B OL E T I M M E N SA L DA AU T OR I DA DE N AC IO N A L DE P RO T E C Ç ÃO C I V I L / N .º 3 8 / M A IO 201 1 / I SS N 164 6 – 95 4 2
Tecnologia e telecomunicações em Proteção Civil PÁG. 4-6
38 maio de 2011
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Este Boletim é redigido ao abrigo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
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E DI T OR I A L
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DECIF 2011: outros meios, o mesmo compromisso No passado dia 19 de abril foi publicamente apresentado o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais, estabelecido na Diretiva Operacional nº 2/2011. Quantitativamente inferior ao dos anos transatos, quer em meios aéreos quer em recursos humanos, a redução verificada decorre da situação financeira e económica do país, mas ficou aquém do que chegou a ser expectável. Cumpre-nos assegurar a mobilização, prontidão, empenhamento e gestão dos meios e recursos, procurando reduzir o número de baixas entre as pessoas a socorrer e operacionais envolvidos, assim como reduzir a área ardida, salvaguardando a segurança de tudo e todos, em todas as situações. Uma vez mais partiremos para este desafio diário e sem pausas confiantes na informação qualificada do Instituto da Meteorologia e no apoio e acompanhamento das Freguesias, dos Municípios, dos Governos Civis e sobretudo na capacidade do Dispositivo e seus demais integrantes: estrutura operacional da ANPC, Corpos de Bombeiros voluntários, da FEB e profissionais, militares do GIPS/GNR e das Forças Armadas, sapadores da Autoridade Florestal Nacional e equipas do Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade, SEPNA/GNR, Autoridade Marítima, PSP, Instituto Nacional de Medicina Legal, Polícia Judiciária, INEM, INAC, Equipas de Intervenção Permanente, Empresa de Meios Aéreos e AFOCELCA. A todos dirijo uma palavra de incentivo, ciente que tudo farão para cada vez melhor proteger e socorrer as pessoas, o património e o ambiente.
Arnaldo Cruz
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DI V ULGAÇÃO
Meios aéreos
Helicópteros de Socorro e Assistência
........................................................................................ Em Portugal a utilização de aeronaves no âmbito da Proteção Civil remonta aos anos 70, numa ótica de apoio ao combate aos incêndios florestais. A partir dos anos 80 as aeronaves passam a ser utilizadas já não só no apoio, mas no próprio combate.
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C
om o passar dos anos, o uso de aeronaves em Proteção Civil torna-se sistemático e imprescindível na estratégia de combate aos incêndios florestais, refletindose no aumento do número de aparelhos envolvidos e na cobertura cada vez maior de áreas florestais sensíveis. O passo seguinte foi a contratação, em regime de aluguer, de helicópteros em disponibilidade permanente, com capacidade de voar de dia e de noite e em condições meteorológicas adversas – os denominados Helicópteros de Socorro e Assistência (HESA). A utilização de meios aéreos em proteção civil passa então pela execução de outros tipos de missão, como sejam evacuações médicas, busca e salvamento, transporte e o socorro às populações. Os primeiros helicópteros contratados em regime de disponibilidade permanente foram um Bell 222 A e um Bell 21 2, os quais ficaram sedeados, respetivamente, no Aeródromo de Tires (Distrito de Lisboa) e no heliporto de Santa Comba Dão (Distrito de Viseu). Em 1998, considerou-se a necessidade de contratar um HESA para ficar sedeado no Algarve, fruto da elevada distância ao meio aéreo mais próximo, mas também da ocupação humana e riscos diversificados daquele território, recaindo a escolha em Loulé. Em 2000 prescinde-se do helicóptero sedeado em Tires, mantendo-se, contudo, um HESA em Santa Comba Dão e o outro em Loulé. No entanto, entre julho de 2001 e novembro de 2003, apenas se operou um HESA, a partir de Santa Comba Dão. De novembro de 2003 aos dias de hoje, a Proteção Civil passou a contar, em permanência e ininterruptamente, com os dois HESA de Santa Comba e Loulé. Em 2005, a Resolução do Conselho de Ministros nº182,
