Ver, reconhecer e valorizar Muitas vezes o próprio profissional não reconhece a importância de seu trabalho, e se torna invisível para ele mesmo Mariana Thomaz
I
nvisível é tudo aquilo que não se vê ou não pode ser visto. Logo, quando definimos uma classe de trabalhadores como invisível, temos que ter em mente esses dois aspectos. Existem aqueles que estão “camuflados” no ambiente, fazem parte da paisagem urbana e muitas vezes se passa por eles sem se dar conta de sua presença. Assim acontece com os garis, jardineiros, faxineiros, carteiros, gandulas, enfim, aqueles profissionais que são essenciais no funcionamento da sociedade, mas nem sempre são reconhecidos como tal. Outro tipo de invisibilidade é a daqueles trabalhadores que não se pode ver, ou porque a profissão não possibilita essa aparição ou porque aparecer vai contra as regras do profissionalismo, como é o caso dos dublês, atendentes de telemarketing, contra-regras, dubladores e locutores.
A pesquisa do psicólogo Fernando Braga, que se passou por gari por oito anos para entender o tema da invisibilidade social, é muito pertinente para que se entenda a realidade dos trabalhadores invisíveis. É o que explica o professor e especialista em psicologia do trabalho, Dinael Corrêa de Campos: “essa pesquisa nos evidencia um outro aspecto, revela que devemos repensar as políticas dentro das organizações, as formas como as pessoas são vistas e qual seu papel no conjunto da empresa”. Um dos problemas mais graves da invisibilidade é a banalização do pro-
Projeção que alegra a vida Profissão e paixão se misturam por trás da telona. á se passaram mais de cem anos desde a invenção do cinema pelos irmãos Lumière e a sétima arte continua apaixonando as pessoas pelo mundo. O projetista de cinema Ricardo Aparecido Domingues, 33, diz que sua relação com o cinema foi amor à primeira vista. “Desde a primeira vez que eu entrei em uma sala de cinema fiquei apaixonado, eu queria muito saber como e de onde vinha a imagem que aparecia na-
quela tela”, lembra o projetista. Hoje, com 14 anos de profissão, Ricardo agradece ao amigo que lhe deu a oportunidade de começar a aprender a fazer aquilo que, desde então, é sua paixão e sustento. Ele aprendeu a manipular as máquinas com os antigos operadores do Cine Bauru. Para aprender a profissão hoje em dia, Ricardo afirma ser bem complicado. Só se aprende com os próprios projetistas, normalmente em final de carreira, e eles permanecem em um mesmo cinema durante toda a vida, portanto as vagas
na área são escassas. “Por ser um serviço tranquilo, gostoso de fazer, os operadores envelhecem passando os filmes. Quem começa é difícil parar pra ir fazer outra coisa”, conta Ricardo, que muitas vezes só vê pedaços dos filmes, porque precisa verificar o andamento das fitas em mais de uma sala. “A gente chega, coloca o filme, fica olhando pra ver se está rodando tudo certinho, depois vai ver se os das outras salas também estão rodando, aí, no final, rebobina. Dificilmente a gente consegue ver o filme inteiro, porque tem que prestar atenção em todos”, explica. Ricardo já se acostumou com as crianças curiosas olhando, colocando a mão no vidro, querendo saber o que ele faz lá dentro, “isso faz parte da curiosidade delas, eu mesmo, quando era criança, tinha muita vontade de conhecer a projeção”, comenta. Ele ainda afirma gostar de não ter ninguém o vendo; “acho bacana isso de ficar escondido, lá é tranquilo, não tem
próprio profissional. “Acho que o principal fator do trabalho invisível é fazer a pessoa se enxergar como um trabalhador fundamental, e também o que nós podemos fazer para que essa pessoa valorize seu próprio trabalho. Os trabalhadores invisíveis não são vistos e eles, muitas vezes, também não conseguem se ver”, explica Dinael. Uma solução possível para minimizar os efeitos da desvalorização e da falta de reconhecimento é abrir espaço para que o trabalhador se expresse, daí vem a necessidade de uma ação de desenvolvimento de pessoas. “Abrir o espaço da palavra, possibilitar interações entre os trabalhadores, fazer o acompanhamento constante e personalizado, são algumas das alternativas que fazem o profissional se sentir útil, de ele próprio reconhecer a importância da sua atuação”, conclui o psicólogo Dinael.
ninguém pegando no seu pé. mas não agora. “Aqui no cineÀs vezes, ficamos muito sozi- ma só tem uma máquina tonhos, mas eu gosto, e normal- talmente digital, que é a de 3D, mente trabalhamos em dois, todas as outras são de película então não tem esse problema”. e nós temos que operar. Mas o Os filmes em película che- perigo da extinção não tá nem gam ao cinema em sete rolos, na digitalização, é que parece ou até em dez quando é um fil- que o número de cinemas está me de grande duração, como diminuindo. Em Bauru, nós só nos casos de Harry Potter e Se- temos no shopping e no Alanhor dos Anéis. Ao chegar um meda, antigamente acho que filme novo, o projetista junta tinha mais”, acredita Ricardo. todos os rolos transformando os sete em apenas um e o coloca na roda de projeção. No caso de duas salas passarem o mesmo o filme ao mesmo tempo, é feito um corte na película, “a gente tem que ficar prestando atenção pra trocar o rolo na hora exata e sair tudo certo”, afirma entusiasmado, “essa é a hora de maior adrenalina”, completa. O projetista, fã do Jim Carrey e amante de comédia e de ação, Projetor do cinema Multiplex Cine Araújo teme o fim do ofício,
Luciana Arraes
J
Luciana Arraes
fissional e conseqüente despersonalização. O professor Dinael cita o exemplo de uma universidade onde o uniforme das faxineiras era da mesma cor do carpete dos corredores: “elas mesmas ressaltaram esse ponto quando uma equipe de alunos foi fazer um trabalho de psicologia do trabalho, ou seja, elas consideravam seu trabalho tão insignificante quanto o carpete, o que configura um problema muito grave na organização do trabalho”. A invisibilidade está muito associada ao reconhecimento do trabalho, não só pelas outras pessoas, mas pelo
Arriscando a vida sem serem reconhecidos Duas profissões invisíveis, a dos cameramen, que tudo vêem e mostram, e a dos dublês, que aparecem em cena com outra identidade Mariana Thomaz
E
star em frente às câmeras e em cima dos palcos, para muitos, essa é a vida daqueles que estão envolvidos no mundo das artes, como os atores e grandes estrelas da TV. Mas, para que esse universo esteja cheio de sua mágica, há inúmeros profissionais envolvidos, muitos dos quais, invisíveis. Por exemplo, nos espetáculos teatrais, os contrarregras possibilitam as mudanças de cenários e as entradas de objetos no palco. já no cinema e na TV, os cameramen dão o olhar e a angulação que nós teremos ao assistir a obra audiovisual. José Américo Nicolin é hoje técnico de áudio nos laboratórios de Rádio da Unesp-Bauru, mas atuou como cameraman por muitos anos nessa universidade. Érico, como é conhecido, diz que a “invisibilidade” é parte da profissão, e foi essa característica que o atraiu: “Eu sempre fui tímido, então quando escolhi trabalhar em TV, nunca foi para aparecer, mas sim estar na organização, produção, edição e filmagem”. Apesar de nunca ser visto, e sim ser o olhar por trás da imagem, o profissional das câmeras é valorizado pelos “artistas” com quem trabalha e também apresentado aos telespectadores. “Todo cinegrafista é creditado nas matérias, então o profissional tem o nome dele envolvido com o projeto, e isso permite que ele seja muito valorizado, muitas vezes até mais que um editor de imagem”, acrescenta Érico. Nicolin também ressalta o relacionamento do cinegrafista com os repórteres: “o cameraman é 50% da reportagem, ele é responsável por passar para o público, com imagens, o que o repórter está pensando e falando, por isso é muito importante que esses dois profissionais conversem antes de fazerem a
matéria, que eles estejam em sintonia”. “Angulação, enquadramento, o câmera tem que ter o feeling da imagem que vai ser usada”, conclui Érico. Outra profissão artística que está ligada à invisibilidade é a dos dublês. Apesar desses profissionais serem vistos, sua identidade não pode ser reconhecida, sempre que eles aparecem em cena, é para substituir outra pessoa, como nas cenas perigosas, ou em qualquer outro caso em que o artista não pode executar a cena. Airton Senna é consultor de segurança e dono de uma empresa carioca de dublês que tem mais de 20 anos de experiência no mercado. Senna afirma que não é necessário nenhum pré-requisito para atuar na profissão: “é preciso gostar muito de ação e entender que a perfeição só chega com muito treinamento”. Senna diz que as empresas valorizam o profissional, reconhece os perigos da profissão. E explica: “em muitas cenas, o dublê, sim, aparece, mas ele está ali substituindo um ator ou uma atriz. Quanto mais discreta e sutil for sua participação e quanto mais verdade o dublê passar em cena, melhor será o resultado. É justamente essa sutileza e o fato de passar despercebido que proporcionam o reconhecimento e a valorização do trabalho de um dublê. Senna afirma que o público não reconhece o trabalho do dublê, já que a essência de seu trabalho é não ser visto ou reconhecido. “O público não reconhece o nosso trabalho, simplesmente porque não nos reconhecem em cena. Em cena, o que vêem são os atores ou atrizes. É isso o que me deixa mais feliz, é ter a certeza de que conseguimos nos passar pelos atores principais, de que conseguimos deixar imperceptível nossa participação”, conclui.
