PROCIV # 74 (maio de 2014)

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B O L E T I M M E N S A L DA A U TO R I DA D E N AC I O N A L D E P ROT E C Ç ÃO C I V I L / N .º 74 / M A I O 2 014 / I S S N 16 4 6 – 9 5 4 2

DECIF 2014

Inovações no combate aos incêndios florestais

74 Maio de 2014

Distribuição gratuita. Para receber o boletim P RO C I V em formato digital inscreva-se em: www.prociv.pt


EDITORIAL

No passado mês de abril, deixou a presidência da Autoridade Nacional de Protecção Civil, o Tenente-General Manuel Mateus Couto, depois de cerca de ano e meio a exercer funções à frente desta nossa organização, rumo a novos e prestigiantes desafios enquanto ComandanteGeral da Guarda Nacional Republicana. É lugar comum dizer-se que as organizações são resultado do trabalho de pessoas e que todas cumprem papéis e funções relevantes. Mas também é da maior justiça reconhecer a capacidade dos seus líderes e de quem assume o rumo e o destino, neste caso, de um serviço público complexo, abrangente e integrador como é a ANPC. Por isso mesmo, cumpre-nos demonstrar o nosso apreço e enorme gratidão pela forma como o Tenente-General Manuel Mateus Couto abraçou esse desafio, compreendendo inteiramente toda a complexidade e a interligação dos diferente dominios de intervenção da Proteção Civil, a necessidade de ligação permanente de forças e entidades e a gestão de recursos, numa ótica cada vez mais global e de cooperação. As suas qualidades de homem dialogante e conciliador, estudioso dos assuntos e absolutamente pragmático nas decisões, são atributos que acrescentam valor ao seu desempenho e que muito dignificaram e prestigiaram a ANPC, num trabalho que se pretende permanente e aprofundado de preparação do país para situações de emergência e gravidade. Ao Tenente-General Manuel Mateus Couto, o nosso obrigado.

José Teixeira Diretor Nacional de Recursos de Proteção Civil

P U B LI C AÇ ÃO M E N S A L Edição e propriedade – Autoridade Nacional de Protecção Civil Redação e paginação – Núcleo de Sensibilização, Comunicação e Protocolo Fotos: Arquivo da Autoridade Nacional de Protecção Civil, exceto quando assinalado. Impressão – SILTIPO – Artes Gráficas Tiragem – 2000 exemplares ISSN – 1646–9542 Os artigos assinados traduzem a opinião dos seus autores. Os artigos publicados poderão ser transcritos com identificação da fonte. Autoridade Nacional de Protecção Civil Pessoa Coletiva n.º 600 082 490 Av. do Forte em Carnaxide / 2794–112 Carnaxide Telefone: 214 247 100 Fax: 214 247 180 nscp@prociv.pt www.prociv.pt

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BREVES

Bombeiros recebem rádios SIRESP Os bombeiros dos distritos de Aveiro, Coimbra, Guarda e Viseu receberam novos equipamentos SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal), durante uma cerimónia realizada nas instalações dos Bombeiros Voluntários de Viseu, no dia 27 de abril, e que contou com a presença do Ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, e do secretário de Estado da Administração Interna, João Almeida. No total, foram entregues 636 rádios SIRESP a 106 corpos de bombeiros voluntários e municipais. Está previsto entregar, nos próximos tempos, mais 1.964 equipamentos portáteis para operação na rede SIRESP aos restantes corpos de bombeiros, a nível nacional. Com a entrega dos 2.600 rádios SIRESP, a ANPC e os

