TENDÊNCIAS OUTONO INVERNO 2012-2013 Sugestões Eclat de Mode Paris
World Jewellery Forum Congresso Cibjo Vicenza
ESPAÇO DESIGNER Ana Ramalho em Entrevista
REEDITA JOIAS INSPIRADAS EM PREGOS, DA COLEÇÃO DOS ANOS 70
No passado mês de abril, chegaram às lojas da marca as peças da linha Juste un Clou, “somente um prego”, em tradução literal. Trata-se de uma cararacterística da joalharia Cartier, que se afirma na transformação de objetos do quotidiano em joias. Provocativos e sofisticados, anéis e pulseiras em forma de prego foram criados pelo designer Aldo Cipullo, em 1970, época em que Nova York pegava fogo com o lendário Studio 54. Na época, a criação foi considerada revolucionária. Com a mesma inspiração, a Cartier retoma a proposta numa versão repaginada. Em ouro amarelo, branco ou rosa, com incrustação de diamantes ou não. Os preços começam nos 5.000€ e poderão ir até aos 10.000€.
CAROS COLEGAS, Temos de encontrar soluções para vencer estes ciclos que são difíceis para todos nós. Estamos a passar dificuldades sérias, mas há que abrir as nossas mentes para novas ideias e desenvolver forte capacidade de adaptação. Todos os dias devemos tomar atitudes que defendam a nossa Ourivesaria, que é uma arte que nos leva à criatividade. Devemos proteger o nosso produto, promovendo aquilo que é nosso, proporcionando trabalho aos nossos ourives. Vejo com grande preocupação a opção das empresas pelas importações, quando temos uma tradição de mais de quinhentos anos de ourivesaria que deve ser mantida e desenvolvida. Devemos abrir-nos mais ao turismo, mudando mentalidades e tomando atitudes que defendam a nossa produção. Não podemos perder a esperança, pois juntos havemos de passar com sucesso esta crise, com a ajuda da nossa Associação e a aposta nas nossas empresas e na sua formação. Comprometida a apostar na promoção da ourivesaria portuguesa, e a apoiar as nossas empresas, a AORP vai estar em Julho na feira Eclat de Mode em Paris, ocupando um stand institucional, a divulgar o que de melhor se faz no nosso país. Ainda este ano estaremos também na feira Iberjoya, em Madrid, cumprindo o mesmo objetivo. Apelamos à participação das empresas em parceria com a AORP, que para isso se deverão inscrever, e não desistir das ações, como tantas vezes o fazem! As últimas palavras que quero deixar não são novas, nem criativas, ou sequer inovadoras. A história é velha e repete-se! Este setor só poderá reencontrar o caminho do crescimento se atuar de uma forma coletiva, partilhando saberes, aproveitando sinergias e viajando em conjunto. Deixo por isso, aqui, este apelo de união. A AORP é o ponto de encontro!
(Presidente AORP)
AORP-Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal Avenida Rodrigues de Freitas, 204 · 4000-416 Porto T. +351 225 379 161/2/3 · F. +351 225 373 292 geral@aorp.pt · www.aorp.pt TIRAGEM - 2000 exemplares
Sílvia Silva Gabinete de Comunicação e Imagem da AORP silvia.silva@aorp.pt
Cassiano Ferraz Colar e anel: Ouropa Vestido: Daniela Barros Make up: Tinoca MakeUp com produtos MAC
Cabelo: Pedro Ferreira Stylist: Filipe Candeias Modelo: Kristina Luskova (Best Models)
04 · LIFESTYLE
AS TENDÊNCIAS DA PRÓXIMA ESTAÇÃO SÃO DELICIOSAS Num colorido contagiante, OS BRINCOS SURGEM EM TODOS OS COORDENADOS DE VERÃO
1
1 - Oscar de la Renta: 2 - guitarra, Oscar de la Renta; 3 - Erickson Beamon; 4 - Dominic Jones.
2
Fiona Paxton Sequin
3
Marc by MarcJacobs
4
Delfina Delettrez, prata Yves Saint Laurent
05 · LIFESTYLE
Purple Jewels by Vogue Stylist, Lydia Lobe. Foto: Jeremy Zaessinger. Assistente Stylist: Farah Bendjeddou. Em Abril, a Vogue Joias trouxe-nos o Violeta/Púrpura, uma cor, muito utilizada e considerada importante, sendo um pouco excêntrica pode se tornar inteligente e elegante quando combinado com um verde garrafa ou cor fúcsia brilhante. Jogue com a mistura de tonalidades, a sintonia é prerrogativa no humor da moda. Tem todos os elementos à disposição, conjugue com as cores das bolsas, lenços, sapatos e roupas, mas especialmente com as joias. A Vogue Gioiello para esta produção selecionou as seguintes marcas: Bulgari Lorenz Baumer Dior Joaillerie Anna Rivka Djula Erik Schaix Baccarat Repossi Philippe Ferrandis KMO Jewel Swarovski Sylvia Toledano Philippe Ferrandis Burma www.vogue.it/vogue-gioiello
06 · CIBJO
RUI GALOPIM DE CARVALHO
Este ano a Fiera di Vicenza, importante organizador de certames italianoS com fortes ligações internacionais, designadamente no Dubai, decidiu organizar na cidade de Vicenza, no nordeste do país, o World Jewellery Forum que, de 13 a 20 de Maio reuniu as lideranças mundiais do setor de joalharia. O World Jewellery Forum incluiu reuniões e eventos ao mAis alto nível, designadamente a reunião anual do WDC - World Diamond Council, o seminário sobre responsabilidade social e corporativa organizado pela UNITAR, organismo das Nações Unidas, o congresso da CIBJO - The World Jewellery Confederation, uma mini-conferência gemológica sobre a turmalina, culminando com a realização da edição de primavera da VizenzaOro. Durante cerca de uma semana, Vicenza foi a capital mundial do setor.
