27 minute read

Capítulo Nove

“Mas que porra você estava pensando?”, foi a primeira coisa que saiu da boca de Jax quando eu abri a porta.

Clyde”. Eu tinha uma pergunta melhor. “O que você está fazendo aqui? Eu liguei para

“E Clyde me disse, então estou aqui”. Ele me afastou, segurando a porta e a empurrou, fechando e trancando-a. “Você não respondeu minha pergunta”.

Ainda não aceitando o fato de Jax estar,de repente, na minha varanda, eu pisquei lentamente. “Que pergunta?”

“Por que você abriu a porra da sua porta no meio da noite”.

“Oh”. Eu olhei primeiro pelo olho mágico, você sabe.

Jax ficou me encarando.

“E eu não vi ninguém”, eu acrescentei em minha defesa.

Ele dobrou seus braços bem definidos sobre seu peito. “Então, deixe-me ver se entendi direito. Você ouviu uma batida na porta, foi e realmente usou o olho mágico mas, quando não viu ninguém, você pensou Oh, mas que inferno, eu vou apenas abrir a porta? Você, por acaso, pensou que alguém poderia estar se escondendo?”

Oh wow, ele parecia irritado, mas ele poderia ir se ferrar. “O cara não estava se escondendo. Ele estava sentado”.

Suas sobrancelhas castanhas dispararam para cima. “Você sabia disso quando abriu a porta?”

“Bem, não, mas"

“Então, por que inferno você a abriu?” Ele perguntou novamente, seus olhos ficando escuros.

“Veja, eu entendi que abrir a porta foi idiotice”. Segurei mais forte meu celular, meio que querendo bater com minha outra mão em seu peito. “Eu não estava pensando”.

erro”. “Não brinca”, ele rugiu.

Meus olhos se estreitaram. “Eu entendi. Eu não preciso que você aponte meu

“Jesus Cristo, Calla, eu te disse o tipo de merda que sua mãe estava envolvida e eu te disse para não ficar aqui. A última coisa que você precisava fazer era abrir a porta no meio da noite”.

Eu inalei profundamente enquanto ajeitava atrás da orelha meu cabelo ainda úmido. “Entendi. Obrigada pelo serviço de mensagem. Agora você pode...” Eu parei, meus olhos arregalando.

Uma expressão assustadora apareceu em seus olhos e, de repente, ele estava bem na minha frente, se movendo como no escritório mais cedo. Eu me afastei, acertando a parede, e não havia outro lugar que pudesse ir. A ponta de seus dedos pressionaram levemente na minha teste, do lado direito. Seu olhar, confuso e sombrio, estava fixo naquela área.

Meu coração batia tão rápido como quando o cara do cabelo gorduroso tinha entrado na casa. “Jax...?”

Seu olhar se moveu para o meu. “Ele bateu em você?”

“Não”. Eu sussurrei.

“Então, o que aconteceu com sua testa? Está vermelha e inchada”. Sua voz era gélida e dura.

“Foi a porta. Quando ele empurrou para abrir. Eu meio que estava parada no caminho”. Raiva surgiu naqueles olhos, e seu maxilar ficou tenso. “Ele realmente não me machucou, Jax. Ele apenas queria pegar o que tinha nessa casa”.

A tensão em seu maxilar não aliviou e um longo momento se passou onde eu não consegui respirar. “Você está bem?”

Nosso olhar se encontrou novamente. “Sim. É só que... me assustou”. Eu não esperava por aquilo. Soava estupido considerando que ele tinha me avisado. “Eu não sabia que aquele tipo de coisa ainda estava na casa”.

“Eu sei”. Sua voz ficou mais baixa, mais suave e quanto mais ele olhava para mim, mais pequenos redemoinhos se formavam em meu peito, o que eram vários avisos para me afastar. “Clyde disse que você contou para ele que o cara achou alguma coisa?”

Eu concordei. “Sim. No andar de cima, no meu antigo quarto. No armário”.

“Merda”. Ele murmurou, claramente enjoado. Seus dedos vagarosamente trilharam a lateral da minha cabeça, então ele se virou, andando pela casa.

Um momento se passou onde eu apenas fiquei ali, parada, uma mão segurando o telefone entre meus seios. Então me forcei a me afastar da parede. Ainda sem saber porque Jax veio no lugar de Clyde, eu o segui. Ele estava no meio da escada, e nenhum de nós falou até que ele estivesse na frente do armário, segurando um pedaço de reboco.

“Você viu exatamente o que ele pegou?” ele perguntou.

“Eram várias sacolas de algo que parecia como açúcar mascavo. Eu acho que não era isso”.

“Merda”, ele murmurou, soando distraído. “Parece como heroína. Pequenos sacos ou grandes?”

Heroína. Deus, minha mãe usava essa merda agora? “O que você quer dizer com pequeno? Como do tamanho de um saco de sanduiche?”

“Não”. Ele tossiu rindo enquanto se levantava, se virando para mim. “Um saco para sanduiche cheio de heroína não seria pouco. Era pequeno?” Ele levantou a mão, afastando seu dedo indicador de seu dedão alguns centímetros. “Que tal assim?”

“Eram vários sacos Ziploc, Jax. Haviam por volta de oito deles e eles estavam cheios”. Meu coração pulou uma batida quando seu rosto ficou branco. “Isso... isso é ruim, certo?”

“O caralho que é”. Ele passou sua mão pelo seu cabelo. “Parece que tinha por volta de um quilo ou mais nesses sacos. E, pelo jeito que você descreveu, parece heroína preta”.

Eu sabia que o quanto era um quilo devido as classes que eu tinha, mas eu não sabia o quanto isso era traduzido para o mundo das drogas. “Preta?”

“Uma mais cara, pelo que eu ouvi falar”.

As paredes começaram a andar, de repente. “Quão cara?”

“Merda. Algo por volta de setenta mil até cem mil pelo quilo”. Ele explicou, inalando profundamente. “Realmente depende do grau de pureza se era coisa de primeira linha ou não. Poderia até valer alguns milhões”.

“Oh meu Deus”. Meus joelhos ficaram fracos. “Como você sabe dessas coisas?”

Seu olhar terminou em mim. “Já estive por aqui algumas vezes”.

“Você usava heroína?”

“Inferno, não”. Ele não explicou. “Me diga como esse cara parecia”. Depois que eu terminei de descrever o cara do cabelo gorduroso, Jax parecia ainda mais tenso. “Duvido que era dele o que ele pegou. E eu não acho que era da Mona, também”.

Meu estômago revirou. “Você acha que ela estava... guardando para alguém?”

Ele concordou. “Vamos apenas rezar que era para esse cara que ela estava segurando. Se não...”

Oh Deus, eu não precisava ser um chefe do tráfico para entender o que ele disse. Se minha mãe estava guardando drogas desse valor, o dono iria, eventualmente, aparecer procurando por isso, e com isso tendo sumido, ela estava além da salvação. Ela estava afundando. Tudo que podia esperar, como Jax tinha dito, era que aquela merda pertencesse ao cara de cabelo gorduroso. Ele parecia saber exatamente o que era.

Enquanto íamos para o andar de baixo, meu telefone tocou em minha mão. Levantando-o, eu vi que era Clyde ligando. “Alô?”

“Você está bem, pequenina?” ele disse em sua voz grossa e profunda.

“Sim”.

“Jax está aí?”

Ele exalou profundamente. “Ele é um bom rapaz. Ele vai te proteger”.

Eu franzi meu nariz, não por causa das palavras do Clyde, mas porque Jax estava no quarto, pegando as coisas que o cara do cabelo gorduroso havia espalhado, o que incluía alguns pares de roupa íntima. “Uh, tio Clyde... eu preciso ir”.

“Eu quis dizer isso, pequenina, ele vai ficar ao seu lado”. Clyde continuou e suas palavras doeram mais ainda em meu peito, fazendo ele inchar, mais ainda que antes. “Você me ouviu?”

“Sim”, eu sussurrei. “Eu ouvi”.

“Bom. Me ligue de manhã. Okay?”

“Vou ligar”. Eu desliguei e, vagarosamente, entrei no quarto, meu coração pulando alguns batimentos em meu peito. Eu parei logo na porta. “Jax, o que está fazendo?”

“O que parece que estou fazendo?” Ele arrumou o colchão. “Eu duvido que essa seja sua idéia de arrumar o quarto”.

“Não, mas eu posso cuidar disso. Você não precisa"

“Eu estou ajudando, então não discuta sobre isso”. Ele se inclinou, pegando o lençol e jogando em minha direção. “E eu vou passar a noite aqui”.

O lençol caiu no chão. “Oque?”

“Eu vou ficar aqui com você”. Ele continuou arrumando o outro lençol no colchão. “Eu posso ficar no sofá”. Seus grossos cílios levantaram, seus olhos voltando a um tom marrom. “Ou eu posso ficar aqui...”

