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Capítulo Trinta e Três

Eu a encarei pelo que pareceu uma hora inteira antes que eu encontrasse minha habilidade de falar. “Como você entrou aqui?” eu perguntei, torcendo meu pescoço para saber se Jax estava em algum lugar, mas aparentemente nós éramos as únicas pessoas na casa. Talvez essa não fosse a melhor pergunta para se começar mas eu fui pega de surpresa, totalmente despreparada.

Ela se afastou do sofá e se levantou. Foi quando eu percebi que ela estava usando a mesma roupa que da última vez que eu a tinha visto e quando inalei profundamente, meu coração... Deus, doeu como se alguém tivesse enfiado a mão dentro de mim e apertado ele. Ela cheirava como alguém que não tinha visto um chuveiro há dias.

Deus.

Esfregando sua mão esquerda porseu braço direito, ela olhou ao redor. “Eu me deixei entrar.”

“Como?”

“A porta de trás. Ela tem uma daquelas fechaduras antigas. Sem segredo. Eu arrombei.”

“Você... você sabe como arrombar uma fechadura?” Quando ela concordou eu apenas fiquei encarando-a.“Você sabe como arrombar uma fechadura?”

Ela concordou de novo e parou de esfregar seu braço. Sua mão ficou parada do lado de dentro do seu cotovelo. “Bebê, eu não tenho...”

“Você me abandonou.” Saindo do meu estupor, eu levantei meu pé enquanto seu olharvoltou rapidamente para mim.

Minha mãe piscou rapidamente. “Eu preciso falar...”

“Eu não ligo para o que você tem de falar pra mim.” E isso era verdade. Tão terrível quanto fosse, era completamente verdade. “Eu levei um tiro. Você tem noção disso?”

“Pare de me chamar assim!” eu retruquei, minhas mãos fechadas. “Responda minha pergunta, mãe. Você tem noção que eu levei um tiro?”

Ela abriu seus lábios, mas não falou. Em vez, ela levantou seu queixo enquanto começava a coçar seu braço direito.

Dor se alojou na minha garganta como se eu tivesse engolido uma pílula amarga. Eu encarei ela, minha mãe, e era como ver um fantasma. “Você sabia que eu tinha tomado um tiro e você me deixou no estacionamento, sangrando. Eu fiquei dois dias no hospital. Eu tive hemorragia interna. Você ao menos se importa?”

Ainda com o queixo levantado, seu olhar marejado encontrou o meu por uma fração de segundo antes de se afastar. “Eu me importo com você, Calla. Eu te amo. Você é minha filha. Eu só... eu...”

“Ama mais ficar alta?” Uma risada estranha escapou de mim. “História da minha e da sua vida. As drogas sempre foram mais importantes.”

Ela não disse nada a principio e, então, ela disse aquilo que eu sabia que diria. “Meus bebês se foram, Calla. Kevin e Tommy, eles...”

“Eles estão mortos!” Eu gritei enquanto as lágrimas se formavam em meus olhos. Ar escapava dos meus pulmões enquanto tudo... tudo saia. “Eles estão mortos, mãe. Eles estão mortos há um bom tempo. E você sabe o que mais, papai se foi há muito tempo também. Você não é a única pessoa nesse maldito mundo que os perdeu. E não há quantidade de merda nenhuma que você coloque no seu corpo que os vá trazer de volta.”

Suas pernas se moveram, se afastando, como se ela pudesse fugir de tudo que eu estava falando, mas essa não era a primeira vez que eu tinha dito essas coisas para ela. Mas eu sabia que seria a última.

Eu estava no ritmo. Anos e anos de frustração, desapontamento e dor trepidavam dentro de mim, explodindo como uma garrafa mexida. “Você me roubou , mãe.Você pelo menos se lembra disso? Você limpou minha conta, acumulou alguns mil dólares em débitos no meu nome e agora eu preciso pedir ajuda financeira para terminar a faculdade!”

Minha mãe tremeu.

“Não apenas isso, mas você quase me matou. Como realmente morta" tão morta quando fodidamente morta, mãe.” Ela recuou novamente, mas não podia ser a primeira vez que isso passava em sua cabeça. “Clyde teve um ataque cardíaco por causa das pessoas que estão irritadas com você e que estavam mexendo comigo. Ele quase morreu.”

Ela moveu sua boca, mas eu não a ouvi.

