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Capítulo Vinte e Cinco
Sequestrada!
Eu estava sendo sequestrada!
Isso não acontecia na vida real. Talvez nos livros e nos filmes, mas não com pessoas reais.
Mas estava acontecendo a não ser que eu estivesse alucinando. Meu coração estava rápido demais enquanto eu era levada para a lateral do Mona’s, em direção ao estacionamento, onde era cheio de árvores, onde tinha galpões vazios e onde, provavelmente, as pessoas eram levadas para morrer.
A mão que estava em meu braço era áspera, cortando minha pele, e eu não sentia mais o que suspeitava ser uma arma pressionada contra as minhas costas. Minhas pernas estavam tremendo tanto que eu estava surpresa que ainda podia andar ou até ficar de pé, até que vi a SUV escura, parada pertodas lixeiras, com o motor ligado.
A janela abaixou do lado do motorista e uma voz profunda e grossa disse “Se apresse Mo.”
Oh meu Deus, havia dois homens e haviam boas chances que eu fosse terminar como Rooster.
Cada mulher no mundo foi ensinada e nunca deixar que o sequestrador te levasse a qualquer lugar. Que o risco em lutar e consegui um furo no corpo era maior do que ser deixada levar.
Perceber que eu tinha esquecido isso, algo que aprendi a anos atrás, me tirou do
choque.
Eu me movi para frente, pegando meu sequestrador de surpresa. Ele cambaleou, mas ele me segurou mais firme até que eu chorasse. Eu me virei para ele, tendo um vislumbre do rosto desconhecido. Eu abri minha boca para gritar mais alto que já tinha feito na minha vida toda. Eu consegui fazer um pequeno gemido antes que o homem
puxasse meu braço com força. Minhas costas estavam, de repente, pressionadas contra a sua frente e sua mão estava segurando minha boca.
Eu conseguia sentir cheiro de cigarro e algum tipo de sabonete antibacteriano e imediatamente entrei em pânico enquanto tentava respirar pelo meu nariz, mas eu percebi algo importante. Com uma mão na minha boca e outra em volta da minha cintura, ele não estava segurando uma arma a não ser que tivesse um terceiro braço.
Então eu mordi sua mão, mordendo forte até que eu senti a pele romper. Meu estômago revirou, mas eu continuei mordendo.
“Merda!” Mo gritou, puxando sua mão. Eu estava livre por um segundo, conseguindo me afastar dele um passo, e me virei para que eu estivesse de frentepara ele. Eu o vi levantar sua mão e esse foi o único aviso que tive.
Dor passou pelo meu maxilar e minha boca, e eu cambaleei para trás. Pequenas estrelas explodiram em minha visão enquanto a dor se estendia pelo meu pescoço.
“Mas que porra?” o cara da SUV gritou, deixando sair uma linha de xingamentos em seguida.
“A puta me mordeu!” Mo gritou em resposta. “Eu estou sangrando.”
“Seu mariquinha. Jesus. Entre no carro e vamos...”
Eu não ouvi o resto porque minha pressão deve ter chegado ao teto, afundando todos os sons enquanto eu me virava e corria.
Os chinelos que estava usando não ajudava nisso mas eu ignorei as partes do chão que dava para sentir pelas solas finas. Eu corri para frente do prédio, soltando um grito tão alto enquanto algo me atingia por trás. Eu cai para frente, abrindo meus joelhos no chão.
Um braço circulou minha cintura, me levantando, e isso não era bom. Isso era ruim, muito ruim. Mo se virou, me carregando em direção a SUV, que agora tinha a porta do motorista aberta.
Eu me contorcia como um gato prestes a ser jogado em uma banheira. Eu estava puxando minhas pernas para cima e movendo meus braços como um cata-vento. Mo lutou comigo e minhas ações o deixaram mais lento. O tempo todo eu estava gritando.
“Mas que porra?” veio uma voz atrásde mim.
Me enchi de esperança ao ouvir essa voz. “Clyde!” Eu gritei, colocando tudo em mim para jogar meu peso para o lado, usando meu pé como alavanca. “Clyde!”
A porta do motorista se fechou e o homem que estava me segurando xingou e, então me soltou, simplesmente me largando. Não que eu estava reclamando, mas eu cai no chão em cima dos meus joelhos e minha palma.
“Puta merda,” eu engasguei, tentando controlar minha respiração enquanto eu liberava minhas mãos e olhava para ver a grande estatura de Clyde vindo na minha direção. “Puta merda.”
Minhas mãos tremiam enquanto as levantava e tirava o cabelo do meu rosto. Eu percebi que agora haviam ainda mais pessoas do lado de fora, perto da esquina onde ficava a frente do Mona’s.
Enquanto Clyde me alcançava, a SUV saiu gritando pelo estacionamento, pneus gritando e fazendo barulho, assustando as pessoas que estavam por perto . Haviam gritos. Alguém estava jogando algo na SUV. Vidro se quebrou.
“Calla,” Clyde disse sem fôlego. “Você está bem?”
Eu tinha quase certeza que estava a segundos de ter um colapso, mas além da dor em meu maxilar e por ter caído no chão, eu estava viva. “Estou bem.”
“Tem certeza?” Ele gemeu, e esse som me fez esquecer sobre o que acabou de acontecer. Era o tipo errado de som" um som que um ser humano não deveria fazer.
Eu me sentei, pronta para levantar. “Você está bem Clyde?”
Sua cabeça se moveu rapidamente, e eu não tinha certeza sobre isso. “Eu te vi andando... para fora. Eu não... reconheci o homem. Eu... eu não tinha certeza. Com tudo que vem acontecendo...”
De repente tinham mãos em meus ombros. Jax estava aqui, ajoelhado ao meu lado. Seu rosto estava pálido, sério como no dia em que quase fomos atropelados. “Mas que inferno está acontecendo? As pessoas estão dizendo que alguém tentou te pegar.”
“Alguém realmente tentou.” Minhas palavras soaram estranhas enquanto eu encarava Clyde.
As mãos de Jax apertaram meu ombro. “E por que raios você estava aqui fora?”
“Eu não vim aqui porque eu quis. O cara estava do lado de dentro. Ele me disse que se eu fizesse um escândalo, ele iria acender o lugar.” Eu disse, e meu olhar voltou para Clyde. Ele parecia melhor. Um pouco pálido, mas ele não estava gemendo mais. “Eu pensei que ele tinha uma arma.”
“Jesus. Merda.” Jax disse. Uma mão deslizou em volta do meu pescoço enquanto ele guiava minha cabeça para trás. Meu olhar se moveu com o seu, e eu inalei profundamente. Seu rosto estava cheio de fúria e preocupação até que a raiva tomou conta. “Ele bateu em você.”
Não era uma pergunta e não havia como negar. “Eu o mordi.”
“E ele te bateu? Porra, baby.” Jax baixou sua cabeça, pressionando seus lábios em minha testa. Ele se afastou, segurando meu olhar.
“Precisamos ligar para a polícia,” Clyde resmungou.
O maxilar de Jax estava cerrado e seus olhos nunca deixaram meu rosto. Havia esse brilho em seus olhos que era assustador, como se uma raiva explosiva estivesse prestes a emergir.
“Filho, eu sei o que você está pensando,” Clyde anunciou. “Mas você precisa ligar para seu amigo, Reece. Isso não é algo para você lidar.”
O que? Jax queria resolver isso? Então eu entendi. Eu vivia esquecendo que ele não era como Cam ou Jase. Não que tivesse qualquer coisa errada com eles, mas Jax era diferente. Ele era mais áspero e tinha visto coisas que Cam e Jase nem podiam começar a entender. Ele não era como eles então, ele potencialmente poderia lidar com as coisas.
Sua mão apertou em volta do meu pescoço enquanto ele me ajudava a levantar e me puxava contra seu peito, enquanto um tremor passava por mim. “Eu vou ligar para Reece.”
Sobre o ombro de Jax eu podia ver várias pessoas do lado de fora. Parecia ser metade do bar mas, os mais importantes eram meus amigos. A boca de Teresa parecia estar pendurada, aberta. Jase e Cam pareciam irritados e a pobre Avery tinha uma expressão em seu rosto que dizia que ela não tinha entendido o que estava acontecendo.
Até Brock estava do lado de fora, e pelo olhar em seu rosto, ele parecia estar pronto para usar algumas de suas técnicas ninjas de MMA.
Então Teresa correu para frente, suas mãos fechadas em casa lado seu. “O que está acontecendo Calla?”
Eu apertei meus olhos fechados. Não tinha mais como esconder meu passado deles agora.
Era tarde e eu me encontrei de pé no quarto de Jax. Eu nem sabia como eu tinha terminado ali. Não era comose eu estivesse me arrumando para ir para cama, porque a casa estava cheia no andar de baixo e estava assim desde que o Detetive Anders e o pessoal da polícia chegaram ao Mona’s, pegaram meu depoimento e tudo mais, o que estava virando um processo estranhamente familiar.
Pior era o fato que o nome Mi não estava na lista dos conhecidos do Detetive Anders. Claro, isso tinha a ver com a minha mãe então não era como se ele tivesse alguma pista, mas Mack estava escondido em algum lugar e nada" nem um pedaço de evidência" levava ao misterioso Isaiah.
Teresa e Jase, e Cam e Avery estavam no andar de baixo junto com Brock. Meus amigos tinham sido informados sobre todo o meu drama, parte por mim e parte por estarem perto quando Reece tinha aparecido com seu irmão mais velho.
O que trazia a real pergunta do porque eu estava aqui. Eu não sabia por que eu estava no quarto de Jax se todos estavam lá em baixo.
A casa de mentiras tinha desabado mais rapidamente do que eu tinha percebido. No meio de tudo que eu disse a Reece e a seu irmão e o que tive de dizer a eles, eles sabiam agora que minha mão estava em um emaranhado de porcaria e estava perdida por ai e que isso tinha espirrado para minha vida. A única coisa que não estava aberta para discussões era o incêndio, mas essa era a última coisa a se saber sobre mim nesse
momento.
Então, Sim, eu sabia o porque eu estava sentada na beira da cama de Jax, sem poder ir lá para baixo e encarar meus amigos. Eu iria ficar aqui, cercada pelo cheiro de Jax e de imagens das coisas que tínhamos feito aqui, nessa cama, nesse chão... no banheiro.
Yep, eu iria penas ficar aqui para sempre. Parecia como um plano decente, legítimo. Talvez eu poderia convencer Jax a me trazer comida pelo menos duas vezes ao dia. Se conseguisse, esse plano ficaria ainda melhor.
“Calla?”
Levantando minha cabeça, eu me virei em direção a porta aberta. Minhas costas ficaram retas. Teresa estava na porta. Ela não estava sozinha. Avery estava com ela.
“Jax nos disse que podíamos vir aqui,” Avery explicou enquanto Teresa abria ainda mais a porta com seu quadril. “Então nós subimos.”
Eu imaginei que Jax tinha feito isso. Só Deus sabe que eu estava aqui há um bom tempo. “Desculpa,” eu disse, focando minha atenção em meus dedos do pé. “Eu perdi a noção do tempo.” “É compreensível. Você teve uma noite louca.” Avery disse gentilmente.
Teresa entrou e se sentou na cama ao meu lado. “Aparentemente, você teve uma vida louca.”
Eu gemi.
Avery atirou um olhar para Teresa que passou direto sobre sua cabeça. “Você está se escondendoaqui,” Teresa disse.
Meus lábios se contorceram e o movimento meio que doeu. Quando eu olhei no espelho mais cedo, um leve hematoma estava se formando em meu maxilar e meu lábio inferior estava com um corte no canto. “Isso é tão óbvio?”
Ela deu de ombros.“Meio que é.”
Eu inalei profundamente. Desde que eu não conseguiria me esconder aqui, eu precisava crescer. Mas isso era uma merda. “Me desculpe gente. Eu sei que menti para vocês e tudo mais mas eu realmente não tenho um bom motivo para ter feito isso.”
Teresa inclinou sua cabeça para o lado enquanto Avery se sentava na beira da cama, seus pequenos dedos brincando com seu bracelete. “Então... você não é das redondezas de Shepherdstown, né?”
Mortificada, eu balancei minha cabeça. Eu não me sentia assim desde que tinha seis anos e acabei jogando um chiclete no cabelo da menina que iria entrar no palco antes de mim. Eu não queria jogar ele em sua bola de cachos, mas minha mãe estava na beira do palco e quando ela percebeu que eu ainda estava com o chiclete naboca, ela teve uma crise de mãe de estrela e eu tinha entrado em pânico.
“Eu estou em Shepherd desde meus dezoito e, sendo honesta, parece como minha única casa.” Eu disse, olhando para Teresa. Ela estava me observando de perto. “Eu sei que isso não justifica minha mentira, mas eu só... eu nunca pensei que aqui fosse minha casa, pelo menos não há um bom tempo.”
Teresa concordou vagarosamente. “Mas e sobre quando você disse que iria visitar sua família nos feriados? Pelo que percebi mais cedo, você não voltava aqui há anos.”
“Eu não ia para casa.” Minhas bochechas esquentaram. “Eu ficava em um hotel nessa época.”
Suas sobrancelhas estavam franzidas, juntas.
Os olhos de Avery se encheram de simpatia. “Oh, Calla...”
“Eu sei que isso é idiota. Eu, honestamente, só disse porque eu queria fugir um pouco, e era a minha única opção. É meio que legal, na verdade. E eu sei que dizer que minha mãe estava morta é algo horrível e vocês provavelmente estão pensando que eu sou uma péssima pessoa.”
“Na verdade, não, não pensamos.” Teresa se virou na minha direção enquanto ela esticava a perna que tinha machucado enquanto dançava e, depois, novamente quando o namorado da sua colega de quarto a empurrou, terminando definitivamente com os sonhos de Teresa de ser uma dançarina profissional em uma renomada escola de Ballet. “Calla, eu não sei todos os motivos por você não ter nos contado sobre sua mãe e sua vida daqui, mas pelo que aprendemos nessas poucas horas, eu entendo o porquê você não queria contar."
“Nós entendemos totalmente,” Avery concordou, e eu senti uma pequena chama de esperança acender em meu peito.
Teresa me cutucou com seu joelho. “Mas eu espero que você saiba que qualquer que seja o seu passado, nós não vamos julgar você. Você pode ser sincera com a gente.”
julgar.” “Confie em nós,” Avery adicionou, “Nós somos as últimas pessoas que vão te
Meu olhar vagou entre as duas, e elas estavam de olhando de um jeito que eu não entendia totalmente. Então, Avery se moveu para se sentar ao meu lado. Nervosa, ela colocou uma mecha de cabelo atrás da sua relha.
Então ela inalou profundamente, e eu ouvi, olhou para Teresa mais uma vez e, então, seu olhar estava em mim. Os músculos no meu estômago se torceram e eu sabia que ela estava prestes a me contar algo grande. Estava escrito sobre seu rosto pálido. “Quando eu era mais nova, eu fui a uma festa que um cara mais velho da escola que estava dando em sua casa. Ele era fofo e eu flertei com ele, mas as coisas saíram do controle. Ficaram bem feias.”
Oh, Deus não. Parte de mim sabia onde isso estava indo e eu me inclinei, passando minha mão na dela, e a apertando.
Ela pressionou seus lábios juntos e eu podia dizer que o que ela estava prestes a dizer era difícil" mais difícil que qualquer coisa que eu tivesse para admitir. “Ele me estuprou,” Avery disse com a voz baixa, tão suavemente que eu mal pude ouvir, mas ouvi, e em resposta meu coração se apertou. “Eu fiz a coisa certa. A princípio. Eu disse a meus pais e a polícia, mas seus pais e os meus eram amigos e eles ofereceram a meus pais muito dinheiro para ficar quieta. Além disso, havia uma foto minha mais cedo naquela noite
sentada em seu colo e eu tinha bebido. Meus pais estavam preocupados no que as pessoas iriam falar sobre mim em vez do que foi feito comigo, então eu concordei. Eu peguei o dinheiro e isso me consumiu, Calla. Eu me sentia uma merda por isso.”
Lágrimas se formaram em meus olhos enquanto ela soltava sua mão da minha e, vagarosamente, retirava seu bracelete. Ela virou seu pulso para cima e eu inalei fortemente eimediatamente desejei que eu não tivesse feito isso. Eu vi a cicatriz. Eu sabia o que isso significava.
Avery deu um pequeno sorriso. “Essa não é a pior parte. Porque eu não prestei queixa, o cara continuou fazendo a mesma coisa que fez comigo.”
“Oh meu Deus,” eu inalei, querendo abraçá-la. “Querida, não é culpa sua. Você não obrigou ele a fazer essas coisas com você ou com o resto.”
“Eu sei.” Seu sorriso ficou um pouco mais firme. “Eu sei, mas eu sou um pouco responsável por isso. E o motivo que eu estou te contando isso é porque eu passei anos sem contar a ninguém o que realmente aconteceu comigo e quando eu conheci Cam, me levou ainda mais tempo para conseguir me abrir e dizer a ele a verdade. Eu quase o perdi por causa disso.” Ela inalou profundamente de novo. “Moral da história? Eu tenho vergonha que eu tentei tirar minha própria vida e que eu joguei a culpa em meus pais, mas eu cheguei a um ponto" com terapia" que eu entendo porque eu fiz tudo isso e isso não me transforma em uma pessoa má ou uma amigapior para as pessoas se eu não me abrir.”
má.” “Não.” Eu sussurrei, piscando para afastar as lágrimas. “Você não é uma pessoa
Teresa limpou sua garganta então falou, sua voz grossa e, quando olhei pra ela, fiquei tensa novamente. “Quando eu estava no colegial, meu namorado me bateu. Mais de uma vez. Várias vezes, na verdade.”
Oh Deus.
Eu não podia acreditar. Teresa nunca pareceu o tipo de pessoa que ficaria em um relacionamento abusivo, mas logo que esse pensamento começou, eu percebi o quão julgadora eu estava sendo.
“Eu era nova, mas isso não é a maior desculpa por estar com um cara que me batia.” Ela disse, seguido meus pensamentos. “Eu mantive para mim mesma e escondi. Eu inventava histórias sempre que os hematomas eram visíveis, mas um ano, logo depoisdo Thanksgiving, minha mãe viu e não tinha mais como esconder o que estava acontecendo. A coisa pior não era estar em um relacionamento abusivo, mas o que isso fez com meu irmão. Ele enlouqueceu, Calla. Ele dirigiu até a casa do meu namorado. Cam o confrontou e... e ele entrou de cabeça. Cam bateu tanto nele que o cara terminou no hospital e meu irmão foi preso.”
“Puta merda,” Eu disse, com os olhos arregalados.
Teresa concordou. “Cam teve vários problemas, e eu vivi com a dúvida por um bom tempo. E se eu não tivesse ficado com ele? E se eu tivesse dito a alguém? Cam teria perdido praticamente tudo? E ele perdeu muito. Um semestre da faculdade. Ele estava fora do time de futebol e ele, também, teve de lidar com a merda que ele fez. Eu carreguei muita culpa por causa disso. Até os dias de hoje, eu ainda me arrependo.”
“Eu tenho certeza que Cam não te culpa,” eu disse.
“Ele não o faz.” Foi Avery que respondeu. “Ele nunca o fez.”
O sorriso de Teresa era bobo. “Isso é porque meu irmão é incrível.”
Eu me inclineipara apertar sua mão, sentindo as lágrimas realmente começarem a se formar em meus olhos.
Avery pressionou contra meu lado. “Assim como Jase. Ele também é bem incrível.”
Uma risada fraca saiu de mim.
“E ele tem seus segredos. Uns realmente grandes e importantes" segredos que não posso contar, porque isso é assunto seu, mas eu estive no escuro por muito tempo e quando ele me deixou entrar, eu entendi porque ele manteve algumas coisas para si mesmo.” Emoção enchia o rosto de Teresa enquanto ela continuava. “O ponto disso, Calla, é que nós todos tivemos coisas que passamos e que temos vergonha e coisas que gostaríamos que pudéssemos falar com alguém muito antes.”
“Mas contar a alguém, confessar tudo...” Avery sorriu novamente quando eu olhei para ela. Ela apertou minha mão de volta e eu percebi que por minha causa, todas nós
estávamos conectadas nesse momento. “Sem querer soar totalmente cliché e boba, mas isso muda tudo.”
“Especialmente quando você conta a seus amigos,” Teresa adicionou gentilmente.
Pressionando meus lábios juntos, eu concordei algumas vezes mas não tinha certeza do que exatamente eu estava concordando. Provavelmente com tudo e, talvez, um minuto se passou antes que eu pudesse encontrar o que foi que me deu a habilidade de contar a Jax que não envolvesse tequila.
Eu contei a elas sobre minha mãe" tudo. O jeito que ela era antes e como ela era agora e o que causou essa mudança. O incêndio. Eu contei sobre Kevin e Tommy, meu pai, que desistiu de nós. E eu contei sobre as cicatrizes, todas elas, e eu fiz isso tudo choramingando como um bebê que tinha acabado de jogar seu brinquedo favorito no chão e ninguém foi pegar. Na verdade, nós estávamos tendo um festival de lágrimas, mas havia algo limpo em se abrir e compartilhar com elas depois de todas as histórias poderosas que elas me contaram. Também havia algo limpo nas lágrimas.
Quando eu terminei, nós tínhamos nossos braços em volta uma da outra e eu finalmente senti o que Jax tinha acreditado" que eu era corajosa, porque precisou muita força de vontade para contar a elas. Não importava que Jax sabia, e essas meninas entendiam que não importava quantas vezes você contasse a alguém, poderia ficar um pouco mais fácil, mas ainda era complicado.
Enquanto nos segurávamos, eu percebi algo importante. Era o tipo de tristeza que levava vinte e um anos para perceber, que família não era apenas as conexões de sangue e DNA. Família era além disso. Assim como com Clyde, mesmo que eu não fosse parente de Teresa ou da Avery, elas eram minha família.
E tão importante quanto isso, mesmo com meus olhos inchados e lágrimas correndo pelo meu rosto, eu senti o que Jax disse sobre mim, algo que eu só senti quando me despi para ele.
Eu me senti corajosa.
Fungando, Teresa se afastou e limpou seus olhos com seus dedos. “Agora que temos tudo isso, qual a bunda que precisamos chutar para te manter longe dos problemas da sua mãe?”