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Capítulo Vinte e Um

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Brock e Jillian

Brock e Jillian

Brock me queria.

Ele realmente tinha dito essas palavras. Não era minha imaginação ou minha vontade. Nem algo que eu inventei na minha cabeça depois de entender algo que não foi dito. Ele tinha dito isso, e eu podia sentir que ele me queria, e isso fez coisas estranhas com meu corpo.

A sua mão apertou mais meu quadril e a que estava abaixo dos meus seios congelou. Sua testa estava contra a minha e, quando ele emitiu aquele som cru e masculino, com vontade, um calafrio percorreu meu corpo. Ele me pressionou contra a parede.

Ele me queria, mas seria isso seis anos tarde demais?

Baseado no jeito que meu corpo tinha respondido ao dele, com ele mal me tocando, eu tinha de dizer que não, não era tarde demais.

Mas seria inteligente considerar a ideia? Esse era o problema.

Ele tremeu e, então, eu senti seus lábios contra o canto dos meus, o lado que não se movia direito por causa do dano ao nervo, e eu perdi o fôlego ao contato, meu corpo ficando frio, depois quente.

Eu movi minha cabeça na direção de seus lábios sem pensar, e eles acabaram passando sobre os meus, tão suavemente como uma brisa. Não havia pressão nenhuma por trás dele, e o beijo que compartilhamos no meio da noite foi muito mais profundo que esse, mas o leve toque de sua boca mexeu comigo de um jeito que nenhum outro beijo já fez antes.

Brock se afastou só um pouco e nosso olhar se conectou. Então ele pegou minha mão e me puxou para longe da parede. Ele me guiou para o sofá e, quando ele se sentou, me puxou junto para que eu estivesse em seu colo. Com meus pés suspensos, meu sapato de salto caiu no chão.

Assustado com o barulho, Rhage pulou do braço do sofá e correu pelo corredor para um dos quartos. Ou, talvez, ele estava indo para o banheiro do corredor. Rhage ultimamente estava usando a pia lá como cama para dormir.

Mas eu rapidamente parei de pensar sobre o gato estranho.

Meu coração estava batendo erraticamente enquanto Brock mantinha um braço na minha cintura, me mantendo no lugar enquanto ele levantava sua outra mão, pegando uma mecha do meu cabelo e a colocando atrás da minha orelha. Ele levantou meu queixo e seu olhar procurou pelo meu, olhando cada centímetro do meu rosto.

"Eu não sei o que está acontecendo," eu disse.

"Nem eu." Ele segurou meu maxilar, movendo seu dedão sobre a cicatriz.

"Isso é reconfortante." Eu coloquei uma mão sobre seu peito, precisando de um pouco de espaço entre nós. Ele abaixou sua mão, mas não me tirou do seu colo. "Isso... isso é loucura."

"Loucura pode ser bom," ele respondeu, um lado de seus lábios se curvando para cima.

"Ou loucura pode ser o tipo de loucura que termina muito mal," ponderei, tentando recuperar minha sanidade. "Nós simplesmente não podemos fazer isso."

"E por que não?" Sua outra mão caiu para meu joelho a mostra. O contato me fez mover no seu colo.

Eu pensei que haviam motivos suficientes. "Nós... nós trabalhamos juntos, Brock. Se fizermos isso e não der certo, nós teremos que continuar trabalhando juntos. Não posso desapontar meu pai," eu disse. "Eu... não posso desapontar a mim mesma."

"Por que você acha que não vai dar certo?" Sua pergunta pareceu genuína. "Acha que eu estaria aqui se pensasse que iria te machucar no fim de tudo?"

Eu o encarei, querendo tanto acreditar em suas palavras, mas eu nunca pensei que ele me machucaria tanto quanto eu tinha permitido que ele fizesse antes. "Por que?" perguntei. "Por que agora, depois desse tempo todo?"

"Só... só mudou tudo. Eu não sei quando aconteceu exatamente," ele disse, sua voz tão rouca quanto lixa. "Se foi por causa da noite em que te vi no restaurante, ou no seu primeiro dia de trabalho, quando você jogou a maior atitude em mim. Essa não era a Jilly que eu me lembrava, e me deixou em parafuso, porque foi quente demais. Eu não sei se foi quando você me abraçou depois daquele jantar, porque aquela era a Jilly que eu me lembrava, mas você não parecia com ela em meus braços."

