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Capítulo Sete
“Puta que o pariu, isso tem que ser brincadeira,” disse. Os olhos de Brock se arregalaram e ele jogou sua cabeça para trás, rindo abertamente. “Srta. Lima, olha a boca.” Meu rosto ficou vermelho. Ele realmente disso isso para mim?
O sorriso de Andre era um pouco tímido enquanto ele olhava para nós dois, e eu sabia – eu sabia – que ele sabia totalmente que eu não fazia ideia de que Brock estaria aqui. Assim como minha mãe deveria saber e como meu pai esqueceu de mencionar.
Minha família era um bando de sacanas.
“Okay, eu vou – uh, vou fingir que vou fazer alguma coisa.” Andre disse. Os olhos castanhos de Brock estavam fixos em mim enquanto ele dava um passo para o lado e dava um tapinha no ombro do homem mais baixo.
“Boa sorte,” Andre disse, minhas mãos se fechando em punhos. O meio sorriso apareceu na boca de Brock e ele esperou até que Andre desaparecesse. “Eu não acho que ouvi você falar a palavra puta antes.” Seu olhar foi para o teto. “Bem, teve aquela vez que você tropeçou no próprio pé e bateu com o joelho no deck da piscina. Tenho certeza que você gritou um ‘puta’ daquela vez.” “Isso não está acontecendo,” eu murmurei, meu coração batendo forte em meu peito.
“Na verdade, eu acho que você gritou ‘puta’ quando seu tio Julio pegou você tentando fugir da casa. Lembra disso? Você estava tentando me seguir...” “Você pode parar,” respondi, “com a retrospectiva dos ‘puta’.”
Aquele sorriso ficou ainda maior, se transformando em um sorriso completo que fez meu estômago se revirar. Eu me apoiei na minha mesa. “Por favor me diga que estou sonhando agora.” “Se você estivesse sonhando, espero que estivéssemos vestindo bem menos roupas.” “O que?” Meu queixo foi parar na mesa. Ele estava flertando comigo? Não que isso fosse surpresa. Se você procurasse a palavra flertar na internet, eu tinha certeza que iria aparecer uma foto dele tirando a calcinha de alguma menina qualquer, então acho que estar noivo não iria mudar isso.
Rindo, Brock se apoiou contra a porta e cruzou seus braços sobre seu peito largo, esticando o tecido da sua camisa branca. E eu olhei para baixo. Yep. Ele estava usando os malditos Chucks. “Você não está sonhando, Jillian. Eu sou o novo Gerente Geral e você é a minha assistente.”
“Não pode ser,” eu disse, abobada. Ele olhou ao redor, levantando uma sobrancelha. “Isso realmente é surpreendente?” Eu queria gritar que sim, mas eu deveria ter adivinhado isso no momento que vi Brock na sexta à noite. Raiva me consumiu. Não só eu me sentia incrivelmente estúpida por não ter adivinhado que Brock seria meu novo chefe, mas eu também estava chateada com todos na minha família que basicamente armaram pra mim.
Inalando profundamente, eu perguntei. “Pode me dar um segundo? Por
favor?”
Brock não se moveu por um momento até que descruzou seus braços. “Seu desejo é uma ordem.” Meus dedos envolveram a borda da mesa, para impedir que eu jogasse algo nele. O momento em que ele saiu do meu escritório, eu corri para a porta
e a tranquei. Voltando para minha mesa, eu peguei meu celular dentro do pequeno bolso da minha bolsa e cliquei no contato do meu pai.
Ele respondeu no terceiro toque, sua entonação muito animada para ser tão cedo ainda de manhã. “Jillian, minha menininha, você...” “Brock é o novo Gerente Geral?” Eu meio que sussurrei gritando no telefone.
“Você já está no escritório? Mas não são nem oito e meia – espere, Brock já está aí também?” Ele riu. “Isso é surpreendente.” “Isso não é o importante agora.” Eu inspirei profundamente, me acalmando. “Brock realmente... é o novo GG?”
“Eu não acho que você realmente precisa da resposta dessa pergunta,” ele respondeu. “Especialmente quando você já sabe a resposta.” Fechando meus olhos, eu segurei o telefone tão forte que me surpreendeu ele não ter quebrado em mil pedaços. “Por que você não me contou?”
“Teria feito diferença?” ele perguntou. Sim. Mil vezes sim, mas eu não queria dizer isso. Eu recusava admitir isso. “Por que não me contou?” “Você vai ter de perguntar isso a ele.” Houve uma pausa. “Eu não te ofereci esse trabalho porque eu achei que você não iria conseguir trabalhar com ele ou que você iria me ligar logo cedo, meia hora antes do horário que você deveria chegar.” Ouch.
