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Capítulo Quinze
Quase ninguém disse nada pelo resto do dia no trabalho. Todos estavam impressionados pelo que aconteceu em um dos ringues abaixo. Pelo que consegui juntar dos caras que entravam e saiam do escritório, Brock estava treinando com um dos novos lutadores, um cara mais novo que tinha muito potencial em MMA.
Ninguém sabia direito como o acidente aconteceu, mas parecia que Brock estava mostrando uns golpes ao lutador mais novo. Algo tinha dado errado e Brock estava caído de costas, apertando seu peito. Ele tinha disso que sentiu um ‘pop’ em seu peito e, enquanto eu não sabia muito sobre machucados relacionados a MMA, isso não soou bem.
E não foi.
Quando começamos a fechar o escritório, Marcus voltou e as notícias eram ruins. Brock tinha lesionado um tendão no pectoralis – uma ruptura no interior do músculo que envolve a caixa torácica. A ruptura tinha sido tão severa que o musculo foi separado do osso e ele tinha corrido para cirurgia. Em alguns segundos, Brock ‘a besta’ Mitchell tinha sofrido o tipo de lesão que todos temiam que pudesse acabar com sua carreira.
Horrorizada, não sabia o que dizer. Eu não conhecia Brock tão bem, mas era triste ouvir que seu futuro poderia ter mudado, sem volta. O malestar ficou bem depois de ter voltado para casa e colocado um par de moletom bem confortável. Roxy tinha me visitado por uns minutos e eu disse a ela sobre Brock. Ela estava tão triste quanto os outros.
Quando ela saiu para ir ao apartamento de Reece, eu conversei com Yasmine no Skype por uns minutos sobre nada em particular antes que ela se inclinasse em direção ao seu monitor, seus olhos castanhos cheios de preocupação.
“Como você está realmente indo, Steph?” ela perguntou, sua voz soando distante por causa da conexão do Skype.
Eu apertei o travesseiro ainda mais contra meu peito enquanto olhava de volta para ela. “Eu estou bem. Como eu disse.” Ela inclinou sua cabeça para o lado. “Você parece cansada.” Geez. Fiz biquinho. “Eu pareço uma bagunça gostosa ou algo do tipo?” “Meio que,” ela respondeu. “Obrigada.” Um grande sorriso apareceu, levantando suas bochechas. “Eu não quis dizer nada com isso. Você apenas parece cansada.” As palavras ‘estou grávida’ se formaram em minha língua, mas eu não consegui fazer essas duas palavras saírem. Eu não fazia ideia do que Yasmine iria pensar e eu duvidava que haveria gritinhos animados como Roxy fez quando ouviu as notícias sobre Avery. Provavelmente teriam muitos “puta merda” e coisas do tipo. Um peso estranho se acomodou em meu peito. Eu rapidamente mudei de assunto, perguntando sobre Atlanta.
Uma vez que terminei a chamada com ela, eu peguei um lanche e me joguei no sofá, mastigando um Cheez-Its13 enquanto eu me afundava no buraco de minhoca chamado Buzzfeed.
Alguns minutos depois das nove, meu telefone tocou. Minha mão congelou no meio do caminho da minha boca e um quadrado laranja caiu, parando em meu peito enquanto meu olhar ia para onde meu celular estava apoiado no braço do sofá.
Era do Nick.
OK. Eu posso ir.
13 Um tipo de salgadinho de queijo.
Era isso? Quase nove horas depois era essa sua resposta? Minha mão apertou em volta do celular. Eu queria responde-lo e exigir o porquê havia levado tanto tempo para ele responder, mas eu não era dessas. Ou, pelo menos, não era assim antes, mas agora eu era?
Eu peguei o Cheez-It dos meus peitos e o coloquei de volta na minha boca, mastigando o pobre coitado como se fosse um lobo com um osso. Tudo que eu queria era plantar meu rosto em um travesseiro e gritar.
Gritar tantas palavras com F que os ouvidos pelo condomínio todo iriam explodir.