Eu não conseguia pensar, mal conseguia respirar, enquanto suas palavras passavam por mim e seus olhos fechavam. A mão que estava em minha coxa deslizou para cima, sobre meu estomago, até meus seios, me fazendo ofegar quando passou pela ponta deles, mas ela continuou subindo até que seus dedos estavam na base do meu pescoço, seu dedão sentindo minha pulsação frenética.

"Ou talvez tenha acontecido mesmo antes de eu te ver de novo," ele disse, parecendo estar falando consigo mesmo, mas essa afirmação não fazia sentido. Seus olhos se abriram e eles brilhavam como uma obsidiana polida. "Talvez foi quando vi você finalmente relaxar e rir na noite que saímos com seus amigos. Pode ser por causa de ter dormido com você contra mim. Porra, o que fizemos naquela noite pode ter muito a ver com isso."

Meu olhar percorreu suas feições tensas, porém contidas.

"Pode ter sido por causa de todos esses minutos e mais, mas eu soube naquela manhã, quando eu acordei e te encontrei escondida no banheiro, que eu te queria. E não houve nenhum dia sequer que passou que eu não pensasse em você, Jillian. Eu deveria ter te falado isso na primeira noite em que te vi."

O ar ficou preso em meus pulmões.

"Eu sempre pensei sobre você, sobre o que você estava fazendo, como as coisas estavam indo..." Ele abriu seus olhos e eles estavam escuros. "Imaginando se você tinha encontrado alguém. E eu perguntava sobre você - eu perguntava frequentemente."

"O quê?" disse.

disso?" "Sua mãe... ela me manteve, bem, bem informado. Você não sabia

Não. Uma ponta de raiva cresceu em meu peito, porque minha mãe não devia ter mantido Brock informado sobre minha vida, especialmente sem eu saber.

"Eu soube quando você largou a faculdade. Eu soube quando você conseguiu o trabalho na empresa de seguros," ele explicou, e meus lábios se partiram com minha respiração brusca. "Eu soube quando você começou a namorar alguém. Eu também soube que você nunca o levou para casa, para conhecer seus pais, então eu soube que isso não podia ser sério."

Puta merda.

Embasbacada, a raiva deu lugar para a surpresa. "Por que ela não disse nada pra mim?"

"Eu pedi para ela não contar. Eu... eu não tinha certeza se você iria querer que eu soubesse dessas coisas. Você deixou bem claro da última vez que conversamos que não me queria na sua vida."

Uma ponta de arrependimento cresceu em meu peito. Isso tinha sido no último feriado que passei com ele e minha família. "Você... você trouxe-a para minha casa."

Acho que isso foi o que mais me machucou em relação a Brock naquela época. A menina que ele esteve flertando, a menina por quem ele me largou, não era só uma ficante que seria esquecida no momento em que ele fosse

embora. Era a menina que ele acabou se envolvendo. A menina que ele finalmente ficou junto. A menina que ele pediu em casamento.

Ele virou um pouco sua cabeça, olhando para longe como se não conseguisse olhar em meus olhos. "Eu não estava pensando."

Um nó se formou em minha garganta como se aquela noite estivesse voltando. Tinha sido no Natal depois que tudo aconteceu, e Brock tinha vindo para a ceia. Ele não tinha vindo sozinho. Uns quatro meses depois que ele partiu meu coração e minha vida tinha literalmente implodido, ele trouxe Kristen para o jantar da minha família, e eu tinha perdido a paciência.

Meu rosto ainda estava machucado e cicatrizando, meu estado mental não estava nem um pouco bom, e eu tinha descido as escadas, uma das raras ocasiões onde eu me juntei a minha família, e eu conseguia lembrar de tudo como se fosse ontem.

Eu tinha chegado na grande sala de jantar, meu olhar passando pelos rostos familiares, e eu tinha visto Brock primeiro. Ele estava encarando a porta e, por um momento, eu pensei que ele estava esperando por mim, me procurando. Apesar dele ter acabado com meus sentimentos naquela noite no Mona’s, pequenas faíscas de esperança tinham se formado nas semanas que se passaram quando ele vinha me visitar.

