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Capítulo Cinco

Não fui para casa no dia seguinte como Jax tinha ordenado que eu fizesse. Não porque eu não estava com meu próprio carro, ou porque ele não tinha, absolutamente, direito nenhum de me dizer o que fazer. Eu realmente não tinha outra escolha do que ficar e... E fazer o que? Rastrear minha mãe e descobrir o tipo de merda que ela tinha se metido e, esperançosamente, pegar meu dinheiro de volta?

A ideia que não havia nenhum dinheiro restante era algo que eu não poderia me permitir em pensar, mas era esse o ponto, era ou ficar aqui durante o verão ou viver no meu carro. Quando eu tivesse meu carro de volta.

Mas era mais que isso. Sim, a parte do dinheiro era grande, e estava associada a minha vida, mas também era sobre minha mãe. Era sempre sobre minha mãe.

Quando Jax saiu na noite passada, ele queria que eu fosse com ele, para que ele pudesse deixar minha ‘linda bunda’ em um hotel que ele tinha se oferecido para pagar, mas eu recusei, imaginando que a última coisa que eu precisava era ficar devendo dinheiro a alguém. Ele tinha me avisado que iria mandar um taxi.

Ele, na verdade, tinha tido a coragem de dizer para mim “Eu sei que você é mais inteligente que isso, querida, então vou te dar quarenta minutos para você se recuperar e, quando o taxi estacionar na frente da sua casa, você vai colocar sua linda bunda nele.”

Mas que inferno?

Então, quando o taxi estacionou e buzinou durante um minuto, eu ignorei e, eventualmente, ele foi embora.

Sim, foi meio legal da parte dele se oferecerpara pagar por um hotel e enviar um táxi, de um jeito muito estranho e arrogante. Mas isso era algo, esse seu lado dominante misturado com bondade, que eu não podia desperdiçar meus pensamentos.

Eu tive uma noite agitada no sofá e passei boa parte da manhã vasculhando a bagunça no quarto da minha mãe —e não encontrando absolutamente nada de útil, nem

mesmo uma pedra de crack. No entanto, tinham alguns itens no armário que eu desejei não ter visto.

Um deles era uma foto emoldurada minha de quanto eu tinha uns oito ou nove anos. A outras eram os troféus" e eram grandes, ainda brilhando. Eles eram marcos de um passado que eu não podia mais ter.

Depois de colocar essas coisas de volta no fundo do armário, cobrindo-as com um jeans velho, eu me aprontei para voltar para o bar. Eu não me importava em como estava vestida, mas eu levei meu tempo com minha maquiagem, cuidadosamente cobrindo a cicatriz na minha bochecha para que ficasse menos vermelha, mais rosada, e quase invisível para alguém ver de longe. Eu poderia deixar a casa usando um moletom rasgado e uma camiseta cheia de buracos, mas eu nunca deixava a casa sem ter uma grossa camada de maquiagem cobrindo meu rosto. Uma vez que isso estava feito, eu liguei para Clyde, sabendo que havia apenas outro lugar ondepudesse haver algum tipo de evidência para onde ela havia ido.

Ele apareceu logo após o meio dia, e eu estava esperando por ele na varanda. Eu entrei em sua caminhonete, um Ford que era bem mais velho que o de Jax e coloquei o cinto antes que ele conseguisse sair do carro.

“Menina...”

“Como eu disse no telefone, eu preciso ir ao bar. Não chamaria você se tivesse meu carro”.

“Jax está cuidando dele”.

Eu franzi meu nariz enquanto colocava minha bolsa em meu colo. “Isso é reconfortante”. Eu murmurei, o que foi um pouco sacana porque, mesmo que ele fosse meio mandão, ele tinha sido útil.

Ajeitando sua corpulência no banco, ele virou em minha direção. “Menina”, ele começou novamente. “Você vai, realmente, ficar por aqui?”

Eu suspirei enquanto colocava meus óculos de sol. Eles eram bons. Imitações, mas eu achava que ficava bem com eles. “Na famosa casa de drogas? Sim. Não vou para um hotel”.

“Jax já tentou me convencer a ir para um. Ele até chamou um taxi!” Mesmo que eu estivesse balançando minha mão para enfatizar, eu não perdi o jeito que os lábios de Clyde se contorceram. “Minha mãe... ela realmente me ferrou. Bem ruim. E eu imagino que ela também esteja passando por maus bocados”. Clyde pressionou seus lábios juntos enquanto colocava a marcha ré. “É ruim”. Eu respirava e tremia. “É tão ruim quanto Jax me disse?” Havia uma pequena parte de mim que esperava que Clyde iria me dizer que Jax tendia ao exagero.

Não tive essa sorte.

Mesmo que eu não tivesse elaborado, ele resmungou, afirmando. “Eu não sei exatamente o que ele disse, mas estou imaginando que não lhe contou tudo isso”.

Fechei os olhos, apenas ouvindo os pneus fazendo seu caminho para a rua. Deus, o que eu estava fazendo? Talvez eu devesse apenas ter ido para um hotel, voltado para a escola, ligado para Teresa" Não. Eu me obriguei a parar. Ela e Jase tinham vários planos para esse verão. Viagens. Praias. Sol e areia. Eu não iria estragar isso jogando meus problemas nela" neles. Ainda mais, havia algo muito estranho sobre dormir no sofá da casa deseus amigos que eu não conseguia me acostumar.

Minutos se passaram antes que Clyde falasse novamente. “Esta é a última coisa que eu queria que você fizesse”.

Eu não abri meus olhos.

“Você voltar? Bem, eu sempre fui realista com você, menina, e eu vou continuar

sendo”.

Meu coração foi parar na minha garganta e tudo que eu conseguia pensar era sobre o que Jax havia dito para mim. Que não havia nada além de problemas aqui.

“Esse é o último lugar que eu queria que você estivesse e, bem, tem coisas que vocênão precisa ficar sabendo. Você nunca vai precisar saber, mas tem uma coisa que não mudou, e isso é você, menina”.

Meus olhos se abriram.

“Você é boa, cada pedacinho. Sempre foi, não importando qual merda Mona te colocasse, mesmo antes do incêndio”.

Um calor passou pelo meu peito, percorrendo meu corpo todo e se espalhou pela cicatriz na minha bochecha e sobre as outras cicatrizes" as piores. Era como se isso tivesse acontecido ontem. O incêndio.

“Mas, não tem mais como ajudar sua mãe agora”.

“Eu sei disso”, eu sussurrei, surpresa por haver um nó em minha garganta. “Não é por isso que eu estou aqui. Ela estragou minhas coisas Clyde”. Eu não estou mentindo.

Ele me atirou um rápido olhar de reconhecimento. “Eu sei e eu acredito nisso, mas também sei que você está aqui, e que agora você sabe que sua mãe está numa confusão, você vai querer ajudá-la de alguma forma”.

Eu inalei profundamente.

“Mas vale a pena repetir”, ele continuou. “Não tem uma maneira de ajudar a Mona. Não dessa vez. A melhor coisa que você pode fazer é voltar para a faculdade e não olhar para trás”.

Uma tigela de sucrilhos estava sobre uma mesa de carvalho no escritório situado na extremidade do corredor que levava para os banheiros. Havia dois armários de arquivos atrás da mesa, e contraa parede tinha um sofá que era feito de couro e parecia surpreendentemente novo —muito mais novo do que eu tinha dormido na noite passada.

Eu não fui capaz de dormir no quarto, no andar de cima.

Eu nunca administrei um bar antes e não era das melhores quando se tratava de números, mas depois de passar por todos os recibos e contas, que eu encontrei extremamente organizadas, eu sabia de duas coisas.

Primeiro, minha mãe não poderia estar tomando conta disso no último ano. Se você olhasse através da pilha organizada, havia uma foto da minha mãe sorrindo. Alguém estava mantendo os livros em ordem e eu duvidava que era Clyde. Deus que me perdoe, ele era ótimo em manter as coisas reais, ótimo em ser o único modelo de pessoa disponível

ao meu redor, e fantástico na cozinha, mas tomar conta da parte financeira do bar? Uh. Não.

Segunda coisa que aprendi era que o bar não estava sangrando dinheiro como se tivesse sido atingido repetidamente por uma faca mal assombrada. Essa parte da noticia me deixou confusa. Se minha mãe tinha gasto todo meu dinheiro e potencialmente o seu, eu tinha imaginado que o bar seria o próximo em sua lista. Além do mais, ele não estava na sua melhor condição.