Eu não tinha palavras.

Ele pegou outro lençolda onde estavam jogados e eu apenas fiquei ali enquanto ele terminava de arrumar a cama e voltava a pegar as roupas que estavam espalhadas. Quando ele pegou um punhado de coisas coloridas, sedosas, eu sai do transe.

aqui”. Eu corri para frente, pegando minhas calcinhas de sua mão. “Você não vai ficar

“Então você vai vir ficar comigo”.

Um minuto passou antes que eu conseguisse processar essa informação. “Eu não vou ficar com você”.

“Então eu vou ficar com você, aqui”. Ele começou a pegar o que havia sobradodas minhas roupas no chão enquanto eu enfiava minhas calcinhas em uma gaveta. “Essa casa não é segura, obviamente, especialmente quando você abre a porta para qualquer ladrãozinho"

“Eu não vou abrir a porta de novo!” eu gritei.

Pausando enquanto fechava a gaveta da cômoda, ele se endireitou e, enquanto fazia isso, o canto de seus lábios levantou. “O que você está vestindo?”

“O que?” e olhei para mim mesma. A camiseta era preta, com um sutiã embutido, graças a Deus, porque eu não queria ficar toda ‘livre’, e o shorts de dormir era de um rosa claro. “O que está errado com o que estou vestindo?”

“Nada”. Rindo, ele fechou a gaveta. “Gostei das meias. São fofas. Você é fofa”.

As meias eram xadrez azul e rosa, e elas eram fofas. —Obrigada. Eu murmurei, distraidapelo zumbido prazeroso que invadiu meus pensamentos. O que era ruim. Muito ruim. Mais para muito, muito ruim, porque não deveria haver nenhum zumbido de nenhum tipo. Eu tentei afastar isso. “Você não vai ficar"

“Então você vai para minha casa? Bem melhor”.

Minha testa começou a latejar. “Eu não vou ficar na sua casa”.

Jax se moveu para o pé da cama, perto da montanha de travesseiros. Isso era um costume da minha mãe que nunca mudou. Ela sempre tinha, pelo menos, cinco travesseiros na cama, e eles nunca tinham mais de um mês de idade. “Por que você é sempre tão do contra?”

Eu fiz uma careta para ele. “E, porque você é sempre tão mandão?”

Ele sorriu em minha direção. “Querida, eu não fui mandão ainda.”

“Yay...” eu fiz o gesto dos ‘dedos dançantes’ em sua direção.

Rindo, ele pegou dois travesseiros e rodeou a cama. Suas longas pernas o levaram logo para meu lado e ele parou a apenas alguns centímetros longe. “Você pode dizer que não posso ficar o quanto quiser. Grite. Balance seus dedos pra mim. Que seja. Não vai mudar nada porque eu duvido seriamente que você consiga me tirar desta casa. Você entendeu o que eu disse?”

Eu senti meus olhos arregalarem. Sim, eu entendi o que ele estava dizendo, e eu não gostava, então eu me perguntei se dar um chute em suas bolas ajudaria fazer ele entender o que eu estava dizendo.

Jax abaixou seu queixo, e por fazer isso, seus lábios estavam na mesma distância dos meus. Apesar da irritação que perambulava em minha pele como um exercito de formigas, meu coração pulava em meu peito.“Eu sei, lá no fundo, você entendeu o porque eu estou aqui em vez de Clyde.”

Uh. Na verdade, eu não entendia. Eu queria dizer isso a ele, mas ele continuou.

“Eu quero ter certeza que você está em segurança desde que você vai ficar... bem, muito tempo.” Ele virou um pouco, inclinando sua cabeça no processo. Uma batida se passou e seus olhos alcançaram os meus. “E ficar aqui sozinha não é seguro, então vou deixar aqui seguro para você.”

Um suspiro escapou pelos meus lábios, já afastados. Uma urgência cresciavinda de algum lugar. Meu corpo queria se inclinar no dele. Merda. Essa era uma coisa muito estranha. Nunca tive essa vontade de me apoiar em um cara. Mas eu me sentiria segura por me apoiar nele, ficar perto. Eu sabia que seu corpo seria caloroso, e seria duro em todos os lugares certos.

Oh cara, meus pensamentos estavam indo para o lugar errado" o lugar pervertido" mas eu não conseguia me conter. Jax... ele era lindo de um jeito que parecia impossível, intocável e ele tinha sobrancelhas ótimas. Sério. Mais escuras que seu cabelo ondulado. Naturalmente arqueadas. Penetrantes. Elas eram apenas sobrancelhas, mas eram quentes.