Mas então eu tinha visto quem estava ao seu lado, a visto, e saber que ele a tinha trazido para o jantar significava que ela era importante para ele. Não era uma ficante. Nem alguém que ele pegou enquanto bêbado. Ele nunca, nunca, trouxe uma garota para a casa dos meus pais.

Kristen era sua namorada. Não eu. Nunca eu.

Eu dei meia volta e voltei escada acima, conseguindo não perder a calma na frente da minha família toda. Só que não importava. Eles todos sabiam. Isso e toda a dor da noite no Mona’s tinha voltado em uma explosão de emoção.

Brock tinha vindo atrás de mim, como ele tinha feito milhões de vezes antes, como se ele não tivesse passado pela noite no Mona's.

Ele tinha vindo ao meu quarto, e eu tinha gritado com ele. Tenho certeza que o chamei de 'egoísta enganador' em algum momento e disse que nunca mais queria vê-lo de novo. Eu disse outras coisas também, coisas ruins, e eu ainda conseguia ver seu rosto e o choque que tinha aparecido em suas feições. A dor que eu não queria ver e especialmente a culpa que eu não queria reconhecer.

Foi como estar prestes a morrer de novo, mas, olhando para trás, eu sabia que não tinha sido sua culpa. Ele não deveria ter de viver sua vida se preocupando sobre ter ferido qualquer sentimento que eu tinha por ele. Não era justo com ele, e isso tinha levado muito tempo, e muita reflexão interna, do tipo dolorosa e brutal, para perceber.

Seu dedão massageou meu pescoço, me tirando do passado. "Jillian?"

"Eu... eu reagi mal. Quero dizer, eu estava... porra," eu disse, deixando tudo sair. "Eu estava com ciúmes. Eu estava com tanto ciúme, Brock, porque eu queria ser ela. Eu am..." Eu me interrompi quando algumas ondas de nervo se formaram em meu estômago. Eu afastei sua mão para que ele não estivesse mais tocando meu pescoço. "Eu só não estava em um bom estado."

"Não se culpe por isso," ele me disse.

"Não estou. Bem, eu estou aceitando culpa parcial pela... pela bagunça também conhecida como nós." Desesperada por espaço para pensar sobre isso claramente, eu sai dos seus braços e de seu colo. Ficando de pé, eu tirei o cabelo do meu rosto e me movi até que a parte de trás das minhas pernas tocassem a mesinha de centro. "Eu era jovem e..."

"E eu não queria ver o que estava logo na frente da minha cara." Ele se moveu para a ponta do sofá e me encarou. "Eu só queria que você me visse como um irmão."

Desconfortável com o lugar que essa conversa estava indo, eu dei a volta na mesinha, me movendo para que eu estivesse na frente dela, minhas costas para a TV. "Brock..."

"Mas eu sabia que esse não era o caso. Eu não era um completo idiota."

Eu congelei.

Suas mãos estavam paradas entre seus joelhos. "E eu só queria pensar em você como uma irmã mais nova para mim."

"Você pensava. Você nunca me tratou de outro jeito além disso."

"Eu te disse. Eu não podia me permitir isso. Você era seis anos mais nova que eu. Agora? Não importa tanto. Naquela época? Sem contar a sentença de prisão, o seu pai teria me matado. Porra," ele gemeu, um sorriso em seus lábios. "Ele ainda pode querer me matar. Você era nova demais e eu... eu estava preso na minha cabeça. Tudo que eu tinha eram sonhos - ser essa grande estrela do UFC. Conseguir uma pilha de patrocinadores. Trabalhar duro e festejar ainda mais, e você..."

"Eu não cabia nisso," eu disse, sem uma gota de amargor, porque eu não tinha. Eu era uma criança comparada com ele, cheia de sonhos bobos e esperança.

E tinha parte de mim que ainda parecia ser como ela as vezes. Onde eu poderia ser arrancada dali e voltar para Brock, logo agora que estava finalmente vivendo a minha vida.

"Mas eu sempre soube," ele disse, olhando para baixo. Ele exalou. "Porra, eu sabia como você se sentia."