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de 22 de novembro, determinou que fossem iniciados os procedimentos de um concurso público internacional no sentido de dotar o Estado Português de um dispositivo permanente de meios aéreos com a missão primária de prevenção e combate a incêndios florestais, o qual culminaria com a aquisição de seis Kamov 32 e quatro Ecureil AS350B3. Em abril de 2007 é publicado o Decreto-Lei que cria a Emprea de Meios Aéreos (EMA), que tem por objeto social a gestão integrada do dispositivo permanente de meios aéreos para as missões públicas atribuídas ao Ministério da Administração Interna. Em fevereiro de 2008, os HESA passam a ser assumidos por dois Kamov K A32 da EMA, substituindo os dois helicópteros Bell 21 2 que desde 2003 ocupavam tais posições, exceção feita ao período entre 1 de junho e 15 de outubro de 2008, em que fruto do empenhamento exclusivo dos Kamov 32 no combate aos incêndios florestais, foram contratados de novo dois Bell 21 2 como HESA. Integrando o dispositivo permanente da ANPC, os HESA cumprem missões diversificadas e operam por norma a partir de Bases de Helicópteros em Serviço Permanente de Santa Comba Dão e Loulé, estando em alerta permanente 24 horas dia / 365 dias ano. A participação destes HESA em missões de busca e salvamento, com recurso a recuperadores-salvadores, remonta a 1998, tendo esta situação ficado clarificada através da assinatura, em julho de 2007, de um ProtocoloQuadro entre a Marinha, a Força Aérea e a A N PC, que define as bases gerais de cooperação entre as entidades das estruturas auxiliares dos Sistemas Nacionais de Busca e Salvamento Marítimo e Aéreo e os Centros de Coordenação de Busca e Salvamento. Em 2000, foi celebrado um Protocolo com o INEM, o qual prevê que este organismo possa solicitar os HESA para a execução de missões de transporte primário ou secundário de doentes críticos e sinistrados no espaço territorial do continente, 24 horas por dia, mas também de transporte de recém-nascidos de alto risco e de equipas médicas, entre outras missões entendidas como úteis pelo INEM. A partir de 2004, também os Gabinetes de Coordenação de Colheita de Órgãos e Transplantação, passam a poder solicitar os HESA para missões de transporte de órgãos.
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NOTÍCIAS
Amadora define estratégia de redução de riscos com a participação dos munícipes e agentes locais
Módulo de Busca e Salvamento nacional testado com sucesso em exercício europeu
A Amadora é agora uma das 600 cidades a nível mundial que integra a rede internacional de cidades, criada no âmbito da campanha das Nações Unidas World Disaster Reduction Campaign 2010 -2011| My City is Getting Ready. Esta iniciativa envolve a criação de uma plataforma que permite a partilha de experiências entre aquelas cidades, tendo por objetivo central incutir nas comunidades locais um conjunto de boas práticas que lhes permita resistir, adaptar e recuperar (resiliência) de situações de acidente grave e catástrofe. Neste quadro, a cidade da Amadora, sob o slogan “Sempre em Movimento, Amadora é Resiliente”, definiu como estratégia de campanha a elaboração de uma análise dos riscos e vulnerabilidades presentes no território, com a participação dos munícipes. A iniciativa envolve toda a estrutura da autarquia, as escolas do Concelho e população em geral. A Amadora é o segundo município nacional a integrar esta Rede, depois de Lisboa se ter associado em 2010.
Uma equipa composta por elementos do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa e da PSP participou em Weeze, na Alemanha, entre 8 a 10 de abril, no exercício “MODEX.EU 11” realizado no quadro do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, tendo coordenado o Módulo de Busca e Salvamento em Estruturas Colapsadas (MUSAR). O exercício teve como cenário um Sismo de 7,2 na escala de Mercalli, do qual resultaram elevados danos matériais e humanos, e como objetivos testar os procedimentos associados ao Mecanismo Europeu de Proteção Civil, ao nível da troca de informações e da interoperabilidade dos diferentes módulos europeus de proteção civil. A nível nacional, pretendeu-se testar a mobilização e operacionalidade do MUSAR e a sua articulação com as estruturas de proteção civil europeias. A ANPC acompanhou o exercício em articulação com o RSB e com o Centro de Informação e Vigilância da Comissão Europeia (M IC).