E isso era ser um pouco dramática.
O que havia de errado comigo? Hormônios? Seria que as mulheres ficavam assim, emocionais, quando estavam grávidas? Isso soava como uma boa desculpa como qualquer outra, mas será que acontecia assim tão rápido?
Terça e quarta foram chatas e pesadas, combinando com meu humor e com o de todos na Lima Academy. Brock tinha saído da cirurgia e ele iria ficar com o braço imobilizado pelas próximas seis semanas. Ainda era cedo demais para dizer se ele iria curar completamente e se voltaria, ou se o resultado seria aquilo que todos temiam.
Eu não tinha visto Andrew ou sua filha desde segunda, mas eu imaginava que ambos estavam acabados, por motivos diferentes. Brock era essencial para o sucesso da Lima, mas eu não conseguia esquecer o olhar de Jillian. Mesmo que ela estivesse indo embora, ela estava completamente apaixonada por Brock.
Nick tinha me mandado mensagem na terça, alguma hora durante a tarde, e eu não havia respondido, porque... bem, eu não tinha um bom motivo. Uma grande parte de mim sabia que eu estava sendo infantil e tudo mais, e honestamente, essa era a hora para amadurecer, mas eu não conseguia reunir energia suficiente para me importar.
Quando cheguei em casa na quarta, eu imediatamente peguei a calça do pijama de flanela e um moletom solto e fui falar com minha mãe. Ela estava feliz que eu havia dito a Nick e, enquanto ela tentava manter a calma no telefone, eu podia dizer que ela estava animada por estar a oito meses de se tornar avó.
Eram quase sete e meia quando sai do telefone com ela, e eu estava olhando o estoque de comidas na minha dispensa. Eu tinha feito a viagem mais que necessária ao mercado depois do trabalho na segunda, estocando todas as comidas que descobri no confuso, porém muito útil site para quase mães.
Ovos. Salmão. Vegetais e frutas – frutas coloridas e verduras, porque, aparentemente, havia diferença. Sem cores sem graça para pessoas grávidas. Batata doce. Iogurte Grego. E, finalmente, carne magra.
Eu meio que gostava mais das carnes gordas, porque, você sabe, essas coisas tinham um gosto melhor.
Eu também tinha pegado um pacote do tamanho de um mamute de vitaminas pré-natais. Desde que parecia que não tinha muitas coisas que eram permitidas para futuras mães, e era natural, eu pensei que pudesse ajudar com minha náusea. Eu não iria toma-las agora, já que o enjoo estava sob controle, mas seria bom tê-las a mão.
Cheez-Its ou Pringles? Era isso que estava debatendo quando ouve uma batida a porta.
Eu me virei devagar enquanto meu coração acelerava. Um momento passou e eu me aproximei da porta. Mesmo que uma parte de mim soubesse quem era, eu espiei. Era Nick. Mordendo meu lábio, eu olhei para mim, para baixo, e suspirei. Minha calça era, no mínimo, dois tamanhos maiores e meu suéter cropped não era algo que eu usaria fora de casa. Uma parte decente da minha barriga estava visível e, enquanto ainda não havia mudanças perceptíveis, eu desejava ter tendo de correr e...
Bem, espere. Por que eu me importava com minha aparência ou o que ele pensaria dela? Eu estava brava com ele. E eu poderia parecer pior. Eu poderia ter Cheez-Ir preso em meu peito ou coisa do tipo. Eu abri a porta, pronta para exigir o que ele estava fazendo aqui.
Antes que pudesse abrir minha boca, Nick entrou, como se ele tivesse todo direito de fazer isso. Um capacete estava debaixo do seu braço e uma jaqueta de couro esticada sobre seu peito.
“Então você ainda tem uma moto?” Eu deixei sair e, cara, essa foi uma pergunta estúpida.
Ele colocou o capacete na mesa da cozinha. “Yeah, eu tenho.” Suas sobrancelhas franziram. “Eu tenho um carro e uma moto. Parou de chover, então eu decidir vir de moto.”
