PROCIV # 56 (novembro de 2012) já disponível online

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P U B L I C AÇ ÃO M E N S A L DA A U TO R I DA D E N AC I O N A L D E P ROT E C Ç ÃO C I V I L / N .º 5 6 / N OV E M B RO 2 012 / I S S N 16 4 6 – 9 5 4 2

Atividades em todo o país assinalam

Dia Internacional para a Redução de Catástrofes

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Novembro de 2012

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Este Boletim é redigido ao abrigo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.


EDITORIAL

ATÉ SEMPRE! Terminando proximamente as funções de Presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil, endereço a todos os integrantes do SIOPS (Sistema Integrado de Operações de Protecção e Socorro), a todos os agentes de proteção civil, dirigentes e demais colaboradores da ANPC, uma saudação muito especial pelo sentido de missão, disponibilidade e empenho demonstrados nas mais variadas e críticas situações vivenciadas neste “espaço” da proteção civil, em que a pluralidade de agentes, valorizando a especificidade e diversidade de saberes e áreas de intervenção de cada um, se constituiu como fator determinante nestes anos de trabalho conjunto. Continuamos a pensar que o contributo, experiências e cultura de cada Instituição, Força ou Serviço são indispensáveis. Saudamos especialmente os que vêm desenvolvendo o seu trabalho, quase sempre em situações de grande exigência e disponibilidade permanente, afirmando as suas capacidades com competência, de forma ímpar e não raras vezes abnegada e anónima, sem descurar os demais papéis que lhes cabem. De facto, o conceito de proteção civil encerra o que de mais caro existe na vida em sociedade, através do exercício de cidadania ativa e com empenho institucional de entidades públicas e privadas, na proteção de vidas, bens e ambiente. É labor de todos para todos, onde o interesse coletivo, a identificação dos riscos, o aperfeiçoamento dos sistemas de alerta e aviso, a definição de prioridades de planeamento de emergência e de operações de proteção e socorro, se sobrepõem a sentimentos de grupos ou meros interesses setoriais. Foi para mim honroso dirigir a ANPC; o sentimento de “missão cumprida” não teria sido possível sem o inestimável contributo de todas as horas dos municípios e freguesias, de todos os agentes de proteção civil: Bombeiros, Forças Armadas, GNR, PSP, Polícia Judiciária, Autoridade Marítima, INEM, Meteorologia, Cruz Vermelha Portuguesa, Radioamadores, Corpo Nacional de Escutas, Sapadores Florestais, AFLOPS, AFOCELCA, Força Especial de Bombeiros e Escola Nacional de Bombeiros, e ainda da comunidade científica. A todos o meu mais profundo reconhecimento, com um Bem-Haja muito sentido pelo vosso esforço, e votos dos melhores sucessos futuros pelo bem-estar das nossas comunidades.

Arnaldo Cruz Presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil

> Saudamos especialmente os que vêm desenvolvendo o seu trabalho, quase sempre em situações de grande exigência e disponibilidade permanente, afirmando as suas capacidades com competência, de forma impar e não raras vezes abnegada e anónima <

Projecto co-financiado por:

P U B LI C AÇ ÃO M E N S A L Edição e propriedade – Autoridade Nacional de Protecção Civil Diretor – Arnaldo Cruz Redação e paginação – Núcleo de Sensibilização, Comunicação e Protocolo Fotos: Arquivo da Autoridade Nacional de Protecção Civil, exceto quando assinalado Impressão – Textype Tiragem – 2000 exemplares ISSN – 1646–9542 Os artigos assinados traduzem a opinião dos seus autores. Os artigos publicados poderão ser transcritos com identificação da fonte. Autoridade Nacional de Protecção Civil Pessoa Coletiva nº 600 082 490 Av. do Forte em Carnaxide / 2794–112 Carnaxide Telefone: 214 247 100 Fax: 214 247 180 nscp@prociv.pt www.prociv.pt

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BREVES

ANPC condecorada pela Proteção Civil de Espanha

Coimbra acolheu Congresso de Saúde Pública

O presidente da ANPC, Major-general Arnaldo Cruz, recebeu no dia 9 de outubro, em Madrid, das mãos do Presidente do Governo de Espanha, Mariano Rajoy, a Medalha de Mérito de Protecção Civil, grau prata, distintivo azul. A condecoração atribuida à ANPC visou homenagear a colaboração de Portugal com Espanha, traduzida recentemente no apoio de Bombeiros e demais Agentes de Protecção Civil integrantes do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais, às operações de combate a incêndios florestais que deflagraram este verão no país vizinho. A cooperação entre Portugal e Espanha no domínio da protecção civil está enquadrada através de Acordo de Cooperação assinado em 1992.