Mas era mais que isso.

Deus todo poderoso, eu poderia cometer um pecado mortal só de pensar, mas ele era como um Cam 2.0.

Porque, peloque eu sabia sobre Jax, ele era legal, realmente real, o que deixava ele extremamente perigoso para minha saúde mental, mas eu imaginava que ficar louca por ele seria uma aventura.

Eu apenas sabia que eu, provavelmente, não me recuperaria de algo assim.

Mas eu podia praticamente sentir seus lábios nos meus. Quando ele me beijou mais cedo, tinha sido para provar um ponto de vista, mas eu podia sentir isso agora.

Algo profundo e quente brilhava em seus olhos, e eu me perguntava se ele sabia no que eu estava pensando. Oh Deus, eu rezava para um pequeno e gordinho bebe Jesus que ele não soubesse. Seus cílios baixaram, e meus lábios tremeram pelo peso de seu olhar.

“Sim, eu acho que você está começando a me entender.” Então ele passou por mim em direção a sala.

“Eu preciso de um adulto,” eu murmurei, vagarosamente virando para ver ele perto do sofá na sala.

“Oh, antes que eu esqueça"“

“Não mude de assunto!” eu bati meu pé e estava orgulhosa disso.

Ele olhou sobre o ombro para mim, sobrancelhas arregaladas. “Você, por acaso, acabou de bater o pé?”

Calor subiu para minhas bochechas enquanto eu respondia. “Talvez.”

Os lábios de Jax se curvaram. “Fofo.”

“Não é fofo! E você não vai ficar aqui. E eu"“

“E você vai me dar uma carona amanhã de manhã quando você voltar parao bar,” ele terminou, parando na frente do sofá.

“Eu não vou te dar...” minha irritação sumiu enquanto eu absorvia suas palavras. “O que?”

“Eu vou precisar de uma carona amanhã,” ele repetiu, deixando cair os travesseiros contra o braço do sofá. “Eu dirigi seu carro até aqui. O para brisas tá consertado.”

Eu fiquei encarando ele por tanto tempo que ele provavelmente pensou que havia algo de errado comigo, então eu passei correndo por ele até a janela ao lado da TV. Eu abri as cortinas e ali estava, meu Focus, estacionado na entrada de carros.

“Deixe-me adivinhar. Sem TV a cabo?” Jax perguntou.

“O que?” eu olhava pela janela, meu coração acelerado.

“A TV? Mona provavelmente não manteve as contas da TV a cabo pagas.” Algo parecendo o som do controle caindo namesinha. “Eu tenho TV a cabo na minha casa. HBO. Starz. Apenas dizendo.”

Havia um nó na minha garganta enquanto eu me virava para ele. “Quanto... quanto eu te devo pelo para brisas?”

“Nada.”

“Eu preciso pagar você por isso. Não é a mesma coisa do que você me comprar comida. Eu não estou tão falida assim. Eu posso pagar"“

“Eu não paguei por ele.” Ele correu seus dedos pelo seu cabelo enquanto me observava. “Como eu disse, o cara" seu nome é Brent" me devia um favor. Ele cuidou do para brisas. Sem custo.”

“Ele te devia um favor?” eu repeti embasbacada. “Você é tipo o que, um gângster?”

Ele jogou sua cabeça para trás e deixou sair uma risada profunda, fazendo minha barriga se revirar. “Não.”

Eu gostava da sua risada.

Me afastando da janela, eu, de repente, senti... eu não sei o que senti. Alívio? Tensão? Surpresa? Pareciam todas essas coisas juntas, mas eu sabia que não podia reclamar de um presente assim. “Obrigada.”

Um ombro levantou. “Não é grande coisa.” “É.”

Um momento passou. “Está cansada?”

Não. Eu estava agitada, ansiosa. Eu sentia como se meus ossos e músculos estivessem saindo pela minha pele, mas eu menti e disse sim, porque eu não queria pensar que poderia ficar mais tempo no mesmo cômodo que ele. Havia uma queimação atrás dos meus olhos que eu precisava controlar.

Seus olhos encontraram os meus por um segundo então, ele se jogou no sofá. Ele não disse nada mais enquanto eu andava para o pequeno armário e pegava outra colcha que eu tinha visto mais cedo. Eu voltei, coloquei ela no braço do sofá, o mais afastado dele.

