PROCIV # 65 || Atividade Seguradora em Acidentes Graves e Catástrofes

Page 1

B O L E T I M M E N S A L DA A U TO R I DA D E N AC I O N A L D E P ROT E C Ç ÃO C I V I L / N .º 6 5 / AG O S TO 2 013 / I S S N 16 4 6 – 9 5 4 2

65

Agosto de 2013

Distribuição gratuita Para receber o boletim P RO C I V em formato digital inscreva-se em: www.prociv.pt

Leia-nos através do

http://issuu.com/anpc

Atividade seguradora em acidentes graves e catástrofes


EDITORIAL

Lidar com a emergência implica resiliência organizacional Nesta edição de agosto, lançámos o desafio à Associação Portuguesa de Seguradores, na pessoa do seu presidente, propondo a temática da relação entre a atividade económica das empresas seguradoras, com a da proteção e segurança perante riscos coletivos diversos, riscos cujo impacto resulta muitas vezes em elevados níveis de danos e perdas, quer do ponto de vista pessoal e familiar, quer na perspetiva do normal funcionamento das organizações e das empresas, cumprindo ao setor segurador assumir também os seus deveres e compromissos nestes momentos críticos. Em plena fase Charlie do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais, previsivelmente a mais complexa face ao risco potencialmente acrescido, associado a uma gestão igualmente mais exigente de meios e recursos envolvidos na resposta às ocorrências diárias, sem querer de momento fazer balanços exaustivos e sistemáticos, não poderei deixar de fazer uma referência particular ao Incêndio de Picões, no concelho de Alfândega da Fé, do passado dia 9 de julho. A violência deste incêndio, com uma área ardida estimada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) na ordem dos 13.176 ha, não só colocou à prova uma organização operacional de resposta a situações mais complexas, propósito aliás de um sistema nacional de proteção civil, como torna evidente a necessidade de um trabalho cada vez mais atento na investigação rigorosa das causas e origens deste tipo de ocorrências. Sendo o foco da proteção civil a proteção de pessoas e dos seus bens, a par da salvaguarda do património e do ambiente, não nos podemos conformar enquanto cidadãos de um país civilizado com situações como estas, exigindo-se uma abordagem profunda no estudo das causas que estarão na origem destes incêndios mais problemáticos e que, neste caso, se traduziu em 3 dias de intenso e complexo trabalho no terreno em torno do combate às chamas, envolvendo mais de 800 bombeiros, implicando avultados meios e recursos despendidos na operação de combate. São também situações como estas que nos devem motivar a trabalhar melhor, integrando de forma permanente as avaliações que vamos fazendo a cada momento, sistema próprio das organizações que se pretendem com elevados padrões de resiliência nos seus modelos de trabalho, e em que, face a uma situação de maior dificuldade, se reajustam e assumem modelos flexíveis de funcionamento, uma vez que as situações de acidente grave e catástrofe encerram em si aspetos sempre novos, imprevisíveis, exigindo análises criteriosas de causas e efeitos. A Autoridade Nacional de Protecção Civil assume-se no quadro dessas organizações, reconhecendo que só com planeamento, organização e permanente adaptação à mudança, pudemos estar mais prontos para agir, cumprindo, também desta forma, a nossa desafiante missão, absolutamente centrada na proteção das nossas comunidades.

Manuel Mateus Couto Presidente da ANPC

"São

também situações como estas que nos devem motivar a trabalhar melhor, integrando de forma permanente as avaliações que vamos fazendo a cada momento".

Manuel Mateus Couto

Projecto co-financiado por:

P U B LI C AÇ ÃO M E N S A L Edição e propriedade – Autoridade Nacional de Protecção Civil Diretor – Manuel Mateus Couto Redação e paginação – Núcleo de Sensibilização, Comunicação e Protocolo Fotos: Arquivo da Autoridade Nacional de Protecção Civil, exceto quando assinalado. Impressão – SIG – Sociedade Industrial Gráfica Tiragem – 2000 exemplares ISSN – 1646–9542 Os artigos assinados traduzem a opinião dos seus autores. Os artigos publicados poderão ser transcritos com identificação da fonte. Autoridade Nacional de Protecção Civil Pessoa Coletiva n.º 600 082 490 Av. do Forte em Carnaxide / 2794–112 Carnaxide Telefone: 214 247 100 Fax: 214 247 180 nscp@prociv.pt www.prociv.pt

P. 2

.