“Mas não está frio para andar de moto?” Um ombro levantou. “Você se acostuma.” Houve uma pausa e seus olhos verdes estavam em meu rosto. “Eu preciso fazer você subir na garupa dela e te levar para dar uma volta.” Um calafrio percorreu minha coluna. Essas palavras estavam cheias com um significado mais profundo. Cruzando meus braços sobre meu estomago, eu olhei para longe, meu olhar parando no capacete. “Por que está aqui, Nick?” Silencio foi minha primeira resposta, me forçando a olhar para ele. Seu olhar estava afiando enquanto me encarava, seu maxilar tenso. Quando ele falou, sua voz estava rouca. “Eu não acredito que você está me perguntando isso.” Eu queria apontar o porquê eu havia feito, mas os motivos não eram bons. Eu podia reconhecer isso agora.
“Então eu acho que é por isso que você não me respondeu na segunda?” ele disse, suas mãos parando em seu quadril “Eu fiz algo para te
irritar. Eu não sei o que exatamente, então você poderia ser gentil o suficiente para me atualizar?” A irritação estava de volta, mas principalmente comigo mesma. O que estava realmente me incomodando, que eu não tinha nervos suficientes para apontar, era o que ele havia dito durante o jantar no domingo. Que estávamos “presos” um ao outro. Essa era a fonte da minha frustração e... e sim, a fonte da dor em meu peito. Mas dizer isso a Nick seria o equivalente a me despir e fazer uma pequena dança.
“Eu acho... eu acho que estava brava pelo tempo que te levou para responder minha mensagem na Segunda.” Fechei meus olhos, me odiando por dizer isso em voz alta, porque era parcialmente verdade. “Eu apenas pensei que você... um, responderia mais rápido.” Quando abri meus olhos, um olhar de dúvida estava na expressão de Nick, mas era mais como... surpresa. Eu fiz bico. O que no mundo ele achava engraçado sobre isso? Ele tirou sua jaqueta e colocou-a no encosto da cadeira. Acho que ele estava ficando. “Você está certa,” ele disse. Eu olhei em volta do cômodo. “Estou?”
Nick deu um passo em minha direção, e eu congelei, sem ter certeza do que ele iria fazer. Ele era tão imprevisível, e ele me surpreendeu quando pegou minha mão. Entrelaçando seus dedos com os meus, ele me puxou para longe da porta. Meu coração quase perdeu umas batidas, porque por um segundo eu achei que ele estava me guiando ao final do corredor, para minha cama, e enquanto minha cabeça dizia que isso era uma má ideia, meu corpo praticamente explodiu com o jato de hormônios gritando ‘yeah’. Mas não era para lá que ele estava me guiando. Ele me levou para o sofá e se sentou, me puxando para baixo para que me sentasse ao seu lado, minha coxa pressionada contra a sua e, desde que minha cabeça estava navegando feliz, o contato mandou uma onda de calor por mim.
Eu precisava me controlar.
Meu olhar caiu dos seus lindos olhos até uma área abaixo do cinto.
Eu realmente precisava me controlar.
Ou transar.
“O que você está pensando agora?” Nick perguntou. “Huh?” Meu olhar voltou para seu rosto. “Nada.” Ele virou sua cabeça um pouco. “Yeah, eu não acredito em você. Seu rosto corou de repente e seus olhos estão sem foco – Espere, você está bem? Isso é o...”
“Estou bem.” Não era como se eu fosse contar a ele que estava excitada. Eu soltei minha mão e a coloquei entre meus joelhos. “Então... sobre o que eu estava certa?” Sem olhar para ele, eu sabia que seu olhar estava fixo em mim e era esse olhar intenso que me fazia sentir como se ele enxergasse através de mim.