Decorreu, entre os dias 25 e 28 de outubro, no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, o III Congresso Nacional de Saúde Pública. O encontro, organizado pela Administração Regional de Saúde do Centro, DireçãoGeral da Saúde, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Escola Nacional de Saúde Pública, Instituto de Higiene e Medicina Tropical e Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, teve como público-alvo os profissionais de saúde pública e de setores afins. A ANPC esteve presente no encontro através de um elemento da sua estrutura operacional, que efetuou uma apresentação sobre a intervenção da proteção civil nas emergências de saúde pública.

Bombeiros de Famalicão e Famalicenses com áreas de intervenção definidas

ANPC organiza ações de formação para técnicos dos Serviços Municipais de Proteção Civil

Ficou definida, na ultima reunião do Conselho Nacional de Bombeiros (CNB) , a área de atuação dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Famalicão e dos Bombeiros Voluntários Famalicenses, uma questão que opunha os dois corpos de bombeiros. O Comando Distrital de Operações de Socorro de Braga (CDOS) irá agora elaborar e aprovar um plano prévio de intervenção para a freguesia ou a cidade de Vila Nova de Famalicão que vai definir os vários níveis de intervenção conforme o tipo de ocorrência.

A ANPC tem programado um conjunto de ações de formação destinado a técnicos das Câmaras Municipais que pretendam adquirir e consolidar um conhecimento abrangente na área da Segurança contra Incêndio em Edifícios (SCIE) e esclarecerem questões decorrentes da actual legislação. Os formadores são técnicos da ANPC com larga experiência técnica em segurança contra incêndios em edifícios, podendo contribuir para um melhor entendimento de várias matérias relacionadas com o novo regime jurídico. As ações de formação decorrem durante o mês de novembro. A entrada é livre e limitada à lotação das salas. Mais informações no site da ANPC.

ANPC presente na 29 a Reunião de Diretores Gerais de Proteção da União Europeia

Foi editada pela Editora Almedina, sob a coordenação da Professora Doutora Carla Amado Gomes, uma coletânea inédita de textos que abordam a problemática das catástrofes naturais e os diversos institutos e realidades jurídicas que para elas concorrem. Tratase de uma compilação sistematizada de doutrina, de vários e prestigiados autores, que contribui em muito para consolidar a realidade incontornável que é o novel Direito das Catástrofes Naturais nas sociedades modernas.

Decorreu em Nicósia, Chipre, entre os dias 29 e 30 de outubro, no âmbito da Presidência da União Europeia (UE) exercida até ao final do ano por este Estado-membro, a 29.ª reunião de Diretores-gerais de Proteção Civil da UE, do Espaço Económico Europeu e dos Países Candidatos. Estas reuniões, que se realizam semestralmente, têm como propósito promover o debate em torno de matérias que marcam a atualidade europeia nesta matéria, com especial ênfase nos itens que se inserem no quadro de prioridades definidas pela Presidência vigente. Os encontros possibilitam ainda o estreitamento das relações bilaterais e o conhecimento recíproco entre os responsáveis das autoridades de Proteção Civil dos Estados-membros.

Almedina publica livro inédito sobre Direito(s) das catástrofes naturais

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TEMA

Efeméride

ANPC assinala em todo o país o Dia Internacional para a Redução de Catástrofes Instituída formalmente pelas Nações Unidas, a data de 13 de outubro é motivo para realização de inúmeras ações de sensibilização e formação. Propósito: alertar cidadãos e decisores públicos para a necessidade de adoção de comportamentos e políticas que visem aumentar a capacidade de resiliência face à ocorrência de acidentes naturais.

"Pen-drive" que contém o livro digital Nós e os Riscos.

