KÉRAMICA revista da indústria cerâmica portuguesa
Publicação Bimestral €8.00
nº362
Edição Janeiro/ Fevereiro . 2020
CERÂMICA PORTUGUESA NAS FEIRAS INTERNACIONAIS
O ESPAÇO IDEAL PARA O SEU
M EETI N G S REUNIÕE S G ASTR O NOMIA LAZE R
E VE N TOS CONFOR TO A TIVIDA DE S R E L AX
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ISTO
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Index
Editorial . 03
Secção Jurídica . 35 35 O Impacto da Reforma do IVA nas Pequenas e Medias Empresas
Destaque . 04 4 #AMBIENTE20 9 Cerâmica Portuguesa na Maison & Objet, Ambiente e Cevisama em 2020
Cultura . 40 40 O Museu de Cerâmica de Sacavém e a Memória Industrial da Fábrica de Loiça de Sacavém.
Design . 27 27 33 37 43
MENOS Impacto Ambiental, MAIS Design Intemporal Design, o Oxigénio da Tradição Viúva Lamego AND – Associação Nacional de Designers
Certificação . 47 47 CERTIF com Actividade em 20 Países e mais 160 Clientes em 2019
Formação . 30 30 Interseções Entre o Ensino do Design e a Indústria Cerâmica - A Licenciatura em Design de Produto – Cerâmica e Vidro na ESAD CR
Notícias & Informações
. 50
50 Novidades das Empresas Cerâmicas Portuguesas
Calendário de eventos . 56
Propriedade e Edição APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria NIF: 503904023
Colaboradores Albertina Sequeira, António Lacerda, Carla Lobo, Daniel Bacelar Pereira, Fernando Carradas, Filomena Girão, Maria Inês de Almeida Basto, Rui Tomás e Sílvia Machado.
Direção, Administração, Redação, Publicidade e Edição Rua Coronel Veiga Simão, Edifício C 3025-307 Coimbra [t] +351 239 497 600 [f] +351 239 497 601 [e-mail] info@apicer.pt [internet] www.apicer.pt
Paginação Nuno Ruano
Tiragem 500 exemplares Diretor Marco Mussini Editor e Coordenação Albertina Sequeira [e-mail] keramica@apicer.pt Conselho Editorial Albertina Sequeira, António Oliveira, Marco Mussini e Silvia Machado Capa Nuno Ruano
Impressão Gráfica Almondina - Progresso e Vida; Empresa Tipográfica e Jornalística, Lda Rua da Gráfica Almondina, Zona Industrial de Torres Novas, Apartado 29 2350-909 Torres Novas [t] 249 830 130 [f] 249 830 139 [email] geral@grafica-almondina.com [internet] www.grafica-almondina.com Distribuição Gratuita aos associados e assinatura anual (6 números) ; Portugal €32,00 (IVA incluído) ; União Europeia €60,00 ; Resto da Europa €75,00 ; Fora da Europa €90,00 Versão On-line https://issuu.com/apicer-ceramicsportugal Notas Proibida a reprodução total ou parcial de textos sem citar a fonte. Os artigos assinados veiculam as posições dos seus autores. Esta edição vem acompanhada da revista Técnica n.º 1 Janeiro Fevereiro 2020 (CTCV)
Índice de Anunciantes CERTIF (Página 49) • INDUZIR (Verso Capa) • OHAI - NAZARÉ (Página 1) • SACMI (Contra Capa) • SEW (Verso da Contra Capa) • TECNARGILLA (Página 21) Conteúdos conforme o novo acordo ortográfico, salvo se os autores/colaboradores não o autorizarem
Publicação Bimestral nº362 . Ano XLV . Janeiro . Fevereiro . 2020
Depósito legal nº 21079/88 . Publicação Periódica inscrita na ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social] com o nº 122304 ISSN 0871 - 780X Estatuto Editorial disponível em http://www.apicer.pt/apicer/keramica.php
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Editorial
Todos os anos por esta altura, a indústria de cerâmica veste o seu fato domingueiro para se apresentar nas Feiras internacionais do setor, nas quais aparecem os clientes de todo o mundo à procura das novidades que fazem a delícia dos consumidores. A necessidade de satisfazer a ânsia do design, obriga as empresas a uma mobilização total, para que apareçam ao público com novos modelos, novas cores e de algum modo com novas funcionalidades, que os produtos de cerâmica sejam capazes de incorporar. Por ser assim há muitos anos, até poderia dizer-se que estamos esgotados na nossa criatividade, e que o futuro já não nos surpreende com sucessivas novidades, pelo que estaremos limitados a viver das glórias do passado, da riqueza das tradições com que ilustramos livros e recheamos museus, enfim, usamos as medalhas conquistadas pelos nossos avós, mas já não temos nem margem nem sonho para ganhar novas medalhas. Mas o design consegue milagres, nomeadamente o de nos permitir ver o futuro com a nitidez da visão que é apanágio da juventude, pelo que estaremos sempre rejuvenescidos e sempre novos, com a garantia de que a cerâmica não envelhece nem perde a importância que granjeou.