Bom, pensando bem...

Eu tinha olhado o bar desde que estava sozinha, quando Clyde tinha ido direto para a cozinha para fazer um pouco de limpeza depois de ter explicado que meu carro, que não estava mais no estacionamento, estava em uma oficina no fim da rua tendo o para brisas trocado.

De jeito nenhum eu queria pensar na conta.

Antigamente, antes de ir para a faculdade, o Mona’s tinha sido uma bagunça. O balcão do bar estava sempre sujo, pegajoso, assim como o chão, mas a origem dessa viscosidade sempre foi questionável. As torneiras estavam quebradas. Os barris eram mais velhos que eu. Limões velhos sendo usados, sucos de frutas além da data de validade e um montão de outras nojeiras aconteciam. Mamãe sempre contratava os seus amigos para servir as bebidas. Seus amigos eram, basicamente, homens de meia-idade e mulheres novas demais que pensavam que trabalhando em um bar teriam bebidas de graça. Então a limpeza nunca foi uma prioridade.

Embora o bar não estivesse no seu auge; mais como se estivesse na fase geriátrica, estava mais limpo que eu tenha dado crédito ontem. Atrás do bar, o gelo havia sido recentemente jogado fora e substituído com água quente, prevenindo que alguma bactéria nojenta se formasse. Eu não via moscas ou excrementos de pequenos bichos que, infelizmente, eram comuns em bares. O balcão havia sido recentemente limpo e o chão atrás do bar também; as garrafas estocadas e organizadas.

Mesmo as mesas haviam sido limpas, assim como os cinzeiros. Então, mesmo que o bar precisasse de uma reforma, alguém definitivamente se preocupava com isso, e eu sabia que não era minha mãe.

Meu olhar desviou para a planilha impressa do mês passado — a planilha grampeada com um zilhão de recibos —e eu fiz a varredura das linhas. Como as dúzias de planilhas que encontrei, até março do ano passado, antes de tudo ser contabilizado — contas mensais, como eletricidade e outras utilidades, renda chegando, os custos de alimentos e bebidas e avarias e, mais surpreendente, folha de pagamento.

Maldita folha de pagamento.

A razão por que minha mãe sempre tinha amigos trabalhando para ela, que estavam interessados apenas em bebidas de graça, era que ela nunca teria de se preocupar com a folha de pagamento. A ideia do Mona’s estar ganhando dinheiro suficiente para pagar seus funcionários regularmente era engraçada. Não com uma risada comum, mas com uma maníaca,quase louca.

Mas o Mona’s tinha mantido uma folha de pagamento por quase um ano agora e tinha nomes de empregados que eu não reconhecia com a exceção de Jax e Clyde. Havia até um cara que trabalhava na cozinha nos fins de semana a noite ajudando Clyde.

O Mona’s estava dando lucro nos últimos quatro meses. Nada muito grande, nem algo para ficar muito animada, mas lucro era lucro.

Me encostando de volta na cadeira, eu vagarosamente, balancei minha cabeça. Como isso era possível? Se o Mona’s estava fazendo dinheiro, porque ela estava roubando...

“Mas que infernos você está fazendo aqui?”

Dando um gruto baixo, eu pulei da cadeira enquanto levantava minha cabeça. Todo o ar fugiu do meu pulmão. Jax estava na porta, e ele deve ser parte fantasma e parte ninja porque eu não o ouvi se aproximar. O chão rangeu a cada passo quando eu cruzei o corredor que levava para o escritório.

Havia passado apenas algumas horas desde que eu tinha visto Jax, e não era como se eu tivesse esquecido dele nessas horas, mas Deus, tudo que eu consegui fazer era encará-lo por um momento.

De banho recém-tomado, seu cabelo estava levemente mais escuro enquanto enrolava contra sua testa. A camiseta preta que ele usava parecia mais justa ainda do que a da noite passada, o que eu tinha certeza que a população feminina agradecia.

Mas ele não parecia feliz por me ver.

Seu maxilar estava tenso e seus lábios estavam pressionados juntos enquanto ele olhava pra mim, enquanto eu o encarava de volta como uma presa. “O que você está fazendo aqui, Calla?”

