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Capítulo Oito

Meu cérebro entrou em curto circuito no momento que eu realmente entendi que Jax estava me beijando que, na realidade, seus lábios estavam nos meus.

E não foi apenas um encontro dos nossos lábios.

Não, não foi profundo e não envolveu línguas, nada como os beijos que eu li sobre em romances, o tipo molhado que parecia meio nojento, mas eu imaginei que, se feito corretamente, iria me fazer querer arrancar meus shorts como se não houvesse amanhã, mas esse beijo... era real.

Seus lábios estavam derretidos nos meus, e eu estava impressionada pela sensação. Eles eram suaves, mas firmes, e eu não sabia que isso podia ser ambas as coisas. Eles percorreram a curva dos meus lábios, como se tivesse explorando eles.

Meus braços estavam congelados ao meu lado, mas eu podia sentir meu corpo começando a se inclinar para frente, se afastando da parede indo em direção ao dele. Nossos corpos não se tocaram, o que provavelmente foi uma coisa boa.

Eu estava a segundos de entrar em combustão.

Jax levantou sua cabeça da minha, e eu percebi que meus olhos estavam fechados. Mesmo assim, eu podia sentir seu olhar nas minhas bochechas quentes, no meu nariz... meus olhos.

“Você me beijou”, eu sussurrei, e Sim, era uma observação estupida, mas eu estava me sentindo bem estúpida.

“Sim.” Sua voz soava mais profunda, rouca. Mais sexy. “ Eu beijei”.

Eu forcei meus olhos a se abrirem e me vi encarando um membro não oficial da

Brigada dos Caras Quentes.

Ele se apoiou, um braço na parede absorvendo seu peso enquanto tirava sua mão do meu queixo. “Eu não beijo meninas que eu não acho que são quentes pra cacete ou lindas. Então, você entende meu ponto?”

Havia uma confusão em meu cérebro. “ Você me beijou para provar um ponto?”

Um sorriso sombrio apareceu. “Pareceu o jeito mais rápido de provar isso.”

Era isso. Eu não sabia se deveria me sentir ofendida dele ter me beijado para provar seu ponto e que provavelmente não significava nada mais do que um beijo, ou me sentir honrada que ele pelo beijo por que achava que eu era quente pra cacete e bonita.

Eu não sabia o que pensar ou dizer, então só bati minhas costas contra a parede enquanto ele se afastava. Um meio sorriso apareceu, enquanto ele ia em direção a porta e a abria.

“Nada como isso vai acontecer novamente nesse bar”, Jax disse e, então, ele saiu.

Ele tinha dito isso como uma promessa, uma promessa onde ele sabia que não ia conseguir cumprir, mas era mais como... outra coisa gostosa para se fazer.

Eu fechei meus olhos novamente, deixando sair um suspiro enquanto apertava meu queixo contra meu peito. Três semanas atrás, eu estava vivendo em Shepherdstown com meus três Fs, perto de me formar e, esse bar nem passava pela minha cabeça. Minha vida foi focada em torno dos meus objetivos formatura, encontrar um emprego como enfermeira e desfrutar dos benefícios de ter conseguido os outros dois objetivos.

Era isso.

Semanas depois, tudo tinha mudado. Aqui estava eu, no Mona’s com uma mãe desaparecida, sem dinheiro, meu futuro completamente em jogo e um membro não oficial da Brigada dos Caras Quentes tinha me beijado.

Nada fora planejado e nada se encaixa em nenhum dos três Fs.

Mas aquele beijo... para provar um ponto ou não, tinha sido importante. Muito importante. Depois de tudo, tinha sido meu primeiro beijo de verdade.

Por varias razões eu fiquei feliz quando Pearl apareceu no corredor, me avisando que ela iria me levar para casa. Por mais que eu odiasse ser dispensada desse jeito, como se eu não pudesse opinar no que estivesse acontecendo, depois do que tinha acontecido

com Mack e, depois com Jax, eu não era contra sair do bar e limpar minha cabeça das coisas ruins e das não tão ruins.

