Essência

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SER MÃE OU NÃO SER? Descubra o que elas pensam sobre a maternidade

VIDA FEMININA Como as mulheres ocupam o espaço do trabalho e lidam com a relação profissão x filhos

ADOÇÃO Fique por dentro do processo e conheça as mães de coração

FERTILIZAÇÃO IN VITRO Entenda o método de inseminação e conheça a história de Gabriel

Nesta edição: Planejamento

Gravidez

Futuro

e mais!


Nesta edição: Planejamento.........................3 Decidiu ter um bebê? Então, prepare o bolso!

Gravidez............................................4 Conheça os tipos, a fertilização in vitro e o anjo Gabriel

Adoção.....................................................7

Essência

PRIMEIRA EDIÇÃO - BAURU, MAIO DE 2015

Érica Francisco Travain Aguiar, Gabriela Vanni Arroyo, Gabriele Rodrigues Alves da Silva, Lais Fernanda Esteves, Mariana Uberti Kohlrausch e Marília Campos Munhoz REDAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

“Júlio de Mesquita Filho” Reitor: Dr. Julio Cezar Durigan Vice-reitora: Dra. Marilza Vieira Cunha Rudge FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO – FAAC

Diretor: Dr. Nilson Ghirardello Vice-diretor: Dr. Marcelo Carbone Carneiro DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Chefe: Dr. Juarez Tadeu de Paula Xavier Vice-chefe: Dr. Angelo Sottovia Aranha CURSO DE JORNALISMO

Coordenador: Dr. Francisco Rolfsen Belda Vice-coordenadora: Dra. Suely Maciel PLANEJAMENTO GRÁFICO EDITORIAL II

Professor: Dr. Francisco Rolfsen Belda JORNALISMO IMPRESSO II

Professor: Angelo Sottovia Aranha ÍCONES flaticon.com e freepik.com COR DOS ÍCONES iconsdb.com ILUSTRAÇÃO DE CAPA João Menighin FONTES CHANNEL E MAGNOLIA LIGHT dafont.com

Esclareça suas dúvidas! E mais: visite a Casa do Menor Renascer

Carreira.........................................................9 Maternidade e vida profissional é um dilema para a mulher? Descubra!

Futuro..........................................................10 Filhos casados e mães tecnológicas: como lidar com tantas mudanças?

Cuidado, a essência da vida

O dia das mães é uma data festejada desde a Grécia Antiga, sendo que, naquela época, marcava a chegada da primavera. Hoje, no Brasil, comemoramos esse dia todo segundo domingo do mês de maio, no outono, estação propícia para a renovação das folhas. Nesta edição, o Essência apresenta como é ser mãe nos dias atuais, quando o planejamento familiar bate à porta, a gravidez se torna uma fase especial e a adoção realiza sonhos. Você ainda vai conferir como as mães se adaptaram ao universo tecnológico, sem abandonar o zelo e a proteção, e como elas lidam com as mudanças, seja no crescimento ou no falecimento dos filhos. Esta é uma edição dedicada ao ser mãe, seja você mulher ou homem, jovem ou mais velho, que transforma o cuidar na Essência da vida. Boa leitura!


Planejamento

Ser ou não ser mãe? Eis a questão... Conheça a história de duas mulheres e a sua relação com a maternidade Por Lais Esteves

A chegada de um filho pode mudar para sempre a vida de uma mulher. Porém, antes de vivenciar a experiência, é preciso refletir sobre o mundo da maternidade. A gerente comercial Cynthia Laus conta que, desde a infância, imaginava um dia ter filhos. Entretanto, chegou à conclusão de que ser mãe não fazia parte dos seus planos e, na verdade, é a sociedade que cobra essa função das mulheres. “Nunca foi uma vontade verdadeira, um sonho, nada. A nossa sociedade não dá espaço para que as meninas possam imaginar algum futuro

que não inclua a maternidalheres que fogem do padrão de”, avalia Cynthia. são rotuladas. As “donas de Apesar de alguns familiacasa” são vistas como “inferes se mosriores” e as trarem deque decidem O mundo sapontados abrir mão em relação à da matermoderno oferece sua escolha, nidade são vantagens às não houve julgadas “inmães, como críticas. Encompletas”. tretanto, ela No caso independência já ouviu de da bancária financeira e alguns hoNatali Roliberdade de mens codrigues, ser mentários mãe foi um decisão do tipo: sonho em “mulheres sua vida. Ela que não querem ter filhos são conta que, apesar de inicialegoístas”. Na sua opinião, mumente não ter a maternidade

como prioridade, após os 30 anos, percebeu que um filho era algo que faltava em sua vida e, quando se tornou mãe, seus pensamentos mudaram. Segundo Natali, o mundo moderno oferece vantagens às mães, como a independência financeira e a liberdade para tomar decisões. Entretanto, o acúmulo de funções contribui para uma rotina corrida. Ela se divide entre as tarefas da casa, os cuidados com a filha e o trabalho e acredita que a tecnologia se torna um problema se a interação com diversas pessoas começa a interferir no relacionamento mãe e filho.

Quanto custa um filho? Gastos com alimentação, moradia, lazer e educação podem chegar a dois milhões Por Lais Esteves

O planejamento de um filho envolve muitos fatores, entre eles está a questão financeira. Os custos na criação de um filho podem chegar a dois milhões de reais, do nascimento até os 23 anos. As despesas variam, de acordo com a renda familiar e a faixa etária da criança, segundo o Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing (INVENT). Educação, saúde, alimentação e vestuário estão entre os principais itens que consomem o orçamento familiar. Além das necessidades básicas, há os gastos com lazer. De acordo com o Prof. Dr. Elton Eustáquio Casagrande, do Departamento de Economia/Núcleo de Conjuntura e Estudos Econômicos da UNESP, os gastos devem ser estudados de modo que não comprometam o orçamento familiar. Para ele, os pais podem consultar especialistas na

