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Capítulo Cinco

“Oh meu Deus, isso é tão assustador.” Jillian afastou sua franja castanha de seus olhos arregalados. “Você está bem?” “Estou ótima.” Um pouco de corretivo ajudou a cobrir os cortes no meu rosto e as minhas palmas só incomodavam de vez em quando. “Foi assustador e tão inesperado.” “Quem iria esperar isso? Ugh.” Jillian olhou para seu prato vazio. Nós tínhamos atacado nosso jantar e, depois, cheesecake. “Eu nem posso imaginar. Provavelmente eu teria corrido, gritando e fazendo um escândalo, na direção oposta.” “Foi praticamente o que fiz.” Eu olhei para o pequeno pedaço da torta ainda em meu prato e me perguntei o quão gulosa eu seria se comesse esse pedaço.

“E é provavelmente por isso que você ainda está viva,” ela respondeu. “Mesmo meu pai teria tido trabalho em lutar do que apenas fugir.” O pai de Jillian era dono da Lima Academy, e o prédio que ficava no centro da Philadelphia era bem mais do que apenas uma academia. Era um daqueles centros sofisticados de treinamento de Mixed Martial Arts8. O pai de Jillian era especialista em jiu-jitsu brasileiro e provavelmente teria usado suas habilidades ninjas para derrubar os caras.

“Falando no seu pai, como ele está lidando com a ideia de você ir embora na primavera?” eu perguntei, mudando de assunto. Ela se encolheu enquanto se inclinava contra o assento do banco, cruzando seus braços sobre seu peito. Seu rosto estava tenso. “Ele ainda não está exatamente animado sobre isso. Ele não gosta da ideia de não estar à vista.

8 MMA = Artes Marciais Mistas

Como se algo fosse ac...” ela se cortou, balançando a cabeça. “De qualquer maneira, você ainda quer ir para aquela noite de autógrafos na terça?” “Tiffany King9? Claro que sim.” Eu relaxei quando um sorriso genuíno apareceu no rosto dela. As conversas sobre seu pai normalmente eram um beco sem saída. “Ela vai estar autografando A Shattered Moment10 .

Jillian tirou novamente sua franja do rosto. “Eu amo esse livro. Não vai ter outro autor lá com ela?” “Yeah, eu acho que Sophie Jordan11 e Jay Crownover12 vão estar lá.” Eu olhei para as pessoas que passavam pela nossa mesa. “Você quer me encontrar na livraria?” Ela concordou enquanto pegava seus óculos. “Então,” ela arrastou a palavra. “Esse tal de Colton que você mencionou? Vocês frequentaram a mesma escola?” Tive de conter um suspiro. Eu não sabia por que mencionei ele, mas eu tinha, e eu era mulher suficiente para admitir que eu queria ficar obcecada por cada detalhe que ele havia dito para mim, mas tudo que consegui fazer foi concordar.

Jillian virou sua cabeça para o lado e atirou um longo olhar. “Você sabe, quando você mencionou ele antes, você corou.”

9 Autora de livros Young adult/New Adult. Mais famosa pelo título Wishing for Someday Soon. http://authortiffanyjking.blogspot.com/ 10 Mackenzie Wilson tinha esperança pelo que a vida poderia oferecer, mas tudo mudou na noite da sua formatura. Um ano depois, o único jeito que ela consegue encontrar conforto é mantendo sua cabeça baixa e esperando que ninguém a note na faculdade. Quando Bentley James descobre Mac naquela SUV estranha, ele era apenas um paramédico novato em seu primeiro atendimento. Foi algo difícil que o fez perceber que nem todos podem ser salvos e, às vezes, eles não querem ser. Um encontro sem querer no meio do campus traz Bentley de volta a vida de Mac. Apesar de sua resistência inicial, ele está tentando descobrir a menina que se esconde atrás de um escudo de reclusão. Ele trás de volta memórias dolorosas para Mac, mas ele também trás sentimentos. Quando a faísca entre os dois cresce, Mac precisa decidir se ela pode abandonar o passado e acreditar em algo frágil como o amor. http://www.goodreads.com/book/show/23281939-a-shattered-moment 11Autora de livros Young adult/Romances Históricos. Mais famosa pela série Firelight. http://www.sophiejordan.net/ 12 Autora de livros New Adult. Mais famosa pela série Marked Man. http://www.jaycrownover.com/