“Por sinal...” Jax me deu outro meio sorriso que fez meus dedos do pé encolherem dentro das minhas meias enquanto eu me virava em sua direção. “Esses shorts e essas pernas? Maldita perfeição.”

Me virando de costas, eu encarei com olhos arregalados. Os diversos padrões cobrindo as janelas no quarto estavam quebrados, então pequenos vislumbres do luar entravam no quarto.

Eu me virei e me revirei pelo que pareceram horas, sem conseguir desligar meu cérebro. Cada vez que eu me movia, a cama rangia um pouco. Ou, talvez, muito. Soava extremamente alto para mim, mas meu coração palpitava tão alto.

Jax estava deitado no sofá, apenas alguns passos distantes desse quarto. E ele tinha me beijado mais cedo. E tinha arrumado meu para brisas. E ele tinha dito que minhas pernas e meus shorts eram uma maldita perfeição.

Qual era esse seu fascínio com minhas pernas?

Virando de estômago para baixo, eu gemi para o travesseiro. Minhas pernas não deveriam importar. Obviamente, não era importante, mas eu estava cismada no porque ele ficava focando nas minhas pernas. Haviam outras coisas sobre mim, coisas mais notáveis como meu rosto, que chamavam atenção. Não minhas pernas.

Mas ele tinha me beijado e ele estava no cômodo ao lado, aqui, e meus lábios estavam formigando novamente. Meu primeiro beijo" aos vinte e um anos, eu tinha experimentado meu primeiro beijo. Finalmente. E eu nem tinha certeza se era um beijo real.

“Deus,” eu gemi no travesseiro.

Me virei novamente, decidida a não pensar mais sobre Jax, porque era definitivamente sem sentido. Então a próxima coisa que pensei era sobre a heroína. Muita heroína. Heroína que valia, talvez, milhares de centenas de dólares. Quanto será que realmente tinha ali? E se chegasse na rua? Quantas vidas iria infectar e arruinar? Centenas? Milhares?

E eu tinha estado nesta casa" a casa da minha mãe.

Eu apertei meus olhos fechados enquanto ansiedade consumia meu estômago, se espalhando como uma fumaça tóxica. Ela usava essa coisa agora?

Okay. Isso não era uma boa coisa para se pensar, também. Minha mente estava vazia por um momento e, então, começou a focar na escola. O pânico inicial que envolvia como eu iria pagar pelos meus estudos desapareceu de algum modo e eu sabia que eu conseguiria a ajuda financeira. Eles não checavam a linha de crédito, mas isso não concertava tudo. Eu precisava de um emprego como garçonete quanto voltasse, para conseguir dinheiro para pagar minhas contas. E isso era uma merda porque o último semestre da faculdade de enfermagem era extremamente difícil. E terminar a faculdade não concertava todo o resto" a divida, o nome sujo e todo o resto.

Eu não sabia o que iria fazer, e eu não queria pensar mais sobre isso porque eu estava fazendo o melhor que podia. Eu tinha conseguido cinquenta dólares hoje eisso era melhor do que nada.

Cinquenta dólares.

Eu me virei de costas e fiquei nessa posição por cinco minutos. Quando ficou ruim, eu me movi novamente, dessa vez congelando enquanto eu me ajeitava do outro lado, olhando para o banheiro.

As antigas dobradiças na porta gemeram enquanto eram vagarosamente abertas. Eu segurei a respiração. Minhas costas estavam para porta, mas eu sabia que era Jax. Sua presença praticamente sugava todo o oxigênio do cômodo.

O que ele estava fazendo? Será que eu ficar me revirando tinha acordado ele? Provavelmente, desde que a porta do quarto não fechava, deixando meio pé aberto entre a porta e o batente. Algo estava errado com as dobradiças. Eu não queria saber o que e isso não importava.

O piso de madeira rangeu quando ele deu um passo.

Oh meu Deus.

“Calla?” Sua voz não era alta, mas ainda era como um trovão.

Será que eu devia fingir que estava dormindo? Eu apertei meus olhos fechados, pensando que isso era bobagem, mas eu estava tentada a dar uma chance.

“Eu sei que você não está dormindo.”

Merda.

Eu ainda não disse nada porque eu tinha certeza que não conseguiria falar. Uma onda de pequenos arrepios se espalharam pela minha pele enquanto eu vagarosamente abria meus olhos. Triste, porém era a verdade que eu nunca estive na cama com outro cara no mesmo cômodo. Bem, não era inteiramente verdade. Jacob, um colega de classe tinha estado em meu dormitório uma vez, mas não era a mesma coisa de agora.