Eu peguei minha bolsa e disse adeus para Clyde. No meu caminho, eu disse a mim mesma para não olhar para Jax, e eu consegui cumprir isso por dois segundos. Na porta, eu olhei para o bar concorrido. Jax estava lá com Roxy. Ambos sorrindo e rindo enquanto trabalhavam com os fregueses.

Roxy olhou para cima, me dando um pequeno e discreto aceno, que eu devolvi.

Jax nem olhou.

Um pouco de nervosismo, e algo bem maior que perturbação e vergonha surgiu em meu peito. Eu tentei afastar os sentimentos enquanto seguia Pearl pelo lado de fora e focava em conseguir meu carro de volta ASAP15 no dia seguinte.

Pearl manteve a conversa leve enquanto dirigia para minha casa, novamente sem eu precisar mostrar o caminho. Eu gostava dela, e pelo fato dela ter praticamente a mesma idade que minha mãe, eu meio que imaginava que era assim que minha mãe pareceria se ela não tivesse decidido desperdiçar sua vida.

Quando Pearl chegou em casa, ela me parou antes que eu pudesse sair. “Oh, quase esqueci”. Se esticando em direção ao banco de trás do seu Honda velho, ela pegou um bolinho de dinheiro. “ Os rapazes que pediram as wings te deixaram uma gorjeta”.

Ah, a mesa dos policiais. Sorrindo, eu peguei o dinheiro, já sabendo que era muito para uma gorjeta normal. “Obrigada”.

“Sem problema. Agora, leve sua bunda para dentro e descanse.“ Ela deu um grande sorriso.

Eu abri a porta. “Dirija com cuidado”.

Pearlconcordou e ela esperou até que eu tivesse me trancado do lado de dentro da casa para sair. Ligando a luz do corredor, eu tentei ignorar o sentimento de nostalgia que me atingiu. Meus olhos se fecharam e eu fui transportada de volta para quando tinha dezesseis, chegando em casa tarde depois de ter passado a tarde com Clyde no bar. Eu não

15 ASAP = As Soon As Possible = O Mais Rápido Possível

precisava tentar imaginar o som da risada da minha mãe. Ela sempre teve uma boa risada barulhenta e rouca, o tipo de risada que chamava as pessoas para ela, mas o lado ruim era que ela não fazia isso com frequência. E quando ela fazia, normalmente significava que ela estava tão alta que podia lamber as nuvens.

A noite tinha sido ruim.

A casa tinha estado cheia com seus amigos, outras crianças grandes que tinham seus próprios filhos em casa mas estavam mais interessados em festejar do que ser responsáveis.

Eu andei pelo corredor, vendo o que tinha acontecido a cinco anos. Algum cara estranho tinha desmaiado no chão da sala. Minha mãe no sofá, uma garrafa em sua mão; outro cara que eu nunca tinha visto antes com seu rosto enterrado em seu pescoço e uma mão entre suas pernas.

O cara no chão não tinha se movido.

Minha mãe nem tinha percebido que eu havia chegado em casa. Foi o cara em cima dela que percebeu e ele me convidou parame juntar a festa. Eu tinha ido para o andar de cima, fingindo que eles não estavam aqui.

Exceto que o cara no chão ainda não tinha se movido depois de uma hora e, finalmente alguém na casa tinha ficado preocupado.

Ele estava morto Deus sabe há quanto tempo.

Eu encarei o lugar perto do sofá, tremendo, porque eu ainda conseguia vê-lo deitado lá, com seus braços de um jeito estranho ao seu lado. As pessoas tinham fugido da casa mais rápido que um piscar de olhos, deixando eu e minha mãe sozinhas para lidar com o cara morto no chão da sala. A polícia apareceu. Não foi bonito. Papelada foi preenchida, mas ninguém do serviço social apareceu. Ninguém veio. Não que isso fosse

uma surpresa.

Minha mãe tinha parado depois disso... bem, pelo menos, por uns meses.

Tinham sido bons meses.

Balançando minha cabeça, eu deixei minha bolsa no sofá e empurrei esses pensamentos para longe. Peguei um elástico de cabelo do bolso e amarrei meu cabelo em um rápido coque.