Reunião Anual do WDC World Diamond Council
O World Diamond Council, foi fundado em 2001 para fazer face à então dramática e preocupante situação dos diamantes de conflito. Sob a liderança do carismático Eli Izhakoff, o Conselho Mundial do Diamante reúne tanto as maiores companhias diamantárias do Mundo, como representantes governamentais dos países produtores de diamantes, associações de setor, como a IDMA - International Diamond Manufacturers’ Association (associação que congrega as indústrias de transformação e lapidação do diamante), WFDB World Federation of Diamond Bourses (federação mundial das Bolsas de Diamantes) e CIBJO - The World Jewellery Confederation. Conta ainda com delegados representando o Kimberley Process. Este ano contou a presença da Embaixadora Gillian Milavanovic, presidente do grupo de trabalho. Nos trabalhos que decorreram no dia 14 de Maio foram discutidos assuntos diversos que dizem respeito ao mercado mundial do diamante, mas com especial incidência nas políticas de responsabilidade social e benificiação, em particular no continente africano. Uma das resoluções mais relevantes que resultou desta reunião anual foi a redefinição do conceito de “conflict diamonds” (diamantes de conflito). De acordo com as Nações Unidas, os diamantes de conflito são diamantes
procedentes de regiões controladas por forças ou fações oponentes a governos legítimos internacionalmente reconhecidos. A presente proposta alarga o conceito e simplifica-o da seguinte forma: diamantes de conflito são diamantes em bruto procedentes de regiões produtoras ou de comércio onde se verifica violência relacionada com esta atividade. Esta redefinição do conceito introduz um mais abrangente sentido de responsabilidade no setor e demonstra que as lideranças do setor diamantário estão verdadeiramente empenhados em dotar o negócio do diamante de princípios éticos e de manifesto respeito pelos direitos humanos. A CIBJO, na sua assembleia geral, dias mais tarde, apoiou e tornou sua esta resolução, alargando ainda mais o leque de suporte desta importantíssima resolução para a irradicação de situações menos dignas no setor e promoção da confiança do consumidor nos produtos.
07 · CIBJO
PREVENÇÃO DA CRIMINALIDADE NA OURIVESARIA
CIBJO CONGRESS 2012 Após a abertura do congresso mundial da CIBJO - The World Jewellery Confederation, que contou com 143 delegados de todo o mundo, incluindo Portugal, começaram os trabalhos das comissões setoriais discutindo regulamentos e resoluções relativas a matérias que dizem respeito à manufatura e comércio de joalharia, aos metais nobres e também aos materiais gemológicos, a saber diamantes, pérolas e pedras de cor. Na comissão das pedras de cor, o assunto mais debatido foi o da nomenclatura dos “glass filled rubies” (traduzido literalmente, rubis preenchidos com vidro). Em virtude da, por vezes, imensa quantidade de vidro que estes produtos contêm, muitos laboratórios gemológicos e agentes de mercado referem-nos como “composite ruby” (rubis compostos). Todavia, esta designação foi considerada como incorreta, recomendando-se que se mantenha a que está vigente no Livro Azul da CIBJO, ou seja, que o tratamento seja descrito como “lead glass filled open fractures and cavities” (preenchimento de fraturas e cavidades com vidro de chumbo”, sendo o vendedor recomendado a indicar que o material requer cuidados especiais (special care). Um dos aspetos relevantes destes materiais é o fato de, em certos casos, consistirem em pedaços de rubi agregados com o tal vidro, desintegrando-se se submetidos a ácidos, não sendo, portanto, estáveis. A discussão em torno da harmonização de uma designação inequivoca que represente o material tal como ele
é será objeto de discussão futura entre os membros do setor. Uma outra matéria interessante foi a da eventualidade de se ter que redefinir o conceito de jade em virtude da existência abundante de um mineral, a omphacite, invariavelmente classificada como jadeíte e, porconseguinte, como jade. Mais sobre esta matéria será eventulmente colocado à consideração da comissão de pedras de cor na preparação para o próximo congresso. Nas comissões de diamantes e pérolas, não houve discussão acesa sobre temas em concreto, tendo as reuniões sido basicamente centradas nas alterações ao Livro Azul (Blue Book) e na harmonização das suas estruturas para uma melhor consistência de conteúdos e definições gerais. Uma das matérias que irá dar que falar é a criação de um grupo de trabalho para a apreciação de um sistema de classificação de pérolas de cultura. A grande variedade de pérolas de cultura no mercado, tanto as de água-doce como as de água-salgada (incluindo akoya, mares do sul e tahiti), e, dentro destas, as que apresentam núcleo e as que não o têm, é já de si matéria de grande complexidade para a harmonização de um sistema de classificação. Este grupo de trabalho irá começar pela definição dos critérios e da forma fácil de os poder comunicar com o consumidor e, presumivelmente, estabelecer critérios diversos para cada tipo de pérolas de cultura.
Um dos temas que foi mais bem aceite pelos delegados dos países com representação na CIBJO foi o da segurança. A atual situação económica de crescente instabilidade e preço dos metais nobres, em especial do ouro, têm sido entendidos como responsáveis pela crescente onda de assaltos e roubos, não só em Portugal, mas também, ao que foi aqui apresentado, por todo o mundo. Nesse sentido, a CIBJO Association Executives’ Networking Commission (CAENCOM), comissão que reúne executivos das associações, organizou um importante seminário sobre segurança no setor. O orador principal foi John Kennedy, Presidente da Jewelers’ Security Alliance dos Estados Unidos da América, com uma apresentação sobre os crimes contra o setor naquele país, mostrando que se registou uma quebra de metade em relação à última década. Apontou as carências que, nesta matéria da segurança, se registam em muitos países e na falta de articulação entre agências e sector e, também, uma política estratégica para combate e prevenção deste tipo de crimes. A delegação portuguesa, liderada pela secretária-geral da AORP - Associação da Ourivesaria e Relojoaria de Portugal, Fátima Santos, esteve muito atenta a esta importante reunião e à discussão que se lhe seguiu entre membros de todo o mundo. A CIBJO ao reconhecer a importância e urgência do problema, de contornos complexos e repleto de idiossincrasias regionais, dedicou aos delegados esta tarde de discussão nestas matérias para promover a procura de soluções e estratégias para a minimização do problema que, além dos óbvios prejuízos e riscos que acarreta, também tem estado por detrás do aumento dos custos com seguros e afins neste setor. Daqui irá resultar certamente algo de concreto, agora que existe uma plataforma de discussão e partilha de experiências sob a égide da CIBJO.