Novos elementos da FEB

O Secretário de Estado da Administração Interna, João Almeida, esteve no dia 28 de abril, na Base de Apoio Logístico (BAL) de Castelo Branco, onde presidiu à cerimónia de fim de curso da 3ª recruta da Força Especial de Bombeiros – Canarinhos, da Autoridade Nacional de Protecção Civil, que compreendeu a integração de 28 novos elementos, que prestaram o seu juramento de compromisso de honra. A cerimónia contou com uma força em parada, num total de 192 efetivos, sob o Comando do Comandante da Força Especial de Bombeiros, José Realinho. Exercício La Salette 14

corpos de bombeiros vão ter ao dispor, durante época de incêndios florestais deste ano, um total de 6.244 destes equipamentos. O Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal visa dotar as forças e serviços de segurança, emergência, proteção civil e socorro, de uma rede única de comunicações, a nível nacional. O SIRESP permite, através da definição de grupos de segurança, que cada entidade utilize o sistema como se tratasse de uma rede privativa, mas também, em caso de necessidade de coordenação, que todos os grupos que concorram para a resolução de uma determinada situação de emergência, sejam facilmente colocados em conversação, de acordo com regras pré-definidas ou a serem estabelecidas em cenários específicos.

Os bombeiros do distrito de Aveiro realizaram em Oliveira de Azeméis, no dia 5 de abril, o exercício La Salette que simulou um incêndio de grandes dimensões na freguesia de Ossela e que mobilizou duas centenas de bombeiros e 50 viaturas. O posto de comando do exercício foi acompanhado pelo Ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, pelo Comandante Operacional Nacional, José Manuel Moura, e pelo presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, Hermínio Loureiro.

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Exercício EU COORDEX 2014

Porto : A floresta chegou à cidade

Com base num cenário de condições meteorológicas adversas e consequentes episódios de cheias, decorreu em Kuopio, na Finlândia, entre os dias 7 e 10 de abril, o exercício “EU COORDEX 14”. Este exercício, enquadrado no Mecanismo de Protecção Civil da União Europeia (Mecanismo) e organizado pelo Centro de Gestão de Crises da Finlândia (CMC), reuniu quatro equipas de avaliação e coordenação (EUCPT – European Union Civil Protection Teams), compostas por 32 peritos nacionais dos diversos Estados participantes naquele Mecanismo e ainda uma equipa de avaliação.

O “EU COORDEX 14” visou quatro objetivos principais: Melhorar a prontidão e o despacho de peritos nacionais qualificados; Enaltecer a cooperação e a integração entre as EUCPT e as equipas de apoio técnico (TAST – Technical Assistance and Support Teams) mobilizadas para situações de emergência internacional; Desenvolver uma oportunidade para a troca de experiências e conhecimentos entre as entidades e peritos envolvidos; Melhorar as capacidades de atuação de equipas e peritos em cenários de temperaturas muito baixas. Tratou-se de um evento importante no quadro dos diversos projetos em curso no âmbito da União Europeia que visam melhorar a capacidade de resposta do Mecanismo a cenários de emergência, dentro ou fora do espaço comunitário, e que permitiu colocar as equipas e os peritos participantes perante desafios e obstáculos que caracterizam a maioria daquelas situações. Portugal participou neste exercício através da mobilização da perita nacional qualificada no quadro do Mecanismo da União, a Comandante Operacional Distrital de Setúbal, Patrícia Gaspar.

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No âmbito das comemorações do Dia Mundial da Árvore e do Ano Internacional da Floresta, a Câmara Municipal de Vila do Conde promoveu um conjunto de atividades que visaram sensibilizar as crianças e os jovens para a temática das árvores, como símbolo da preservação da biodiversidade, assim como o importante papel desempenhado enquanto elemento natural na composição do meio urbano, contribuindo para a qualidade de vida da população. As iniciativas, dinamizadas pelo Serviço Municipal de Proteção Civil, juntaram inúmeras escolas que, com guarda-chuvas decorados com materiais da floresta, desfilaram quer pelas ruas do centro histórico da cidade, quer pelo rio Ave através de caiaques. A ação contou com a presença da mascote da Proteção Civil: “O Protege”. Reunião do Grupo de Trabalho PROCIV Teve lugar em Bruxelas, Bélgica, no dia 15 de abril, a reunião do Grupo de Trabalho PROCIV, que teve como temas centrais o Projeto de Conclusões do Conselho sobre módulos multinacionais e operações de resposta integrada sob o Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia e ainda o debate sobre o projeto de texto de Hyogo. No encontro esteve presente um representante da Autoridade Nacional de Protecção Civil.