........................................................................................ Comissão Nacional de Proteção Civil aprovou a Directiva que institui o ‘DECIF 2 011’ A Comissão Nacional de Proteção Civil ratificou, no passado dia 19 de abril, em reunião plenária, a Diretiva Operacional que institui um Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Florestais (DECIF). Este Dispositivo visa garantir em permanência, nos níveis nacional, distrital e municipal, a resposta operacional adequada e articulada, em conformidade com os graus de gravidade e probabilidade de incêndios florestais. Num período de necessária contenção da despesa pública o dispositivo foi ajustado face aos anos anteriores, com uma aposta na vertente qualitativa dos meios a alocar ao combate a incêndios. No caso dos meios aéreos, foram sacrificados os aviões não anfíbios, que tinham necessidade de aterrar de cada vez que efetuavam uma descarga a fim de repor a água descarregada, o que implicava intervalos entre descargas muito superiores aos obtidos com os helicópteros. Os aviões pesados anfíbios
serão substituídos por aviões médios também anfíbios, com menor capacidade, mas com mais superfícies de água para realizar o abastecimento (scooping) o que assegurará maior rapidez na intervenção. Já o dispositivo terrestre terá uma dimensão semelhante à de 2010 na fase Delta, uma ligeira diminuição (cerca de 3% do número total de efectivos) na fase Bravo e uma redução de cerca de 8% do total de elementos na fase Charlie. Compensando em alguma medida a diminuição de outros meios, foram integradas no dispositivo 1 2 máquinas de rasto, e serão os Corpos de Bombeiros dotados com terminais SIR ESP que permitirão melhorar a vertente das comunicações. Esta Diretiva é um documento de divulgação generalizada e de consulta permanente por parte das entidades que concorrem para as ações de proteção e socorro no âmbito dos incêndios florestais sendo brevemente disponibilizada no sítio da Internet da ANPC, em www.prociv.pt.
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TEMA
Tecnologia e telecomunicações em Proteção Civil
......................................................................................... O recurso a imagens de satélite, a aplicação das potencialidades dos Sistemas de Informação Geográfica no planeamento, na gestão e no apoio à tomada de decisão, a utilização de sistemas de telecomunicação por satélite e a sofisticação e diversificação dos meios de apoio, constituem uma mais-valia no desempenho de todos os agentes da Proteção Civil. António Casimiro Samagaio Docente na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria
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A
atuação dos agentes da Proteção Civil assenta num vasto conjunto de aptidões que incluem o levantamento, a previsão, a avaliação, a inventariação, a prevenção, a análise, a informação, a formação, o estudo, o planeamento e a gestão. Cada vez mais estas capacidades são testadas em cenários tão diversos como os acontecimentos que os proporcionam. Se é verdade que ao longo da história os seres humanos foram sendo sujeitos a situações extremas que colocaram à prova as suas capacidades de sobrevivência, nas últimas décadas a dimensão e a natureza das catástrofes naturais têm atingido outras proporções. Os media têm sido um canal privilegiado de divulgação de cenários de catástrofe tais como os atentados em Nova Iorque (2001), em Madrid (2005), em Londres (2005), o tsunami em Sumatra (2004), o furação Katrina em Nova Orleães (2005), os ciclones na Birmânia (2008), os sismos de Áquila (2009), no Haiti (2010), no Chile (2010) e no Japão (2011), as cheias no Paquistão e na Austrália (2010), os deslizamentos de terras na Madeira, para referir apenas alguns dos muitos exemplos que comprovam que a informação proveniente das zonas atingidas pelas tragédias chega rapidamente a casa de milhões de espectadores em todo o mundo. O dramatismo das imagens esbate-se na banalização e, por ventura, na indiferença, que resultam do enorme fluxo de informação que inunda o quotidiano de qualquer um de nós sempre que ocorre um acontecimento deste género.