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inco anos depois, na Conferência Mundial sobre Prevenção de Catástrofes, que decorreu em Kobe, Japão, 168 países, incluindo Portugal, subscreveram a Declaração de Hyogo e respetivo Quadro de Ação, documentos que visam fazer da redução de riscos uma prioridade dos Estados, contribuindo para comunidades mais resilientes graças, entre outras áreas, à promoção do conhecimento e informação sobre riscos e respetivas medidas de prevenção, autoproteção e minimização de riscos e políticas colaborativas de educação e sensibilização. É neste contexto, e à semelhança de anos anteriores, que a ANPC assinalou, em todo o país, o Dia Internacional para a Redução de Catástrofes com um conjunto de iniciativas que decorreram ao longo do mês de outubro.

Divulgação da sessão realizada na Biblioteca Municipal de Beja.

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> Sessões de sensibilização Nós e os Riscos, na Rede Nacional de Bibliotecas Públicas Através da intervenção dos Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS) da ANPC, decorreu, em todo o país, nas bibliotecas da rede pública, um conjunto de sessões de sensibilização baseadas na apresentação do livro digital interativo Nós e os Riscos (recentemente publicado e disponível para download no "site" da ANPC). A iniciativa, que contou com a colaboração da Direcção Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB), foi complementada com mostras bibliográficas, fotográficas e de meios, assim como exercícios e simulacros, debates e atividades que mobilizaram mais de 60 bibliotecas e centenas de crianças, jovens e adultos, para além de bibliotecários, Bombeiros e outros agentes, e ainda técnicos da ANPC e dos serviços municipais. O livro, destinado aos alunos dos primeiros ciclos de escolaridade, pais e professores, é uma edição multimédia que aborda os principais riscos coletivos e medidas de prevenção e autoproteção. Concebido pelo CDOS da Guarda e cofinanciado ao abrigo do Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Espanha Portugal 2007-2013, inclui diversas funcionalidades úteis: animações gráficas, vídeo, diaporamas, jogos de observação e concentração e questionários interativos, constituindo uma excelente ferramenta de trabalho no âmbito da educação para o risco.

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> Seminário Proteção Civil: Cidadania e Governação, na Fundação EDP / Museu da Eletricidade Repetindo o modelo adotado no ano passado, teve lugar no Museu da Eletricidade da Fundação EDP, em Lisboa, no dia 8 de outubro, o seminário Proteção Civil: Cidadania e Governação. O encontro, que contou com a presença de 220 participantes, a maioria dos quais oriundos dos serviços municipais de proteção civil, e outros tantos que, não podendo estar presentes na sala, assistiram aos trabalhos remotamente através da emissão em direto, via internet, visou proporcionar o debate em torno da relação entre os serviços públicos responsáveis pela implementação das políticas de proteção civil e a forma como essas políticas se orientam no sentido de estimular o envolvimento dos indivíduos, organizações cívicas e comunidades, condição fundamental para a construção de uma sociedade mais resiliente face a situações de elevada complexidade. Na abertura dos trabalhos, o vereador da Proteção Civil da Câmara Municipal de Lisboa, Manuel Brito, centrou a sua intervenção abordando a necessidade de promover os níveis de resiliência da população, designadamente através do reforço da informação sobre riscos e vulnerabilidades, medidas de prevenção e autoproteção em caso de catástrofe, salientando a importância das intervenções juntos das camadas mais jovens, dando como exemplo o projeto "Titoni", de todos sobejamente conhecido, e que conta já com vinte anos de ações dirigidas à população infantil na área da Grande Lisboa. Moderando o primeiro painel, a jornalista do semanário Expresso, Luísa Meireles, relatou a situação que pôde observar no decorrer da sua visita ao Japão em março deste ano, quando se completaram 12 meses sobre o violento sismo e tsunami que, em 2011, devastaram a região leste do país. > Convergência entre a comunidade científica/técnica e os cidadãos A professora e investigadora da Universidade de Aveiro, Elizabete Figueiredo, defendeu a integração das perceções de risco dos cidadãos não só nos processos de prevenção, planeamento e socorro, elaborados pelos organismos públicos responsáveis pelo planeamento e gestão da emergência, mas também na avaliação de risco já que, na regulação