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BREVES

Viseu: Simulacro de acidente testa plano de emergência do aeródromo

CDOS de Viana do Castelo promove I Jornadas de Segurança

A Câmara Municipal de Viseu e a Direção do Aeródromo Municipal Gonçalves Lobato, em coordenação com o Comando Distrital de Operações de Socorro de Viseu, levaram a efeito, no dia 22 de abril, um exercício LIVEX realizado no Aeródromo Municipal de Viseu. Este exercício fez parte integrante do processo de certificação do Aeródromo Municipal Gonçalves Lobato, em Viseu, pela Entidade Aeronáutica, designadamente pelo Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC) e visou testar o Plano de Emergência do Aeródromo, constituindose assim como fator decisivo e fundamental para que o processo de certificação seja concluído com êxito. O cenário escolhido consistiu no “rebentamento de um pneu de uma aeronave durante a sua aterragem, seguido de saída de pista e capotamento da mesma, com deflagração de um incendio. Os três feridos foram os dois ocupantes da aeronave e respetivo piloto ”.

Representantes de vários corpos de bombeiros e agentes de Proteção Civil estiveram reunidos no dia 12 de abril em Viana do Castelo para as I Jornadas Distritais de Segurança nas Operações – Agentes de Proteção Civil. A iniciativa, organizada pelo Comando Distrital de Viana do Castelo no âmbito das comemorações do Dia Nacional da Prevenção e Segurança no Trabalho, visou contribuir para uma melhor tomada de consciência do papel que cada Agente de Proteção Civil tem na prevenção e segurança pessoal e da equipa nas operações de socorro. O encontro abordou vários temas em torno da Higiene, Segurança e Formação. Nos painéis participaram elementos da Escola Nacional de Bombeiros, Autoridade Nacional de Protecção Civil, Serviço de SHST da ULSAM – Unidade Local de Saúde do Alto Minho, Autoridade para as Condições de Trabalho, GNR, INEM e a Capitania do Porto de Viana de Castelo. Seminário “Intervenção em Catástrofes – Naufrágios de Grande Dimensão"

Para o CDOS de Viseu, o desencadeamento e monitorização dos meios de socorro necessários para fazer face um acidente desta tipologia e dimensão, avaliar a articulação dos meios envolvidos e planear, coordenar e conduzir as operações de acordo com o Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro (SIOPS), foram os principais objetivos a testar. No simulacro participaram os Bombeiros Municipais e Voluntários de Viseu, o Instituto Nacional de Emergência Médica, a GNR, a PSP, a Policia Municipal de Viseu, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, o Centro Humanitário da Cruz Vermelha Portuguesa, a Associação de Aviação Experimental e o Aeroclube de Viseu.

Os Bombeiros Voluntários de Carcavelos – S. Domingos de Rana realizaram no dia 5 de abril o Seminário "Intervenção em Catástrofes – Naufrágios de Grande Dimensão". O Seminário deu especial enfoque aos naufrágios de grande dimensão e contou com a presença do Comandante Gregório de Falco, da Capitania do Porto de Livorno, responsável pelas operações de socorro ao cruzeiro “Costa Concordia”, que naufragou há dois anos, na costa de Itália, e que vitimou 32 pessoas. A escolha da temática das catástrofes marítimas prende-se com a extensão da costa marítima portuguesa, bem como do crescente afluxo de cruzeiros que se tem registado no Porto de Lisboa. O grande objetivo do evento passou por abordar, junto dos bombeiros e interessados, todos os temas relacionados com o salvamento e socorro num naufrágio de grande escala, a busca subaquática de sobreviventes e cadáveres, a triagem de vítimas e a contenção de derrames. Para além destes temas, esteve também em discussão a articulação entre as várias entidades envolvidas, prevista na eventualidade da ocorrência deste tipo de incidentes.