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Curioso é por isso constatar que, não só as empresas portuguesas estão presentes nas Feiras internacionais porque a isso obriga a proximidade com os compradores de todo o mundo, como também as próprias Feiras precisam das nossas empresas para que abram as portas com conteúdo que alavanque os negócios e mobilize os clientes. É aqui que o Made in Portugal tem a força de uma marca de prestígio, que não só nos distingue e nos projeta para o primeiro lugar entre os produtores de faiança e grés a nível europeu, como nos coloca no quadro de honra dos exportadores portugueses, onde se encontra o que de melhor se faz no País, na Europa e no Mundo. E somos melhores porque inovamos; Somos mais jovens porque temos design e jogamos o campeonato da moda; Somos reconhecidos porque evoluímos do ponto de vista tecnológico, crescemos porque soubemos caminhar lado a lado com os requisitos ambientais, e chegamos aos 168 países para os quais exportamos, porque soubemos ganhar-lhes a confiança na qualidade e design do que produzimos. A APICER felicita por isso todos os empresários, todas as empresas e os seus trabalhadores, pelo contributo que dão a este reconhecimento.
Dr. José Luís Sequeira (Presidente da Direção da APICER)
Dde isttoa rqiua el . K é r a m i c a . p . 35 E
Destaque
#AMBIENTE20
p o r Sí l v i a Ma ch a d o , A pi ce r.
na maior feira internacional de artigos para a casa e decoração de interiores, a feira AMBIENTE20 que decorreu de 7 a 11 de fevereiro em Frankfurt.
Ricardo Martins
Contra todas as tempestades, vírus e greves, os produtores de cerâmica portugueses voltaram a fazer sucesso e a reforçar a imagem de qualidade das empresas nacionais
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Destaque
A louça portuguesa de mesa e decorativa esteve representada por cerca de 40 empresas naquele certame, que contou ainda com um espaço conjunto dinamizado pela Associação Empresarial da Região de Leiria, Nerlei, com o apoio da AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal. Apesar da redução no número de visitantes devido quer aos receios associados ao surto de coronavírus, quer às
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tempestades que ocorreram naqueles dias, um pouco por toda a Europa, e que levaram ao cancelamento de muitas ligações aéreas e ferroviárias, a maioria das empresas manifestou a sua satisfação com a qualidade dos contactos efetuados e as visitas recebidas, prevendo-se mais uma vez um saldo positivo da participação nesta feira. Nesta edição houve um novo espaço no Hall6, dedicado especialmente ao canal HORECA, a Horeca
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Destaque
Bisarro Ceramics
Terra de Tiago Canário
ACADEMY, onde todos os dias da feira ocorreram conferências de especialistas sobre design e produtos inovadores para este segmento, e onde também foi realizado o evento SPEED DATING onde produtores tiveram oportunidade de, em 3 minutos, apresentar os seus produtos ou ideias e responder a perguntas por parte de jornalistas. Como habitualmente, foi apresentado um catálogo específico de fornecedores para o canal Horeca, onde entraram catorze empresas nacionais. É importante referir o destaque dado nesta edição da feira ao design português, com a presença de 2 jovens projetos nacionais com stand próprio, a Dedal e a Vicara Design, e a apresentação de 4 designers nacionais na exposição TALENTS: Tiago Canário e a sua inspiração na terra e no Alentejo, Patrícia Lobo com os seus candeeiros cerâmicos de linhas simples mas expressivos, Ars Fabricandi e o projeto Bizarro constituído por designers que procuram combinar de forma harmoniosa tradição e modernidade com barro preto. Como sempre, a feira contou com um espaço de apresentação de tendências a cargo do Stilburo bora.herke. palmisano, que nesta edição selecionou várias peças de produtores portugueses, nomeadamente da Costa Nova, VAA, Molde, Vasicol e dos jovens designers da Dedal e Tiago Canário. Este gabinete de design vem, desde há muitos
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Destaque
temente criativa do design de interiores a que estão a dar origem. A sustentabilidade esteve presente em praticamente toda a feira e vários foram os exemplos de boas práticas e inovações por parte dos produtores nacionais como a linha Stone do recente projeto NOSSE Ceramic Studio, em que o vidro utilizado é totalmente vidro reciclado, ou a nova coleção Plano da COSTA NOVA, produzida com pasta 100% reciclada. Mais uma vez a organização criou um júri constituído por especialistas respeitados e independentes que verificaram todas as candidaturas e decidiram a que empresas atribuir o rótulo de Ethical Style, fornecedores de produtos fabricados de forma sustentável porque foram produzidos a partir de materiais eco-friendly, ou porque os processos
Coleção STONE | NOSSE: a importância da reciclagem dos materiais, da água e dos vidrados, mantendo elegância e qualidade.