área de previdência privada e fazer uma poupança ainda na infância. Segundo o professor, uma forma de poupar é economizar nos gastos na área de tecnologia, como celulares. Além disso, a educação financeira é considerada vital e a mesada é importante para educar. Os gastos com educação, especialmente durante a universidade, ocupam boa parte da renda familiar. Na maioria das vezes, os filhos saem de casa e os pais devem arcar com as contas. Para evitar problemas, Casagrande sugere a poupança e cita casos de famílias que investem em imóveis para obter retorno por meio do aluguel ou da valorização. A bancária e mãe Viviane Felício conta que as maiores despesas vieram depois do quinto mês de gestação. Para lidar com os custos, ela procurava fazer pequenas compras

por mês. Ela optou por um enxoval personalizado, com itens de sua preferência. Nesse caso, o chá de bebê foi algo que diminuiu os gastos, pois ela ganhou diversos produtos. O lazer também faz parte dos gastos. Por isso, ela procura ter cautela e não incentivar o consumismo do filho, opGastos Moradia

*Alimentação, babá, energia, telefone, TV a cabo

Educação

*alimentação escolar, berçário, ensino fundamental, médio e universidade, cursos diversos, materiais didáticos, livros, mesada e transporte

Lazer e Entretenimento *academia, clube e associações, cinema, teatro, shows, festas de aniversário, viagens, férias e passeios

Outros

*reserva financeira, saúde, tendências e vestuário

Total

3

Classe A

tando por passeios ao ar livre, em parques ou no zoológico. Viviane acredita que os pais devem conduzir a criança: “se a cada pedido o fizermos pensar na real necessidade, conseguiremos dar a ele uma vida saudável e sem futilidades. Gosto que ele reflita se realmente precisa daquilo”. Classe B

Classe C

Classe D

R$ 345.000

R$ 298.200

R$ 61.400

R$ 28.800

R$ 703.644

R$ 395.900

R$ 185.100

Nulo

R$ 421.024

R$ 94.800

R$ 38.800

R$ 4.800

R$ 616.934

R$ 189.200

R$ 121.800

R$ 20.100

R$ 2.086.000

R$ 948.100

R$ 407.140

R$53.700

Fonte: Ivent - Instituto Nacional de Vendas e Trade Marketing


Gravidez

Gravidez é um estágio especial e que requer cuidados Além da gestação comum, há outras três; a gravidez gemelar, a psicológica e a ectópica Por Marília Munhoz

A gravidez gemelar é conhecida por trazer gêmeos à vida, sendo eles univitelinos ou bivitelinos. Cerca de um terço dessas gestações dão à luz a univitelinos, que dividem a mesma placenta e são gerados a partir da fecundação do mesmo óvulo. Por outro lado, dois terços das gestantes gemelares dão à luz dizigóticos, que são fecundados por óvulos e espermatozoides diferentes que habitam placentas distintas durante a gestação.

são meus filhos. Eles são uns amores, companheiros. O trabalho é dobrado, os compromissos são dobrados, mas as recompensas são múltiplas”. Entre os tipos de gravidez

infertilidade e depressão. Os sintomas são iguais aos de uma gravidez real, pois há estímulo psicológico com aumento de prolactina no sistema endócrino. Os sintomas

Foto: Arquivo Pessoal e Freepik

Outro tipo Já a gravidez ectópica tem esse nome por ocorrer no endométrio e, em 90% dos casos, a fecundação se instala na trompa uterina. O ginecologista e obstetra João José Aguera Júnior afirma que o início do pré-natal é semelhante ao de uma gestação comum. Porém, os sintomas de gravidez ectópica começam a aparecer por volta da sétima semana de gestação, quando os tecidos do órgão começam a apresentar rupturas. A partir daí, os sintomas comuns são a dor abdominal, o sangramento vaginal ou atraso menstrual em pacientes com o resultado de teste de gravidez positivo.

História A mãe de gêmeos, Angelita Melo, conta que estar grávida foi uma surpresa, mas ainda mais surpreendente, estar grávida de gêmeos, pois por ter endometriose, era praticamente impossível ser mãe. Ela e seu marido, Silas Melo, sonhavam desde crianças serem pais de gêmeos. “Silas queria dois bebês: um para cuidar durante o dia e outro pra cuidar durante a noite”, afirma Angelita de forma bem humorada. E assim vieram Yasmin e Nicolas. Quando se trata de gestação gemelar, o planejamento para receber os bebês é minucioso. Para Angelita e Silas o trabalho não foi fácil, mas a organização ajudou nos cuidados, pois sempre se revezavam quando o assunto era choro, hora de mamar e troca de fraldas. Sobre o fato de ser mãe de gêmeos, Angelita não tem palavras para descrever: “Nossa, a minha sensação foi maravilhosa! Eu achava que nada era real. Olho até hoje e penso:

res. Mas além de tratamento com medicamentos, é preciso acompanhamento com psicólogos ou psiquiatras, afirma Ana Keila.

Previamente Yasmin e Nicolas são os xodós da família

está a psicológica, que também é chamada de pseudociese e a ectópica.

Em pensamento Afetando mulheres que desejam ser mães ou as que têm muito medo de engravidar, o primeiro tipo é considerado um transtorno psicológico. De acordo com a psicóloga Ana Keila Salviato, é um fenômeno raro com ocorrência de uma grávida em cada 20 mil gestações. Ela explica que há possíveis causas para a gravidez psicológica, entre elas o desequilíbrio emocional, baixa auto-estima, aborto recente,

são enjoos, desejos alimentares, ausência de menstruação, crescimento de barriga e das mamas e produção de leite. Ana Keila afirma que, em casos mais graves, “a mulher pode apresentar transtorno de personalidade, sintomas psiquiátricos como humor instável e reativo, problemas com a identidade e impulsividade”. A melhor indicação para mulheres com sintomas de gravidez psicológica é buscar ajuda profissional e partilhar seus problemas para que o tratamento seja eficaz. O diagnóstico de gravidez psicológica é feito por meio de entrevistas com a paciente e familia-

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“Frente a pacientes de risco, o ultrassom às seis semanas de gestação é primordial. Nesse momento, poderemos diagnosticar grande parte das gravidezes ectópicas, ainda íntegras e há grande chance de se fazer um tratamento conservador, não cirúrgico, inclusive para preservar a fertilidade futura”, afirma o obstetra. Conforme explica João José Aguera, dentre os fatores de riscos, encontram-se as mulheres que apresentaram gravidez ectópica prévia, infecções nas trompas, endometriose, reprodução assistida ou uso de DIU. Essas mulheres devem ter acompanhamento especial durante o pré-natal.


Gravidez

Métodos de fecundação são aliados na realização de sonhos Reprodução assistida auxilia e dissemina o milagre da maternidade Por Mariana Kohlrausch

O pr e s e n t e chamado Gabriel

Por Marília Munhoz

A recepção animada de dois cachorrinhos avisa que naquela casa há uma novidade. As evidências estão nas fotos, na mesinha ao lado do sofá e na cadeira de balanço. Os detalhes da sala de estar comprovam onde estava o foco da família: no bebê de cinco meses que estampava a maioria dos quadros. O Gabriel. É perceptível sua semelhança com Carla Floret Turini, de 30 anos, mãe, enfermeira e dona dos olhos azuis iguais aos do filho. Na tentativa de engravidar durante um ano, Carla fez tratamentos para estimular a ovulação, já que possui a Síndrome do Ovário Policís-

tico, caracterizada por pequenas bolsas contendo material líquido ou semi-sólido que se desenvolvem nos ovários e impedem a ovulação. Segundo seu médico, não era impossível que ocorresse a gestação naturalmente, mas isso poderia levar tempo e adiaria os planos imediatos que Carla havia traçado para ser mãe. Foi então que viu no tratamento in vitro, uma oportunidade. Em uma clínica especializada de Ribeirão Preto, iniciou um pré-tratamento que consistia em injeções para estimular a ovulação. Geralmente, depois da injeção, são pro-

Ícones: Freepick.com

método mais utilizado em clínicas de reprodução assistida. Segundo o obstetra, esse procedimento pode ser eficaz “tanto para paciente que tenha tido uma obstrução tubária por uma infecção por clamídia (doença sexualmente transmissível) ou para outra com esterilidade sem causa aparente”. Nos casos de mulheres que não querem se submeter a métodos artificiais de fecundação, há outras alternativas como adoção, doação de gametas e barriga de aluguel, sendo que algumas ainda estão restritas no Brasil, conforme afirma Aguera.

duzidos vários folículos pelo ovário, mas no caso de Carla, somente um fora produzido. Esta seria a única chance para o desenvolvimento do tratamento, já que outras tentativas estavam fora dos orçamentos do casal. Eles insistiram. Viajavam todos os dias para Ribeirão Preto, faziam acompanhamento médico, e o único folículo se transformou em um óvulo. “Todas as minhas fichas estavam apostadas na fertilização. Pensava que daria certo, mas, ao mesmo tempo, tinha a realidade mostrando o contrário: eu só tinha um folículo crescendo e não tinha mais dinheiro”, conta. A resposta de gravidez só viria 14 dias após a implantação do óvulo. Alimentando as expectativas e a ansiedade, Carla fazia testes de gravidez diariamente. “Eu estava tão angustiada que, quatro dias antes do resultado, pedi para Deus que me desse um conforto de alguma forma. Pedia: se eu não estiver grávida, me fala que não e pronto. Se eu estiver,

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me fala para eu ficar menos preocupada”, recorda-se. Da sala, começamos a ouvir um choro que vinha do quarto. Era o Gabriel acordando assustado. A conversa continuou com ele sorrindo e olhando para tudo com curiosidade. “Ele é tudo. Foi de longe o momento mais lindo da minha vida. É um pedaço de mim que faltava”, diz Carla sobre o filho. No fim da conversa, a mãe afirma que Gabriel significa a fé, pois, para ela, Deus agiu para que tudo desse certo. “É um amor que não tem como explicar, pois só se sabe o que é amor de verdade depois que se tem um filho”, garante.

Foto:Arquivo Pessoal e Freepik

Quando o assunto é reprodução assistida, vários tratamentos podem ser indicados, de acordo com as necessidades do casal. Contudo, é preciso auxílio clínico, que ajudará no sucesso da concepção. De acordo com o ginecologista e obstetra João José Aguera Júnior, avaliações iniciais são importantes para identificar os possíveis problemas que dificultam a fecundação e servem como preparação nos tratamentos futuros. Por serem inúmeras as causas de infertilidade, há métodos que atendem diversas situações, como é o caso da fertilização in vitro, que é o

mor e Gabriel é a

esperança


Gravidez

A espiritualidade no falecimento Quando a perda acontece, buscar apoio é uma saída Por Gabriela Arroyo

“Por que Deus permite que as mães vão-se embora?”. É com uma indagação que Carlos Drummond de Andrade começa seu poema ‘Para sempre’. Nele, fala da pequenez dos filhos diante da grandeza revestida de doçura que são as mães. Por outro lado, o que o poeta não fala é que as mães também se assustam com a morte e que o medo maior não está em partir, mas em perder um filho. Muitas vezes, quando a perda acontece, a religiosidade acaba se tornando um apoio. Pois, as religiões são capazes de trazer conforto espiritual. Os católicos, por exemplo, acreditam na ressureição. Ou seja, na vida após a morte. “Quando terminamos nossa missão aqui na Terra, nós vamos junto de Deus e permanecemos com Ele eternamente”, afirma o padre Marcos

