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Capítulo Quatro
Eu estava além de conseguir responder.
Ele estava ali de pé, com uma caixa de tamanho médio, rosa, em uma mão e a outra enfiada no bolso de suas calças. A sua sombra de barba estava mais forte, dando a ele uma aparência rustica que minha mente levemente sombreada pelo sono achava extremamente sexy.
Okay. Eu iria achar isso sexy em qualquer momento.
Qualquer. Momento.
Ele estava vestido como na noite anterior e eu tinha a impressão que ele ainda não tinha dormido, o que realmente não era justo porque como ele poderia parecer assim tão bem sem dormir?
Um lado de seus lábios se curvou para cima, revelando a covinha esquerda. “Posso... entrar? Eu trouxe crepes comigo.” Eu pisquei.
“Você gosta de crepes, certo? Você tem de gostar deles.” Ele adicionou, sorrindo. “Todo mundo ama crepes e esses são ótimos. Eles são envolvidos em canela e açúcar mascavo.” “Eu... eu gosto deles.” Minha bunda também gostava. Me afastando, eu dei um passo para o lado. “Como você sabe onde moro?” Colton entrou, seu queixo baixo. Eu não era baixa, tendo quase um metro e setenta, mas parada ao seu lado, eu me sentia pequena, até mesmo delicada, e isso era estranho. “Estava em seu depoimento. Eu provavelmente deveria ter ligado antes, mas eu estava em meu caminho para casa da delegacia e sua casa ficava no caminho. Assim como a padaria.”
Eu não sabia o que falar enquanto fechava a porta atrás dele, mas meu coração estava palpitando no meu peito e meu estomago estava revirado de um jeito estranho, meio como eu tinha visto ser descrito milhões de vezes. Borboletas. Mas mais poderoso. Como pássaros de rápida ou pterodátilos. “Você mora aqui perto?” Seu sorriso ficou maior. “Eu moro na estrada de Plymouth.” Isso não era nem um pouco perto da minha casa. As borboletas ficaram mais fortes. “Oh. No condomínio de apartamentos?” Ele concordou. “Eu te acordei?” “Não. Eu...” Foi ai que eu percebi que não estava usando nada além de um shorts e uma camiseta velha que praticamente não escondia nada. Eu nem precisava olhar para meus mamilos para saber que provavelmente eles estavam aparecendo. E minhas coxas? Oh, bom Deus.
Meu cabelo.
“Eu sinto cheiro de café,” ele disse, olhando em direção à cozinha. “Então vou adivinhar que não estava?” Ele falou como se ele não tivesse percebido que eu estava com o farol aceso e com uma vassoura na cabeça, mas de novo, porque alguém como Colton iria reparar nisso em primeiro lugar? Minha atenção se voltou para a escadaria. Grande parte de mim queria correr para o andar de cima e colocar um casaco. Ou pelo menos um sutiã.
Eu realmente precisava colocar um sutiã.
“Não, Você não me acordou,” eu disse, olhando de volta para ele. Ar fugindo dos meus pulmões de repente.
Colton não estava olhando para meu rosto.
Ele estava olhando para baixo da linha dos ombros, seu olhar permanecendo mais em algumas áreas do que outras. Como na barra do meu shorts e em meu peito, como se ele estivesse tentando decorar as palavras Penn
State. A ponta dos meus seios começou a formigar. Seu olhar vagou, vagarosamente, para meu rosto e aqueles olhos azuis... eles me lembravam do núcleo de uma chama. Calor cresceu dentro de mim, infiltrando minhas veias. A intensidade foi chocante.
Foi tanto que eu dei um passo para trás. “Eu vou... eu já volto.” Aquele meio sorriso continuou no lugar. “Se importa se eu pegar café?” “Não. Nem um pouco.” Eu fui em direção à escada. “Se sinta em casa.” Virando-me, eu corri escada à cima para meu quarto. Uma vez do lado de dentro, eu pressionei minhas palmas contra minhas bochechas quentes. “Oh meu Deus.” Fui para o banheiro e vi que, graças a Deus, meu rosto não estava vermelho como sangue, mas minhas bochechas estavam coradas e meu olhos castanhos estavam mais marrons que verdes, meio brilhosos. Febris. Ligando a água gelada, eu me inclinei sobre a pia e rapidamente joguei água em meu rosto. Oh Deus, eu só tinha lido sobre homens que encaravam mulheres de um jeito que parecia um toque físico. Eu não acreditava que isso era possível.
Mas era.
Me endireitando, eu peguei minha escova de dente e rapidamente fiz o trabalho, tudo enquanto eu tentava voltar para a realidade. Não precisava ser um gênio para perceber que Colton estava aqui pelo que aconteceu ontem à noite. Nâo havia outro motivo, então eu precisava manter minha imaginação fértil onde ela pertencia, no meu trabalho. Sim, era estranho ele simplesmente aparecer, mas talvez ele sentisse que precisava me contar algo pessoalmente. E me olhar daquele jeito? Talvez ele estivesse apenas lendo minha camiseta.
Okay. Isso era estupido. Definitivamente ele estava olhando para meus seios, mas ele era um homem e eu uma mulher, então essas coisas aconteciam.
Especialmente quando seus mamilos estão alerta e você não está usando um sutiã.
Eu peguei um sutiã e calças de yoga que eu nunca, na minha vida toda, usei para fazer yoga. Eu rapidamente reenrolei meu cabelo e resisti à vontade de colocar maquiagem. Nessa altura do campeonato, se eu voltasse lá para baixo com um brilho cor de pêssego e cílios definidos, isso seria obvio demais.
Eu não conseguia acreditar que Colton Anders tinha me visto sem sutiã antes que eu tivesse minha primeira dose de café. O que aconteceu com a minha vida?
Ugh.
Ignorando o incomodo em meu estomago, eu voltei para o andar de baixo. O que vi tinha a sensação mais estranha e doce juntas.
Colton tinha colocado a caixa de crepes na mesa de jantar e levado minha xicara de café para o lugar no canto, onde ele estava sentado, na cabeça da mesa. Uma xicara fresca de café estava na frente dele. Havia até pratos e ele encontrou meus guardanapos. E talheres.
Isso era tão... familiar, e intimo.
“Como você está depois de ontem à noite?” ele perguntou, sem olhar para cima.
“Okay, eu acho. Quero dizer, estou tentando não pensar sobre isso.” Exceto que eu era uma péssima mentirosa. Quase tudo que eu pensava tinha a ver com ontem à noite.
Ele olhou para cima e o canto de seus lábios se curvou. “Tenho de dizer, eu meio que preferia mais o que você estava usando antes.” Minhas bochechas coraram enquanto eu ia em direção à mesa. “Você deveria estar exausto então.” Uma sobrancelha levantou. “Oh, querida, eu nunca estou cansado para apreciar uma mulher bonita que acabou de acordar e ainda está andando por ai de pijama.”
Eu me sentei, olhando ele como se ele fosse um extraterrestre. “Eu não sabia que você era encantador.” “Mais como um flertador descarado,” ele corrigiu, abrindo a caixa de crepes. “Obviamente, não sou bom nisso.” Colocando minhas mãos em meu colo, tudo que eu consegui fazer foi assisti-lo pegar um crepe e colocá-lo em meu prato. Será que ele estava dizendo que estava tentando flertar comigo? Isso, definitivamente, não era o protocolo de um detetive.
Bem, isso fora dos livros de romance.
“Eu ainda estou chocado por ser você naquela sala quando entrei. Deus. Quantos anos se passaram? Anos demais.” Ele se moveu, colocando o outro crepe em seu prato. “Estou realmente sentido de saber sobre Kevin. A única coisa que eu aprendi é que a vida não é uma garantia. Nunca.” “Isso é verdade.” Olhei para o crepe. Parecia delicioso, mas meus nervos estavam bloqueando meu apetite. “É difícil de lidar e de seguir em frente, mas você o faz, mesmo quando em vários momentos você pensa que essas coisas não vão acontecer.” “E você conseguiu?” Ele pegou o garfo e a faca, cortando o crepe. “Seguiu em frente?” “Eu...” A pergunta me pegou despreparada e eu olhei para a foto de Kevin. “Isso foi há quatro anos e eu... eu sempre vou amá-lo, mas eu... eu encerrei esse capítulo da minha vida.” Seu olhar encontrou o meu e ele não desviou enquanto levantava um pedaço de crepe até sua boca. Ele comeu com puro prazer, como se fosse o primeiro e o ultimo pedaço de comida que ele tinha provado, e eu não pude deixar de pensar que se ele comia comida com tanto gosto, como ele seria comendo...
Eu cortei essa linha de pensamento e rapidamente voltei minha atenção ao meu prato. Oh, meu Deus, o que havia de errado comigo? Por que eu estava
pensando sobre Colton comendo... bem, definitivamente não comida. Então, novamente, quem não pensaria nisso ao ver aqueles lábios cheios?
“Então, o que você anda fazendo Abby?” Meu queixo levantou enquanto meu coração se virava, pesado. “Eu me formei em Penn State. Trabalhei em New York para uma editora.” Suas sobrancelhas arregalaram. “Mesmo? Isso é impressionante.” Eu dei de ombros. “Bem, não foi um trabalho fácil de conseguir. Eu tive que dedicar muito tempo. Por sorte, eu consegui passar o verão estagiando enquanto estava na faculdade. Isso ajudou a conseguir conexões, mas eu ainda era assistente de edição quando sai. Kevin trabalhava em outra editora. Ele chegou a editor sênior em tempo recorde, claro.” “Por quê?” Ele praticamente tinha acabado com seu crepe. Eu sorri. “A indústria de publicações amam seus meninos.” “Interessante. Eu não sabia disso.” Ele pausou. “E você foi embora depois que Kevin morreu?” Eu concordei. “Eu só... bem, eu não era fã da cidade. Mesmo Philadelphia não se parece em nada como New York. Era só caro demais e eu não via um motivo para ficar lá depois.” Ele pegou um segundo crepe. “E você ainda trabalha como editora?” “Freelancer.” Eu me movi, colocando uma mecha de cabelo que havia se soltado atrás da minha orelha. “Eu ainda faço trabalhos freelance para editoras e indies.” “Indies?” Seu tom carregado com curiosidade genuína.
“Autores independentes – aqueles que não trabalham para uma editora. Agora, eu estou trabalhando na nova estória da Jamie McGuire6. Ela se chama Other Lives7, e é incrível. Mas, às vezes, o trabalho é difícil.” “Por quê? Lidar com os autores?” Eu ri. “Todos os autores que eu trabalhei foram ótimos. E Jaime? Ela pode ser intensa, mas ela é um amor. Às vezes eu só sou péssima em lembrar que isso é um trabalho. Que eu preciso prestar muita atenção, mas eu me envolvo na história e a próxima coisa que sei é que eu tenho que voltar e reler o capítulo todo. Espero que ela me contrate para o próximo livro dos Irmãos Maddox. Eu sou uma grande...” Eu ri, meio consciente do que estava fazendo. “Desculpe. Eu meio que posso ser uma fangirl.” “Tudo bem.” Eu mordi meu lábio. “Não tem nada mais incrível do que ver um livro que você trabalhou ser comentado e amado ou quando chega a alguma lista. Você se sente como se fosse parte de algo grande.” Colton estava sorrindo enquanto me observava. “Você realmente ama seu trabalho.” “Eu amo livros,” eu disse simplesmente. “Não tem nada mais poderoso do que a palavra escrita. Ela pode te transferir para lugares que existem e que você nunca vai ter chance de visitar ou te levar para um mundo que não existe. Eles podem te mostrar coisas que você nunca vai poder experimentar na sua vida, e livros... acima de tudo, eles podem te tirar do seu mundo e, às vezes, isso é tudo que você precisa.” “Eu consigo entender.” Ele ainda estava me olhando de perto com aqueles olhos intensos azuis.
6 Autora de livros New Adult. Mais famosa pela série Belo Desastre. http://www.jamiemcguire.com/ 7 Realmente um livro planejado pela autora para ser lançado. Ainda sem data e sem sinopse. http://www.goodreads.com/book/show/23251134-other-lives
Um momento de silêncio passou entre nós. “Tenho certeza que você não veio aqui para ouvir isso tudo.” Ele abaixou seu garfo. “Na verdade, yeah, eu vim.” Eu pisquei. “O que?” Colton se inclinou na minha direção, seu olhar preso ao meu. “Eu não conhecia você no colegial, mas eu sabia sobre você.” “Você sabia? Não consigo imaginar que fosse algo interessante. Eu era tediosa como...” “Eu nunca tive a impressão que você fosse tediosa.” Ele me interrompeu e, por deus, eu podia me afundar naqueles olhos e nunca mais voltar. Por mais bobo que isso soasse, e se eu visse isso em algum livro eu iria dizer para mudar, mas agora eu entendia. Era possível. “Eu só pensava que você era essa linda menina que se sentava duas carteiras atrás de mim e que era tímida.” Várias coisas passaram pela minha cabeça. Ele lembrava que nós tínhamos aula de história juntos? Puta merda. E ele achava que eu era bonita? Eu provavelmente pesava mais naquela época e usava esses óculos horríveis e que hoje são moda.
Colton estava flertando.
“Olhando para trás, eu gostaria que tivesse tido bolas suficientes para falar com você.” Ele voltou sua atenção para o crepe enquanto minha boca caia na mesa. “Mas você estava com Kevin e,... yeah, esse não sou eu, você sabe?” Ele olhou em minha direção. “Você vai comer esse crepe, né?” “Yeah,” eu murmurei, cortando um dos lados. Eu me forcei a comer um pedaço e foi como se estivesse explodido um orgasmo na minha boca. Wow. Isso era inapropriado. Eu resisti à vontade de rir. “E você? Você esteve trabalhando como policial esse tempo todo?” “Yep. Sempre foi o que quis fazer. Eu comecei como um oficial e virei detetive do condado antes de ser transferido para a cidade. Eu amo o trabalho
como detetive, mas com minhas horas todas bagunçadas, Reece, meu irmão, meio que interveio e adotou meu cachorro. Ela nem fica mais na minha casa.” Ele terminou o segundo crepe com uma rapidez incrível e se encostou-se à cadeira, esticando suas longas pernas. “Eu quase me casei.” Graças a Deus eu tinha acabado de engolir o pedaço de crepe porque havia uma boa chance que eu tivesse engasgado. “Quase?” “Fiquei noivo.” Ele sorriu e eu senti meu estomago afundar em resposta. “Nicole e eu estávamos juntos por... inferno.” Ele olhou para o teto, fazendo careta. “Por seis anos.” Puta merda, seis anos? Isso era um bom tempo. Eu imaginava se ela era a mulher que eu tinha visto ele no cinema daquela vez, mas isso foi ano passado, acho.
“Chegamos ao ponto de decidir a data do casamento quando percebemos que queríamos coisas diferentes da vida.” Eu peguei meu café, mais intrigada do que deveria estar, mas eu não conseguia imaginar o que essa mulher misteriosa pudesse querer além de um anel de Colton. Com certeza, haviam mais coisa para a vida, para um relacionamento, além de ter um cara desses para se acordar junto, mas Colton e seu irmão mais novo, Reece, sempre tiveram essa vibe de serem os caras bons. Colton até poderia ter mudado desde a época do colegial, mas eu achava que não. “Como?” “No começo eu acho que Nicole gostava da ideia de namorar um policial.” Ele riu enquanto passava seu dedo pela borda da sua xicara e, merda, ele tinha dedos longos. “Mas não é uma vida fácil. As horas são estranhas. Então tem o fator de perigo. Eu faço um dinheiro decente, mas eu nunca fui de esbanjar. Eu acho que ela esperava que eu me cansasse de ser policial.” Eu não entendia. “Mas vocês ficaram juntos por muito tempo. Por que ela iria pensar que isso era algo que você iria se cansar?” Ele levantou um ombro. “Acho que algumas pessoas apenas fingem estar bem com algo porque elas acham que vai haver algum tipo de recompensa
no final. Que eles vão, eventualmente, ter o que querem e quando eles percebem que isso nunca vai acontecer, eles só não conseguem mais fingir.” Eu balancei minha cabeça. “Eu ainda não entendo. Por que alguém iria perder seu tempo fingindo – fazer outra pessoa perder seu tempo? Não tem porque fingir algo em um relacionamento. Isso nunca funciona.” Seus cílios escuros abaixaram, encobrindo seus olhos enquanto um pequeno sorriso aparecia em seus lábios. “Concordo.” Dando mais um gole no meu café, eu tentei ignorar as milhares de perguntas que estavam fluindo na minha cabeça. Eu olhei para ele enquanto abaixava minha xicara e nossos olhares se encontraram. Ar escapou pelos meus lábios. Colton não olhou para longe, e nem eu. Absolutamente presa pela intensidade do seu olhar, as pontas de excitamento em minha barriga se transformaram em uma pequena queimação que fez meus batimentos acelerarem. Como um simples olhar poderia me fazer reagir assim? Ele abaixou seu olhar, e eu inalei profundamente, sentindo o calor viajar pelas minhas veias. Ele estava olhando para minha boca de novo? Oh Deus, estava ficando quente aqui.
Por Deus, esse homem... mesmo seu olhar era puramente... puro pecado.
Eu limpei minha garganta. “Então... um, quando você e Nicole se separaram?” “Há uns seis meses atrás.” Gelo substituiu o calor enquanto minha expressão ficava nula. Seis meses? Isso não era a muito tempo, especialmente considerando que eles estavam prestes a se casar e que estavam juntos por seis anos. Seis meses era... era nada. Depois que eu perdi Kevin, seis meses não mudaram nada em mim. Como ele poderia ter superado um relacionamento em apenas seis meses?
E isso importava? Não, não importava, mas não tinha como negar a ponta de decepção. Eu queria bater em mim mesma.
Colton se inclinou para frente. “Eu tive outro motivo para vir. E é sobre o que aconteceu ontem à noite.” “Claro,” eu murmurei, colocando um sorriso em meus rosto enquanto tinha vontade de sumir de novo.
Ele me olhou estranhamente. “Eu não quero entrar nos mínimos detalhes...” “Eu posso lidar com eles.” Ou, pelo menos, eu achava que podia. Eu tinha certeza que poderia.
Aquele meio sorriso estava de volta. “Quando me chamaram no meio da nossa conversa, foi porque o necrotério tinha pegado o... o corpo e ele tinha evidências. Claro, nós sabemos a causa da porte, mas eu queria parar para dizer que provavelmente teremos a identificação ainda hoje.” “Oh.” Eu tomei mais um gole do meu café morno. “Eu também queria que você me contatasse imediatamente se você visse qualquer coisa estranha, okay?” Alcançando seu bolso, ele pegou um cartão de visitas e o colocou sobre a mesa.
Meu olhar caiu para o cartão. Tão formal. “O que poderia ser estranho?” “Apenas se você notar alguém por perto daqui e que você não conhece. Qualquer coisa que te dê uma má impressão. Esse tipo de coisa.” Eu olhei para ele, a inquietação de antes voltando. “Eu deveria estar preocupada?” “Não.” O sorriso que ele me deu não atingiu seus olhos. “Apenas sendo cuidadoso.” Isso realmente não me fez me sentir melhor, mas será que ele não poderia ter apenas me ligado? Se ele tinha meu endereço então ele tinha meu celular.
Seu sorriso se transformou e seu rosto ficou mais suave. “Yeah, eu poderia ter ligado para te dizer isso.”
Meu queixo caiu e eu quase deixei minha xicara cair junto. “Você consegue ler mentes? Oh, cara, espero que não.” Seu olhar fez aquele pequeno desvio de novo. “Agora eu fiquei curioso para saber o que eu iria descobrir se pudesse.” Eu arregalei meus olhos e não disse nada porque, sério, minha mente estava a um passo de me fazer passar vergonha quando ele estava por perto.
Movendo, ele bateu em meu braço com seus dedos. “Eu não queria apenas te ligar.” “Oh,” eu repeti. Deus, essa conversa estava indo no caminho errado. E não era culpa minha. O toque dos seus dedos tinha mandado um calafrio pelo meu braço.
“E eu queria os crepes,” ele continuou. “E quando você quer crepes, você quer dividi-los com uma mulher bonita.” Minha boca se abriu mas as palavras não saíram.
Ele riu enquanto se levantava. “Eu tenho que ir.” “Okay,” eu murmurei, colocando minha xicara na mesa. Eu levantei, seguindo ele até a porta e, quando ele parou de repente, eu quase bati em suas costas. Seu sorriso brincalhão fez mais uma aparição. “Desculpa.” Colton inclinou sua cabeça para o lado. “Eu manterei contato, Abby.” Enquanto ele saia e eu fechava a porta atrás dele, eu me inclinei para frente, gentilmente pressionando minha testa contra ela enquanto tentava parar meus pensamentos de vagarem e tornar isso uma coisa maior do que era.
Mas foi difícil.
“Ugh.” Eu pressionei minha testa contra a porta e gemi. Colton era um flertador – um descarado. E era isso que ele deveria estar fazendo porque não tinha como isso ser nada além. Afinal, como poderia? Não
quando ele estava noivo a seis meses atrás, e ele não tinha dito quem havia terminado o relacionamento.
Além do mais, eu não era seu tipo. Eu não estava me menosprezando ao saber disso. Colton era... ele era lindo. O tipo de beleza masculina que poderia estampar capas dos livros que eu editava, e ele também era gentil –charmoso e, pelo que me lembrava, inteligentíssimo. E eu?
livros. Eu era o tipo de mulher que sempre terminava com esses caras nos
Mas não na vida real.
Nunca na vida real.