Cruzando meus braços sobre meu peito, eu tremi. Eu não sabia o que fazer depois dessa confissão, o que fazer com tudo isso. Uma grande parte de mim estava em choque. Quando você passa grande parte da sua vida querendo algo e, então, outra grande parte aceitando que nunca teria, para agora ter isso ao seu alcance, era difícil de compreender.

Eu olhei para ele, e meu estômago afundou do melhor jeito possível. Como seria estar com ele, finalmente sem ter nosso passado entre nós, e viver o agora? Minha pele corou com antecipação mas, ao mesmo tempo, parte de mim estava insegura.

Uma parte de mim queria correr gritando para as montanhas.

"Eu só... eu realmente preciso pensar sobre isso. Quero dizer, eu nem sei o que você quer de verdade, se só quer transar..."

"Se eu só quisesse transar, eu já teria alguém na minha cama agora. Isso seria fácil."

"Uau," murmurei.

"Não estou dizendo isso para ser um babaca. É verdade, mas eu não quero isso. Obviamente." Seu maxilar ficou tenso. "Se eu só quisesse isso, eu não estaria aqui."

Mordi meu lábio. "Então... o que está dizendo?"

"Estou dizendo que quero você," ele disse. "É isso que eu quero, e eu não sei o que vai acontecer. Eu tenho uma ideia, mas eu tenho certeza que não vou negar o que sinto porque pode terminar mal."

Exceto que, se terminasse mal, nós teríamos que ver o outro todo dia, e se terminasse mal, como iríamos superar isso uma segunda vez? Como eu poderia?

Inalando profundamente, Brock levantou do sofá e se aproximou. Eu o encarei enquanto ele dava a volta na mesinha de centro e parava na minha frente. Antes que eu soubesse o que ele estava fazendo, ele colocou suas mãos em minhas bochechas e inclinou minha cabeça para trás.

"Sair desse apartamento não é o que eu quero fazer." Ele abaixou sua boca, parando a centímetros da minha. "O que quero fazer é te levar para o quarto, tirar sua roupa, e foder com cada dúvida que ainda existe em sua cabeça."

Oh meu Deus.

"Mas eu entendo. Você precisa pensar sobre como as coisas estão agora," ele continuou. "Eu vou te dar tempo. Tudo bem?"

"Okay," eu sussurrei em resposta porque, o que mais eu poderia fazer? Sua boca estava tão perto da minha, e eu não estava pensando direito.

Então Brock me beijou.

Realmente me beijou.

Sua boca veio e seus lábios se moveram contra os meus como se ele estivesse querendo memorizá-los. Meus braços se descruzaram e de alguma forma minhas mãos estavam de novo em seu peito. Ele mordiscou de leve meu lábio inferior, me assustando. Eu ofeguei e, então, sua língua deslizou para minha boca.

Agora isso era um beijo.

Quente. Duro. Molhado. Sua língua passava sobre a minha, e ele não me beijou, ele me devorou. Sua barba por fazer e a suavidade dos seus lábios, como pedra e cetim, era uma mistura interessante, e me fez gemer.

"Porra," ele disse, levantando sua boca. "Esse som."

Eu não conseguia falar. Eu abri meus olhos e olhei para ele. Eu estava oficialmente contando esse como nosso primeiro beijo. Yep. Isso soava certo.

Brock segurou meu olhar e, então, me soltou. "A coisa mais difícil que vou fazer é ir embora daqui," ele murmurou. "Sonhe comigo essa noite."

Então ele estava indo embora, saindo do meu apartamento e fechando a porta atrás dele, e eu estava parada no centro da minha sala, meus lábios dormentes do beijo e meu corpo uma loucura de desejos não saciados.

Vá atrás dele.

Eu comecei mas parei, porque eu... eu estava com medo. Realmente com medo do que iria acontecer, porque eu tinha vivido tanto tempo sem esperar mais que Brock fosse acordar e se interessar por mim, e agora ele estava. Em qual nível e o quão profundamente, eu não tinha ideia. Eu nem mesmo tinha certeza se ele sabia, mas eu o queria - o queria mais do que quis qualquer um, porque eu sempre o quis e ele nunca me quis.

Até agora.

E o que me assustava era saber que se eu me apaixonasse por ele de novo, eu iria me apaixonar profundamente, e eu nunca iria me recuperar. Se eu o amasse de novo, eu estaria perdida para sempre.

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