“Não.” “Sim, você corou.” Meus olhos se estreitaram e eu ri porque, yeah, eu provavelmente corei. “Eu tinha uma queda por ele no colegial, e eu sei que isso é horrível porque eu estava com Kevin, e que isso faz de mim uma péssima pessoa.” “Não, não faz.” Ela revirou os olhos. “Só porque você estava com alguém não significa que você era cega para o mundo.” “Verdade.” Eu pausei. “E Colton era gostoso.” Jillian riu. “Era?” “E agora ele adicionou um ‘t’ e o ‘o’ extras em gostoso. Ele... ele se lembrou de mim. Ele sabia qual classe tínhamos juntado.” Ela levantou uma sobrancelha que desapareceu por baixo da sua franja. “Mesmo?” Eu concordei enquanto enrugava meu nariz. “E eu acho que ele estava flertando comigo. Okay. Ele estava definitivamente flertando comigo, mas eu acho que ele gosta de flertar. E caras que são assim vão flertar com qualquer uma.” Eu pausei. “Me pergunto, quantas vezes é possível dizer a palavra ‘flertar’ em uma frase?” Jillian deu um grande sorriso. “Oh, eu sei tudo sobre caras que flertam com qualquer coisa que respire.” Ela olhou para a mesa vazia. “De qualquer modo, ele pode estar interessado?” “Ah, e eu não sei isso.” Não resistindo, eu peguei o ultimo pedaço da

torta.

Ela franziu o cenho. “Por quê? Você é inteligente e engraçada. Você é linda e você ama livros. Por que ele não estaria interessado?” “Obrigada,” eu ri. “Mas ele estava noivo até seis meses atrás.” “Oh.” Ela fez bico.

“E eu não estou julgando o fato dele ter tido um relacionamento sério antes, porque eu também tive, mas...” Me cortei, rindo de novo. “Por que eu estou pensando desse jeito? Eu o vi ontem à noite porque ele é o detetive investigando um homicídio que eu testemunhei, e ele apareceu essa manhã.” Eu balancei minha cabeça, afastando esses pensamentos. “Eu nem quero pensar nisso desse jeito.” “Eu não sei,” ela respondeu depois de um tempo. “Mas toda essa coisa meio que me lembra de um romance.” Outra risada escapou de mim. “Com certeza lembra, exceto que na vida real isso nunca funciona.” A verdade era que, mesmo que essas coisas só acontecessem nos livros, eu secretamente sonhava que acontecesse comigo. Meio que uma versão adulta de um conto de fadas.

Ela deu de ombros enquanto seu olhar divagou e sua expressão suavizou. “Eu não sei nada sobre isso. Eu quero acreditar – eu preciso acreditar – que o final feliz existe na vida real também.” Naquele momento, ela pareceu bem mais velha que seus dezenove anos. “Para todas nós.”

Depois do jantar, eu parei no mercado para pegar alguns itens necessários para trabalhar.

Café.

Energético.

Skittles

Chocolate

Coca Zero.

Sem essas coisas, eu não tinha serventia quando se tratava de edição. Quando eu trabalhei em New York, eu tinha uma gaveta na minha mesa cheia dessas cinco coisas.

Havia uma pequena brisa quando sai e, enquanto voltava para fora. Eu coloquei meu carrinho de compras no lugar e segurei a sacola forte. Mesmo que fosse sábado à noite, eu estaria trabalhando uma vez que voltasse para casa e tivesse colocado meu moletom confortável. Trabalhar em casa significava que eu tinha um horário esquisito.

Ou, em outras palavras, eu simplesmente trabalhava todos os dias.

Eu, com certeza, trabalhava mais agora do que quando eu tinha de ir para um escritório todo dia. Naquela época era fácil separar a casa do trabalho. Agora, nem tanto.

Enquanto me aproximava do meu carro, meus passos ficaram mais devagar. Quando eu tinha entrado na loja, o lugar ao lado do meu carro estava vazio, e eu tinha passado por vários lugares vagos no meu caminho para dentro e para fora, mas agora havia uma van parada ao meu lado.

Não qualquer van. O tipo estranho, branca e sem janelas, o tipo que um sequestrador usaria.

Meu estomago afundou enquanto parava a alguns metros da van. Talvez eu estivesse apenas sendo paranoica depois da noite passada. Ou, talvez, tinha a ver com Colton me alertando sobre prestar atenção em qualquer coisa estranha, mas de qualquer modo, uma pequena bola de inquietação se formou no estomago.

A sacola estava machucando meus dedos e o pacote de Coca-Cola estava ficando mais pesado. O que eu iria fazer? Largar minhas compras e correr? Ligar para Colton porque tinha uma van estranha parada ao lado do meu carro?

Deus, eu assistia muito o canal Investigation Discovery.

Então, antes que eu pudesse me decidir, a porta do lado do passageiro da van se abriu e um homem saiu. Meu coração acelerou. Ele não parecia com

alguém que estava saindo da sua van de trabalho. Não tinha como. Eu não estava tentando ser uma pessoa que julgava os outros, mas suas calças escuras com uma blusa azul marinho para dentro e seus sapatos polidos não combinavam com a van enferrujada.

Óculos escuros obscureciam seus olhos, mas eu tinha a impressão que ele estava me encarando. Provavelmente porque eu estava parada ali como uma idiota, mas de novo, nessa hora do dia, eu não conseguia entender o motivo dos óculos escuros. Ignorando o calafrio que percorreu minha espinha e meus dedos que formigavam, eu comecei a andar de novo, totalmente preparada para transformar a sacola de compras em uma arma mortal.

“Está uma noite gostosa, não?” o homem disse. Meus dedos doloridos apertaram ainda mais a alça da sacola de plástico. Eu não sorri. Eu não respondi. O fator estranho estava sobre a mesa e, enquanto eu me aproximava da parte de trás da van, eu dei um grande salto, pronta para que uma horda de palhaços me sequestrassem.

Claro que, as portas não se abriram. Eu iria andar para o lado do passageiro e tentaria ver se havia mais alguém na van antes que eu abrisse a porta do lado do motorista. Parecia legítimo.

“Seu nome é Abby, certo?” o homem disse. O ar congelou em meus pulmões, como se eu tivesse acabado de entrar em um lugar com a temperatura abaixo de zero. Pequenos cabelos em todo meu corpo se eriçaram como se um exercito de baratas estivesse correndo sobre minha pele. Eu olhei sobre meu ombro para ele.

Ele estava perto da parte de trás da van com um sorriso assustador. Um sorriso frio. Predatório. “A Abby Ramsey, nascida e criada em Plymouth Meeting? Casada com seu namorado do colegial que tragicamente morreu em um acidente de carro há uns quatro anos atrás. A mesma Abby Ramsey que trabalha em casa como editora freelance?” Puta merda.

Puta merda, por tudo que é mais sagrado.

“Yeah, essa é você.” Ele continuou. “Você viu algo ontem a noite que precisamos conversar.” Conversar era a ultima coisa que precisávamos fazer. Meu coração palpitava em meu peito enquanto eu olhava para ele. Por que o estacionamento parecia tão vazio agora? Não estava. Pessoas estavam em todos os lugares, mas ninguém estava prestando atenção em nós. Meu olhar foi para a entrada do mercado, tentando determinar a distância que eu teria de percorrer caso resolvesse correr.

Eu não era uma boa corredora.

Ele deu um passo para frente, e eu fiquei pálida, levantando a sacola pesada, pronta para atirar ela se ele chegasse ainda mais perto. Ele levantou suas mãos. “Eu não vou te machucar.” Famosas ultimas palavras. “Não chegue mais perto.” “Não vou. Podemos ter nossa pequena conversa de uma distância que te deixe feliz.” Ele sorriu de novo, mas era um sorriso frio. “Tudo que eu preciso é que você entenda, e realmente entenda isso, que você não vai ser capaz de identificar ninguém da noite anterior.” Uma bola de gelo se instalou no meu estômago.

“Isso é tudo, e não é grande coisa, é? Apenas mantenha sua boca fechada daqui em diante e nada de ruim vai acontecer. E você não quer que algo ruim aconteça, quer?” Eu estava além de conseguir responder, meu coração batendo forte no meu peito. Essa era uma ameaça, uma ameaça bem clara. Parte de mim não conseguia acreditar que isso estava acontecendo.

“Nós queremos ter certeza que você vai manter sua boca fechada,” ele disse daquele mesmo tom amigável que estava usando. “E eu acho que você entendeu bem rápido o quão sério estamos falando.”

Nesse momento, a janela do lado do passageiro abaixou e eu vi um braço sendo estendido. Uma mão apareceu do lado da van, fazendo meu coração pular. O homem se afastou, batendo suas mãos juntas enquanto dizia. “Agora, tenha uma boa noite.” Eu não me movi enquanto ele andava de volta para van e subia. Eu não me movi quando aquela coisa velha ganhou vida ou quando ela saiu direto da vaga, virando à esquerda e saindo do estacionamento.

“Oh meu Deus,” eu sussurrei. Tomada pela emoção, eu enfiei minhas compras no porta malas rápido e subi, ficando atrás do volante. Eu nem pensei por um segundo sobre o que fazer a seguir. Não tinha como eu não ligar para a polícia. Esqueça isso. Antes de sair para jantar, eu tinha colocado o cartão de Colton na minha bolsa. Minha mente reagiu. Fazia sentido ligar para ele porque ele sabia o que estava acontecendo. Ligando para o 190, eu teria de contar toda a história de novo.

Enquanto eu pegava meu celular da minha bolsa com mãos trêmulas, um toque inesperado me assustou, me fazendo dar um gritinho. Jesus. Eu olhei para a tela. Era um número local que eu não reconheci. Normalmente eu não iria atender, mas por algum motivo, dessa vez eu o fiz.

Eu coloquei ele na minha orelha e disse. “Alô?” “Abby?” Minha mão livre terminou no volante. Eu reconheci imediatamente a voz. “Colton? Eu...” “Graças ao bom Deus você atendeu,” ele disse, me cortando. “Onde você está?” Eu pisquei devagar, completamente pega de surpresa. “Eu... eu estou sentada no estacionamento do mercado perto... perto do Mona’s.” “Eu quero que você me escute, okay?” Ouvi o som de uma porta de fechando e motor sendo acionado. “Eu quero que você vá para dentro e fique aí, okay. Não vá para casa.”

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