PROCIV

Número 65, agosto de 2013


BREVES

Seminário: “Incêndio do Chiado de 1988"

Tecnologia no combate aos incêndios – Falar Global - CMTV

Workshop – Proteção Civil e Ordenamento do Território

Por ocasião dos 25 anos sobre o Incêndio do Chiado, o Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) de Lisboa realizou, no dia 12 de julho, um seminário subordinado ao tema – “Incêndio do Chiado de 1988: A visão Técnico-Operacional durante a ocorrência e a visão Técnico-Cultural”. No encontro foram abordados temas diversos como a proteção civil e a resposta de emergência, a ação da comunicação social em prol do incêndio, a reabilitação dos edifícios e as transformações demográficas e sócio territoriais do Chiado. O presidente da Câmara Municipal de

Falar Global, programa da CMTV, emitido no passado dia 27 de julho, destacou o uso e emprego das modernas tecnologias no apoio e suporte à tomada de decisão em matéria de incêndios, incluindo uma entrevista de fundo com o presidente da Autoridade Nacional de Proteção Civil conduzida pelo jornalista Reginaldo Rodrigues de Almeida, dando relevo à utilidade destas ferramentas na deteção precoce de situações potencialmente gravosas, causadoras de situações de acidentes graves e catástrofes.

Realizou-se nos dias 8 e 9 de julho, na sede da ANPC, o workshop subordinado ao tema “Proteção Civil e Ordenamento do Território”. A iniciativa visou promover a troca de experiências e o aprofundamento de conhecimentos entre os técnicos dos CDOS que lidam com diversos Instrumentos de Gestão Territorial para os quais concorrem regimes jurídicos específicos, nomeadamente a Lei da Água, a Reserva Ecológica Nacional ou a futura Lei de Bases dos Solos, Ordenamento do Território e Urbanismo. Além destes aspectos concretos,

Lisboa, António Costa, foi responsável pela abertura do seminário, que contou também com as intervenções do Diretor Nacional de Bombeiros da Autoridade Nacional de Proteção Civil, José Pedro Lopes, do Comandante do RSB de Lisboa, Joaquim Leitão, entre outros. A iniciativa insere-se nas comemorações dos 618 anos do Regimento de Sapadores de Bombeiros.

abordaram-se, ainda, questões relacionadas com o risco de incêndio florestal e de rotura de barragens. As sessões contaram com oradores da Agência Portuguesa do Ambiente, da Direção Geral do Território, do Secretariado Técnico da Comissão Nacional da Reserva Ecológica Nacional e do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. Aspecto conclusivo depois destes dois dias de debate intenso e partilha de experiências e conhecimentos foi o reconhecimento da crescente valorização e centralidade da prevenção dos riscos colectivos como factor mitigador das vulnerabilidades geradas pela ocupação socioeconómica do território, facto que, aliás, vai sobressaindo das múltiplas recomendações emitidas pela ANPC e que vão sendo acolhidas pelas Comissões de Acompanhamento de Planos Municipais de Ordenamento do Território.

.......................................................................................... PROCIV

.

P.3

Número 65, agosto de 2013


TEMA

Catástrofes em 2012 – O ano horribilis A evolução d0 setor segurador em torno das situações de acidente grave e catástrofe e que reflete de que forma esta atividade económica se tem vindo a adaptar a fenómenos mais extremos, causadores de elevados níveis de danos e prejuízos, é abordada pelo presidente da Associação Portuguesa de Seguradores – (APS).

"a taxa de sinistralidade mantém a tendência de a g r a va m e n to, esse ncialme nte por efeito dos eventos meteorológicos extremos ocorridos no ínicio do ano".

P. 4

.