divulgação: Senna em cena
Apesar de não ser necessária como pré-requisito, a coragem é fundamental no trabalho de Senna
Telemarketing ganha espaço nas empresas Simpatia, calma e raciocínio rápido são essenciais para quem atua na profissão Mariana Duré
tou um mês de treinamento específico sobre atendimento e detalhes sobre o funcionamento da empresa. Sua carga horária de trabalho era de oito horas, durante cinco dias por semana. Segundo ela, as qualidades indispensáveis para um operador de telemarketing são simpatia, raciocínio rápido e paciência. Esta última é fundamental, visto que na profissão é necessário lidar com problemas de comportamento humano, o fator número um para o desenvolvimento do estresse; “muitas vezes o cliente se irrita e acaba gritando com você, e você precisa manter a calma para não discutir com ele. Saber lidar com situações adversas é essencial para quem trabalha nessa área”.
Mariana Duré
O
mercado de trabalho na área de telemarketing passou por um crescimento bastante acelerado e ainda está em processo expansão. O aumento da competitividade faz com que as empresas invistam em serviços cada vez mais personalizados e eficazes, e para isso os operadores de telemarketing necessitam de maior preparo, atualização constante e especialização para se destacarem. O operador de telemarketing pode atuar em qualquer área, estabelecendo a comunicação entre a empresa e o cliente. As funções também variam. O operador oferece um produto ou serviço, consolida vendas, registra e fornece informações, sana dúvidas, resolve problemas e recebe críticas ou elogios. Sua função é essencial à boa imagem da empresa. O telemarketing é feito por empresas especializadas de divulgação e orientação aos clientes, em espaços chamados de call centers Para Anaid Alvarez, que foi atendente de telemarketing por dois anos e meio, a maior satisfação em seu trabalho era conviver com pessoas, estabelecer relações com elas e ajudá-las. Anaid afirma que chegava a falar com oitenta, noventa pessoas por dia. Como seu trabalho era no ramo de eletricidade, o movimento era ainda maior em dias de chuva forte ou tempestade. “É gratificante poder ajudar as pessoas, ainda que elas não estejam me vendo, e eu não saiba mais do que seus nomes. É uma ação que não espera nada em troca, não há reconhecimento pessoal, mas faz você se sentir bem”, explica Anaid. Para ingressar na carreira, Anaid enfren-
Atendentes de telemarketing usam sua voz para convencer clientes
C r ô n i c a
Faces de uma voz Beatriz Haga
O
jeito de falar de desconhecidos mexe muito com nossos sentidos e imaginação. Digo isso, porque diariamente nós criamos personagens em nossa mente a partir da fala de um atendente de telemarketing, um locutor de rádio ou até mesmo de uma pessoa que ligou por engano. Existem muitos profissionais que são conhecidos apenas por sua fala. Quem nunca imaginou o rosto e as expressões de uma voz que nos presta algum serviço? No dia 19 de setembro, pude conhecer uma pessoa que havia visto somente pela fala. Fiquei encarregada de procurar o locutor Pedro Norberto Nascimento e a primeira etapa foi ligar para marcar uma entrevista. Aguardei na linha enquanto o jovem que atendeu o chamava (supus ser jovem pela voz que escutei). Em menos de um minuto, uma voz grave e pausada entrou na linha e marcou uma conversa comigo. Quando desliguei o telefone, eu já sabia como era o Pedro Norberto. Ou achava que sabia... Não tive vontade de procurar a foto do locutor na Internet. Queria ver pessoalmente se a imagem que eu havia criado estava correta. Cheguei ao local combinado e fui surpreendida. O homem barrigudo, de estatura mediana e cabelos grisalhos que eu esperava encontrar era na verdade alto, magro, com cabelos castanhos escuros e óculos discretos. Iniciamos a entrevista e descobri que Pedro
Norberto nasceu na cidade de Arealva e veio para Bauru com um ano e meio de idade. Ele prestou dois vestibulares para Medicina antes de optar pelo Jornalismo. Acreditava que “como médico poderia ajudar mais as pessoas”. Seu primeiro registro de trabalho foi em 1973 na Rádio Auri Verde, onde permaneceu por 20 anos. Trabalhou 11 anos na antiga Rede Globo Oeste Paulista Bauru (a atual TVTem) e ajudou a fundar a Rádio 94FM e a Rádio Unesp FM. Pedro também trabalhou em impresso e televisão, mas foi no rádio que encontrou estabilidade e o gosto pela locução. Ele disse que no começo as pessoas não acreditavam que ele seria um bom locutor, mas eu tinha certeza que estava ouvindo uma voz que naturalmente poderia me informar as notícias da cidade, a previsão do tempo e qual time havia ganhado o jogo do dia anterior. “Foram a prática e o exercício que fizeram com que eu me aperfeiçoasse”, revelou. Perguntei sobre o anonimato do locutor, se as pessoas tinham vontade de conhecer a voz que ouviam pelo rádio e se ele gostava do contato com o público. Pedro respondeu: “Acho que o bonito do rádio é que a pessoa ouve, imagina alguém. Mas muitas vezes ela se engana”. Foi o meu caso. Para ele, o interesse do público em conhecê-lo é gratificante, mostra que o seu trabalho desperta a atenção do ouvinte e está sendo bem executado. “Não gosto de ser fotografado”, me disse em seguida com um sorriso contido. Finalizei a entrevista perguntando se tinha valido a pena seguir a carreira de jornalista e locutor, se ele se arrependia de não ter se tornado médico. Pedro Norberto afirmou que o rádio permite fazer uma ponte de ligação entre as pessoas e ajudá-las a resolver seus problemas, como ele acreditava ser possível com a Medicina. “O rádio é uma porta que você pode abrir e contribuir muito em favor das causas da sociedade. Criticando, sendo intermediário de um ouvinte...Você sempre tem uma oportunidade de contribuir para que haja justiça social”, concluiu. Agradeci a atenção e nos despedimos. Foi bom conhecer a verdadeira face da voz.
