de Milão, Lorenzo Tagliapietra confessa que os italianos adoram viajar a pequenas vilas antigas para fazer festas ao ar livre, seja em forma de piqui-nique ou através do Capodanno, a celebração do Ano-Novo na Itália. Lorenzo diz que não pode faltar boa comida e os acordes melódicos de um violão com as melosas músicas italianas. Mas mesmo assim, só ao falar, um italiano já parece estar cantando e gesticulando os braços. É um povo bem expressivo e divertidíssimo! Lucca, a 20km de Pisa, é um bom local para começar uma giornata bucólica regada ao vinho toscano junto a legítima pasta italiana. Falando em comida, para quem pensa em fazer uma rápida viagem pela Itália, de uns 5 dias, não há preocupação, as massas da culinária do país da bota, como muitos pensam, não é de enjoar.

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A história conta que la villa di Lucca foi fundada no século II d.C., mas depois de quase 2000 anos é possível dar aquela “viajada se imaginando na Itália Medieval. A Piazza dell’Anfiteatro é um enorme pátio circular, onde provavelmente ocorriam apresentações e grandes eventos. Hoje mantém a larga praça, cercada por hostels, restaurantes e lojinhas de souvenirs. Vale Lembrar que na Europa a ideia de praça é diferente da do Brasil, que geralmente são espaços verdes, repletos de árvores, bancos e uma ou outra fonte. No velho continente as praças são bem concretadas com pouca ou nenhuma árvore, geralmente repleta de estátuas e fontes. Para o jovem Lorenzo, de 23 anos, as cidades medievais são como grandes museus, pois ajudam eles a entender o que se passou pela história de seu país. “Muitas tradições começaram na Toscana, como o primeiro dialeto italiano, que saiu da caneta de Dante Alighieri”, me conta o veneziano, todo contente. Em Lucca, assim como em várias cidades italianas, há um Duomo, ou seja, uma praça central com a catedral da cidade. O Duomo di San

Martino possui a característica arquitetura das catedrais toscanas, que sempre levam consigo uma enorme torre onde é possível subir até o topo e curtir a paisagem de toda a cidade. E falando em paisagens, Lorenzo diz que um dos melhores passeios por Lucca é andar de bicicleta pelas muralhas. “Há uma praça em forma de ovo que é possível vê-la lá do céu, é muito legal!”. Diferente de outras cidades medievais, o melhor jeito para transitar por Lucca é com as bicicletas disponíveis em hostels e em pontos estratégicos pela cidade. As ruas são bem estreitas e em determinados pontos os carros são proibidos de circularem. É comum ver italianos passeando com seus cães tranquilamente pelas ruelas medievais, ou então ver turistas com seus mochilões tomando gelatti (sorvetes) no meio da rua, desviando tranquilamente dos carros que transitam a 10km/h. Lucca não é o tipo de cidade conhecida pelos seus enormes monumentos mas simplesmente por ser medieval. Lucca é totalmente cercada por 5km de muralhas medievais que foram reconstruídas

no século XVI, no entanto, a cidade também vive pelo lado de fora. É lá que estão os estádios, as grandes avenidas, os complexos industrias e os shoppings, mais conhecidos como “centro de compras” no continente europeu. A cidade prova que a Itália sabe preservar muito bem seu patrimônio, fazendo com que o antigo e o moderno vivam sem qualquer empecilho, em prol da História e da Cultura de toda uma civilização. Um outro passeio que o italiano Lorenzo aconselha é o festival de Comics que ocorre sempre em setembro. “É bem bacana esta época porque os fãs de super-heróis e história em quadrinhos se vestem como seus personagens! É comum ver o Luke do Star Wars tomando sorvete ou o Spider-Man tentando subir nas muralhas!”.

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O último resquício árabe

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na Europa


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A

s paisagens do sul de toda a Espanha lembram o deserto, como no filme Lawrence da Arábia, filmado próximo à capital Sevilha, em 1962. Entretanto, indo para a cidade de Granada, a 430km do sul de Madrid, a paisagem muda significativamente alguns instantes antes da entrada no perímetro urbano: é uma vegetação rasteira, que oculta a terra clara do deserto, mas mesmo assim o mais bonito é olhar bem ao fundo e ver que lá existe algo de diferente em toda a Espanha, um “maciço montanhoso” azul com vários toques de branco. Granada é considerada o último reduto dos árabes na Europa, que resistiram até o ano de 1492, quando os reis católicos finalmente reconquistaram todo o território. No canto sudeste da cidade, no alto da uma grande colina arborizada encontra-se a Alhambra , um conjunto de fortificações com vários palácios construídos pelos árabes no século XII e que hoje é o maior destino turístico da cidade e um dos mais famosos de todo o sul espanhol. Granada talvez não tenha toda a fama de Jerusalém, no entanto a cidade também possui uma confluência cultural do legado de três povos: os árabes, como foi dito, os judeus e por último os cristãos, com a reconquista no século XV. Logo na descida da colina onde fica a Alhambra, encontramos o Albacín, o bairro judeu de Granada, bem peculiar, no qual as casas fogem totalmente da arquitetura cristã-árabe reinante em todo o resto do território andaluz. Lá foram filmados muitos filmes retratando a vida judia espanhola no século XX. Granada também é famosa por ser a cidade localizada no sopé da Sierra Nevada, um conjunto de três maciços montanhosos, onde há neve o ano todo, até mesmo no verão de 42ºC medianos da caliente Andaluzia.

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O estudante de arquitetura Vicente Barrios vai com os amigos todo inverno esquiar na Sierra Nevada. “Como faz calor quase o ano todo, temos as praias para ir, mas quando o frio aperta, todos os jovens vão para as montanhas se divertir e esquiar!”. A Sierra Nevada tem ao todo 117 pistas de esqui. A maioria é considerada de difícil nível, entretanto falta do que fazer não há. Até para quem não gosta ou tem medo da velocidade na neve, facilmente são encontrados diversos parques de diversões durante os trajetos, ou seja, todas as idades e todos os tipos de pessoas podem encontrar o melhor do lazer na Sierra. Além disso o acesso às montanhas é muito fácil, com diversas rodovias que ligam os vários pontos de interesse do local, com ônibus que saem do Centro e do Terminal de Autobuses. Granada é a maior prova de que as cidades medievais podem não ser somente locais de visita história, museus e bairros antigos, cheios de muralhas e fortificações. Granada é uma cidade universitária, com animada vida diurna e noturna pelos seus bairros árabes, judeus e cristãos. Os palácios da Alhambra levam quase o dia todo para uma boa visita, com vistas para as ruazinhas apertadas que descem as colinas e para trás, paisagens do vislumbrante Parque Nacional de Sierra Nevada, certamente o maior cartão-postal natural de toda a Andaluzia. Por fim, procure unir as visitas histórias dos palácios durante o dia, e pela noite não há perigo em se perder no bairro judeu, finalizando a noite com tapas de paella nos bares ali mesmo. Já no outro dia, acorde cedo (o “cedo” espanhol é às 10 da manhã) e pegue um ônibus para a Sierra Nevada. São só 30 minutos até a primeira estação, mas se não quiser se arriscar no esqui, uma mirada na redondeza cercada de montanhas brancas já valeu mais que uma viagem!


Bienvenido a los Juegos Panamericanos A cada 4 anos, a ODEPA (Organização Desportiva Pan-americana) organiza os Jogos Pan-Americanos, uma espécie de Jogos Olímpicos entre os países de toda América. Como a última edição deste evento foi realizada em 2007, no Rio de Janeiro, já chegou a hora do Pan-americano voltar a ser o foco do esporte. A cidade escolhida para receber o Pan 2011 foi Guadalajara, no México. É a primeira vez que o evento acontece nesta cidade, e a segunda que ocorre no México (a primeira vez foi no ano de 1955, na Cidade do México). Guadalajara, conhecida como “A Pérola D’Oeste” será, no mês de outubro, a capital dos esportes na América. Para quem é apaixonado por esportes e está disposto a conhecer as belezas e culturas ao redor do mundo, eis a grande oportunidade do mês: A cidade de Guadalajara, no México.

Henrique Gasparino

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Guadalajara será capital esportiva da América no mês de outubro A cidade

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Guadalajara, “A Pérola do Oeste,” capital de Jalisco e 2ª maior cidade do México é um dos maiores centros urbanos na América do Norte. A cidade tem profundas raízes coloniais que são evidentes a cada trecho visitado. O centro da cidade apresenta uma beleza clássica com a manutenção de museus e monumentos históricos da cidade. O clima em Guadalajara é ameno durante boa parte do ano, o que favorece a prática de esportes dos tapatíos (pessoas que nascem em Guadalajara ou em outra cidade do estado de Jalisco). As temperaturas mais altas são vistas durante a primavera, cerca de 35ºC, e as temperaturas mais frias são vistas durante o inverno, com temperaturas que chegam abaixo de zero. Berço da música Mariachi, Guadalajara realiza uma festa anual deste estilo musical no mês de setembro. Além do Mariachi, a cidade é conhecida por ter os mais distintos tipos musicais. Não é difícil encontrar diversos clubes e locais por toda a cidade, onde a população curte a variedade musical.

A cidade de Guadalajara apresenta muitas atrações para seus moradores e turistas. Entre elas, pode ser destacada a presença abundante de teatros e museus por todo o centro cultural. As artes são muito valorizadas na cidade, e fazem parte da rica história de Guadalajara, que conta com artistas como José Clemente Orozco e Roberto Montenegro. A cidade também é lar do Mercado Libertad, o maior mercado público no Hemisfério Ocidental. Lá, é possível encontrar grande variedade de frutas frescas e vegetais, bem como feiras de de artesanato, com produtos feitos em cerâmica, artigos de couro, cadeiras etc. No quesito gastronomia, a cidade capital de Jalisco também apresenta uma personalidade

própria. Entre os famosos pratos típicos da região destaca-se “la birria”, um ensopado de cabrito ou cordeiro com molho picante, temperado com pimenta, gengibre, cominho, orégano e cravo, cozido e servido com cebola picada, limão e tortilhas. Para acompanhar este ou qualquer outro prato, a tequila se faz presente. Aliás, a tequila também está ligada ao turismo de Guadalajara. Todos os dias, sai da estação de trem de Guadalajara o “Tequila Express”. Este trem faz uma viagem de duas horas pela região de plantações da Agave Azul, planta que dá origem à tequila. No vagão, há mariachis e um menu de degustação da bebida típica mexicana.

O Pan

Os Jogos Pan-americanos aconteceram pela primeira vez no ano de 1951, em Buenos Aires, na Argentina. A ideia partiu de alguns membros latino-americanos do COI, no ano de 1940, inspirados pelos Jogos Centro Americanos e Caribe. Mas, por conta da entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, os jogos acabaram por acontecer apenas em 1951. Desde a primeira edição, o número de atletas, países participantes e modalidades disputadas quase dobraram. No Brasil, o Pan foi realizado em 1963, na cidade de São Paulo, com a presença de 1665 esportistas de 22 países. Mais tarde, em 2007, o Pan do Rio de Janeiro abrigou 5662 participantes de 42 nações, que disputaram um total de 332 provas em 41 modalidades. O histórico do Brasil nos Jogos PanAmericanos pode ser considerado bom. No primeiro Pan, Buenos Aires 1951, os atletas brasileiros trouxeram 32 medalhas, sendo 5 de ouro, o que nos garantiu a 5ª colocação. A melhor participação brasileira foi nos Jogos de São Paulo em 1963. Na ocasião, o Brasil conquistou 14 medalhas de ouro e a segunda posição no quadro geral de medalhas. No último Pan, Rio de Janeiro 2007, o Brasil ficou em terceiro lugar, atrás apenas de EUA e Cuba, graças as 157 medalhas conquistadas, sendo 52 da cor dourada. Durante as 15 edições dos Jogos, o Brasil construiu alguns grandes heróis, como são os casos dos jogadores de tênis de mesa Hugo Hoyama e Cláudio Kano, com 13 e 12 medalhas conquistadas respectivamente, dos nadadores Gustavo Borges e Fernando Scherer (Xuxa), com 19 e 10 medalhas respectivamente, e de tantos outros que derramaram seu suor para ouvir o hino nacional brasileiro do ponto mais alto do pódio.

Foto: Google

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Os Jogos de Guadalajara

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Com a aproximação da data de estreia do Pan 2011, é natural que a cidade de Guadalajara sofra algumas transformações. Para a relações públicas Rubi Mateo, que mora em Guadajara há pouco mais de 3 anos, a cidade está praticamente pronta para receber os Jogos. “Estão reformando as pontes e as ruas principais da cidade, além de pavimentar outras e colocarem cobertura nos pontos de ônibus. Os hotéis e os hostels também passaram por reforma. Não está tudo cem por cento, mas a melhora é visível”, diz Rubi. O turista que tiver pretensão visitar a Pérola D’Oeste terá que desembolsar entre 1500 e 2500 dólares (R$2450,00 a R$4450,00) para a passagem de avião. A viagem tem duração de 17 a 24 horas, dependendo de quantas escalas o avião fará. Para se locomover dentro da cidade, a prefeitura de Guadalajara criou uma linha ônibus que funcionará apenas no mês de outubro. Nesta linha, os ônibus percorrerão um corredor exclusivo para eles e, desta forma, não ficarão presos em engarrafamentos. Estes ônibus funcionarão entre às 6h e 23h e custarão menos de 1 real. Ao chegar a Guadalajara, o visitante vai encontrar diversas opções de hospedagem. Rubi indica o hostel que leva o mesmo nome da cidade, Guadalajara. Neste hostel, o gasto total fica em cerca de 170 pesos mexicanos por dia, o equivalente a R$23,00.

Para quem não se incomodar em gastar um pouco mais, Rubi indica os grandes hotéis, como é o caso do Hotel Riu, que é o edifício mais alto de Guadalajara. Neste caso, o turista gastaria entre 1000 e 3000 pesos mexicanos por dia, cerca de R$130,00 a R$ 190,00. O desenvolvedor de sistemas operacionais de computador, Julio Aparecido Magalhães Filho, também dá outras dicas de moradia: “Eu acho besteira ficar em hotéis e gastar um monte de dinheiro. Tem sempre alguém que você conhece, ou algum amigo de amigo que mora ou já morou lá. Vá atrás de alguém e fique hospedado em casas mesmo. A galera de lá é muito gente boa e abre as portas. Quando eu morei lá, fiquei na casa da mãe de um amigo mexicano meu. Se você pesquisar um pouco, sempre acha algum lugar bem barato”. Julio morou em Guadalajara entre janeiro de 2007 há maio de 2008. A cidade também está pronta para receber turistas que querem ver muito mais do que o Pan. “Há diversos museus para todos os gostos, há muitas casas noturnas e bares. É uma cidade grande, não deve nada a outros lugares do mundo. E o bom é que com 250 pesos (cerca de R$33,00) você passa bem a noite toda”, diz Julio. O governo de Guadalajara se preparou para receber bem os turistas e os jogos, porém segundo Rubi, a população não está tão ansiosa para o início do Pan. “É difícil falar da expectativa de todos, mas eu e meus amigos não estamos ligando muito não. Conheço gente que pretende ver as competições, mas mesmos estes não se mostraram muito empolgados. Para dizer a verdade, o que eu mais escuto sobre o Pan são reclamações das diversas reformas que deixam o trânsito terrível”. Espera-se que o Pan de Guadalajara atraia 5700 atletas de 42 países, realize 352 eventos esportivos em 35 modalidades com um milhão e meio de espectadores nas competições. Além disso, a competição poderá ser visa por aproximadamente 1 bilhão de habitantes dos 42 países participantes. Se os Jogos serão um sucesso ou não, só será possível saber em outubro, mas não há a menor dúvida de que quem for visitar a cidade de Guadalajara não vai se arrepender.

Foto: Google

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Passagem de avião: R$2450,00 a R$ 4450,00 Hostel: Perto do centro, na faixa de RS25,00/dia Hotel: Entre R$100,00 e R$300,00/dia. Custo de um dia na cidade: Com três refeições, transporte interno e hospedagem – em torno de R$ 70 reais por dia.

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Ecoturismo

São Francisco Xavier proporciona aventura, tranqüilidade e muito verde no coração da Serra da Mantiqueira Distrito de São José dos Campos oferece lindas trilhas, cachoeiras, pousadas charmosas e restaurantes diferenciados Letícia Mendonça Santos

Foto: Google

Foto: Paulo Sierra


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Ecoturismo - São Francisco Xavier

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Foto: Paulo Sierra

O Muriqui

Foto: Juarez Lopes e Silva

Para quem já pratica esportes de aventura e está habituado com trilhas de maior dificuldade, saindo do centro há também lindas trilhas que levam ao Pico do Mirante, Pico do Queixo d’Anta e até a cidade mineira de Monte Verde. É o caso do estudante Juarez Lopes e Silva, de 25 anos, que participa do Jipe Clube Comando da Mantiqueira desde os 5 anos de idade e já está bem acostumado a praticar esportes de aventura, fazer trilhas de jipe, moto, bicicleta, a pé ou a cavalo, principalmente pela região da Serra da Mantiqueira. O estudante já fez inclusive a trilha de São José dos Campos até São Francisco Xavier. “São 56 km de trilha, de muita subida, eu fui de bicicleta e levei mais ou menos 5 horas. A subida do Morro da Casinha é a mais difícil da trilha, são 6 km só de subida, de Jipe só se for com 4x4. É uma trilha pra

quem já pratica esse tipo de esporte faz um tempo e tem bastante preparo físico”, afirma Juarez. À noite, o programa é ir para bares rústicos chics que tem música ao vivo e oferecem pratos da culinária local, que mescla a influência mineira com produtos agrícolas cultivados na região, como os cogumelos shitake e shimeji e o pinhão. O bar e restaurante Photozofia é o mais procurado pelos turistas. Em seus pratos são usados somente produtos orgânicos, preferencialmente de produtores da agricultura familiar da região. A especialidade da casa é o “File à Xavier”, medalhão de filé mignon grelhado com molho de shitake, batatas gratinadas com creme de queijo e arroz. Tudo acompanhado de boas opções da Carta de Vinhos, sobremesas e drinks especiais.

Muitos animais silvestres estão ameaçados de extinção por causa da redução de seus habitats e da caça. Um deles é o muriqui ou monocarvoeiro, o maior macaco das Américas, ameaçado de extinção, só encontrado nos remanescentes da Mata Atlântica do Sudeste do Brasil. O muriqui foi escolhido como símbolo de São Francisco Xavier para demonstrar a riqueza natural das montanhas que cercam o distrito e a necessidade de sua preservação. Por isso, preservar as belezas naturais de São Francisco Xavier é preservar o local que o muriqui escolheu para fazer sua morada e dar continuidade a sua espécie. É também um lembrete dos moradores que pedem respeito para si, suas famílias e para a região que lhes oferece o sustento.

Foto: Google

o passado, a pequena vila era parada obrigatória dos tropeiros em suas longas jornadas a caminho de Minas Gerais. Hoje em dia, devido à sua hidrografia e relevo montanhoso, os picos, cachoeiras e trilhas são as principais atrações do distrito. É impossível resistir a um mergulho nas águas cristalinas e geladas das cachoeiras depois de longas caminhadas em dias de verão. Para os dias de inverno há também spas com banhos quentes terapêuticos e massagens relaxantes. Conforto é o que não falta em São Francisco Xavier. Apelidado de São Xico pelos freqüentadores, o distrito proporciona muitas opções de hospedagem, pousadas e chalés localizados nos topos das montanhas oferecem lareira, ofurôs e outras comodidades, ideais para o inverno, quando a temperatura na madrugada chega a 2ºC. Paulo Sierra é gerente de uma das principais e mais famosas pousadas da região, a Pousada do Equilibrium. Segundo ele, é possível se divertir e se aventurar sem sair de dentro da pousada. “A maioria das pessoas que freqüenta a nossa pousada são casais, com ou sem filhos, então eles preferem fazer os passeios que oferecemos na própria pousada, como tirolesa, trilhas, caminhadas e passeios a cavalo. São pessoas que querem aventura, mas sem deixar de lado a comodidade, segurança e tranqüilidade”, afirma o gerente. Segundo a diretora do CAT – Centro de Apoio ao Turista de São Francisco Xavier, Salma Gonzaga Miragaia, o passeio mais procurado durante o verão é o de Acqua Ride, esporte em que você desce um rio em um bote inflável. “O esporte é praticado no Rio do Peixe, em São Francisco, antes de agendar o passeio até o rio nós verificamos se está muito cheio ou muito baixo, os nossos guias vão junto com os turistas e se há crianças redobramos a segurança”, afirma Salma. Já no inverno, a diretora diz que os passeios mais procurados são o rapel e as caminhadas. “A faixa etária das pessoas que procuram nos sos serviços varia dos 18 aos 35 anos, mas isso não significa que não venham pessoas mais velhas, casais e crianças também”, declara a diretora.O CAT de São Xico adota uma política sustentável do mínimo impacto, por isso as trilhas são feitas em grupos de no máximo 10 pessoas. “Seria muito bom se todos tivessem consciência ambiental, mas infelizmente não é assim. Orientamos as pessoas a não jogarem nada nas trilhas, até mesmo cascas ou restos de frutas, pois na maioria das vezes estas já estão contaminadas com agrot[oxicos que fazem mal aos animais silvestres”, diz a diretora. Outra ótima atração que é muito procurada principalmente por quem faz “bate e volta” até a cidade é a cachoeira Pedro Davi, de 15metros de altura, localizada a apenas 3 km do centro.

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Ecoturismo - São Francisco Xavier

3. Lopes Mendes

Destino Aventura: Ilha Grande

É considerada por muitos a praia mais bonita da Ilha Grande. Sua extensão é de aproximadamente 3 km de areia branca e muito fina, que chega a ‘cantar’ quando pisada. Por ser uma praia oceânica, o acesso por barco é perigoso, o mar aberto é traiçoeiro, então é recomendável ir a pé. É normal chegar quase sem fôlego depois de encarar a trilha que sai da Praia do Pouso e vai até Lopes Mendes. Apesar de curta, a trilha apresenta inúmeras subidas. No local, é proibido acampar e fazer qualquer tipo de construção. Não existem bares ou restaurantes, mas na alta temporada é possível encontrar barracas que vendem sanduíche, refrigerante, cerveja e água. Uma atração à parte da praia é a escultura do artista plástico Silvio Cavalheiro, feita em uma bóia gigante que se desprendeu de um navio em alto mar e acabou encalhando na praia.

Um dos maiores paraísos ecológicos, lugar de beleza incontestável e também um marco histórico importante para o Brasil: essa é a Ilha Grande. Ela fica ao sul do estado do Rio de Janeiro, na Baía de Ilha Grande. Dentro da imensidão que é a ilha, vamos apresentar quatro lugares da Ilha Grande que você precisa visitar. Letícia Mendonça Santos

1. Vila do Abraão A Vila do Abraão é o principal ponto de chegada dos turistas que visitam a Ilha Grande. Um lugar charmoso e com total estrutura para quem está procurando conforto. É no Abraão que estão localizadas as principais pousadas e hospedagens, restaurantes, bares, agências de passeios e mergulhos, guias de trilhas, comércio e barcos para translados. Por isso, a Vila do Abraão é considerada como “capital da Ilha Grande”. Além da infraestrutura, a vila oferece aos turistas lugares repletos de beleza e história, como as ruínas do Lazareto – presídio construído em 1886 – e o Aqueduto, deliciosas cachoeiras, como a dos Escravos e a Feiticeira, praias calmas que fazem parte da enseada do Abraão e a pequena praça onde se encontra a igreja de São Sebastião. Foto: Google

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4. Gruta do Acaiá A Gruta do Acaiá esconde em seu interior um espetáculo de luz e cor inigualável. A luz do sol bate no fundo do mar, que funciona como um espelho refletindo a luminosidade para o interior da gruta. Para assistir ao show da Gruta do Acaiá, é necessário ter disposição e um pouquinho de coragem, mas a sensação de estar dentro dessa caverna com um tipo de explosão de luzes fluorescentes vale o esforço. Acaiá, em tupi-guarani significa sopro, os índios deram esse nome ao local porque segundo eles, é possível sentir um leve vento quando se está entrando na gruta. É possível chegar lá de barco ou por trilha. Na pedra onde fica localizada a gruta, avista-se um buraco onde uma escada convida os turistas a descerem. Os mais corajosos vão se deixando engolir e sentindo vez ou outra o ‘sopro’ que vem do fundo.