Portugal viveu o ano de 2012 mergulhado numa crise macroeconómica profunda com significativas repercussões sociais. Se era já, por si, um contexto difícil para a atividade empresarial em geral, mais difícil ficou para o setor segurador, com a imposição de algumas medidas, especialmente de índole fiscal. Apesar destas dificuldades, do ponto de vista puramente económico 2012 não foi um ano negativo para a atividade seguradora. Pelo contrário, foi um exercício com bons resultados líquidos estimados em 539 milhões de euros. Tal resultado foi conseguido apesar de uma retração das suas vendas para cerca de 11 mil milhões de euros. Mais sensível à volatilidade dos mercados, o ramo Vida foi o principal motor desta performance, ainda que o conjunto dos ramos Não Vida tenha contribuído também para a melhoria do resultado global. No mesmo sentido, foi também um exercício de forte expansão dos capitais próprios, que superaram pela primeira vez os 5 mil milhões de euros tendo como consequência o substancial reforço dos níveis de solvência, com o seu rácio global a ascender a 233%. Todavia, o contexto macroeconómico e o contexto regulatório permaneceram, em 2012, pouco favoráveis ao desenvolvimento da atividade seguradora, seja na área da gestão de poupanças, seja na da proteção de riscos. No segmento Não Vida em particular, o perfil evolutivo da produção transitou, quase sem alterações para 2013, enquanto a taxa de sinistralidade mantém a tendência de agravamento, essencialmente por efeito dos eventos meteorológicos extremos ocorridos no início do ano, com especial impacto nos seguros de Multirriscos. Um outro aspeto a destacar é o papel do setor segurador enquanto investidor institucional. Em final de 2012, o volume total da carteira de investimentos do setor segurador

ascendia a mais de 52,7 mil milhões de euros (cerca de 30,8% do PIB) o que coloca, mais uma vez, o setor segurador no topo dos investidores institucionais em Portugal. Uma nota final para assinalar, com satisfação, a melhoria do relacionamento do setor com os seus clientes, como aliás expressa a clara redução do número de reclamações junto das empresas de seguros, alcançada numa conjuntura particularmente adversa para área financeira. Na verdade a preocupação com o cliente tem tido reflexos importantes ao nível da imagem do setor e no modo como os clientes percecionam o negócio. Em 2013, a APS promoveu de novo e acompanhou como entidade parceira a elaboração do Estudo European Customer Satisfaction Index – ECSI Portugal 2012. Esta edição do estudo coloca de novo os seguros num lugar de destaque no ranking de satisfação dos 14 setores nacionais avaliados. Sendo a imagem uma das maiores preocupações do setor de há uns anos para cá, estes são progressos que não podem deixar de ser valorizados adequadamente e que devem continuar a nortear a atuação dos seguradores em Portugal. Estatísticas das catástrofes naturais em 2012 dominadas por eventos climáticos extremos nos EUA No ano de 2012, catástrofes naturais e provocadas pelo ser humano tiveram como consequência em todo o mundo a perda de 14 000 vidas e custos económicos de 186 mil milhões de USD, dos quais 77 mil milhões se referem a perdas garantidas por contratos de seguros. Estes indicadores tornaram 2012 o terceiro ano mais caro de que há registo. Nove dos dez eventos com consequências económicas mais graves ocorreram nos EUA (cerca de 67% das perdas totais e 90% das perdas seguras foram atribuídas aos EUA).