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TT EE MM AA

DECIF 2014: Inovações no combate aos incêndios florestais

Apresentação da DON N.º 2 à comunicação social pelo Comandante Operacional Nacional, José Manuel Moura.

Uma série de fatores naturais e humanos têm concorrido ao longo dos anos para que Portugal registe sucessivas épocas estivais assinaladas por grandes incêndios florestais. O grau de transformação da paisagem rural, decorrente do abandono da agricultura pelas gentes do campo, do crescimento desordenado das matas e dos pastos e da falta de limpeza da floresta, associada às alterações climáticas cujo agravamento se vai fazendo sentir com o passar dos anos no espaço geográfico mediterrâneo no qual Portugal se insere, tornam cada vez mais frequentes este tipo de fenómenos extremos – os incêndios florestais – não só na época estival mas durante todo o ano. Por isso mesmo, e para fazer face a este risco específico tão gravoso para a sociedade e o ambiente, o sistema nacional de proteção civil dotou-se há já alguns anos de um instrumento apropriado que visa organizar e gerir a resposta operacional – o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF). O DECIF, constante da Diretiva Nacional n.º 2 (DON n.º 2), é o resultado de um processo de melhoria contínua que tem vindo a aprimorar, ano após ano, num círculo infindável de esforços que englobam as fases sucessivas de planeamento, de execução, de avaliação e de correção (dos desvios). Dentro desta lógica, e como é tradição, o DECIF 2014 contou com os subsídios da fase de fecho do ciclo anterior (DECIF 2013), os quais se culminaram numa série de sessões técnicas com diversos atores que não só concorrem para esta problemática como englobam os três pilares da defesa da floresta contra incêndios (estrutura de comando da ANPC, Bombeiros e suas estruturas representativas, GNR, ICNF, operadores aéreos, etc.),

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tendo daí resultado um manancial de experiências e ensinamentos que acabaram incorporados no desenho do Dispositivo para este ano. Logo à partida, identificou-se um conjunto de áreashave em relação às quais havia espaço para melhorias. Essas áreas-chave são: a coordenação institucional; a formação e o treino; a sustentação logística das operações; o comando e o controlo; Reforço e otimização de recursos. Procurando concretizar, vejamos resumidamente as iniciativas principais que concorrem para cada uma das áreas-chave mencionadas. Regulamentação do Sistema de Gestão de Operações O Decreto-Lei n.º 134/2006, de 25 de julho, com a redação dada pelo Decreto-Lei n.º 72/2013, de 31 de maio, instituiu o SIOPS e estabeleceu um sistema de gestão de operações e respetiva simbologia, cujo desenvolvimento será efetivado através de despacho do Presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil o qual definirá a organização dos teatros de operações e dos postos de comando, clarificando, assim, as competências e consolidando a doutrina operacional. Guia de bolso e manual sobre segurança no combate aos incêndios florestais A segurança dos operacionais no combate aos incêndios florestais é uma prioridade e fator crítico de sucesso a considerar em todas as fases da sua atuação. Nunca é demais lembrar e valorizar aquilo que já damos como adquirido no nosso mais íntimo. Assim, e para que os

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T ET ME AMA

princípios e regras de segurança individual e coletiva estejam sempre presentes no dia-a-dia de todos os operacionais integrantes do DECIF que realizam operações de combate aos incêndios florestais, foi preparado pelo CNOS um guia de bolso que será distribuído a todos os combatentes do DECIF. Além disso, será ainda disponibilizado um manual de referência contendo os procedimentos de segurança anteriormente referidos, o qual engloba e sistematiza, igualmente, um conjunto de procedimentos operacionais relativos a boas práticas no âmbito do combate aos incêndios florestais.

melhorar em 2014 com base nos ensinamentos colhidos no seu funcionamento. Assente neste princípio e fruto de um reforço do efetivo da Força Especial de Bombeiros, irá ser efetivado em 2014 um GRUATA na FEB, composto por 13 veículos e 47 elementos, com um estado de prontidão H24, que incluirá ainda equipas de corpos de bombeiros. Em função das necessidades operacionais, este GRUATA poderá ser dividido em dois grupos compostos por 17 veículos e 62 operacionais, incluindo equipas dos corpos de bombeiros, funcionando com um estado de prontidão H12.

Grupo de Reforço de Ataque Ampliado (GRUATA) Consolidada que está a doutrina e operacionalidade do ataque inicial em incêndios florestais, importa ora dar continuidade às soluções adotadas em 2013 relativamente à fase de ataque ampliado terrestre, particularmente no que respeita à articulação e composição das forças de reforço, de modo a estabilizar-se um padrão de organização e intervenção capaz de dar resposta ao desafio do combate a incêndios florestais de grande envergadura. O ataque ampliado a incêndios florestais tem sido desenvolvido com recurso ao reforço de meios quer de corpos de bombeiros vizinhos quer do distrito afetado, além do balanceamento de meios interdistritais organizados em Grupos de Reforço para Incêndios Florestais (GRIF), sendo amplamente reconhecido o inestimável contributo que estes grupos têm dado ao combate aos incêndios florestais e deverão continuar a dar. O funcionamento de Grupos de Reforço de Ataque Ampliado – GRUATA –, por via da contratualização prevista na Lei n.º 32/2007, de 13 de agosto, com as entidades detentoras dos corpos de bombeiros dos meios humanos e materiais necessários à sua sustentação, revelou-se uma medida com impacto positivo, que se pretende manter e

Máquinas de Rasto (MR) A utilização de máquinas de rasto no apoio às ações de combate a incêndios florestais tem sido referenciada nos diversos documentos sobre a temática dos incêndios florestais como uma mais-valia, dado tratar-se de ferramentas de grande capacidade e muito úteis na criação ou ampliação de faixas de contenção, bem como pelo contributo que podem dar na consolidação do perímetro dos incêndios e nas ações de rescaldo, capacitando ainda o acesso a outro tipo de equipamentos de combate e/ou apoio. No decurso das ações de formação e treino iniciadas em 2013, e após os ensinamentos colhidos nelas, continuará a dar-se especial relevo ao desenvolvimento destas ações de treino operacional, estando previstas acções por agrupamento distrital envolvendo 140 elementos de comando dos corpos de bombeiros. Paralelamente, efetuou-se uma inventariação dos meios disponíveis ao nível das câmaras municipais que passou a constituir anexo desta Diretiva, estando neste momento sinalizadas a existência de 114 máquinas de rasto, para além das disponibilizadas pelas Forças Armadas.

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TEMA

Reforço do dispositivo – Meios terrestres Considerando que a fase de ataque inicial aos incêndios florestais é aquela que permite dominar de forma mais rápida qualquer ignição e, assim, impedir a propagação dos incêndios, evitando-se a sua passagem à fase de ataque ampliado, o dispositivo será reforçado com mais 50 equipas de combate na fase de maior perigo e em áreas de maior perigosidade florestal, de forma a garantir uma resposta ainda mais eficaz e eficiente nesta fase de ataque inicial. Estas equipas estarão igualmente disponíveis para o reforço dos teatros de operações em missões de ataque ampliado fora da sua área de actuação. Reforço do dispositivo – Meios aéreos de ataque ampliado A experiência colhida com os dispositivos anteriores, associada à cada vez maior intensidade e velocidade de propagação com que se desenvolvem alguns dos incêndios florestais, justificou a necessidade de incrementar a capacidade dos meios aéreos de ataque ampliado, em particular das aeronaves de asa fixa com capacidade anfíbia. Desta forma, o dispositivo aéreo de ataque ampliado contará este ano com um reforço de mais quatro aeronaves deste tipo, sendo duas delas aeronaves anfíbias médias que reforçarão o dispositivo das quatro já empregues em 2013, além de duas aeronaves pesadas Canadair que irão desempenhar a valência de meios aéreos pesados, de modo semelhante ao que se verificou em anos recentes. De forma sucinta procurámos dar ao leitor uma perspectiva das inovações introduzidas no DECIF 2014. A DON n.º 2 é extensa e rica de conteúdo, pelo que o conhecimento completo e aprofundado implica uma leitura atenta e cuidada insusceptível de se conformar ao espaço desta publicação. Ao leitor interessado caberá, se assim o desejar, inteirar-se do recorte e alcance do conteúdo desta Diretiva através da sua consulta e/ou download do sítio da ANPC na Internet (http:// www.prociv.pt/cnos/Pages/DirectivasePlanosNacionais. aspx

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D E S TA Q U E

Treino testou resposta no combate aos incêndios Vários agentes de Proteção Civil participaram num treino operacional de combate a incêndios florestais na localidade de Almeidina, concelho de Mangualde. Este ano, estas ações vão abranger um total de 4.021 operacionais envolvendo 182 sessões de treino. A Autoridade Nacional de Protecção Civil promoveu no dia 28 de abril, na localidade de Almeidinha, no concelho de Mangualde, um treino operacional que envolveu elementos que integram o DECIF – Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais para 2014. A demonstração contou com as presenças, nomeadamente, do Secretário de Estado da Administração Interna, do Diretor Nacional de Recursos de Proteção Civil, do Diretor Nacional de Bombeiros, do Comandante Operacional Nacional, da Proteção Civil municipal de Mangualde e de elementos de comando de diversos corpos de bombeiros. Esta ação teve como objetivo consolidar conceitos e procedimentos operacionais, no âmbito

do planeamento operacional efetuado pelo Comando Nacional de Operações de Socorro, ao nível Estratégico, Tático e de Manobra. A iniciativa desenvolveu-se a partir de um cenário fictício de incêndio florestal, onde foram criados diversos cenários que proporcionaram às forças envolvidas, o desenvolvimento de ações práticas de estabelecimento de meios de ação e supressão de incêndios, transposição de obstáculos, com recurso à utilização de ferramentas manuais e mecânicas – abertura de faixas de contenção, incluindo a mobilização de uma máquina de rasto. A ANPC tem vindo a apostar de forma sustentada na qualificação e competências dos recursos humanos, através de ações muito específicas de treino e formação destinadas aos operacionais que integram o DECIF. Este ano, estas ações pretendem abranger um total de 4.021 operacionais, envolvendo 182 ações de treino.|

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TÇ EM A DIVULGA ÃO

4ª edição: “Olhares sobre a Proteção Civil”

© R. Santos

Painel “Floresta sustentável possível” Palestrantes: Prof. Doutor Luís Moreno, Eng.º João Pinho, Prof.ª Doutora Maria João Canadas; Moderação: Arq.ª Ana Gonçalves da Silva.

Decorreu no passado dia 1 de abril, nas instalações da ANPC, a 4ª edição dos “Olhares sobre a Proteção Civil”, iniciativa que surgiu em 2010 com a intenção de criar um fórum de reflexão que permita à ANPC rever, sob outros prismas, aspetos potenciadores de riscos coletivos, tendo por base o diagnóstico referenciado no Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território. Perante uma plateia de uma centena de pessoas, nove especialistas na área do ordenamento do território, arquitectura paisagista, gestão florestal e saúde pública organizaram-se em três mesas redondas distintas sob o tema “Em busca da Floresta Portuguesa”.

Painel “Floresta e Saúde Pública” Palestrantes: Doutor Rui Durval, Prof.ª Doutora Cristina Soeiro; Moderação: Doutor Rui Ângelo.

O primeiro painel incidiu sobre a “floresta-riqueza” e nele se frisou que o valor produtivo da floresta representa 12% do PIB industrial e 11% do valor das exportações, para além de também significar água de qualidade, sequestro de carbono, caça e paisagem, entre outros valores que, não sendo fácil avaliar quantitativamente, representam um inestimável bem comum. Do debate ficou a certeza da importância ecológica, económica e mesmo social da floresta, não só pela geração de emprego (visível no elevado número de agentes envolvidos na produção, transformação e comercialização dos seus produtos), como pela produção de bens, pela proteção do valor do solo e pelo controlo do ciclo e da qualidade da água e do ar, para além do elevado valor paisagístico e recreativo que detém.

Painel “Floresta – Riqueza ameaçada” Palestrantes: Prof.ª Doutora Manuela Raposo Magalhães, Arq.ª Margarida Cancela D’Abreu, Prof. Doutor Alexandre Cancela D’Abreu, Prof. Doutor José Miguel Cardoso Pereira; Moderação: Eng.º Eugénio Sequeira. P.1 0

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No segundo painel, partilharam-se visões sobre a sustentabilidade possível da floresta, avaliando em especial a identificação dos riscos, incluindo incontornavelmente os incêndios florestais. Foram também abordadas outras ameaças à sustentabilidade da floresta portuguesa, como a desvalorização da agricultura e das lógicas do associativismo florestal, bem como o abandono dos campos que exterioriza as ruturas que hoje clivam o mundo rural. Por fim, o terceiro painel focou as causas humanas dos incêndios florestais, tornando claro que os comportamentos negligentes não serão diferentes de outros setores e, como tal, deverão ser encarados de forma a encontrar soluções que procurem melhorar a responsabilidade civil de quem causa incêndios.

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DIVULGAÇÃO

Formação:

2.º Curso de Emergências Radiológicas A ANPC realizou nos dias 8, 9 e 10 de abril, a 2.ª edição do Curso de Emergências Radiológicas, tendo como principal objetivo melhorar a articulação entre entidades e forças empenhadas em situações de emergência radiológica. A ação contou com cerca de 50 participantes provenientes de 20 entidades com responsabilidades nesta área de atuação. Baseada no conteúdo do Manual de Intervenção em Emergências Radiológicas (ANPC, 2009) e na componente radiológica da Diretiva Operacional Nacional n.º 3 (ANPC, 2010) do dispositivo para eventos Nucleares, Radiológicos, Biológicos e Químicos (NRBQ ), esta ação formativa teve origem nos trabalhos da Comissão Nacional para Emergências Radiológicas, órgão presidido pela ANPC, na qual foram apresentados os seus objetivos e respetiva ©José Fernandes planificação. Organizado pelo Núcleo de Riscos e Alerta com a colaboração do Comando Nacional de Operações de Socorro desta Autoridade Nacional, o curso incluiu uma componente letiva, realizada em sala ao longo de 2 dias, e orientada por formadores da ANPC, Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Direção-Geral da Saúde (DGS), Forças Armadas (Exército, Força Aérea e Marinha), Guarda Nacional Republicana (GNR), Instituto de Emergência Médica (INEM), Instituto Superior Técnico (IST) e Polícia Judiciária (PJ), e uma componente prática conduzida no 3.º e último dia, através de uma demonstração prática interativa. O programa do 3.º dia foi composto por quatro estações/ bancas onde cada grupo de formandos se familiarizou com os respetivos equipamentos e procedimentos de operação. Realizada nos espaços exteriores da sede da ANPC em Carnaxide, a interação prática sobre “Deteção/ monitorização de radiação” foi conduzida pela APA e o IST, a sobre “Equipamentos de Proteção Individual” ficou a cargo da Força Aérea, da Marinha e da DGS, a “Descontaminação de pessoas” assegurada pelo Exército e GNR e a “Triagem de Vítimas” da responsabilidade do INEM. Com esta segunda ação formativa, alargou-se a transmis-

são de conhecimentos nesta matéria a todo o território nacional, através da participação de elementos de comando de 16 Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS), para além dos formandos da sede da ANPC, Corpos de Bombeiros, Direcção-Geral de Energia e Geologia, DGS, Escola Nacional de Bombeiros, Força Especial de Bombeiros, Forças Armadas, GNR, Gabinete de Planeamento e Políticas, INEM, Instituto Português do Mar e Atmosfera, IST e PJ. Com as duas edições do curso de emergências radiológicas, continua-se a melhorar o conhecimento dos diferentes tipos e fatores de perigo, das funções das diferentes equipas a trabalhar no terreno, suas relações e interdependências, perfazendo já 93 formandos de 31 entidades participantes na DON n.º 3 do dispositivo NRBQ. O processo formativo permitiu ainda refletir sobre implicações nos procedimentos internos de cada entidade e perspetivar melhorias a desenvolver.

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Eng.º José Oliveira, Diretor Nacional de Planeamento de Emergência e Eng.ª Patrícia Pires, Chefe do Núcelo de Riscos e Alerta da ANPC. PROCIV

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AGENDA

6 e 7 de m a io de 201 4, Aten as, Grécia 5 ª R EU N I ÃO DE PER I TOS E M PRO T EÇÃO DE IN F R A E ST RU T U R A S C R Í T ICA S Re u n ião orga n i z ad a pe l a Com i ssão Eu ropeia, em pa rcer ia com os governos dos Est ados Un idos e do Ca n ad á e com a P residência Grega do Con se l ho d a Un ião Eu ropeia. Estes encont ros, que re ú nem os pa íses sit u ados dos doi s l ados do At l â nt ico Nor te, têm per iod icid ade a nu a l. No e vento serão abord ados tópicos como a ciberseg u ra nça, as i nterdependências i nter n acion a i s, o reforço d as i n f raest r ut u ras em processo de enve l heci mento e o i mpacto d as a lterações cl i m át icas n a f u ncion a l id ade d as i n f raest r ut u ras c r ít icas. A A N PC, n a s u a qu a l id ade de ponto de cont acto n acion a l ju nto d a Com i ssão Eu ropeia pa ra a á rea d as i n f raest r ut u ras c r ít icas, est a rá re present ad a por u m e lemento d a Di reção Nacion a l de Pl a nea mento de Emergência

Leia-nos através do http://issuu.com/anpc

7 e 8 de m a io, Lou res EX ERCÍCIO DE BIO TER ROR ISMO A A N PC planeia e condu z o exercício LI V EX (com mov i ment ação rea l de meios no ter reno) de emergências biológ icas, pa ra test a r a respost a dos vá r ios agentes de proteção e ent id ades cooperantes, a u m a emergência de âmbito biológ ico, em con for m id ade com a Di ret iva O peracion a l Nacion a l N.º3/2010 (N R BQ ). Pa r t icipam no exercício a GN R, INEM, Di reção-Gera l d a Saúde, PJ, In st it uto Nacion a l de Saúde Dr. R ica rdo Jorge, A H BV de Lou res.

De 2 a 27 de ju n ho, IDN, Lisboa e Por to V III CU R SO DE SEGU R A NÇA E DEF E SA PA R A JOR NA LISTA S O In st it uto d a Defesa Nacion a l IDN) va i promover, ent re 2 e 27 de ju n ho de 2014, o V III Cu rso de Seg u rança e Defesa pa ra Jor n a l ist as (CSDJ2014) que decor rerá n as su as i n st a lações em Lisboa e no Por to, em reg i me de tempo pa rcia l. A seg u nd a fase de cand id at uras decor rerá ent re 11 de abr i l e 1 2 de m a io de 2014.


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