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Os caminhos de ferro europeus no futuro próximo - Danuta Kondek
from Revista APAT 131
by Apat
Os caminhos de ferro europeus no futuro próximo
Acabamos recentemente de acompanhar a viagem de 36 dias do “Connecting Europe Express” para promover os benefícios do uso de comboio, que começou a percorrer a União Europeia (UE) a 2 de setembro, desde Lisboa, e finalizou em Paris, a 7 de outubro, atravessou 26 países e 33 fronteiras, fez mais de 120 paragens e circulou em três bitolas diferentes ao longo do percurso. Este projeto teve por objetivo evidenciar a necessidade de uma ação conjunta para completar a Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T) - a rede de base até 2030, e a rede global até 2050. Segundo a comissária europeia dos Transportes, Adina Valean, o expresso é “um símbolo da conectividade” que serve como lembrete do trabalho que Bruxelas ainda precisa de fazer para “que os caminhos de ferro se tornem na opção de transporte preferida dos europeus”. Neste sentido, a Comissão lançou um convite à apresentação de propostas, no valor de sete mil milhões de euros, ao abrigo do Mecanismo Conectar a Europa (CEF, na sigla em inglês), para projetos que visem novas e melhoradas infraestruturas de transportes europeias. Um interessante projeto de “Euro Night Sprinter”, já apresentado pelo partido Verdes alemão, visa a criação de uma rede europeia de caminhos de ferro noturnos, que ligaria as principais cidades da Europa e as regiões turísticas, numa alternativa sustentável ao transporte aéreo, caro e não ecológico, que consiste em: • rede europeia que conectaria 200 e, no futuro, até 500 grandes cidades • ligações que seriam realizadas por moderno, silencioso, confortável e rápido material circulante com capacidade para atingir velocidades de até 250 km/h Um documento preparado pelo grupo Alliance 90/Verdes preconiza que “o comboio noturno, que para à noite em cinco grandes cidades e noutras cinco cidades novamente pela manhã, permite 25 ligações diretas, enquanto um único voo resulta em apenas uma ligação. Comboios noturnos, rápidos e confortáveis, poderão percorrer distâncias de 1.000 a 2.000 km. Com cerca de 40 desses longos percursos, será possível chegar a centenas de lugares em toda a Europa” – como poderemos ver no mapa. A rede europeia ligaria 200 e, no futuro, até 500 grandes cidades, resorts de média dimensão e regiões de férias. Algumas das rotas ofereceriam conexões diretas aos portos para permitir aos viajantes combinar o transporte por ferry para Maiorca, Córsega, Sicília e Santorini. Os partidos alemães afirmam que, como um país da UE com localização central, a Alemanha está predestinada a assumir um papel de liderança no desenvolvimento da rede europeia de comboios noturnos, e sugerem que a Agência Ferroviária Europeia (ERA) poderia criar um sistema de coordenação do tráfego ferroviário internacional que proporcionasse apoio na atribuição de traçados e na harmonização das regulamentações técnicas nacionais. O material circulante seria financiado pelo Banco Europeu de Investimento e o equipamento seria alugado a baixo custo para empresas de transporte ferroviário interessadas. A reserva de lugares para tal comboio seria feita por meio de uma plataforma eletrónica, comum a todos os países. “Os comboios noturnos só serão atrativos se os serviços que fazem a ligação com o comboio noturno puderem ser reservados com um único bilhete, para que, em caso de atrasos, os passageiros possam exercer o seu direito de escolher as ligações alternativas” – lê-se o documento elaborado pelos Verdes. Os autores do projeto propõem também aplicar tarifas com descontos aos comboios noturnos europeus. Para construir uma verdadeira rede europeia de comboios noturnos, é imperativo que a UE e os Estados-Membros, e acima de tudo a Alemanha, contribuam com o investimento e financiamento necessários. A rede desenvolvida de caminhos de ferro noturnos deve constituir uma alternativa ao pouco ecológico transporte aéreo. Na sua estratégia, os autores do projeto sublinham que o tráfego aéreo internacional goza atualmente de enormes vantagens fiscais e que, para que o transporte ferroviário seja acessível aos cidadãos europeus, os caminhos-de-ferro devem poder competir com a indústria da aviação em pé de igualdade. Boas perspetivas…
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Fontes: www.nightjet.com, Business Insider, www.iamexpat.de
Danuta Kondek Consultora, Formadora, Sócia Gerente da Funktor, Consultoria, Lda. danuta.kondek@gmail.com