......................................................................................... PROCIV

Número 65, agosto de 2013


TEMA

– Furacão Sandy (EUA): atingiu a costa perto de Atlantic City, ao sul de Nova York. 50 mil milhões USD em perdas totais; – Seca (EUA): assolou o Cinturão do Milho, no Centro-Oeste e estados vizinhos. As perdas totalizaram 20 mil milhões de USD, dos quais cerca de 15, 17 mil milhões estavam cobertos pelo programa público-privado de seguro agrícola; – Tornados (EUA): Tennessee foi particularmente atingido: 5 mil milhões de USD, 50% dos quais estavam seguros; – Tufão Bopha: atingiu as Filipinas, causou mais de 1.000 mortes, e muitas pessoas ainda estão desaparecidas. Esta tempestade foi a mais devastadora catástrofe natural do ano em termos de vidas perdidas, enquanto que as perdas materiais seguras foram menores devido à baixa densidade de seguros existente; – Terremotos Itália: atingiram a região da Emilia Romagna. Perdas de 1,6 mil milhões seguras, o maior valor já registado no país. A perda económica total para estes sismos foi de 16 mil milhões de USD. Eventos extremos em Portugal Embora com diferentes tipologias e maior ou menor probabilidade, os eventos naturais extremos são riscos presentes a todo o tempo e em todas as geografias e com impactos potencialmente devastadores para as famílias, para as empresas e para o próprio Estado. De uma forma geral são, por isso, riscos para os quais o setor segurador por um lado desenvolveu amplas soluções de cobertura e, por outro, adquiriu já uma experiência significativa, seja na sua avaliação, seja na resposta aos correspondentes sinistros. Cobertura de tempestades nas principais apólices de Seguros Ramo / Modalidade

Cobertura Risco Garantido, desde que criado pelas condições

Acidentes de Trabalho

de trabalho ou decorrente da execução de serviço expressamente ordenado pelo empregador em condições de perigo evidente.

Acidentes Pessoais

Risco garantido mediante convenção expressa nas Condições Particulares. Risco garantido na cobertura base ou em coberturas

Multiriscos

completamentarmente facultativas. Risco garantido em coberturas complementares

Colheitas

facultativas, mas abrangendo apenas a produção, conforme regime do SIPAC.

Automóvel Responsabilidade Civil

Risco garantido em veículos em circulação, incluindo passageiros transportados (mas excluindo danos no condutor e no próprio veículo).

Danos Próprios Automóvel Condutor Embarcações

Risco garantido em cobertura facultativa de "fenómenos da natureza". Risco garantido em cobertura facultativa de "fenómenos da natureza". Risco garantido em cobertura facultativa de danos

©M.Marques

Automóvel

próprios (em navegação, a flutuar ou amarrada, ou em terra). Resp. Civil Geral

Risco garantido mediante convenção expressa.

©Tiago Mira nda

Fenómenos mais graves:

Alguns fenómenos meteorológicos extremos atingiram o nosso país com consequências muito graves. Em 1988, um violento incêndio destruiu vários edifícios históricos do Chiado, naquela que foi uma das piores catástrofes que assolaram a capital portuguesa e obrigou a repensar legislação, regulamentos, políticas de segurança, agilização de meios e técnicas de combate ao fogo, mudança de comportamentos e, consequentemente, alterações no que se refere às politicas de análise e subscrição de risco por parte do setor segurador. Recorde-se ainda a este propósito que muitos dos danos, designadamente no que se refere ao património, não estavam cobertos por contratos de seguro. Aquando do acidente em cadeia ocorrido na Autoestrada do Norte em 2000, em parte consequente do forte nevoeiro que assolava a zona e que envolveu 223 veículos, as seguradoras acordaram no estabelecimento de uma solução de exceção que permitisse proceder a um rápido ressarcimento das vítimas do acidente. Com base no acordo então efetuado, veio a ser celebrado um Protocolo, a que voluntariamente se vincularam praticamente todas as seguradoras que atuam no ramo Automóvel, que institui procedimentos simplificados na regularização de acidentes que envolvam 25 ou mais veículos e em que, com razoável grau de certeza, não seja possível determinar o responsável pelo acidente. O mecanismo instituído, excecional e simplificado, permite acelerar significativamente o ressarcimento das vítimas neste tipo de sinistros. Importa referir que o volume de indemnizações suportado pelas seguradoras no referido acidente rondou os 3 milhões de euros e que, para além deste acidente, foram regularizados ao abrigo deste Protocolo os choques em cadeia ocorridos em dezembro de 2003 (A1), janeiro de 2004 (A23), outubro e novembro de 2005 (A1) e agosto de 2010 (A25), rondando as indemnizações pagas nestes acidentes os 2, 5 milhões de euros. Recentemente ocorreram fenómenos meteorológicos que afetaram partes do território nacional, provocando sinistros de elevada dimensão e complexidade de gestão para as seguradoras e ajudam a ilustrar, tanto a dimensão dos impactos, como a capacidade de resposta do setor segurador. Merece referência obrigatória o sinistro que em 2010 ocorreu na ilha da Madeira, que foi assolada por uma tempestade de tal forma violenta que deixou desde logo explícito o enorme prejuízo material e humano que iria causar.