08 · INHORGENTA 2012
POR DANUTA KONDEK
DK - O talento não conhece nem limites, nem distância, nem idade, nem sexo, nem crenças ou outros condicionalismos. E a Ana é um exemplo vivo da força de sonho tornada realidade. Como foram os seus inícios em Portugal? AR - Quando cheguei Portugal, o país desfrutava da expectativa de ingressar no euro. Havia uma atitude protecionista em relação ao trabalho disponível para estrangeiros. Este foi o meu primeiro choque! Filha de um imigrante português e de uma brasileira, com nacionalidade portuguesa, mas com forte sotaque brasileiro, não esperava ser considerada tão estrangeira. A procura de trabalho, revelou-se infrutífera, pois era preciso falar português europeu. Com um MBA em finanças na mão, mas vivendo em cidades pequenas e acompanhando a carreira profissional do meu marido, senti a necessidade de encontrar outras alternativas e de um caminho para a minha própria expressão. E decidi mudar do rumo. Dentro da oferta limitada que havia na época, a opção pelo curso de Estilismo na Academia de Moda, no Porto, pareceu-me uma oportunidade para esta mudança. E assim começou o meu caminho artístico. Após 2 anos de formação, ao preparar a coleção para o trabalho de final de curso, reparei que faltavam os acessórios que deveriam complementar a obra. Decidi criar colares com peças de cerâmica e pedras brasileiras, o que hoje seria ao estilo Boho Chic. DK – Então o início da relação com a bijuteria e joalharia foi um feliz acaso? AR - A experiência com a cerâmica levou-me a frequentar diversas formações, no CEARTE, IEFP e em Florença (Itália), no Studio Giambo. Durante alguns anos, houve uma dedicação integral à criação de acessórios de moda e a cerâmica, tendo partici-
pado em várias edições das Feiras de Milão e de Florença. O que me levou à joalharia, inicialmente, foi a ideia de aprender a trabalhar com metais preciosos para valorizar os trabalhos que fazia. Acabei por me apaixonar por esta arte que exige grande dedicação, tendo frequentado a Engenho & Arte Escola de Joalharia Contemporânea e posteriormente a Contacto Directo Escola de Joalheiros. Seguiram-se diversos cursos com a finalidade de complementar a formação nesta área tão desafiante, que na verdade considero que a formação é contínua. DK – Sim, mas o hiato entre a fase da formação e a vida profissional é grande e os seus primeiros passos profissionais nesta área tiveram de ser muito firmes, porque a realidade profissional não é fácil. AR - Nesta época, não tinha ideia das dificuldades que iria encontrar do ponto de vista profissional. Embora esta seja uma formação caríssima, o facto de terminarmos o curso não nos habilita a exercer a profissão. A maioria dos alunos, desconhece que ao terminar o curso, estará impedido legalmente, de comercializar as suas peças, uma vez que é necessário obter primeiro a marca da Contrastaria, que em Portugal é obrigatória. Este é um assunto tabu nas escolas, os formadores não transmitem nenhuns conselhos sobre esta matéria. Não há informação disponível, nem boa vontade. O processo é longo e requer uma licença industrial. A aceitação pelos setores mais conservadores da ourivesaria, também é outra questão com a qual se deparam os novos designers. Trabalhei vários anos projetando somente as peças de joalharia, mas não as podia comercializar com a minha marca. DK – Finalmente agora, em Março obteve o punção – Parabéns! Principalmente nestes tempos é muito importante pensarmos
pela positiva e dinamizarmos tudo à nossa volta. Por isso é de valorizar o seu caminho contra a tendência e perseguir o seu sonho. AR - Com a crise que o setor atravessa em Portugal, é importante compreender que é possível gerar mudanças a partir de uma sinergia entre a joalharia contemporânea e a experiência e conhecimento de quem já lá está há muitos anos. É importante gerar parcerias, mas também partilhar conhecimento, hábito que vejo muito pouco desenvolvido entre os profissionais desta área. Sem isso, não vamos a lugar algum, pois competimos com outros países como Reino Unido, que tem dado grande suporte à ourivesaria, procurando valorizar o novo sem descurar da área mais tradicional, apoiando novos talentos e estimulando a troca de ideias com o setor industrial e criando novas parcerias. Quem trabalha num atelier, tem muitas dificuldades em aceder às novas tecnologias, que noutros países estão à disposição dos profissionais da área. Corte e soldas laser, prototipagem rápida, também não são incompatíveis com os nossos trabalhos.
04 · IBERJOYA 2011
DK – Curioso, identifico na sua abordagem um convite a parcerias com industriais do setor. AR - O fato de ser um trabalho artístico não faz com que tenha de ser sofridinho! Se eu apresento uma coleção numa feira, não é suposto atender as encomendas, utilizando os métodos manuais para tudo, principalmente se trabalhamos com a prata, como ocorre hoje em dia. Torna o trabalho caríssimo além de muitas vezes inviável. Isto não significa corromper o trabalho. É preciso bom senso! Nesta questão, estou certa de que poderiam ser desenvolvidas boas parcerias. Por diversas vezes, precisei de corte a laser, perguntei a um revendedor das máquinas laser, se me poderia indicar alguém que pudesse disponibilizar este serviço, certa de que haveria interesse em disponibilizar esta nova tecnologia. Surpresa, fui confrontada com respostas vagas e não consegui obter a informação. Perguntar a alguém onde fez uma formação ou onde obter determinado serviço é assunto tabu? DK – De fato, toca aqui num ponto crucial da cultura colaborativa, que é pouca, mas que poderia significar interessantes negócios para diversas empresas. Principalmente nos tempos que vivemos, temos de criar ainda mais sinergias, não acha? AR - Penso que seria mais lucrativo para todos. Os profissionais do setor muitas vezes queixam-se de falta de trabalho, mas por outro lado resistem a novas parcerias. DK – As suas criações, classificadas como joalharia contemporânea dE autor E a vida e força próprias. Quais são as suas linhas de força?