Coleção PLANO | COSTA NOVA: formas orgânicas singulares, que incorporam superfícies "cruas" num design simples e de aparência robusta, produzidas com material reciclado.
anos, prevendo as tendências no setor de artigos para o lar e decoração de interiores. Com uma sensibilidade especial para materiais, cores e estilos, identificam e entendem o que é realmente significativo e apresentam-no de maneira muito atrativa no espaço da feira. Nestes tempos de maior sensibilidade para os problemas ambientais, a indústria de produtos de casa e decoração enfrenta o desafio do desenvolvimento de produtos de alta qualidade que também sejam mais sustentáveis. Foi bastante visível que designers e fabricantes concentram esforços no sentido de adotar modelos mais circulares, utilizando materiais ecologicamente responsáveis e alternativas em termos de processamento. As novas soluções são impressionantes não apenas pelo poder inovador que evidenciam, mas também pela diversidade surpreenden-
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PORCEL e SÃO BERNARDO: duas empresas nacionais distinguidas com a etiqueta Ethical Style
Destaque
são eficientes, ou porque integram materiais reciclados, ou porque são fabricados artesanalmente, ou, ainda, porque pela sua natureza contribuem para uma melhoria em termos de eficiência de recursos, energia ou água durante a sua vida útil. PORCEL e SÃO BERNARDO: duas empresas nacionais distinguidas com a etiqueta Ethical Style. A Ambiente também forneceu inspiração do mundo do design com uma nova edição da Solutions, a apresentação de produtos inteligentes para a cozinha e casa, e a es-
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treia da iniciativa Focus on Design que destaca os produtos excecionais de um país em cada ano. O primeiro país foi o Brasil, e a mostra contou com produtos de cinco estúdios de design – Rodrigo Almeida, Bianca Barbato, Brunno Jahara, Sérgio J. Matos e Rain – e informações detalhadas sobre a cena criativa atual daquele país. A próxima edição da Ambiente acontecerá de 19 a 23 de fevereiro de 2021.
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Destaque
CERÂMICA PORTUGUESA NA M A I S ON & OBJ E T, A M BI E N T E E CEVISAMA EM 2020
por Albertina Sequeira, Diretora–Geral da APICER
Maison & Objet – Janeiro de 2020: começa a nova década com uma edição que abalou O clima social tenso da França fez com que todos temessem o pior. Mas a Maison & Object, que reinventa-se constantemente nos últimos 25 anos, conseguiu manter a sua atração magnética. Marcando o quarto de século do evento, esta edição específica da feira internacional para o setor de decoração, design e estilo de vida, que decorreu de 17 a 21 de janeiro no Centro de Exposições Villepinte em Paris, demonstrou excelente resiliência, registrando apenas uma ligeira diminuição no número de participantes (-3,5%) e um aumento no número de expositores (2736), que incluiu 609 novas empresas. A exposição Maison & Objet recebeu 81.232 visitantes, incluindo 44.823 franceses e 36.409 visitantes internacionais de 151 países. Os principais visitantes, excluindo franceses, foram os italianos, seguidos dos belgas e ingleses. O mesmo aconteceu em termos da nacionalidade de expositores. Gerações Y e Z sob os holofotes Para anunciar o início da nova década, a Maison & Objet decidiu dedicar ambas as edições do seu 25º aniversário ao mesmo tópico inspirador: (RE) Geração! O objetivo? Dar aos visitantes a oportunidade de entender o comportamento do consumidor manifestado pelas gerações Y e Z, o que é intrigante e perturbador na mesma medida. Auxiliada pela consultoria de estilo Nelly Rodi, a edição de janeiro explorou o nível de relacionamento que esses novos consumidores orientados pelo significado manifestam (com um itinerário específico sinalizando marcas ecológicas que já foram lançadas no ano passado). Enquanto isso, a edição de setembro mostrará como esses nativos digitais são uma geração aumentada, criada com uma dieta da Internet e das redes sociais. As exposições "What’s New?", encenadas por Elizabeth Leriche, François Bernard e François Delclaux, tam-
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bém exploraram de maneira inteligente a maneira como os consumidores estão a trazer significado, natureza e materiais virtuosos de volta para as suas casas – todos os temas próximos ao coração da nova geração. Esta mudança no comportamento do consumidor é algo que estava na vanguarda da mente de todos. Começando pelo comércio de hotéis e restaurantes, para quem a Maison & Objet montou um itinerário dedicado, abrangendo tudo, desde móveis e utensílios de mesa a utensílios de cozinha, iluminação, têxteis e fragrâncias, todos atendendo às necessidades específicas deste setor em termos de padrões de segurança, acessibilidade, solidez, etc. Outra novidade foi a oportunidade para empresários de hotéis, restaurantes e designers de interiores participarem de mais de 300 reuniões de negócios com uma seleção de centenas de marcas dedicadas. Rising Talents no centro das atenções Constantemente à procura das estrelas em ascensão da cena do design global, a Maison & Objet apareceu mais uma vez com uma seleção cuidadosamente selecionada de seis Rising Talents que, pela primeira vez, todos originários de França. Escolhidos a dedo por um júri de seis membros, todos os especialistas em design francês, Adrien Garcia, Julie Richoz, Laureline Galliot, Mathieu Peyroulet Ghilini, Natacha & Sacha e Wendy Andreu foram a nata da colheita desta edição, e todos exibiram as suas criações no evento. Mantendo-se fiel ao seu profundo desejo de promover designers em ascensão, a Maison & Objet teve a ideia de também promover o crescente talento do Qatar nesta edição em particular, marcando o início do Ano da Cultura Qatar-França. Essa mesma forte crença no design jovem também levou à criação de um Chinese Design Award em parceria com o grupo Chaoshang, cuja edição inaugural foi lançada em 8 de dezembro de 2019 em Shenzhen. Do outro
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Destaque
lado do mundo, a Maison & Objet, a Paris Design Week e a NYCxDESIGN, a plataforma permanente de Nova York dedicada ao design, também se estão preparando para organizar exposições conjuntas na primavera inspiradas nos Rising Talents da feira. AMBIENTE 2020 afetada por coronavírus e tempestade Ciara Tendências, novos produtos e negócios internacionais – estes são tradicionalmente o foco da Ambiente em Frankfurt, que ocorreu de 7 a 11 de fevereiro de 2020. A maior feira de produtos de consumo do mundo cresceu para 4.635 expositores de 93 países, cobrindo 310.240 m² quadrados. A Ambiente foi a primeira feira mundial a ser afetada pelo impacto do coronavírus nas viagens. Outro fator claramente percetível foi a tempestade Ciara. No entanto, os negócios nos salões não sofreram tanto quanto o esperado e, em geral, foram efetuadas grandes encomendas ao longo das tendências e das novas plataformas de produtos. No entanto, os expositores ficaram dececionados com o forte clima de incerteza entre os visitantes e a ausência de alguns canais de retalho. No entanto, aqueles que viajaram para Frankfurt beneficiaram de um excelente ambiente. No total, cerca de 108.000 compradores chegaram à Ambiente de quase 160 países, buscando inspiração e procurando adquirir produtos para seus novas coleções. 62% vieram de países fora da Alemanha. A principal razão para a redução no número de visitantes foi o impacto do coronavírus. Muitas empresas de retalho alemãs e internacionais, algumas muito grandes, tinham proibido suas equipas de trabalho de viajar. Também a partir de domingo (10 fevereiro), o tráfego aéreo e ferroviário às vezes era completamente paralisado em toda a Alemanha e Europa. “Se uma feira é impactada por dois desses eventos, ela realmente enfrenta enormes desafios”, diz Detlef Braun, membro do Executivo Conselho de Administração da Messe Frankfurt. “Mas nossos expositores avaliaram a situação corretamente. E os contactos comerciais chegaram a Frankfurt com uma mentalidade positiva e desejosa de fazer encomendas ”, acrescenta o experiente especialista em feiras. As classificações de satisfação entre os visitantes continuaram em um nível robusto de 95 por cento. Devido à situação incomum, mudanças notáveis puderam ser observadas entre as dez principais nações visitantes. Depois da Alemanha, os visitantes foram Itália, França, Holanda, Espanha, Reino Unido, Turquia, Estados Unidos, Rússia, Japão e China. O crescimento deste ano pode ser