Secretário de Estado da Administração Interna, Filipe Lobo D'Ávila, na sessão de abertura. e governação dos sistemas de prevenção e socorro, estas duas abordagens – comunidade científica/técnica e cidadãos - surgem como opostas e antagónicas, importando incentivar a comunicação junto da população e mobilizála para a participação na gestão e governação do risco por forma a construir um saber científico que englobe a experiência local dos cidadãos. > Catástrofes e cidadania: Participação e confiança José Manuel Mendes, professor na Universidade de Coimbra, centrou a sua apresentação em torno do risco e do papel da cidadania e da "comunidade de destino", assinalando a importância da confiança das populações nas instituições que regulam e decidem as políticas relacionadas com os riscos, e identificando o hiato que existe entre estes decisores e aqueles que são objeto das decisões mas delas são excluídos. Reforçou a necessidade de participação dos cidadãos na tomada de decisão como um direito e dever de uma cidadania e citou, como exemplo, as falhas nos avisos à população: Chile, 2010, alerta de tsunami; Europa, 2003, elevada mortalidade de idosos devido a vaga de calor; contaminação química, mineração de urânio em Limoges, França e Urgeiriça, Portugal.

Esquerda: Intervenção de Luísa Meireles, jornalista do "Expresso".

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> Educar para os riscos: conhecer, avaliar, evitar, minimizar

Intervenção de Helena Roseta, Vereadora da Câmara Municipal de Lisboa.

Intervenção de Fernando Teigão dos Santos, investigador no IGOT / UL.

A Presidente do Conselho Nacional de Educação, Ana Bettencourt, procurou responder, na sua intervenção, à questão “A segurança aprende-se?” referindo o conhecido caso da jovem estudante inglesa, de férias no sudoeste asiático, aquando do terramoto e tsunami que assolou esta região em 2004. Defendeu a responsabilidade do Estado nas políticas e estratégias de educação, através dos curricula escolares, da formação de professores e da educação informal (como exemplo, ao nível das autarquias), no sentido de promover o conhecimento do risco, a sua avaliação e comparação, e, entre outros, desenvolver saberes como evitar riscos desnecessários, minimizar riscos e correr riscos. Estas competências, previstas na Recomendação Sobre Educação para o Risco, aprovada pelo CNE em 2011, constitui-se como referência importante não só em contexto pedagógico mas também formativo, através do recurso a projetos multidisciplinares que envolvam exercícios e simulações e criação de redes de parceiros. © Livramento > Ana Políticas de resiliência

© R. Santos

robustas e adaptáveis para um país

preparado A abrir o segundo painel deste encontro, moderado pela jornalista da RTP, Rosário Salgueiro, o investigador do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT), Fernando Teigão dos Santos, centrou a sua intervenção no conceito de resiliência enquanto "capacidade de um sistema absorver perturbações e reorganizar-se, quando sujeito a forças de mudança, sendo capaz de manter o essencial das suas funções, estrutura, identidade e mecanismos”. Reportando-se a Portugal, identificou, naquilo a que chamou o “Triângulo das Bermudas português” três grandes obstáculos ao desenvolvimento de uma população resiliente: a desordenação do território, a mobilidade quase exclusivamente rodoviária e o predomínio de recursos fósseis no âmbito da energia. Neste sentido, defendeu a necessidade de antecipação de cenários problemáticos através de estratégias de contingência, adaptação e transição, bem como a definição de políticas de resiliência a nível nacional, organizacional, territorial e individual, robustas mas adaptáveis. > Lisboa entre os incêndios e as derrocadas: o envelhecimento da cidade Helena Roseta, vereadora da Habitação e Desenvolvimento Social da Câmara Municipal de Lisboa, e extensa experiência cívica, política, pública e profissional, descreveu as linhas mestras da política autárquica desenvolvida em Lisboa no que respeita ao levantamento e cartografia não só dos riscos naturais e tecnológicos, mas dos riscos sociais, quer enquanto tais quer enquanto fatores de vulnerabilização, sobretudo de alguns sectores da população, como é o caso dos idosos. Neste âmbito, e alicerçado no Plano Municipal de Emergência, descreveu, P.6