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Por outro lado, também as redes sociais vieram transformar a nossa sociedade de forma inquestionável. Por mais otimistas que sejamos, quem preveria no dealbar do milénio que algo tão simples se transformaria num meio de comunicação tão poderoso em qualquer domínio, até mesmo no ambito da Proteção Civil, como foi possível comprovar no Haiti (2010) e, mais recentemente, nos vários conflitos que têm atingido o norte de África e após o sismo no Japão? Efetivamente, vivemos num mundo que virtualmente não tem fronteiras e para o qual temos de estar preparados. No domínio da Proteção Civil, a tecnologia constitui um pilar fundamental no modo de intervenção e no desempenho dos agentes. A revolução tecnológica registada nos últimos quarenta anos, tem contribuído de forma inequívoca para a melhoria (tanto qualitativa como quantitativa) da resposta dada pelos diferentes agentes. Na última década, registaram-se em todo o mundo em média 785 catástrofes. Nos últimos três, os dados publicados pela seguradora alemã Muniche.re,são bastante eloquentes: Ano
Catástrofes
2008
750
Mortes 220.000
Prejuízos*
2009
850
10.000
$50
2010
950
295.000
$200
$130
* em biliões de dólares
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TEMA
Se as alterações climáticas já começaram a afetar seriamente a vida dos cidadãos, nomeadamente através do aumento da frequência de diversos fenómenos climatéricos extremos, também na última década nos deparamos com uma nova realidade. As ações desenvolvidas pelos movimentos políticos e religiosos extremistas, através de uma série tenebrosa de atentados mostraram-nos as vulnerabilidades existentes nas sociedades mais desenvolvidas. Provavelmente, pela primeira vez começamos a questionar-nos se estaríamos preparados, para aquilo que desconhecíamos! De facto, nós que vivemos em sociedades tecnologicamente avançadas, talvez não tenhamos tido a capacidade de antecipação para nos prepararmos e, talvez, mentalizar-nos de que, afinal, as nossas sociedades estão longe de ser perfeitas. Mesmo um país com um nível de desenvolvimento como os Estados Unidos, revelou deficiências importantes nas suas diversas estruturas, como ficou provado nos atentados de Nova Iorque (2001) e em Nova Orleães (2005). A título de exemplo, à data dos atentados de 2001, aos funcionários responsáveis pelas bagagens nos aeroportos norte-americanos não era exigido se quer o registo criminal, algo que em Portugal é exigido com grande frequência. Estamos, pois, perante uma realidade totalmente nova que nos leva a equacionar um conjunto de novas variáveis. Se por um lado temos a convicção de que os avanços tecnológicos nos permitem atuar de uma forma mais eficiente em situações de catástrofe, sejam elas naturais ou não, também teremos de estar preparados para situações em que não podemos contar com a tecnologia, de forma a não sermos surpreendidos quando esta não for capaz de corresponder às nossas expectativas. O recurso a imagens de satélite para avaliação das consequências das catástrofes, a aplicação das potencialidades dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) no planeamento, na gestão e no apoio à tomada de decisão, a utilização de sistemas de telecomunicação por satélite, a sofisticação e a diversificação dos meios de apoio, e outros, constituem um vasto suporte tecnológico que constituem uma mais-valia no desempenho de todos os agentes da Proteção Civil. Em 2005, os atentados no metro de Londres, evidenciaram as fragilidades de uma cidade com quase 8 milhões de habitantes. As equipas de emergência depararam-se com graves problemas no interior dos túneis devido sobretudo ao corte de energia, as comunicações falharam e mesmo a resposta das viaturas de apoio, foi posta em causa. Curiosamente, foi a luz dos telemóveis dos sobreviventes aos atentados que permitiu evitar um número de vítimas bem superior (o balanço final confirmou 52 mortes e cerca de 700 feridos). Por certo, as autoridades inglesas tiraram as devidas ilações e planearam novas formas de intervenção, tendo em vista por exemplo, os Jogos Olímpicos de 201 2. Apesar de enfrentarmos situações extremas com maior frequência, reconhecidamente a resposta dada pela comunidade internacional tem evitado que as proporções
finais sejam de uma dimensão bem superior. A qualidade dessa resposta fica a dever-se, em parte, aos meios tecnológicos que atualmente se encontram ao dispor dos agentes da Proteção Civil. Recentemente, os fantasmas de Chernobyl (1986) despertaram novamente devido aos problemas registados na central nuclear de Fukushima (Japão), como consequência do violento sismo registado a 11 de março deste ano. As semanas após a catástrofe têm constituído um verdadeiro pesadelo para todos os funcionários que procuram reativar o sistema de refrigeração dos vários reatores afetados. Devido ao nível de radiação ser demasiado elevado, sobrevoar o complexo nuclear é perigoso para qualquer ser humano. O recurso à tecnologia tem permitido fotografar toda a área afetada através de uma câmara fotográfica