“Minha vida inteira foi virada de cabeça para baixo. De novo.”

Balançando sua cabeça, ela olhou em volta da sala de Jax enquanto mechas do seu cabelo cobriam sua visão e as suas bochechas. “Eu pensei... eu pensei que conseguiria de volta o dinheiro.”

“Sim, roubando a heroína do Isaiah. Bem, isso não funcionou, certo?” Eu estava respirando pesadamente enquanto meu coração palpitava com raiva e um pouco de tristeza. “Você sabe, ele esteve aqui. Ele disse que você não pode nem ficar nesse estado. Você sabe o que isso significa, mãe?”

“Eu estou indo embora,” ela engasgou, seu olhar saindo de mim e indo para as paredes. Ela estava tão encurralada quanto um rato assustado. “Eu tenho alguns amigos no Novo México queestou conversando. Eu queria te ver antes de ir.”

Ela estava indo embora, realmente indo embora.

Okay.

Wow. Isso mexeu mais comigo do que pensei que iria, o que era estúpido.

Eu imaginei que isso fosse acontecer. A única opção era ela ficar, o que era igual a uma sentença de morte, no estilo de Mack. Eu a observei se mover devagar, dando pequenos círculos na minha frente, cravando suas unhas sujas em seu braço. Eu pressionei meus lábios juntos, cortando o que teria sido um soluço.

“Você está alta agora, não está?”

Ela parou com o pequeno circulo que estava fazendo. “Eu não estou alta. Eu só precisava de alguma coisa, bebê. As coisas não estão boas.”

Eu fechei meus olhos e inalei profundamente. Tanta raiva crescia em mim, me consumindo como um câncer. E era um veneno isso que estava dentro de mim, se

infiltrando desde que eu era pequena. Não era nada novo, mas eu abri meus olhos e a observei coçar seu braço enquanto ela tentava fazer um caminho dentro do chão. De repente eu estava exausta para segurar as partes mais afiadas da raiva. Depois de hoje a noite, eu nunca iria ver minha mãe de novo. Ela iria sumir. Nos últimos anos era como se ela estivesse morta, mas agora seria ainda mais real. Antes, eu sabia que ela estaria aqui ou pelo menos perto daqui, mas depois de hoje a noite, eu não tinha ideia de onde ela iria. Se ela se ferisse ou algo pior acontecesse, não haveria um Jax ou Clyde para me ligar. Eu nunca saberia. Ela iria realmente desaparecer.

Eu me sentei, exalando.

“Me desculpe,” ela disse.

Levantei meu olhar e ela estava mais próxima agora, ainda impaciente e ainda coçando o que provavelmente eram marcas de picadas. Eu fiquei tensa. “Eu sei.”

Ela parou, olhando para mim como um veado na frente de um carro, então começou a falar. Franzindo o cenho, eu me virei e a observei fazer seu caminho até a mesa de jantar que eu duvidava que Jax se quer usasse.

Haviam algumas folhas de papel.

Com as mãos trêmulas, ela pegou os papeis e virou para mim. Ela caminhou para frente, passando alguns metros atrás do sofá. “Isso... isso é seu.”

Comas sobrancelhas juntas, eu me levantei e andei até ela. “O que é isso?”

Ela limpou sua testa soada com a parte de trás doseu braço. A temperatura era congelante. “É sua vida de volta.”

Eu a encarei, não tendo ideia do que isso significava. Então ela esticou seu braço, segurando os papeis para mim. Me preparando para qualquer coisa, eu os peguei e rapidamente passei por eles.

Então eu realmente dei uma boa olhada neles.

Os papeis eram apenas três folhas, e uma era mais longa, dobrada e, enquanto eu a abria, perdi a respiração. “Mãe...”

“É sua. A casa.” Ela disse e enquanto eu olhava para cima, ela estava correndo ambas as mãos pelo lado de suas bochechas. “Nunca houve um empréstimo em cima dela. Eu nunca fiz isso. Eu... eu apenas deixei ela quieta.”

Eu não sabia disso. Eu tinha assumido que tivesse um empréstimo e que ela tivesse a meses atrasada no pagamento e que o lugar seria tomado a qualquer minuto. O fato dela não ter usado a casa como uma fonte adicional de fundos realmente me

impressionou. Eu olhei para os papeis para ter certeza que suas palavras não haviam mudado. Nope. Ainda quitado. Ainda assinado pela minha mãe e algum cara que o nome eu não reconheci.

