24 minute read
Capítulo Dez
Estava quente e tão aconchegante quando eu acordei, e eu não queria sair da cama. Eu estava nesse casulo de cobertas e eu queria me enterrar e aconchegar contra"
Meus olhos arregalaram. Todo o estupor desapareceu e eu acordei.
Eu não estava sozinha.
Oh, inferno que não, eu estava tãonão sozinha na cama e eu sabia que não tinha ido dormir sozinha, mas se eu lembrava corretamente, eu não tinha adormecido com a minha bochecha contra um peitoral masculino. O que era realmente estranho, porque eu era uma dessas pessoas que uma vez que dormisse, não me mexia a noite toda, então isso... isso era estranho e eu não me responsabilizava pela minha posição.
Oh meu bem Deus, cada musculo no meu peito ficou tenso e eu estava totalmente consciente de como eu estava dormindo.
Minha bochecha não era aúnica coisa em cima de Jax. Meu ombro e meus peitos estavam apertados contra sua lateral, do tipo que não havia nem um centímetro de espaço entre nós. Meu braço esquerdo estava jogado em cima do seu estômago e a cada respiração dele, eu podia sentir a dureza de seu abdômen. Ele ainda estava de camiseta, ainda bem, porque eu provavelmente começaria a pegar fogo se ele não estivesse. Uma de suas pernas estava jogada entre as minhas, pressionadas contra uma área que, provavelmente, não queria ter nada mais do que tudo pressionando contra ele. Nossas pernas estavam, literalmente, entrelaçadas.
Jax se moveu um pouco, fazendo com que suas pernas se movessem para entre as minhas. Eu mordi meu lábio enquanto meu estômago se apertava e uma onda de arrepios percorriaminha coluna. Sua respiração não tinha mudado, ainda profunda e ritmada, mas a mão que estava no meu quadril começou a se mover.
Um tremor seguia a sua mão e meu peito levantou bruscamente contra a lateral do seu corpo. Sua mão foi mais pra baixo.
Jax apalpou minha bunda.
Totalmente, de mão cheia, apalpando minha bunda.
Puta merda com canivetes caindo do céu.
Eu deveria ter ficado brava por ele estar me apalpando enquanto dormia, mas não era isso que eu estava sentindo. Um calor invadiu meu corpo, afundando por baixo da pele e músculos, se espalhando por cada célula. Algumas partes do meu corpo começou a latejar. Minha respiração ficou curta e profunda enquanto meu quadril se moveu contra sua coxa. A sensação intensificou, correndo por mim como lava derretida. O latejo entre minhas pernas ficou mais forte.
Isso era ruim, porque não era justo. Não havia razão para me permitir ficar tão excitada quando nada nunca sairia disso, então eu precisava sair dessa cama. Pânico me percorria como uma tempestade, misturado com uma excitação invasiva.
Me afastando um pouco, eu comecei a me levantar, mas não consegui ir muito longe. A mão, que estava longe de mim, se moveu para meu estômago enquanto seu braço me segurava ainda mais apertado nas minhas costas.
“Onde você vai?” Sua voz era rouca, com sono.
Meu olhar mudou para ele. Seus olhos estavam pesados, seus lábios afastados. Uma sombra escura cobria seu maxilar, adicionada ao seu estilo bagunçado.
Ele virou sua cabeça para o lado, olhando para o relógio na cômoda. Umgemido saiu dele. “É muito cedo. Volte a dormir.”
Muito cedo? Eram quase nove horas da manhã! Claro, trabalhar em um bar fazia que seu sentido de cedo e tarde mudasse um pouco.
Quando eu não me movi, Jax me puxou para baixo para que eu estivesse espalhada em cima dele mais um vez.
“Jax"“
“Durma,” ele grunhiu.
“Eu não"“
“Hora de dormir.”
