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ESCOLA BÁSICA E SECUNDÁRIA DE ARGA E LIMA Curso Profissional TÉCNICO DE APOIO PSICOSSOCIAL (ciclo de formação 2013/2016) Ano letivo 2014/2015

DISCIPLINA: PSICOPATOLOGIA GERAL MÓDULO 2 – ALTERAÇÔES PSICOPATOLÓGICAS DA INFÂNCIA PROFESSOR: António Joaquim Moreira


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PSICOPATOLOGIA GERAL Ano letivo 2014/15 MÓDULO 2: ALTERAÇÕES PSICOPATOLÓGICAS DA INFÂNCIA

António Moreira – Curso Técnico de Apoio Psicossocial M2 – Alterações Psicopatológicas da Criança Objetivos: Distinguir na prática as diferentes condutas patológicas; Reconhecer os factores etiológicos e os associados: Identificar o tratamento e a evolução; Comparar os processos de desenvolvimento “normativo” da psicologia, com as condutas psicopatológicas referentes às etapas do desenvolvimento; Promover uma relação de maior proximidade entre o técnico de apoio psicossocial e as crianças, com quem faz as suas intervenções; Caracterizar a psicopatologia da linguagem e as suas consequências; Elencar os distúrbios esfincterianos; Reconhecer os distúrbios do comportamento. Conteúdos 1. Psicopatologias da linguagem 1.1. Distúrbios da articulação 1.2. Atraso da palavra 1.3. Atraso simples de linguagem 1.4. Áudio - mudez 1.5. Dislexia - disortografia 1.6. Gaguez 2. Factores etiológicos, tratamento 3. Distúrbios esfincterianos 3.1. Enurese 3.2. Encoprese 3.3. A personalidade da criança/ família 4. Factores etiológicos, evolução, tratamento


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5. Distúrbios do comportamento 6. A mentira 7. O furto 8. A fuga

Saúde Mental

Como se distingue a normalidade da patologia? Frequência Duração Grau Contexto Fase do desenvolvimento Intensidade É muito mais do que o comportamento!!!! Crises de desenvolvimento e crises acidentais

Crises de desenvolvimento Crises da transição de cada etapa de desenvolvimento, que implicam um comportamento diferenciado. Crises que quebram o equilíbrio do indivíduo, desenvolvendo uma desorganização temporária. Surgem novas respostas que podem: • Enriquecer o desenvolvimento emocional •Consolidar uma perturbação Crises de acidentais Falecimento de uma pessoa próxima Separações conjugais conflituosas Nascimento de um irmão Mudança de casa/escola/professor Acidente Hospitalização


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Visualização de uma situação traumática … Saúde Mental Infantil Possíveis indicadores de risco?

1. Alteração do desenvolvimento/evolução das necessidades fisiológicas:

2. Alterações do Apetite (criança que não quer comer ou que come muito menos do que é normal);

3. Enurese/ Encoprese;

4. Insónia (mau dormir);

5. Sinais de distúrbio emocional:

6. Isolamento;

7. Agressividade;

8. Irritabilidade com os pares;

9. Excessiva manipulação dos genitais;

10. Choro e tristeza


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Na observação do estado mental da criança deve-se ter em conta: Capacidade de manter a atenção/ impulsividade: Completa ou não uma tarefa, passa rapidamente de uma atividade para outra. Pensamento (evidenciado pelo tipo de discurso): organizado e coerente ou desorganizado e difícil de compreender, ideias bizarras. Movimentos anormais/ tiques/ vocalizações bizarras. Ideação suicida. Criança e Família A importância da abordagem familiar Os objetivos da perspectiva familiar A criança vulnerável e em risco (Desenvolvimento e vulnerabilidade) “Um dos papeis mais importantes dos pais é o de ajudarem os filhos a crescer. Para isso é preciso saber ser crescido. Com calma, segurança e paz dizer: Vai segue em frente. Olhos levantados.” Strecht 2004 O que Fazer? 1. Estar Atento/ Observar; 2. Recolher dados; 3. Partilhar informação; 4. Comparar opiniões; 5.Falar com outros educadores; 6.Colocar hipóteses de causas ; 7.Falar com a criança; 8. Falar com os pais; 9. Traçar plano de ação conjunta. Como ajudar? • Não estigmatizando