O chão não rangeu novamente, mas a cama, de repente, afundou devido ao seu peso. Esqueça fingir que estava dormindo. Meu corpo não iria permitir isso. Eu me apoiei em um cotovelo, virando meu pescoço para olhar para trás, meus olhos arregalados. Sob a luz da lua, eu podia ver o topo de suas bochechas e a forma de seu corpo. Isso eramais que o suficiente.

“O que você está fazendo?” Minha voz soou excessivamente alta.

Jax estava apoiando em seu quadril, uma mão na cama ao meu lado. “Você não estava dormindo.”

“Sim eu estava.” Eu era uma péssima mentirosa.

“Eu acho que ouvi você se mexendo nessa cama pela última hora.”

Eu não sabia o que dizer sobre isso, mas meu coração virou uma bateria.

“E eu admito, é bastante distração.” No quarto sombrio, ele se moveu mais para perto, me deixando tensa.

“Me desculpe.” Eu respondi. Sua risada foi profunda e baixa. “Não precisa pedir desculpas. É uma boa distração.”

Depois de mentalmente, repetir o que ele disse, eu ainda não fazia ideia do que isso significava.

“Você normalmente tem todo esse problema para dormir?”

“Huh?”

“Dormir,” ele repetiu e eu conseguia ouvir a surpresa em seu tom de voz. “Você normalmente tem problemas?”

Se eu tinha tantos problemas para lidar com uma conversa? Eu mordi a parte de dentro do meu lábio inferior. “Não até voltar aqui.”

Jax não respondeu por um momento, então disse. “Eu imagino.”

“Mesmo?” Surpresa passando por mim.

“Sim, quando eu voltei para casa" não aqui, mas minha casa, eu tive vários problemas para conseguir dormir e ficava acordado a noite toda. Muita coisa estava acontecendo.” Ele levou uma mão para onde sua cabeça estava.

Senso comum me dizia para dizer a ele para sair da minha cama, ou que pelo menos eu precisava colocar alguma distância entre nós, mas a curiosidade obteve o melhor de mim. “Casa onde?”

Houve outra pausa e ele se moveu novamente" rolou para suas costas, sua cabeça no travesseiro ao meu lado. De costas, ao meu lado, na mesma casa que eu estava! Mas que inferno? Minha língua estava presa no topo da minha boca enquanto meu coração pulava, meu estômago tendo crises de todos os tipos de excitação.

“Eu estava fora do país,” ele disse, e me levou um minuto para lembrar sobre o que ele estava falando.

Meu cérebro tentou entender aquilo e conseguiu responder com apenas uma palavra. “Fora?”

“Por que você não se deita e eu te conto?”

Deitar? Na cama? Com ele? De jeito nenhum. Maneira alguma. Eu estava congelada naquela posição. Não, não e não.

“Vamos lá,” ele disse em uma voz suave, o tipo de tom que fazia coisas estranhas com minhas células nervosas, derretendo-as juntas como se fossem colocadas em um micro-ondas. “Deite-se, Calla. Relaxe.”

Não sei se foi pelo modo que ele disse, mas eu me deitei em cima do meu braço esquerdo e, a próxima coisa que sabia, era que minha bochecha direita estava grudada no travesseiro.

Sua voz era mágica.

“Eu me alistei quanto tinha dezoito, logo que me graduei.” Ele explicou. “Era ou isso ou trabalhar em uma mina de carvão como meu pai e meu irmão mais velho.”

Mina de carvão? Puta merda. “Onde você nasceu?”

A cama se moveu novamente, e eu imaginei que ele tinha se viradopara um dos lados, me olhando. “Oceana, West Virginia.”

“Oceana...” eu sussurrei, encarando a parede do outro lado da cama. “Por que esse nome é familiar?”

Jax riu. “Provavelmente porque seu apelido é Oxyana e fizeram um documentário sobre a cidade. Ela tem um pequeno problema com o analgésico OxyContin porque, provavelmente, metade da cidade toma essa merda.”

Sim, agora sim soava familiar.

“Trabalhar nas minas, é trabalho pesado e alguns acham que paga bem, mas eu não queria essa vida. Não havia muitas opções por lá e eu queria sair da maldita cidade.” Uma brusca rispidez em sua voz fez um calafrio percorrer minha coluna. “Me alistar parecia a única opção.”