“Você estava certa por eu não ter respondido a mensagem antes. Eu deveria ter respondido mais rápido.” Surpresa, eu olhei para ele. “Sério?” Ele ignorou minha pergunta. “Mas você deveria ter tido a coragem de me ligar imediatamente. Nós poderíamos ter lidado com isso em vez de ficar dois dias sem contato e me fazer perguntar ontem a Roxy se você estava morta.”
“O que?” Eu me inclinei na sua direção. “Você perguntou a Roxy se eu estava viva?”
Um olhar neutro apareceu em seu rosto. “Bem, eu não disse exatamente essas palavras, mas eu a vi no bar essa tarde quando eu passei e perguntei sobre você. Meu ponto é que, você deveria ter tido bolas suficientes de me ligar e puxar minha orelha.”
“Eu não tenho bolas,” eu disse, maliciosamente. A loucura era que em outra situação, eu teria chamado sua atenção imediatamente. Eu não teria remoído isso.
Um lado de seus lábios se curvou para cima. “Então você deveria ter tido um ovo fertilizado para chamar minha atenção imediatamente.” Eu me contraio. Uma risada escapou de mim. “Ovo fertilizado?” Seu sorriso aumentou. “Essa é a melhor coisa, e mais próxima, de
bolas.”
“Oh meu Deus.” Eu levei minhas mãos ao meu rosto enquanto ria. “Isso soa muito errado, Nick. Muito errado.” “Yeah, você está certa. Isso soou estranho.” Ele riu enquanto eu abaixava minhas mãos.
Calor subiu para minhas bochechas e eu me ajeitei desconfortável. “Você está certo,” eu disse. “Eu deveria ter dito algo, perguntado ou, pelo menos, deveria ter respondido. Foi infantil e eu normalmente não sou assim. Acho que eu estou...” “Estressada?” ele sugeriu gentilmente, me cutucando com sua perna. Eu concordei. “Yeah, estou, mas essa não é uma desculpa. Não é...” “Tem um motivo que eu não entrei em contato com você até aquela hora, na noite de segunda. Eu cuido do meu avô.” Essa afirmação me pegou desprevenida. Nick estava olhando para frente, todo o humor de antes havia sumido de seu lindo perfil.
“O que?” eu sussurrei. Ele limpou sua garganta antes de falar. “Meu avô – seu nome é Job.” Seus lábios cheios se curvaram em um pequeno sorriso. “Eu sei que é um
nome estranho. Minha família é Romani14. Você provavelmente nos conhece por outro termo. Cigano. Apensar que a maioria de nós não gosta desse termo. Nem um pouco.” Wow. Meu chute que ele tinha descendência hispânica passou bem longe. Ele era realmente um Romani? Por alguma razão bizarra, eu estava absolutamente fascinada por isso, provavelmente porque eu nunca havia conhecido um. Haviam alguns Romanis que viviam perto de Martinsburg, de acordo com aqueles reality shows da TV, mas eu nunca os vi. Mas esse não era realmente o tempo para eu estar fazendo milhares de perguntas sobre sua descendência e soar completamente ignorante.
“E antes que você pergunte, minha família está vivendo nessa região a anos. Eu frequentei a escola pública e eu não cresci em uma caravana de trailers,” ele continuou, suas sobrancelhas escuras franzidas. “Eu sei que tem vários estereótipos sobre nossas culturas, mas a maioria é completamente romanceada.”
Agora eu me sentia estupida sobre pensar o que havia pensado, mas eu nunca achei que os Ciganos – er, Romani – eram menos ou qualquer coisa do tipo. “Eu sou parte Cubana,” eu disse a ele. Ele me olhou, suas sobrancelhas arregaladas.
“Bem, meu avô cresceu em Cuba. Ele veio para os Estados Unidos quando era adolescente,” eu disse a ele, dando de ombros. “De qualquer modo, eu pensei que poderia... poderia apenas dizer isso.” O sorriso que se formou em seus lábios era pequeno, mas genuíno. “Bom saber.” Ele pausou. “Meu avô está bem doente e não tem ninguém... que sobrou para cuidar dele, então eu o faço. Eu moro com ele para que alguém possa estar com ele durante a maior parte do dia. Tem uma
14 Também conhecidos como ciganos. Essas populações constituem minorias étnicas em inúmeros países do mundo e são conhecidas por vários exônimos. O endônimo "rom" foi adotado pela "União Romani Internacional" (em romani: Romano Internacionalno Jekhetanipe) e pela Organização das Nações Unidas
enfermeira em casa que fica com ele nas noites, me dando uma folga quando eu preciso trabalhar.” Meu queixo estava no chão enquanto eu escutava Nick. Eu não fazia ideia de nada disso, mas algo que Reece disse naquela noite em seu apartamento voltou. Foi sua resposta quando Nick disse que tinha muito tempo livre. Reece tinha dito que isso era mentira, e agora eu sabia o porquê.
“Ele tem Alzheimer.” Nick explicou. Oh não. Meu coração apertou em simpatia.
“Ele deu uma boa piorada esse último ano, mais ou menos, mas não costumava ser assim. Havia semanas onde ninguém poderia dizer que havia algo de errado com ele. Sabe? Ele apenas tinha seus momentos de confusão. Como quando ele repetia o que disse uma hora depois ou quando ele aparecia com sua camisa abotoada errado – pequenas coisas. E, então, isso mudou, mas é assim que a doença age. Ela progride, e ele tem esses episódios onde eu preciso estar lá com ele. Ele fica bem estressado quando ele não reconhece a enfermeira. Inferno, na maior parte do tempo ele nem me reconhece.” Eu fechei meus olhos.
“Mas ele costuma ficar confortável a minha volta. Talvez seja algo que herdei dele que ele sabe que tem no meu sangue. Os médicos não acham que é por isso, mas que seja.” Nick exalou, cansado. “Mas quando ele está estressado, leva muito tempo para conseguir acalma-lo. Às vezes ele pode ficar... violento. Ele não faz de propósito. Eu acho que ele só está confuso e com medo. De qualquer modo, ele começa a jogar coisas e, por mais que a enfermeira seja paciente e compreensiva, eu não me sinto bem em deixa-la lidando com isso. E segunda, eu deixei meu celular no meu carro e eu nem mesmo pensei nele até de noite, e até lá...” Ele estava estressado demais para se preocupar com minha mensagem. Deus, eu queria me estapear e o único motivo que eu não fiz isso era porque eu estava orgulhosa. Nick era... wow, ele era realmente um
quebra-cabeças que eu não conseguia montar. Qualquer que fosse a concepção que fiz dele antes estava totalmente errada. Cuidar do seu avô doente era algo que muitas pessoas não fariam. Cuidar, mesmo quando você tinha um profissional ajudando, não era como passear no parque. Eu sabia que isso poderia ser estressante como estar com algum tipo de doença. O fato que ele em seus vinte e seis anos, já tendo passado alguns, Nick cuidava do seu avô, isso me impressionou.
Mudou como eu o via.
Eu estava orgulhosa de Nick.
Nick.” Movendo-me, eu coloquei minha mão em seu braço. “Me desculpe,
Seu olhar caiu para onde minha mão estava. “Eu não te contei isso para que sentisse pena de mim.” “Eu sei.” Engoli forte o nó que se formou, de repente, em minha garganta. “Eu não sinto pena de você. Eu só me sinto mal que você e seu avô estejam passando por isso. Não tenho nenhuma experiência no assunto, mas eu sei o quão ruim Alzheimer pode ser. Eu... eu estou orgulhosa de você.” Nick olhou para cima, surpreso. Ele não falou.
“Muitas pessoas teriam colocado ele em uma casa de cuidados. Você não o fez.”
“Pode ser que esse venha ser o caso,” ele disse, sua voz baixa.