montada num helicóptero controlado por via remota. Perante a força da natureza, a capacidade de reação das populações aliada, uma vez mais, aos meios tecnológicos existentes,proporciona situações extraordinárias como é o caso da reconstrução da autoestrada de Great Kanto, em Naka, Japão, em apenas seis dias. Após este sismo verificado na costa nordeste do Japão, a informação proveniente de alguns dos satélites em atividade permitiu-nos concluir que o território do sol nascente se havia afastado cerca de 2,4 metros em relação ao continente asiático. Simultaneamente, o eixo da Terra sofreu um deslocamento que contribui para a aceleração do movimento de rotação da Terra, implicando que a duração dos dias diminua cerca de 1,8 μs. Uma vez mais o contributo dos meios tecnológicos permite-nos aceder a informação que de outro modo seria completamente inacessível. Em cenários de catástrofe, as comunicações são vitais para a coordenação da intervenção dos diversos agentes envolvidos. A sua não existência ou falência facilmente transforma um cenário delicado num cenário caótico. As telecomunicações de emergência constituem o meio
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London Underground e Jersey Island Security and Emergency Forces) e a Finlândia (Virve). A Suiça e a França optaram por utilizar tecnologia TETRAPOL. Em Portugal, importa perceber a forma como as telecomunicações se encontram estruturadas. A Comissão de Planeamento de Emergência das Comunicações (CPEC) caracteriza-se por ter uma intervenção transversal a todos os setores de atividade, visto que lhe compete assegurar o fluxo da informação essencial para a gestão de crises. Representa também o país na Comissão de Planeamento Civil de Comunicações de Emergência da NATO. Para além das redes de Radiocomunicações da ANPC (Rede Estratégica da Proteção Civil, Rede Operacional dos Bombeiros sem e com chamada seletiva) e do projeto SIRESP, quando falamos em telecomunicações de emergência, não podemos ignorar o papel importante e valioso desempenhado pelos radioamadores e pelas Organizações não Governamentais, como a TSF (Telecoms Sans Frontieres).
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fundamental para assegurar o comando, controlo e coordenação das operações de socorro e proteção civil, quer em tempo normal, quer em tempo de catástrofe. A necessidade de coordenar as comunicações de emergência, foi objeto de discussão durante muito tempo no nosso país. Grande parte dos recursos e equipamentos disponíveis correspondiam a sistemas independentes e sem qualquer capacidade de interligação. Actualmente, independentemente da tecnologia utilizada, a solução adotada passa por um sistema único de comunicações, baseado numa única infraestrutura de telecomunicações, capaz de centralizar o comando e a coordenação das comunicações entre as diversas forças de segurança e emergência, assegurando deste modo a intercomunicação e a interoperabilidade entre os diversos intervenientes. Em Portugal, o SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança) adotou como plataforma normalizada o sistema TETRA (Terrestrial Trunked
Radio). Trata-se de uma norma europeia de trunking digital, desenvolvida pelo Instituto Europeu de Normalização das Telecomunicações (ETSI). No ambito do relatório realizado em 2001 sobre o projeto SIRESP, apurou-se um número global de 53.485 terminais como potenciais utilizadores do sistema, em todo o país. Estes sistemas representam os mais avançados meios de comunicações, permitindo o estabelecimento de comunicações (suporta dados, voz e imagens) entre grupos fechados de utilizadores. Entre outras funcionalidades, destaca-se o “Direct Mode” entre rádios, a transferência de dados, a programação remota de rádios (em caso de situações inesperadas que ponham em risco determinada operação, será possível “anular” qualquer um dos rádios utilizados), o rápido estabelecimento de chamadas, a economia de espectro, a segurança do sistema e a possibilidade de utilizar encriptação.No presente, esta norma europeia já é partilhada por diversos países service europeus como são disso exemplo a Bélgica (Astrid), a Holanda (C 2000), o Reino Unido (projeto PSRCP, West Midlands Ambulance, P.6
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SIRESP É a solução tecnológica adoptada pelo Estado Português para responder às necessidades de comunicações em situações de emergência que permite, através da definição de grupos de conversação, que cada entidade (forças de segurança, proteção civil, bombeiros, e outros) o utilize como a sua rede privativa, independente das restantes. No entanto, em caso de necessidade de coordenação, permite também que todos os grupos que concorram para a resolução de uma determinada situação de emergência sejam facilmente colocados em conversação. O Contrato SIRESP tem uma duração estabelecida de 15 anos e prevê que a implementação do Sistema decorra em 7 fases. Operacional em todo o território continental e na Região Autónoma da Madeira desde 2010, entra em serviço na Região Autónoma dos Açores no final de 2013.
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RECURSOS
Legislação
........................................................................................ Legislação de Referência: Decreto-Lei nº 151-A/2000, de 20 de julho Define o Regime Geral das Radiocomunicações.
Decreto-Lei nº 167/2006, de 16 de agosto Altera o Decreto-Lei n.º 151-A/2000, de 20 de julho, que estabelece o regime aplicável ao licenciamento de redes e estações de radiocomunicações.
Resolução do Conselho de Ministros nº 56/2003, de 8 de abril Define o modelo das entidades que asseguram a gestão e operacionalidade do SIRESP.
Resolução do Conselho de Ministros nº 95/2010, de 6 de dezembro Cria o conselho de utilizadores do SIRESP e aprova o seu regulamento interno.
Publicações
........................................................................................ Estudo do Risco Sísmico e de Tsunamis do Algarve. Edição Autoridade Nacional de Protecção Civil. Carnaxide, 2010. Publicação dos resultados obtidos no Estudo do Risco Sísmico e de Tsunamis do Algarve, que decorreu entre 2007 e 2009, sob coordenação da Autoridade Nacional de
Protecção Civil. Fundamental para todas as entidades com responsabilidade na prevenção, planeamento e resposta ao risco sísmico e a
todos quantos se interessam por esta temática. Disponível no sítio da internet da ANPC.
Glossário
........................................................................................ Alfabeto Fonético Internacional O Alfabeto Fonético Internacional (referenciado pela sigla AFI e pela sigla em inglês IPA, de International Phonetic Alphabet) é um sistema de notação fonética baseado no alfabeto latino, criado pela Associação Fonética Internacional como uma A– ALFA B – BRAVO C – CHARLIE D – DELTA E – ECO F – FOXTROT G – GOLF
forma de representação padronizada dos sons do idioma falado. O Alfabeto Fonético Internacional tem uma vasta aplicação no universos das radiocomunicações, sendo também utilizado nas comunicações aeronáuticas, marítimas, militares
H – HOTEL I – ÍNDIA J – JULIET K – KILO L – LIME M – MIKE N – NOVEMBER
O – ÓSCAR P – PAPA Q – QUEBEQUE R – ROMEO S – SIERRA T – TANGO U – UNIFORM
e, claro, no domínio lato da Proteção Civil. Fazendo corresponder a cada uma das 26 letras universalmente conhecidas por todos os utilizadores rádio, pode transmitir-se qualquer mensagem com a certeza que o correspondente a recebeu. V – VICTORIA W – WHISKY X – X-RAY Y – YANKEE Z – ZULU
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AGE N DA
2 a 8 de MAIO
3 a 6 de MAIO
9 de MAIO
TEATRO MARIA MATOS, LISBOA
ANPC, CARNAXIDE
ANPC, CARNAXIDE
CICLO DE DEBATES SOBRE ARTE,
CURSO SOBRE GESTÃO
REUNIÃO DOS DIRETORES-
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS
DE CHEIAS
GERAIS DE PROTEÇÃO CIVIL
E SUSTENTABILIDADE
Esta ação, organizada pela ANPC,
DE PORTUGAL, ALEMANHA,
A emissão de gases de estufa
insere-se no projecto europeu
FRANÇA, ESLOVÉNIA, HOLANDA
está ligada a todos os setores da
«ACR 5», que visa melhorar a
E REINO UNIDO
atividade humana e uma redução
capacidade de resposta rápida da
A agenda de trabalhos deste encontro
significativa das emissões só pode
União Europeia face a catástrofes.
inclui o debate em torno de questões
ser alcançada através do esforço
e contará com a participação de
estratégicas como a implementação
de todos. Qual é o papel do setor
representantes dos cinco países
das Diretrizes Comunitárias
cultural neste contexto? A arte tem
que o integram: Portugal, Espanha,
para Avaliação de Risco, o
a capacidade de informar o público?