“O que... em qual ramo você se alistou?”

“Marinha.”

Wow, marinheiros eram fodas. Eles eram como os chutadores de bunda do exercito. O irmão do meu pai esteve na marinha e eu lembro das historias que ele costumava contar, sobre como o treinamento era difícil. Nem todos se qualificavam para a marinha, mas aparentemente Jax foi, e percebendo o jeito como ele se moveu para ir encarar Mack mais cedo no bar, eu conseguia enxergar o marinheiro nele.

Isso era meio quente.

Uma imagem de Jax de uniforme, o tipo que eu havia visto no armário do meu tio quando era pequena se formou em minha cabeça.

Okay, muito quente.

“Eu me alistei por cinco anos, fiquei pronto para a guerra em dois anos e passei quase três no deserto.” Ele explicou e eu engoli duramente. Trabalho na guerra não era brincadeira. “Quando meu tempo acabou, eu não tinha certeza se queria me alistar novamente. E, quando voltei para casa, eu não conseguia dormir. Eu não sabia o que iria fazer comigo. Não havia nada em casa e ficar ali não era a melhor coisa do mundo, você sabe? É um tipo diferente de vida ali, e isso te muda. As coisas que você tem que fazer. As coisas que você acaba vendo. Algumas noites, eu conseguia dormir apenas por poucas horas. Algumas noites, não dormia nada. Minha cabeça não iria desligar, então passei várias noites sem descansar.”

Eu queria me virar e olhar para ele, mas eu não conseguia me mover. “Você... se realistou?”

“Inferno, não.” Sua resposta foi firme e rápida. “Me senti bem fazendo algo pelo pais e coisa do tipo.”

Algo quente invadiu meu peito, e eu realmente queria ver ele, mas isso demandava esforço e coragem, Então, eu fui para as palavras porque eram tudo que eu conseguia oferecer, e eu queria dar algo a ele. “Eu acho que isso é incrível.”

“O que?”

Calor invadiu meu rosto. “Se alistar na marinha e lutar. Eu acho que é uma coisa honrada, brava e incrível de se fazer.” Trêscoisa que eu não era, e três coisas que eu não poderia dizer honestamente sobre muitas pessoas que eu conhecia, incluindo os caras da Brigada dos Caras Quentes. Bem, com a exceção de Brandon. Ele tinha estado fora do país, também.

Jax não disse nada sobreisso, silêncio se alastrando entre nós, e eu apertei minha mão fechada. “Faz quanto tempo... que você saiu?” eu perguntei.

“Humm, vão fazer dois anos na próxima primavera.” Sua voz soou mais próxima.

Eu rapidamente fiz algumas contas na minha cabeça, finalmente descobrindo a resposta para uma das minhas perguntas. “Então você tem... vinte e quatro?”

“Yep, e você tem realmente vinte e um mesmo que pareça ter dezessete?”

Meus lábios se curvaram. “Eu não pareço ter dezessete.”

“Que seja,” ele murmurou. “Quando é seu aniversário?”

“Em Abril" dia quinze.”

“Não brinca?” uma risada profunda veio dele, me fazendo sorrir ainda mais. “Meu aniversário é dia dezessete de Abril.”

Eu sorri. “Abril é um mês legal.”

“Isso é.”

Enquanto eu me acostumava com sua proximidade, meu corpo relaxou. “Como você terminou aqui?”

“Você conheceu Anders, certo? No Bar?”

“Anders?” eu franzi as sobrancelhas.

“Você provavelmente conhece ele como Reece.”

Oh. “O policial mais novo?”

“Na verdade, ele é o delegado no Condado da Philadelphia. Conheci ele quando me alistei. Ele saiu um antes que eu, mas mantivemos contato,” ele explicou.” Ele sabia que eu odiava estar de volta em casa. Me ofereceu um lugar para passar uns dias. Eu aceitei a oferta e terminei aqui. No começo, eu era umabagunça.”

Mordendo meu lábio, eu encarei a escuridão. “Como isso?”

“Somente uma bagunça,” ele respondeu sem realmente falar nada. “Fui para o Mona’s uma noite, terminei com um trabalho, finalmente consegui meu próprio lugar e aqui estou, deitado na cama com a linda filha da Mona. A vida é fodidamente estranha assim.”

Eu inalei suavemente. Linda filha? “Você... você diz coisas gentis.” Era uma coisa estúpida para se dizer, mas eu estava cansada e meu cérebro não estava funcionando direito.