AR - A joalharia contemporânea, para além de um meio de expressão do autor, tem também o papel de questionar, provocar e permitir-nos lançar um olhar desprovido de preconceitos a materiais pouco usuais e a utilização de novos conceitos. Acho fantástico que uma peça de joalharia feita com pasta de papel, por exemplo, encontre lugar num museu como o Victoria&Albert Museum.
acesso às clientes do outro hemisfério. No Brasil, tendo em conta os futuros Jogos Olímpicos e o Campeonato de Futebol a decorrer nos próximos anos, estima-se um acréscimo de consumo significativo, assente no desenvolvimento económico do país e do volume de turistas esperado. Este consumo vai se manifestar em várias áreas e espero que se traduza também nas vendas de joias. O design brasileiro tem uma expressão e o reconhecimenDK – Para além de, naturalmen- to internacional muito grande e espero te, do seu carÁter artístico, o poder beneficiar também de alguma que diferencia as suas joias? sinergia nesta matéria. Como vivo na Europa pretendo não AR - Procuro incorporar ao meu descurar o mercado europeu e por trabalho, a laca japonesa, o vidro, a isso tenciono participar em junho/jucerâmica e outros materiais. Acho esta lho na feira ECLAT DE MODE em Paris, mistura importante, pois é preciso onde os meus produtos serão exposdesmitificar o “precioso”. tos numa amostra coletiva no stand da É reconfortante olhar para os mateAORP. riais e compreender que tudo merece uma outra oportunidade e que a natu- DK – Muito obrigada, Ana. Dereza nos fornece um infinito leque de sejo-lhe um bom futuro, cheio recursos onde a joia além de adornar de momentos de satisfação e o corpo, expressa as nossas opções, sucessos. crenças e afetos. Feminina, dinâmica, independente e www.anaramalho.com romântica é esta a mulher que escolhe as minhas peças. Aprecia os detalhes e expressa sua personalidade através dos acessórios. Gosta de ser reconhecida pelo seu estilo e passar a mensagem que a identifica com a sua “tribo urbana”. Pode ter qualquer idade, raça cor ou credo. Faço peças que são usadas por pessoas com estilo, que se sentem bem na sua pele, independente do lugar onde vivam. DK: Que planos está a traçar para o futuro? Neste momento estou de viagem para o Brasil, onde tenho agendado alguns contatos com a finalidade de internacionalizar as minhas peças e construir a melhor estratégia para apresentar a marca. É um projeto que esta a ser desenvolvido e felizmente que nem todo o mundo está em crise como a Europa, pois assim posso ter
10 · POPS SERRALVES
sERRALVES MAIS UM ANO A PROMOVER PROJETOS ORIGINAIS PORTUGUESES, com a categoria de joalharia de autor pela primeira vez, a concurso
No passado dia 3 de maio foram conhecidos os quatros projetos vencedores da 4ª edição dos POPs - Projetos Originais Portugueses. Na categoria de Acessórios Pessoais, a vencedora foi a autora Branca Cuvier, criadora da marca Baguera, com a coleção de clutches Vectory. Esta linha une elementos do design com a moda para criar um acessório único e inovador que personifica a mulher do séc XXI. Andreia Rollot Miguel ganhou na categoria Joalharia de Autor pelo conjunto de todas as suas peças de joalharia levadas a concurso. Uma da coleções apresentadas pela designer chama-se lentilhas d’agua e é a recriação de um lago de lentilhas d’água (lemna minor) inspirada por uma fotografia de Stephen Dalton. Nos Objetos de Decoração, o criador Nuno Vasa foi distinguido pelas propostas Estendal - objeto para espaço interior, reproduzido em alumínio, que torna possível suspender a roupa em vários pontos fixos, e Clip Books um grampo de Marceneiro com pequenas alterações que é utilizado para testar, fixar e unificar elementos. Na quarta e última categoria, Mobiliário, Danilo Olim foi o vencedor com o projecto #17, uma estante apresentada em forma de placa com prateleiras de arrumação independente. Foram ainda distinguidas exequo com o Prémio Promessa, a autora Susana António com “Fruteira” e Ana Dacos-
Mariana Mesquita, Patrícia Fernandes e Filipe Lucena, In-finito ta com as legwears “Polainas”. Este Prémio reconhece o trabalho das duas designers e pretende realçar o potencial dos projetos. O júri entendeu ainda atribuir um Prémio Sponsor, a Francisco Providência reconhecendo assim o seu percurso de anos de trabalho na área do design e da criatividade. Na atribuição dos prémios o júri teve em conta fatores como a criatividade, a originalidade e a sustentabilidade comercial. De referir que o júri foi constituído por Mariana Graça da Parfois, Manuel Alcino da AORP, pelos criadores Paulo Lobo e Paulo Cruz, por Joana Queiroz Ribeiro da Unicer e por Odete Patrício da Fundação de Serralves.
A Mostra que reúniu os 35 finalistas dos POPs aconteceu de 27 de abril até 13 de maio em Serralves.
11 ·POPS SERRALVES
Apresentação Andreia Rollot Miguel com o Manuel Alcino, presidente da AORP, e Fátima Santos, secretária geral AORP
12 12 路路 POPS FADO SERRALVES
Ana Dacosta, Polainas
mo.ca., Candeeiro de Cart茫o
Maria Landeau, Lampstories
Baguera, Vectory
Baguera, Vectory
Joana Mota Capit茫o, Space Invaders
13 · ANDREIA ROLLOT MIGUEL VENCEDORA POPS
VENCEDORA POPs SERRALVES 2012 na categoria de joalharia DE AUTOR Tem 36 anos, nasceu em Lisboa e afirma hoje saber o que quer ser quando for grande. Seguiu um percurso académico na área das línguas estrangeiras, francês e inglês, que adorou estudar e pelo qual a fez dar aulas durante os últimos 15 anos. Contudo sempre teve uma vontade natural, quase como que uma necessidade absoluta, de manipular materiais e ferramentas. Aprender, experimentar e reinventar são ações que sempre fizeram parte da Andreia. Em diferentes momentos e por ordem cronológica usou o crochet, o tricot, a costura, a bijuteria, a escrita criativa, a pintura e o desenho como formas de expressão da sua criatividade. Afirma que sempre que aprende uma nova técnica ou descobre um material, pensa automaticamente noutra potencial utilização.
NOME - Andreia Rodrigues Rollot Miguel IDADE - 36 anos NATURALIDADE Nossa Sra. de Fátima, Lisboa PERCURSO ESCOLAR Licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, Estudos Franceses e Ingleses (1997, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) Licenciatura em Ramo de Formação Educacional em Línguas e Literaturas Modernas, Estudos Franceses e Ingleses (1999, FLUL) Curso Profissional de Técnico/Designer de Joalharia (2011, Contacto Directo) PROFISSÃO Designer de Joalharia e de Objetos Decorativos SITE www.andreiarm.ultra-book.com
Explique-nos como entrou no mundo da ourivesaria. Em 2000, descobri a Contacto Directo em Lisboa, e fiquei sempre com a sensação de que aquele espaço ia ser muito importante para mim. A minha vida pessoal e profissional manteve-me afastada de Lisboa durante os 7 anos seguintes, e só em 2008, tomei a decisão de voltar a estudar. Após alguma indecisão entre a escultura e a joalharia (para mim, e numa visão muito simplista, é uma questão de escalas), fiz a minha escolha. Lembro-me bem do meu entusiasmo no primeiro dia de aulas: um mundo inteiro de ferramentas novas para descobrir e mal podia esperar por as pôr a falar com a minha imaginação. O que a fez concorrer aos POPs? Já não é a primeira vez que participo
em concursos na área e tem sido uma excelente forma de testar e divulgar as minhas criações. Quando se quer trabalhar no espaço criativo, é preciso ir mais longe, sair da zona de conforto e arriscar. É fundamental perceber se quem vê o nosso trabalho pela primeira vez, consegue ler nele a sua marca pessoal. Os POPs aparecem neste contexto e com outras vantagens como a divulgação na imprensa e a possibilidade da criação de parcerias com outras empresas no setor. Ter a AORP como mentor do prémio na área da Joalharia de Autor confere ainda mais valor a esta competição. É todo um investimento que se faz e em que se aprende muito. Acaba por se passar por todas as etapas: desde a criação e conceptualização dos produtos, à organização de informações sobre eles, ao marketing e à sua promoção, até à apresentação final ao público-alvo, há um processo que nos permite criar um afastamento do objeto enquanto criação artística. O que é fundamental quando o objetivo final é a sua comercialização. Qual é o fator que distingue os seus produtos de outras ofertas existentes? Desde que abracei a joalharia e o design como projetos de realização pessoal e profissional, um fator constante tem sido o de conseguir surpreender os meus diferentes públicos com a originalidade das minhas peças. A leitura que faço do mundo que me rodeia, não é simplesmente imitativa e figurativa. Interpreto e recrio o que vejo e sinto. Alimento constantemente a minha criatividade estando atenta ao que se passa no mundo à minha volta. É frequente deixar-me encantar por detalhes que para mim são surpreen-
dentes, como é o caso das lentilhas d’água (lemna minor). Apercebi-me realmente da sua existência através de uma fotografia de natureza que me tomou de assalto. Num instante tinha o esboço de um anel, já com a ideia de que as lentilhas tinham de se mover tão subtilmente como o fazem no seu meio natural. Projetos futuros? Quero criar coleções com um caráter mais comercial para outras empresas já cimentadas no mercado. E, em simultâneo desenvolver peças mais conceptuais para concept stores e galerias. Pretendo também continuar a participar em exposições e concursos. A divulgação o meu trabalho ao nível internacional é já um passo agendado. Penso que é também fundamental continuar a apostar na formação. Uma das aprendizagens que me surge como um complemento necessário num futuro mais próximo é o desenho em 3D. Pretende criar uma iniciativa empresarial? Considero a possibilidade de vir a desenvolver uma marca própria no espaço de um a dois anos. Tem de ser um projeto bem ponderado e desenvolvido. De que forma acha que o POPs a poderá ajudar neste caminho. Os POPs surgem neste meu novo percurso como um elo de ligação com o mercado de trabalho. Penso que daqui poderão surgir novos desafios e aguardo expectante por eles.
14 · TENDÊNCIAS FALL WINTER 2012-2013
Outono e inverno 2012-2013 foca-se na criatividade e diversidade com uma Nova visão sobre feminilidade permitindo A cada mulher revelar e afirmar A sua própria identidade. Extremo Oriente explora elegância e requinte, gráfico moderno tem uma abordagem dinâmica, com linhas duras, O ROMÂNTICO misterioSO exala A sofisticação, e fantasia louca é tudo sobre criatividade e excentricidade. CADERNO DE TENDÊNCIAS ECLAT DE MODE, BIJORHCA.
ORIENT EXTRÊME
CRAZY FANTAISIE
Um tema que celebra a iconografia rica da Ásia, desde o Japão até à China. Uma nova tendência inspirada na mulher Oriental, sedutora e elegante.
Um tema colorido, cheio de humor e com ilustrações de narrativas peculiares, um mundo figurativo, para uma mulher diferente, fora do convencional que mistura estilos para criar o seu próprio look.
SILHUETA: O padrão dos casacos japoneses, mais conhecidos como Kimonos, com jogos modernos. MATERIAIS: - metal dourado - laca - esmalte - madrepérola - aparas - pérolas JOALHARIA: - Longa sequência de pérolas com pingentes figurativos (dragões, pavões) - Colar de fita de cetim com flores japonesas - Gargantilhas bordadas - Escrava de esmalte com motivos asiáticos - Estilo Origami - pulseira e anel 3D
SILHUETA: Uma mistura e combinação de diferentes materiais e padrões.
DARK ROMANTIQUE Um tema soturno, misterioso inspirado por contos góticos, por uma heroína romântica encantadora. Silhueta: Calças em veludo e casaco de pele brocado. Materiais: - renda - veludo - pele - couro - penas - brilhantes - malhas - retrosarias Joalharia: - Escravas em metal e cristais em bruto - Cruzadas ou correntes - Escravas rendilhadas e de couro - Anéis de caveiras - Alfinetes XL
MATERIAIS: - resina - crochê - tela colorida - pêlo e pele - padrão “millefiori” - vidro - brilhantes - papel JOALHARIA: - Colares de formato grande misturando diferentes materiais e formas - Escravas empilhadas feitas com materiais reciclados - Anéis com colagens com motivos fora do comum a partir de pequenos elementos.
MODERN GRAPHIC Um tema contemporâneo com estruturadas linhas gráficas, para um visionário, mulher ultra fashion com um estilo de vestir urbano. SILHUETA: Silhueta com volumes de proteção, leggings por baixo de vestidos com motivos gráficos. MATERIAIS: - neopreno - corda - couro fundido, envernizado, lacado - metal prateado, metal lacado - vinil - resina - rhodoïd - esmalte - pasta matte JOALHARIA - Gargantilha assimétrica - Colar de corrente e corda compridos - Escravas largas ligadas com Plexi - Anel geométrico 3D
15 · PORTOJÓIA 2012
EXPONOR recebe Feira Internacional de Joalharia, Ourivesaria e Relojoaria de 19 a 23 de setembro
PORTOJÓIA Design procura o elo entre espírito e matéria… Estudantes de joalharia têm dois meses de criatividade extra pela frente, na tentativa de corporizar a “Alma Lusa” O desafio é do tamanho da…humanidade. Mas, mesmo assim, a organização da 23.ª edição da Feira Internacional de Joalharia, Ourivesaria e Relojoaria decidiu abraçá-lo. E adotou-o como conceito inspirador da 8.ª edição do concurso PORTOJÓIA Design. “Alma Lusa” é o tema da iniciativa que volta a desafiar a criatividade dos estudantes e formandos de design de joias na conceção de peças de adorno pessoal e decorativas. «Ao longo de séculos de história, de perdas e de vitórias, o povo português foi desenhando o seu bilhete de identidade, os seus desejos e concretizações. A força de uma consciência coletiva deu lugar a um espírito, a um caráter, a uma cultura, enfim, à Alma Lusa. Mas, o que é a Alma Lusa? Quais os elementos marcantes que um criador de joias vê no conceito e como pode corporizá-los numa peça de joalharia e/ou ourivesaria?» - eis como a equipa de trabalho da PORTOJÓIA entalha a nova temática naquele que é o momento de maior exposição e notoriedade do setor em Portugal, tendo por palco a EXPONOR – Feira Internacional do Porto, de 19 a 23 de setembro. Os formandos de joalharia e ourivesaria terão, assim, ainda cerca de dois meses de originalidade inventiva e trabalho extra pela frente, a pensar no horizonte compreendido entre 25 de junho e 6 de julho – quando devem ser entregues as candidaturas. O “passaporte” para a distinção no concurso precisa de quatro “carimbos”
fundamentais: adequação ao conceito proposto; criatividade (design, contemporaneidade e inovação), potencial comercial (custo de produção versus preço de venda) e viabilidade para produção industrial. São estes os critérios de avaliação. Eleito por um júri qualificado, o vencedor verá o seu protótipo produzido depois de analisadas a viabilidade industrial e comercial. A venda da peça caberá – em exclusivo – à empresa parceira da iniciativa (a Fernando Rocha Joalheiros), a qual, durante cinco anos, pagará ao criador o correspondente a cinco por cento sobre o preço de venda à saída da fábrica. Para além deste aliciante, a pessoa em causa é convidada a participar gratuitamente na feira do ano seguinte, no Espaço Criadores. Será o caso de Joana Andresen, que, enquanto aluna da Contacto Directo – Escola de Joalheiros, foi a vencedora do PORTOJÓIA Design do ano transato, com uma versão contemporânea, em filigrana, do conhecido coração de Viana do Castelo (foto em anexo). A iniciativa tem assumido um papel de relevo no programa de manifestações complementares ao certame. É, inclusivamente, vista por muitos como um balão de ensaio nas primeiras abordagens dos futuros profissionais ao mercado de trabalho, ao mesmo tempo que vai revelando novos talentos.
Sofia Soares Gomes, Carolina Santa, Cristina Sofia Rocha e Joana Santos) representados numa seleção de peças de autor, especialmente organizada a pensar na PORTOJÓIA. Diversificadas linguagens estéticas, mas um denominador comum, para além dos respetivos percursos formativos terem cruzado a ESAD: todos eles nasceram na década de 80 do século XX. The Precious 80’s em perspetiva, através da arte em forma de joias… Momento onde se iniciam e fecham os grandes negócios da atividade e fórum de conhecimento, tendências e novidades, a PORTOJÓIA voltará a
ESAD em campo com seleção… O talento conhecerá, aliás, diferentes facetas durante os cinco dias de feira. A mão da Escola Superior de Artes e Design de Matosinhos (ESAD) imprimirá, só ela, 10 talhes diferentes – tantos quantos os jovens criadores (Joana Ribeiro, Lia Gonçalves, Diana Santos Coelho, Inês Costa Araújo, Carolina Brose & Romeu Bettencourt, Miguel Sereno,
www.portojoia.exponor.pt
evidenciar as formas singulares que, ano após ano, o saber e o fazer portugueses incutem ao trabalhar os metais nobres e as pedras preciosas. Como se de uma gema se tratasse, que recebe os primeiros talhes após a clivagem de partida, o acontecimento-ícone do setor cresce sempre da mesma estrutura, mas adquire – uma e outra vez - polimentos à medida. Voltará a ser assim na 23.ª edição, graças às 160 empresas que, em média, ao longo dos últimos cinco anos, mostram o melhor do setor ao mercado, na EXPONOR.
16 · PRATAS VALORIZADAS EM LEILÕES
ARTEFATOS EM PRATA ARREMATADOS EM LEILOEIRAS NO ESTRANGEIRO Compradores apreciam peças de ourivesaria em prata portuguesas Cada vez mais as peças em prata recebem reconhecimento enquanto produtos de enorme valor artístico em leilões realizados um pouco por todo o mundo, considerando-se desta forma boas apostas como reserva de valor. São disso exemplo as peças de ourivesaria do ourives português Luiz Ferreira, que atingiram um valor recorde na leiloeira Drouot, em Paris, no passado mês de maio. Um veado em prata, fez história na maior montra internacional, ao ser arrematado por 140 mil euros, um recorde num espaço onde estavam a ser leiloados trabalhos da Cartier, da Tiffany, Chopard e Boucheron. Outras onze peças do mesmo ourives foram
vendidas nesse leilão, todas muito acima da base de licitação e algumas por um valor vinte vezes maior. Estas peças de arte absolutamente inquestionável e de valor elevado, são fruto de um trabalho totalmente artesanal de elevadíssima qualidade. As peças não têm só o valor do metal precioso mas também do trabalho aplicado e do design inovador. O processo base da transformação da prata por trás destes artefatos conta com seis operações básicas: fundição, corte, soldadura, montagem dos diversos componentes da peça, cinzelagem e, finalmente, o processo de acabamentos manuais, que são únicos e muito valorizam estas peças. O resto é mérito do autor.
17 . FILIGRANA 04 · IBERJOYA PORTUGUESA 2011
A produção das primeiras peças de Ourivesaria em Portugal surge em plena Idade do Cobre, quando se começou a explorar as primeiras jazidas locais. A introdução das técnicas da fundição e soldadura que surgem na Idade do Ferro, em conjunto com a invasão da Península Ibérica de culturas centro-europeias através dos povos fenicos, contribuem de forma decisiva para a introdução da filigrana nesta península. A região noroeste de Portugal surge como região privilegiada para o desenvolvimento de filigrana no pais. Tal fica-se a dever à riqueza aurífera desta região. Os romanos atraídos por esta riqueza estabelecem importantes explorações mineiras em Gondomar, Paredes, Chaves e Vila Pouca de Aguiar. A Cultura castreja, no que respeita ao adorno, promove a criação de objetos na forma de crescente lunar: colares, pulseiras e arrecadas. Ao longo do século XVIII foi-se desenvolvendo o conceito de independência da filigrana, até aí geralmente associada ao adorno de peças de ouro. Foram desenvolvidas peças constituídas integralmente de filigrana, as quais ainda hoje se encontram associadas à
“Filigrana Portuguesa”. Paralelamente foi também desenvolvida a tecnologia de fio torcido que contribuiu para o fortalecimento do processo de enchimento assim como para o aumento da riqueza e exuberância das peças.
CARLA SOLHEIRO DESIGNER Apresenta projeto em filigrana Carla Solheiro, uma das fundadoras da recente escola sediada no Porto, Alquimia Lab, apresentou-nos no passado dia 9 de Junho. o seu trabalho “Hoje sinto-me nua” na 1ª Conferência Ibérica de Ourivesaria. Este é um dos exemplos de como se pode usar filigrana nos nossos dias, a contemporaneidade das peças aliam a filigarna ao tradicional. O objetivo do projeto é trazer para fora partes importantes do corpo da mulher, o útero como uma forma de criar vida, e “os ombros sobre os quais carrego o peso”, explica a autora.
18 · SOFTWARE DE FATURAÇÃO
ALARGADO O UNIVERSO DE CONTRIBUINTES COM OBRIGATORIEDADE DE UTILIZAÇÃO DESTES PROGRAMAS
Concluída a fase de certificação da maioria dos programas de faturação, o Ministério das Finanças veio, recentemente, reforçar este instrumento de combate à fraude e evasão fiscal, alargando progressivamente o universo de contribuintes que, obrigatoriamente, devem utilizar programas certificados como meio de emissão de faturas ou documentos equivalentes e talões de venda. Definiu, também, as regras que os equipamentos ou programas informáticos não certificados devem observar na emissão de documentos entregues aos clientes, quando se trate de contribuintes não abrangidos pela obrigatoriedade de utilização de programas certificados de faturação. Quais as principais alterações? De acordo com o artigo 2º da Portaria n.º 363/2010, de 23 de junho, com a redação dada pela Portaria nº 22-A/2012, de 24 de janeiro, todos os sujeitos passivos de IRS ou IRC, com as exceções constantes do nº 2 do artigo 2º, passam a estar obrigados a utilizar, exclusivamente, um programa da faturação certificado. Deixa, portanto, de ser possível, após 1 de abril de 2012, o uso de máquina registadora ou a faturação manual emitida em documentos impressos por tipografias autorizadas, passando a sistema universal de faturação, a utilização do programa certificado. Isto é, com esta nova portaria, a lei pas-
sou a impôr a utilização de programa certificado como forma exclusiva de emissão de faturas ou documentos equivalentes e talões de venda. Esta obrigatoriedade de utilização de programa certificado vigora a partir de 1 de abril de 2012 para sujeitos passivos com volume de negócios superior a € 125.000,00 e a partir de 1 janeiro de 2013 para os sujeitos passivos com o volume de negócios superior a € 100.000,00. Os sujeitos passivos que utilizem programas multiempresa ou que optem pela utilização de programa informático de faturação estão, em qualquer caso, obrigados a utilizar programa certificado, exceto se, diretamente ou através de empresa do mesmo grupo económico, forem titulares dos direitos de autor do programa utilizado. Quem está sujeito às novas regras? 1. Todos os sujeitos passivos de imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS) ou de imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas (IRC) que não reúnam os requisitos de exclusão. 2. Os sujeitos passivos que utilizem programa de faturação multiempresa (v.g. gabinetes de contabilidade que disponibilizam a vários clientes o mesmo programa de faturação). 3. Os sujeitos passivos que optem, a partir de 1 de abril de 2012, pela
utilização de programa informático de faturação, mesmo que reúnam condições de exclusão. Quem está excluído da obrigatoriedade de utilizar um programa certificado? Excluem-se os sujeitos passivos mencionados no ponto 1 anterior que reúnam algum dos seguintes aspetos: - Utilizem software produzido internamente ou por empresa integrada no mesmo grupo económico, do qual sejam detentores dos respetivos direitos de autor; - Tenham tido, no período de tributação anterior, um volume de negócios inferior a € 100.000,00, sendo que este limite é de € 125.000,00 até ao final do ano de 2012. - Tenham emitido, no período de tributação anterior, um número de faturas, documentos equivalentes ou talões de venda inferior a 1000 unidades, - Efetuem transmissões de bens através de aparelhos de distribuição automática ou prestações de serviços em que seja habitual a emissão de talão, bilhete de ingresso ou de transporte, senha ou outro documentamos pré-impresso e ao portador comprovativo de pagamento. Bastará para isso, que apenas uma destas condições se verifique para que o utilizador/sujeito passivo esteja dispensado.
19 . DESIGNER NATALIE SMITH
ASSEMBLEIA GERAL APROVA RELATÓRIO E CONTAS DE 2011 No ano que antecede o final do mandato dos atuais órgãos sociais, a direção da AORP, conseguiu apresentar o tão esperado equilíbrio financeiro. Esta é a primeira vez, em mais de quinze anos, que a AORP apresenta um resultado positivo. Em contexto económico claramente adverso, a AORP consegue otimizar os seus recursos e investir no desenvolvimento de políticas sustentáveis, que permitem atingir equilíbrio na gestão da AORP, mas também o benefício das empresas associadas que ao participarem nos programas criados, conseguem modernizar os seus negócios. As contas que se apresentaram relativas ao exercício de 2011, e que foram aprovadas por unanimidade, pela assembleia geral no dia 19 de abril, refletem assim, de forma clara a trajetória que se imprimiu nos últimos anos na vida da Associação e que permitiu estancar definitivamente o processo de erosão que conduziria à exaustão económica e financeira pela sucessão de explorações negativas que corroíam o património e, consequentemente, a capacidade de execução das tarefas e desígnios que competem à AORP. O bom aproveitamento dos programas a que a AORP teve acesso e uma gestão rigorosa não apenas desses programas mas também de todo o quotidiano associativo, permitiu a inversão da caminhada e o início da recuperação estrutural que possibilitará a concretização dos anseios e a participação na resolução dos problemas que afetam particularmente o comércio e a indústria cuja representatividade foi confiada aos órgãos socias. Relatório e Contas: Disponível em www.issuu.com/aorp/docs
20 · NUMEROLOGIA
2.032
toneladas de ouro. foi o valor aproximado da procura de metal por parte da indústria mundial de joalharia durante todo o ano 2011, +0,8% do que em 2010. (Fonte: Thomson Reuteurs GFMS)
7,5%
é o aumento do consumo mundial de joalharia em ouro por (1.037 toneladas, no primeiro semestre de 2011). Na Índia o aumento foi 13%, na China pouco mais de 20%, quase tudo relativo à joalharia de 24 kt. No mesmo período, os investimentos em ouro cairam 24%. (Fonte: Thomson Reuters GFMS)
2,3
milhares de euros. É o valor estimado pelo mercado dos bens de luxo no Brasil com um crescimento grande: +45% por ano entre o período de 2003-2011. No entanto, o grande problema permanece, as grandes tarifas são o verdadeiro obstáculo para aqueles que pretendem exportar para lá, visto que o peso médio é de 35%.
1.838,51
dólares/onça era a cotação do ouro em setembro de 2011, valor máximo atingido durante aquele ano.
6.258
licenças foram atribuidas pelo Departamento de Contrastarias da INCM, atribuiu 6258 licenças de retalhista de ourivesaria. Em 2010, este número tinha ficado apenas pelas 5291 licenças. Este aumento, deve-se em grande medida às licenças atribuídas às lojas de compra e venda de ouro usado.
519
milhões de Euros em ouro foi o valor exportado em 2011 em Portugal, o que corresponde a 13,7 toneladas, uma quantidade recorde desde 2000.
21 · BIBLIOTECA AORP
Contemporary Jewelry Art: Innovative Materials (Art & Design) editor Cypi
Drawing Jewels for Fashion by Vogue jewelry editor Carol Woolton (EDITORA PresteL)
Contemporary Jewelry Art apresenta o trabalho de mais de 40 jovens e brilhantes designers de joalharia de todo o mundo. O seu trabalho não se trata de luxo ou mesmo de permanência. Em vez disso, as obras focam-se sobre o uso mais criativo de materiais comuns, de baixo custo. O livro está organizado de acordo com os materiais utilizados, incluindo metal, cerâmica, pedra, madeira, peles, têxtil, plástico, sabonete, e borracha. A estética de cada peça, seja simples ou esculturalmente complexa, equilibra a perspetiva e visão única do designer com as restrições e possibilidades de cada material - da elasticidade do plástico para o peso sólido de pedra, prata e ferro. As entrevistas com os conceitos e os processos de cada trabalho criativo torna este livro num guia útil para todos, desde o designer de joalharia criado para o artesanal independente na esperança de entrar na indústria. Designers em destaque presentes no livro: Hanna Hedman, Mari Ishikawa, Iris Bodemer, Karl Fritsch, Marina Messone, Annika Pettersson, Maria Cristina Bellucci, Mirla Fernandes e Timothy McMahon.
ESTES LIVROS ENCONTRAM-SE DISPONÍVEIS PARA CONSULTA NA NOSSA BIBLIOTECA
Mais de trinta dos principais designers de joias internacionais abrem os cadernos e ateliers para revelar as inspirações por detrás do seu trabalho. Nesta coleção de ilustrações de moda de joias, o editor da Vogue Joias Carol Woolton extrai a essência dos designers mais criativos. Organizado tematicamente em torno dos temas da civilização, do mundo natural, arte e arquitetura, cultura e literatura, matérias-primas e história, este livro examina a relação entre desenho e design de joias e apresenta páginas pertencentes aos cadernos dos designers, as imagens dos quadros de humor, e fotografias das suas criações mais recentes. Incluindo entrevistas perspicazes e introspetivas com cada designer, o livro foca-se sobre o processo criativo e conta uma emocionante história de como uma ideia se transforma numa bonita, polida joia. Uma irresistível mistura de texto e apresentação visual, este livro apresenta o melhor da arte do design de joalharia.
22 · XX ENCONTRO PLE
PARLEMENT LYCÉEN EUROPÉEN
A Escola Artística de Soares dos Reis acolheu, entre os dias 17 e 20 de maio, o XX Encontro do PLE, uma associação de escolas europeias de Joalharia. Recebeu delegações de quinze escolas de sete países europeus: Grécia, Itália, Espanha, Portugal, França, Bélgica e Letónia, cada delegação constituída por dois professores e dois alunos. O PLE realiza anualmente um encontro numa das escolas associadas e das várias atividades que realiza, destacam-se os concursos de desenho e de joias, cujo tema é definido pela escola hospedeira. Este ano contou ainda com um concurso de power-point subordinado ao tema “20” em comemoração do vigésimo encontro. O tema proposto pela Soares dos Reis para o concurso de joalharia foi a Lei de Lavoisier: “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, propondo ainda o ouro popular português, com especial relevo para a Ourivesaria do Minho, como fonte de inspiração, numa perspetiva de procura e aplicação de novos materiais à
joalharia tradicional, na realização de um par de brincos. Os concursos tiveram a participação de todas as escolas presentes, com 58 peças de Joalharia, 35 desenhos e 6 power-point’s, tendo a Soares dos Reis obtido o primeiro prémio de Joalharia com os brincos de Joana Ribeiro, aluna do 12º do Curso de Design de Produto da especialização de Joalharia.
O ENCONTRO TEM COMO OBJETIVO O APROFUNDAMENTO DA COOPERAÇÃO EUROPEIA, O ENSINO E A APRENDIZAGEM DA JOALHARIA E AINDA O CONHECIMENTO DE UMA REGIÃO. www.essr.net
23 · SUGESTÕES
JEWELERS’ SECURITY ALLIANCE www.jewelerssecurity.org
SaferGems www.safergems.org.uk
ESTES SITES SÃO DEDICADOS EXCUSIVAMENTE À PREVENÇÃO DO CRIME NO SETOR DA OURIVESARIA NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA E REINO UNIDO, RESPETIVAMENTE.
O objetivo do Crafts Council é TORNAR o Reino Unido No melhor lugar para fazer, ver, colecionar e aprender sobre o artesanato contemporâneo. www.craftscouncil.org.uk www.artscouncil.org.uk
livro “Tesouros Privados: A Joalharia na Região do Porto (1865-1879)” autoria: Prof. Doutor Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, Professor Catedrático da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa