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Capítulo Quatro

Meu scarpin de bico fino preto e branco com um laço no calcanhar era lindo, mas era brutal. Meus pobres dedos estavam doendo e eu tinha certeza que quase toda a pele no meu calcanhar já tinha saído.

Ao contrário da crença popular, beleza não deveria significar dor e, não importa o quão fofo os sapatos eram, eles não valiam a dor que irradiava a cada vez que eu dava um passo.

Eu joguei eles no fundo do meu armário e coloquei um par de rasteiras que meu pé agradeceu. Balançando meus dedos, eu levantei minha mão e passei ela pelo meu cabelo.

Minhas duas primeiras semanas na Lima Academy tinham sido exaustivas, mas de um jeito bom, divertido e produtivo se eu não contasse os encontros com os Gêmeos do Esteroide. Eles eram babacas – babacas relativamente inofensivos – mas eles eram fáceis de se ignorar a maior parte do tempo. Especialmente desde que eu aprendi a ser rápida em fingir estar em uma ligação quando eles entravam no escritório.

Cada dia havia algum tipo de trabalho que envolvia eu andando pelas ruas congestionadas da Philadelphia, tanto a pé quanto de carro, para pegar algo para o Sr. Browser. Mas eu também estava aprendendo e a animação do novo trabalho ainda não estava perto de desaparecer, mesmo que a maioria dos caras do setor de vendas fossem totais babacas que passavam mais tempo olhando para minha bunda ou meus seios do que trabalhando.

Engolindo um bocejo, eu fechei meu armário e olhei deliciosamente para minha cama. Eu comecei a andar para ela, mas me parei. Ontem à noite eu tinha me deitado por volta das oito da noite e, mesmo que por alguns minutos, terminei desmaiada, dormindo a noite toda.

Além do mais, eu não estava com tanto sono assim, apenas estranhamente cansada. Eu realmente esperava que eu não estivesse ficando resfriada ou coisa do tipo. A última coisa que eu precisava era potencialmente faltar no trabalho por estar doente e, por causa disso, eu sabia que eu ficaria em casa e iria descansar, mas eu estava entediada. E era sexta à noite.

E eu sentia falta das minhas meninas.

Por agora, eu falei com Yasmine e Denise pelo Skype, duas meninas que ficaram comigo todo o tempo na faculdade, sempre que estávamos livres, o que não era tanto quanto gostaria. Yasmine tinha se mudado para Atlanta e Denise estava em Baltimore, o que era bem longe daqui. Uma vez que estivesse situada, eu queria fazer uma pequena viagem para visitar Denise.

Pegando minha bolsa, eu fui para meu carro. Na verdade, eu estava me sentindo bem solitária e eu precisava sair. Em casa, sempre havia alguém para sair ou algum lugar para ir, e eu realmente não tinha feito uma conexão com alguém aqui.

Bem, exceto Nick, mas essa não era uma relação longa. Pelo menos, ainda não. Mas quem sabia? Nós poderíamos virar amigos, mas eu não iria conhecer ninguém sentada em meu apartamento fazendo uma maratona de todas as temporadas de Supernatural.

O estacionamento do Mona’s estava bem lotado enquanto eu entrava, imaginando se Nick estava trabalhando... e yeah, eu também imaginava se ele tinha planos para mais tarde. Esse último pensamento trouxe um sorriso para meu rosto.

Música e o barulhos das bolas de sinuca batendo me felicitaram enquanto eu passava pela porta. Agradecida por não estar usando nada mais pesado que um cardigã, desde que estava quente do lado de dentro, eu olhei ao redor para dois caras enquanto me aproximava do bar.

Eu vi a menina de óculos primeiro – Roxy. Ela tinha mudado a cor dos seus óculos e a mecha em seu cabelo. Hoje à noite, ambos eram azuis e eles

combinavam com sua camiseta. Uma risada saiu de mim quando ela se virou e eu consegui ler o que estava escrito nela.

A BARTENDER KNOWS HOW BAD HEAD IS7 .

O único cara, aquele com o cabelo castanho curto e militar escrito nele, também estava atrás do bar. Se eu me lembrava direito, esse era Jax, o dono. Perto dele, Roxy estava trabalhando e eu me apertei entre dois bancos.

Só uns segundos se passaram antes de seu olhar passar por mim e voltar. Surpresa encheu seus olhos. “Você voltou.” Que comentário estranho.

Roxy se virou para o dono e gritou. “Ela voltou!” Um.

Jax levantou uma sobrancelha enquanto ele olhava em nossa direção, balançando sua cabeça. Sem ficar impressionada pela falta de interesse da sua parte, Roxy parecia como se estivesse a segundos de fazer uma manobra. “Estou tão feliz por você estar aqui,” ela disse, se inclinando contra o bar na minha frente. “O que posso pegar para você?” Afastando o cumprimento estranho, eu passei meus olhos pelas garrafas atrás dela e desisti de pensar em uma bebida. “Quero qualquer coisa que você tiver a mãos.” “Já vai sair.” Roxy se virou e, como um tornado, ela se moveu atrás do bar, voltando com um copo cheio. “Quer abrir uma conta?” Eu balancei minha cabeça e entreguei o dinheiro. Abrir uma conta sempre terminava comigo bebendo demais. “Fique com o troco.” Roxy sorriu e eu percebi que o hematoma em seu rosto já tinha sumido completamente. Ela voltou do caixa e depois de pegar uma garrafa

7 Um bartender sabe o quão ruim a cabeça é

para um cara a uns dois bancos de distância. “Eu estava começando a pensar que nunca mais a veria. Quanto tempo faz? Duas semanas?” “Eu comecei um trabalho novo,” eu expliquei. “Eu acho que isso meio que me esgotou.” “Compreensível.” Ela apoiou seu cotovelo no balcão. “Está gostando

daqui?”

Eu concordei. “Está me levando um tempo apenas para me acostumar a cidade. Da onde eu vim, não tínhamos nada como aqui.” “Yeah, Calla – a namorada de Jax – disse isso também. Mas ela é daqui, na verdade, apensar de frequentar Shepherd.” Ela pausou por um tempo para respirar. “Mas você não a conhece direito, certo?” “Eu apenas sei sobre ela. Ela parece uma menina muito legal.” Eu tomei um gole da minha cerveja. “Você morou aqui a vida toda?” “Nascida e criada. Eu amo isso aqui. É o lugar perfeito. Perto da cidade, mas ainda assim tem aquele jeito de interior – um segundo.” Roxy percorreu o bar, atendendo alguém que chegou com um copo vazio.

Tomando outro gole, eu me virei e observei o bar. Havia uma certa mistura de pessoas aqui, novas e velhas, de várias etnias e castas.

“Tem vários bares badalados na cidade,” Roxy disse, voltando. Ela sorriu e eu me virei. “Desculpa. Você tinha aquele olhar em seu rosto. Não um ruim,” ela adicionou rapidamente. “Apenas o tipo que observa tudo. Estou surpresa que conseguimos ter um público jovem aqui. Tem muito mais opções em Philadelphia.” “Mas o Mona’s é legal,” eu disse a ela, sem mentir. “Yeah, não é... o mais estiloso.” Eu olhei para as placas em neon sobre as mesas de sinuca. “Mas eu gosto.” “Você precisa sair mais,” veio uma voz atrás de mim.

Roxy cruzou seus braços enquanto ela levantava uma sobrancelha para o intruso. Eu me virei de lado. Um homem alto estava ali, seu cabelo castanho era curto, combinando com seu rosto clássico. Ele piscou na direção de Roxy.

“Isso me lembra minha casa,” eu respondi, levantando o copo até meus lábios.

O cara riu. “Então eu meio que estou preocupado com sua casa.” Antes que eu pudesse responder, Roxy suspirou. “Cale a boa Reece.” Um sorriso brotou no rosto dele enquanto seu olhar se movia para ela. “Oh, eu amo quando você fica toda mandona comigo.” “Você é ridículo.”

“E você me ama,” ele respondeu. “Não sei por quê.” Ela suspirou de novo, muito mais dramaticamente. “Mas eu amo.”

Então esse era seu namorado, que ela mencionou da outra vez. Boa. Roxy tinha bom gosto. Reece tocou no ombro de um cara com os dedos. O cara olhou para ele e Reece levantou suas sobrancelhas. “Por que você não é um cavalheiro e deixa a dama se sentar?”

“Não é...”

Antes que eu pudesse protestar, o cara estava fora do banco. “Todo seu, policial.” Policial? O namorado de Roxy era um policial? Por algum motivo eu tinha dificuldade de imaginar ela com um. “Todo seu.” Reece ofereceu. “Obrigada.” Eu me sentei e meus pés me agradeceram. “Apesar que você não precisava ter feito isso.”

Reece ficou no lugar que eu estava. “Um cara nunca deveria estar sentando quando se tem uma dama de pé. É simples assim.” Se esticando, ele se inclinou sobre o bar e bateu em seus lábios com um dedo.

Roxy ficou rosa, mas ela deu um beijo nele. Quando ela começou a se afastar, a mão de Reece se moveu e agarrou seu pescoço. Segurando ela no lugar, ele inclinou sua cabeça para o lado e realmente começou o show.

Por Deus.

Assistir eles, eu senti meus olhos arregalarem e eu também senti a necessidade de me abanar. Esse era mais que um beijo e só foi indo e indo. Um dos braços de Roxy passou sobre os ombros de Reece e eu meio que esperava que ele a arrastasse sobre o bar. Um pequeno sorriso apareceu em meus lábios, mas por dentro eu estava impressionada, com uma pequena pontada de inveja. Quase como uma inquietação, mas isso ativou outra emoção que eu já tinha provado antes. Eu não tinha certeza do que estava sentindo nesse momento, mas eu coloquei minha cerveja para baixo, próxima a minha bolsa.

A alguns metros, Jax se virou para nós. “Cara, sério?” Com uma risada profunda, Reece soltou Roxy e ela voltou a ficar de pé, seus olhos sem foco. Alguém tossiu e ela piscou rapidamente. Estreitando seus olhos para seu namorado, ela endireitou seus óculos.

“Você é terrível,” ela disse meio irritada. “E você causa uma péssima primeira impressão.” “Eu acho que causo uma ótima primeira impressão,” ele respondeu, sorrindo em minha direção. “Eu sou Reece Anders – o amor da vida de Roxy.” Eu não pude resisti em sorrir. “Sou Steph Keith.” “Ah, a famosa Steph.” Ele olhou para Roxy. “Onde está...” “De folga.” O sorriso de Roxy estava brilhante demais, grande demais. “Desculpe pela interrupção. Ele é socialmente danificado.”

“Também estou com muita sede.” Ele respondeu, olhando o bar. Roxy inclinou sua cabeça para o lado. “Você está vendo Jax ali? Por que não vai pedir para ele te servir?” “Isso foi maldade,” ele murmurou, mas ele ainda estava sorrindo enquanto se afastava do bar. “Já volto.” Ele se virou, indo em direção a Jax, que estava do outro lado do bar. Enquanto ele passava por mim, ele deu um cutucão em meu ombro. “Eu gosto quando ela é mandona.” Eu ri enquanto Roxy gemia de raiva, algo que Reece ignorou. “Ele parece que dá trabalho,” eu disse uma vez que ele chegou perto de Jax. “Menina, você não faz ideia.” Seus olhos arregalaram atrás dos seus óculos. “Mas ele... ele é um ótimo homem, e eu tenho muita sorte, mais do que você possa imaginar.” “Oh, parece que tem uma história aí.” Ela sorriu gentilmente. “Tem é só...” ela se cortou enquanto outro sorriso brotava em seu rosto. “Perfeito!”

Percebendo que ela estava encarando algo atrás de mim, eu olhei sobre meu ombro. Minha boca caiu aberta. Uma mulher tinha acabado de entrar e eu... eu nem sabia o que ela estava usando.

Era um vestido. Eu acho. Um vestido feito de... fita isolante preta, talvez? Era isso que aprecia. Colado ao corpo, era nada mais do que tiras de tecido preto estrategicamente colocadas. Ele deixava seu corpo esbelto a mostra, deixando pouco para imaginação, ainda mais pela quantidade de seios à mostra. Seus saltos eram tão altos que me fez me sentir mal por estar usando rasteirinha.

Ela caminhou na nossa direção, seu quadril balançando de um jeito que chamava a atenção de cada homem no bar. A loira alta tinha uma confiança que durava anos.

“Você sabe do que preciso,” ela disse a Roxy, que já estava pegando a garrafa de tequila. Ela olhou na minha direção e fez um bico com seus lábios cor de rosa chiclete. “Você é quente. Wow.” Eu abri minha boca, mas eu não tinha ideia de como responder a isso. Nem um pouco. Nada. Nadinha.

“Essa é Steph.” Roxy colocou uma dose sobre o bar. “Steph, essa é

Katie.”

“Oi,” eu disse, balançando meus dedos. Seu olhar caiu e ela me olhou de um jeito mais ousado que a maioria dos caras costumavam fazer. “Espere.” Suas longas unhas rosa batiam em seu copo. “Essa é a Steph?” “A Steph,” Roxy concordou. “Ela foi a próxima a entrar no bar depois da Aimee.” Suas palavras tinham um significado pesado. “E...” Eu comecei a franzir o cenho. Primeiro, Reece tinha se referenciado a mim como a “Infame Steph,” e agora eu era “A Steph?”? O que estava acontecendo aqui?

“Wow. Isso é incrível.” Levanto a dose até sua boca, ela virou a bebida como profissional. “Isso é tão incrível. Eu sabia. Eu totalmente adivinhei.” Ela bateu com seus dedos em sua testa. “Eu sou psíquica.” Sem palavras, eu balancei minha cabeça enquanto olhava para Roxy. A bochecha da bartender estava ficando mais vermelha enquanto ela dava de ombros. “Katie sempre é precisa em suas previsões.” “É uma dádiva. Uma maldição. Cai de um poste engordurado uma noite. Bati a cabeça. Uma história longa que tenho certeza que vou ter tempo de te contar depois.” Ela apoiou um quadril contra o bar enquanto eu simplesmente a encarava. “Essa é sua bolsa?” Quando eu concordei, ela a pegou e, completamente embasbacada, eu a assisti pegar meu celular. Normalmente eu teria ficado brava, mas tudo

que eu conseguia fazer era olhar enquanto seus dedos voavam sobre meu telefone.

“Eu mandei uma mensagem para mim e para Roxy. Assim você tem nossos números e nós o seu. Não tem como escapar da gente. Nós vamos te adotar como nossa melhor amiga do mundo.” Ela colocou meu celular de volta na minha bolsa e ela de volta sobre o bar. “Você vai tomar café da manhã com a gente no domingo. Claro, você deve estar pensando ‘claro que não’, mas você vai ir.”

Eu ainda estava encarando ela.

“Tem tanta coisa que precisamos te contar.” Virando de volta para Roxy, Katie começou a falar, mas parou, batendo suas mãos juntas. “Eu tenho o melhor timing. Sempre.” Por um momento eu não sabia o que ela estava falando, até que eu o vi. Nick. Meu coração fez uma pequena pirueta e isso me assustou tanto quanto Katie. Meu coração raramente fazia isso, e eu não tinha pensado realmente sobre Nick nessas duas semanas. Certo, isso eu não tinha certeza absoluta. Eu tinha pensado sobre ele uma ou duas vezes, mas eram pensamentos raros. Então minha reação, o jeito que senti minhas bochechas corarem e como minha coluna enrijeceu me surpreendeu.

Nick saiu de um corredor do outro lado do bar. Usando outra camiseta escura que parecia a segundos de rasgar sobre os picos do seu corpo quando ele levantou a mão, passando ela pelo seu cabelo, ele parecia tão delicioso quanto me lembrava.

Ele foi para onde Jax estava falando com Reece, nos dando uma bela vista enquanto levantava uma caixa de garrafas para o bar, seus músculos rolando e flexionando sobre a camiseta. Reece disse algo e Nick deu um passo para trás, rindo. O som era alto e contagiante e meus lábios se curvaram nos cantos em resposta. Ele respondeu enquanto se virava na nossa direção, seu sorriso fácil. Seu olhar levantou, percorrendo o bar.

Nossos olhares se encontraram em um instante.

Nick parou, como se tivesse andado até colidir com uma parede invisível. Uma tensão estranha apareceu em seu rosto enquanto o sorriso sumia. Sua expressão era de choque e, então, ele estava andando em nossa direção, ignorando Roxy enquanto ela dava um passo para o lado com uma expressão em seu rosto que dizia que a única coisa que ela estava sentindo falta, era de pipoca.

“Oi Nick,” disse Katie. Ela também foi ignorada enquanto ele ficava do outro lado do balcão, na minha frente, seus olhos mais gélidos que o inverno. Pequenos nós se formaram em minha barriga enquanto ele colocava ambas as mãos sobre o bar e abaixava seu queixo. Tudo que eu conseguia pensar era onde aqueles seus dedos estiveram da última vez que eu o tinha visto e se um dia terminariam lá de novo, por que... porque não?

“Stephanie,” ele disse naquela sua voz profunda, mandando raios de prazer. “O que está fazendo aqui?”

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