Mas que porra? Eu consegui me afastar o suficiente para colocar uma mão entre nós. Eu empurrei enquanto me levantava. “Eu não vou voltar a dormir e eu não acho que isso é apropriado. Eu preciso...” eu parei enquanto eu o encarava.
Oh wow.
A cabeça de Jax estava inclinada para trás, expondo seu longo pescoço e pedaços de dentes brancos que estavam mordendo seu lábio inferior. O olhar em seu rosto, como se ele estivesse se segurando para não fazer algo sujo era engraçado, e me confundia.
E, então, eu percebi o por que.
Eu tinha colocado minha mão em seu estômago, bem baixo em seu estômago e minha coxa estava agora pressionando entre suas pernas. “Oh Deus,” eu sussurrei, sentindo meu rosto esquentar enquanto eu movia minha mão.
Jax se moveu como um raio, pegando meu pulso na sua mão. “Você, provavelmente, devia ter voltado a dormir.”
Meu coração pulava em meu peito. Sim, literalmente pulando.
Ele rolou e, antes que eu pudesse respirar de novo, eu estava de costas e ele estava sobre mim, uma mão ainda segurando meu pulso e a outra apoiada na cama ao lado da minha cabeça, seu braço baixo, curvado no colchão.
“O que você está fazendo?”
Sem responder imediatamente, seu calorosos olhoscastanhos viajaram pelo meu rosto" meu rosto" antes de se fixar em minha boca. “Você sabe o que eles dizem sobre homens de manhã?”
“O que?”
Um lado de seus lábios se curvou para cima e foi então que eu entendi, meu rosto ficando quente. Um profundo e rouco gemido saiu dele. “Eu estou feliz que não voltei a dormir. Isso é muito mais interessante.”
Meu cérebro esvaziou.
A mão em volta do meu pulso deslizou pelo meu braço, parando em meu cotovelo, onde ele estava apoiado na lateral da minha barriga. “Você sabe o que mais eu acho interessante?”
“O que?” Por que eu estava perguntando? Por que importava? Sua cabeça abaixou até que eu senti seu nariz passar no meu, e eu fiquei tensa. “É interessante o quanto eu gostei de ter acordado com minha mão em sua bunda e minha perna entre as suas.”
“Você estava acordado!”
Ele sorriu. “Talvez.”
Usando meu outro braço, eu empurrei minha mão contra seu peito. “Saia18.”
“Bem que eu gostaria.”
Meu olhos se estreitaram com irritação. “Sim, não é disso que eu estou falando, seuidiota.”
Não convencido, ele moveu seu dedão em leves círculos pela parte de dentro do meu cotovelo. Aquele pequeno, quase inconsciente, toque mandou calafrios por mim. Um segundo eu estava prestes a dar uma joelhada em suas bolas e no outro eu estava pensando em coisas mais prazerosas envolvendo bolas.
“O que você está fazendo?” eu perguntei novamente, meus batimentos acelerando, até pulsar.
Seu peito expandiu, encostando no meu, e meus dedos do pé se curvaram em resposta. “Fazendo algo melhor do que dormir.”
Essa não foi realmente uma resposta.
Jax baixou sua cabeça e a ponta de seu nariz acariciou minha bochecha direita. “Eu gosto de você.”
Meu coração parou, flutuando e fazendo cambalhotas. “O que?”
18 No caso, ela fala ‘get off’ que pode ser traduzido como ‘se alivie’
“Eu gosto de você,” ele repetiu, seu tom de voz baixando para um sussurro que deslizou sob minha pele.
“Você nem me conhece,” eu apontei pelo que pareceu a centésima vez naquele curto período que eu conhecia ele.
“O que eu conheço sobre você, eu gosto.”
Resposta perfeita. Realmente foi. Eu engoli forte. “Mas"
“Não pense muito, querida. A vida é curta demais para essa merda,” ele disse, seus lábios acariciando minha pele. Cada musculo ficou tenso de um modo mais gostoso enquanto seu dedão ainda estava fazendo movimentos circulares, ainda fazendo seu caminho delicioso. “Eu gosto de você. Isso é tudo.”