“E não estou dizendo isso para te machucar, querida. Você sabe disso. Te machucar é a última coisa que eu quero fazer.” Houve outra pausa de silêncio enquanto eu contemplava dar um chute no computador que estava sobre minha mesa e, então, meu pai disse. “Você pode fazer isso.”
Então ele desligou na minha cara.
Mas que merda?
Por um momento eu não me movi e, quando levantei meu queixo, vi Brock esperando do lado de fora do escritório. Aquele sorriso estava de volta em seu rosto enquanto ele levantava uma mão e movia um dedo, me indicando para sair do escritório, para ir na direção dele.
Minha raiva só aumentou. A poucos segundos de mandar ele ir para aquele lugar, eu me forcei a gentilmente colocar meu celular sobre a mesa.
Havia essa grande parte de mim que não conseguia acreditar que isso estava acontecendo, mas eu tinha de encarar o fato de que Brock – um dos maiores motivos deu ter deixado Philly para trás, o homem que eu havia mamado com cada parte do meu estúpido e pequeno ser, e o homem que quebrou meu coração – não só estava de volta na minha vida, como ele também era meu chefe.
Puta merda, isso estava pior que um pesadelo.
Eu só tinha duas opções nessa altura do campeonato.
A primeira incluía eu pegar minha bolsa, sair do escritório, dar uma surra em Brock com ela e, então, dirigir direto ao escritório de busca de empregos e procurar por um bom. Essa opção me assustava porque, veja bem, ficar desempregada não era necessariamente uma boa opção, mas ter de ver Brock por cindo dias da semana também não era. E sua cabeça dura provavelmente iria estragar minha bolsa.
Sair desse escritório significava que Rhage não teria mais petiscos.
Ou que eu não teria bolsas novas.
A opção dois requeria que eu criasse minhas bolas de mulher e lidasse com as cartas que haviam sido dadas, e isso eu já havia feito antes, até certo ponto. Eu estava aqui para hoje e, mesmo que minha vida não tivesse tomado o rumo que eu tinha esperado, eu era um milagre. Lidar com Brock não deveria
ser a pior coisa que eu teria de fazer. E, pela primeira vez, eu sentia que estava onde precisava estar.
Eu estava finalmente começando a viver fora das páginas dos meus livros favoritos.
Brock tinha me afastado da minha casa, da minha família e amigos, e do negócio da família.
Não, eu disse a mim mesma. Essa não era exatamente a verdade. Eu tomei a decisão de sair de casa, de ir para longe da minha família e dos meus amigos, para longe do legado da família. Era tudo culpa minha.
Escolher ficar significava Fancy Fest12 para Rhage, uma nova bolsa, ou duas, para mim eventualmente, e um trabalho que realmente significava algo para mim.
Mas essa opção, ficar aqui e trabalhar para Brock, me assustava. Não porque realmente me forçava a seguir em frente com a bagunça que era nosso passado, mas também porque, inevitavelmente, requeria que eu fosse encarar isso.
Claro, eu admitia que tinha o hábito de não fazer isso.
Havia ainda uma terceira opção, eu percebi. Eu podia ficar nesse trabalho enquanto procurava por um novo, isso se ficar perto de Brock fosse... bem, demais.
“O que?” perguntei, meu tom mais afiado do que pretendia.
Uma sobrancelha levantou. “Assistir você aí, parecia que você estava escolhendo entre virar a mesa e quebrar a janela ou sair daí e ficar, trabalhar para sua família como sempre quis fazer.”
12 Marca de comida de gato.
Eu inalei profundamente, dividida entre querer saber se eu era transparente como uma porta de vidro e estar extremamente desconfortável com o lembrete de quão bem Brock me conhecia.
“Então,” ele disse, inclinando um pouco sua cabeça enquanto entrava. Ele estava tão próximo que eu podia sentir o calor que seu corpo emanava. “O que você decidiu, Jillian?” Me forçando a olhar para ele, eu ignorei como cada parte do meu corpo estava imediatamente consciente de Brock, como sempre esteve no momento que comecei a vê-lo como algo além do que um menino que deveria ser como um irmão para mim. “Vou ficar.”
ouvir.” “Bom.” Seu sorriso foi vagaroso e suave. “Era isso que estava esperando
“Mesmo?” Eu não conseguia acreditar nisso, porque eu esperava que ele fosse achar isso estranho.
Ele me estudou por um momento e disse. “Vamos conversar.” Minha boca se abriu, meu instinto inicial me levando a recusar, mas eu fechei ela e concordei. Eu podia ser uma covarde quando se tratava de Brock e tudo, mas eu não era estúpida. Ele era meu chefe agora, e eu não iria fazer com que fosse demitida. Eu não iria envergonhar meu pai desse jeito.
Brock deu um passo para o lado e ficou do meu lado esquerdo enquanto eu o seguia para o escritório do GG – para seu escritório. Ele abriu a porta para mim e esperou até que estivesse de volta ao meu lado esquerdo antes de falar. No jantar de sexta à noite, ele não pareceu lembrar ou perceber que eu não podia ouvir metade do que ele estava dizendo. Será que alguém o lembrou disso?
“Sente-se”, ele ofereceu. Olhando ao redor do seu escritório, eu percebi que hoje não era o primeiro dia de Brock aqui. Não podia ser. Não era pelo fato da sua mesa estar
coberta com pilhas organizadas de papel ou que uma mala de ginástica estava no canto, próxima de um par te tênis. Eram as fotos que dominavam o lugar –fotos emolduradas de Brock segurando o cinto de campeão. Outra foto dele abraçando meu pai, ambos usando as camisas do patrocinador e sorrindo para a câmera. Várias fotos de Brock com meus tios...
Fiquei sem fôlego.
Ali, no meio de todas essas fotos, havia uma que eu reconheci imediatamente, porque costumava ser minha. Costumava ficar no meu criado mudo na casa dos meus pais, porque era minha foto favorita minha com o Brock.
Brock estava de smoking, seu cabelo espetado, uma bagunça gloriosa, e eu estava do seu lado, em um vestido vermelho profundo com decote princesa. Era meu baile do último ano, e eu não conseguia parar de encarar ela porque naquela noite, eu me senti linda. Eu senti como se pertencesse aos braços de Brock. Mas era mais do que isso. Naquela noite, eu estava confiante. Eu estava forte. Eu estava cheia de possibilidades.
Sem perceber o que eu estava fazendo, eu andei até o lugar e me movi para pegar a foto, mas parei um pouco antes de toca-la. “Como... como você conseguiu isso?” “Você deixou para trás da última vez que foi embora.” Houve uma pausa, então ele disse, “Considerando o que você disse para mim da última vez que ficamos assim tão perto, imaginei que você não fosse se importar se eu pegasse.” Um nó de emoção se formou em minha garganta e eu tive que olhar para longe da foto. Ele esteve no meu antigo quarto? Claro. Eu não sabia porque ele tinha essa foto aqui, mas eu não conseguia me focar nela. Meu olhar focou na grande TV na parede oposta da mesa. Por que ele teria uma TV em seu escritório?
Espere.
Uma observação mais importante chamou atenção e meu coração voltou em direção a parede. Não havia uma foto qualquer dele e de sua noiva. Eu olhei para sua mesa. Nada ali também.
Interessante.
Espere de novo.
Não era interessante. Nem um pouco. Nem perto disso.
Limpei minha garganta enquanto andava até a cadeira e me sentava. “Quando... quando você começou a trabalhar aqui?” “Três semanas atrás.” Em vez de andar para o outro lado de sua mesa, ele se inclinou na frente dela. Preguiçosamente cruzando as pernas e apoiando suas mãos na beira da mesa. “Mas tudo isso não é oficialmente meu até que Andre saia no final da semana.”
Meu queixo provavelmente foi parar no chão. “E quando você foi contratado para ser o novo Gerente Geral?” Ele me olhou curioso. “Mais ou menos a um ano atrás, quando Andre anunciou seus planos de voltar para casa.” Eu teria caído da minha cadeira se não estivesse sentada. “E ninguém pensou em me contar isso?” Brock inclinou sua cabeça para o lado. “Bem, antes de você assumir a vaga, por que alguém te contaria? Agora, deixe-me terminar.” Ele levantou sua mão quando tentei abrir a boca. “A gente pode não se falar há anos, mas isso não significa que não estive por aqui. Você sabe disso. Então você sabe que eu sabia que até que Andrew conseguiu te convencer a aceitar esse trabalho, você se distanciou de tudo relacionado a academia.”
Okay. Ele tinha razão. “Mas ele poderia ter mencionado o fato de você ser o novo GG há meses. Ou você poderia ter dito algo na sexta à noite.”
“Poderia.” Brock sorriu para mim, aquele que ele usava para me fazer corar e agir como uma boba. Meus olhos se estreitaram. Aquele sorriso aumentou. “Na verdade, eu pedi a Andrew para não te contar.” Essa era uma resposta inesperada. “E por que você faria isso?” “Porque eu sabia que você nunca concordaria a vir aqui se soubesse,” ele respondeu meio hesitante.
Minhas mãos se abriram sobre meu colo enquanto eu tentava pensar em algo para dizer, até que finalmente decidi pelo, “Não faço ideia do que responder a isso.” O olhar de Brock passou pelo meu rosto e a linha do seu maxilar suavizou. “Faz realmente um bom tempo desde que eu e você nos sentamos para conversar. Sei que você tem todos os motivos para me odiar. Eu não te culpo.”