Oh, no! Eu no falar portuguese!
Graças ao tradutor, filmes e livros podem ser apreciados por quem não fala a língua do autor Regiane Folter to das pessoas sobre a complexidade de uma tradução. O trabalho do tradutor é passar para outra língua o mesmo sentido e emoção do autor, ser fiel ao original acima de tudo. Se for um texto literário, tem que ler sobre o autor, suas obras e descobrir qual é o seu estilo; se é algo audiovisual, como um filme, ele deve assistir mais de uma vez para captar a idéia central e escrever a legenda. “Muitos falam que ‘a legenda está errada, não tem nada a ver com o que o personagem está falando’, mas você só pode colocar 66 caracteres em duas linhas, que só podem ficar na tela por seis segundos. Então você tem 33 caracteres e 3 segundos para condensar aquela fala”, explica Alexandre. Acreditando que ser algo simples, o cliente muitas vezes não aceita o valor cobrado. Para Alexandre, o maior problema são outros profissionais que sabem falar outro idioma e fazem traduções por preços mais em conta. Mas defende que “o curso de tradução é recente e também existem pessoas que traduzem há mais de 30 anos; a prática os fez profissionais. Se você for bom, sempre vai ter trabalho”. Daniela Chiba
Daniela Chiba
A
Os tradutores podem trabalhar por conta própria ou serem agenciados por empresas especializadas em tradução. Trabalhando como autônomo, o ganho é maior, afinal não se divide o valor recebido com a empresa, mas construir um nome leva tempo. A parte mais complicada da área é a tradução simultânea de eventos ao vivo, como as transmissões do Oscar, considera Alexandre. Como muita coisa é improvisada, o tradutor tem que ter um ótimo raciocínio para traduzir com rapidez, e em casos de trocadilhos ou piadas, tem que pensar em algo equivalente na outra língua para traduzir e alcançar o mesmo efeito de humor. Além disso, encara diferentes tons de vozes, ritmos de fala e sotaques. “O tradutor precisa estar muito focado e ter uma habilidade cognitiva alta, porque ele está usando duas línguas ao mesmo tempo”, explica Alexandre. Ficando em segundo plano, o tradutor é um trabalhador invisível muitas vezes por opção própria. “Em alguns momentos, ele não pode aparentar sua participação. Se eu pego um livro escrito pela
o andarmos pelas avenidas dos centros urbanos, ficamos tão abalados com a grande quantidade de informação vinda de todos os lados que, dificilmente, paramos e reparamos. Precisa-se muito para chamar a atenção da população atualmente. É no meio desse ambiente que algumas pessoas aceitam trabalhar como cartazes humanos. São diversos os motivos que levam o cidadão a submeter-se a fazer parte da paisagem. Maria José Silva Basto, de 52 anos trabalha como cartaz humano há mais de 10 anos. Maria aceitou seguir essa carreira por gostar de trabalhar com o público. Ela passa o dia andando pela rua com um cartaz que a cobre quase que completamente e tenta chamar a atenção dos que passam, relatando os benefícios que o contratante oferece. Segundo Maria, a procura dá resultado: “As pessoas vêm conversar comigo e me perguntam aonde é o dentista e eu trago eles aqui. É constante isso. Acontece bastante. Diariamente”.
Mariana Duré
V
ocê já ouviu falar em Lia Wyler? E em J. K. Rowling? Se você só reconhece a escritora da saga Harry Potter, saiba que as aventuras do bruxo só chegaram até você graças a Wyler, a tradutora oficial dos livros de Rowling para o português. “As pessoas falam ‘ah, mas traduzir é só pegar o dicionário, é rapidinho’. Acham que realmente é pegar um dicionário e transcrever, copiar e colar”, critica Alexandre Cachucho, professor de inglês, tradutor e defensor do trabalho duro que os especialistas em traduzir de uma língua para outra encaram todos os dias para permitir que o brasileiro leia, assista e compreenda materiais estrangeiros. Por trás de toda tradução existe muita pesquisa e estudo, por isso muitos escolhem a graduação em Tradução para apreender a técnica. Alexandre, se formou em 2009 pela Universidade do Sagrado Coração em Bauru, e escolheu a carreira por causa da sua paixão pela Língua Inglesa. Apesar disso, Alexandre vê muitas dificuldades na profissição, por causa do desconhecimen-
Stephenie Meyer ou Ryta Vinagre? J.R. R. Token ou Almiro Pisetta? O tradutor é invisível, mas os escritores não
Agatha Christie, eu quero ler Agatha Christie, quero acreditar que estou lendo coisas peculiares dela que encontrarei em todos os seus livros”, diz Alexandre. Uma das regras da tradução é não deixar que as opiniões e convicções do tradutor apareçam em seu trabalho final. Para manter essa distância muitos preferem ser invisíveis. Além disso, é financeiramente mais interessante para a editora pagar apenas uma vez por uma tradução e não em todas as re-edições. Se você for uma Lia Wyler, pode definir nos seus termos uma porcentagem para cada re-edição. Mas sendo ape-
A cada resultado positivo, Maria ganha sua comissão. Este é normalmente um trabalho temporário, feito através de contratos entre empregador e empregado. A procura pelos cartazes humanos aumentu após a aprovação da lei que proibe a fixação de outdoors para combater a poluição visual. Com isso, a utilização de pessoas se tornou uma saída. Mais cara, porém com resultados. Além do dentista, Maria trabalha também com cartazes que divulgam letristas, cabeleireiros e até em shoppings nos finais de semana, fazendo propaganda de joalherias, perfumarias, lojas de bijuterias e de celulares. Enquanto algumas pessoas demonstram interesse pelo conteúdo do cartaz, outras preferem ignorar. Ao ser indagada sobre o que diria àqueles que a ignoram, Maria responde: “a essas pessoas que me ignoram eu peço desculpas. Eu fico aqui falando ‘dentista, orçamento grátis’. ‘Temos aparelhos e orçamentos grátis’. Algumas pessoas falam que eu estou gritando muito no
nas o tradutor, a pressão das editoras é grande: “esse é o contrato, você quer? Se você não quiser, outros aceitam”. Alexandre lista as características que fazem um bom tradutor: ter proficiência das línguas que fala, inclusive da materna, ser persistente e ter jogo de cintura, tanto para lidar com o cliente quanto para escolher as melhores palavras em uma tradução; ser audacioso e gostar muito de ler sobre qualquer assunto. “O tradutor tem que saber de tudo um pouco, pois no momento em que ele começa a escrever precisa entender do que vai falar”, garante Alexandre.
ouvido delas. É difícil lidar com o público, com os seres humanos em geral. São pessoas muito diferentes, cada um tem uma personalidade. Temos que gostar das pessoas como elas são e não com a gente gostaria que fossem. Temos que respeitar o lado delas. Mas acredito que o público deveria nos respeitar mais. Uns vêm com gracinha, outros como piadas. Eles não vêm isso como trabalho. Se você entrega o cartão, eles jogam na rua. Eu acabo tendo que catar. A rua é um lugar publico, não podemos sujar”. Se tornar uma mulher-cartaz não foi sua primeira escolha. Maria era enfermeira. Trabalhou em um hospital em Marília especializado em casos com psicóticos e dependentes químicos. Maria desistiu desse ramo devido a um incidente: “Um dia estava na cozinha servindo o almoço para os pacientes e eles jogaram uma bandeja em minha direção. Tive que levar pontos na cabeça e acabei pegando trauma”, conta Maria.
Os motoristas da vida Eles levam auxílio e socorrem, mas nem sempre condutores de ambulâncias são reconhecidos Ana Beatrice Lesur
“Não somos apenas motoristas, somos motoristas socorristas. Ajudamos em muitos casos, quando precisa imobilizar o paciente, pegamos as bolsas de socorros dentro da viatura, a gente auxilia bastante”, define Wilson. O SAMU conta com dois tipos de viaturas: em caso de chamados simples, eles mandam a viatura própria para esses chamados, a Suporte Básico, e dentro dela vai o motorista e, no máximo, dois enfermeiros; em caso de acidentes mais graves, é enviada outra viatura mais complexa, com equipamentos como desfibriladores, de respiração, entre outros e, além do motorista e dos enfermeiros, vão os médicos. “Caso a gente vá atender um chamado simples, e quando chegamos no local nos deparamos com algo mais grave, a gente liga e o médico vai na outra viatura”, conta Wilson.
Ana Beatrice Lesur
L
idar com a vida no trabalho diário não é uma atividade fácil. E não só médicos e enfermeiros passam por isso, os motoristas das viaturas do SAMU e ambulâncias também vivem envolvidos nesse “jogo” de vida ou morte. É comum se associar a imagem e o som das sirenes do SAMU a médicos, enfermeiros e paramédicos. Muitos esquecem que sem motorista nenhuma viatura chega ao local do socorro. Os motoristas de ambulância, ou do SAMU, têm de prestar concurso público para exercerem a profissão. Além disso, fazem atividades relacionadas ao socorro, cursos de primeiros-socorros e provas, que avaliam seus conhecimentos sobre técnicas de salvamento. Wilson Rodrigues Manso e Cláudio Soares dos Santos são motoristas do SAMU em Bauru. Wilson exerce a atividade há 26 anos e Cláudio, há três. “Me candidatei para prestar o concurso público, comecei a trabalhar na ambulância e gostei”, conta Wilson. Segundo os dois motoristas, a atividade do SAMU é muito variável, podendo atender de 12 a 13 casos em um dia e em outro não passar de três. Wilson e Cláudio declaram: “é corrido, mas é ótimo, é gratificante trabalhar socorrendo vidas”. A profissão de motorista de ambulância, muitas vezes, não é reconhecida, as pessoas acreditam que são os próprios médicos quem dirigem os carros de socorro e por isso acabam por ignorar a importância do profissional. “Acredito que falta sim um pouco de reconhecimento”, declara Cláudio.
Sede do SAMU em Bauru, na rua Engenheiro Luiz Edmundo Carrijo Coube.
baqueado, estraga o dia”, relata o motorista Wilson. Eles não só atendem casos de acidentes, mas também partos e o Cláudio conta que chegaram em situações em que o bebê já estava presParteiros ocasionais tes a nascer e não deu tempo de chegar no hospital, o “Já socorri acidente de parto foi dentro da viatura. colega meu, do meu filho “Já fizemos um parto em um em acidente de moto. Nesses casos é complicado, a gente fica meio
banco dentro de uma igreja. Também teve um caso em que a moça demorou tanto para se encaminhar ao hospital que, ao subir na viatura, o bebê começou a nascer”, recorda-se Cláudio.
O reencontro com o resgatado Mesmo com a falta de reconhecimento por muitos, aqueles que têm suas vidas ou a de familiares salvas pela atividade
dos motoristas são gratos a eles. “Eu estava em um bar perto de casa e um rapaz me falou que pagaria meia dúzia de bebidas para mim. Perguntei por que e ele disse: ‘foi você quem socorreu o meu bebê que estava nascendo de madrugada, no frio, agora ela já está grande e saudável’, foi muito legal”, conta.
Experiências de um resgate Alisson Fernando Silva Lopes foi resgatado pelo SAMU depois de sofrer um acidente em um jogo de futebol. Alisson teve os dois braços machucados e também o rosto. Segundo ele, a experiência é desesperadora e agonizante, mas diz ter sido bem atendido: “Quanto ao tratamento tenho apenas elogios, além de tomarem todos os procedimentos cabíveis naquele momento uma das enfermeiras procurava me acalmar, conversando e explicando que minha situação não era tão séria”.
Policial de jaleco e bisturi Mortes não explicadas são fonte de trabalho para auxiliar de necropsia Regiane Folter acontece, a polícia guarda o local até a chegada do perito, que é responsável por liberar o corpo para o IML, mas ele primeiro precisa examinar toda a cena e escrever seu relatório. Além de esperar pelo perito, a equipe do IML também precisa da requisição do delegado para realizar a necropsia. Passado o tempo definido por lei, de seis horas depois de constatada a hora da morte, para se assegurar que a pessoa está realmente morta e não passando por uma hibernação do corpo conhecida por catalepsia, aí sim o médico e o auxiliar começam a trabalhar. Geralmente, uma necropsia pode demorar de 30 minutos, em casos mais fáceis de identificar a causa mortis, como uma mutilação ou uma fratura exposta, a três horas e meia para situações mais complicadas, como homicídio com arma de fogo, pois, quanto maior o número de perfurações, mais difícil encontrar os projéteis e descobrir qual causou a morte. Apesar de não ter pensado em trabalhar com isso quando começou a faculdade, Wanderley adora o que faz. “Graças a estar aqui na Polícia Científica é que pude fazer meu mestrado, por causa da carga horária que me permite ter todo o tempo para estudar. Além de ter o corpo humano para estudar”, afirma ele. Wanderley também vê outros pontos positivos, como o salário e o fato de que “o paciente não reclama, já vem anestesiado”. O único inconveniente é quando se está de plantão e é chamado às vezes de madrugada, no meio da chuva, para realizar uma necropsia. “De resto, é fascinante ajudar na descoberta de um crime”, garante ele. O auxiliar de necropsia acredita que seu trabalho se torna invisível para as pessoas que têm pressa de retirar o corpo de seu ente querido do IML. “Envolve muita emoção, dor, tristeza, perda, então as pessoas
Regiane Folter
Q
uando se fala que a polícia descobriu a causa da morte de algum assassinato, muitos pensam em um policial de farda, arma e distintivo. Apesar de todos os que trabalham na Superintendência da Polícia Técnica Científica serem policiais, eles preferem trabalhar de jaleco e seu principal equipamento é o bisturi. E é esse policial científico que descobre a causa mortis de todos os corpos encontrados de forma suspeita. No IML, o médico legista e o auxiliar de necropsia abrem os corpos, retiram material para exame, como tecidos, sangue e urina, e definem se foi homicídio, suicídio, morte acidental ou, em poucos casos, morte natural. O bem-humorado e alegre Wanderley Cerigatto nem parece que lida todos os dias com algo tão triste como a morte. O auxiliar de necropsia do Instituto Médico Legal (IML) de Bauru encara sua profissão com muito interesse e fascínio, e não deixa que influencie sua vida de forma negativa. Em Bauru, a equipe do IML fica a postos 24 horas e realiza cerca de 40 necropsias por mês. Wanderley, que é formado em Biomedicina, passou no concurso e ficou quatro meses na Academia de Polícia para assumir o cargo de auxiliar de necropsia. Wanderley garante que, depois das experiências com cadáveres na faculdade e na Academia, não teve nenhum trauma ao trabalhar com um corpo pela primeira vez e, depois de 10 anos na profissão, não se sente mais frio. “É o seu trabalho, você está focado no corpo, naquilo que você tem que encontrar. Você não fica mais duro. Imagine ver um pai conversar com o corpo do filho de 18 anos. Eu tenho que respirar muito fundo, dar uma volta, pra não desabar junto com a pessoa, para sustentá-la”, afirma ele. Depois que um crime
No IML, médico legista e auxiliar de neucropsia trabalham juntos para desvendar mortes suspeitas
querem passar logo por aquilo e esquecer. Algumas pessoas, são poucas, agradecem pelo trabalho, pela liberação do corpo”, diz ele. Gostar de anatomia e não
ter nojo são essenciais para quem quer seguir a carreira. E ser curioso. “Chega aqui um afogado: ele foi afogado? Se afogou sozinho? Jogaram ele desmaiado na água?