"Aquando do acidente em cadeia ocorrido na Autoestrada do Norte em 2000, em parte consequente do forte nevoeiro que assolava a zona e que envolveu 223 veículos, as seguradoras acordaram no estabelecimento de uma solução de exceção que permitisse proceder a um rápido ressarcimento das vítimas do acidente.."

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

PROCIV

.

P.5

Número 65, agosto de 2013


Registaram-se prejuízos materiais seguros de quase 150 milhões de euros, o maior volume de indemnizações jamais pago pelo setor segurador português num único evento. O maior impacto incidiu sobre as apólices de multirriscos do comércio e indústria, onde se incluem alguns seguros de obras infraestruturais que decorriam na Madeira. Neste evento foi afetado o maior o leque de ramos de seguro abrangidos, nomeadamente seguros pessoais e de responsabilidade civil, que indemnizaram 11 sinistros pela perda de vidas humanas. O segundo, um evento localizado, foi o tornado que ocorreu já em novembro de 2012 no Algarve. Segundo os dados disponíveis, terá gerado perto de 900 sinistros cobertos por seguros, ascendendo o seu custo global para as seguradoras a mais de 3 milhões de euros. Tornado no Algarve

Nº de sinistros

Custos com

Custo médio

18 Novembro 2012

participados

sinistros

por sinistro

Incêndio e Outros Danos:

742

2.678.847 €

3.610 €

- Habitação

664

2.149.237 €

3.237 €

73

524.495 €

7.185 €

- Comércio e Indústria

©- Ana Livramento Outros

5

5.115 €

1.023 €

Automóvel:

177

651.209 €

3.679 €

- Danos Próprios (F. Natureza)

175

647.627 €

3.701 €

2

3.582 €

1.791 €

918

3.330.056 €

3.628 €

- Outros (RC e Ocupante) Total

O terceiro, bem mais disperso e gravoso, foi o temporal que alastrou pelo território continental durante os dias 18 e 19 de janeiro de 2013, neste caso envolvendo perto de 48 mil sinistros e mais de 100 milhões de euros de custos com sinistros para as seguradoras.

© R. Santos

©apeadeirodasvirtudes.blogspot

TE TEM AM A

também significativamente o ramo Automóvel, sobretudo nas apólices com coberturas de danos próprios decorrentes de fenómenos da natureza. Sendo pesada a fatura suportada nestes momentos, eles são também a razão da existência das seguradoras e a maior evidência da importância dos seguros para a sociedade. Foi, por isso, com muita satisfação que se assistiu, uma vez mais, à célere e eficaz intervenção das seguradoras nestes sinistros, assumindo plenamente as suas responsabilidades e dedicando até recursos excecionais à peritagem e regularização dos processos. O setor, na procura incessante de melhorar as condições de gestão deste ramo, tem vindo a desenvolver ações bem como aprofundar informação e conhecimentos designadamente sobre o tratamento destes fenómenos cujas repercussões para a sociedade são sempre muito gravosas. Fenómenos Sísmicos

Temporal do continente

Nº de sinistros

Custos com

Custo médio

18 e 19 Janeiro 2013

participados

sinistros

por sinistro

Acidentes

(de Trabalho e

35

101.835€

2.910 €

46.014

97.467.107 €

2.118 €

38.201

42.045.714 €

1.101 €

7.455

53.748.628 €

7.210 €

352

1.583.265 €

4.498 €

6

89.500 €

14.917 €

Pessoais, exceto Auto) Incêndio e Outros Danos: - Habitação - Comércio e Indústria - Engenharia - Agrícola e Pecuário Automóvel: - Danos Próprios (F. Natureza) - Outros (RC e Ocupantes) Embarcações marítimas

1.303

1.700.564 €

1.305 €

848818840

111.614.117€

1.922€

463

86.447€

187€

100

582.103€

5.821€

175

254.652€

1.455€

1

140.000€

140.000€

47.628 100.246.261 €

2.105 €

lacustres e fluviais Responsabilidade Civil Geral Mercadorias Transportadas Total Não Vida

Nestes dois últimos eventos, a sinistralidade incidiu maioritariamente sobre o ramo Incêndio e Outros Danos, em particular sobre os seguros de multirriscos de habitação e de comércio e indústria. Mas não deixou de afetar

P.6

.

Confrontado com a escassez de informações sobre o fenómeno sísmico e a dificuldade da caraterização da vulnerabilidade dos diferentes tipos de construção no nosso país, o setor segurador apoiou e desenvolveu um estudo amplo, recorrendo ao apoio de reputados cientistas nacionais e internacionais e prestigiadas instituições, que permitiu chegar a uma definição de zonas sísmicas para o território do continente que passaram a ser conhecidas como «zonas APS», em contraponto com as conhecidas zonas CRESTA. Foram então estabelecidas funções de vulnerabilidade, relacionando percentagens de danos com intensidades sísmicas atuantes, inerentes a cada uma tipologias de edifícios. No contexto deste trabalho foi igualmente desenvolvido um software que viria a possibilitar a cada seguradora não só simular situações de catástrofe e prejuízos consequentes para a sua carteira como, por outro lado, em caso de uma ocorrência real, obter estimativas dos danos presumivelmente ocorridos. Complementarmente foi elaborado um estudo sobre a avaliação da influência de diversos valores de franquia, quer nas taxas de prémio, quer no valor máximo das perdas, permitindo, deste modo, uma maior flexibilização

......................................................................................... PROCIV

Número 65, agosto de 2013


TEMA

©coisasdafonte.blogspot

TEMA

na subscrição dos seguros. ©José Fernandes Este trabalho abriu as portas às seguradoras para melhor calcularem os riscos associados às suas carteiras permitindo maior rigor no tratamento dos mesmos. Cartas de Inundações e de Risco em Cenários de Alterações Climáticas (CIRAC)

©Homem Gouveia

Um destes exemplos é o projeto CIRAC, que se aproxima da sua conclusão, que resulta de uma parceria entre a APS e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) para a elaboração de Cartas de Inundações e de Risco em Cenários de Alterações Climáticas. Este grande projeto produzirá, para Portugal Continental, cartas de zonas inundáveis e de risco de inundações a curto, médio e longo prazo, assumindo duas diferentes escalas: (i) uma escala nacional, com a criação de um índice de vulnerabilidade e risco; e (ii) uma escala local para as regiões consideradas mais vulneráveis, com um mapeamento do risco suportado em curvas de dano. Alguns resultados preliminares e ferramentas a utilizar no mapeamento do risco foram entretanto divulgados no

início de 2013, tendo esta circunstância constituído mais uma oportunidade para fomentar a partilha alargada de informação e contribuído para a divulgação pública e aberta dos resultados obtidos no estudo, na expetativa de que mereçam o maior acolhimento possível da sociedade civil, da comunidade científica, do setor segurador e das entidades públicas com intervenção nesta área. O projeto passa agora por uma fase de sistematização de resultados e conclusões, tendo em vista a sua apresentação e disponibilização definitiva no segundo semestre deste ano de 2013. Até lá, uma preocupação especial do setor segurador passará por promover a partilha exaustiva e rigorosa destes resultados com os resseguradores internacionais e seus intermediários, que é essencial que reconheçam a solidez científica do estudo e a sua importância para uma adequada gestão deste risco em Portugal. Em jeito de balanço será justo reconhecer a capacidade do setor segurador para assumir os seus deveres e compromissos e, em momentos críticos, minorar prejuízos e repor o património das pessoas e empresas. Feitas as contas, no seu conjunto, setor segurador acabou por devolver à sociedade cerca de 11,9 mil milhões de euros em 2012, ou seja, um valor superior à verba global que recebeu dos tomadores de seguros como prémios e respetiva carga fiscal e parafiscal. A atividade seguradora destaca-se, pois, pela sua forte intervenção em áreas de evidente interesse social, como são a proteção de pessoas e bens e a gestão das poupanças dos aforradores. Acresce que é ainda um setor de considerável relevo na promoção do desenvolvimento económico, por via do papel que desempenha no financiamento do Estado e do sector empresarial privado.