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como exemplo, o Projeto SOS, promovido pela autarquia, que intervem junto da população idosa mais isolada. Assinalou ainda a alteração das zonas mais envelhecidas de Lisboa, tradicionalmente as zonas históricas (Baixa, Alfama, Mouraria, Bairro Alto), para as Avenidas Novas e Alvalade. A par da diminuição e envelhecimento da população do concelho, também o envelhecimento dos edifícios constitui fator de vulnerabilidade face ao risco, designadamente sísmico, motivo pelo qual a autarquia promoveu o levantamento desta situação, que ainda decorre, estando concluído no que se refere aos estabelecimentos hospitalares do município. Terminou, salientando a importância de ouvir as populações e sobretudo, as pessoas, nos processos de avaliação e decisão. > A Psicologia de emergência e catástrofe O Bastonário da Ordem dos Psicólogos, Telmo Baptista, começou por referir o grande desenvolvimento, nos últimos anos, do conhecimento sobre comportamento em situações de emergência. Assim, citou como exemplo situações de stress agudo, perturbações pós-traumáticas de stress, ansiedade, depressão e respetivas consequências não negligenciáveis nos profissionais de saúde e emergência, para além dos custos não só emocionais mas também económicos e sociais. Da literatura disponível, ressaltou três eixos de intervenção: diferenciada de acordo com o tipo de ameaças, avaliação e testagem das intervenções e desenvolvimento de protocolos de intervenção. Mencionou ainda como fatores determi-

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nantes no processo, a variação, a dificuldade de comunicação e o predomínio emotivo na perceção do risco, por parte dos cidadãos. Defendeu a utilização de um protocolo de atuação estratégica, baseado em modelos estabelecidos internacionalmente, realizado na hora, focalizado na situação concreta e de duração limitada. Neste âmbito apresentou as principais linhas orientadoras do Projeto RIPE, promovido pela Rede Iberoamericana de Psicologia de Emergência, da qual a Ordem dos Psicólogos Portugueses é membro. O Projeto RIPE, que se apoia em conhecimento psicológico sólido e adquirido, assenta num plano de formação e na cooperação com outros agentes de proteção civil e visa contribuir para o desenvolvimento do conhecimento científico na área da psicologia de emergência através da formação de voluntários e criação de equipas de intervenção imediata. > Resiliência: um imperativo civilizacional concretizável O Presidente da Mesa do Congresso da Liga dos Bombeiros Portugueses, Duarte Caldeira, detentor de longo percurso profissional nas áreas do socorro e emergência, iniciou a sua apresentação com um breve comparativo entre alguns textos constitucionais do sul da Europa e do mundo da lusofonia e concluiu ser imperativo constitucional em todos eles a proteção e a segurança de pessoas, quer em situações hostis, quer em ocorrências de catástrofes naturais ou acidentes tecnológicos. A par destas obrigações do Estado no que à defesa e socorro diz respeito, defendeu a melhoria da resiliência das populações (conceito descrito pelas Nações

Unidas em 2005), através do reforço da cidadania (pessoas, empresas, famílias, vizinhos) no desenvolvimento de medidas preventivas e na promoção da solidariedade e da cooperação. Nesse sentido defendeu o desenvolvimento do voluntariado social e, sobretudo, do seu enquadramento jurídico, que neste momento é insuficiente, quando não mesmo omisso na lei. Assinalando a ausência de estratégia política quanto ao voluntariado, lançou dois desafios: o alargamento da componente de voluntariado organizado no sistema de proteção civil e a inclusão do voluntariado nos curricula escolares.

Maria Paula Nunes, docente, técnica superior do Núcleo de Sensibilização, Comunicação e Protocolo da ANPC maria.nunes@prociv.pt

A Plataforma Nacional para a Redução de Catástrofes Criada e reconhecida formalmente pela Organização das Nações Unidas, em 2010, a Plataforma Nacional para a Redução de Catástrofes (PNRC), engloba na sua composição todos os setores do Estado, com exceção dos Ministérios da Educação e dos Negócios Estrangeiros. Esta plataforma deseja ser um espaço multissectorial capaz de promover a redução de riscos e evitar ou limitar impactos negativos decorrentes de catástrofes. Assim, foram aprovados pela PNRC um conjunto de projetos para o triénio 201 2- 2014, a saber: organização de um concurso com o objetivo de premiar o município que melhor a capacidade de reduzir riscos e/ou © Paulodemonstrou Santos vulnerabilidades no seu espaço geográfico; dinamização, a curto prazo, um outro concurso para a criação de logotipo para a PNRC; acreditação de ações de formação para professores junto do Ministério da Educação; criação