Ao ouvir meu nome, eu sai do transe. Colocando a planilha e as receitas na mesa, eu estreitei meus olhos para ele. “Bem, considerando que o bar é da minha mãe, eu tenho todo o direito de estar no escritório”.

“Essa é uma lógica idiota considerando que eu estive nesse bar nos últimos dois anos e noite passada foi a primeira vez que vi sua linda bunda aqui”.

Calor passou por minhas bochechas enquanto eu virava a cadeira para a esquerda. “Você pode parar de se referir a minha bunda como linda?”

Seus olhos ficaram em um tom profundo de chocolate. “Você prefere que eu me refira a ela como quente?”

“Não.”

“Sexy?”

Eu inalei profundamente. “Não”.

“Que tal falar do seu formato de coração e tamanho?”

Minhas mãos se curvaram em punhos. “Que tal não falar dela?”

Seus lábios se curvaram e estavam cheios de humor enquanto seu olhar viajava até os papeis. Ele andou até a mesa. “Você estava olhando os arquivos?”

Eu dei de ombros, casualmente. “Só queria ver como o bar estava indo”.

“Tenho certeza que isso não é do seu interesse”.

Mas que porra? “Tenho certeza de que é”.

Ele colocou uma mão na mesa, ao lado da pilha de planilhas. “Não me diga”.

Girando a cadeira, eu deixei meu lado direito em sua direção. “Bem, considerando que o bar é a única coisa que minha mãe vai me deixar um dia, eu tenho todo o direito de olhar a papelada”.

Algo passou em seu rosto enquanto virava sua cabeça para o outro lado. “Te deixar o bar?”

“Minha mãe tem um testamento. Tem há alguns anos. Então, a menos que ela tenha mudado ele recentemente, o que eu duvido que estivesse como prioridade em suas coisas a fazer, se algo acontecer a ela, Deus que a tenha, o bar é meu”.

Novamente, havia aquela estranha expressão passando em seu rosto que eu não entendia. Um momento se passou. “É isso que você quer? Obar?”

Claro que não. Mas eu não disse isso.

“O que você faria com esse bar se você inesperadamente o ganhasse?“ ele perguntou.

Eu disse a primeira coisa que passou em minha cabeça. “Eu, provavelmente, o venderia”.

Jax se afastou da mesa, voltando a ficar totalmente ereto. Seus olhos eram como pedaços afiados de vidro enquanto ele olhava para mim. Lá se foi o bartender flertador. “Se você não liga para esse bar"

“Eu nunca disse isso”. Não exatamente.

Ele ignorou meu comentário. “Então, por que está aqui? Pela sua mãe? Isso é uma causa perdida e você sabe muito bem disso. E você não ficou no hotel ontem à noite, ficou?”

Sua brusca mudança de assunto deixou minha cabeça girando. Havia dias onde eu pensava que ela era uma causa perdida e outros onde eu não me permitia pensar nisso. “Obrigada por mandar o taxi, mas"

“Deus, você vai ser um estorvo8”. Ele se afastou ainda mais da mesa, passando seus dedos pelo seu cabelo. Os músculos nas suas costas tensos sob sua camiseta.

Eu inalei profundamente, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas mais uma vez. “Eu não vou ser um estorvo 9para ninguém, camarada”.

Ele soltou uma risada aguda e se virou para mim. “Não vai? Eu te disse que o tipo de merda que sua mãe está metida, e que várias pessoas ruins querem um pedaço dela e você ainda está aqui. Além de tudo está sendo"

“Olhe, eu entendo o tipo de problema que minha mãe está metida e tudo isso. Não é nenhuma novidade para mim”. Bem, ela parecia estar com muito mais problemas do que o normal, mas esse não era o ponto, ouque fosse. “E as coisas com meu carro? Eu estive naquela casa por um minuto. Não tem como alguém ter me visto assim tão rápido. Sem mencionar, meu carro estava estacionado perto de um bar, não do clube de Strip do outro lado da rua. Essas coisas acontecem”.

“Mesmo?” Ele cruzou seus braços sobre seu peito novamente. “Você vai frequentemente a clubes de Strip?”

“Não”. eu retruquei.

