ARTE GREGA
• A arquitectura, a escultura e a pintura constituem uma das mais belas heranças que os gregos nos deixaram. • As numerosas obras, especialmente de arquitectura e escultura, revelam o génio criador grego, bem expresso na harmonia e equilíbrio das formas. Embora fossem feitas em honra dos deuses, todas tinham um fim definido – agradar servir os homens – sem deixarem, porém, de manifestar o sentido do belo tão apreciado pelos gregos.
O Partenon ( 447-436 a.C.), símbolo da harmonia e equilíbrio das formas, é um templo dórico e períptero (por ter colunas a toda a volta) situado na acrópole de Atenas. Foi construído em mármore e dedicado à deusa Atena.
• Como homem era o centro de todas a preocupações (Humanismo) e a polis a única forma de organização social onde podia desenvolver plena mente as suas potencialidades. A arte reflectia esta mentalidade – uma arte à escala do homem e da cidade – estado e não à escala dos deuses e de um império.
Representação da arquitetura da época áurea do Partenon .
• Mais do que qualquer das anteriores artes, a arte grega busca o equilíbrio, a harmonia, a beleza e a proporcionalidade. • A arte grega evoluiu ao longo de Três períodos: O arcaico, o clássico (ou de apogeu) e o helenístico, onde já se pode perceber uma certa mudança de mentalidade e da forma de encarar a arte.
Kouros, final do século VII a. C.; Período Arcaico.
Policleto ( 480 ou 450 a. C );Período Clássico, supera a rigidez escultórica com a obra Doríforo ( 420 a.C. ), a qual a figura apresenta-se caminhando, tendo assim uma mobilidade perfeita.
Vénus de Milo obra de Alexandros; Período Helenístico.
ARQUITETURA
• A Arquitectura estava ligada, essencialmente, à vida religiosa. Além dos estádios e dos teatros, os gregos construíram magníficos templos. Estes são edifícios de planta rectangular, com um telhado de duas águas. O elemento básico da construção são as colunas, usadas no interior e em toda a volta do templo e sobre as quais assentavam as traves que sustentavam a cobertura. Tratase de uma construção de estrutura simples e que, embora por vezes imponente, nunca atingia dimensões esmagadoras.
As colunas da época clássica.
• Por isso se diz que a arquitectura grega é feita à medida do homem. • A beleza dos templos gregos deriva da Harmonia das suas proporções. Tudo, no conjunto, é admiravelmente ordenado e equilibrado. Uma perfeita decoração enriquece as fachadas com delicados pormenores: o canelado das colunas, o adorno dos seus capiteis, os altos-relevos dos frisos e dos frontões.
O canelado das colunas, dórica em cima e jónica em baixo; o adorno dos seus capiteis, os altos-relevos dos frisos e dos frontões. Aqui os deuses a assistir à Procissão das Panateneias, do genial escultor Fídias.
. Na ĂŠpoca, os templos estava pintados de cores brilhantes que se foram esbatendo com o tempo. Todas estas qualidades suavizavam as formas geomĂŠtricas do edifĂcio.
Reconstituição feita a computador do templo do Partenon, com as cores e decoração originais.
• Durante a época clássica, os gregos adoptaram apenas dois estilos ou ordens arquitectónicas: a ordem dórica, mais sóbria, severa e de aparência pesada, e a ordem jónica, mais elegante e de rica ornamentação. Na acrópole de Atenas encontram-se alguns dos mais belos templos de um e de outro estilo, como é o caso do Partenon, do estilo dórico e do Erecteion, do estilo jónico. A ordem coríntia já é própria da época helenística em que os edifícios já eram construídos à escala do império.
ORDEM DÓRICA
• É a mais antiga das ordens arquitectónicas gregas, aparece, em maior quantidade, nos territórios gregos da Magna Grécia. È caracterizada, essencialmente, pelas suas colunas incompletas, apenas com fuste e capitel, tendo este a forma de uma almofada. As colunas lembram troncos de árvores, sendo mais estreitas á medida que se aproximam do capitel.
Colunas d贸ricas no Partenon, na Acr贸pole de Atenas.
Colunas D贸ricas do Templo de Apolo Epicuro em Bassae.
• Esta ordem Ê tambÊm caracterizada pelos seus frisos, que nos apresentam figuras humanas esculpidas em alto-relevo, em cenas singulares separadas por nervuras esculpidas verticalmente.