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observado no número de visitantes da Estónia, Japão, Jordânia, Colômbia, Roménia e Turquia. O negócio HoReCa na Ambiente A Ambiente também mostrou que prospetava ao expandir sua Seção Dinning, adicionando uma plataforma separada para o hotel, restaurante e indústria de catering (HoReCa). Com vista ao mercado global em crescimento, o Hall 6.0 – recém-criado em 2020 – forneceu um porto de escala perfeito para decision makers internacionais e nacionais no segmento de hospitalidade, incluindo cadeias de hotéis, proprietários de restaurantes, fornecedores, linhas de cruzeiros e companhias aéreas. Este é o local onde os expositores apresentam as suas últimas coleções, convidando os visitantes a obter informações atualizadas sobre as suas recentes operações. Além disso, palestrantes internacionais de tipo da HoReCa Academy forneceram uma perspetiva de tendências relevantes no setor. A lista de celebridades incluiu Maham Anjum, Ido Garini, Adam D. Tihany, Jozef Youssef e Dr. Francesca Zampollo. A inclusão da especializada gama HoReCa nesta maior feira de bens de consumo do mundo também deu aos compradores uma oportunidade única de pedir não apenas mesa e utensílios de cozinha, mas também produtos das últimas coleções de estilos de vida nos halls Giving and Living. Nesse contexto, os visitantes também responderam bem aos tours diários de tendências intitulado HoReCa Meets Contract, onde o especialista em HoReCa Pierre Nierhaus destacou uma série de novas tendências e conceitos de design, de selecionados expositores expostos na Dining and Living. Sustentabilidade na Ambiente Mais perspetivas futuras também puderam ser observadas na área de megatendências da sustentabilidade. Este é um campo em que a Ambiente desempenha um papel pioneiro na indústria. Mais uma vez, a cooperação de longa data da Ambiente com a Organização Mundial do Comércio Justo (WFTO) e MADE51, um projeto da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), produzido apresentações frequentes e eventos informativos. Esse desenvolvimento foi também refletido no Ethical Style Guide, um diretório com curadoria que lista fabricantes ambientalmente e socialmente responsáveis que expõem na Ambiente. A última edição incluiu 314 empresas de 49 países, 27% a mais que no ano passado. Foco no Design A Ambiente também forneceu uma nova inspiração
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Destaque
no mundo do design, como a nova apresentação especial Focus on Design que colocou os holofotes em produtos excecionais do Brasil. Em destaque produtos de cinco estúdios de design – Rodrigo Almeida, Bianca Barbato, Brunno Jahara, Sérgio J. Matos e Rain – apresentando informações detalhadas sobre a cena criativa de hoje no seu país. Como em ocasiões anteriores, grandes audiências foram atraídas pelo especial Ambiente Trends e a exposição do German Design Award. Cevisama marca outro recorde, superando 21.000 profissionais estrangeiros A Cevisama, Exposição Internacional da Indústria da Cerâmica e Setores Afins, equipamentos de banho e pedra natural, recebeu em sua última edição, realizada de 3 a 7 de fevereiro na Feria Valencia, um total de 92.435 visitantes, um aumento de 1,4 % em relação à edição do ano passado. Destes, 21.364 eram profissionais estrangeiros de 156 países; os dados representam um crescimento de 5,86% em relação a 2019 e um número nunca antes alcançado na história deste evento, com 38 edições como plataforma de referência para a indústria cerâmica espanhola. Com esses dados, a Cevisama eleva a percentagem de estrangeiros para 23% sobre o número total de participantes, aperfeiçoando o seu caráter internacional e sua posição como a primeira feira industrial da Espanha e o maior evento de negócios realizado anualmente na Comunidade Valenciana. De acordo com a diretora da feira, Carmen Álvarez, “a Cevisama conseguiu atrair mercados importantes para os setores de cerâmica e banho, já que 35% dos compradores estrangeiros vieram dos mercados tradicionais europeus (Itália, França, Portugal, Reino Unido e Alemanha) e Estados Unidos, um país que atualmente é o segundo maior comprador de cerâmica do mundo. Nas primeiras posições estão também – nessa ordem – profissionais da Rússia, Marrocos, Índia, Argélia, Polónia, Bélgica, Israel e Ucrânia, além da Holanda, Turquia, Irlanda, Egito, Bulgária, Irão e Tunísia. O perfil do visitante da Cevisama correspondia principalmente a lojas de venda ao público, distribuidores, fabricantes, agentes comerciais, grupos de compras e prescritores, especialmente arquitetos e decoradores. Este último perfil está ganhando crescente interesse dos fabricantes espanhóis e, como consequência, a organização da Cevisama está tentando potenciar este alvo. Com este objetivo, neste ano, foram lançadas novas iniciativas, como o Hall 6-Design Hall, um pavilhão exclusivo com propostas inovadoras voltadas para projetos de arquitetura e design de interiores.
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O presidente da feira, Manuel Rubert, queria sublinhar a satisfação com os resultados, não apenas pelos números positivos, mas, sobretudo, "pela qualidade do visitante, que permitiu aos expositores encerrar operações importantes". Ele também realçou que a percentagem de prescritores de produtos, especialmente arquitetos e designers de interiores, está a aumentar: “para isso contribuíram os esforços na exposição comercial e o nível alto das apresentações do nosso Fórum de Arquitetura, que se tornou cada vez mais no mais importante celebrado em Espanha”. CERÂMICA UTILITÁRIA E DECORATIVA BYFLY O sucesso das coleções BYFLY, onde a decoração é cultura, criatividade original e tradição, reside na nossa capacidade de detectar e adaptar as mesmas às rápidas mudanças de tendências e a concepção constante de novas peças para satisfazer os desejos dos clientes. O barro toma o centro do palco e é trazido de volta à vida em novas formas e combinações, fruto de pesquisa e experiência, estética e experimentação, uma mistura de passado e futuro numa nova marca. Com coleções que trazem contos táteis para a vida em cerâmica e cobre, as formas da BYFLY inspiram universos simbólicos que são subtis, carregados com sedução, onde o barro se torna cuidadosamente trabalhado ou é sinuosamente tecido em torno de linhas inovadoras.
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Destaque
de andorinhas a repolhos, de gatos a morangos, entre outras – misturando-as com o trabalho gráfico encontrado nos seus jornais e almanaques. Todos os elementos rodam numa conversa agradável nas superfícies das peças, em baixos-relevos, que convidam a uma descoberta, como se fosse uma paródia (Figura 2). O BOSQUE constitui um hino à natureza e à vida selvagem, valores cada vez mais essenciais nos dias de hoje. O elemento vegetal e animal coexistem em perfeita harmonia, sem intervenção humana, como se fosse uma fábula contada desde tempos imemoriais. Junto com o javali e o cervo, a lebre e o faisão figuram nesta coleção renovada, com uma abordagem mais artística e escultural, acentuando o personagem produzido (Figura 3). A coleção ANANÁS também assumiu o palco central. Uma das coleções mais emblemáticas da marca, o abacaxi agora aparece numa cor que a reafirma para os tempos contemporâneos: branco fosco. O novo tom cria um contraste sedutor entre a textura e o verde brilhante e profundo do ramo, demonstrando mais uma vez o potencial expressivo e intemporal das criações de Raphael (Figura 4).
Figura 2
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Bordalo Pinheiro 2
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Figura 1
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Bordalo Pinheiro 1
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BORDALLO PINHEIRO Bordallo Pinheiro apresentou os lançamentos 2020 na Feira Maison & Objet, em Paris, com um destaque especial para nuvem de borboletas criado por Claudia Schiffer. Uma das principais colaborações apresentadas no emblemático evento mundial foi a coleção “CLOUDY BUTTERFLIES” de Claudia Schiffer, ícone global da moda e colecionadora a longo prazo das peças Bordallo. Crescendo perto do Rhein, na Alemanha, cercada pelo campo, Claudia Schiffer encontrou inspiração na natureza e na vida selvagem, como as borboletas. A colaboração baseia-se nisso com desenhos belamente detalhados, no estilo de Bordallo Pinheiro. Combinando essa visão pessoal com o naturalismo decorativo, enquanto seguia o objetivo funcional, Claudia Schiffer criou uma série de peças que se destacam pela sua pintura artística à mão, cujo caráter tende mais para o abstrato. Além deste aguardado lançamento, Bordallo Pinheiro trouxe várias novas coleções emblemáticas para Paris (Figura 1). PARÓDIA, em homenagem a A Paródia – (1900-1907), o último jornal criado por Raphael Bordallo Pinheiro, essa linha resume algumas de suas criações mais icônicas –
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Figura 6
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Grestel 1
Bordalo Pinheiro 5
Destaque
Figura 7
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Grestel 2
Após a apresentação global realizada no mesmo evento parisiense há um ano, Bordallo Pinheiro está a expandir a coleção AMAZŌNIA em 2020. Continuando a parceria com a ONG Ecoarts Amazônia, a linha AMAZŌNIA encontra um novo acrescento que, pela sua multiplicidade e riqueza de tamanhos, formas, texturas e cores, aproximará a sua escala da biodiversidade da maior floresta tropical do mundo (Figura 5). A primeira exposição internacional de Bordallo Pinheiro da década será concluída pela PITCHERS. Criado por Raphael Bordallo Pinheiro, seguindo o estilo naturalista do século XVIII, mas já influenciado pelo Art Nouveau, deve muito de sua intemporalidade ao estilo único do autor. Úteis e decorativos, o Jarro do Repolho e o Jarro do Tomate juntam-se agora a esta coleção.
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Figura
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Figura 8
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GRESTEL A GRESTEL marcou uma vez mais presença na feira AMBIENTE, em Frankfurt, onde apresentou 76 novas coleções para os próximos anos, a par de novos conceitos e inovadoras técnicas cerâmicas. Em contra-ciclo com a feira, que assistiu a algumas desistências de última hora, quer de visitantes, quer de expositores, o novo stand da GRESTEL, localizado no Hall 6.2 e com uma área superior a 100 m2, assistiu este ano a uma subida no número de visitantes e potenciais clientes, relevando-se novamente num momento de grande importância para a captação de novos negócios, quer ao nível do Retalho, quer ao nível da Hotelaria (Figura 6). O investimento permanente em design, inovação e performance fazem para do DNA da GRESTEL desde sempre, fazendo da empresa líder mundial na produção de artigos de mesa, cozinha e decoração em grés fino (Figura 7).
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Destaque
Também as marcas próprias COSTA NOVA e CASAFINA marcaram presença na Ambiente, pela primeira vez num stand extraordinário de 216 m2 (Figura 8). Tal como na recente presença na Maison & Objet em Paris, a coleção em grés reciclado PLANO foi a grande revelação da COSTA NOVA para 2020. Mais focadas do que nunca na sustentabilidade do seu negócio e produto, as marcas próprias da GRESTEL apresentaram em Frankfurt, tal como o já tinham feito na Maison & Objet em Paris, propostas em grés fino com forte cariz ecológico e sustentável (Figura 9).
no panorama da Cerâmica Nacional, a qual está na nossa opinião, cada vez melhor representada ano após ano (Figura 12). MESA CERAMICS Durante a edição da Feira Ambiente, em fevereiro, foram apresentadas as novas propostas da empresa que deu ênfase às linhas Mesa Design, desenvolvidas pelo designer internacional Nick Holland. As novas coleções desenvolvidas em grés, com formas que complementam a oferta da empresa, apostam em inovação e modernidade através de vidros reativos e da tecnologia “digital printing”, e têm vindo a receber imensos elogios por parte de distribuidores e clientes nacionais e internacionais da empresa. O sucesso da feira e o aumento da carteira de clientes que daí adveio trouxeram mais responsabilidade e vontade de fazer mais e melhor a esta jovem empresa que já conta com clientes de peso a nível internacional. Para saber mais, poderá seguir as notícias da empresa no seu website www.mesa-ceramics.com ou nas redes sociais da marca (Figuras 13 e 14).