Eu apertei seu braço. “E se chegar nisso, não vai ser porque você não se importa com ele. Eu acho que você sabe disso.” Seu olhar encontrou o meu. “Yeah.” Então algo me ocorreu. “É por isso que você é bartender? Você mencionou ter um diploma, mas é porque sendo bartender você consegue escolher suas próprias horas de trabalho?”
“Parcialmente.” Nick se encostou no sofá, fazendo minha mão deslizar até a dele. E eu a deixei ali.
“Ele está melhor agora?” eu perguntei. Nick concordou. “Por enquanto.” Pressionando meus lábios juntos, puxei minha mão de volta. “Me desculpa que você tenha que passar por isso.” Ele não respondeu imediatamente. “Como você está se sentindo? Ainda com náusea?”
A mudança de assunto era entendível. “Não está tão ruim. Eu aprendi que posso tomar antiácidos se ficar ruim e que isso pode ajudar. Mas, a maior parte do tempo me sinto normal.” Enruguei meu nariz. “Bem, eu posso estar um pouco mais emocional que o normal.” Nick sorriu. “Nah.”
E eu revirei meus olhos.
“Bonito cabelo.” Sua mão se moveu e pegou a ponta de uma das minhas tranças.
Eu dei um tapinha nela e a afastei. “Que seja.” “É fofo.” Seu olhar estava brilhante e suave. “É como se você fosse Pippi Longstocking15.”
atrás.” Eu tremi. “Mas como você conhece Pippi Longstocking? Isso é de anos
“Eu sei das coisas. Coisas importantes.” Ele sorriu. “Além do mais, você é como uma versão crescida e sexy de Pippi Longstocking.” Minha sobrancelha levantou. “Oh. Wow.”
15 Protagonista de uma série de livros da autora sueca Astrid Lindgren. A história foi adaptada para televisão em 1963.
“Mas eu prefiro você,” ele adicionou, seu olhar caindo. “Eu acho que você gosta do fato que consegue ver mais pele,” Eu o
corrigi.
“Nisso você me pegou.” Sugando seu lábio inferior entre seus dentes, ele se inclinou para frente. “Posso fazer uma coisa?” Eu levantei uma sobrancelha. “Uh, claro?” Nick se virou para que estivesse de frente para mim, e, quando sua mão se moveu para meu estomago, eu percebi que provavelmente deveria ter perguntado a ele o que ele queria fazer antes de ter dado permissão. Um segundo depois a palma de sua mão parou em minha barriga.
Inalando profundamente, eu me endireitei. Meus olhos arregalaram. Sua mão era grande, quase cobrindo minha barriga toda, e sua palma estava quente. Eu senti esse seu toque até minha coluna.
Ele se inclinou, tão perto que eu conseguia sentir sua respiração contra minha bochecha. “Eu sei que não dá para sentir nada ainda, mas eu só queria colocar minha mão aqui.” “Por que?” Eu estava me sentindo meio tonta, como se estivesse segurando a respiração.
“Faz eu me sentir mais próximo ao bebê.” Oh Deus.
Oh cara.
Eu inalei profundamente, mas o calor que estava sentindo passou por mim, e isso não foi tudo. Ele queria estar próximo ao bebê. Sua mão se moveu um pouco enquanto seus dedos passavam pela borda do meu moletom.
“Está logo aqui,” ele continuou. “Uma parte de você. Uma parte de mim. Não importa como isso aconteceu, é bem incrível.”
Meus ovários podem ter explodido.
Seus cílios levantaram. “Não acha?”
“Sim,” eu sussurrei e, então, disse mais alto. “Sim.” Os lábios de Nick tocaram a curva da minha bochecha e eu tremi uma e outra vez. Quando ele tinha se aproximado tanto? Meu coração disparou em meu peito. Se eu virasse minha cabeça um centímetro ou dois para a esquerda, sua boca estaria na minha. Ansiedade aumentou, empurrando a confusão de lado. Por que eu estava querendo que ele me beijasse? Okay. Havia vários motivos para eu estar querendo isso. Muitos e muitos motivos, mas qual era sua razão?