Texto disponibilizado por: Pedro Seixas Vale Presidente do Conselho de Direção da APS

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PROCIV

.

P.7

Número 65, agosto de 2013


AGENDA

1 2 de agosto, Castelo Branco Inauguração da Base de Apoio Logístico e Centro de M eios Aéreos de Castelo de Branco A Câm a ra Mu n icipa l de Castelo Branco promove a cer i món ia de i n aug u ração d a Base de Apoio Logíst ico (BA L) e do Cent ro de Meios Aéreos (CM A), est r ut u ras loca l izad as em ter reno d aquela auta rqu ia e operacion a l izad as pela Autor id ade Nacion a l de P roteção Civ i l. Tanto a BA L, como o CM A, apresentam cond ições de exceção no apoio às operações de proteção e socor ro, com faci l id ades ú n icas no país. Naquele equ ipamento encont ra-se neste momento a f u ncion a r u m for te d isposit ivo d a Força Especia l de Bombei ros (FEB), com 3 va lências de rele vo: u m Gr upo de Reforço de Ataque A mpl iado composto por 36 elementos e 11 v iat u ras à ordem do Com ando Nacion a l d a A N PC; du as equ ipas de Ataque In icia l (com 5 elementos cad a) apoiad as por 2 hel icópteros l igei ros à ordem do Com ando Dist r ita l, e du as equ ipas de an á l ise e u so do fogo(com 3 elementos cad a, 2 d a FEB e 1 do In st it uto d a Con ser vação d a Nat u reza e Florestas – ICNF), supor tad as por 2 v iat u ras.

19 e 20 de setembro, Br u xelas R euni ão do Grupo de Proteção Civil da NATO Reú ne o Gr upo de P roteção Civ i l d a NATO, no qu ad ro d a su a m issão de coadjuva r os decisores d a NATO e dos países A l iados e Pa rcei ros no processo de desenvolv i mento e m anutenção de proced i mentos pa ra u m efet ivo u so dos meios civ is e m i l ita res em operações de proteção civ i l. Trata-se d a seg u nd a reu n ião ord i n á r ia de 2013, a qu a l decor rerá em dois for m atos d ist i ntos: rest r ita aos A l iados e em conju nto com os pa rcei ros do Eu roAt lant ic Pa r t nersh ip Cou nci l. A representação n acion a l neste Gr upo é asseg u ra pela A N PC, no âmbito d as su as competências genér icas em m atér ia de planeamento civ i l de emergência.

30 de setembro a 2 de out ubro, Vi l n iu s, Lit u ân ia 31 .ª R EU NI ÃO DE DIR ETOR E S GE R AIS DE PROTEÇÃO CI V IL Decor re a 31.ª reu n ião de Di retores Gerais de P roteção Civ i l d a Un ião Eu ropeia. O encont ro ser v i rá pa ra promover o debate em tor no d as m atér ias que m a rcam a at u a l id ade eu ropeia em m atér ia de P roteção Civ i l, com especia l ên fase nos iten s que se i n serem no qu ad ro de pr ior id ades def i n id as pela P residência Lit u an a do Con sel ho d a U.E. Ad icion a l mente, o encont ro possibi l ita rá o est reitamento d as relações bi laterais e o con heci mento recíproco ent re os respon sáveis d as autor id ades competentes de P roteção Civ i l dos Estados Membros.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.