Pelas técnicas a gente consegue diferenciar os tipos de morte. É apaixonante. Se você perguntar no IML, todos gostam do que fazem”, diz o sorridente Wanderley.
Autores da última impressão Agentes funerários preparam os cadáveres para sua despedida
A
Mayra Arellano
morte é um tema comum, acontece todos os dias, mas nem sempre se está preparado para sua chegada. Arrumar o cadáver e limpar os rastros deixados pela morte é um trabalho complexo e pouco se sabe sobre os que cumprem essa tarefa. Bruno Martinez, de 24 anos, começou a trabalhar no ano passado num grupo funerário chamado Gayosso, no México, que vende pacotes funerários incluindo urnas, serviço funerário, transporte, flores, crematório e salas. Para ele, antes de trabalhar nesse lugar, a morte só significava o começo de outro caminho que se deve percorrer, mas agora observa a morte de um jeito mais próximo e se dá conta de que está em todo lugar, é algo natural e que se deve aceitar. “O mais esquisito eram os movimentos involuntários dos mortos diante dos meus olhos devido ao rigor mortis. Numa ocasião, tive que trabalhar como auxiliar de embalsamador e o corpo puxou meu braço. Ao sentir sua frieza, quase morri de medo, mas são coisas naturais que acontecem nesse trabalho”, confessa Bruno. Bruno considera que seu trabalho é tão importante quanto os demais, já que ele é encarregado pela última visão de um ser amado frente a sua família. É ele quem ajuda para que a morte não seja tão triste, e não fique a lembrança de uma imagem grotesca. Seu trabalho é fazer com que a pessoa pareça estar dormindo. Embora poucos conheçam a importância do trabalhador numa funerária, a profissão é tão indispensável como outra qualquer. No México, o pagamento por esse trabalho é considerável, cerca de 25 mil pesos mexicanos por mês (mais de 3000 reais).
Entre corredores
A invisibilidade está em todo canto
Repositores preenchem os vazios que os clientes deixam nas prateleiras Lívia Neves
Trabalhadores da Unesp também sentem a indiferença de alunos e professores Bárbara Belan
A
Clientes dão mais atenção aos produtos do que aos funcionários
Lívia Neves
O
corredor é o lugar onde as pessoas passam, olham, examinam e escolhem o que lhes interessa. E é nessa hora que os repositores acabam passando despercebidos, como se não existissem nos supermercados. Mas, são eles os responsáveis por deixar tudo em seu devido lugar para que o consumidor ache com facilidade. “Chego, bato cartão, subo até lá em cima antes, como de praxe, confiro o que chegou de novo no estoque, desço até meu corredor e anoto o que está precisando no meu setor, volto e pego o carrinho, separo tudo o que falta, levo para as prateleiras e arrumo tudo certinho”. Essa é a rotina de Gustavo Almeida, atual repositor do corredor de massas do supermercado Confiança Flex, em Bauru. Manter um supermercado arrumado é uma tarefa constante, começa quando o mercado abre e termina depois que ele fecha. Além de deixar os produtos alinhados e à disposição do consumidor, o repositor confere os prazos de validade e os preços. Também é ele quem coloca as etiquetas promocionais nos produtos com
desconto, num trabalho que demanda o dia inteiro, embora muitos clientes não dêem o devido valor. Gustavo comenta que muitas vezes as pessoas trocam os produtos de lugar, tiram de uma gôndola e colocam em outra; “às vezes vem um cliente, vê que tá tudo arrumado e fica trocando as coisas de lugar a troco de nada. E a gente não pode falar nada, afinal, nosso trabalho é arrumar”. Jonathan Freitas, repositor da área de grãos, comenta que nem todos os clientes são iguais: “alguns são bons, eles param e conversam, perguntam, brincam. Outros não, apenas caminham no corredor e ignoram que eu esteja aqui. Às vezes reclamam que falta algum produto e são grossos”. Os repositores trabalham seis dias da semana e folgam um, têm direito a uma hora de almoço e piso salarial de R$770,00. Cada um tem um setor fixo no supermercado, mas, devido às folgas, há um rodízio em um dia da semana para suprir todos os corredores. Jonathan confessa que gostaria de trabalhar em outra área, na qual tivesse mais visibilidade e reconhecimento. “Eu gosto mais ou menos daqui. Mas como é meu primeiro emprego, a gente não pode escolher muito”, finaliza.
invisibilidade não está somente em profissões distantes do nosso cotidiano, como as dos criadores de softwares ou dubles de filmes de ação. Alguns profissionais que trabalham pelo bem estar dos alunos e professores da Unesp também se sentem invisíveis, e gostariam de ser melhor reconhecidos. É o caso da faxineira Rosana de Fatima E. da Silva. Ela trabalha na Unesp há três anos e reclama da indiferença: “os alunos que cumprimentam a gente são raros, porque pisa em cima e faz de conta que a gente não existe, parece que a vassoura varre sozinha”. Ela destaca também que os alunos fazem mais sujeira do que o normal e, mesmo com tantas lixeiras espalhadas pelo câmpus, na maioria das vezes os alunos jogam o lixo no chão, dificultando o trabalho das faxineiras. “Acho que tem banheiro público que é mais limpo que sala de aula. A UNESP disponibiliza tantas lixeiras que a cada três passos que você dá tem uma, mas eles fazem questão de jogar tudo na sala de aula, derrubar copo, é uma imundice”, reclama Rosana. Rosana conta que trabalha das seis e meia da manhã até as três e meia da tarde. Ao todo, o grupo conta com 56 faxineiras e é dividido em dois turnos. Sua rotina diária é limpar as salas de aula, os banheiros e os departamentos. Nos departamentos, a faxineira afirma se sentir muito bem, pois os professores e funcionários reconhecem o trabalho dela. “Os professores sim nos valorizam, são mara-
vilhosos, gente boa, nos tratam muito bem”, afirma Rosana, dizendo se magoar com a indiferença e a falta de educação dos alunos. Ela finaliza a entrevista com uma frase que atesta seu sentimento de invisibilidade: “eles deveriam ver quanto dinheiro a UNESP gasta, que sai do nosso bolso, pra comprar um monte de lixeiras. Muitas vezes, a gente está varrendo do lado e eles têm a capacidade de jogar lixo no chão”. Diferentemente da faxineira Rosana, o jardineiro Silvano Corrêa diz ter uma boa relação com a maioria dos estudantes. “Da parte dos alunos, na grande maioria, a gente tem uma relação muito boa, eles reconhecem o trabalho da gente e alguns até admiram e apóiam”, orgulha-se Silvano. Ele trabalha na Unesp há 24 anos das oito da manhã ás cinco e meia da tarde. Afirma gostar da sua rotina e muitas vezes fazer coisas por iniciativa própria nos jardins, quando a direção não aponta o que deve ser feito. Silvano fala da profissão com carinho e diz que o que mais gosta é o convívio com as pessoas: “o trabalho da gente é cuidar das plantas, da terra, da natureza, e isso faz bem para todo mundo, então tudo é gratificante, não tenho o que falar mal”. Quanto ao tratamento por parte dos professores, Silvano tem uma reclamação: “a gente percebe que tem docentes que pensam que funcionário técnico administrativo não é gente e não faz parte do meio deles. Eles dependem muito de nós, funcionários, mas tem docente que pensa que é dono do mundo”.
Bárbara Belan
Coletando o sustento Reinaldo Moraes prova ser possível lucrar fazendo o bem para o planeta Mariana Duré
R
Rainhas da Rua Ester, gari há quase 3 anos, conta o dia-a-dia de quem limpa as ruas para a população pisar Bárbara Belan
C
heguei no alojamento do Setor de Varreção Feminina às 7 horas da manhã, quando o grupo tomava café para sair trabalhar. Logo que sentei para esperar que tivessem um tempinho para me dar entrevista, Ester sentou -se ao meu lado para terminar de tomar seu café. Iniciei uma conversa e ela educadamente me convidou a lanchar com elas. Após alguns minutos, o grupo composto por 30 funcionárias começou a se levantar para pegar o material de trabalho, tudo com muita falação, brincadeiras e cantoria. Luis Antônio Amorin, chefe da Varreção Feminina, disse que eu podia acompanhar as garis que iriam para a Rodrigues Alves e fui andando e conversando com elas. Não se intimidaram com a minha presença e já começaram as brincadeiras. “Aqui só tem famosa, a Ester já até saiu no jornal semana passada. Somos rainhas que desfilam pelas ruas varrendo”, disse uma gari que se intitula Beyonce. Ester Ribeiro Miranda, a mesma do café, estava junto e continuamos o nosso papo. Ela trabalha como gari há 2 anos e 10 meses, e já tem algumas experiências para contar. “O dia começa cedo, chegamos ao alojamento, colocamos uniforme, tomamos café, pegamos o ma-
terial de trabalho, que são sacos, vassoura, carrinho, e aí vai cada uma pro seu setor, que deve ser fechado até o final do dia. A gente trabalha das 7 da manhã às 5 da tarde”, detalha Ester. Para Ester, a melhor parte de trabalhar como gari é a liberdade de estar na rua, conhecer e conversar com as pessoas. “Encontramos pessoas muito boas, educadas, que param, cumprimentam, oferecem água e nos dão atenção”, reconhece. Mas ela também ressalta que tem pessoas que parecem não enxergar seu trabalho, o que causa desgosto. Para ela essa é a pior parte da sua profissão: “você percebe o descaso com o seu trabalho, as pessoas não conservam limpo, mas a gente vive disso”. Quanto à conservação das ruas, Ester faz uma reclamação: “às vezes acontece de você limpar uma rua e no momento seguinte já está toda suja com coisas que as pessoas jogam no chão. Aqui na região central isso é comum. No calçadão acontece muito isso, é um lugar que é limpo duas vezes por dia devido ao fluxo de pessoas e a quantidade de lixo”. Na opinião da gari, o que falta para a população bauruense é educação e consciência de onde vai o lixo e que pode cair em bueiros e entupí-los. E reforça: “não seriam necessárias tantas campanhas se todos tivessem mais consciência”.
einaldo da Silva Moraes é catador de lixo há sete anos na praia de Maresias. Ele sustenta cinco filhos e a mulher apenas com esse trabalho, além de fazer sua parte na preservação do meio ambiente. Por meio da separação do lixo que coleta e envia para empresas com padrões de reciclagem, ele garante um destino útil aos resíduos. Reinaldo conta que começou a trabalhar com coleta de lixo por motivações financeiras, depois de ter sofrido um golpe e adquirido uma série de dívidas. Ele teve a ideia ao passar pela porta de um condomínio e ver uma pilha de papelão jogado na beira da calçada. Conseguiu uma bicicleta de três rodas para transportar o papelão. Começou a vender o que encontrava no lixo para grandes empresas que reciclam e reutilizam o material, como a Compel, Metalsul e Planeta Azul. Por conta de seu trabalho, Reinaldo sofreu preconceito tanto de conhecidos como de familiares. “Quando eu comecei, a criançada toda tirava sarro do meu moleque na escola. Meu irmão dizia que se alguém me visse catando lixo na rua, que eu não dissesse que era seu parente”, relata Reinaldo. Segundo ele, hoje em dia, as pessoas encaram seu trabalho de maneira diferente. É admirado por fazer um bem à natureza. O trabalho de Reinaldo colabora, e muito, para a conservação do meio ambiente, mas será que alguém sabe que é ele que está por trás desse importante processo? O catador de lixo afirma que o reconhecimento não é sua prioridade. Para ele, a maior satisfação é ter encontrado um trabalho rentável e que ao mesmo tempo colabore com a preservação do planeta. Ele afirma que a maior parte do que é descartado tem retorno, basta as pessoas se conscientizarem e fazerem sua parte na separação e destino do lixo. “A nova geração só quer saber de aproveitar a vida. Eles precisam entender que o lixo que jogam no chão não afeta só o planeta, afeta também a sua própria qualidade de vida”, afirma Reinaldo. E quando questionado a respeito de suas projeções futuras, Reinaldo conta, orgulhoso, que não pretende desistir, porque aprendeu a amar o que faz. “O que quer que você faça, tem que fazer com gosto, e não só pelo dinheiro. Sei que estou dando o meu melhor, e quando você espalha o bem, só coisas boas retornam para você”.
Amo muito tudo isso Há vida por trás do balcão do McDonald’s Luciana Arraes
P
pouco mais de compreensão seria bem Cerca de 67% dos atendentes do vinda. “Em alguns dias parece que você McDonald’s tiveram na empreé invisível, mas, pra mim, na maiosa sua primeira oportunidade ria das vezes, não é. Acho que é porque profissional. eu gosto do que faço. Às vezes, em dia de muito movimento, é mais compliAproximadamente 98% dos funcado. As pessoas não conseguem especionários da empresa têm entre rar nem um pouco pra gente conseguir 16 e 35 anos. dar conta de todo o serviço”, confessa. No Brasil mais da metade dos Com quase dois anos de experiêngerentes das lojas começaram cia na rede de fastfood, o instrutor do nas organizações como atenMcDonald’s conta um pouco sobre as didentes. ferentes pessoas com quem lida ao longo do dia; “tem gente que entra com muita pressa, então só quer saber Escala hierárquica do McDonald’s: de pegar o lanche e ir embo1. Atendente ou trainee ra. Mas também tem gente (passa por um período de treinamento antes que tá indo passear com os de chegar ao restaurante) filhos, esses param e conversam com você, se importam 2. Treinador ou Instrutor mais. E ainda tem alguns 3. Coordenador de equipe clientes que sempre vão, e com esses, querendo ou não, 4. Trainee de gerente a gente acaba criando um (é necessário ensino superior completo) vínculo de amizade, diga5. Segundo assistente mos assim, não é mais toda aquela formalidade, você já 6. Primeiro assistente se permite dizer um oi, ser um pouco mais você e isso é 7. Gerente mútuo”. Mesmo por trás de (Ao atingir esse posto, o funcionário pode continuar sua ascensão assumindo outros um uniforme que vai do têcargos na empresa, na área de operações nis ao boné, Fábio demonscomo consultor de um grupo de restaurantra que ainda consegue tes ou atuando em outras áreas) Uniformes mudam conforme a função manter sua individualidade frente aos clientes cativos. * Em todas as etapas são ministrados cursos site do McDonald’s
ara começar a trabalhar na empresa não é preciso ter experiência. Você só precisa ter cursado ou estar cursando o ensino médio. Com essa política, o McDonald’s tornou-se uma das organizações que mais oferecem o primeiro emprego aos jovens. Foi o que aconteceu com Fábio Vieira, ele conseguiu seu primeiro registro em carteira pela empresa e desde então continua lá. Fábio trabalha na lanchonete há um ano e onze meses, foi promovido duas vezes nesse período e hoje é instrutor. De acordo com ele, há uma alta rotatividade de funcionários e isso acontece, em grande parte das vezes, porque as pessoas veem a empresa apenas como uma porta de entrada para o mercado de trabalho. Entram no Mc Donald’s já pensando que será um emprego temporário, ou com uma idéia errada do que seja realmente o serviço que realizará. “Tem muita gente que entra com o pensamento de que vai ser um ‘Mc Escravo’, mas não é bem assim. Lá dentro você aprende a fazer de tudo e terá que fazer por merecer para ser reconhecido, como em qualquer outro trabalho”, explica Fábio. Ele também conta que é possível fazer carreira na lanchonete: “o gerente da loja onde trabalho já está na empresa há quase 25 anos”. Ao ser questionado sobre o que acha da sua relação com os clientes, Fábio afirma que na maioria das vezes não se sente invisível para eles, mas que um
de especialização
Gastronomia é bom, mas não é tudo Muitos cozinheiros talentosos não fizeram curso superior Beatriz Haga
P
ães, tortas, bolos e salgados. Essas são algumas das “perdições” que enfeitam as prateleiras das padarias e fazem os clientes salivarem. Os responsáveis por combinar ingredientes simples e transformá-los em produtos cobiçados são os gastrônomos, os invisíveis padeiros, confeiteiros e cozinheiros. A profissão pode ser exercida sem formação superior, mas atualmente há uma grande demanda por profissionais graduados. No país, a graduação em Gastrono-
mia existe há apenas 18 anos. O coordenador e professor do curso de Gastronomia da Universidade do Sagrado Coração (USC) de Bauru, Paulo Frederico, afirma que a formação permite ao estudante conhecer as questões técnicas e culturais da profissão; “eu percebo que as pessoas que já trabalham na área e não têm uma formação começam a se preocupar, procuram algum tipo de especialização”. Além das matérias práticas, a grade curricular inclui disciplinas teóricas sobre materiais usados na alimentação, gestão, planejamento, higiene e organização na cozinha.
A qualificação é uma das exigências do mercado, mas muitas vezes os graduados não são reconhecidos.
tudo, mas que cozinha muito bem. Então, por que vão querer pegar um aluno de Gastronomia que vai exigir um salário à altura?”, questiona a tecnóloga em Gastronomia, Letícia Rodrigues Maurício. Cansada de trabalhar para outros chefs que não aceitavam suas ideias, Letícia abriu sua própria confeitaria online e recebe encomendas pelo site. Para ela, a liberdade e a criatividade são os fatores mais importantes. “Hoje é o que conta. O básico todo mundo sabe “Tem hora que o diploma fazer. As pessoas querem coiatrapalha mais do que ajuda. É sas novas e diferentes”, afirma. uma área que paga mal e o que O gosto pela culinária não falta é funcionário sem es- muitas vezes vem de família.
“Nunca
pensei em fazer outra coisa
”
É o caso do padeiro bauruense Itacir da Silva Júnior, filho, irmão, primo e tio de profissionais da área. “Fui incentivado pelos meus pais a seguir a profissão, mas nunca pensei em fazer outra coisa”, comenta. O padeiro não é formado em Gastronomia, mas participa de cursos para aperfeiçoar o que aprendeu em casa. Passa a maior parte do seu expediente na cozinha e muitos clientes não conhecem o criador do produto que saboreiam. “Acho que 20% dos clientes têm curiosidade de ver o que eu faço. É bom você ter contato com eles e sentir o reconhecimento”, considera Júnior.
O segredo é não ser invisível Eronides Falcino, do moto-táxi Camélias, diz que simpatia é fundamental Daniela Chiba
C
mentos e pacotes em geral. Muitas vezes, essas viagens geram mais lucro que as corridas (levar pessoas). Eron costuma fazer entregas dentro e fora de Bauru e já chegou a percorrer 1300 km em um só dia. “Eu já fui viajante (vendia calçados). Se me dão um endereço e um número, eu vou a qualquer cidade, em qualquer lugar”, diz Eron. Nesse caso, ele ressalta que se deve
jei pra São Paulo ganhando duas viagens, cada uma de um cliente. Com isso faturei ao todo 800 reais. O contato é o essencial de tudo”. Segundo ele, trabalhar como moto-táxi é como qualquer outro emprego. Se o motoqueiro se empenhar em fazer contatos e realizar um bom trabalho, sempre respeitando seu cliente, ele vai ser valorizado. Apesar disso, muitos mo-
bons contatos, um bom gerenciamento da minha parte - que é o meu celular -, é consequência do que eu faço”, comenta, lembrando que se um serviço é bom, ele se espalha. Boa parte dos serviços prestados por Eron deve-se a indicações de clientes satisfeitos. Eron explica que não se deve ter uma relação fria de pura prestação de serviços. Ao realizar uma corrida, é preci-
manterá estável. Eron conta com clientes tão fiéis que chegam a esperar até que ele esteja desocupado para que ele possa lhes ajudar. Clientes que confiam grandes quantias de dinheiro, pois sabem que Eron irá fazer seu trabalho corretamente. Isso mostra o quanto o lado invisível da vida pode mudar uma realidade. “Tudo que a gente faz com carinho e vontade, a gente Daniela Chiba
hamar um moto-táxi é muito comum em Bauru. Facilidade e bom preço atraem quem quer chegar a algum lugar de maneira rápida e prática. Normalmente se chama aqueles da redondeza, ou acha-se um número de telefone pintado na calçada. Combina-se um preço e em questão de minutos já se está onde é preciso estar. Mas quem são eles? Eronides Aparecido Falcino, 47, mais conhecido como Eron, trabalha como moto-taxista desde 2002. Está lá na sede do Camélias a semana inteira, de segunda a segunda, das 8h às 20h30. Antigamente trabalhava mais, entrava às 6h e já chegou a sair às 10h da noite. Hoje, Eron tem uma vida economicamente estável e acredita que isso se deve a sua garra e simpatia. Moto-taxista é um trabalho autônomo, porém exige regularização. Assim como alguns de seus colegas, Eron é cadastrado na Transurb e exerce seu trabalho de maneira legalizada. Deve-se tomar o maior cuidado possível, afinal, é considerado um trabalho perigoso. Além de se responsabilizar pela vida de outro ser humano, Eron já foi assaltado a mão armada e acabou perdendo sua moto. Ter cautela com a moto e com as pessoas que se carrega é complicado. Ao combinar uma corrida com um moto-taxista, é fundamental que o passageiro também tome alguns cuidados. Essa atitude pode livrá-los de problemas inconvenientes que possam surgir. Primeiro, deve-se sempre verificar se o motoqueiro é regularizado. Para isso, basta checar a placa de sua moto. Se ela for vermelha, significa que ele realmente é cadastrado. Já se for cinza, não é recomendado embarcar nele. Se o pararem e ele estiver portando algo indevido, o passageiro também será indiciado por ser considerado cúmplice do crime. Alguns moto-taxistas prestam serviços de motoboys, fazendo pagamentos bancários, entregas de docu-
Deixar de ser invisível pode mudar uma realidade. São ganhos de ambos os lados
tomar algumas precauções. Antes de aceitar fazer uma entrega, é bom se assegurar do que está sendo levando, carregar pacotes com conteúdos ilícitos pode prejudicar drasticamente o taxista. Segundo Eron, os ensinamentos que a vida oferece devem ser levados em conta, afinal, são essas experiências que o fazem prosperar. Antes de ser motoqueiro, Eron vendia calçados. Era um trabalho esporádico e muito instável. Agora, como moto-taxista, ele faz seu salário de acordo com o quanto trabalha. Ele chega a ganhar de 30 reais até 500 reais por dia; “eu já via-
toqueiros, alguns com mais de 20 anos de carreira, não sabem lidar com o trabalho. Ao invés
so andar devagar, pois ao correr, estará colocando a cliente em perigo. Em suas corridas, Eron faz questão de perguntar como foi o dia do passageiro e gosta de ir conversando ao longo do caminho. Segundo ele, isso faz com que o motoqueiro não seja só mais um, e sim um conhecido que é tratado pelo nome; “ser tratado pelo nome demonstra dignidade”. Se em todo o serviço que o motoqueiro for fazer, tiver essa postura, ele conseguirá êxito, acredita. Nesse ramo, tudo depende da maneira como se trabalha. É fundamental ter simpatia, ao contrário ninguém se
“Chego a ganhar de 30 a 500 reais por dia” de correrem atrás de mais serviços, ficam esperando a próxima corrida e não aproveitam seu tempo livre. Diferente deles, quando não tinha corrida, Eron saia com sua moto atrás de contatos. “Se eu tenho
consegue. Já fui empacotador de supermercado; fiquei nessa empresa durante 15 anos e sai de lá como encarregado do departamento pessoal”, recorda-se. Eron tem o segundo grau completo e gostaria de ter feito faculdade de Direito, mas não teve condições financeiras. Ele conta que entrou nessa vida por acaso, quando trabalhava como vendedor e não estava dando certo: “eu tinha uma moto velha em casa e corri atrás. A vida é assim, se você não correr atrás, você não consegue nada”. Hoje Eron é dono do Moto-táxi Camélias junto de seu colega, Marcos.
Por trás das tecnologias, à frente dos computadores Profissionais da tecnologia da informação fazem grandes avanços, mas não são reconhecidos de fato Mariana Thomaz
N
um mundo cada vez mais dependente da tecnologia, onde avanços e mudanças surgem diariamente, muitas vezes não pensamos em quem está por trás desse universo digital. Recentemente, a equipe do Facebook promoveu mudanças em seu site de relacionamentos, mas quem são as pessoas responsáveis por essas mudanças? Como é feito o planejamento desses novos mecanismos?
profissionais não é resultado da falta de reconhecimento do trabalho deles, mas sim da grande especialização necessária para se trabalhar nessa área. Pedro Cavalca é um dos integrantes do grupo e explica: “só quando as pessoas precisam de algum serviço nosso é que elas vêm nos procurar e ficam sabendo do trabalho que a gente faz. Na área de jornalismo, por exemplo, quem está envolvido com TV Digital, ou quando trabalha com várias mídias
“São poucos os
que realmente sabem o que estamos fazendo aqui
”
Na UNESP, câmpus de Bauru, o Laboratórios de Tecnologia da Informação Aplicada (LTIA) desenvolve pesquisas, softwares e novas ferramentas informacionais. Além de participar de competições tecnológicas, como a Imagine Cup, organizada pela Microsoft, o grupo do LTIA produz ferramentas para empresas e para a própria universidade. A invisibilidade desses
interligadas, conhece o trabalho do LTIA, mas são poucos os que realmente sabem o que estamos fazendo aqui”. A tecnologia da informação está presente nas mais diferentes áreas do cotidiano, como transportes, comunicação, design, produção de bens e até produção musical. Cavalca acrescenta que “hoje em dia, a computação está em tudo, desde o carro quando é
Expediente:
Diretor da FAAC Roberto Deganutti
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” UNESP Reitor Herman Jacobus Cornelis Voorwald
Coordenação do Curso de Jornalismo Juarez Tadeu de Paula Xavier Chefe do Departamento de Comunicação Social Ângelo Sottovia Aranha
ligado, existe a partida eletrônica, até na hora de esquentar a comida no microondas. Sempre tem um profissional de tecnologia da informação por trás, tem algum engenheiro da computação que desenvolveu aquilo. Acho que o maior problema de se estar nessa categoria dos trabalhadores invisíveis é as pessoas subjugarem nosso serviço, não reconhecerem o tempo e a mão-de-obra necessários para desenvolver essas pequenas coisas”. Danilo Balzac é coordenador
dos projetos no LTIA, e reconhece que a maioria das pessoas só tem acesso aos resultados finais do trabalho dos profissionais da computação, e acredita na invisibilidade da profissão: “a gente percebe esse aspecto da “invisibilidade”, principalmente quando mostramos o que estamos desenvolvendo. Só quem sabe, quem conhece os processos por que passamos para criar um novo programa é que dão o devido valor. Já a maioria das pessoas vê apenas o resultado final”.
Professores Orientadores Ângelo Sottovia Aranha Renata Barreto Malta
Telefone: (14) 3103-6000 Ramal: 6066
Endereço Departamento de Comunicação Social FAAC/Unesp Av. Eng. Luiz Edmundo Carrijo Coube, 14-01 Vargem Limpa, Bauru-SP
Suplemento produzido pelos alunos do 4º termo do Curso de Comunicação Social Jornalismo do período diurno da UNESP.
Tiago Fabre fez parte da equipe do LTIA na competição Imagine Cup do Egito, em 2009, e resume a situação do profissional da área de tecnologias: “hoje, que todos precisam de informação a qualquer hora e lugar, o profissional de computação é, sim, valorizado. Quanto a ser reconhecido, é muito complicado, só quem é da área entende do assunto e vai reconhecer que aquilo realmente deu trabalho pra fazer”, comenta TIago sobre a situação dos tecnólogos.
Ana Beatrice Lesur Bárbara Belan Beatriz Haga Daniela Chiba Lívias Neves Luciana Arraes Mariana Duré Mariana Nazário Mayra Arellano Regiane Folter