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Capítulo Dez
O que Nick disse foi quase como ser atingida por um balde de agua fria e enfiada em um freezer. Não era pelo fato dele querer ser meu amigo, e eu estava assumindo o tipo de amigos que não transam, mas isso soou como se ele nunca tivesse tido uma menina como sua amiga antes.
E isso não fazia sentido.
Havia Roxy e deve ter existido outras meninas que ele era próximo o suficiente para não pegar. Ele tinha de ter. Não tinha? Mas, novamente, Roxy tinha dito algo sobre Nick não ter muitos amigos. E havia toda essa coisa estranha com Calla.
“Você não tem amigas?” Eu perguntei, falando baixo. “Não. Não de verdade.” Ele pausou enquanto passava seus dedos pelo seu cabelo. “Com a exceção de Roxy, mas eu não acho que somos realmente amigos.” “Ela te considera um.”
Suas sobrancelhas arregalaram, como se ele estivesse surpreso.
“Huh.”
Eu não conseguia acreditar nisso. “E Calla? Ela trabalha no bar quando vem para cá, certo?” Nick soltou uma risada. “Nós não somos amigos.” Ele disse de um jeito que fez uma ponta de suspeita levantar. “Vocês
dois...”
“Não. Calla e eu não transamos. Jax iria me jogar de um penhasco se esse fosse o caso. Ele já estava apaixonado por ela antes mesmo dela pisar naquele bar,” ele disse, suspirando. “Nós apenas não somos próximos.”
“Okay.” Encostei-me ao balcão, largando o assunto sobre Calla. Por agora. “Mas você tem vinte e seis anos. Como nesse mundo você viveu tanto tempo sem ter uma amiga? Eu não entendo.” Ele olhou para a sala de estar, um musculo pulsando em seu maxilar. “Eu tinha no colegial e tal. Eu não sei.” Ele levantou um ombro. “Eu só não faço isso há anos.” A conversa que tivemos antes, onde ele indicou que ele tinha se envolvido seriamente com alguém e que isso tinha terminado mal ressurgiu. Eu não precisava ser uma psiquiatra para imaginar o quanto esse relacionamento desastroso havia afetado todos seus relacionamentos com as mulheres.
extra. Nick tinha o tipo de bagagem que as companhias aéreas cobravam
O que era outro motivo para controlar minha libido quando estivesse com ele.
“Você está a fim de ir visitar Reece?” ele perguntou, mudando de assunto.
Sabendo o que sabia, eu deveria ter dito não, mas ele me fez canja de galinha. Como poderia? “Acho que sim.” Um grande sorriso transformou suas feições de bonitas para incríveis. “Ótimo. Você está pronta para subir? Tudo que precisa é de sapatos.” Eu olhei para mim com uma carranca. “Talvez eu devesse me trocar.” “Não precisa.” Ele se virou, pegando o pote plástico e colocando ele na geladeira. “Você está linda como está.” Eu encarei suas costas pelo que pareceram minutos e, então, balancei minha cabeça. Passando por ele, eu fui para meu quarto e peguei um par de sapatilhas. De volta na sala de estar, eu peguei minhas chaves. “Pronta.”
Nick sorriu enquanto ele passava por mim, abrindo a porta. “Primeiro as damas.”
Reece morava alguns andares a cima e, enquanto nos aproximávamos da sua porta, eu conseguia ouvir risadas. Nick bateu e não foi o jovem policial que atendeu, mas uma versão mais velha, mais esculpida de Reece. Cabelo castanho cortado próximo ao seu crânio e uma pesada barba por fazer, seus olhos azuis tão brilhantes quanto o oceano.
“Hey, cara.” O cara apertou a mão de Nick enquanto ele dava um passo para o lado e se movia, pegando uma garrafa que ele havia colocado na prateleira. Ele me deu uma olhada de baixo a cima. “E quem é essa?” “Stephanie,” Nick disse, colocando sua mão na parte baixa das minhas costas, me empurrando para dentro. “Ela mora uns andares para baixo. Nova na cidade. Esse é Colton por sinal, irmão mais velho de Reece.” Ah, isso fazia sentido. “Prazer em conhecê-lo.” Colton sorriu enquanto ele olhava cinicamente para Nick. “Bom te conhecer. Entre. Eles estão prestes a começar.” Eu segui Colton para dentro do apartamento que era maior que o meu. Grande e arrumado, Reece tinha uma boa casa. Várias pessoas estavam na sala de estar. Eu reconheci Reece de cara. Ele estava parado perto da janela, uma cerveja em sua mão, mas não o cara que estava no sofá. Baseado em seu corte de cabelo, eu poderia chutar que ele era um policial. Havia uma mulher sentada no braço do sofá do outro lado. Seu cabelo escuro estava na altura de seus ombros e quando ela olhou para cima, ela sorriu.
Reece olhou para nós e rapidamente escondeu sua surpresa com um sorriso. “Hey gente.” Seus olhos brilhavam incrédulos. “Fico feliz que conseguiram vir.” Sorri, dando um pequeno aceno ao grupo. “Oi.”
Colton passou por nós, se sentando no sofá ao lado da mulher. “Eu acho que eu vou fazer as apresentações já que Reece é um idiota. Essa é minha namorada, Abby, ” Ele disse nos apresentando. “E esse outro cara aqui é o Brad.”
Seu irmão bufou. “Yeah, eu sou péssimo nessas coisas.” Brad olhou para cima e acenou levemente e o rosto de Abby se encheu de curiosidade. “Sou Steph,” eu disse. “Prazer em conhecê-los.” Reece olhou para Nick, levantando sua sobrancelha enquanto Brad se inclinava para frente, pegando algo pequeno e preto da mesa de centro. A TV ligou, revelando que eles estavam jogando.
“Noite de jogos,” Brad explicou, balançando o controle. “É uma épica morte súbita de Mario Kart. Estamos jogando em rounds – em duplas. Eu estou preso a aquele perdedor.” Ele apontou para Reece. Reece levantou seu dedo do meio.
“Você joga?” Nick perguntou, se virando.
Eu concordei. “Faz um tempo. Eu meio que sou uma merda.” “Tudo bem.” Ele pegou duas cadeiras da cozinha e trouxe elas para a sala, colocando próximas ao sofá. “Eu sou o melhor jogador de Mario Kart do mundo.”
“Você acha que ele está exagerando?” Colton rio, balançando sua cabeça. “Ele não está. É como se ele tivesse nascido para jogar esse jogo.” “Isso é porque eu tenho tempo de sobra em minhas mãos,” Nick respondeu enquanto eu me sentava na cadeira mais próxima a Abby. “Esse é o motivo.”
Reece riu em silencio enquanto dava a volta em torno da mesa de centro. “Isso é besteira e você sabe.”
Minhas pequenas orelhas pegaram o comentário, mas Nick não respondeu enquanto se sentava ao meu lado. Então, como Nick disse que tinha muito tempo disponível, mas Reece disse que isso era besteira, então o que é que Nick fazia que ele não queria comentar sobre? Eu disse a mim mesma que mesmo que estivéssemos nos tornando amigos, isso não era da minha conta, ainda mais agora, mas porra, eu queria saber.
“Você quer algo para beber?” Reece ofereceu, indo para a cozinha. “Eu tenho cerveja e refrigerante. E Roxy encheu metade da minha geladeira com chá gelado.” “Estou bem,” eu respondi, colocando minhas mãos estranhamente geladas entre meus joelhos. “Obrigada.” Reece e Brad começaram, jogando contra Colton e Abby. Cada jogador estava correndo um contra o outro e, quando cada um dos membros ganhava, contava pontos pro time. Brad ganhou a primeira e ele era bom marcando pontos. Abby entregou o controle e, claro, eu escolhi a princesa como minha personagem e, claro, eu mal conseguia mantê-la na pista. Eu era uma merda, mas era engraçado e a lateral do meu estomago doía de tanto rir.
Depois de algumas rodadas de morte súbita, o jogo foi pausado para que os meninos pudessem pegar mais bebidas. Eu percebi que Nick não estava bebendo e eu imaginei se ele nem bebia tanto assim. Aquela noite no meu apartamento, ele nem mesmo tinha terminado meia garrafa.
Eu conversei com Abby, descobrindo rapidamente que ela era um amor e que ela e Colton tinham acabado de começar a namorar.
“Você e Nick estão juntos?” ela perguntou, mantendo o tom da sua voz baixo. Os meninos estavam na cozinha, mas não era assim longe.
“Não. Somos apenas amigos.” “Oh.” Ela franziu o cenho. “Eu pensei que estavam. Eu não o conheço bem, mas desde que comecei a namorar Colton, eu nunca o vi com alguém.”
Isso não me surpreendeu. Comecei a responder, mas os meninos voltaram e, Nick colocou um copo d’agua na minha frente, na mesa de centro, próximo a uma tigela de batatinha que Reece tinha deixado. Eu não tinha pedido por isso, mas era uma cortesia e um gesto fofo que Abby percebeu com seus olhos de falcão.
Eu fiquei mais tempo do que havia imaginado, continuando ruim em todas as rodadas de Mario Kart, mas eu estava aproveitando o tempo com todos. A única razão de ter saído um pouco depois das dez era por eu trabalhar na manhã seguinte, ao contrário de todos eles, que tinham horários não ortodoxos. Quando me levantei e disse tchau, Nick passou seu controle para Colton e me seguiu até o lado de fora.
“Você não precisa ir,” eu disse a ele enquanto fechava a porta da casa de Reece atrás de nós.
“Eu sei.” Ele colocou suas mãos no bolso da calça enquanto começamos a andar pelo corredor. “Estou sendo um bom amigo e te acompanhando para casa.” Ri enquanto olhava para cima, para ele. “Eu moro aqui.” “Mas é uma longa caminhada. E fria.” Ele tremeu. “Merda, está frio aqui fora.” Ele não estava mentindo. Um vento gélido cortou o corredor. Meus braços estavam em volta do meu peito enquanto descíamos para o primeiro andar. Paramos na minha porta e eu peguei as chaves do bolso do meu jeans.
“Obrigada de novo pela canja de galinha.” Eu me virei para ele, sorrindo. “Me diverti essa noite.”
Nick inclinou sua cabeça para o lado. “Assim como eu. Reece costuma fazer isso semana sim semana não. Você é mais que bem-vinda a vir novamente.”
Reece disse o mesmo enquanto eu saía e eu, definitivamente, gostaria de repetir, especialmente se Roxy estivesse junto. Eu imaginava que jogar Mario Kart com ela seria como jogar contra mim mesma. “Você vai voltar lá pra cima?” “Yeah. Apenas mais um pouco. Então vou para casa.” “O quão longe você mora daqui?” Eu perguntei sem ter certeza se já havia perguntado isso.
“Não muito longe. Uns quinze minutos. Eu moro no outro lado de Plymouth.” Nick franziu o cenho e abriu sua boca, como se estivesse prestes a falar, mas ele pareceu ter mudado de ideia. “Bem, eu espero que você esteja se sentindo melhor.”
“Eu também.” Eu o estudei sobre meus cílios. “Tenha uma boa noite.”
O olhar de Nick passou sobre minha cabeça, para a porta, antes de voltar. “Não se torne uma estranha, Stephanie.” “Combinado,” eu sussurrei. Um pequeno sorriso apareceu antes dele se virar. Eu o observei até que ele chegasse à escadaria e desaparecesse. Entrei no meu apartamento, fechei a porta e me aprontei para cama. Ainda estava cedo e, enquanto eu estivesse cansada o suficiente para encerrar a noite, eu fiquei deitada muito tempo na cama, tentando entender Nick.
O cara tinha bagagem e uma postura questionável para encontros, mas ele era doce e gentil o suficiente para me fazer canja caseira? Ele ainda me queria e ainda assim estava negando sua atração por mim para sermos amigos? Por quê? Por que, quando ele não tinha feito isso por nenhuma outra menina? Eu não era nada especial. Ele devia ter um motivo. Algo.
Entender ele era algo impossível.
Nick era como um quebra-cabeça onde as peças mais complicadas tinham sido colocadas juntas por engano e, lá no fundo eu sabia que não
importava quantas vezes eu embaralhasse elas e recomeçasse essas peças sempre estariam faltando e nunca formariam uma imagem completa.
A náusea veio e foi durante o resto da semana, voltando forte nos momentos mais estranho, às vezes de manhã, outras vezes a tarde e, quinta à noite, logo antes de ir para cama. Sexta, eu peguei meu almoço na rua do trabalho e o cheiro de gordura quase me fez desabar. Meu estomago nunca tinha estado assim tão sensível antes e, normalmente, eu amava o cheiro de coisas gordurosas.