• Apoiando

• Reabilitando

• Integrando


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• Ao nível da família: • Explicar aos pais a situação, desmistificando a ideia de que a criança é “má”, sem no entanto os desresponsabilizar quanto ao lidar com a situação. Incentivar o estabelecimento de regras e limites bem definidos. • Incentivar e valorizar desempenhos positivos. • Promover relação próxima e securizante com os pais. Ao nível do jardim-de-infância: Promover relação com figura de referência (educadora, professora) que funcione como contentora e organizadora do comportamento da criança. Avaliação pedagógica e implementação de plano educativo de acordo com as necessidades individuais (ex: apoio acrescido, turma com nº reduzido de alunos, ensino especial). Avaliar dificuldades instrumentais associadas, as quais podem requerer investigação e intervenção, designadamente ao nível da linguagem e psicomotricidade. 1. PSICOPATOLOGIAS DA LINGUAGEM 1.1. DISTÚRBIOS DA ARTICULAÇÃO DISLALIA Dificuldade em articular as palavras. Basicamente consiste na má pronúncia das palavras, seja omitindo ou acrescentando fonemas, trocando um fonema por outro ou ainda distorcendo-os ordenadamente. A falha na emissão das palavras pode ocorrer em fonemas ou sílabas. Assim sendo, os sintomas consistem em omissão, substituição ou deformação dos fonemas. Não se observam, porem, transtornos no movimento dos músculos que intervêm na articulação e emissão da palavra. Em muitos casos, a pronúncia das vogais e dos ditongos costuma ser correta, bem como a habilidade para imitar sons. Perante um paciente dislálico costuma-se fazer uma pesquisa das condições físicas dos órgãos necessários à emissão das palavras, verifica-se a mobilidade destes órgãos, ou seja, do palato, lábios e língua, assim como a audição, tanto sua quantidade como sua qualidade auditiva. Quando não se encontra nenhuma alteração física a que possa ser atribuído a Dislalia, esta é chamada de Dislalia Funcional. Nesses casos, pensa-se em hereditariedade, imitação ou alterações emocionais e, entre essas, nas crianças é comum a Dislalia típica dos hiperativos e dos deficientes mentais. Até os quatro anos, os erros na linguagem são normais, mas depois dessa fase a criança pode ter problemas se continuar a falar de forma errada. Dislalia Funcional Um caso clássico característico portador de dislalia é o personagem


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Cebolinha da Turma da Mónica. DISTÚRBIOS DA ARTICULAÇÃO São problemas ou sintomas relacionados com a articulação e músculos da mandíbula, que ligam o cérebro ao maxilar inferior. Muitos estão associados ao stress físico e emocional, ainda que o uso de aparelhos ortodonticos e dentes mal alinhados também possam ajudar. Ranger os dentes, problemas de sono, usar estimulantes, má postura do pescoço e da cabeça ou uma dieta precária também estão relacionados com os problemas de ATM. ATM Anatomia da Articulação Têmporo- Mandibular ATM- O que é? A articulação temporomandibular (ATM) é a “junta” da mandíbula com o crânio, que pode ser apalpada logo à frente do ouvido. Essa articulação é responsável por permitir todos os movimentos da mandíbula e seu funcionamento relaciona-se com vários sistemas do corpo como o mastigatório, o fono articulatório (da fala), o respiratório, o sistema postural e o vestíbulo coclear (que controla o equilíbrio e a audição). Quando esta zona não funciona corretamente, qualquer destes sistemas podem entrar em colapso, produzindo uma série de sinais e sintomas. ATM – Sinais e Sintomas Cefaléia crónica Dor na cara Dor ou dificuldade em mastigar Dor cervical e nos ombros Limitação da abertura da boca Luxação e subluxação mandibular problemas oclusais ( alteração no encaixe dos dentes) Bruxismo Alterações da postura Vertigem Otalgia (dor de ouvido) Zumbido


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1.3 ATRASO SIMPLES DA LINGUAGEM O Atraso Simples é encontrado em crianças que Apresentam desfasagem no desenvolvimento da linguagem; essas crianças demoram mais tempo a falar e parecem imaturas. Aparentemente, esse atraso pode ser ocasionado por dores de ouvido e complicações respiratórias no período de aquisição da linguagem e/ou estímulos inadequados para o desenvolvimento da mesma. ATRASO SIMPLES DA LINGUAGEM O seu padrão de linguagem é compatível com crianças mais novas (menor idade cronológica), mas seguindo a mesma ordem de aquisição. Algumas crianças podem recuperar o atraso inicial com orientação adequada. Algumas características: • Frases simples, mas sem alteração na ordem das palavras; • Podem combinar sílabas de fonemas diferentes; • Vocabulário reduzido por falta de experiência; • Trocas na fala; • Boa compreensão.

1.5. DISLEXIA E DISORTOGRAFIA

“As três características que as crianças precisam de revelar para estarem preparadas para a escola são: competências cognitivas, motivação para aprender e competências sócioemocionais.” Entendemos como dislexia, as dificuldades para a aprendizagem da leitura e da escrita, mesmo quando a criança estiver sujeita a um ensino convencional, tenha um nível intelectual adequado e tenha acesso a oportunidades socioculturais corretas. A criança disléxica apresenta grandes dificuldades na leitura e na escrita, que podem ser traduzidas em: - Leitura lenta, trabalhosa e carregada de erros. - Ortografia deficiente. - Junções ou separações incorretas de palavras.