“Mas você não pode.” As palavras meio que saíram de mim.
Seus lábios pararam contra minha bochecha e, então, ele levantou sua cabeça. Nossos olhares colidiram e eu queria desviar, mas não podia. “Eu posso.”
Então, Jax se abaixou e todo o ar do mundo foi sugado deste quarto. Seu peso... eu nunca senti nada assim antes. Ele era pesado, mas era bom, e seu quadril estava entre minhas pernas e...
Santa mãezinha, não havia dúvidas do que eu senti pressionado contra mim.
fogo. “Entendeu?” ele perguntou em uma voz profunda que fez minha calcinha pegar
Eu não entendia isso.
Jax gostava de mim e ele só me conhecia háalguns dias. Isso não fazia sentido. Se eu tivesse a aparência da Avery ou da Teresa, eu poderia entender. Elas eram maravilhosas de seu jeito único, praticamente impecáveis. Elas tinham membros da Brigada dos Caras Quentes ao seu lado. E eu era Calla, Calla cuja maquiagem, minha Dermablend, tinha derretido do meu rosto, deixando a cicatriz mais visível. Eu não era como a Miss Personalidade Brilhante e Maravilhosa também. Inferno, pelo que Jax sabia, uma pedra poderia ser mais inteligente que eu.
Então eu não entendia e eu disse a ele.
“Eu gosto de você, Calla. Sim, eu só te conheço há alguns dias. Mas você me fez rir,” ele disse, seu olhar nunca deixando o meu. “Eu presumi que você é legal e doce quando quer ser. Eu acho que você é extremamente fofa e que você me deixa duro.”
Whoa. Ele realmente acabou de dizer isso?
“Você me deixou duro algumas vezes nessas últimas setenta e tantas horas e eu tenho que assumir que não é uma coisa ruim,” ele continuou. “Eu quero te foder, e tudo que eu preciso para fazer isso com você, é gostar de você. Não é assim tão difícil de ir do ponto A para o C nesse sentido, querida.”
Duplo Whoa.
Ele foi direto ao ponto e não enrolou nada sobre isso, e eu achei que era algo refrescantemente... quente sobre isso, o que provavelmente indicava que tinha algo de errado comigo. Ou era a falta de experiência quando se tratava de caras dizendo o que eles queriam para ficar todo chick-a-bow-wow comigo.
De ambos os jeitos? Meeeeeeeeeeeeeeerda.
Entendendo como aceitação meu silêncio embasbacado, ele abaixou sua cabeça novamente, e eu não surtei dessa vez. Ele me queria, e eu honestamente não sabia o que isso significava até... até agora, e eu estava consumida pelo calor que percorria meu corpo. Eu esqueci sobre o fato que a maior parte da minha maquiagem deve ter saído durante a noite. Meus olhos se fecharam e meus dedos do pé se curvaram mais uma vez. Ele iria me beijar, e eu não iria parar ele. Talvez, dessa vez, houvesse língua. Eu estava realmente interessada em explorar isso.
Jax não me beijou.
Não em meus lábios pelo menos. Sua boca foi para a esquerda e, no último segundo, passou sobre meus lábios para minha bochecha esquerda. Ele beijou a cicatriz.
Ele beijou minha maldita cicatriz.
Emoção violenta e energética me percorreu. Uma mistura de milhares de pensamentos e sentimentos fodidos. Beleza. Medo. Pânico. Luxúria. Gélido. Calor. Refusa. Confusão. Eu sentia tudo isso e muito mais.
Eu bati minha mão em seu peito. “Saia.”
Ele congelou. “O que?”
“Por favor.”
Jax saiu. Meu tom de voz deve ter ajudado, porque ele rolou de cima de mim, e eu rolei para fora da cama, me levantando. Eu me afastei até que bati no canto da cômoda, mandando uma rajada de dor pelo meu quadril.
Ele se sentou e se moveu sobre a cama, ambas as mãos no colchão. “Calla, querida, você está com medo de mim?”
“Não. Sim. Quero dizer, não. Eu não tenho medo de você.” Eu apertei meus olhos fechados por um segundo. “Não desse jeito.”
“De qual jeito então?”
Nós nunca iriamos transar.
Aí. Eu nunca diria isso em voz alta, mas ai estava. Eu nunca iria ficar nua com ele. Eu nunca iria ficar tão próxima.
Deus, isso soava tão broxante quanto realmente era, mas isso com Jax estar na cama, enrolados juntos e querendo um ao outro era normal. E eu não entendia esse tipo de normal, não com umcara como Jax. Não quando ele superou a cicatriz no meu rosto, mas não tinha visto ou sentido o resto de mim.
Isso não era sobre ter baixa autoestima, não ter experiência, ou fraca ou estar muito nervosa sobre ficar nua porque eu precisava perder alguns quilos. Meu corpo estava quebrado. Não havia nada de atraente sobre isso.
Inalando várias vezes, eu forcei a queimação em meus olhos de volta para minha garganta. “É isso que eu sou. Okay. Então isso não vai acontecer.”
Sua sobrancelha levantou.
Merda, ele tinha boas sobrancelhas.
Eu estava distraída novamente. “Quero dizer, você é realmente quente. Não me leve a mal. E eu tenho certeza que você sabe disso, porque não tem como você não saber.”
O canto de seus lábios começou a levantar.
Deus, eu precisava calar a boca. “E eu estou lisonjeada que você... hum, que você gosta de mim, mas isso... isso não pode acontecer. Okay? Não tem outro modo. Eu não sou seu tipo de mulher.”
“Como você sabe meu tipo de mulher?” ele perguntou, soando genuinamente
curioso.
Eu quase revirei meus olhos. “Eu sei. Acredite em mim. E isso está bem. Você é legal e eu aprecio tudo que você fez por mim e o que ainda está fazendo, mas isso... isso não vai acontecer. Tudo bem? Você entendeu isso?”
Ele me encarou por um momento, parecendoque ele queria ignorar o problema, até que ele concordou vagarosamente.
“Entendi.” Jax disse.
Então, ele sorriu.
Eu não acho que ele realmente entendeu.
Jax vivia mais perto do bar, em um conjunto de casas limpas e bem mantidas, nem mesmo a alguns quilômetros fora da cidade. Eu não tinha entrado quanto o deixei e não tinha me demorado quando ele voltou para o carro. Ter acordado do jeito que estávamos e tendo meu ataque me deixou apreensiva por um bom tempo.
Tempo onde eu consegui dar sentido ao que Jax queria e como ele queria. Não deveria importar. Nunca seria, mas Jax era extremamente lindo. Ele não deveria machucar quando as meninas vinham correndo para ter uma chance na cama com ele. Devia haver vários motivos para eu não querer estar nem perto do topo da sua lista de ‘a fazeres’
Deus, não havia tempo suficiente para que eu conseguisse entender isso.
Na verdade, eu não tinha ido para o bar quando eu deixei Jax. Nesse dia eu iria trabalhar no mesmo turno que ele, então não precisaria estar lá até de tarde, então eu peguei algumas coisas no mercado que faziam parecer que eu estava de dieta e voltei para a casa. Durante o dia, eu não estava tão preocupada com drogados ou pessoas loucas por drogas, o que, provavelmente, era estupido porque eles não eram um tipo de vampiros que só saiam à noite.
As coisas só eram mais aterrorizantes a noite e, depois do meu turno de Sexta e depois de ter feito gorjetas decentes, eu teria enrolado para voltar para casa se não estivesse tão cansada. Eu fiquei enquanto Jax me mostrava como fechar o bar, incluindo como fechar e contabilizar o caixa.
Durante todo aquele turno ele agiu como se nada tivesse acontecido nessa manhã, como se tudo estivesse normal. Ou, pelo menos, o que eu pensava que era normal com ele. Ele jogava seu charme e flertava. Pela segunda noite consecutiva, ele fez questão de amarrar meu avental quando eu fui trabalhar no salão, suas mãos passando em meu quadril, me fazendo corar, mas era só isso.
Eu tinha acabado de chegar no meu carro quando ouvi meu nome sendo chamado. Eu me virei, sentindo meu coração pular quando vi Jax.
“Estarei logo atrás de você,” ele disse, parando ao lado de sua caminhonete.
Minhas sobrancelhas franziram. “Para que?”
Ele pegou suas chaves do bolso. “Ir para sua casa, babe.”
Eu fiqueiencarando ele, pensando que minhas orelhas provavelmente falharam. “Você não vai para minha casa.”
E isso começou uma discussão sobre ele ir ou não que durou bons trinta minutos e eu terminei desistindo, porque eu estava bocejando mais do que falando.
Então Jax me seguiu para minha casa.
Ele até trouxe uma muda de roupa com ele, pelo amor de Deus —uma maldita muda de roupa.
Quando entramos em casa, eu tentei ignorar ele enquanto me fazia uma xícara de chá, mas parecia rude não fazer ou, no mínimo, oferecer uma a ele desde que ele estava plantado no sofá sendo meu segurança pessoal.
“Obrigado.” Ele disse enquanto eu colocava uma caneca na mesa de café.
Cansada e nervosa, eu achava difícil conseguir olhar para ele enquanto tomava um gole da minha. “Eunão sabia se você preferia açúcar ou mel, então não coloquei muito de ambos.” Pela lateral do olho, ele pareceu pegar a caneca e tomar um gole. “Se quiser essas coisas, estão na cozinha.”
“Está perfeito” Então houve uma pequena pausa. “Você foi ao mercado.”
“Sim.” Eu ficava trocando meu peso do corpo no pé.
“Por que você não senta comigo um pouco?”
Um balão se formou em meu estômago. “Eu estou realmente cansada.”
“Não está acostumada a esses turnos, né?”
Meu olhar vagou para ele, e vi um livro em seu colo.Ele lia? Oh meu Deus, homens que leem são como unicórnios. Eles só existem em contos de fadas. Eu queria perguntar a ele o que ele estava lendo, mas não o fiz. Tudo que fiz foi concordar.
Parte de mim tinha esperado que ele resistisse, que jogasse seu charme, mas tudo que ele fez foi se encostar e deitar no sofá. “Te vejo de manhã, babe.”
E eu fiquei congelada ali por um segundo, desapontada, até que me forcei para o quarto, onde a porta não fechava. Depois que me limpei e me troquei, cansada demais para um banho, eu cai no sono em minutos e acordei com Jax fazendo os ovos e o bacon que eu tinha comprado.
A noite de Sábado foi uma reprise da de Sexta, com a exceção de conhecer Nick pela primeira vez. Desde minha teoria sobre caras quentes tinham que andar juntos, não fiquei surpresa quando eu vi o alto bartender de cabelo escuro e olhos verdes que poderia estrelar o calendário de Bartenders Quentes que eu realmente precisava criar. O tipo de dinheiro que eu poderia conseguir apenas com fotos dele e de Jax...
Nick era diferente de Jax, muito mais quieto, mais reservado. Quando nos conhecemos, ele me encarou por um longo momento até que senti minhas bochechas ficarem quentes. Havia essa estranha expressão em seu rosto, um reconhecimento em seu olhar que eu não entendia e me perguntei se ele era dessa região. Mas, então, ele disse ‘oi’ e seguiu em frente. Nós podemos até ter trocado algumas palavras naquele turno. Não é que ele parecia ser rude. Mais como o tipo de cara que não queria falar até que tivesse realmente algo para dizer. Ele era do tipo interessante.
Como na noite anterior, eu fechei o bar e Jax me seguiu para minha casa. Era meio estranho pensar que ele ou alguém sentia a necessidade de estar aqui pelo que poderia acontecer, então eu tentei não me focar nisso.
Naquela noite quando fiz chá, eu não fui direto para o quarto. Eu tinha ficado na sala e finalmente sentei no braço do sofá. O livro estava em seu colo novamente.
“O que você está lendo?” eu perguntei, já que não tinha feito isso na noite anterior.
“O Último Sobrevivente19.”
Minhas sobrancelhas levantaram. “Uh...?”
Ele me deu um meio sorriso. “É uma história verídica sobre um SEAL da marinha, Marcus Luttrell e sua missão que falhou. Não é uma história feliz, mas é boa.”
“Então você só lê não-ficção?” Curiosidade iria matar Calla, mas eu não consegui me impedir.
“Nah. Eu gosto de David Baldacci, John Grisham e até um pouco de Dean Koontz e Stephen King.” Ele desviou o olhar enquanto apoiava sua cabeça no encosto do sofá enquanto eu começava a perceber um padrão ali. “Eu não li muito no ensino médio, mas estando fora do país, haviam períodos onde não tinha muito o que se fazer. Ter algo para ler ajudava a não endoidar pelo tédio e...”
“E?” eu perguntei quando ele não terminou.
19 O Último Sobrevivente por Patrick Robinson e Marcus Luttrell. Sinopse: Eles foram enviados ao Afeganistão para capturar ou eliminar um líder da al Qaeda. Eles são os soldados mais bem treinados dos EUA. Eles são SEALs. Mas apenas um deles voltou. O único sobrevivente é o testemunho emocionante de Marcus Luttrell, combatente de elite da Marinha dos EUA que enfrentou as montanhas repletas de terroristas e perdeu toda a sua equipe. O estilo apaixonante dos autores faz deste livro um dos relatos de guerra mais impressionantes da história contemporânea.
Jax não respondeu e eu não precisava de muita imaginação para descobrir o que mais que a leitura ajudava além do tédio. Eu pensei sobre seu passado" um militar. Isso explicava o porque dele ser tão protetor, mas ainda haviam coisas melhores que ele poderia estar fazendo em um sábado a noite, porque ele não estaria fazendo nada comigo.
Eu quero te foder.
Um calor quase sufocante se infiltrou em minha pele enquanto as palavras se repetiam em meus pensamentos. Meu olhar vagou pela sala mal decorada antes de terminar em Jax. Ele estava me observando com um olhar que eu não conseguia decifrar. Havia esse borbulhar de medo que ele finalmente iria falar sobre o que aconteceu entre nós naquela manhã.
Eu não hesitei. Eu me levantei. “Você sabe, você não tem que ficar...”
“Não comece,” ele respondeu, abrindo seu livro. Ele havia terminado de falar
comigo.
Eu fui para meu quarto logo depois, descansando minha cabeça no travesseiro, meus olhos na direção da porta do quarto. Eu tinha adormecido rapidamente e, de manhã, Jax não tinha feito o cafée ele tinha saído bem cedo.
Tendo o domingo de folga, eu pude conversar com Teresa e isso foi ótimo. Eu realmente sentia falta dela e de Jase e de como eles eram um com o outro. Eles estavam indo para a praia e eu sabia que Teresa estava animada do mesmo jeito que ela estava nervosa. Era a primeira viagem deles como um casal. Eu nunca tive essa experiência, mas eu podia entender que ela estava nervosa.
“Então, você realmente vai ficar aí o verão todo?” Teresa perguntou, surpresa fazendo sua voz afinar.
Eu concordei, como uma idiota, porque ela não poderia me ver. “Sim.”
“Você nunca falou sobre sua família...” A voz de Teresa cortou, mas o que ficou sem falar era obvio.
Eu nunca falei sobre minha família por vários motivos, então ela tinha ficado confusa pela minha vontade de passar meu verão com eles, mesmo que na verdade eles não existissem. “Pensei que você faria algo diferente nesse verão.”
“Mas você normalmente tem aula,” ela disse, e eu ouvi uma porta fechar ao fundo do lado dela, seguido por uma voz masculina profunda. Grande e quente, Jase.
“Sim, eu sei, mas eu tenho trabalhado como bartender e conseguido um pouco de dinheiro"“
“Bartender? Eu não sabia que você conseguia preparar bebidas.”
Eu gemi. “Bem...”
Houve uns sons pelo telefone e, então “Se acalme, Jase. Deus, meus lábios ainda vão estar aqui daqui a cinco minutos, como o resto do meu corpo.”
Oh deus. “Uh, você pode ir.”
“Não.” Sua resposta foi imediata. “Jase pode esperar.” Houve uma risada profunda ao fundo, meus lábios se curvando em resposta. Então, Teresa disse, “Eu sinto como minha vida toda fosse uma mentira.”
“O que?” Eu pisquei e olhei pela janela da frente.
“Você. Nós. Nossa vida junta. Tem tanto que eu não sei sobre você.”
Eu ri. “Não há muito para saber.”
“Você é bartender. Eu não sabia disso.” Houve uma pausa. “Quando Jase e eu voltarmos da praia, talvez podemos ir te visitar.”
Meus olhos arregalaram. Isso não foi uma pergunta, mais como uma observação, e eu tinha certeza que seria uma má ideia, mas não era como se eu pudesse dizer não. Isso seria rude, então balbuciei um okay e sai do telefone, já que Jase parecia precisar da boca dela e de outras partes do seu corpo.
Eu quero te foder.
Oh cara, eu realmente precisava parar de pensar sobre isso.
Eu tive cinco minutos para entrar em pânico sobre a possível visita dos meus amigos algum dia no futuro antes que o Tio Clyde aparecesse do nada. Eu o encontrei na porta.
“O que tem na sua lista hoje, menininha?” ele perguntou, entrando na casa, usando uma camiseta do Philadelphia Eagles que, mesmo para seu tamanho, parecia ser dois números maior.
“Hum...” eu olhei ao redor. Eu não tinha muito na minha lista.
Clyde me deu um pequeno sorriso. “Vamos pelo começo, menininha. Temos que vasculhar essa casa, de ponta a ponta, e ter certeza quenão tem mais nenhuma porcaria aqui.”
Oh.
Essa era uma ideia incrível. Clyde e eu fuçamos a casa toda a maior parte do domingo. Fuçando no sentido de procurar mais buracos escondidos cheios de drogas. Era uma coisa estranha para se fazer, mas eu amava ter Clyde por perto e foi meio que um momento de reconciliação. Como se estivéssemos refazendo nossa história, juntos, tendo que lidar com a minha mãe. E Clyde e eu tínhamos sidos os únicos a lidar com ela a maior parte da minha vida. Era meio triste, mas era familiar e, nesse momento, familiar era uma coisa boa.
Nós não encontramos mais drogas, graças a Deus por isso, e ele terminou indo ao mercado antes de escurecer e voltando com os ingredientes para fazer tacos.
Tacos.
Enquanto Clyde colocava a carne de hambúrguer no balcão e pegava uma frigideira no armário, eu o encarava da porta, meus lábios tremendo e minhas mãos pressionadas juntas em meu peito.
Clyde já foi casado. Eu mal lembrava de Nettie, sua esposa, porque ela faleceu inesperadamente de um aneurisma quando eu tinha seis anos e isso foi há muito tempo. Já se passaram quinze anos e Clyde nunca se casou novamente. Eu nem tinha certeza se ele namorava. Ele tinha amado Nettie e, algumas noites, quando eu ainda morava aqui, ele me contava sobre ela.
Mas eu nunca achei que ele superou essa perda.
Mas umas das coisas que eu lembrava que ele costumava contar era sobre seu ritual de domingo com Nettie — fazer tacos do zero. Pimentões vermelhos e verdes, salpicados de cebola e cobertos com queijo derretido ealface picada.