Eu não estava mais convencida que era algum tipo de vírus ou coisa do tipo e, quando falei com minha mãe na sexta à noite, eu quase desabei, mas eu não queria preocupa-la. Além do mais, eu tinha marcado uma consulta com um Clínico Geral que tinha aberto um consultório há duas semanas numa clínica perto. Eu não achava que havia nada sério de errado, mas a náusea e a fatiga estavam começando a me assustar. Eu nunca tive nenhum problema de saúde antes e, eu podia contar em uma mão o número de vezes que eu realmente tinha ficado resfriada.
Na manhã de domingo eu estava me sentindo bem. Um pouco cansada, mas meu estomago estava soando feliz enquanto eu andava pelo meu apartamento. Precisava levar minha bunda para correr, desde que eu havia perdido alguns dias, mas parecia que ia chover e... e yeah, eu não estava a fim de todo o exercício físico. Em vez disso, eu tomei um longo e demorado banho e quando sai, coloquei um jeans. Prendi meu cabelo para cima em um coque rápido e pulei a maquiagem, com a exceção de um pouco de batom e rímel. Enrolando o cachecol azul claro no meu pescoço, eu saí.
Amanhã eu iria correr, tipo, correr um milhão de quilómetros.
Eu deixei meu apartamento para encontrar Roxy para o café da manhã. Katie estava fora da cidade nesse final de semana, o que era triste. Ela podia transformar um café da manhã de domingo no IHOP em uma
aventura. O estacionamento estava lotado, me forçando a parar na parte de trás. Nuvens grossas bloqueavam o sol e o a gélida chuva de outono estava pronta para cair. Antes que eu saísse do meu carro, eu olhei meu celular. Sem ligações ou mensagens perdidas. E eu nem tinha certeza do porque estava conferindo.
Definitivamente não era por nenhuma chamada ou mensagem perdida de Nick.
Nope. Com certeza não.
Eu corri pelo estacionamento, diminuindo para uma caminhada quando cheguei na calçada para não esbarrar em um grupo de senhoras.
Adesivos fofos de fantasmas tinham sido aplicados na porta de vidro, me lembrando que eu precisava comprar uma abobora e começar a estocar doces, apensar que eu não sabia se brincavam de ‘Doces ou Travessuras’ no condomínio.
Eu esperava que sim.
Halloween me deixava tão melosa.
Uma vez do lado de dentro, eu passei pela recepcionista e olhei para o restaurante lotado. Minha boca caiu aberta quando vi Roxy em uma mesa em forma de meia lua grande no fundo.
“Oh meu Deus,” eu sussurrei. Roxy não estava sozinha, como eu estava esperando.
Haviam três meninas com ela – a loira Calla, a sorridente Teresa e a ruiva Avery. Era como um maldito arco-íris ali. Meus pés não conseguiam se mover e ar escapou dos meus pulmões. Elas ainda não tinham me visto. Eu podia me virar e...
Teresa olhou para cima e começou a acenar entusiasmada. Todas as meninas olharam.
Merda.
Okay. Eu não era uma menina de fugir quando uma situação de fujaou-lute aparecia. Eu não ia começar a ser agora. Não fiz nada de errado e, se essas meninas tivessem um problema comigo, então... bem, isso seria uma merda. Eu não podia mudar nada. Eu não iria mudar.
Inalando profundamente, eu forcei meus pés a se moverem. Roxy se levantou, um sorriso em seu rosto, mas seus olhos estavam suplicantes. “Bom que você conseguiu vir.” Ela gesticulou para eu me sentar ao lado de Teresa. “Todas estavam na cidade e...”
“Queríamos te ver,” Teresa interrompeu enquanto me sentava ao seu lado. Seus olhos estavam brilhantes e tão azuis quanto os do seu irmão mais velho – Cam. “Na verdade nós não conseguimos conversar muito da última vez.”
“Yeah,” eu estava lutando para saber o que dizer enquanto colocava minha bolsa entre nós. Roxy se sentou de volta e, enquanto eu olhava ao redor, meu olhar encontrou o de Avery. Ela me deu um sorriso.