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Apresenta também dificuldades na automatização de aprendizagem e memorização (aprende algo e em pouco tempo esquece-se). Além disso, custa-lhe realizar com êxito as atividades onde é necessário aplicar várias habilidades (exemplo, redações nas que tem que prestar atenção à ortografia, sinais de pontuação, organização de ideias, etc.). DISORTOGRAFIA É a dificuldade da aprendizagem e do desenvolvimento da linguagem escrita expressiva. Esta dificuldade pode ocorrer associada ou não a dificuldade de leitura isto é, a dislexia Considerase leitura, dislexia. que 90% das disortografias têm como causa um atraso de linguagem; estas são consideradas disortografias verdadeiras. Os 10% restantes têm como causa uma disfunção neurofisiológica. Dificuldades de Aprendizagem • “Os alunos com problemas processológicos, derivados de problemas relacionados essencialmente com a recepção, organização e expressão de informação, são geralmente designados por alunos com dificuldades de aprendizagem.” (Correia, 1997, p. 51). • Os problemas destes alunos “situam-se na esfera do processamento de informação (recepção, integração ou expressão de informação)” (Correia, 2004, p. 374). • Assim, estes alunos podem “apresentar um conjunto de problemas (cognitivos, de linguagem, académicos e socioemocionais) que vão dificultar em muito o seu processamento de informação e, por conseguinte, as suas aprendizagens.” (Correia, 2004, p. 374). 1.6. GAGUEZ A gaguez é precisamente uma dificuldade de linguagem que pode ser identificada na idade pré-escolar mas, normalmente, desaparece na adolescência, dependendo da relevância que se lhe atribui. Os pais deverão lidar com a gaguez dos seus filhos de uma forma extremamente natural, sem preocupações exageradas e, se acharem conveniente, deverão consultar um terapeuta da fala. A gaguez é gerada e agravada por alterações emocionais como medos, traumas, frustrações ou humilhações. A gaguez é um transtorno linguístico, um distúrbio da linguagem, que corresponde a uma comunicação confusa e, frequentemente, mal compreendida. Desenvolve-se sensivelmente entre os dois e os seis ou sete anos de idade, sendo a sua maior incidência por volta dos cinco anos. A criança gaga apresenta repetições, pausas e bloqueios na reprodução de sons e fragmentos de palavras, bem como uma desorganização entre o ato de pensar e falar.

3. DISTÚRBIOS ESFINCTERIANOS

CRIANÇA ENURÉTICA OU ENCOPRÉTICA

PERTURBAÇÕES DO CONTROLO ESFINCTERIANO


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No decurso do 2º ano de vida, a maturação do sistema nervoso central permite o desenvolvimento do controlo uretral e anal. A criança reconhece as sensações de repleção vesical e anal, bem como as sensações da passagem da urina e da matéria fecal.

3.1 ENURESE É uma micção involuntária e inconsciente. Frequentemente noturna, mas também pode ser diurna ou mista, permanente ou intermitente. É a emissão da urina é involuntária e inconsciente (a pessoa só se dá conta de que se urinou depois de urinar). Atinge cerca de 10% das crianças, numa proporção de 2 rapazes para 1 rapariga. Distinção entre "Enurese" e "Incontinência" Incontinência - emissão involuntária mas consciente da urina (a pessoa dá-se conta de que se vai urinar), simultaneamente diurna e noturna. CAUSAS: fatores biofisiológicos (malformações, infecções das vias urinárias, etc.). ENURESE PRIMÁRIA: a higiene nunca foi adquirida. Caracterizada pelo atraso no controle esfincteriano. "- Trata-se de uma enurese em que há uma falha de aprendizagem. Uma enurese que é devida à falha ou à falta de vigilância, à aquisição de maus hábitos rapidamente enraizados." (Duché, 1968). Desejo de dependência da mãe. Meios Rurais. ENURESE SECUNDÁRIA: Aparece depois da higiene já ter sido adquirida. Associada a problemas emocionais ou situações de stress. CAUSAS DAS FALHAS DE APRENDIZAGEM DO CONTROLE DOS ESFÍNCTERES Enurese Primária Um desinteresse por parte dos pais, sobre o ensino aprendizagem do controle dos esfíncteres e dos hábitos de higiene que lhe estão associados; Uma passividade e desinteresse, por parte da criança, no que se refere às aprendizagens de higiene; Uma reação da criança contra atitudes coercivas dos pais, geralmente num ciclo de reação agressiva contra a mãe.


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Enurese Secundária Associada a situações conflituais ou frustrantes; A criança não fala do que a preocupa mas apresenta esse sintoma manifestando, desta forma, que algo não está bem. As reações das pessoas que rodeiam a criança vão favorecer ou influenciar este fenómeno; A culpabilização e a troça dirigidas à criança provocam um sobre investimento sintomático, podendo fazer com que a criança entre num modo de relação patológico.

Enurese O que sente a criança: Indiferença Culpa Desânimo Vergonha Necessidade de atenção Enurese: O que fazer?

Interpretar o sintoma como uma expressão de mal-estar da criança; Compreender este sofrimento; Demonstrar afeto e apoiar; Dar oportunidade à criança para partilhar as suas preocupações; Atitude tranquila por parte da família; Responsabilizar a criança sem a culpabilizar; Expor o problema e estimular a vontade de o resolver; Estabelecer objetivos com a criança; Reforço positivo.

Formas de tratamento: Motivação/Recompensa; Treino de retenção; chichi-stop; Despertar programado.


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3.2 ENCOPRESE Falta de controle do esfíncter anal, que é geralmente adquirido até à idade de 2 anos e meio. É sempre patológica depois dos 4 anos e atinge 3 rapazes para 1 rapariga.

É geralmente diurna. A encoprese noturna é excepcional. É mais frequente a forma secundária do que a primária, permanente ou intermitente.

ENCOPRESE PRIMÁRIA A criança não chega a adquirir a higiene correspondente ao controle do esfíncter anal. Corresponde a um atraso na maturação funcional ou num inadequado processo de ensino aprendizagem. ENCOPRESE SECUNDÁRIA Aparece após a criança ter já adquirido os hábitos de higiene fecal, não tendo havido "acidentes" durante um longo período de tempo. É consequência de qualquer perturbação psicológica que leva a criança a uma regressão a um estádio anterior. CAUSAS DA ENCOPRESE PRIMÁRIA: PRIMÁRIA: Falta de cuidados familiares quanto ao habituar a criança a evacuar no seu bacio; Repugnância manifesta do meio familiar sobre o mau cheiro e os dejetos evacuados. CAUSAS DA ENCOPRESE SECUNDÁRIA: SECUNDÁRIA: Um ensino demasiado coercivo e exigente por parte da mãe ou demasiado precoce. Os erros maternos no habituar a criança ao bacio, desentendimentos entre os pais, o nascimento de um irmão ou qualquer outro fator afetivo-relacional, poderão ter consequências muito ou pouco desfavoráveis, conforme o contato relacional entre mãe e filho, podendo o sintoma evoluir para o seu desaparecimento ou para a sua fixação.

Como vivem as crianças este problema: problema: Ansiosas Culpadas Guardam segredo


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Lavam-se e mudam de roupa sem que os pais vejam Passividade Necessidade de transgredir normas, recusar o que o adulto lhe impõe. Medo de serem descobertas e tornarem-se motivo de troça, leva a uma diminuição de autoestima, limitando assim o sucesso escolar, mesmo que a criança seja inteligente. DISTÚRBIOS DO COMPORTAMENTO Quando a criança é passiva Existem crianças mais calmas do que outras. Não existe nada de negativo nisso e têm todo o direito de ser assim. Mas também existem graus de passividade excessivos que podem corresponder a circunstâncias desfavoráveis que convém conhecer para solucionar. As crianças passivas são pouco espontâneas, costumam observar com interesse o que querem, mas esperam que os outros se aproximem delas. A sua passividade pode levá-las à subjugação ou a serem manipuladas por outras crianças, chegando por vezes ao extremo de as seguirem em tudo, anulando muitas vezes a sua identidade. Quando a criança é passiva Normalmente são crianças com pouca autonomia e um conceito pobre delas próprias. Por serem demasiado dóceis, custa-lhes defenderem-se e podem viver assustadas devido aos colegas mais agressivos. De criança passiva a criança “vítima”. Os maus tratos e a “Lei do silêncio”. Os “Valentões”, os “Espetadores” e as “Vítimas”. Tipos de agressões e maus tratos: Pontapés; Empurrões; Furtos de dinheiro ou objetos; Destruição de material ou objetos; Insultos; Ameaças; Exclusão; Desprezo… Quando a criança é passiva Normalmente os agressores são mais velhos e mais fortes e costumam apresentar conflitos familiares ou escolares.


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As vítimas, são crianças mais pequenas, mais débeis, tímidas e pouco populares. Normalmente sentem vergonha da situação e por serem tímidas e recearem represálias, guardam silêncio. Indícios de agressividade: Lesões; Roupa ou material estragado; Isolamento; Receio em ir para a escola; Perda de apetite; Dores de cabeça ou de estômago; Mudanças no caminho de ir e vir para a escola; Alterações do sono ou choro noturno; Perda de interesse escolar; Tristeza; Irritabilidade; Pedir ou roubar dinheiro (para satisfazer chantagens). Quando a criança é passiva A criança que “não existe” ou que “nunca se ouve”, que é “demasiado boa”. Sinal de Alerta Será que somos demasiado severos? Será que somos demasiado exigentes? Será que somos demasiado calorosos e carinhosos? É importante que a criança se sinta amada de forma incondicional. A tristeza na infância Da tristeza à depressão e ao isolamento vai um grande caminho. A tristeza na infância é normal? O que é a tristeza? A tristeza é um sentimento de aflição ou desgosto que surge quando uma pessoa vive uma situação de perda. A tristeza na infância Tristeza ou Depressão? Depressão Tristeza profunda e duradoura e um mal-estar que interfere na vida quotidiana da pessoa que sofre da doença. Implica para além da tristeza, uma falta de interesse pelas atividades quotidianas, causando perturbações do sono, alterações no apetite, fadiga, dificuldade em pensar e sentimentos de inutilidade e culpabilidade. A Criança Isolada – A Tristeza na Infância