“Tudo que você tem de fazer é assinar, mas está feito.” Ela se afastou da mesa e parou. “A casa é sua. Venda. Você vai consegui, pelo menos, cem mil por ela.”

Minhas mãos tremiam e parecia como se o chão estivesse se movendo em baixo dos meus pés. Eu não conseguia processar isso. A casa era minha" se isso fosse legitimo" a casa era minha. Eu poderia vendê-la, conseguir quase todo o dinheiro de volta para pagar as dividas. Minha vida estaria de volta no lugar, mas melhor, mais brilhante, porque eu tinha muito mais nela agora.

Eu olhei para ela, a bola de emoções de volta, mas dessa vez do tamanho de uma bola de basquete no meu peito. “Mãe, eu não sei o que dizer.”

“Não me agradeça. O que quer que você faça, não me agradeça.” Ela engoliu forte. “Você e eu sabemos que não mereço.”

Meus lábios tremiam. “Mãe.”

“Eu te amo bebê.” Ela deu um passo para frente, ficando a um braço de distância de mim, mas se afastou rapidamente. “Eu sei que não parece, mas eu te amo. Eu sempre te amei. Sempre vou amar.”

Eu fechei meus olhos e inalei, minha respiração trêmula.

“Você me deixa tão orgulhosa,” ela sussurrou.

Meu corpo tremia e meus olhos se abriram. Ela estava parada ali, me encarando enquanto vagarosamente andava para trás, para longe de mim, e eu sabia que poderia

abraçá-la. Seria a última vez que eu a veria pelo resto da vida. Eu deveria abraçá-la. Ela era minha mãe e por mais que eu a odiasse às vezes, eu a amava. Eu sempre a amaria.

Mas ela não me deu essa opção.

Minha mãe se afastou, indo para a porta de trás e eu sabia que esse era seu jeito de dizer para não tocá-la. Ela estava indo embora e, com meu coração estava na minha boca, eu a observei abrir a porta" aquela que ela tinha arrombado a fechadura.

E, então, eu pensei no Mona’s.

“Espere,” eu chamei, segurando os papeis mais perto do meu peito. E eu sabia que não era da minha conta me preocupar com o bar ao ponto de chama-la. Eu estava atrasando o inevitável. “E sobre o Mona’s" o bar?”

Suas sobrancelhas levantaram. “O que temele, bebê?”

Okay. Eu duvidava que ela tinha se esquecido dele. “O bar, mãe. O que você vai fazer com ele? Se você me deixou a casa, você também entregou o bar?” Porque o bar só passaria para mim no caso da sua morte, e eu não queria pensar nisso agora.

Minha mãe balançou sua cabeça. “Bebê, eu não sou mais dona do bar. Eu não sou há... um ano ou algo do tipo.”

O chão se moveu de novo. “O que?”

“Eu o vendi para...” ela soltou uma risada fraca e seca. “Isso não importa. Eu o vendi e está em boas mãos bebê.”

Os cabelos na parte de trás do meu pescoço levantaram e um calafrio estranho passou pela minha pele. Eu, de repente, pensei que precisava me sentar.

“E você está nas mesmas boas mãos. Eu sempre pensei que... você e Jackson seriam perfeitos um para o outro. Ele é um bom menino. Sim, realmente um bom homem. Ele ama intensamente e se importa, realmente se importa,” ela continuou enquanto eu ia para frente, me abraçando e colocando uma mão na parte de trás de uma cadeira de jantar. “Ele está sendo bom para o bar. Ele vai cuidar dele como sempre fez.”

Eu inalei rapidamente. “Jax é dono do bar?”

Minha mãe concordou e sua mão apertou mais a maçaneta da porta. “Eu não queria esse tipo de vida para você. Você vai ser uma enfermeira, certo? Você vai fazer diferença navida das pessoas. Boas coisas. Esse é... seu caminho.”

Eu pisquei. Espere. O que? “Como você sabe disso?”

Ela abriu sua boca e uma mecha do seu cabelo passou por sua bochecha novamente. “Eu tenho que ir, bebê. Seja boa. Eu sei que você vai, mas seja boa e... e seja feliz. Você merece isso.”

Então ela foi embora, deslizando pela porta como uma sombra e eu fiquei ali, presa entre muitas emoções para me mover. Minha mãe tinha ido embora. Ela tinha realmente ido agora e antes dela sair, ela tinha me dado o mundo.

E ela também tinha estragado uma grande parte dele, direto em suas fundações que agora estavam rachadas.

Eu me sentia como uma idiota.

Pegando os papeis que minha mãe tinha me dado, eu os levei comigo para o sofá e peguei meu celular da mesinha de centro. Eu desejava que tivesse meu carro. Desde que a janela de trás tinha sido estourada e haviam alguns furos desnecessários no corpo dele devido a uma versão da Pennsylvania de O.K. Corral44 , meu carro estava na manutenção pela segunda vez e eu duvidava que os reparos seriam de graça. Nada disso importava agora, apesar de tudo. Eu só queria sair daqui. Eu precisava fazer algo porque minha cabeça estava girando e a pressão no meu peito estava aumentando.

Eram quase onze da noite. Jax estaria em casa logo e eu soltei o aperto no meu telefone, considerando mandar uma mensagem ou ligar para ele. Em vez disso, coloquei ele de volta na mesa.

Eu era tão avoada e estúpida.

Tudo fazia sentido agora e eu deveria saber que minha mãe não tinha mais nada a ver com o bar. A condição estava lá, do jeito que tudo estava indo suavemente, e todos

44 Referência a um filme de velho oeste dos anos 50. http://www.imdb.com/title/tt0050468/

os papeis organizados no escritório gritavam que outra pessoa estava no comando. E Clyde tinha me dito que eu não precisava me preocupar com o bar. Claro que não.

Minha mãe tinha vendido ele para Jax e ele nunca tinha me dito. Nem tinha Clyde, mas eu não estava dormindo com Clyde, eu não estava apaixonada por Clyde; então esse pequeno segredo não compartilhado parecia ainda mais importante.

Eu não sabia o que pensar. Eu nem mesmo entendia o porque dele não ter me contado, especialmente desde a primeira vez que estive no escritório olhando a papelada e pensando que eu tinha todo o direito de estar fazendo isso quando, aparentemente, eu não tinha direito nenhum.

Passando minha mão pelo meu rosto, eu encarei os papeis da casa da minha mãe" agora minha casa, meu bilhete para fora das dívidas que minha mãe tinha forçado. Isso arrumaria o maior problema que estava sobre minha cabeça, o que eu não tinha me esquecido mas tentava não pensar muito porque me deixaria louca, mas agora... agora havia isso.

Jax tinha mentido para mim.

Eu não sabia como me sentir sobre isso e eu estava sentindo muita coisa, porque minha mãe estava aqui e ela tinha ido embora de verdade, e Jax tinha mantido algo grande escondido de mim. Minha confiança estava abalada. Estava estilhaçada, mal se segurando junto.

Se ele tinha mentido sobre isso, se ele tinha mantido isso de mim, o que mais ele tinha mentido ou mantido de mim? Eu não achava que essa era uma pergunta sem razão. Por experiências passadas eu sabia que quando uma pessoa tinha coisas escondidas de outras havia mais por trás.

Bem, eu era um bom exemplo para começar.

Meu olhar foi para meu telefone enquanto eu baixava minhas mãos, então eu me inclinei para frente,peguei ele da mesa e fiz uma coisa que nunca tinha feito antes.

Eu meio que me senti mal por ligar para Teresa, porque estava tarde e eu tinha certeza que tinha interrompido seu tempo sozinha com Jase devido as suas roupas amassadas e a bagunça que estava seu cabelo.

Mas como uma boa amiga, ela atendeu a ligação. Não apenas isso, mas ela e Jase tinham dirigido de volta para a casa de Jax e me pegado, me levando para a suíte que eles estavam dividindo com Cam e Avery.

Já se passavam da meia noite, a portada suíte estava aberta e eu estava sentada ali com eles. Enrolada em uma poltrona floral desconfortável, eu disse a eles o que tinha acabado de acontecer.

Avery parecia embasbacada.

Cam, que estava sentado atrás dela no chão, com seus braços em volta da sua cintura, suas longas pernas envolvendo seu corpo, não parecia muito feliz com as últimas noticias" toda a parte de Jax ser dono do bar que eu pensava que um dia seria meu.

Teresa tinha uma expressão pensativa em seu rosto.

Jase estava apoiado contra a cabeceira da cama e sua expressão era indecifrável, mas ele foi o primeiro a realmente dizer alguma coisa diferente de ‘mas que porra’ e ‘puta merda’.

“As pessoas tem seus motivos para manter certas coisas em segredo,” ele disse. “Eu não estou dizendo que isso justifica tudo isso ou o que seja, mas você precisa ouvi-lo.”

Cam revirou os olhos. “Cara, isso não é algo que você esconde.”

“Sim, eu sei tudo sobre coisas que não devem ficar em segredo.” O olhar que Jase atirou a Cam fez meu radar apitar. Havia alguma coisa ali. “Mas as pessoas tem seus motivos. Ele parecia um rapaz legal e ele não escondeu isso apenas para ser um imbecil.”

“Jase está certo,” Teresa disse antes que Cam pudesse responder. “Quero dizer, não é legal que ele tenha escondido isso de você. É importante, mas tem que haver um motivo.”

Eu concordei enquanto meu olhar ia para meu telefone, que estava no meu colo. Há uns vinte minutos atrás Jax tinha ligado. Eu não tinha atendido mas mandei uma

mensagem dizendo que eu estava com Teresa. Ele respondeu, mas eu não tinha me permitido olhar. Ele tinha ligado novamente, e eu tinha desligado o som. Não foi a coisa mais madura a se fazer, mas eu ainda não tinha ideia do que dizer a ele, ou o que pensar.

Mas Teresa e Jase tinham um ponto. Nós todos tínhamos nossos segredos e contamos nossas mentiras. Eu era mulher o suficiente para admitir que eu tinha contado umas mentiras gigante para meus amigos e que quando eles me ouviram, eles me perdoaram.

Eu só precisava clarear minha cabeça. Muito tinha acontecido em pouco tempo. Eu estava duvidando de tudo.

“Ele realmente se importa com você,” Avery disse, e meu olhar se moveu para ela. Eu imaginava se ela lia mentes além de ser uma linda ruiva. “Quando você se machucou, ele não deixou o seu lado.”

“Eu sei,” eu sussurrei.

“Não,” ela disse. “Quero dizer, quando você estava apagada, nós ouvimos da sua amiga Roxy sobre como ele agiu. Ele travou uma batalha quando eles não queriam falar com ele sobre sua condição por ele não ser da família.”

Meu coração se virou. “O que?”

Ela concordou. “Ele quase foi expulso. Foi um de seus amigos policiais que finalmente o acalmou e falou com os médicos. Ele realmente se importa com você, Calla, então tem que haver um motivo para...”

Uma batida na porta do hotel a interrompeu, me fazendo endireitar. Era tarde, então isso foi estranho. “Vocês estão esperando alguém?”

Cam se soltou de Avery e levantou. “Não estamos mas estou disposto a apostar um beijo em quem provavelmente é.”

Os olhos de Teresa arregalaram em mim, e meu pulso acelerou. Eu descruzei minhas pernas e soltei o aperto no braço da cadeira.

Cam espiou pelo olho-mágico. “Yep. Eu estava certo.”

Oh wow.

Eu comecei a me levantar, pensando que provavelmente deveria ter atendido o telefone, mas agora eu tinha uma boa suspeita de quem era.

Cam abriu a porta e deu um passo para o lado, revelando quem estava na porta, confirmando minhas suspeitas.

Jax estava ali, e sua expressão, a tensão em seus lábios e em volta dos seus olhos escuros me dizia que ele sabia o que eu sabia.

Que eu sabia de tudo.

Ele entrou no quarto enquanto Cam fechava a porta, dizendo. “Pode entrar.”

Jax o ignorou e seu olhar estava fixo em mim. “Nós precisamos conversar.”

Meu coração estava acelerado enquanto eu me levantava, segurando meu celular na minha mão. “Sim, precisamos conversar.”

“Eu sou o único que está imaginando como ele sabia que ela estava aqui, nesse hotel?” Cam perguntou enquanto andava de volta para onde Avery estava.

“Não existem muitos hotéis perto do hospital,” ele respondeu, ainda olhando para mim. “E eu tenho amigos que podem descobrir qualquer merda para mim bem rapidamente.”

“Bem, isso é meio estranho,” Cam murmurou sobre sua respiração enquanto estendia um braço, ajudando Avery a se levantar.

Os ombros de Jax estavam para trás, tensos. “Eu sei.”

Eu pisquei. “Talvez precisássemos...”

“Tenho certeza que eles já sabem também, porque você foi para eles em vez de vir para mim, então eles também vão ouvir isso.”

Oh, duplamente wow.

Cam e Avery pararam onde estavam, perto da porta da suíte, pegos saindo de fininho do quarto. Um olhar rápido para Jase e Teresa me disse que eles desejavam ter pipoca para compartilhar agora.

“Jax, nós podemos ir lá pra fora.”

“Eu cheguei em casa e você não estava lá,” ele disse e continuou. “Considerando tudo que aconteceu, isso realmente mexeu comigo. Sim, eu sei que estamos bem, mas ainda assim apreciaria uma mensagem avisando.”

“Agora. Espere,” eu disse. “Eu te contei que estava com meus amigos.”

“Depois que eu cheguei em casa e vi aqueles papéis na mesinha,” ele corrigiu, seus olhos brilhantes, quase pretos. Merda, ele tinha um ponto, então eu mantive minha boca fechada e ele continuou. “Você viu sua mãe. Então, logo de cara eu sabia que isso deve ter mexido com sua cabeça e que ela te deixou a casa. Isso é bom, eu fiquei feliz de ver isso.”

Eu olhei ao redor do quarto sentindo minhas bochechas esquentarem enquanto meus amigos me observavam com interesse, incluindo Cam e Avery.

“Mas eu sei que não é por isso que você está sentada nesse quarto de hotel em vez da minha cama agora.”

Oh. Meu. Deus. Meu rosto estava completamente vermelho.

Teresa pressionou seus lábios juntos enquanto seus olhos acendiam.

Boa hora para trazer esse tópico para a conversa. Se ele quer falar na frente dos meus amigos, então vamos colocar isso pra fora. “Você é o dono do Mona’s. Você é do dono do Mona’s pelo último ano e nunca pensou que deveria me falar isso?”

Seu peito levantou. “Eu planejava te contar. Eu ia contar...” “É isso o que você estava dizendo enquanto eu estava naquele hospital, sobre precisar falar algo comigo? Você teve tempo suficiente para me contar. Muito tempo antes disso, como quando eu apareci no primeiro dia e estava passando pela papelada no escritório!”

A cabeça de Jase se virou na direção de Jax, como se quisesse dizer que agora a bola estava com ele.

Ele não respondeu imediatamente, o que estava okay, porque agora eu sabia que estava me preparando para toda a batalha de palavras e perguntas e, talvez, um pouco de xingamentos, mas quando ele falou, pela segunda vez nessa noite, meu mundo foi abalado.

“Eu te conheço há mais de um ano,” ele disse, e a tensão saiu de seus ombros, como se algum tipo de peso o estivesse prendendo. “Eu não estou falando de saber sobre você através de Clyde ou pelo que sua mãe contou. Eu conhecia você. Eu tinha visto você antes mesmo de você saber que eu existia.”

Eu abri minha boca enquanto a confusão me consumia. “O que?”

“A primeira vez que eu te vi foi na última primavera, há mais de um ano atrás. Você estava do lado de fora do seu dormitório, indo para aula.” Ele disse e eu, de repente, senti como se precisasse me sentar. Todos no quarto ficaram em segundo plano. Era apenas eu e ele. “Eu estava lá com a sua mãe. E não foi a última vez. De mês em mês, quando Mona ficava sóbria por um dia ou dois, ela queria te ver. Então eu a levava para ver você, porque eu sei... eu sei como é não ter uma segunda chance. Você sabe disso. Então eu a levava. Uma vez você estava do lado de fora de um outro prédio falando com ela.” Seu queixo apontou para Teresa. “Você estava lá com outro cara. Só os três até que Jase apareceu.”

Oh meu Deus, minha perna estava bamba. Meus pensamentos iam e voltavam e havia uma boa chance que ele estivesse falando sobre Brandon.

“A últimavez foi nessa primavera. Você estava sentada em um banco, sozinha, do lado de fora do que parecia ser a biblioteca. Você estava lendo. E cada vez que eu levava sua mãe lá, ela nunca conseguiu terminar. Ela não teve coragem de acertar as coisas que ela criou, mas ela queria. Só nunca deu certo porque você parecia estar sempre tão feliz.” Ele exalou. “Você sempre parecia tão malditamente feliz. Sorrindo. Rindo. Sua mãe não queria estragar isso.”

Eu dei um passo para trás, achando difícil continuar de pé.

“Em cada viagem, ela falava sobre você e era real, você sabe? Ela não estava alta ou brincando. É por isso que eu sabia de tudo. Não foi Clyde e não foi quando ela estava bêbada, mesmo que às vezes ela falasse sobre você nesses momentos também, mas ela realmente falava sobre você quando ela estava sóbria. Ela descobriu que você estava estudando para ser enfermeira e ela não ficou surpresa. Ela me disse que uma vez você ficou amiga das enfermeiras quando estava no hospital.”

Eu fechei meus olhos contra a súbita inquietação. Isso era verdade, o que minha mãe tinha dito. Eu tinha ficado amiga das enfermeiras e agora eu sabia como minha mãe descobriu minha formação. Ela tinha estado em Shepherd, com Jax.

“Todas essas vezes que ela vinha, ela vinha falar comigo?” Eu perguntei e minha voz soou incrivelmente pequena.

“Sim, ela queria. Ela reconhecia seus erros e suas merdas mais que qualquer um,” ele disse, e quando eu abri meus olhos ele estava me observando. “Ela nunca quis a vida no bar para você. Ela sabia as chances dela estar por perto não eram boas. Quando ela soube que eu poderia tirar o bar das mãos dela, torná-lo bom, ela o vendeu para mim. Ela não queria você tivesse essa opção.”

Eu realmente precisava me sentar.

E ele não tinha terminado. “Eu não te contei sobre isso porque eu não sabia como você iriase sentir se soubesse que sua mãe tinha ido te visitar. Vocês duas não estavam bem e explicar isso me faz parecer estranho, mas era algo que eu não estava ansiando em fazer.”

“Realmente um total estranho,” Teresa sussurrou impressionada.

Os lábios dele se curvaram por um momento e, então, ele voltou seu foco para mim. “Cada vez que eu te vi, pareceu como... como se eu soubesse um pouco mais sobre você. Eu nunca falei com você mas te ver sempre sorrindo, ou rindo... ou estando pacifica...” Ele balançou sua cabeça e meu coração se apertou . “Havia algo sobre isso... e isso me consumiu, Calla. Merda. Eu me apaixonei por você antes mesmo de você saber meu nome.”

Oh, holey moley. Lágrimas corriam dos meus olhos e seu rosto ficou embaçado.

“E eu deveria ter te contado sobre o Mona’s. Eu ia naquele dia no escritório, mas quando você disse que o venderia, eu não achei que você se importasse. E quando eu percebi que mesmo você não falando, eu sabia que o bar significava muito para você.” Ele deu um passo para frente, seu progresso observado por todos no quarto. “Eu não sabia como contar isso para você. Eu vim lutando com a ideia de mantê-lo. O lugar me deu um propósito depois que eu voltei para casa, mas não parecia certo. Não com você aqui. Não comigo realmente te conhecendo.”

Eu engoli, mas a bola estava presa na minha garganta.

Seus olhos procuraram os meus. “Eu te amo, Calla. Eu ser o dono do bar não muda isso. E se mudar, então eu não quero nada dele. Tudo que quero é você.”

Encarando ele de volta, eu não conseguia fazer nenhuma palavra sair da minha boca. Tudo que ele disse rodopiava ao redor da minha cabeça. Eu estava impressionada.

“Calla,” ele sussurrou.

Eu balancei minha cabeça, uma causa perdida sobre o que dizer.

“Diga algo, querida. Eu não quero desistir de você, mas você precisa dizer algo para me parar de sair por aquela porta.”

Tantas coisas que eu queria e precisava dizer se formaram em minha garganta, mas nada saiu. Era como ter um ataque de ansiedade. Eu estava congelada no lugar e o quarto estava tão quieto que eu jurava que todos podiam ouvir meu coração bater.

Jax exalou enquanto segurava meu olhar, então ele se virou e andou. Ele foi em direção da porta, e eu estava lá, parada, encarando ele, observando a porta se fechando.

Eu não disse nada.

Eu realmente apenas fiquei parada.

E eu assisti ele ir embora.

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