e dinamização de brigadas locais de primeira intervenção em centros urbanos antigos; criação de bolsas de voluntários em parceria com as Ordens Profissionais. Será ainda importante incluir na PNRC parceiros importantes para o aumento da resiliência da nossa sociedade, nomeadamente representantes do sector privado, dos cidadãos, de associações de voluntariado e dos media. Henrique Vicêncio Diretor da Unidade de Previsão de Riscos e Alerta da ANPC henrique.vicencio@prociv.pt

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AGENDA

7-8 novembro Br u xelas , Bélg ica SEM INÁR IO IN TER NACIONAL SOBR E CATÁST ROF E S NAT U R AIS Organ izad a pelo UK MET Off ice (ser v iço de meteorolog ia br itân ico) e o Cent ro de Invest igação Conju nto (JRC) d a Un ião Eu ropeia, o encont ro v isa cont r ibu i r pa ra a resposta às d i f ic u ld ades de tom ad a de decisões cientí f icas em gestão de emergência. O encont ro pretende ai nd a ident i f ica r u m conju nto de á reas em que se possam def i n i r pa rcer ias colaborat ivas, em ter mos de con heci mento e ex per iências que mel horem os ser v iços n acion ais e eu ropeu s.

22 de novembro Avei ro, ed i fício d a ant iga Capitan ia M ISR AR- CON F ER ÊNCI A DE ENCER R A M EN TO Organ izad a pela Câm a ra Mu n icipa l de Avei ro no âmbito do projeto eu ropeu MisRar - Mitigação de Riscos Espaciais Relevantes na s Regiões e Cida des Europeia s, o encont ro pretende, ent re out ros, d iv u lga r o “Manu a l de M it igação de R iscos”. A i n iciat iva dest i n a-se a i nvest igadores, especia l istas e i nteressados pela á rea dos r iscos. In scr ições são g rat u itas med iante reg isto pré v io.

15-16 novembro Nicosia – Ch ipre WOR K SHOP SOBR E BOAS PR ÁTICAS NO ACOLHI M EN TO A VOLU N TÁR IOS EM CENÁR IOS DE PROTEÇÃO CI V IL E AJ U DA HUM A NITÁR I A Organ izado no âmbito d a P residência Cipr iota d a UE, o workshop v isa cont r ibu i r pa ra a t roca de boas prát icas de prepa ração e i n serção de volu ntá r ios aptos a i nter v i r em operações de proteção civ i l.

29 novembro a 2 de dezembro Tor i no, Itá l ia PROTEC - EX POSIÇÃO DE TECNOLOGI AS E SERV IÇOS PAR A A PROTECÇÃO CI V IL O e vento, de rea l ização bien a l, abord a tem as como pre venção, pre v isão, ava l iação e m it igação de r iscos ambientais e i ndu st r iais. A pa r te de for m ação é reser vado pa ra as con ferências e os operadores de negócios; a á rea de ex posição está aber ta ao públ ico.

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3-5 dezembro Estor i l, Cent ro de Cong ressos N F PA-APSEI FIR E & SECU R IT Y 2 01 2 P romov id a pela A ssociação Por t ug uesa de Seg u rança ( A PSEI) e subord i n ado ao tem a Tendência s e Tecnologia s na P roteção e Segurança de Pessoa s e Ben s, a tercei ra ed ição deste e vento pretende promover o debate técn ico, o i ntercâmbio de ex per iências e con heci mentos, a for m ação e d a r a con hecer as opor t u n id ades de negócio neste dom í n io. O prog ram a de con ferências e for m ação será u m a vez m ais o pr i ncipa l destaque desta i n iciat iva e c ujo objet ivo tem sido, ed ição após ed ição, d a r a opor t u n id ade aos prof ission ais de conv iver com especia l istas n acion ais e i nter n acion ais n as d i ferentes á reas d a seg u rança, podendo pa r t icipa r em con ferências e c u rsos técn icos i néd itos em Por t uga l e n a Eu ropa.

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