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Não se deve ocultar a realidade à criança e a realidade inclui também momentos de tristeza. Deve-se dar espaço à criança para exprimir as suas emoções. É importante fazer ver à criança que falar sobre o que a preocupa alivia a dor. “Não vale a pena falar nem explicar, isto é um problema meu.” Algumas crianças, quando se sentem mal, preferem estar sozinhas e procuram formas de evasão escutando música ou jogando computador. “Quero lá saber…” Enfrentar os problemas… uma solução A Tristeza na Infância O que se deve fazer? Consultar o pediatra quando estes sintomas persistem durante um mês seguido; Ir a um especialista quando há suspeita de depressão; Perceber se a criança vive tensa em a casa ou na escola, ou nos dois ambientes; Evitar o isolamento ou inatividade; Estar ao lado dela, ainda que em silêncio; Nunca censurar o comportamento, compreendê-lo como involuntário, causado pela própria doença. A Tristeza na Infância Formas de tratamento Psicoterapia; Orientação dada à família; Medicação O tratamento mais eficaz para que as crianças ultrapassem os problemas com os quais se vão deparando consiste em receberem atenção e os cuidados suficientes por parte dos pais e do ambiente familiar . Se a criança se sentir segura e apoiada , assumirá as mudanças sem se deprimir. A Criança Isolada – A Timidez na Infância O que não ajuda uma criança tímida: Aborrecer-se com ela porque reage com medo perante pessoas ou situações novas; Deixá-la ao cuidado de pessoas desconhecidas; Forçá-la a fazer atividades que não quer e para as quais não está preparada; Desvalorizá-la porque não age como as outras crianças da sua idade;


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Deixar que se isole; Rejeitá-la quando procura refúgio nos adultos; Permitir-lhe tudo para que não se inquiete. A Criança Isolada – A Timidez na Infância COMO AGIR: Incentivar a criança a cumprimentar, sorrir, perguntar,…; Elogiar pequenos progressos da criança; Não ver a timidez como uma fatalidade. Não devem rotular a criança nem permitir que os outros o façam; Oferecer à criança novas oportunidades e acompanhá-las com firmeza nos novos desafios. Deixá-la escolher atividades do seu interesse. Confiar nelas e dar-lhes tempo… A criança com défice de atenção ou Hiperatividade

5. Perturbações Comportamentais Criança com Défice de Atenção ou Hiperatividade As Crianças com Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) podem ter: - Comportamento hiperativo; - Desatenção - Dificuldade na concentração 4-6% das crianças em idade escolar têm PHDA. É mais comum em rapazes do que em raparigas. As Crianças com PHDA que é desatenta apresenta pelo menos 6 dos seguintes sintomas: Não prestam atenção aos detalhes e cometem erros na escola ou em outras atividades por desatenção ou descuido. Dificuldade em manter a atenção durante as tarefas ou jogos. Parecem não ouvir o que se lhes diz, mesmo quando interpelados de forma direta. Não seguem instruções e não terminam os trabalhos escolares, as tarefas caseiras ou os deveres profissionais. Dificuldade na organização de tarefas e de atividades. Evitam, não gostam ou são relutantes em iniciar tarefas que requeiram concentração. Perdem objetos importantes ou imprescindíveis.


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Distraem-se facilmente com estímulos desinteressantes e irrelevantes. Esquecem-se de executar as tarefas diárias comuns. Mexe as mãos e pés e não se mantém sentado. Frequentemente, levanta-se na sala de aula ou em outras situações que exijam a posição de sentado. Corre (trepa,…), de forma excessiva, em situações inapropriadas. Dificuldade em participar em jogos ou em atividades de uma forma calma. Parece ter uma energia inesgotável e está sempre na disposição de mudar. Falam demasiado. Faculta respostas a perguntas que não foram completadas. Dificuldade em esperar pela sua vez. Interrompe ou intromete-se com os outros. Atualmente o diagnóstico de PHDA requer a presença de 5 condições: A presença de 6 manifestações de desatenção ou de 6 manifestações de hiperatividade/impulsividade, que tenham persistido pelo menos 6 meses. O início de alguns sintomas que causem problemas antes dos 7 anos. Alterações significativas do comportamento em dois ou mais ambientes, relações intrapessoais e relações interpessoais. Evidência clínica clara de compromisso significativo nas atividades sociais, académicas ou ocupacionais; Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante a evolução de outras doenças mentais.

Causas: Fatores genéticos; Fatores orgânicos (prematuros; alterações das dimensões de certas áreas cerebrais); Fatores ambientais ou sociais.

O que é que pode fazer para ajudar a Criança com PHDA? Necessário um trabalho de equipa englobando pais, professores, psicólogos e médicos. Compreender a criança com PHDA; Não encarar os comportamentos de uma criança com PHDA como um desafio pessoal.

Na sala de aula: Sente-o na 1ª fila; Estabeleça um bom contato visual;


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Verifique se a criança compreendeu as instruções ou explicações; Bata na carteira com uma caneta para captar a atenção da criança; Encoraje a criança a sublinhar as palavras-chave das instruções; Permita que a criança com PHDA possa levantar-se da sua carteira para distribuir papeis ou escrever no quadro; Chame a atenção com frases como: “Isto é importante!!”. Estabeleça horários; Estabeleça regras; Seja optimista; Confirme que as suas directivas estão a ser compreendidas; Seja consistente; Faça os possíveis para que a criança esteja sempre acompanhada; Vigie a criança com os amigos; Ajude nas atividades escolares; Estabeleça rotinas para os trabalhos escolares; Privilegie o esforço e não as notas; Mantenha o diálogo com os professores, médicos, psicólogos.

Recomendações para a família Se os pais estabelecem regras, devem torná-las explícitas. As instruções e respostas verbais dos adultos devem ser breves, precisas e concretas. As ameaças verbais, repreensões e discussões continuadas não são muito eficazes. A resposta dos pais ao incumprimento das regras deve ser proporcional à importância da infracção. É conveniente que os pais respondam aos atos de indisciplina com comportamentos concretos e previstos. Os castigos devem ter uma duração limitada, senão são difíceis de cumprir e geram ansiedade e sentimentos negativos. Convém estabelecer hábitos regulares, horários estáveis para as refeições, para dormir, para ver televisão, para fazer os tpc, etc. Em vez de insistirem no carácter perturbador do comportamento das crianças, os pais devem referir-se aos seus aspectos positivos e êxitos.

Sugestões/ Práticas Gerais


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Relacionar-se com as crianças de forma tranquila e relaxada, prestando mais atenção aos seus comportamentos adequados e ignorando as condutas inadequadas e perturbadoras. Mostrar-se firme e seguro quando é necessário cumprir as regras e normas escolares, mas evitar ameaças, castigos e repreensões. Utilizar sistemas de pontos, fichas e outros privilégios para controlar o comportamento inadaptado. Propor tarefas específicas como por exemplo apagar o quadro e praticar exercícios para reduzir a tensão, como bater com o lápis ritmicamente, balancear as pernas, etc.

A Criança com Perturbações do Sono Perturbações do Sono No recém-nascido não há ainda dois períodos distintos de vigília e de sono - o dia e a noite – mas cerca de 7 a 8 períodos de vigília, mais frequentes durante o dia. As necessidades de sono do recém-nascido são elevadas. A duração do sono diminui progressivamente para passar de 16 a 13 horas entre o 1º ano e os 4 anos. Nota-se uma estabilização em 9 horas entre os 10 e os 18 anos. A normalização instala-se à volta de 7-8 horas depois dos 18 anos. O sono não é só uma função neurofisiológica: depende estreitamente da qualidade dos cuidados maternos, que irão permitir uma repartição correcta das excitações, dos períodos de actividade e repouso. As perturbações do sono podem ser causadas por factores do meio envolvente e por factores interactivos. A insónia do recém-nascido perturba consideravelmente a vida familiar. Perante esta situação a exasperação parental pode provocar um aumento dos problemas iniciais. A insónia do 1º semestre está com frequência ligada a atitudes parentais incoerentes ou inadequadas. A insónia do 2º semestre está ligada à dificuldade em controlar a angústia de separação. Dois tipos de insónia: Insónia agitada: a criança grita e apresenta agitação motora; Insónia calma: a criança permanece acordada com os olhos muito abertos, imóvel, ausente, sem chamar e sem brincar.


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Causas - Erros dietéticos (refeições insuficientes ou muito abundantes); Supressão prematura das refeições da noite; Horário mal adaptado ou duração insuficiente do tempo de mamada. Há que averiguar as dificuldades da mãe em acalmar a criança, quer pela sua inexperiência, quer em função das suas próprias perturbações psicopatológicas. - Perturbações do adormecer - Perturbações do curso do sono Perturbações do adormecer: Ocasionalmente acontece a todas as crianças recusarem-se a ir para a cama ou a adormecer (acontecimento familiar, excitação, angústia, desejo de participar num acontecimento). É a repetição dessa recusa que permite falar em perturbação. A recusa de se deitar, frequente entre os 2 e os 4 aos, é muitas vezes uma oposição aos pais. O medo de se deitar ou de adormecer exprime a angústia da criança de ser separada dos pais, pode seguir-se a pesadelos ou a terrores noturno e o medo do escuro. Perturbações do curso do sono: Os terrores noturnos acontecem normalmente, durante a primeira metade da noite. Durante o terrores noturnos a criança não está a sonhar. De repente começa a chorar, grita, fica muito agitada e com a respiração alterada, taquicardia, suores, os olhos abertos e as pupilas dilatadas. A criança não reage ao consolo dos pais, não os vê, não os ouve, nem tem consciência de que estão ali, nem que ela própria está no seu quarto. Os terrores noturnos normalmente, duram 5 minutos, mas em alguns casos podem demorar até meia hora. Depois deste período a criança relaxa, cai num sono profundo. No dia seguinte não se lembra de nada. Perturbações do curso do sono: O pesadelo exprime-se por um despertar angustiado – a criança chora, chama os pais e acalma-se facilmente com a presença do adulto. Acontece normalmente entre os 2 e os 6 anos. Os pesadelos permitem à criança libertar tensões emocionais. Através dos pesadelos os pais podem explorar os medos dos filhos, desmistificando-os, possibilitando que a criança ultrapasse os receios do dia a dia.


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Sonambulismo Calcula-se que 15% das crianças sofreram pelo menos um episódio de sonambulismo. Raramente acontece antes dos 5 anos, costuma ser mais frequente entre os 10 e os 14 anos, e tende a desaparecer por volta da puberdade. Afecta mais os rapazes do que as raparigas Uma das causas poderá ser hereditária Fica com uma tez pálida, os olhos abertos e fixos, mas sem ver nada e levanta-se da cama, deambula e depois torna a deitar-se. Realiza comportamentos simples, fazer a cama por exemplo, ou complexos, como vestir-se, abrir portas e armários, de forma automática. O período de sonambulismo dura entre alguns minutos e meia hora e não costuma acontecer mais do que uma vez durante a noite.