Um músculo pulsava em seu maxilar. Nós estávamos entretidos em uma encarada épica pelo que pareceu uma eternidade antes que ele falasse novamente. “Por que você está aqui, Calla? De verdade? Não tem nada aqui para você. Sua mãe não está aqui. Você não tem família aqui. E pelo que eu te conheço, você passou os últimos anos na faculdade, sem passar aqui para uma visita. Não estou julgando, mas você não deu a mínima durante esse tempo todo. Então, por que agora?”

Whoa. Suas palavras me atingiram como uma estaca de gelo.

Jax começou a andar para a porta, seus olhos nunca deixando meu rosto. “Apenas vá pra casa, Calla. Você não"

“Minha vida toda está parada!” O momento que essas palavras deixaram minha boca... puta merda, eu percebi o quão verdadeiras elas eram. E era uma merda dizer isso

8 No original, ‘pain in the ass’ . A tradução literal seria ‘dor na bunda’ 9 Na tradução literal, ela fala ‘não vou ser uma dor em nenhuma parte do seu corpo’

como se eu tivesse tomado algum tipo de ácido. Eu nem sabia o que me fez dizer elas. Talvez fosse a suavidade em sua voz que me lembrou pena. Eu não sabia.

Engolindo duramente, eu o observei parar e me encarar. “Minha vida toda está parada”. Eu disse novamente, mais baixo e, então, todo o resto saiu como uma diarreia de palavras. “Minha mãe me limpou. Ela pegou tudo da minha poupança, que tinha todo o meu dinheiro, meu dinheiro para a faculdade e que eu estava planejando usar para emergências e para quando eu estivesse procurando um emprego. Além disso, ela pegou empréstimos e fez cartões de crédito no meu nome e não fez um único pagamento. Ela extinguiu minha linha de crédito e eu nem tenho certeza que eu vou ser aprovada para um empréstimo estudantil agora”.

Seus olhos arregalaram um pouco enquanto ele levantava um braço, passando sua mão sobre seu peito,acima de seu coração.

“Eu não tenho outro lugar para ir”, eu continuei, sentindo um caroço estranho em minha garganta e meus olhos nublados. “Eu não posso ficar no dormitório porque eu não pude pagar pelas aulas de verão. Ela me deixou com nada exceto o pouco dinheiro que eu tinha em minha conta e uma casa que, aparentemente, é um point para drogas. Além disso, ela fugiu para fazer sabe-se Deus o que com um cara chamado Rooster. E minha única esperança minha única fé nesse momento, é que ela tenha algum dinheiro, algo para me pagar de volta. Então, Sim, eu entendo que não tenha nada aqui pra mim e que eu sou um estorvo gigante, mas eu realmente não tenho outro lugar para ir”.

“Merda”. Ele olhou para longe, seu maxilar cerrado.

Então eu entendi. Humilhada, eu apertei meus olhos fechados. Onde estava o grampeador? Eu precisava dele para minha boca.

“Merda”, ele disse de novo. “Calla, eu não sei o que falar”.

Eu forcei meus olhos abertos e encontrei ele me encarando. Não havia pena em seu olhar, mas eles estavam mais claros novamente. “Não há muita coisa que você possa falar”.

“Não há dinheiro nenhum aqui, querida. Nada que ela possa te dar”. Seus olhos encontraram os meus. “Eu não estou brincando com você. Isso é uma merda, mas não tem nada. Nem uma gota do lado de fora e o que o bar começou a ganhar não é muito”.

Eu me encostei novamente enquanto deixava sair uma respiração trêmula. Não. Não. Não. Essa palavra estava em repetição.

“Se ela pegou seu dinheiro, ela não o tem mais. E se ela tivesse algum dinheiro com ela, também já teria sumido há muito tempo. Acredite em mim”. Sua voz ficou ainda mais baixa. “Não se passa uma semana onde não apareça alguém nesse bar procurando por ela por causa de uma divida”.

Desviando meu olhar, eu inalei profundamente de novo. “Okay. Eu preciso aceitar que não tem dinheiro nenhum aqui e que não vou conseguir nada de volta”. Ele não respondeu a isso, o que estava okay, porque eu estava falando comigo mesma. “Então é isso. Estou quebrada. Tudo que posso fazer é rezar para conseguir a ajuda financeira”.

Bile se acumulava em minha garganta enquanto eu absorvia o que tinha acabado de falar. Eu estava realmente falida. Minha vida estava realmente pausada. Eu provavelmente estava doente.

“Me desculpe”, ele disse gentilmente.

Eu tremi.

Jax se moveu ao redor da mesa, ficando mais perto. Eu não queria ele tão perto. Nervosa, eu passei minhas mãos sobre minha calça. “Plano B, eu sussurrei”.

“O quê ?”

Minha voz tremia enquanto eu falava. “Plano B. Eu preciso conseguir um trabalho e fazer a maior quantidade possível de dinheiro esse verão”. Eu olhei ao redor do escritório e, de repente, eu sabia o que fazer para voltar aos trilhos. Havia um nó no meu peito e eu queria corta-lo, mas não havia como. “Eu posso trabalhar aqui”.

Ele me encarou e, então, franziu a testa. “Trabalhar aqui? Querida, esse lugar não é para você”.

Eu atirei um olhar. “Não parece ser o seu tipo de lugar também”.

“Por que isso?” ele retrucou.

“Olhe para você”. Eu gesticulei um circulo grande na frente dele. “Você não parece com alguém que trabalha em um bar decadente”.

Uma sobrancelha levantou. “Eu gosto de pensar que ele está um passo a cima da decadência”.

“Um pequeno passo”, eu murmurei.

Um lado de seus lábios se curvou para cima. “Onde você acha que eu deveria estar trabalhando?”

“Eu não sei”. Me encostando na cadeira novamente, eu tirei meu cabelo da minha testa e suspirei. “Talvez na Hot Guys R Us10”.

Suas sobrancelhas arregalaram. “Então você me acha quente”.

Eu revirei meus olhos. “Eu consigo enxergar bem, Jax”.

“Se você acha que eu sou quente, então por que você estava apreensiva em sair comigo quando você veio a primeira vez ao bar?”

Eu o encarei, me perguntando como a conversa tinha chegado a esse ponto. “Isso importa?”

“Sim”.

“Não”, não importa.

Seus olhos brilharam com surpresa. “Bem, vamos ter que discordar nisso”.

“Nós não estamos concordando com nada”. Eu me levantei e parei. Ele não tinha se movido, deixando o lugar meio apertado. Eu não podia passar por ele. “Eu posso trabalhar aqui”.

“Uns clientes pesados vem nos finais de semana. Talvez você devesse tentar o Outback no fim da rua ou coisa do tipo”.

“Eu não tenho medo de nenhum encrenqueiro”. Eu respondi.

Jax estreitou seus olhos para mim.

10 Trocadilho com a loja de brinquedos Toys R Us

“O que?” Eu levantei minhas mãos. “Não é como se o bar não precisasse daminha ajuda. E eu preciso de dinheiro. Claramente. E, talvez, trabalhando aqui eu posso fazer algumas gorjetas e recuperar meu dinheiro, mesmo que seja uma pequena parte dele”.

“Gorjetas?” Ele deu mais um passo para frente, me deixando presa entre ele e a cadeira. “O que você acha que vai fazer aqui?”

Eu dei de ombros. “Posso ser garçonete”.

“Você já fez isso alguma vez na vida antes?” Quando eu dei de ombros de novo, ele riu. Agora eram meus olhos que estavam estreitos em sua direção. “Querida, isso não éfácil”.

“Não pode ser tão difícil”.

Jax me encarou por um longo momento e uma das coisas mais fascinantes de se assistir aconteceu. Cada músculo que estava tenso, relaxou e, vagarosamente, um pequeno sorriso apareceu em seus lábios.

Minha barriga se remoeu.

“Bem, não podemos ter isso agora, podemos?”

“Ter o que?” Minha barriga fazendo barulho? Não tinha como ele ter ouvido isso.

“Você não ter um lugar para ir”. Quando eu não respondi, ele inclinou sua cabeça para o lado. “Okay, querida, se você quer isso, você o tem”.

Por alguma razão insana, parecia como se ele estivesse falando sobre alguma outra coisa, fazendo formar pequenas cólicas na minha barriga. “Bom”.

Seu sorriso se alargou até que uma faixa de lindos dentes brancos aparecessem. “Ótimo”.

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