Também tinha virado nosso ritual de domingo a noite, para Clyde e eu, e nas vezes que minha mãe estava por perto e com a cabeça boa, ela tinha feito parte.
Eu sorri enquanto o observava descarregar as sacolas. Isso era tão familiar, e eu tinha sentido falta disso. Tinha sentido falta de ter alguém com que me sentisse parte da família, mesmo que não fossemos do mesmo sangue.
Nesse momento, algo cresceu em meu peito. Eu não entendia mas, de repente, eu não estava confortável. Não pelo que estava acontecendo agora, mas pelo que aconteceu nos últimos anos.
Lágrimas queimavam o fundo dos meus olhos. Eu não sabia o porque. Era estupido. Eu estava de volta a pensar sobre tudo sendo estupido.
Clyde tirou um pé de alface. “Você sabe o que fazer, menininha, então traga sua bunda aqui e comece a picar.”
Eu me arrastei para o balcão, engolindo as lágrimas. Não vou chorar. Não vou perder o controle. Minhas bochechas estavam úmidas.
“Eu não peguei aquela mistura de queijos mexicanos. Nós vamos fazer isso... Aw, menininha.” Clyde abaixou um bloco de queijo e virou seu grande corpo na minha direção. “Qual o motivo dessas lágrimas?” ele perguntou.
Levantando meu ombro, eu limpei minhas bochechas e me virei. “Não sei.” “É sobre sua mãe?” Aquelas grandes mãos eram gentis contra meu rosto, calos dos vários anos de trabalho limpando as lágrimas. “Ou isso é sobre os meninos? Kevin e Tommy?”
Eu engoli forte. Eu nunca pensava sobre eles ou sobre aquela noite onde o mundo todo queimou em chamas laranjas e vermelhas. Não queria ser fria ou não me importar, mas era difícil demais pensar sobre eles, porque eu mal conseguia me lembrar como eles eram, mas eu me lembrava de seus caixões, especialmente o do Tommy. Então eu me recusava a pensar sobre seus nomes, mas eles ficavam voltando de novo e de novo.
“Ou é sobre tudo?” ele perguntou gentilmente.
Deus, Clyde me conhecia. Apertando meus olhos fechados, eu concordei. “Tudo.”
“Menininha,” ele murmurou contra o topo da minha cabeça depois que ele me puxou contra si, me envolvendo em um de seus abraços de urso. “Tudo parece ser tão grande agora, mas não é. Você já passou pelo pior, menininha.”
“Eu sei,” eu concordei. Eu soluçava enquanto lutava para segurar minha emoção. “è só que... isso é tão familiar. Nós fizemos isso por anos e eu nunca pensei que faríamos novamente. Ou que eu estaria aqui trabalhando no Mona’s. Eu iria ser uma enfermeira. Eu tinha tudo planejado.” E nada disso incluia um cara como Jax ou fazer tacos com Tio Clyde, mas eu não queria compartilhar isso. “Eu não tenho mais nada planejado agora.”
Clyde deu uns tapinhas nas minhas costas como um bebe que precisava arrotar, mas eu amei. “Calla, menina, você é tantas coisas, tantas coisas lindas enroladas em uma pessoa só. Você é forte. Você tem sua cabeça sobre seus ombros. Você ainda vai ser uma enfermeira. Isso aqui não vai ser sua vida. Você ainda tem tudo planejado.”
Eu concordei, mas ele tinha entendido errado. A minha histeria não era pelo desapontamento que minha vida tinha se tornado, ou por causa daquela noite infernal. Não que eu não preferiria algumas partes, como a da heroína ou minha mãe estar desaparecida, mas para diferenciar, eu não estava chorando por causa disso.
Essa não era a razão das minhas lágrimas. Eu estava chorando porque tudo isso era familiar e a familiaridade disso me fazia feliz.