Ranger os dentes ou bruxismo Origem genética É frequente na infância e costuma desaparecer de forma espontânea. Pode acontecer durante o dia ou durante a noite Contracção dos músculos que intervêm na mastigação, que muitas vezes origina o ranger dos dentes.

Causas Má oclusão dentária (os dentes não encaixam totalmente) Stress Tensão emocional Sonambulismo – O que fazer? É inútil falar com a criança porque irá responder entre dentes, com frases imperceptíveis e incoerentes. É difícil acordá-la e quando se consegue ela mostra-se desorientada, sem saber onde está, podendo sentir-se muito assustada e ter comportamentos agressivos. Se não for acordada, a criança regressa à cama e adormece outra vez. No dia seguinte não se lembra de nada.

Assim… Encontrar uma forma de acordar se a criança se levantar durante a noite.


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Certificar-se de que não pode abrir janelas e varandas e que a porta da rua está bem fechada à chave. Guardar bem a chave de casa. Intervir o menos possível enquanto a criança deambula pela casa. Não sacudir, não gritar. Pegar suavemente na mão ou no ombro e levá-la de volta para a cama. Registar os episódios de sonambulismo, acordar a criança 15min antes dos mesmos ocorrerem e mantê-la acordada durante 5min, pelo menos. Estabelecer uma rotina agradávelantes do sono. Falar com um especialista se os episódios persistirem. Os diferentes conflitos intrapsíquicos que percorrem o desenvolvimento da criança estão com frequência na origem das perturbações do sono. O perigo vem muitas vezes das reacções exageradas dos pais perante as perturbações. Situações - chave que ajudarão a criança a aprender a conciliar o sono sozinha: Regularidade. Os pais deverão estabelecer uma rotina diária antes de a criança ir para a cama. Ex: banho, jantar, lavar os dentes, jogo calmo, história, conversa,… Terminar os jogos que requerem muita actividade pelo menos uma hora antes do deitar, para não excitar a criança. Conversar descontraidamente com a criança durante alguns minutos. Ex: “Como é que foi o teu dia?”, permite exteriorizar aventuras, receios e sentir que o pai e a mãe a ouvem e que gostam dela, proporcionando-lhe consolo e permitindo aos pais dar alguns conselhos.

A Criança Autista Perturbação profunda do desenvolvimento, caracterizando-se por: - O Aparecimento do síndrome antes dos 30 meses de vida. - Alterações e défices na capacidade de relacionamento com os outros. - Alterações na capacidade para utilizar a linguagem como meio de comunicação social. - Aparecimento de comportamentos repetitivos e esteriotipados.

Etiologia Não existe ainda resposta clara para a causa do quadro clínico do autismo: “O Autismo constitui um modelo peculiar de doença de natureza fundamentalmente cultural, mas com todas as probabilidades de ter uma origem biológica” Riviere, 1989


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Teorias psicogenéticas Defendem que as crianças eram normais no momento do nascimento, mas que devido a fatores familiares adversos, no decorrer do seu desenvolvimento, desencadearam um quadro autista. Segundo Cantweel, Baker e Rutter (1984) - Perturbação psiquiátrica parental ou características de personalidade anómala dos pais. - Quociente intelectual e classe social dos pais. - Interacção anómala entre pais e filhos. - Stress intenso e acontecimentos traumáticos numa fase precoce da vida da criança.

Teorias biológicas - Teorias genéticas (síndrome do cromossoma X frágil). - Anomalias bioquímicas (esclerose tuberculosa, fenilcetonúria não tratada…) - De tipo infeccioso (rubéola, encefalite…) - Teoria da disfunção cerebral do hemisfério esquerdo - Teorias imunológicas

Incidência Mais frequente nos rapazes do que nas raparigas (3 a 4 rapazes para uma rapariga); 4 a 5 por cada dez mil habitantes.

Intervenção na comunicação e linguagem - Incapacidade de estabelecer relações sociais; - Falta de resposta e de motivação para o contato com pessoas.

Bebés Autistas - Não respondem praticamente à voz humana; - Não pedem colo por livre iniciativa; - Têm fracas capacidades de adaptação, de expressão facial, corporal, gestual e visual (não conseguem seguir as coisas com o olhar); - O sorriso aparece geralmente na idade normal, mas mais como resposta a um estímulo físico (fazer cócegas) do que a um estímulo social; - Não explora o meio, nem pede a atenção dos pais quando necessita de consolo e afeto; - Aos 5 meses não reconhece visualmente as figuras parentais; - Apresentam incapacidade para jogos interativos ou de imaginação.


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Alteração da linguagem - Apresentam défices básicos na capacidade de usar a linguagem como meio de comunicação social. - Há crianças que nunca chegam a adquirir uma linguagem falada nem compensam esta falta com outras formas alternativas de comunicação. - Quando querem satisfazer alguma necessidade material utilizam o adulto (ex. mãe) para que lhes dê o que desejam.

Deficiências Cognitivas O atraso intelectual não é global mas há diversas funções cognitivas que se encontram alteradas; - Défice de abstração, sequencialização e compreensão de regras; - Dificuldade na compreensão da linguagem falada e utilização do gesto; - Défice na transferência de uma atividade sensorial para outra; - Dificuldade em processar e elaborar sequências temporais; - Dificuldade para perceber as contingências dos seus comportamentos e dos outros; - Este défice cognitivo leva a um aumento de estereotipias e à falta de responsabilidade social.

Tipos de comportamentos repetitivos e estereotipados Rutter (1987) menciona 6 tipos de comportamento: Interesses muito restritos e estereotipados , formas de brincar inadequadas (ex.: bater com um carrinho, agrupar coisas em série, repetidamente). Quando são mais velhos e têm um nível intelectual suficiente podem interessar-se por temas concretos (ex.: Rotas de autocarros); - Vinculação a determinados objetos e insistência em levá-los consigo para todo o lado. - Rituais compulsivos, que normalmente surgem na adolescência (rotina para entrar ou sair de uma sala, na hora da refeição, etc.). Qualquer alteração dessa rotina provocará grande ansiedade. - Maneirismos motores estereotipados e repetitivos. Aparecem sobretudo quando existe uma deficiência mental severa. Ex. autoestimulações cinestésicas (baloiçar o corpo), auto-estimulações perceptivas de tipo visual (olhar para os dedos à altura dos olhos, luzes,…), tátil (arranhar superfícies, acariciar determinados objetos) ou auditiva (cantarolar, dar pancadas numa superfície).


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- Preocupação fixa por uma parte de um objeto (ex. cordões dos sapatos, rodas dos carrinhos). - Ansiedade perante mudanças de ambiente (mudanças das rotinas diárias, a mudança de um móvel, por ex., poderá perturbá-la).

A MENTIRA A mentira é um costume desenvolvido pela cultura e pelas relações humanas e, em cada sociedade a intensidade e motivo deste comportamento pode ser variável. No futuro, tudo fica arquivado dentro da memória. A educação que cada pessoa recebe no seu grupo familiar também é fundamental para determinar a relação que cada um estabelece com a mentira. Pois podemos estar perante um valor aculturado pela família.

ORIGENS A necessidade de mentir passa por questões de esquiva de compromissos indesejados, medo da reação do outro perante comportamentos geradores de atrito, medo das consequências da desobediência de leis e da transgressão de valores e outros motivos. A mentira, quase sempre, permite que a pessoa possa escapar imediatamente de situações difíceis e complicadas, é por isto que esta prática fica tão fortalecida culturalmente. O problema é que a mentira pode cobrir outros problemas, que podem ser graves e podem demorar a acontecer. As relações podem ficar prejudicadas e outras coisas complicadas podem acontecer como resultado de mentiras. Dependendo da situação, encobrir uma verdade pode gerar traumas, fobias, síndromes e desvios comportamentais.

Porque é que a Criança Mente? - As crianças falam com o corpo, por isso é possível detectar gestos estranhos enquanto mentem; - Estar atento a gestos e expressões faciais fora do comum; - Estar atento a desvios de olhar, cerrar de boca, pressão da língua contra a parte interna da bochecha.

Como perceber que a criança está a mentir? - Falar calmamente com a criança; - Explicar as consequências de dizer uma mentira; - Explicar que a mentira pode magoar as outras pessoas;


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- Explicar que o que acontece realmente deve ser o que é dito.

Como reagir à mentira? O FURTO O furto é a conduta delinquente mais comum na criança, pois representa cerca de 70% dos delitos de menores. É observado muito mais nos meninos que nas meninas e sua frequência aumenta progressivamente. O conceito de furto só começa a ser incorporado na criança, após aquisição de um desenvolvimento suficiente do conceito de propriedade, de limite de si e do outro, além do conceito de bem e mal. Não é senão por volta de 6 a 7 anos em que a socialização começa a tomar um sentido para a criança, que o procedimento do furto pode ser assim denominado. Nesta fase ela começa a ter maior contato com pessoas fora de seu ambiente familiar, os amigos, os colegas da escola, do clube, do futebol, da natação e de outras atividades fora da família.

O FURTO – As Causas… Insatisfação pessoal, sentimentos de insuficiente realização nas suas tarefas; Fracasso na vida escolar; A separação dos pais, ou a perda de alguém; Adoção de castigos severos de forma regular; Ausência de bens considerados importantes pela criança; Dificuldade em lidar com a falta e a impossibilidade de ter algo; Distúrbios afetivos no geral.

A FUGA - A criança entende que a sua vontade não está a ser respeitada; - Namoros ou situações de desvio que não são aceites pelos pais; - Situações de abusos ou violência doméstica; - Encontros marcados com outras pessoas via internet. AS IDADES MAIS COMUNS SÃO DOS 11 aos 16 ANOS.

A FUGA – Quais as principais causas? - Participar a ocorrência à polícia;

Aquando do regresso:


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- Não dizer que fugir é estúpido; - Tratar a criança que foge com respeito; - Não mostrar raiva pelo comportamento; - Tentar compreender as razões que levaram ao comportamento.

O QUE FAZER? Para as crianças que fogem repetidamente é necessário o aconselhamento para pais e filhos e por vezes até um acompanhamento psicológico mais longo.

E NOS CASOS GRAVES?


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