Okay. Então isso era estranho. Eu tinha algo realmente intimo em comum com a menina sentada na minha frente e com a outra que estava ao meu lado. Realmente estranho, realmente o tipo que...
Puxando os freios do trem de estupides do meu cérebro, eu me foquei em um cumprimento normal. “É bom ver todas vocês. Quanto tempo vocês vão ficar?”
“Temos folga na segunda e terça por causa da pausa de outono,” Calla respondeu e eu estava momentaneamente surpresa pelo fato que eu já tinha me esquecido sobre a pausa de outono. “Então ficarei aqui até terça à noite.” “O que significa que Jax vai estar de bom humor.” Roxy sorriu. As bochechas de Calla ficaram rosas. Foi só aí que percebi a cicatriz em sua bochecha. Quando ela estava em Shepherd, ela usava uma maquiagem
pesada para cobrir a cicatriz. Mas não parecia que ela estava usando isso hoje.
“Eu acho que estamos voltando na terça à noite, também.” Teresa olhou sobre a borda do seu cardápio. “Cam quer ir até New York amanhã.” “Eu nunca estive lá.” Avery pegou seu cardápio. Sentada na minha frente, ela parecia bem menor que eu me lembrava. “Então, eu estou bem animada com isso.”
“Eu só estive lá uma vez. Foi divertido,” eu disse, apoiando minhas mãos em meu colo. “Mas foi um pouco impressionante demais.” Teresa se inclinou contra o encosto. “Na primeira vez que estive lá, eu acabei tendo um ataque de ansiedade à noite, quando comecei a pensar sobre todos os prédios.” “Mesmo?” Os olhos de Avery se arregalaram. “Os prédios podem te dar uma sensação de um espaço fechado.” Teresa tremeu. “Especialmente quando você não está acostumado a isso, mas pode ter sido só eu sendo estranha então você vai ficar bem.” “Melhor você ficar bem,” Calla avisou, sorrindo. “Estou surpresa que Cam não te trouxe aqui por si.” As bochechas de Avery coraram, ficando da cor do seu cabelo enquanto a garçonete aparecia, anotando nossos pedidos, a comida junto com as bebidas.
“Por que Cam iria te trazer aqui?” A pele entre as sobrancelhas de Roxy estavam enrugadas. “Ele parece o Reece.” Os ombros de Calla ficaram retos e seu rosto cheio de animação. “Você não sabe?”
“Oh!” Teresa deu um gritinho, me fazendo dar um pequeno pulo. Ela bateu suas mãos. “Eu amo essa parte.”
A expressão de Roxy estava confusa e eu estava feliz por não ser a única pessoa que estava boiando. “Não, não sei. Não é sobre o casamento, certo? Todos nós sabemos sobre o casamento.”
“Eu sabia que vocês estavam noivos, mas eu não tive chance de te parabenizar por isso,” eu adicionei. “Quando é o grande dia?” Os olhos de Avery brilharam. “Nós iriamos fazer um casamento na primavera, mas estamos postergando ele para o meio do verão. Nós decidimos mudar a data.”
“Por que?” Roxy perguntou, seu cenho franzido.
Nossas bebidas chegaram e Avery tomou um grande gole de água antes de falar. “Eu... eu meio que estou grávida.” Meus olhos arregalaram. Oh meu Deus, Avery estava – espere. Meio grávida?
“Você está grávida?” A voz de Roxy estava um tom mais alto.
Teresa deu um risinho enquanto pulava como uma bola de borracha. “E ela não está meio grávida. Ela está com quase quatro meses.” “Parabéns!” Eu sorri, chocada, mas genuinamente feliz por eles. Sempre que Cam e Avery estavam juntos um do outro, era óbvio o quão apaixonados eles estavam. Inferno, mesmo antes de estarem juntos. Eu me lembrava da noite em seu apartamento, na noite do UFC. Ele não conseguia tirar os olhos dela e eu não tinha ficado surpresa quando ele deixou sua própria casa quando ela saiu.
“Oh meu Deus! Parabéns!” Os óculos de Roxy deslizaram pelo seu nariz. “Espere. No churrasco na casa de Jax, quando você disse que estava gripada. Você estava grávida!” Avery concordou, seus olhos cheios de felicidade. “Nós não tínhamos certeza. Bem, o teste de farmácia tinha dito que sim, mas eu estava
esperando as palavras oficiais do médico, porque vai saber? Talvez os testes dessem positivos por engano.” “Como um teste de gravidez pode estar enganado?” Teresa riu, seus olhos brilhando.
“Você só tem de fazer xixi no palitinho, certo?” Calla olhou para Avery. “É bem simples.” “É fácil, mas quando você não estava esperando engravidar, você meio que faz centenas de testes, e ainda não acredita nos resultados.” Avery mordeu seu lábio enquanto passava seus dedos pela borda do copo, seu anel de noivado brilhando sob as luzes. “E você ainda meio que não acredita no médico, mas aí é mais difícil mentir. Você fica cansada do nada – vomitando e ficando enjoada com qualquer cheiro que antes não te incomodava – oh, e seus seios...” ela fez uma careta. “Eles doem. Tudo começa a fazer sentindo...”
“As tartarugas vão ficar com tanta inveja.” Teresa riu enquanto pressionava suas mãos juntas sobre seu queixo. Eles estavam falando sobre Raphael e Michelangelo, as tartarugas de estimação do Cam e da Avery. Eles eram o único casal que eu conhecia que tinham tartarugas de animais de estimação. “Eles não vão mais ser o bebê de vocês.” Seu sorriso ficou maior. “Talvez eu possa ficar de babá mais vezes.” “Tenho certeza que Ollie vai inventar alguma coisa estranha para que o bebê e as tartarugas possam ficar juntos, mas sem se tocar,” Avery disse, e eu ri porque se alguém poderia inventar algo assim, essa pessoa seria Ollie, o gênio reprimido.
Avery continuou, mas minha mente divagou do que ela estava dizendo. Ela e Cam iriam ter um bebê. Wow. Eu não tinha ideia do que ela deveria estar sentindo, por ainda estar na faculdade e tudo mais, mas eu sabia que eles conseguiriam fazer isso funcionar. Passar pelos enjoos matinais e tudo isso enquanto estivesse estudando tinha de...
Então eu percebi, e isso veio com a força de um caminhão cheio de testes de gravidez.
Enquanto eu encarava o rosto cheio de sardas da Avery, meu sorriso ia se desfazendo, centímetro por centímetro. Meu estomago caiu e revirou. Gelo bateu no meu peito. Os rostos das meninas ficaram embaçados. Minha mente deixou a mesa.
Teresa franziu o cenho enquanto se inclinava para frente. “Você está bem, Steph?” Meu coração começou a palpitar e o sangue voou para minha cabeça enquanto eu começava a mentalmente me preparar para o flashback das últimas semanas. Se meus cálculos estivessem certos, eu tinha me esquecido de algo muito importante, o tipo que valia uma vida ou uma morte.
Oh meu Deus...
“Steph.” Calla se inclinou, colocando sua mão sobre a minha. “Você está bem?”
Eu pisquei, inalando profundamente enquanto os rostos das meninas voltavam a ter foco. “Yeah. Sim. Estou totalmente bem.”
“Tem certeza?” Preocupação encheu os olhos de Roxy. “Você parece meio pálida.” Avery colocou uma mecha do seu cabelo atrás da sua orelha. “Talvez você esteja ficando doente?” Ao seu lado, Teresa concordou. “Tem esse vírus bem ruim circulando por aí. Metade da escola parece ter. Eu espero que não seja isso.” “Provavelmente é só uma gripe,” Roxy se inclinou para trás, parecendo com alguém que queria puxar o colarinho da sua camiseta sobre sua boca e nariz.
“Eu acho que deve ser,” eu disse, com a voz rouca, mas essas palavras estavam cheias de mentiras, uma realmente grande, porque os cálculos mentais que eu tinha acabado de fazer diziam algo totalmente diferente do que poderia ser.
As meninas continuaram conversando, suas vozes animadas enquanto a comida chegava, mas eu não ouvi o que elas estavam dizendo. Enquanto eu olhava para cima, meus olhos encontraram os de Avery e meu estomago se revirou mais uma vez. Eu rapidamente olhei para baixo, para meu prato intocado, cheio de comida, enquanto começava a contar de novo. Eu contei umas quatro vezes e, cada uma delas eu cheguei ao mesmo resultado.
Minha menstruação estava duas semanas e meia atrasada.