Pormenor do frontão, dos frisos e das colunas do Partenon, vendo-se bem as nervuras em “alto relevo” esculpidas verticalmente.
Pormenores da fachada meridional do Partenon - Luta dos Centauros contra os Lápitas do genial escultor Fídias.
ORDEM JÓNICA
• É considerada a mais bela das ordens arquitectónicas gregas. Aparece, em maior quantidade nos territórios das colónias gregas da Ásia Menor. È caracterizada, essencialmente, pelas suas colunas completas, com base, fuste e capitel, tendo este a forma de volutas (folhas de palmeira estilizadas). As colunas foram inspirada em troncos de palmeiras ou tamareiras, árvores típicas da faixa costeira da Ásia Menor.
Uma coluna Jónica com capitel característico e arquitrave decorada contínua.
Coluna e capitel jónico no Erecteion, na Acrópole de Atenas.
• Esta ordem é também caracterizada pelos seus frisos, que nos apresentam figuras humanas esculpidas em alto-relevo, em cenas singulares sem nenhum elemento escultórico a separa-las.
Frisos do templo de Atena NikĂŠ, uma obra do escultor AgorĂĄcrito sĂŁo parcialmente decorados com cenas das batalhas entre Gregos e Persas.
ORDEM CORÍNTIA
• Aparece durante a época helenística, ou seja durante o Império de Alexandre “ O Grande “. A ordem coríntia é a mais ornamentada das três ordens arquitetónicas gregas e romanas. • É feita à escala do império e dos Deuses; por isso os seus templos são maiores. É caracterizada, essencialmente, pelas suas colunas completas, com base, fuste e capitel, sendo este decorado com folhas de acanto. Quanto ao friso, é muito semelhante ao jónico, diferindo deste pelo tamanho das esculturas que são maiores.
cornija dentilhas friso arquitrave ábaco capitel
Capitel coríntio. fuste
Esquema decorativo completo do estilo coríntio.
base
ESCULTURA
• Se a arquitectura é a expressão do equilíbrio e da ordem, a escultura é o mais marcante exemplo do Humanismo Grego. Na realidade, os escultores da Época Clássica souberam representar, com uma perfeição inultrapassável, a beleza física e espiritual do Homem.
Duas esculturas que representam a beleza física e espiritual do Homem.
Diadúmeno de Policleto:
Hermes de Fídias
• Os gregos ergueram estátuas de deuses e atletas nos recintos sagrados e decoram frisos e os frontões dos templos com altos – relevos representando cenas mitológicas, procissões, etc. • Apesar do carácter religioso destas obras, o seu tema era sempre a figura humana.
Laocoonte, de Agesandro Atenodoro e Polidor, esculpido na época helenística; apesar do carácter religioso destas obras, o seu tema era sempre a figura humana.
• As esculturas primitivas eram rígidas, semelhantes às egípcias. Contudo, ao longo do século VI a.C., os artistas foram-se aperfeiçoando na técnica de trabalhar a pedra de tal maneira que, na época clássica (séculos V e IV a.C.), as esculturas ganham uma extraordinária perfeição.
Duas esculturas que representam o “Estilo Arcaico”.
Karé. Exemplo do estilo arcaico.
Kouros Anavyssos. Exemplo do estilo Arcaico.
• As formas dos corpos ou as pregas das vestes que cobrem as figuras femininas reproduzem de uma maneira fantåstica a realidade e o movimento, como se as esculturas estivessem animadas de vida.
Na Procissão das Panateneias de Fídias, sã bem visíveis as pregas das vestes das túnicas das figuras femininas.
• Com as suas obras, os escultores gregos da época clássica, procuravam sempre a realidade humana no seu mais alto grau de perfeição, serenidade e harmonia; procuravam exprimir uma beleza ideal.
.O Doríforo de Policleto que representa na perfeição a beleza física e espiritual do HOMEM.
• NOTA – O NATURALISMO, A
PERFEIÇÃO, A BELEZA, A HARMONIA, O EQUILÍBRIO, A ILUSÃO DE MOVIMENTO E A SERENIDADE NO ROSTO (IDEALÍSMO), SÃO AS CARACTERÍSTICAS MARCANTES DA ESCULTURA GREGA. • Escultores como: FÍDIAS, MÍRON, POLICLETO e PRAXÍTELES, são considerados dos melhores de sempre.
Fídias exibindo o friso do Partenon - uma representação artística do escultor grego Fídias, em obra (1868) do pintor neerlandês Lawrence Alma-Tadema.
Duas vis玫es do Disc贸bolo de Miron.
Duas visões do Doríforo, a mais afamada criação de Policleto. Cópia moderna em bronze no Museu Pushkin.
Duas visões da “Afrodite de Cnido” de Praxísteles
PINTURA
• A pintura grega chega até nós apenas nas peças de cerâmica. • No século VI a.C., desenhavam as figuras a negro sobre um fundo vermelho e no século V a.C., desenhavam a dourado ou vermelho sobre um fundo negro, o que permite uma maior riqueza nos pormenores, portanto uma maior expressividade. • Nos seus motivos inspirados na mitologia ou na vida quotidiana, a pintura reflecte o mesmo sentido humanista que caracteriza a arte helénica.
Desenho a negro sobre fundo vermelho
Desenhos a dourado ou vermelho sobre fundo negro.
FILOSOFIA
• Filosofia – É o estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem. Ao abordar esses problemas, a filosofia se distingue da mitologia e da religião por sua ênfase em argumentos racionais; por outro lado, diferencia-se das pesquisas cientificas por geralmente não recorrer a procedimentos empíricos em suas investigações. Entre seus métodos, estão a argumentação lógica, a análise conceptual, as experiências de pensamento e outros métodos a priori.
Gravura representando um grupo de pensadores, fil贸sofos. "O Pensador", Auguste Rodin.
• A Filosofia Ocidental surgiu na Grécia antiga no século VI a.C. A partir de então, uma sucessão de pensadores originais – como Tales, Xenófanes, Pitágoras, Heraclito e Protágoras - empenhou-se em responder, racionalmente, questões acerca da realidade última das coisas, das origens e características do verdadeiro conhecimento, da objetividade dos valores morais, da existência e natureza de Deus (ou dos deuses). Muitas das questões levantadas por esses antigos pensadores são ainda temas importantes da filosofia contemporânea.
Busto de Prot谩goras de Abdera.
Gravura representando Xen贸fanes.
Busto de Tales de Mileto, Filósofo e Matemático.
Busto de Pitágoras, Filósofo, Matemático e Músico.
• Mas o primeiro grande filósofo ateniense foi Sócrates (século V a. C.). Este filósofo preocupou-se mais em saber o mistério do ser humano, em descobrir para ele as regras do comportamento. As suas ideias avançadas e as suas críticas ao sistema religioso dos atenienses levaram-no a ser condenado à morte, sob a acusação de corromper a juventude. Os pensamentos de Sócrates sabemo-los pelos escritos dos seus discípulos, especialmente pelos «Diálogos» de Platão.
S贸crates e seus alunos, de Johann Friedrich Greuter. Busto de S贸crates.
• Platão e Aristóteles, herdeiros do pensamento filosófico de Sócrates, aprofundam, cada um á sua maneira, as suas reflexões sobre o mistério do Homem e do Universo, chegando a conclusões diferentes. Tanto um como o outro ainda hoje são considerados, universalmente, mestres da literatura e do pensamento filosófico.
Plat茫o, pintado por Rafael.
Arist贸teles. pintado por Rafael.
HISTÓRIA
• A História procura estudar o Homem ao longo do tempo. O seu objetivo final é estudar o passado para melhor compreender o presente e agir ou atuar de forma mais correta no futuro. • O primeiro Historiador, ou seja aquele qu procurou situar com precisão os acontecimentos no tempo foi Heródoto, considerado o “Pai da História”; Tucídides, é considerado o primeiro Historiador com o “espírito científico”, pois além de procurar explicações para os acontecimento, procura certificar-se sobre a verdade dos mesmos.
Busto de Herテウdoto, cテウpia romana do sテゥculo II, no Stoa de テ》alo, Atenas.
O TRABALHO DO HISTORIADOR Há muitos que, em vez de se darem ao trabalho de procurar a verdade, preferem em geral adoptar as ideias já feitas. Quanto a mim, evitei obter as minhas informações do primeiro que aparecesse e resolvi não me fiar nas minhas impressões pessoais (…). Procedi sempre a verificações tão escrupulosas quanto possível. Não foi um trabalho fácil, porque na maior parte dos casos apareciam testemunhos de um mesmo acontecimento fazendo relatos discordantes. Tucídides, Historia da Guerra do Peloponeso.
Busto de Tucídedes
TEATRO
• O teatro constituía uma das mais importantes manifestações culturais dos helénicos. • Através do teatro s educava o gosto pelas coisas do espírito, pela mitologia, pela história, etc. • Os principais temas das peças teatrais representavam episódios dramáticos da vida dos deuses e de heróis lendários. • Algumas representações relacionavam-se também com a vida política e social de Atenas, ridicularizando cenas da vida real e os vícios dos homens.
Fotografia do Epidauro, o mais famoso teatro grego.
• O teatro nasceu nas festas organizadas em honra do deus Dionísio, deus do vinho e das colheitas. Da palavra grega tragos (bode) derivou tragédia; de komos (troça) derivou comédia. • No século V a.C. as representações teatrais constituía uma autêntica paixão para os gregos. Em Atenas, apoiados pelo governo da cidade, promoviam-se concursos durante os quais eram representadas, diariamente, três tragédias de um mesmo autor (trilogia), terminando a jornada teatral com uma comédia. No final do concurso um júri atribuía prémios às melhores representações.
Estátua representando Dioniso de acordo com um modelo helenístico.
Quadro representando Dionísio, ou Baco, para os romanos, no genial filme “A Fantasia da Disney”.
• Como principais representantes do teatro grego destacam-se: • A) – Na Tragédia – Ésquilo, autor de Oseias e de Prometeu Agrilhoado; Sófocles, autor de Rei Édipo e de Antígona e Eurípedes, autor de Medeia. • B) – Na Comédia – Aristófanes, autor de As Nuvens.
”Prometeu agrilhoado”, por Gustave Moreau.
Ésquio.
Busto de Sófocles
Gravura representando Édipo e Antíguna
Uma das cenas da extraordinária peça teatral “A Medeia”. Aqui Maria Callas numa encenação de Pasollini.
Busto de Eurípedes.
Busto de Aristófanes.
Desenho representando as Néfeles, que na mitologia eram as ninfas das nuvens e da chuva. Eram ninfas oceânides, isto é, nascidas de Oceanos e de Tétis.
POESIA
• Na Grécia, cultivaram-se tanto a poesia épica como a poesia lírica. A poesia épica glorificava os feitos dos antigos heróis e dos deuses, sendo os seus mais belos exemplos os poemas homéricos – a Ilíada e a Odisseia – e a obra Hesíodo. Quanto à poesia lírica teve em Píndauro um dos principais representantes.
Busto de HesĂodo
Busto de PĂndauro
Ulisses e as sereias e a morte do Ciclope, duas das cenas mais emocionantes da “Odisseia�.
Representação idealizada de Homero feita no período helenístico.
A morte de Heitor, uma das episódios mais emocionantes da “Ilíada”.
HINO AO HOMEM Inúmeras são do mundo as maravilhas, mas nenhuma que ao homem se compare: é vê-lo sobre as ondas, entre as ilhas, As águas percorrer do branco mar; Ou é vê-lo, diante da mãe - Terra, Sem pausa revolvê-la com seus potros, fazendo que dos grãos que a terra encerra em frutos se desdobrem todos, todos!
Ele, só, captura com laços, Ou com redes que faz entrelaçadas, os pássaros ligeiros dos espaços, Os peixes que se ocultam entre as vagas… E consegue os cavalos ir domando, Para tal utilizando suas manhas; Ao bicho mais feroz torná-lo manso, Como acontece ao touro das montanhas,
Sob os tectos, se abriga da friagem; Sob os tectos, das chuvas inclementes… E vede: o pensamento e a linguagem sua conquista são exclusivamente. É o Ser dos recursos infindáveis: Até contra o futuro se faz forte; E cura-se de males incuráveis… Aquilo que o detém? Somente a Morte. Sófocles – Antígona (Tradução de David Morão Ferreira).
Depois da desgraça de Édipo, Antígona passou a auxiliar o pai.
ESPÍRITO HUMANISTA
• Uma das mais valiosas heranças que os gregos nos deixaram foi o espírito humanista; ou seja, em todas as manifestações da cultura grega – a Filosofia; a História; o Teatro; a Arte e a Poesia há sempre a preocupação com os problemas do Homem e a valorização das suas qualidades.
Afresco de Rafael representando “A Escola de Atenas” onde mais se desenvolveu o “Espírito Humanista”.