“Eu não te odeio.” Aquela emoção confusa fez meu peito acelerar. O que eu disse era verdade. Talvez uma hora eu tenha odiado. Okay. Tenho certeza que odiei, mas eu nunca fui uma pessoa de odiar outras. Não era do meu feitio. Bem, eu tinha odiado muitos personagens fictícios, mas algumas pessoas poderiam dizer que eles não contavam. Eu inalei profundamente e repeti. “Eu não te odeio.” Brock estava rígido enquanto me encarava, um pouco de surpresa e alivio se misturando por suas feições. “Eu... eu fico feliz em ouvir isso.” Eu empurrei toda essa confusão para o lado e foquei. “Mas por que você é o GG? Você provavelmente conseguiu bastante dinheiro para conseguir viver um booom tempo sem se preocupar com um salário.” “Eu tenho. Quando me aposentei da luta profissional há dois anos, eu poderia ter vivido confortavelmente pelo resto da minha vida.”
Eu queria perguntar porque ele havia se aposentado tão novo. Na sua idade, ele ainda tinha alguns anos a sua frente, mas eu resisti à vontade. “Então, por que aceitou esse trabalho?” Ele começou a franzir o cenho. “Você realmente precisa me perguntar isso?” Antes que eu pudesse responder, ele levantou uma mão, passando seus dedos pelo cabelo. “Seu pai salvou minha vida. Isso não é exagero. Você sabe disso. Se não fosse por ele, eu teria morrido na rua. A Academia virou minha vida e é parte de mim. Essa empresa é importante para mim e, mesmo que eu não esteja lutando e representando ela, eu ainda preciso ser parte disso.” Abaixando meu olhar, eu me ajeitei na minha cadeira. Claro que eu sabia disso. Não importava o que tinha acontecido, isso nunca mudaria para ele.
“Eu amo procurar por novos talentos,” ele continuou. “Como GG, eu ainda posso fazer isso. Eu posso retribuir seu pai por tudo que ele fez por mim. Eu preciso fazer isso. Especialmente considerando o quanto eu o desapontei.” “Mas como no mundo você desapontou meu pai?” perguntei, genuinamente curiosa. “Você ganhou campeonatos por ele. Trouxe tanta atenção para a...” “Não é sobre isso que estou falando.” Seu tom estava sério enquanto ele me encarava. “Você nunca disse a ele o porquê de estar no Mona’s naquela noite.”
Eu congelei.
“Se você tivesse, ele teria...” Meu olhar voltou para o dele. “Brock.” “E eu teria merecido tudo que tivesse sido atirado a mim,” ele continuou, se inclinando para frente. “E o único motivo pelo qual você nunca disse a ele que você estava ali por minha causa foi porque prometeu nunca contar.”
Fechando meus olhos, pressionei meus lábios juntos. Eu tinha feito ele me prometer a nunca dizer uma palavra, porque eu sabia o que iria acontecer se ele fosse honesto. Brock teria perdido tudo.
O nó havia voltado, expandindo em minha garganta. Eu não podia ficar aqui sentada e pensar e falar sobre essas coisas se eu iria tentar dar meu melhor nesse trabalho. Fechando minhas mãos, eu abri meus olhos. “O que aconteceu naquela época não tem nada a ver com o presente. Não pode ter.” Brock se inclinou para trás e se endireitou.
“E eu não quero falar sobre isso,” continuei, me forçando a manter minha voz calma. “Nós não precisamos falar sobre nada disso se vamos trabalhar juntos.” Ele estava quieto por um momento, seu corpo um pouco relaxado, mas ele era como uma cobra, e podia atacar a qualquer momento. “Eu não concordo com isso, mas vou deixar passar.” Um pouco da tensão foi aliviada do meu ombro, mesmo eu sabendo que havia um ‘por enquanto’ não dito no fim do que ele disse. “Isso é tudo? Eu gostaria de voltar ao meu escritório e ajeitar minhas coisas para trabalhar.” Brock concordou e se afastou da mesa. Dando a volta nela, ele olhou para a papelada sobre sua mesa. “Eu acho que temos uma reunião com o time de vendas hoje. Às duas horas.” “Ótimo.” Eu levantei, minhas pernas bambas, e me virei para porta. Tudo parecia surreal demais.
“Jillian.”
Parando, olhei para ele. “Sim?” Seus ombros se levantaram enquanto ele inalava profundamente e seu olhar passava sobre meu rosto mais uma vez, e eu me perguntei o que ele achava de como era minha aparência agora. “Eu realmente quero que isso funcione entre a gente, Jillian,” ele disse, e eu senti uma facada de emoção se
movendo em meu peito como uma apunhalada fatal. “É uma segunda chance para nós.”