Sua palma ainda estava pressionada contra meu estômago e aqueles lábios estavam em algum lugar próximo ao meu maxilar, e eu me lembrei do seu quase beijo. Aquele que ele tinha pego o canto dos meus lábios na nossa primeira noite. De repente, beija-lo era tudo que eu conseguia pensar. Qual seria a sensação dos seus lábios contra os meus? Eles seriam duros ou macios? Com ele, provavelmente um pouco dos dois. Se ele beijasse como ele fodia, esse seria o tipo de beijo que mudaria para sempre o que você pensava sobre beijos em geral, do passado e os futuros.
Nick abaixou sua cabeça um pouco e sua barba por fazer arranhou um pouco meu queixo. Eu engoli um gemido enquanto calor me invadia. Sua palma deslizou do meu estomago, espalhando as chamas enquanto ele colocava sua mão em meu quadril. Ele pressionou sua testa contra meu ombro e seu hálito quente pinicou meu pescoço.
O som veio dele, puramente primitivo e masculino que deixou meus nervos loucos. Meu coração pulava enquanto ele levantava sua cabeça devagar e, então, eu senti seus lábios contra o ponto sensível logo abaixo do meu ouvido. Os músculos em meu estômago se contraíram. Me beije. Realmente, me beije. Me beije. Essas palavras continuaram a se repetir enquanto ele continuava a levantar sua cabeça.
Nick se afastou, e ele não me beijou, mas quando olhei para ele, eu sabia que em sua cabeça estava no mesmo lugar que a minha. Seu peito subia e descia pesadamente e seu olhar parecia nublado. Olhando para baixo, não tinha como esconder o volume em seu jeans.
Puta merda...
“Então, o que você vai fazer essa noite?” Ele perguntou, sua voz profunda e rouca.
“Eu não tenho planos.” Umedeci meus lábios. “Você vai até o Reece?”
você.” Ele balançou sua cabeça. “Eu não vim aqui para ver ele. Eu vim ver
Isso... isso me agradou. “Eu estava prestes a ver um filme e comer um pouco de Cheez-Its. Okay. Muito Cheez-Its. Talvez um pouco de Pringles também.”
Seu meio sorriso apareceu de novo. Era contagioso, e eu me senti sorrindo de volta para ele. “Bem, porque você não escolhe um filme e me diz onde o Cheez-Its e Pringles estão. Nós vamos assistir um filme.” Uma grande parte de mim estava esperando que ver um filme fosse um código para ficar nu, mas eu escolhi um que achei que interessaria a ele –o filme 300 - e ele voltou cheio de aperitivos, assim como havia dito.
Sentados lado a lado, nós assistimos todos os abdomens feitos com maquiagem na tela – pelo menos era nisso que eu prestei atenção. Eu repeti as memorias de todos os caras que eu tinha ficado, até mesmo aquele que namorei no colegial, e eu não pude lembrar o momento onde eu me vi assistindo um filme com um cara, enquanto comíamos besteiras, sem querer montar nele e ir direto ao assunto.
Normalmente eu não me sentava e assistia um filme com um cara que eu queria coisas sujas, fazer e não falar. Essa era uma primeira vez para mim,
e eu meio que gostei disso. Não. Não exatamente isso. Eu realmente gostei disso.
O calor de Nick exalava dele, indo para mim. Uma vez que parei de enfiar comida em minha boca, eu me encontrei inclinando para ele. Não de propósito. Era algo que eu não estava totalmente no controle, mas em algum momento todo meu lado direito estava pressionado ao seu esquerdo, e eu braço esquerdo estava na parte de trás do sofá.
Isso pareceu... certo.
Eventualmente minhas pálpebras ficaram pesadas demais para mantêlas abertas. Eu lutei contra o sono porque, sério, eu não queria dormir em cima do Nick, mas não consegui evitar. Aconchegada contra ele, mais confortável que poderia me lembrar, eu me deixei vagar em um sono profundo.