“Eu falo a verdade.”

Um momento se passou. “Você ainda tem problemas para dormir?”

Não havia resposta para isso, mais silêncio penetrou, e eu sussurrei com um tom preocupado. “Você acha que alguém vai aparecer procurando por aquelas drogas?”

Ele inalou profundamente. “Eu não sei, Calla.”

Eu não acreditava nele. Provavelmente tinha a ver com a dúvida que ele expressou mais cedo sobre o cara do cabelo gorduroso ser o dono de toda aquela porcaria, e honestamente, o cara não parecia como alguém que tinha meios de ter toda aquela droga. “Minha mãe... está com muitos problemas, não?”

Meu coração se virou pesadamente.

“Não é o tipo de problema que você precisa se envolver,” Jax disse firmemente. “E esse é o tipo de problema que você não vai conseguir arrumar dessa vez.”

Deus, isso era uma merda porque eu sabia que era verdade, mas ainda não entendia como ele descobriu que eu passei os últimos anos concertando os problemas da minha mãe. Era como se isso fosse um trabalho de meio período.

“Okay,” eu sussurrei porque eu nãosabia o que mais poderia dizer.

Enquanto eu ficava deitada ali, tentando engolir tudo, bocejando indiscretamente, eu lembrei de algo que ele tinha dito quando nos conhecemos, sobre a vida ser muito curta. Eu imaginei que ele tinha experiência própria com isso, e agora entendia o porque. Podia entender isso, mas ainda havia algo que precisava saber.

“Por que?” eu perguntei.

Passou um segundo. “Por que o que?”

Jax soava cansado, e eu deveria calar a boca ou dizer que agora eu estava cansada e poderia dormir,para que ele pudesse sair. Mas eu não queria. “Por que você está aqui? Você não me conhece e...” eu interrompi, porque não tinha certeza se tinha algo mais que precisava ser dito.

Um minuto se passou e ele ainda não tinha respondido minha pergunta e, quando eu pensei que outro minuto passaria, e eu estava OK com ele não respondendo por que, talvez, nem ele soubesse. Ou, talvez, ele estava apenas entediado e por isso estava aqui.

Mas, então, ele se moveu.

Jax se pressionou contra minhas costas, e minha próxima respiração ficou presa na minha garganta. Meus olhos se arregalaram. O lençol e a colcha estavam entre nós, mas parecia não haver nada.

“O que você está fazendo?” eu perguntei.

“Ficando mais confortável.” Ele colocou um braço sobre minha cintura e meu corpo todo tremeu contra o seu. “É hora de dormir, eu acho.”

“Mas...”

“Você não pode dormir enquanto fala.” Ele apontou.

“Você não precisa ficar tão em cima de mim.” Eu apontei.

Sua risada em resposta atiçou o cabelo no meu pescoço. “Querida, eu não estou em cima de você.”

Eu realmente implorava para discordar dessa frase. Eu comecei a tentar me afastar, mas o braço em volta da minha cintura apertou, me segurando no lugar.

“Você não vai a lugar algum,” ele anunciou, casualmente, como se ele estivesse me segurando prisioneira na cama.

Okay. Toda essa coisa de prisioneira poderia ser meio melodramática, mas ele não estava me soltando. Nem quando ele estava ficando confortável de todos os jeitos atrás de mim.

Oh meu Deus, eu estava de conchinha. Totalmente de conchinha. Eu estava de conchinha com um membro honorário da Brigada dos Caras Quentes. Será que eu tinha acordado em um universo paralelo?

“Durma,” ele demandou, como se uma palavra carregasse tanto poder. “Vá dormir, Calla.” Dessa vez sua voz estavamais suave, calma.

“Sim, não funciona desse jeito, Jax. Você pode ter uma boa voz, mas ela não tem o poder de me fazer dormir ao seu comando.”

Ele riu.

Eu revirei meus olhos, mas a parte mais ridícula era o fato que depois de uns minutos, meus olhos estavam fechados. Eu... eu realmente me aconcheguei nele. Com sua frente pressionada contra minhas costas, suas longas pernas acomodando as minhas e seu braço em volta da minha cintura, eu realmente me sentia segura. Mais que isso, eu sentia outra coisa algo que eu não sentia há anos.

Eu me senti cuidada... querida.

O que era o cúmulo da burrice, porque eu mal conhecia ele, mas me sentia assim, reconhecendo o calor e a conforto que ele trazia, e eu cai direto no sono.

This article is from: