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Capítulo Sete
Eu estava finalmente começando a ter sorte. A lona que Colton pegou do barracão era usável. Eu passei café enquanto ele trabalhava, usando fita, fingindo que eu não estava observando ele cobrir a janela.
Eu realmente estava checando ele. Quero dizer, quem não iria? Quando ele foi esticar a lona, ele tinha se abaixado e, puta que o pariu, aquele homem tinha uma bunda incrível. E quando ele começou a prender, eu fui presenteada com a vista dos seus músculos se contraindo, expandido sua blusa.
O que eu não daria para ver aquele homem nu.
Nessa hora eu fiz uma nota mental para acionar a companhia de seguro na segunda de manhã, assim eu não iria esquecer.
Eu levei sua xicara até ele, colocando ela na mesa de centro. Trabalhando no canto, ele olhou para mim sobre seu ombro. “Obrigado.” Como eu já tinha tentado ajudar e fui enxotada, eu me sentei no sofá. “Eu realmente estou grata pela ajuda.” “Não tem problema.” Ele cortou um pedaço de fita. “Tem umas coisas que eu preciso falar com você. Eu estava planejando em te atualizar amanhã. Talvez com algumas panquecas dessa vez.” Eu apertei meus olhos fechados por um momento e desejei que suas palavras significassem mais do que apenas uma flertada natural. “Okay.” “Nós identificamos a vitima.” Ele esticou a fita sobre o lado direito enquanto me atualizava. “Não era o melhor cidadão do mundo, mas suas acusações eram por pequenos crimes, alguns envolvendo drogas. Parece que o que aconteceu na sexta pode ser mais do que uma simples execução, obviamente bem maior que isso.”
Minhas costas enrijeceram. “Eu imaginei isso. O cara estranho da van me deu essa impressão.” “O homem morto trabalhava para Isaiah Vakhrov. Já ouviu falar dele?” “Não. Deveria?” Ele balançou sua cabeça enquanto pegava outro pedaço de fita. “Não se você quer viver bem e saudável. Isaiah Vakhrov praticamente controla a cidade, mas não do lado certo da cerca, se você entende o que estou falando. Ele tem um dedo em tudo. Algum dos seus negócios são legítimos e alguns não. Muitas drogas entram e saem dessa cidade por causa dele.” Eu franzi o cenho. “Então, ele é algum tipo de rei do crime? E todo mundo sabe disso? Como ele ainda faz o que faz?” “Como eu disse, ele tem um dedo em muitas coisas, o que significa que tem muita gente na sua lista de pagamento. Ele é como teflon. Nada gruda.” “Wow,” eu murmurei. “De qualquer maneira, o cara assassinado trabalhava para Isaiah, e uma coisa que cada crápula desse estado sabe é que não se mexe com as pessoas do Isaiah a não ser que você queira ter uma bala em sua cabeça. Quem quer que sejam os atiradores, ou eles não são espertos ou eles têm mais bolas que cérebro. E pra quem for que eles trabalham, não quer que essa conexão seja feita,” ele disse para mim. “O que explica o que aconteceu no mercado e isso. Alguém identificou. Pode ter sido alguém na cena do crime ou...” Ou pode ter sido alguém no departamento de polícia. Bom Deus, isso era irreal.
“A coisa é, conhecendo Isaiah, ele vai encontrar quem puxou aquele gatilho antes de nós.” Sua risada não tinha humor. “Ele quase sempre faz. E ele vai cuidar disso. Mas o que não gosto é que para quem quer que seja que aqueles caras trabalham, eles vão vir atrás de você.” Ele colocou a fita no lugar. “Eles não vão chegar perto de você de novo.”
O jeito que ele disse isso quase me convenceu que ele sozinho poderia cuidar disso. Eu queria acreditar nisso, mas ele não poderia ficar comigo vinte e quatro horas por dia. O medo que estive segurando voltou à tona. “Eu... eu devo ficar preocupada com esse Isaiah?” “Honestamente?” Os músculos das suas costas se contraíram. “Não. Mas ele não é uma pessoa boa. Nunca deixe ele te convencer a achar isso, mas ele tem esse senso de moral e de conduta. Violência contra mulheres e crianças é um bom gatilho para ativar seu lado ruim. Ele vai te deixar em paz.” “Isso é meio confortante,” eu balbuciei, tomando um gole do meu café. “Meio que.” “Preciso dizer que, apesar de tudo, você está lidando com isso como uma profissional.” Eu fiquei meio distraída pelo jeito que seus bíceps se movia e se contraia e acabei falando. “Eu chorei até dormir ontem.” Colton enrijeceu.
Meus olhos arregalaram. “Oh meu Deus.” Eu coloquei minha mão contra minha testa. “Não consigo acreditar que eu acabei de dizer isso em voz alta.” Abaixando suas mãos, ele deixou a lona solta enquanto se virava para mim. O rolo de fita pendurado em seus dedos.
Calor invadiu minhas bochechas. “Quero dizer, eu não solucei nem nada, e eu não choro muito. É só que...” “Querida, você não tem que explicar nada. Você viu uma boa merda ontem à noite.” Soltando o rolo de fita no braço da cadeira, ele deu a volta na mesa de centro e ficou exatamente entre ela e eu. Pegando a xícara da minha mão, ele colocou ela ao lado da sua e se sentou na quina da mesa, olhando para mim. Ele estava tão perto, nossos joelhos pressionados juntos quando se inclinou, colocando seus braços em suas coxas. “Ter uma reação emocional é esperada. Se você não tivesse, eu ficaria preocupado. Para ser honesto, eu não gosto da ideia de você ficando sozinha depois de ter visto algo assim.”
“Por que?” Eu perguntei antes que conseguisse me impedir. “Por que você se importa?” Ele inclinou sua cabeça para o lado. “Eu não sei o que pensar desse tipo de pergunta.” Eu exalei calmamente. “Quero dizer, você trata todas as testemunhas assim? Traz crepes para elas de manhã e conserta suas janelas vandalizadas?” Colton levantou uma sobrancelha. “Não.” Bem, essa foi uma resposta direta. “Então por que está fazendo isso
agora?”
“Quanto te perguntei se você acreditava em segundas chances eu estava esperando que você fosse dizer que sim.” Aqueles cílios grossos levantaram. “Eu não gosto de como nossos caminhos se cruzaram de novo, mas fiquei feliz que isso aconteceu.” Eu estava sem palavras.
Um sorriso brincalhão apareceu. “Eu sabia sobre você no colegial, Abby. Eu te achava bonita e inteligente. Eu gostava de como você sempre era a primeira a chegar e a ultima a sair das aulas.” Oh meu Deus, eu sempre era a primeira a entrar e ultima a sair.
“Eu gostava de como você era gentil com todos, mesmo os idiotas que não mereciam,” ele continuou, aqueles olhos azuis brilhando. “Então, yeah, eu te vi, mas você tinha um namorado. Você sempre teve um namorado. Eu respeitei isso, mas eu sei que você também me viu.” O calor que subiu para minhas bochechas não tinha nada a ver com vergonha.
“Você sabe, de tempos em tempos você passava pela minha cabeça. Essa é a pura verdade.” Seus olhos encontraram os meus. “Sempre foi inesperado. Nunca indesejável. Você pensou em mim?” “Sim. Eu pensei sobre você,” eu sussurrei.
Seu sorriso ficou ainda maior. “Ai sim.” Chocada com o que ele estava admitindo, isso ainda não fazia sentido. “Eu te vi pela cidade, Colton, desde que eu me mudei para cá. Em uma loja ou no cinema.” Eu deixei de fora a parte que ele estava com outra pessoa porque era irrelevante. “Você nunca me viu.” “Então eu sou um completo idiota se isso for verdade.” Eu pisquei e meu olhar caiu para sua boca. Como seria a sensação dela? Seria dura? Suave? Uma mistura de ambos? E qual seria o gosto? Eu apostava em uma mistura maravilhosa de café com masculinidade. “Colton...” “Eu deveria ter te notado. Merda, eu odeio a ideia que não o fiz.” Seu tom cheio de sinceridade. “Eu vi você agora, Abby.” Meu coração começou a tropeçar em si mesmo. “Isso não parece realidade.” Uma risada ecoou dele. “Por que não?” “Porque essas coisas não acontecem na vida real,” eu disse a ele, me encostando, precisando do espaço entre nós antes que eu decidisse realmente sentir sua boca. “Elas não acontecem.” Suas sobrancelhas se juntaram. “Isso está acontecendo. É a vida real.” “Você não entendeu o que estou dizendo.” Eu inalei profundamente. “Homens extremamente lindos como você...” “Você me acha extremamente lindo?” Seu sorriso apareceu de volta, assim como sua covinha.
Eu atirei um olhar a ele. “Como se você não soubesse disso. E veja, essa é a coisa. Você é lindo, um policial confiante e eu não sou a pior coisa andando sobre duas pernas, mas eu não sou o tipo de mulher que chama a atenção de homens como você. Isso só acontece nos livros."
Ele me encarou por um momento e, então, balançou sua cabeça. “Primeiro, o que você quis dizer com mulheres como você?”
“Eu realmente preciso explicar isso?” Seus olhos se estreitaram. “Sim, você precisa.” Eu estava ficando frustrada, minha pele formigando. Ele não podia estar falando sério. “Eu não pareço com as mulheres de filmes. Elas são altas, magras, loiras lindas. Ninguém nesse mundo iria me descrever como aquela linda mulher com o cara gostoso. Eles falariam, wow, ele realmente está com alguém mediano. E eu estou bem sendo uma mulher mediana. Eu sei que sou, então não faz sentido. Eu quero dizer, a não ser que você apenas esteja com tesão, queira transar e não tenha mais nenhuma opção no momento, então isso faz mais sentido, eu acho.” Ele abriu sua boca, fechou e, tentou de novo. “Se eu estiver com tesão e quiser transar?” Yeah, eu meio que não podia acreditar que havia dito isso.
“Querida, quantos anos você acha que tenho se tudo que quero é transar?” ele perguntou. “Bem, quero dizer, eu fico com tesão e também quero transar, e nós temos a mesma idade.” Eu realmente precisava calar a boca. “Tudo que estou dizendo é que isso é a natureza humana.” “Natureza humana?” Seus olhos azuis brilharam enquanto ele ria. “Posso te dizer o quanto eu gostei de saber que você também fica com tesão e, querida, se você quer transar, eu estou à disposição, mas você realmente não me conhece, Abby.” Eu ainda estava presa nele estar à disposição se eu quisesse transar, e cara, como eu queria. Não tinha considerado isso seriamente nesses quatro anos. Nenhum cara tinha chamado minha atenção, mas agora? Uma dor tinha nascido e minha respiração ficou falha, apenas da ideia de dormir com ele.
“E nós vamos mudar isso,” Colton disse. “Nós vamos nos conhecer de um jeito que vai durar.” Minha respiração ficou presa quando um calafrio me atingiu. “Vamos?”
Aquele meio sorriso fazia coisas insanas comigo. “Oh, nós vamos. Você sabe o por quê? Porque nós tivemos uma segunda chance para isso e não vamos desperdiçá-la, vamos?” Eu não conseguia olhar para o lado. “Não.” “Isso mesmo.” Levantando seu braço, ele colocou sua mão contra minha bochecha. “Aqui está uma peça importante de informação sobre mim. Se eu estou procurando apenas por uma transa, eu não vou trazer crepes pela manhã ou vou consertar sua janela. E eu, com certeza, não vou arriscar minha carreira apenas para foder com uma testemunha. Se eu vou me arriscar, eu quero que isso valha a pena.” Seu dedão passou pelo meu lábio, fazendo minha respiração ficar irregular. “E querida, eu tenho a impressão que você vale a pena.” Antes que eu pudesse responder, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa que provavelmente iria arruinar tudo que ele disse, ele deslizou aquela mão sobre minha bochecha, seus dedos entrelaçando em meu cabelo enquanto ele se inclinava, forçando seus joelhos entre os meus. Eu respirei. Meu coração bateu. Tudo que eu vi foi o azul de seus olhos.
E, então, Colton me beijou.