Eduardo Pavan, da Catedral do que o falecimento prematuro é muito importante. As três pode fazer com que as pessoas Divino Espírito Santo. religiões com maior número Para os evangélicos da Igre- se questionem sobre a justiça de fiéis no Brasil podem até ja Internacional da Graça de divina e a existência de Deus, discordar sobre o que aconteDeus, o ser humano não foi mas explica que os espíritas ce depois da morte, mas em criado para morrer e é por se resignam diante do aconteum aspecto caminham juntas: isso que existe o sentimento cimento por acreditarem que buscam confortar. de perda. Entretanto, na visão “quebra-se apenas o laço físiPara padre Marcos, estar co e o amor do auxiliar presente é mais importante de verdade pastor do que ter que dizer algo. Na de perMurilo CeIgreja Internacional da Graça “Mãe é luz que m a n e c e ”. sar Lopes de Deus, durante o dia há minão apaga quando Entretan“como Jesus nistros para atenderem e orato, quando Cristo esterem por quem os procura. No sopra o vento” ocorre o ve na cruz Centro Paz e Amor, um grupo Carlos Drummond de Andrade falecimendo calváde orientação fraterna acolhe to de um rio por nós, as pessoas que buscam ajuda. filho, indecremos que Assim, por maior que seja a podemos alcançar a vida eter- pendentemente das crenças, dor, as mães sempre enconna mesmo após a morte”. O o apoio de quem está próximo trarão apoio e força. Espiritismo vê a morte como Catedral do Divino Espírito Santo um processo de reencarnação (14) 3222-3166 Praça Rui Barbosa, 3-30, Bauru que acontece de tempos em Centro Espírita Paz e Amor tempos com o mesmo espíri(19) 3462-3505 Rua Luiz Delbem, 30, Vila Medon, Americana to. Sandro Sella, coordenador do grupo Mocidade Espírita do Igreja Internacional da Graça de Deus (19) 3462-9931 Rua sete de setembro, 662, Americana Centro Paz e Amor, observa

Persistência vence abortos naturais Apesar da dor, sonho de ser mãe não é adiado Por Gabriele Alves

Não é fácil lidar com a perda de um filho em qualquer época da vida. Mas quando se trata de aborto natural, 15% das gestações são interrompidas por esse motivo, de acordo com estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo realizado no ano de 2012. Para o obstetra Joélcio Francisco Abbade, doutor em Obstetrícia e Mastologia e membro da Associação Brasileira de Educação Médica, são inúmeras as causas dos abortos espontâneos e cada mulher os encara de uma maneira: “esse tipo de aborto pode ocorrer pela falta de progesterona nos dois primeiros meses de gesta-

ção, que acarreta insuficiência do Vale, quando decidiu ser de corpo lúteo”, afirma Joélcio mãe aos 31 anos. Viviane enFrancisco. gravidou quatro vezes e todas Para mulheres que venham as suas tentativas foram por a apresentar fe r t i l i z a ç ã o um quadro de in vitro, “a “Ser mãe exige abortamento primeira vez de repetição, atenção, paciência, que engrao mais adevidei, o protolerância, tempo, quado é uma cedimento i nve s t i g a ç ã o responsabilidade... deu positivo clínica, labono resultado Mas é prazeroso, é ratorial e com do exame exames de de sangue, gratificante” imagem para mas quanViviane do Vale tentar identifido fizemos o car a possível primeiro ulcausa dessa situação”. trassom, não havia indícios do Esse quadro de abortos rebebê”. petidos foi vivenciado pela méTentamos pela segunda vez dica veterinária Viviane Franco e consegui engravidar, seria

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um casal. Contudo, ao completar a 18ª semana meu colo estava aberto, fiquei quase um mês internada, acabei entrando em trabalho de parto e perdi os dois. Na terceira tentativa, o corpo não reabsorveu o embrião”, conta. A veterinária não deixa de comentar que foi um processo muito doloroso, “há um luto que prevalece quando você passa por isso” , mas na quarta tentativa nasceram duas crianças. A menina faleceu, mas o menino sobreviveu e hoje está com dois anos. O especialista ainda alerta que os principais riscos para a mulher no aborto natural são o sangramento e a infecção.


Adoção

Quando a responsabilidade bate à porta A Casa do Menor Renascer abriga jovens abandonados há 22 anos Por Érica Travain

A instituição Inaugurada em 21 de agosto de 1993, a entidade sediada em Agudos (SP) abriga 27 menores de zero a 18 anos que sofreram maus tratos ou foram neglicenciados pelos pais ou responsáveis. Os custos são pagos por meio de verbas federais, estaduais e municipais e é o município que dá a maior porcentagem por manter os Recursos Humanos da instituição. Ainda são realizados eventos com o objetivo de arrecadar mais recursos financeiros e, de acordo com a coordenadora da Casa do Menor Renascer, Natalie Monteiro Kauffman, a proposta é que, até 2017, os abrigos atendam à, no máximo, 20 crianças. Kauffman explica que a entidade conta com 24 cuidadoras. 12 delas trabalham diariamente: o primeiro turno (com seis pessoas) vai das 7 às 19 horas e o segundo turno (com outras seis cuidadoras) funciona das 19 às 7 horas do dia seguinte. A coordenadora do Renascer diz que a instituição “é a casa deles. Eles têm tudo o que uma criança tem. Eles vão ao cinema e fazem tudo o que crianças fazem”. De acordo com Cristina Pereira, as cuidadoras se apegam demais às crianças, mas, segundo ela é preciso separar o profissional do emocional.

Rotina agitada Diariamente, ela chega às 7h, dá o café e verifica o painel da entrada com compromissos como consultas médicas e exames da semana. “Eu faço diferente: pego meu caderninho e marco os compromissos do dia inteiro”, conta. As funcionárias também precisam ficar atentas aos horários dos remédios, que ficam guardados em um armário no refeitório da instituição.

Cristina. Antes das refeições, as crianças agradecem pelo alimento por meio de orações. Segundo Doce, as religiões são respeitadas na instituição. Alguns adolescentes são católicos e frequentam a catequese aos sábados. No domingo à noite, uma pastora – que ajuda a entidade e, recentemente, adotou duas crianças – busca outros três adolescentes para levá-los à igreja. “Porque Deus é um só e a gente não pode obrigar”, diz. A irmã de Cristina trabalha

A brinquedoteca da instituição é utilizada por 27 crianças

A limpeza é feita no período da noite, quando as funcionárias lavam os banheiros e limpam o local. Segundo Cristina, durante o dia, elas “deixam o local em ordem, passam um paninho, porque de dia é corrido, menos no sábado e domingo”. As funcionárias da noite vestem pijamas nas crianças, colocam-nas para dormir, dão mamadeira e as medicações necessárias. “Fazem papel de mãe mesmo”, afirma. Como acontece com pais e responsáveis, as cuidadoras também precisam ensinar direitos e deveres aos pequenos. “A gente sempre fala pra ter disciplina, não ficar brigando, respeitar o amiguinho”, conta

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na cozinha da entidade e conta que são servidas seis refeições diárias para as crianças. O almoço é servido às 11h30min.

Casos reais Tia Doce conta a história de Cleitinho, um bebê que morou na instituição em 2009. Ele precisava ser alimentado por

sonda devido à falta de oxigenação no cérebro que sofreu durante um procedimento cirúrgico. Por passar mal e ter de ser levado, quase sempre, ao Hospital Estadual de Bauru com urgência, o menino fora transferido para uma clínica em Botucatu quando ainda tinha um ano de idade. “A casa inteira chorou”, lembra a cuidadora. Mas “agora, ele está melhor, foi adotado e está andando”. A funcionária conta que muitas crianças retornam à casa para visitá-la depois que são adotadas. A visita mais recente foi de Quiara, uma garota que não tinha o céu da boca e fez tratamento no Hospital de Reabilitação de Anomalias Cranofaciais da Universidade de São Paulo, em Bauru. Quiara havia saído da entidade há seis anos. “Depois de muitos anos que ela foi adotada, acredita que ainda reconhece a gente? Ela fala o nome! Significa que ela não esqueceu”, diz Tia Doce. O Renascer também promove festas para os aniversariantes no último domingo do mês. Normalmente, eles recebem doações de bolos e salgados, mas se o número não é suficiente para alimentar a todos, eles compram os quitutes por conta própria. Ao ser questionada sobre as dificuldades do dia a dia, Cristina revela que há muito o que fazer, mas é recompensador. E para ela, acima de tudo, é preciso gostar do que faz e ter amor pelo trabalho.

DOAÇÕES Ajude a Renascer com alimentos, material de limpeza e higiene, roupas e brinquedos. Também é possível fazer atividades de recreação com as crianças, basta agendar as datas pelo telefone

(14) 3262-2021

Foto: Érica Travain/2015

Adriane tem psicólogo na terça, a mãe do João Miguel vem visitá-lo na quinta e Luana tem equoterapia. Trabalho árduo? “Cansativo, mas vale a pena”, diz a cuidadora Cristina Pereira, ou Tia Doce, como é mais conhecida pelas crianças. Ela trabalha na Casa do Menor Renascer há oito anos, cuidando de bebês, crianças e adolescentes.


Adoção

Adoção abre portas para o sonho de ser pai e mãe Estruturas familiares se diversificam e a fila de quem adota continua Por Gabriele Alves

De sorriso aberto ao saber que o assunto era adoção de crianças no Brasil, Larissa Furtuoso não pensou duas vezes em passar o contato de sua mãe, Ana Claudia Souza, em Bauru, que se dispôs, com entusiasmo, a contar como foi o processo de adoção de sua filha mais nova. “O sistema de adoção é muito burocrático no Brasil, tivemos que passar por psicólogos, assistentes sociais e até psiquiatras. O casal tem que estar disposto a esperar, mas no nosso caso, mesmo assim, não encontramos barreiras para optar por uma filha adotiva”, conta Ana Claudia. De acordo com estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2012, a formação familiar composta por pai, mãe e filhos biológicos já não é predominante no país. As famílias se diversificam e seu conceito, para nossa legislação, está intimamente ligado à afetividade fundada no respeito e na comunhão de vida.

Lares brasileiros Hoje, 50,1% das famílias brasileiras são formadas por casais sem filhos, cuja união é homoafetiva, mães solteiras, netos com avós e as famílias “mosaicos”, em que o casal se une e passa a morar com os filhos do parceiro (a) de outros relacionamentos. Simultaneamente, o interesse pela adoção vem crescendo. Em 2014, eram 30.900 interessados que estavam na fila de adoção, para 5.456 crianças aptas a serem adotadas e, segundo a Corregedoria Nacional de Justiça, esse fato é positivo. São muitos os motivos que levam as pessoas optarem pela adoção. No caso de Ana Claudia, um dos fatores foi a descoberta da endometriose que a impossibilitaria de ter mais filhos. “Além disso, em

nossa família já existiam casos de adoção. Tínhamos vontade, condição e sabíamos que ela seria bem aceita”, conta.

Nova família No Rio de Janeiro, Rogério Koscheck e seu marido também ingressaram no mundo da adoção para aumentar a família. Em 2013, iniciaram na Vara da Infância e da Juventude os primeiros passos para consolidar o plano de adotar um menino e uma menina de até seis anos, de qualquer etnia e com a possibilidade de serem portadores de doenças tratáveis. Até maio daquele mesmo ano, fizeram a apresentação de declarações, certidões e cumpriram as exigências que são pedidas pela legislação.

“Nós já tínhamos os escolhidos, faltava apenas que eles nos adotassem” Rogério Koscheck

Após as análises cartoriais e avaliação feita pelo Ministério Público, a equipe técnica, composta pela assistente social e pela psicóloga no processo, aprovou as condições materiais e psicológicas do casal. “Nesse tempo, eu e meu marido já tínhamos ampliado nosso perfil para a possibilidade de adotarmos até três crianças entre oito e nove anos, então percebemos que se tratavam de crianças fora do perfil dos habilitados pelo Cadastro Nacional de Adoção (CNA)”, recorda-se.

Em 2014, eles receberam a proposta de conhecerem quatro irmãos que estavam abrigados desde outubro de 2013. Tratavam-se de uma menina de 11 anos, outra de dois, um menino de um ano e um bebê de apenas cinco meses, sendo que as três crianças mais novas nasceram quando a mãe já era soropositiva. “No primeiro contato, em visitação pública ao abrigo, já saímos com a certeza de que aquelas quatro crianças seriam nossos filhos. Nós já tínhamos os escolhidos, faltava apenas que eles nos adotassem”, conta Rogério. Então, iniciou-se o estágio de convivência, momento com visitas regulares ao abrigo em que as crianças estavam. Posteriormente, foi permitido que o casal levassem-nas para casa e que retornassem ao abrigo para passar a noite. Já as próximas etapas permitiram que as crianças passassem o final de semana com eles. “Em 11 de junho de 2014 foram expedidos os termos de guarda e eles passaram definitivamente a viver conosco”, afirma Rogério, contente.

Como adotar Afinal, como funciona o processo? A advogada Kelly Canela, doutora em Direito Privado pela Universidade de São Paulo, explica que podem ser adotadas crianças com até 12 anos incompletos e adolescentes entre 12 e 18 anos de idade, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente. Os requisitos são:

Quem pode adotar no Brasil atualmente? Kelly Canela: Uma pessoa solteira, homem ou mulher, independentemente da orientação sexual. Para a adoção por um casal, é necessário o casamento civil ou união estável, devendo ser comprovada a estabilidade familiar. E no caso de casais homoafetivos? K.C: A legislação não disciplina expressamente a possibilidade de adoção por casal homoafetivo. Todavia, também não há qualquer impedimento. A análise constitucional do tema não permite a proibição do direito de adotar por casais homoafetivos, sob pena de se ferir o direito de isonomia e o exercício da cidadania. E o estágio de convivência, o que é? K.C: Quando for indicada uma criança para a adoção, será iniciado o estágio de convivência com o acompanhamento da Justiça e da equipe técnica responsável. Após esse momento, iniciará a ação de adoção e a guarda da criança será confiada ao adotante. Onde demonstrar interesse pela adoção? K.C: Em uma Vara de Infância e Juventude, onde deve apresentar uma petição.

“Mãe não vê diferença e nem obstáculos pra amar e cuidar de um filho. O que faria e faço por minha filha biológica, faria e faço pela adotiva. Na verdade não há diferença, as duas são filhas e pronto” Ana Claudia Souza adotou uma criança

“Poder dar a mamadeira, brincar e dar banho, colocar a roupa na boneca, tudo isso é fascinante. Sem dúvida, somos muito mais homens hoje do que antes de sermos pais” Rogério Koschek adotou quatro crianças

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Carreira

Maternidade não é o fim da vida profissional Ser mulher está além da dicotomia entre trabalho e filhos

Foto: Arquivo pessoal

Ao pensar sobre o papel da mulher na sociedade, a primeira ideia que vem à mente é como as mulheres são multitarefas. Afinal, grande parte delas cuida dos filhos, da casa, do trabalho e do marido. Mas será que esse comportamento é realmente novo? É claro que não! A resposta é da doutora em História, Lourdes Conde Feitosa, que considera ‘mulher’ um grupo muito amplo de pessoas para ser tratado como algo único. Os grupos de mulheres mais bem definidos começam a ser percebidos ao levar em consideração que as funções e o comportamento que se espera da mulher são aspectos determinados pela classe social na qual ela está inserida, esclarece Lourdes. “As mulheres brasileiras de classes mais populares sempre trabalharam”, ressalta Feitosa. Quem ocupava o papel de ficar em casa e cuidar dos filhos eram as mulheres mais abastadas, das classes média e alta. Ao observar a segunda metade do século XIX, a historiadora esclarece que mais de 70% da mão de obra fabril era composta por mulheres. Isso se dava porque o trabalho feminino era desvalorizado, em relação ao trabalho masculino. A inserção da mulher no espaço do trabalho começou a se alterar a partir de 1930, quando as ideias de raça voltaram ao cenário social com grande força. Tais ideias reforçavam o pensamento machista em que o sexo masculino era superior

Ilustrações: freepik.com

Por Gabriela Arroyo

ao feminino tanto em aspectos intelectuais quanto físicos. “Mas é claro que nesse mesmo período você vai encontrar mulheres lutando, como é o caso das operárias anarquistas”, ressalta a historiadora, ao considerar também que, mesmo com avanços, a mulher do século XXI ainda não é tratada igual ao homem. A diferença que existe hoje não se relaciona somente com aspectos físicos e emocionais, mas com o fato de as mulheres terem um “grande defeito” na visão mercadológica: elas engravidam. Não é incomum, na sociedade atual, ver mulheres que ocupam grandes cargos adiarem a maternidade ou até mesmo não optarem por ela. Às vezes, não ser mãe não chega a ser uma escolha, mas uma consequência do fato de que a mulher se dedicou à carreira. Sobre isso, Lourdes Feito-

sa, como mulher – e não mais como historiadora –, comenta que muitas amigas suas, também professoras, “prestaram concursos em vários lugares do Brasil e acabaram se mudando para longe. Com isso, algumas continuaram solteiras e, em alguns casos, não

A mulher ainda é vista pela ideologia patriarcal, de modo a ser considerada frágil por engravidar foi por opção, mas porque as escolhas que elas fizeram as levaram a isso, por mais que sonhassem com o casamento e os filhos”. A psicóloga Ana Carla Vieira considera que o ser mulher pode trazer sofrimentos significativos. “Algumas psicopatologias como depressão, transtornos de ansiedade e de

estresse podem aparecer após longas situações de isolamento, tristeza ou privação de prazer. Então, pode ser que, devido às exigências sociais, que a mulher é empurrada a cumprir, algumas dessas coisas surjam com maior intensidade” comenta Ana Carla. Entretanto, a psicóloga considera que o cerne da questão não está na escolha da mulher entre ser mãe ou ter uma carreira, pois esses dois aspectos também não são a vida da mulher em si, mas algumas das muitas partes que a forma. Neste caso, para Ana Carla, a discussão central está em como a mulher ainda é vista pela ideologia patriarcal. Dessa maneira, ser considerada frágil por engravidar torna-se apenas mais um reflexo do pensamento preconceituoso e machista que existe dentro da sociedade atual.

“Quando eu estava de cinco meses peguei um freela de um mês. No fim, acabaram me contratando como pessoa jurídica e eu fiquei até depois da gravidez. Para mim não foi um sacrifício, mas logo depois que o Felipe nasceu eu já não tinha leite, pois fiquei apenas um mês e meio em casa após o parto, já que só recebia os dias em que trabalhava e não tinha direito a licença maternidade. Meu marido acabou curtindo mais essa fase de recém-nascido do nosso filho. Mesmo assim não acho que faltei enquanto mãe” Taís Castilho

Editora-chefe da Editora Alto Astral

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Futuro

Coração de mãe também sofre As preocupações que aumentam quando as crianças crescem e vão estudar fora Por Érica Travain

Qual o maior medo dos pais quando o filho – em idade universitária – precisa sair de casa para estudar? Ele vai cuidar dos afazeres domésticos, vai às festas, organizará as suas finanças e vai conhecer pessoas novas... Para Elizabete Nunes, ao deixar sua filha Gabriela sair de casa – ela iria se mudar de Macatuba (SP) para Franca (SP), a quase 300 km de distância – o maior medo era o de a adolescente (com apenas 17 anos na época) não se adaptar. Já Gabriela não teve medo no começo. “Bem ao contrário, estava eufórica e ansiosa porque sempre desejei.”, conta. Ela conheceu Franca quando se matriculou no curso de direito da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Gabriela se mudou em 2009 e hoje mora novamente com os pais. Mudar de cidade para estudar pode ser complicado. É preciso que os pais e responsáveis estejam atentos às atitudes dos adolescentes. “Ao

ver que o filho não apresenta atitudes maduras dentro de casa, não é hora de ele voar”, explica a psicóloga Giovana Rivabene. Para ela, os pais têm de prestar atenção se o filho ajuda nos afazeres domésticos, se é organizado com seus compromissos e como lida com o dinheiro.

A saudade Gabriela e Elizabete conversavam todos os dias por telefone e, com o tempo, essa frequência diminuiu. “No último ano, a gente se falava uma vez por semana”, conta a mãe. “No começo, foi muito difícil conviver com a saudade”, relembra. A psicóloga diz que esse sentimento é natural. “É saudável a saudade, só que ela não pode limitar a vida do adolescente”, explica. “Hoje, tem o Whatsapp, a Internet, o Facebook, o Skype. Todas essas ferramentas vem para agregar”, afirma Giovana. Para ela, é um processo doloroso,

mas natural e saudável. Gabriela entende que a adoção - ficar na casa de quem já faz faculdade há mais tempo - é importante para os calouros porque os veteranos são as pessoas que vão apresentar os lugares dentro e fora da universidade. “E o mais interessante é que, quando se consegue manter esses laços, passa-se a ter uma família unespiana”, conta.

Maturidade “A Gabriela que saiu daqui e a Gabriela que voltou são bem diferentes!”, afirma a advogada recém-formada. Para ela, a maior dificuldade foi se conscientizar de que precisava fazer todas as coisas, mesmo sabendo que não era fácil. “Afinal, quem é que gosta de ficar lavando louça?”, brinca Gabriela. Ela explica que era preciso respeitar o espaço comum com quem morava e manter a casa sempre arrumada. Para Giovana, “a maturida-

de é um processo, não é uma água divisória: saiu de casa, vai estar maduro. Em cada idade, a gente vai acumulando competências para alguma coisa”. A psicóloga explica que sair de casa é consequência de um processo que faz parte da vida e que, com essa liberdade que o calouro ganha, dá para fazer amigos, aproveitar as festas e ainda cuidar da própria casa. “Dá medo, saudade, uma angústia talvez, mas a vida é assim. Não existe amadurecimento sem dor”, conclui.

Medo de mãe Quando Gabriela saía para as festas, a maior preocupação de Elizabete era com relação às bebidas, “de alguém colocar alguma coisa no copo dela”, conta a mãe. “Depois de um tempo, acho que ela se acostumou, porque o câmpus era pequeno e as festas não eram tão grandes assim”, Gabriela adiciona.

O casamento muda tudo As dificuldades vividas quando os filhos deixam a casa dos pais Por Lais Esteves

Chega um momento em que os filhos crescem e saem da casa dos pais para levar uma vida independente, na maioria das vezes, isso ocorre por causa do casamento. Muitas famílias passam por esse processo. E, embora seja algo comum, as mães têm dificuldade para lidar com essa situação. Benedicta Rosa Obeidi tem 78 anos e conta sobre a sua experiência quando a filha saiu de casa para se casar. Apesar se verem todos os dias, foi um momento difícil, pois as duas

eram muito unidas. “Éramos companheiras inseparáveis. Senti um vazio muito grande”, admite Benedicta. Apesar de morarem na mesma cidade, ela sente que a distância entre as duas ficou maior. Benedicta relembra os momentos juntas, como, por exemplo, quando saiam para fazer compras ou viajar. Entretanto, mãe e filha costumam se ver com frequência. “Nos vemos e almoçamos juntas todos os dias, além disso, ela passa em casa para me visitar

todas as tardes”, conta a mãe. De acordo com Benectida, isso faz com que ela se sinta próxima de sua filha mesmo que morem em casas diferentes. Além da relação materna, Benedicta fala sobre o genro. Ela considera o relacionamento entre eles muito bom e, apesar de existirem pequenos conflitos, ele a considera como uma mãe. Além disso, o casal se respeita, algo que ela considera o mais importante. O caso de Benedicta é muito comum e até esperado. Ao ver

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os filhos ganhando autonomia e saindo de casa o sentimento de saudade surge no coração dos pais. No entanto, algumas mães têm maior dificuldade em lidar com essa nova fase da vida dos filhos. Esse problema é chamado de Síndrome do Ninho Vazio. A situação pode ficar mais severa quando a falta dos filhos em casa leva à depressão. É importante que as mães consigam retomar a vida e ocupar sua rotina com outras atividades e hobbies.


Futuro

Agora elas fazem intervenções instantâneas Inseridas no meio online, as mães mostram os relacionamentos mudaram Por Mariana Kohlrausch

Foi no começo de 2012 que Liane Grevenhagen, de 55 anos, cabelereira e mãe de três filhos, criou uma conta no Facebook. Com os filhos tomando rumos diferentes, ela precisava ficar por dentro do universo deles e criar vias de contato. Primeiro foi a filha mais velha, Izana, que casou e saiu de casa. Depois, Isadora, a mais nova, começou a faculdade e foi morar longe dos pais. Era a primeira a sair da cidade, já que os outros dois fizeram faculdade em cidades da região de Não-MeToque, pequeno município no norte do Rio Grande do Sul, onde Liane e os mais velhos vivem até hoje. Com a mudança da filha mais nova para Balneário Camboriú, em Santa Catarina, a distância física aumentou, mas o mundo digital conseguiu reduzir os quilômetros que as separam. Por meio das redes sociais e aplicativos de celular, Liane fica mais próxima da caçula e está em contato constante

com a mais velha e o netinho Eduardo, de apenas dois anos de idade. Instagram, Whatsapp e Facebook já fazem parte do dia a dia de Liane. “Utilizo a internet diariamente, pois a comunicação é muito mais acessível e instantânea. Tenho três filhos e sempre que preciso saber de algo vou diretamente ao Whatsapp. Também uso o FaceTime, pois é um contato visual direto”, afirma.

A interação Não é só para conversar com os filhos que as mães estão aderindo às redes sociais. Segundo pesquisa online feita pela M.Sense, especialista em pesquisas do mercado digital, em abril de 2013, 91% das mães brasileiras com filhos até 18 anos utilizaram as redes para postar fotos deles; 54% comentaram sobre eles e 14% postaram vídeos. Além disso, a maioria curte páginas no Facebook que são relacionadas

à infância e adolescência e 49% buscam informações diariamente sobre os mesmos assuntos de interesse. No caso de Liane Grevenhagen, suas pesquisas são diferentes e provam que o uso da internet vai além da preocupação com os filhos. Ela utiliza as redes sociais diariamente para ler notícias, reportagens e blogs sobre saúde física e mental, moda, decoração e notícias do Brasil e do mundo. A inserção das mães no ciberespaço modifica as relações familiares e elas se tornam peças importantes nesse fenômeno da atualidade. Para Liane, a internet “trouxe novos hábitos, pois antes se usava apenas o telefone. Com a internet, a comunicação se tornou instantânea”. Cada filho que cria uma conta no Facebook traz sua mãe para um mundo cheio de oportunidades. Mulheres como Liane provam que a internet também é lugar delas.

Elas se preocupam, e muito! Como lidar com a liberdade da internet e a educação dos filhos? Por Mariana Kohlrausch

O uso das redes sociais e de tecnologias, como os smartphones, traz benefícios às mães, mas pode deixá-las mais inseguras. “Com quem meus filhos conversam? O que postam nas redes?” são perguntas que não saem das mentes dos pais. Com isso, a vigilância é para saber se o filho está em segurança na internet. Mas o que fazer? Vigiar e intervir, ou deixar os filhos livres? Denise Gebara, mãe de Anna Laura, de 13 anos, e Anna Carolina, de 21, costuma ver o

que as filhas postam, mas não mas que se o filho esquecer alobserva as conversas e tam- guma conta aberta ela entra, bém não monitora o celular. discretamente, para ver o teor. Para ela, “é preciso acompaAs opiniões dos pais são dinhar as páginas para saber vergentes e muitas dúvidas o que está surgem sobre acontecendo, É preciso ter limites o assunto. Semas ter segundo a psina vigilância, diz nha não é necóloga Norma cessário”. Figueiredo, psicóloga Já Doroteia equilíbrio deve Castilho, mãe de Matheus, de ser a palavra-chave na hora 18 anos, costuma ver o perfil de pensar essas questões. Ela dos amigos do filho para co- acredita que, antes de qualnhecê-los melhor. Ela afirma quer atitude, os pais devem que não lê as conversas dele, conversar e orientar seus fi-

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lhos sobre os perigos que existem no mundo online. Ficar atentos às redes sociais dos filhos é normal e traz segurança para os pais, mas é preciso ter limites na vigilância. Segundo Norma, os filhos devem ter a liberdade de utilizar a internet e os pais devem observar as atitudes deles no diariamente. Para ela, só é válido os pais terem senhas, ou invadirem contas pessoais, se todos estiverem cientes disso e for em casos extremamente necessários e pontuais.


E para você, o que é ser mãe? Em suas múltiplas formas, sabemos que além do amor, muitos outros sentimentos estão envolvidos nesse exercício de cuidado e proteção. O Essência fez uma pesquisa com 80 pessoas para saber como elas descreveriam o conceito “mãe” em uma única palavra. O resultado? Você confere logo abaixo.

“Mãe é o lugar onde se pode chorar sem sentir vergonha” (Rubem Alves)

Ser mãe também significa superação. “Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas” (Clarice Lispector)

Mãe é vida e benção: “Tens o dom divino de ser mãe” (Cora Coralina)

Para muitos mãe é vida, fé e força. É tudo! “Mãe: são três letras apenas, as desse nome bendito, três letrinhas, nada mais e nelas cabe o infinito” (Mario Quintana)

Mãe é conselho, é também confiança! E como diria o poeta: “Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba” (Carlos Drummond de Andrade)


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