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Maersk e MSC anunciam fim da 2M
from Edição 139
by Apat
A Maersk e a MSC anunciaram o fim da aliança 2M, com efeitos a partir de 1 de janeiro de 2025.
Num comunicado conjunto, a Maersk e a MSC anunciaram terem chegado a acordo sobre o fim da aliança que as uniu desde 2015.
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“A MSC e a Maersk reconhecem que muito mudou desde que as duas companhias assinaram o acordo por dez anos em 2015. Descontinuar a aliança 2M abre caminho para que ambas prossigam as suas estratégias individuais”, justificaram Vincent Clerc, o novo CEO da A. P. Moller-Maersk, e Soren Toft, CEO da MSC, no comunicado conjunto.
O anúncio veio confirmar os rumores que corriam no mercado e que foram ganhando intensidade à medida que a MSC se foi distanciando da sua parceira em termos de capacidade de transporte de contentores, e em função dos investimentos de ambos os grupos numa estratégia de integração vertical do negócio.
O fim da aliança 2M deverá ter influência, desde logo, nas dinâmicas dos principais mercados de shipping de contentores, mas também no desenvolvimento das duas outras alianças, a Ocean Alliance e a THE Alliance.
Curiosamente, o anúncio do fim da 2M acontece num momento em que a Comissão Europeia está a rever o CBER, o estatuto que isenta as alianças de shipping de contentores de algumas regras da concorrência.
Nove das dez maiores companhias de transporte marítimo de contentores do mundo comprometeram-se a utilizar exclusivamente BL eletrónicas (eBL) até 2030.
Já antes, as companhias-membros da DCSA (Digital Container Shipping Association propõem-se atingir, num prazo de cinco anos, uma taxa de penetração de 50% de eBL, suportada nos standards desenvolvidos pela DCSA.
Anualmente são produzidas cerca de 45 milhões de cartas de porte marítimo, e em 2021 apenas 1,2% correspondiam a cartas de porte eletrónicas.
O objetivo é ambicioso, mas importa não esquecer que as companhias associadas na DCSA representam, juntas, mais de 70% da capacidade de transporte mundial de contentores por via marítima.
De acordo com a DCSA, a transição da BL em papel para um ambiente 100% eBL permitirá poupanças diretas de 6,5 mil milhões de dólares aos stakeholders e favorecerá um crescimento do comércio mundial na ordem dos 30-40 mil milhões de dólares anuais.
“A nossa indústria precisa de acelerar a digitalização para ajudar a tornar o shipping mais eficiente, mais seguro e melhorar a experiência dos clientes. Para além desses benefícios, adotar os 100% de eBL contribuirá para atingirmos os nossos objetivos climáticos”, comentou Soren Toft, CEO da MSC.
O tráfego mundial de contentores, medido em TEU, recuou 3,9% em 2022, face a 2021, de acordo com os dados divulgados pela Container Trade Statistics.
Medido em TEU/milhas, o tráfego mundial de contentores recuou ainda mais, em termos homólogos: -5,6%, de acordo com a mesma fonte.
Só em dezembro, a procura global diminuiu 6,7% em termos homólogos, em TEU movimentados, e caiu 8,7% em TEU/milhas.
Ao longo do ano passado, a frota mundial de navios porta-contentores cresceu 4% em capacidade, com a entrada de muitos novos navios e praticamente zero retirados do ativo, o que, combinado com a redução da procura, criou pressão sobre as tarifas e levou as companhias de navegação a uma gestão cuidada da oferta.
Falando de preços, o índice de taxa média para o ano 2022 cresceu 20% face a 2021, e 170% na comparação com os valores de 2019, antes da pandemia.
A propósito, Lars Jensen comentou que, se é indiscutível a alta dos preços no transporte marítimo de contentores, os dados divulgados pela Container Trade Statistics também demonstram que os casos reportados de aumentos de 500-1000% nas tarifas spot não foram generalizados, com muitos clientes a não sofrerem com aumentos de taxas de proporções tão dramáticas.