Sem querer passar outra noite no sofá nem no andar de cima, eu finalmente arranquei os lençóis da cama do andar de baixo e os joguei na lavadora junto com a colcha que encontrei no armário no andar de cima, me forçando a não usar muito Lysol16 no colchão. A única coisa que me impediu é que o colchão parecia relativamente novo e não haviam manchas suspeitas nele.

Me sentindo ansiosa e cheia de energia em vez de cansada, eu limpei o quarto da minha mãe, jogando fora tudo que parecia lixo em sacos pretos que encontrei na lavanderia e coloquei os sacos na calçada. Não haviam roupas na cômoda e a única coisa que encontrei onde não tinha olhado antes eram alguns jeans e uns suéteres no armário. O que eu tinha encontrado no chão não completava um guarda roupa completo.

Outra prova que minha mãe tinha realmente fugido.

Eu não sabia o que pensar nem como me sentir sobre isso. Ela me roubou, jogando a maior bomba na minha vida. Ela tinha roubado de outros. E ela estava ai fora, ou surtando ou tão fodida que nem sabia o que tinha feito.

Pegando o dinheiro do meu bolso, eu contei trinta dólares mais os vinte que os policiais tinham deixado. Essa quantia parecia excessiva, e provavelmente tinha mais a ver com pena do que meu serviço, mas para a primeira noite não tinha sido ruim. Eu guardei o dinheiro na minha carteira depois de colocar minha bolsa no quarto do andar de baixo.

Suspirando, eu arrumei minha cama e guardei as roupas que tinha trazido comigo. Eu tomei um banho rápido e me sequei no que minha mãe chamava ser seu ‘banheiro acolhedor’. Acolhedor porque, se você esticasse suas penas e braços, você poderia tocar a pia, banheira e o vaso sanitário.

Enquanto eu me virava e saia do banheiro, o espelho coberto de fumaça chamou minha atenção. Eu não sei porque fiz o que fiz em seguida. Anos se passaram desde que

16 Uma marca de desinfetante.

eu tinha considerado a ideia, mas me inclinando para frente, eu passei minha mão por ele, limpando-o.

Talvez fosse o stress de tudo que estava acontecendo. Talvez fosse o que aquele cara Mack tinha dito no bar. Talvez fosse por Jax e o beijo. Provavelmente o beijo, mas não importava, porque eu estava fazendo isso.

Eu sempre tinha evitado olhar para mim mesma, especialmente logo depois, e então, pelas várias camadas de cicatrização que vieram nos anos seguintes. Como eu disse anos desde que eu olhei meu corpo todo em um espelho. Era só algo que eu não me permitia fazer.

Eu mordi meu lábio inferior enquanto eu me forçava a realmente olhar. Não apenas uma prévia, e minha respiração seguinte ficou meio presaem minha garganta.

Minha clavícula era OK, pele em um tom de pêssego. Eu tinha um ótimo tom de pele, perfeito para realmente usar maquiagem e me exibir. A parte de cima do meu peito era macia. Então, meu olhar caiu.

Tudo parecia como uma maldita pintura de Picasso.

O mesmo tipo de cicatriz que tinha estragado meu rosto tinha tido uma chance com meu seio esquerdo, começando logo no topo do inchaço, passando em volta da aureola, por pouco não acertando meu mamilo. Eu tive sorte. Ter apenas um mamilo seria uma merda. Não que alguém tivesse visto eles, mas ainda assim, eu não queria pensar em mim mesma como a ‘Calla Um Mamilo’. Meu outro seio era bom. Ambos tinham um tamanho decente, eu pensava, mas a pele entre eles estava descoloria, um tom mais claro. Queimaduras de segundo grau. As cicatrizes eram apenas a mudança do pigmento mas, então, havia minha barriga.

Eu parecia um sofá velho que alguém tinha usado vários tons de pele para fazer o tecido. Sério. Queimaduras de terceiro grau não eram brincadeira.

Pedaços de pele eram de um tom profundo de rosa, outras partes desbotadas em um rosado, um pouco lisas, mas as pontas das cicatrizes na minha lateral eram elevadas. Eu podia ver isso no espelho. Meio que pareciam uma marca de nascença, mas quando eu me virei, eu vi minhas costas. Desde a parte de cima da minha bacia até meus ombros combinavam com a parte da frente, com a exceção das cicatrizes que eram piores, ásperas,

fazendo a pele saltar, quase parecendo rugas, e de uma cor muito mais profunda, quase

marrom.

Não haviam enxertos de pele nessa época.

Meu pai já tinha ido embora nessa época, desaparecendo do drama e luto para o grande desconhecido. Quando eu me formei no colegial, com a ajuda de Clyde, eu consegui rastrear meu pai.

Ele tinha casado novamente.

Estava vivendo na Flórida.

Ele não tinha filhos.

filha. E depois de uma ligação, eu sabia que ele não queria retomar os laços de pai e

Então ele estava ausente quando precisei retornar para os enxertos de pele nas minhas costas e minha mãe... bem, eu achava que ela tinha se esquecido das consultas ou tinha parado de se importar.

Meus olhos ficaram marejados enquanto eu me forçava a continuar respirando. A dor que veio com as queimadoras tinha sido a pior experiência da minha vida, pelo menos a física. Várias vezes, mesmo quando eu era mais nova, eu tinha preferido a morte nessas horas e nos dias que se passaram. As cicatrizes não doíam agora. Apenas eram feitas.

Eu fechei meus olhos enquanto me virava, mas eu ainda podia me ver. Não foi bonito. Poderia ser pior. Quando eu estive no chão pegando fogo, eu tinha visto o pior. Crianças pequenas que brincavam com fogo. Adultos em acidentes de carro. A pele, literalmente, derretia. E, então, haviam as pessoas" as crianças" que não sobreviviam aos incêndios, seja pela fumaça ou pelo fogo. Então eu sabia que poderia ter sido pior, mas não importava o que eu fizesse, não importava o quão longe eu viajasse ou por quanto tempo eu ficasse longe, a noite do incêndio ainda deixava sua marca em mim, fisicamente e emocionalmente.

E isso tinha deixado sua marca na minha mãe.

Beijar.

Eu mordi meu lábio inferior até sentir gosto de sangue.

Beijar era estúpido. Ter uma queda por Brandon tinha sido estúpido. Beijar Jax Johnson era ainda mais estúpido. Tudo era estúpido.

Correndo para longe do espelho, eu vesti um shorts de algodão com uma camiseta de manga longa. Por alguma razão, não importando a época do ano, essa casa ficava gelada e poderia ficar pior a noite, então coloquei também um par de meias para manter meus pés quentes.

Eu fui para a cozinha, minha barriga fazendo barulho, mas a viagem foi bem inútil porque tudo que havia na dispensa eram bolachas de agua e sal. Pegando um pacote, eu me prometi que, não importando a condição que meu carro estivesse, eu iria ao mercado e gastaria um pouco daqueles cinquenta dólares em lamen17 .

Levando o pacote de bolachas e um pouco do chá que eu tinha feito ontem a noite para a sala, eu parei quando ouvi uma batida na porta.

Eu coloquei as bolachas numa almofada e olhei para o relógio na parede. Se as horas tivessem certas, era quase uma da manhã, então o que poderia ser?

Ainda parada, eu pisquei quando ouvi a batida novamente. Nervosa, eu me virei de corri Silênciosamente para o estreito corredor. Me esticando, eu olhei pelo olho mágico.

Eu franzi meu nariz.

Pelo que eu podia ver, não tinha ninguém. Apoiando minhas mãos na porta, eu olhei novamente pelo olho mágico. A varanda estava vazia.

“Mas que inferno?” eu murmurei.

Pensando que eu poderia estar louca, eu destranquei a porta. Abrindo apenas uma brecha, eu imediatamente reconheci meu erro. A varanda não estava vazia. O cara estava sentado e se levantou bruscamente, fazendo meu coração disparar.

Pelo que eu pude ver do cara na fraca luz da noite, não era coisa boa. Alto e realmente magro, ele tinha um cabelo loiro na altura dos ombros e estava gorduroso e fedido. Seu rosto era esquelético e seus lábios estavam cortados. Eca.Eu não queria ver

17 Macarrão instantâneo (o famoso miojo)

mais nada . Eu dei um passo para trás, para fechar a porta, mas quando tentei ele bateu uma mão na porta.

“Eu preciso ver Mona”. Ele disse, voz rouca e seca.

“Ela n-não está aqui. Desculpa”. Eu comecei a fechar a porta novamente, mas ele colocou uma perna na fresta e empurrou, empurrou mais forte que eu pensei que pudesse, me empurrando para trás. Eu bati na parede, minha cabeça indo junto. Havia um pequeno fio de dor que rapidamente aumentou quando a porta voou em minha direção, batendo na minha testa.

“Puta merda.” Eu gemi

O cara com o cabelo gorduroso entrou, olhando para onde eu estava espremida como um inseto. “Desculpe”. Ele disse, empurrando a porta de mim e a fechando com sua bota de motoqueiro. “Eu preciso ver Mona”.

Eu pisquei algumas vezes e pressionei minha palma contra minha testa. Por um momento, eu achei que tinha visto passarinhos.

“Mona!” O homem gritou, andando pelo corredor.

Gemendo, eu abaixei minha mão me endireitei enquanto o cara entrava na sala, ainda gritando o nome da minha mãe como se ela fosse magicamente aparecer.

Eu corri pelo corredor, ainda meio tonta. “Ela não está aqui”.

O cara do cabelo gorduroso estava parado na frente do sofá, seus ombros arqueados. Numa luz mais clara, eu realmente não queria ter visto o que vi. O homem estava sujo sua camiseta e seu jeans. Seus braços estavam descobertos, o lado de dentro coberto de marcas vermelhas.

Merda.

As marcas.

O cara do cabelo gorduroso era um drogado.

Merda dupla.

“Mona não está aqui,” eu tentei novamente, meu coração acelerado em potência máxima, o que fazia com que minha testa parecesse a miniatura de uma taboa sendo martelada.

Ele se virou para mim, seu maxilar tenso. “Ela me deve”.

Merda tripa. Isso estava em tudo que era lugar e, agora, perto de mim.

O cara do cabelo gorduroso se virou para mim, seus olhos eram um azul pálido, sem foco. Eu não tinha certeza se ele estava mevendo. “Ela deve ter alguma merda aqui. Sei que ela tem”.

Meus olhos arregalaram. Melhor que não tivesse merda nenhuma aqui.

Sem dizer outra palavra, ele passou por mim, indo para o quarto. Meu coração pulou no meu peito. “O que você está fazendo?” eu ordenei.

Ele não respondeu enquanto ele foi direto para a cama, arrancando os lençóis limpos e as fronhas.

“Hey!” eu gritei

Ainda assim ele me ignorou enquanto deslizava suas mãos sobre o colchão e o virava. Quando ele não encontrou nada, ele deixou sair vários xingamentos.

Oh, isso estava indo mal e rapidamente saindo do controle.

Eu andei em sua direção, mas ele me empurrou de volta e gritou. “Fique longe!”

Meu estômago revirou, e eu fiquei longe enquanto ele ia para a cômoda, tirando minhas roupas dobradas, depois indo para o armário. Por algum motivo divino, ele não foi em direção a minha bolsa depois de ter revirado o quarto todo que eu tinha acabado de arrumar.

Então ele parou na entrada do banheiro, suas costas retas. Um olhar estranho passou pelo seu rosto. “Merda”. O cara do cabelo gorduroso se virou e saiu do quarto, indo para as escadas.

Oh não. Onde ele achava que estava indo? Com as mãos trêmulas, eu tentei ficar na sua frente, bloqueando as escadas. “Me desculpe, mas ela não está aqui. Eu não sei onde ela está ou o que você está procurando, mas você não precisa"

Ele colocou uma mão em meu peito, me empurrando, ficando exatamente na minha frente. Seus dentes eram amarelos, alguns completamente podres, seu hálito cheirava como lixo podre. Bile subiu para minha garganta.

“Olhe, eu não sei quem você é e não dou a mínima. Mas eu não tenho nenhum problema com você”. Ele disse. “Então, não me faça ter problemas com você. Okay?”

Me forcei a concordar. Eu não queria ter problemas com ele. “Entendi”.

Ele me encarou por um momento então seu olhar se voltou para minha bochecha. “Você é a filha da Mona, não?”

Eu não respondi por que eu não sabia se isso queria dizer que eu teria problemas

com ele.

“Merda, isso deve ser uma bosta para você”, ele disse então, abaixou sua mão. O cara do cabelo gorduroso subiu a escada.

Contra o bom senso comum, eu o segui pela escada até o quarto meu antigo quarto. O cara do cabelo gorduroso sabia pelo que estava procurando. Ele foi direto para o armário e abriu bruscamente a porta, me surpreendendo pelo fato dela não ter quebrado. Então ele ficou de joelhos, se inclinando para um espaço apertado. Segurando minha respiração, eu espiei por trás dele, debatendo comigo mesma se eu deveria pegar o abajur e atacar ele.

O cara do cabelo gorduroso tateou o lugar, tirando caixas de sapato do caminho e, quando eu não podia ver o que ele estava fazendo, ele se afastou. Ele empurrou um pedaço do fundo um pedaço que havia sido cortado propositalmente, que provavelmente escondia um buraco.

Oh não.

“Oh Sim”, o cara do cabelo gorduroso se levantou, se afastando do armário, perdendo o equilíbrio. “Sorte grande. Uma puta sorte grande”.

Eu não queria olhar, mas eu tinha que. O cara do cabelo gorduroso estava segurando não um, mas pelo menos, dez pacotes Ziploc pacotes cheios de algo marrom que me lembrava açúcar mascavo.

“Oh meu Deus”, eu sussurrei.

O cara do cabelo gorduroso não me ouviu. Ele estava olhando para os pacotes em sua mão como se ele estivesse há segundos de abrir um e enfiar seu rosto naquela porcaria.

Meus joelhos estavam fracos. Tinha drogas na casa, drogas escondidas em um lugar secreto no meu armário, no meu antigo quarto. Não maconha ou algo relativamente inofensivo, mas algo que eu apostava que era realmente ruim e realmente caro.

O cara do cabelo gorduroso parecia ter esquecido que eu existia, o que era ok por mim. Ele desceu pelas escadas e, uns segundos depois, ouvi a porta bater, fechada, me fazendo pular.

Eu não sabia quanto tempo fiquei naquele quarto, olhando para a porta aberta do armário antes que eu forçasse meus pés a se moverem. Eu fui para o andar de baixo, para o quarto, pegando meu celular da minha bolsa. Minha mão tremia enquanto eu ligava para Clyde.

Ele respondeu no terceiro toque. “Você está bem, pequena?”

Era tarde e ele, provavelmente, ainda estava no bar. “Um cara esteve aqui”.

Ouve uma pausa, então sua voz ficou realmente baixa e séria. “O que aconteceu?”

Eu disse a ele tudo com pressa, então ele me disse para me assegurar que a porta estava fechada bom ponto e para aguentar. Ele estava vindo. Não havia nada que ele pudesse fazer agora, mas eu estava grata. Na verdade, eu estava assustada. Muito assustada.

Eu me assegurei que a porta do armário do quarto da minha mãe estava fechada, reapliquei maquiagem, mesmo que fosse apenas Clyde e, nos vinte minutos seguintes, eu fiquei sentada no sofá, segurando meu celular perto do meu peito até que ouve uma rápida, forte, batida na porta da frente.

Eu olhei pelo olho mágico novamente e dessa vez eu vi alguém do lado de fora alguém que mandou meu coração já acelerado a um nível de ataque cardíaco.

Jax estava parando do outro lado da porta.

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