França, Bélgica e Grécia.
desenvolvimento de uma abordagem
Estas e outras questões poderão
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estratégica à Proteção Civil europeia
ser respondidas ao longo deste
e a análise às implicações decorrentes
conjunto de encontros que o Teatro
19 e 20 de MAIO
da Cláusula de Solidariedade do
Maria Matos, em parceria com a
ESCOLA SUPERIOR AGRÁRIA DE
Tratado de Lisboa.
Transforma, programou para a
CASTELO BRANCO
...........................
primeira semana de maio.
II ENCONTRO SOBRE SISTEMAS
.......................
DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
7 a 14 de MAIO
Neste encontro debater-se-á
SMPC DE LISBOA
9 a 11 de MAIO
a temática das aplicações SIG
FORMAÇÃO EM PRIMEIROS
LNEC, LISBOA
nos recursos agro-f lorestais e
SOCORROS
8ª CONFERÊNCIASOBRE
ambientais.
A Junta de Freguesia de Santa Maria
SISTEMAS DE ALERTA PRECOCE
...........................
dos Olivais realiza, nos dias 7
Lisboa acolhe, nas instalações do LNEC
RE IDENTIDADE
e 14 de maio, esta ação de formação
a 8ª edição do «ISCRAM - Sistemas de
23 a 25 de MAIO
destinada aos voluntários de
Informação para a Gestão e Resposta a
BUDAPESTE, HUNGRIA
Proteção Civil já inscritos no Projeto
Crises», este ano dedicado à temática dos
26ª REUNIÃO DOS DIRETORES
de Voluntariado.
Sistemas de Alerta Precoce.
GERAIS DE PROTEÇÃO CIVIL DA
A ação decorre nas instalações do
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UNIÃO EUROPEIA, DO ESPAÇO
Serviço Municipal de Proteção
ECONÓMICO EUROPEU E DA
Civil, na Rua Cardeal Saraiva.
16 a 20 de MAIO
TURQUIA, E ANTIGA REPÚBLICA
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LONDRES, REINO UNIDO
JUGOSLAVA DA MACEDÓNIA
CURSO DE AVALIAÇÃO
Neste encontro, que contará com a
18 de MAIO
DE NECESSIDADES EM
participação da ANPC, estarão em
FACULDADE DE ARQUITETURA DA
EMERGÊNCIAS
discussão três assuntos principais:
UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA
Uma eficaz avaliação de
A Comunicação da Comissão sobre
II WORKSHOP EMERGENCY
necessidades é fundamental em
capacidade de resposta da União
Workshop organizado no âmbito
qualquer missão de proteção civil.
Europeia a situações de emergência,
do Mestrado Integrado em Estudos
Esta ação de formação visa dotar os
a avaliação dos instrumentos de
Arquitetónicos e visa destacar a
participantes dos conhecimentos
Proteção Civil e os procedimentos
importância da arquitetura como
básicos sobre a temática. Mais
operacionais para melhorar a
instrumento de boas políticas de
informações em w w w.redr.org.uk
receção da assistência internacional
prevenção na diminuição dos efeitos das
pelo país assistido.
catástrofes. A entrada é livre.
UNTARIADO ITERRÂNEO
e realiza na
ulbenkian,
rama das
uropeu do
BOLETIM MENSAL
011).
Projecto co-financiado por:
Edição e propriedade – Autoridade Nacional de Protecção Civil Diretor – Arnaldo Cruz Redação e paginação – Núcleo de Sensibilização, Comunicação e Protocolo Fotos: Arquivo ANPC Design – Barbara Alves Impressão – Europress Tiragem – 2000 exemplares ISSN – 1646–9542 Os artigos assinados traduzem a opinião dos seus autores. Os artigos publicados poderão ser transcritos com identificação da fonte. Autoridade Nacional de Protecção Civil Pessoa Coletiva nº 600 082 490 Av. do Forte em Carnaxide / 2794–112 Carnaxide Telefone: 214 247 100 Fax: 214 247 180 geral@prociv.pt www.prociv.pt P. 8
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