Foto: Google

2. Lagoa Azul Localizada no extremo norte da Ilha Grande, a Lagoa Azul, de águas claras e tranqüilas, é uma pequena enseada protegida por pequenas ilhas, sendo um dos melhores locais da região para a prática do mergulho. Na alta temporada e feriados, bares flutuantes atracam por lá, garantindo aos turistas petiscos e bebidas. Sua água azul-turquesa, com peixes coloridos e sua beleza cinematográfica fazem da Lagoa Azul um dos lugares mais visitados e contemplados em toda a Baía da Ilha Grande. A imensa ‘piscina’ repleta de estrelas do mar, lulas, corais, peixes voadores, cavalos-marinhos e até ouriços do mar, surpreendem os turistas que ficam perplexos diante de tanta beleza. Só é possível chegar lá de barco. Da Vila do Abraão partem todos os dias escunas e saveiros que levam os turistas ao passeio, que dura um dia inteiro.

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Foto: Google

DICAS - Na Ilha Grande não existem bancos e caixas eletrônicos, e muitos estabelecimentos não aceitam cartões de débito e crédito. Portanto, leve dinheiro em espécie. É bom levar um pouco de dinheiro a mais do que você programou para gastar, pois você sempre pode precisar, caso aconteça algum imprevisto.

- Na Ilha Grande não entram veículos. Se você for de carro, procure por estacionamentos no continente, é mais seguro do que deixar o carro na rua por alguns dias. No local, há muitos mosquitos e outros insetos, tenha sempre na bolsa um repelente.

- Em algumas praias da Ilha Grande não funcionam telefones celulares, mas é possível encontrar telefones públicos nas principais vilas. Uma dica importante é comprar cartões telefônicos em Angra, antes de embarcar para a ilha, já que lá, geralmente, os preços são superfaturados.

- Na Vila do Abraão, nenhuma pousada inclui refeições nas diárias. Existem vários restaurantes. Em média um casal pode gastar entre R$15,00 até R$50,00. Nas outras praias, é mais fácil encontrar bares e restaurantes que servem pratos feitos, o valor médio é de R$10,00 por pessoa.

- Cuidado com os barquinhos que oferecem passagens baratas para fazer o translado de Angra para a Ilha Grande. Os condutores são, na maioria das vezes, homens acostumados com o mar e não sabem avaliar o perigo de conduzir mais pessoas do que a capacidade da embarcação, da falta de equipamentos salva-vidas e que algumas pessoas podem entrar em pânico em situações de chuvas e ventos fortes. Estar informado sobre a previsão do tempo também pode ajudar. O camping selvagem é proibido na ilha, assim como capturar estrelas do mar, pássaros e plantas. Não se esqueça que você está em uma área de preservação ambiental.

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História - Viagem na História

História

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Viagem na História Integrando três estados brasileiros e com aproximadamente 1,6 km de roteiros turísticos, a Estrada Real é um ótimo destino para quem gosta de mergulhar nas épocas coloniais com aventuras e passeios turísticos maravilhosos.

Para um passeio com mais tranquilidade há a disponibilidade de venda de pacotes como: Caminho do Ouro, Estrada Real – Caminho do Diamante e Grutas, Passeio Histórico – Berço de Minas, entre outros, que incluem hospedagem, alimentação e passeios. Segundo a diretora do grupo de venda de pacotes Beagá 4 you, Raquel Faria, o pacote possui maior procura para compra é a das Cidades Históricas, atendendo em sua maioria a um público entre 30 e 50 anos. Já o público mais jovem opta por uma viagem com mais liberdade, e por isso entra em contato com o site Estrada Real, pois lá há a opção de liberdade ao turista. “Fornecemos subsídio para que os turistas investiguem e pesquisem as informações necessárias para planejar sua própria viagem, como locais de hospedagem, roteiro, passeios, alimentação, atrativos e produtos turísticos”, comenta Lorena. A arquiteta Ana Cristina Cunha, 31, que já passeou pelas Cidades Históricas, através da compra de um pacote, fez a viagem com sua família e conta sobre sua experiência: “Foi realmente maravilhoso. Apesar de ter conhecido somente o trecho da estrada, adorei conhecer as construções históricas como vilas, igrejas, a maravilhosa arquitetura apresentada naquelas cidades, como chafarizes, os coretos e as pontes de pedra e ruínas, “monumentos” construídos através do tempo e que evidenciam as marcas deixadas pelo período colonial”, recorda Ana. Já Moacir D´Antonne, 37, prefere a parte aventureira que a estrada proporciona: “Já fiz praticamente toda a Estrada Real, hoje em dia faço trechos da trilha com um jipe 4x4, conheço cachoeiras, montanhas, grutas e rios! Quando mais novo, fiz boa parte do trecho de ‘bike’, a pé e a cavalo, o que também é muito bom, porque há um contato maior com a natureza e as vistas lindas que estrada proporciona aos nossos olhos. Além é claro de ser uma grande aventura sempre” comenta Moacir. “O mais fascinante é que a estrada é realmente muito grande, e há vários caminhos, e para conhecer ela bem, demanda um longo tempo de viagem. Já faz mais ou menos uns 6 anos que faço essa estrada e mesmo quando refaço o mesmo trecho descubro coisas novas”, completa. A Estrada Real conta com quatro caminhos diferentes, sendo deles, três mais conhecidos. A melhor forma de fazer o passeio turístico em cada trecho de cada uma delas é diferente, dependendo também do desejo do turista de conhecer os atrativos históricos. Caminho Velho: Começando do litoral do estado do Rio de Janeiro, na cidade de Paraty às minas, esse caminho soma 630 km. Passa pela Serra da Mantiqueira, pelo Circuito das Águas, por antigas vilas transformadas em cidades de médio porte e grande enorme potencial turístico. A parada final desse caminho é Ouro Preto, o ponto central da Estrada Real.

Giuliana Chorilli

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onstruída a partir das muitas indas e vindas das Minas ao litoral, desde o século XVII, esse nome dado ao caminho a Estrada Real atualmente é a junção dos vários caminhos construídos no Brasil-Colônia. São praticamente 1,6 mil km de roteiro que permitem mergulhar na história brasileira, uma oportunidade de viver as experiências que bandeirantes, tropeiros, oficiais e outros viajantes encontraram na Estrada Real. Naquela época, a circulação de pessoas, mercadorias, ouro e diamante era obrigatoriamente feita pela estrada. Criada pela Coroa portuguesa afim de fiscalizar a circulação das riquezas e mercadorias que transitavam entre Minas Gerais e o litoral do Rio de Janeiro que na época era a capital colonial. Segundo o historiador e turista que já conheceu a estrada, André Franklin: “A estrada tem duas saídas, que são Paraty e Rio de Janeiro, para dificultar o roubo, que a Ilha Grande (a parte oceânica) servia de

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esconderijo de piratas que atacavam navios vindos de Parati e Angra, e que muitas cidades surgiram justamente como entreposto da estrada”, afirma André. A grande importância das vias fez nascer inúmeras vilas e cidades. Esses povoados à beira do caminho, com o cruzeiro, a capela, o pelourinho, o rancho de tropas, a venda, a oficina e as casas de pau-a-pique simbolizaram, durante longo tempo, o processo de urbanização do centro-sul da colônia. Mas com o fim desse ciclo econômico e com a industrialização, o caminho ficou por muito tempo esquecido, o que também ajudou em sua conservação, e atualmente, existem inúmeros projetos, organização governamental para recuperação para explorar seu potencial turístico, conforme diz a turismóloga Lorena Moraes Siorice, que trabalha em um projeto não-governamental chamado “Instituto Estrada Real” que tem como pretensão o fomento do turismo nessa área. Hoje, a Estrada

Real é formada por 177 de municípios, sendo 162 em Minas Gerais, 8 no Rio de Janeiro e 7 em São Paulo, o que reuni atrativos de sobra para uma longa viagem. O destino histórico conta com colonias, igrejas, museus, reservas ecológicas, estações de águas minerais, esportes aventureiros, culinária mineiras e, principalmente, com a história do nosso país. A aventura nesse destino é garantida, seja ela por terra, no asfalto, em trilhas ou pedra, a forma de turismo é escolhida pelo próprio turista. Além disso, há ainda a opção de compra de pacotes para conhecer alguns lugares turísticos. Segundo Lorena Moraes, no site chamado Estrada Real, do projeto não-governamental em que trabalha, há disponibilizado roteiros de trilha, pacotes de passeios, e dependendo da vontade do turista é necessário somente entrar em contato com os turismólogos que eles darão dicas de como fazer determinados passeios, se é melhor ir a pé, de carro, de bicicleta ou a cavalo.

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Caminho Novo: Soma 515 km e é o caminho mais jovem da Estrada Real. Sua criação foi por volta de 1698, porém foi entre 1722 e 1725 que a rota estava finalmente definida. A rota se inicia em Ouro Preto e termina no Rio de Janeiro, liga Minas Gerais ao mar da capital fluminense. Atualmente repleto de atrativos turísticos, guarda dezenas de vestígios da época mineradora.

Foto: Google

Caminho dos Diamantes ou Rota dos Diamantes: Com cerca de 350 km, liga Diamantina à Outro Preto. Passou a ter grande importância a partir de 1729, quando as pedras preciosas de Diamantina ganharam destaque na economia. Além da história nacional, esse caminho abriga uma cultura latente e uma gastronomia típica, e gran-

des belezas naturais como cachoeiras, paredões e serras, permitindo atividades como canoagem, rafting, mountain bike, cavalgadas, escaladas e boas viagens de carro por estradas de terra por entre pequenas cidades e vilarejos, riquíssimos em fauna e flora. Caminho de Sabarabuçu: Esse caminho foi criado como uma rota alternativa entre o Caminho dos Diamantes e a cidade de Ouro Preto. Seus 160 km conectam os distritos de Cocais (Barão dos Cocais) e de Glaura (Ouro Preto).

Pousadas Quartos: entre 150,00 e 250,00 – baixa temporada Acima de 300,00 – alta temporada Hotéis (média de preços, diária, quarto de duas ou mais pessoas) entre 120,00 e 240,00 reais Hotéis Fazenda: entre 250,00 e 320,00 reais

Pacotes entre 800,00 e 1200,00 reais Beagá 4 you: (31)32646022 (31)92373704 site: beaga4you.com.br

Instituto Estrada Real: Para fazer turismo independente é só entrar no SitGeo(http://site.er.org.br) Em caso de dúvidas entrar no Fale Conosco e contatar os turismólogos do Instituto.

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História - As Viagens de Paddy

Cartão-Postal

Especiarias

Fotos : Patrick Campbell

As viagens de Paddy Taxista mostra o cotidiano de uma Irlanda do Norte em processo de paz Maria Clara Lima

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uando Paddy resolveu ser taxista, ele não fazia ideia de que um dia essa seria uma das razões para visitar Belfast. Naquele tempo, há 28 anos, a capital da Irlanda do Norte vivia a efervescência de um conflito conhecido mundialmente como The Troubles. Enquanto a banda U2 cantava sobre o massacre do Domingo Sangrento, no início dos anos 80, Paddy observava da janela de seu táxi, católicos e protestantes ilustrando suas inquietudes nas paredes de suas residências. Ele notava o tempo passar e a cidade se dividir por meio de um muro chamado de ‘linha da paz’. Olhava também as marcas de um tumulto calado que perdura até hoje e se esconde no dia-a-dia da cidade. Quando Paddy resolveu a ser taxista, ele não previa o acordo de paz assinado em 1998. Surpreendeu-se com o número de pessoas que incluíam a cidade em seus roteiros de viagem. Belfast já não era mais um campo de batalha. Assinaram o cessar-fogo e as pessoas voltaram nos visitar, lembra. O fluxo de turistas influenciou a decisão de mudar de profissão, sem mudar de emprego. A história recente da cidade transformou os rumos da vida de Campbell, o Paddy. Virou guia turístico em seu táxi preto. Mas o caminho percorrido por Paddy vai além dos rochedos da Calçada dos Gigantes, do cais onde foi construído o Titanic, e da bela Universidade Queens. A Belfast de Paddy está escondida por trás da aparente calma de uma cidade que sustenta a austeridade in-

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Um dos pontos altos do passeio é a parada no limite entre a batalha e a sossego. Cerca sete metros e mais de 21 quilômetros, o muro que ainda divide as vizinhanças de Belfast, cresce a cada ano e continua a surpreender os turistas uma década depois do Acordo de Paz. O que torna esse muro peculiar é que ele foi construído e é mantido pela própria população. O muro, que às vezes se transforma em grades ou barricadas, corta praças e cruza quintais. Algumas ruas têm portões, que são fechados ao entardecer e abertos quando o sol começa a ficar firme. - 17:00 às 08:00. Serve para manter o inimigo do outro lado.Cada lado tem sua bandeira, seus murais e seus herois. Placas entravadas em um canto ou esquinas, lembrando as bombas e o número de pessoas falecidas nas explosões. O turismo de conflitos ainda não é um gênero conhecido. Patrick Campbell foi pioneiro em transformar a subversão da tumultuada relação entre os moradores de seu país em algo positivo. Hoje, há várias empresas como a dele, que fazem esse tipo de “tour”. “Muitas pessoas ficam maravilhadas quando

eu conto o que aconteceu nessas ruas, muitas não entendem que o conflito vem de longa data e é uma história que ainda não se resolveu”, explica. Ainda hoje, nas entrelinhas das práticas culturais, a batalha continua sendo travada entre as duas religiões. Em números, católicos e protestantes formam uma balança equilibrada, nem sobe nem desce, mas cada um fica em seu lugar. São duas Belfast, em um só povo. Por causa disso, Paddy conta que procurou selecionar funcionários católicos e protestantes. “Eu os escolhi a dedo”. A Irlanda do Norte vive a dualidade de um processo que pode durar gerações. Enquanto isso, Paddy continua instruindo as pessoas que buscam uma Belfast além dos folhetos e brochuras. Belfast tem vários serviços de táxi que fazem passeios turísticos. O custo médio da viagem é de 10 libras por pessoa (uma média de 26 reais). Além do roteiro político, é possível agendar uma viagem pelos pontos mais tradicionais.

As viagens de Paddy se tornaram motivo de peregrinação para quem curte testemunhar a história sendo escrita diante de seus olhos. “Eles ficavam surpresos quando eu mostrava o muro que ainda separa católicos e protestantes, ou conava algo sobre os confrontos”. O ‘passeio político’ leva seus passageiros para uma Belfast recente, de 10, 20, 40 anos atrás. Os murais servem como pano de fundo para um conto que ainda não terminou. São desenhos sobre a rixa de quase mil anos entre a Irlanda e o Reino Unido, e também sobre ideologias importadas do além mar. As pinturas de Che Guevara, soldados palestinos se misturam com figuras ilustres locais como Bobby Sands, um ativista do Exército Republicano Irlandês (conhecido como IRA) que morreu aos 27 anos em uma greve de fome na prisão tornam-se vivas nas narrativas do taxista-guia. “Algumas pessoas não fazem ideia do que aconteceu aqui, e ainda acontece”. O ‘passeio político’ leva seus passageiros para uma Belfast recente, de 10, 20, 40 anos atrás. Os murais servem como pano de fundo para um conto que ainda não terminou. São desenhos sobre a rixa de quase mil anos entre a Irlanda e o Reino Unido, e também sobre ideologias importadas do além mar. As pinturas de Che Guevara, soldados palestinos se misturam com figuras ilustres locais como Bobby Sands, um ativista do Exército Republicano Irlandês (conhecido como IRA) que morreu aos 27 anos em uma greve de fome na prisão tornam-se vivas nas narrativas do taxista-guia. “Algumas pessoas não fazem ideia do que aconteceu aqui, e ainda acontece”

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Pouca Grana

Ficar na casa de quem não conheço? E o perigo?

“Participação na criação de um mundo melhor, um sofá de cada vez” Criar laços entre pessoas de diversas culturas faz parte da filosofia que une viajantes na comunidade virtual Couchsurfing.org Tem um colchão sobrando em casa? Curte conhecer gente nova e de diversos lugares do mundo? Está sem grana para pagar o hostel/hotel? Quer estar perto da gente local durante uma viagem? Pois o Couchsurfing (CS) proporciona tudo isso. Trata-se de um serviço de alojamento na internet, com mais de três milhões de membros de 180 países. Funciona assim: o potencial usuário faz um perfil, como o do Orkut ou Facebook, no site www.couchsurfing.org, contendo suas informações pessoais e fotos. Também, coloca se quer apenas “surfar” ou se também tem um “sofá” para oferecer em sua casa. A partir de então, o perfil fica disponível na rede e os usuários podem começar a entrar em contato uns com os outros à procura de acomodação. A finalidade principal do Couchsurfing é proporcionar a troca de alojamento. Enquanto anfitrião (host), um membro oferece alojamento em sua casa.

Conheça o Couchsurfing

Como convidado (surfer), o viajante pode pedir alojamento para o seu destino. A duração e os termos do alojamento são combinados entre o anfitrião e o convidado, sem interferência do site. Espera-se que a estadia também seja gratuita, ou seja, não há compensações monetárias, exceto retribuições simbólicas. O convidado pode, por exemplo, compensar o seu anfitrião fazendo um almoço ou trazendo um presente de seu lugar de origem. Para “surfar”, basta colocar a cidade para onde deseja ir no campo de pesquisa do site e irão aparecer todos os membros do Couchsurfing que disponibilizam um sofá neste local. Os hosts costumam incluir todas as informações sobre o alojamento que oferecem em seus perfis, como o número de pessoas que podem hospedar, se o couch é um sofá mesmo ou se é uma cama/colchão, em que bairro da cidade fica, quantos dias podem alojar o convidado etc.

A grande vantagem, tanto para o host quanto para o surfer, está no intercâmbio cultural. Ao hospedar ou ser hospedado, a pessoa entra em contato com alguém que conhece bem a região, que está aberto e interessado em trocar informações sobre a realidade de seu local de origem e que tem boas histórias de viagens para contar. O interessante é que tudo é feito com um clima caseiro, em uma troca de experiências sincera entre viajantes. “O que eu mais gosto em oferecer couch, é estar o tempo inteiro com gente nova circulando pela casa, apreendendo e entendendo as culturas. Isso me transformou.”, relata o administrador de empresas Antoine Nivech, de Paris. Antoine é um host experiente: “aqui em casa, já hospedei mais de 20 pessoas de diversos países. A coisa mais interessante que percebi com estas experiências foi que pessoas são pessoas em qualquer parte do mundo. A única coisa que nos separa é a geografia”, conta.

Para quem ainda não teve a primeira experiência no Couchsurfing, a ideia parece maluca. Mas o site contém três métodos para garantir a segurança e a confiança, que estão visíveis nos perfis dos anfitriões ou surfers, para que os membros possam levar em consideração antes de entrar em acordo sobre a acomodação: • Referências pessoais, que anfitriões ou surfers podem deixar um ao outro após terem usado o serviço. Estas referências ficam visíveis no perfil dos hosts e dos surfers e o site não possibilita que elas sejam apagadas pelos mesmos. Portanto, se houver alguma referência negativa, ela ficará lá, visível a todos os membros que acessarem o perfil. Quanto mais referências positivas o host/surfer tem menores a chances de ter surpresas. Pelas referências, também é possível saber como os outros couchsurfers passaram o tempo de viagem com o host, que tipo de passeios, programas e saídas fizeram. Se o surfer quer uma vida noturna agitada ou se prefere curtir um programa mais tranquilo, poderá procurar nas referências hosts com essa personalidade. • Um sistema opcional de verificação por cartão de crédito, que permite aos membros “trancar” o nome e morada fazendo um pagamento com cartão de crédito e introduzindo um código que o CouchSurfing envia à morada de pagamento. Isso permite também que o CouchSurfing recupere alguns custos por requerer um pequeno donativo para esse tipo de verificação, já que o site não recolhe qualquer contribuição de seus membros.

• Um sistema pessoal de verificações, em que um membro que foi certificado pode certificar um sem número de outros membros que ele ou ela tenha conhecido e em quem confie. Apesar destes recursos para garantir a segurança dos usuários, é bom lembrar que existem riscos em qualquer viagem. O recomendado ao utilizar o Couchsurfing é viajar em mais de uma pessoa. “Nunca tive problemas com meus hosts, mas não gosto de viajar sozinha quando me hospedo pelo CS”, diz a estudante Mariana Fávero. Louca por viajar, Mariana já dormiu em todo tipo de acomodação em suas viagens pelo mundo, do hotel cinco estrelas, passando por hostels caindo aos pedaços até os diversos surfings. “Eu adoro a filosofia do Couchsurfing, é minha forma de acomodação preferida. Sei que muita gente acha perigoso, uma loucura, mas perigo há em qualquer lugar. Já fui roubada em dois hostels, um em Santiago e outro em Assunção. Também já reviraram minhas malas em um hotel de Nova Iorque. Em qualquer tipo de viagem, é imperativo tomar cuidado.” Além de promover o contato entre quem viaja e quem hospeda na internet, o site Couchsurfing hospeda vários grupos de discussões, sugestões de viagens, salas de conversa e ainda promove encontros pessoais entre surfers e hosts ao redor do mundo. Animou? Então acesse a página (www.couchsurfing.org), faça o seu perfil e as malas! A inscrição no site é gratuita.

Foto: Google

“O CouchSurfing não é mobília, não é encontrar alojamento gratuito por todo o mundo; é estabelecer ligações por todo o mundo. Fazemos o mundo um lugar melhor abrindo as nossas portas, os nossos corações e as nossas vidas. Abrimos as nossas mentes e damos as boas vindas à sabedoria que a troca cultural oferece. Criamos ligações profundas e significativas que cruzam oceanos, continentes e culturas. O CouchSurfing quer mudar não só a maneira como viajamos, mas também a maneira como nos relacionamos com o mundo!”

Casey Fenton, fundador do Couchsurfing.org

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Terminal

Terminal

O meio de locomoção não pode faltar no checklist Se você pensa que o destino importa mais que o tipo de transporte, não é bem assim...

Foto Letícia Greco

Micaela Lepera

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ntas, Malas pro ompradas, Passagens c em mãos, Passaporte

Foto Heraldo Soares

Trem é uma boa pedida? Sim se a distância a ser percorrida é muito longa e se você é pontual. A malha ferroviária da Europa é bem abrangente e os horários de saída e chegada que constam nos bilhetes são “pra valer”. A estudante Bruna Escaleira gostou muito de ter viajado de trem durante o tempo em que ficou na Europa. “Me senti realmente viajando. Fui conhecendo as paisagens do interior dos países sem carros cortando a visão e lombadas tremendo as fotos. Os trens europeus são extremamente confortáveis e os embarques incrivelmente mais fáceis e rápidos que nos aeroportos”. Lembrando que as estações de trem costumam ficar no centro da cidade, dispensando o gasto com traslados. Os preços dos tickets de trem variam dependendo do número de países a visitar e dias a viajar. O valor mínimo oferecido pela Eurail. com, uma cooperação de 30 empresas ferroviárias da Europa que proporciona passes ferroviários para 25 países europeus, é de 54 dólares.

Compensa viajar de ônibus?

Caso você não veja problema em viajar por muito tempo, o ônibus pode ser o melhor tipo de condução, porque embora ele não seja muito rápido e nem sempre vá direto ao destino escolhido, ele costuma ser barato. Pela Eurolines, empresa que agrega 32 companhias de ônibus operando em 43 cidades da Europa, você viaja ilimitadamente pagando a partir de 205 euros por 15 dias e 310 euros por 30 dias. “Em geral, a locomoção por ônibus na Europa é muito boa. Mas isso não é uma regra. Por exemplo, a viagem que fiz de Sevilha para Lisboa foi uma viagem longa que durou em torno de 6h30. O ônibus era extremamente apertado e não havia banheiro. Em contrapartida, a empresa que me locomoveu de Bruxelas para Paris era ótima, muito confortável e havia várias opções de horários”, conta a estudante Raíssa Zampieri. Viajar de ônibus também permite que você leve bagagens grandes e observe a paisagem durante o trajeto.

É recomendável viajar de avião? Depende. Passagens de avião são muito baratas quando a companhia é low cost (baixo custo). Você pode chegar a encontrar vôos por 5 euros. Mas cuidado, porque o barato pode sair caro. Em algumas companhias low cost não é possível pré-definir seu lugar, as poltronas não reclinam e há limite de 10 kg de bagagem por passageiro quando não se paga taxa extra. Claro que se tem que levar em consideração que o avião é o meio de transporte mais veloz que existe, mas ter que chegar com antecedência no aeroporto, fazer o check in, passar pelo detector de metais e embarcar não é tão rápido assim. A estudante Juliana Matias aponta os dois lados de se viajar de avião pela Europa: “o bom é que se pode ir de um país para outro em questão de minutos, mas o ruim é que, como aqui no Brasil, as passagens são caras se você não conhece as companhias aéreas certas”.

Vale a pena alugar um carro?

e viagens, d s ia u g e s Mapa ecessário). n e s ( o t is V s dúvidas A í. a é t to a o roteiro ir Tudo cer n fi e d e d hora , surgem na ptar: trem o e t r o p s an eio de tr m l a u q r Po u ônibus? e desvano s o n r e r g a a c t , n o a v aviã matéria as comoção a t lo s e e n d a r s a fi rm Con quatro fo s a s s e d s tagen . na Europa 65

Foto Silvia Lepera

Foto Micaela Lepera

“O bom de ter carro na Europa é a liberdade de poder viajar pelas estradas, e também andar na cidade, na hora que quiser, sem depender de horários de ônibus, trens e metrô. A desvantagem acaba sendo a falta de vagas para estacionar na rua, e o alto preço dos estacionamentos”, afirma o estudante Francisco De Laurentiis Neto. Dica: quanto mais gente tiver para alugar um carro, mais barato fica. Porém, existem os gastos com combustível, estacionamento, pedágios e tarifa de seguro. Você pode escolher um carro de pequeno, médio ou grande porte, de câmbio automático ou manual, com ou sem os adicionais ar condicionado e aparelho de som, por exemplo. E a Carteira Nacional de Trânsito (CNH) é aceita na maioria dos países europeus. Mas caso queira garantir, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) emite a Permissão Internacional para Dirigir (PID).

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Onde ficar

Onde ficar: Hostels

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Hostels: fique tranquilo, a escolha é certa! Esqueça a ideia de albergue que você tem na cabeça. Hoje, a hospedagem preferida dos mochileiros está com outra cara, mais moderna, sofisticada e divertida. Renato Oliveira

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mercado de hostels está crescendo no mundo inteiro e atraindo perfis diferentes de viajantes. Não são mais só os jovens sem muito dinheiro no bolso que procuram uma cama nos albergues, mas sim todos os viajantes que querem combinar qualidade à novas experiências. Se antes se hospedar em um albergue era sinônimo de desconforto, falta de infraestrutura e certeza de alguns perrengues, essa imagem já foi revertida. Hoje, quem viaja pela Europa, ou até mesmo pelos nossos vizinhos sul-americanos, se surpreende com a qualidade dos serviços prestados. Tanguy Bernier, francês, já foi gerente do Alfama Pátio Hostel, em Lisboa, por um ano e meio, e hoje trabalha em outros dois hostels em Colônia, na Alemanha. Ele conta que o objetivo dos donos e funcionários dos albergues é sempre proporcionar o melhor serviço pelo menor custo possível. “O lucro não é a meta principal. O conceito de um hostel é de criar um ambiente jovem, despretensioso e que torne Foto: Divulgação

Reserve o seu hostel!

Os três principais sites para a reserva de hostels são eficientes e confiáveis! Neles você acha todas as informações sobre os albergues e as opiniões de quem já se hospedou neles. Dá uma olhada e já escolha seu próximo destino!

a experiência dos hóspedes ainda mais interessante”, afirma ele. Tanguy está certo. Se hospedar em um hostel, hoje, é mais do que a escolha de um lugar pra dormir. “Nós sempre recebemos pessoas que estão dispostas a trocar experiências e fazer amizades. Não é como nos hotéis, onde você nem encontra outros hóspedes. A escolha certa do hostel é fundamental para uma viagem inesquecível”, ele conta. Além de uma ótima maneira de conhecer e interagir com pessoas do mundo todo, os hostels também podem ajudar muito na hora de conhecer o destino escolhido para a viagem. Mais que simples informações, a maioria deles organizam atividades de todos os tipos para os hóspedes. Você pode fazer walk-tours gratuitos, passeios curtos, conhecer a noite da cidade, etc. Tudo isso de uma maneira mais informal e despretensiosa do que nos hotéis comuns. Além de uma ótima maneira de conhecer e interagir com pessoas do mundo todo, os hostels também podem ajudar muito na hora de conhecer o destino escolhido para a viagem.

Foto: Divulgação

Mais que simples informações, a maioria deles organizam atividades de todos os tipos para os hóspedes. Você pode fazer walk-tours gratuitos, passeios curtos, conhecer a noite da cidade, etc. Tudo isso de uma maneira mais informal e despretensiosa do que nos hotéis comuns. Elita Barbosa, estudante, já fez duas grandes viagens pela Europa e uma pela América do Sul, e sempre se hospedou em albergues. “Eu não troco o albergue por nada. A maioria deles é confortável e eu já fiz grandes amizades ficando em hostels. Sempre tem algum passeio, jantar ou festinha a noite. É uma atmosfera única, meio mágica até.”, afirma ela. No entanto, você deve saber que não vai ter luxo em um albergue.

A maioria dos banheiros são compartilhados, mas você pode pagar um pouco mais e ter o sua suíte. Saiba que a maioria dos hóspedes que procuram um hostel gosta de festas, então vá preparado pra entrar no ritmo. Dividir um mesmo quarto com outras 3,5 ou até mais de 8 pessoas tem suas desvantagens, como barulhos e iluminação indesejados em alguns momentos. Para que a escolha seja certa, pesquise o máximo de informações e opiniões sobre o hostel em que pretende ficar. Opte sempre pelos melhores avaliados, mesmo que sejam um pouquinho mais caro. E depois que fizer a reserva, se prepare para viver uma das experiências mais interessantes e divertidas da sua vida!

Hostelworld (www.hostelworld.com) Hostelbookers (www.hostelbookers.com) Hi Hostels (www.hihostels.com )

Top 10 Hostels

Todos os anos, o site Hostelworld (www.hostelworld.com) elege os dez melhores hostels do mundo. Confira os ganhadores da última edição: 1º Travellers Hostel (Lisboa, Portugal) 2º Rossio Hostel (Lisboa, Portugal) 3º Living Lounge Hostel (Lisboa, Portugal) 4º Academy Hostel (Florença, Itália) 5º Carpe Noctem (Budapest, Hungria) 6º The Riverhouse Backpackers (Cardiff, Reino Unido) 7º Lisbon Lounge Hostel (Lisboa, Portugal) 8º Greg & Tom Hostel ( Cracóvia, Polônia) 9º The Naughty Squirrel Backpackers Hostel (Riga, Letônia) 10º Lisboa Central Hostel (Lisboa, Portugal)

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Souvenir

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Souvenir

Dicas de coisas legais para trazer de lembrança da viagem

Bonequinhos de Berlim O Ampelmann, tradução em alemão “homem do semáforo”, era o desenho dos sinais de pedestre da antiga Alemanha Oriental. Os dois bonecos dos sinais de trânsito– vermelho para “pare”, e verde para “siga” – foram pensados pelo psicólogo Karl Peglau com o intuito de humanizar a ordem no trânsito e evitar atropelamentos na Berlim de 1961. Mas com a reunificação, decidiu-se que todos os símbolos da antiga Alemanha Oriental deveriam ser banidos. Em 1996, um jovem designer alemão, Markus Heckhouser, começou a recolher os sinais de trânsito descartados, e iniciou o esforço de manter aqueles ícones na memória da população. Sua atitude teve ampla cobertura midiática e, por isso, o uso do Ampelmann foi revisto pelas autoridades germânicas. A figura dos “homenzinhos” tornou-se um dos principais símbolos e souvenir da cidade. Podem ser encontrados impressos em diversos produtos comercializados na loja Ampelmann de Berlim, como camisetas, lápis, copos, isqueiros, cadernos etc.

Gorro boliviano Ir pra Bolívia e voltar sem um gorro daqueles que cobrem as orelhas é quase como não ter ido. Em todas as cidades você encontra um desses, de todas as cores, tamanhos, modelos e também de diferentes tipos de lãs. Os de lã de alpaca são os mais caros, e os de carneiro os mais baratos. Se passar por La Paz, não deixe de visitar o Mercado de las Brujas, onde irá encontrar gorros, em média, por 20 bolivianos. Barganhando sai por uns 15 bolivianos, algo em torno de R$ 3,75.

Foto: Google

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Caneca de cerveja alemã

Azulejos portugueses

É praticamente imperdoável ir para Nuremberg, na Alemanha, e não voltar para a casa com uma bela caneca alemã. Com capacidade de 1L, as canecas estampam os brasões de várias cidades do estado da Baviera. Elas podem ser encontradas em diversas lojas feitas para turistas, situadas no centro da cidade e custam cerca de €7,00. Nuremberg faz parte da região denominada Bierfranken que, com mais de 300 cervejarias, tem a maior densidade de cervejarias por número de habitantes do mundo.

São Luís, conhecida como a “Cidade dos Azulejos”, traz um grande souvenir: os azulejos portugueses. Habitada por franceses e holandeses, São Luís foi de fato edificada sob o domínio português durante os séculos XIV e XVII. A maior parte dos azulejos veio de Portugal, para compor as fachadas dos prédios atendendo às condições climáticas da região que, pela sua posição geográfica, apresenta um clima com características de sol escaldante no verão e muita chuva no inverno. Os azulejos são vendidos pelas ruas e em lojinhas de artesanato a partir de R$ 10,00. Foto: Google

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Abanicos de Sevilla Os abanicos são os famosos leques que as mulheres sevilhanas usam para dançar Flamenco, o estilo musical nascido na capital da Andaluzia, no sul da Espanha. Podem ser encontrados no centro histórico da cidade, em lojinhas da Calle San Eloy, próximas à Catedral e custam a partir de €12,00. Ou então, mais em conta, nos pátios da suntuosa Plaza de España, dois por €5,00 pelos vendedores ambulantes que circulam por lá. As qualidades variam, mas os mais baratos já são bons e agradam qualquer senhorita, com todo o charme das bailarinas flamencas!

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Top 5

Cartão-Postal

E aí, qual é a sua balada? A “Cartão Postal” sabe que tão importante quanto os museus, igrejas, paisagens e restaurantes, a vida noturna é fundamental na escolha de um destino de férias. Na noite você conhece as pessoas que vivem por ali, fica por dentro do que rola no cenário musical do país, das bebidas que eles gostam e ainda aprende como funciona a paquera em culturas diferentes da sua. O “Top 5” dessa edição da Cartão Postal elege cinco points imperdíveis do que há de melhor na noite pelo mundo. Você escolhe entre bairros que nunca dormem, baladas de vários andares, pubs mais intimistas, etc. Nosso repórter Renato Oliveira esteve nas cidades e da dicas para você aproveitar ainda mais a sua experiência em cada uma delas. Foto: Renato Oliveira

5.

2.

Praga

Durante o dia, Praga parece mais um conto de fadas cheio de turistas. Mas é depois do pôr do sol que a magia começa, de fato. Jovens de todo o mundo procuram a cidade por seus famosos clubes de 3,4 e até 5 andares. Os preços estão entre os mais atrativos da Europa e as baladas estão cheias de turistas e locais que não voltam pra casa antes das 6 da manhã. Em Praga, você pode escolher se quer uma balada mais comercial ou algo mais undergrowd, há musicas e clubes para todas as tribos. A combinação entre uma cidade incrível (talvez a mais linda do mundo) com uma noite cheia de diversidade e que nunca para faz de Praga o nosso 5º Lugar. Foto: Renato Oliveira

Buenos Aires

A fama é merecida, Buenos Aires nunca dorme! E o melhor de tudo: você vai gastar bem menos do que gastaria pra sair em São Paulo, por exemplo. Ainda que você não tenha a liberdade que teria na Europa pra se perder pelas ruas à noite, já que isso seria um pouco perigoso na Argentina, os portenhos ainda são tão bonitos quanto os europeus! Prepare-se para noites baratas e intermináveis, com clubes cheios todos os dias da semana, lotados de gente bonita e que só começam a bombar depois das duas horas da manhã. Comece a festa no seu próprio hostel, a maioria tem esquentas onde você já conhece a galera enquanto não vai para a balada. As boates tem todos os estilos e você com certeza vai achar aquela que é perfeita pra você! É com o melhor custo-benefício para quem não tem muito grana pra viajar que Buenos Aires leva o nosso 3º Lugar!

Lisboa

Esqueça a sua imagem de uma capital tradicional e conservadora. Lisboa é hoje uma das cidades que mais se destaca na noite europeia e vive um renascimento cultural muito intenso. O “Bairro Alto”, bairro histórico com centenas de baresdistribuidos em ruelas estreitas, reúne gente de todo mundo e é um fenômeno da vida noturna moderna. Ali você circula a ceu aberto por bares de todos os tipos de tribos e musica e parece viver uma experiência fora desse mundo. E a noite não para no Bairro. Depois que os bares fecham, às 3h da manhã no fim de semana, todos os Lisboetas e turistas saem a procura de uma balada para terminar a madrugada dançando, e opções não faltam. Por ser tão única e especial, a vida noturna da capital portuguesa fica com o 2º lugar.

1.

Dublin

Foto: Renato Oliveira

Montreal

A combinação entre a vida cultural europeia com o ritmo acelerado das américas faz qualquer um se apaixonar por Montreal. A cidade é conhecida por ter a vida noturna mais agitada do Canadá, com moradores que nunca se cansam de uma festa. Aqui a vida noturna também é diversa, e quando ás luzes se acenderem às 3h da manhã não se assuste, as baladas after-hours estão só começando. Vá com o bolso preparado, as bebidas não são baratas, mas o custo beneficio é garantido: além de simpáticos, os canadenses são um dos povos mais bonitos do mundo! 4º lugar merecido para uma cidade apaixonante, dinâmica e intensa!

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3.

Foto: Renato Oliveira

Foto: Renato Oliveira

4.

Top 5 - Baladas

Os irlandeses são, sem dúvida, o povo mais simpático da Europa, além de beberem mais que qualquer outro povo do velho continente. Isso faz toda a diferença na vida noturna. Aqui a balada começa cedo, então prepare-se para ares de fim de noite já às 23h. O já consagrado “Temple Bar”, bairro com dezenas de Pubs, atrai os turistas e alguns outros distritos, não muito longe dali, estão cheio de locais. Não importa em qual pub você entra, a musica vai ser boa! Aliás, fazer amizades na noite de Dublin é um fato certo e você vai se divertir muito com esse jeito bem despojado e quente dos irlandeses curtirem a noite. E não são só os bares, as boates da capital irlandesa são ótimas e costumam agradar pessoas de diferentes tipos. Vida noturna divertida, despretensiosa, com gente bonita e musica boa. Precisa de mais o quê pra estar em 1º lugar?

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CARTÃO POSTAL SEU DESTINO É VOCÊ QUEM FAZ.

Destino do mês:

cidades medievais

Berço da civilização ocidental, as cidades europeias encantam por sua história, cultura e arte. Conheça Granada, no sul da Espanha, e Lucca, na charmosa província da Toscana, região central da Itália

Ecoturismo no Brasil São Francisco Xavier e Ilha Grande

Bolívia Conheça o roteiro passo a passo para Isla del Sol

As estradas reais Travessias em Minas Gerais

Arriba brasil! Jogos Panamericanos em Guadalajara

Terminal

Planeje o melhor meio de locomoção para sua viagem

Hostels

AINDA

Argentina

As dez comidas mais queridas pelos hermanos

Ensaio Fotográfico

Cemitério de la Recoleta, Buenos Aires

Você tem preconceito? Esqueça isso!




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