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Jomazé 2
Mesa Ceramics 1
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Jomazé 1
JOMAZÉ A edição da Ambiente 2020, permitiu à Jomazé apresentar a sua nova coleção em parceria com a Arfai Ceramics, coleção essa apresentada sob o nome “Earth Beat” onde o foco está na preocupação com o Planeta (Figura 10). Achamos que foi um certame muito positivo para a Jomazé, onde foram decididos vários projetos e onde vários outros foram iniciados (Figura 11). Acreditamos que o trabalho desenvolvido dará frutos e desse modo continuaremos a ser peça importante
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Nosse 2
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NOSSE NOSSE é uma marca portuguesa, criada e desenvolvida no seio da MATCERAMICA. Realizou o seu lançamento na Maison & Objet, em Paris e na Ambiente, em Frankfurt (Figura 15) com a sua Debut Collection desenvolvida em grés. Inclui peças da designer portuguesa Ana Heleno (Anabanana Design Co.) e do designer irlandês Aaron Kearney, ambos em colaboração com a marca. A NOSSE expressa a sua identidade através do seu design emocional e eco responsável. A marca é motivada pela sustentabilidade tendo realizado uma grande aposta no vidro reciclado que aproveita os desperdícios da produção. A NOSSE apresentou ao mercado este vidro reciclado com o acabamento STONE – um vidro 100% reciclado (Figura 16). A marca desenvolve peças com formas orgânicas inspiradas no artesanal (Figura 17), onde cada peça tem a sua própria identidade. O fascínio pelo legado da cerâmica portuguesa motiva-nos na procura de colaborações atuais e futuras com diversos designers e artistas de forma a trazer novas perspetivas sobre peças, formas e acabamentos que
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nos remetem para memórias passadas com a contemporaneidade dos nossos dias. A NOSSE quer posicionar-se nos mercados de retail, hospitality, restaurantes e eventos pelo seu conceito e design eco responsável e sustentável que apresenta nas suas coleções (Figura 18), mas também pelo seu design eclético e glamoroso que se expressa nas coleções Edge Ivory gold (Figura 19) e Smooth gold (Figura 20). PORCEL A Porcel voltou a fazer parte de dois eventos internacionais mais relevantes do setor, a Maison & Objet em Paris (17 a 21 de janeiro) e a Ambiente em Frankfurt (7 a 11 de fevereiro). Estes são momentos importantes para a marca e produtora nacional de porcelana, em que estabelece contactos com novos clientes, reforça a sua presença no mercado e também aproveita estes momentos para lançar novas coleções. Muitos visitantes eram compradores interessados em estabelecer novas conexões comerciais ou reforçar as relações existentes, procurando produtos elegantes para as suas lojas e marcas (Figura 21).
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Decorrente destas duas feiras, a Porcel recebeu um feedback positivo de todos os que visitaram o stand e da nova coleção, Premium Gold. A requintada brancura da porcelana com o toque de ouro, encantou os olhos curiosos de todos os visitantes (Figura 22). O Premium Gold nasceu da combinação perfeita de porcelana branca delicada com um toque suave de ouro, criando peças simples e únicas. É a primeira coleção da Porcel para 2020, uma nova decoração, mas também uma grande oportunidade para enaltecer as formas Viena e Coupe. Apresentando, como sempre, uma porcelana de alta qualidade cozida a 1400ºC e conhecida por ser branca, brilhante e resistente. Cada peça poderá ser usada como complemento para qualquer coleção da Porcel pelo conceito de misturar e combinar ou, também, poderá brilhar como coleção completa. PP&A - PERPÉTUA, PEREIRA & ALMEIDA, LDA Recentemente regressados de mais uma edição da Feira Ambiente na cidade alemã de Frankfurt, o balanço da participação volta a ser positivo para a PP&A – Perpétua,
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Destaque
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Pereira & Almeida, Lda., que marcou a sua presença através da marca S. Bernardo (Figura 23). Apesar dos iminentes constrangimentos ao nível da afluência de público, devido à questão do coronavírus, e de se ter verificado efectivamente menos público na Feira, esse decréscimo não se reflectiu no número de visitantes ao stand da PP&A. Pelo contrário, verificámos um aumento de visitas comparativamente ao ano anterior. Foram efectuados novos contactos, notando-se uma maior diversificação de países visitantes, o que é francamente positivo, numa perspectiva de maior diversificação de mercados (Figura 24). Uma vez mais, a presença portuguesa é bastante forte, quer em quantidade, notando-se um aumento no número de participantes nacionais, quer na qualidade dos produtos apresentados, sendo que o ‘’Made in Portugal’’ é cada vez mais valorizado externamente, e as empresas portuguesas bastante credibilizadas ao nível da sua qualidade e know how (Figura 25). Destacamos também a iniciativa da Associação Empresarial da Região de Leiria – NERLEI – em parceria com a AICEP Portugal Global, que se revelou como um
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grande sucesso. Esta consistiu no stand ‘’Made in Portugal Naturally’’, uma mostra de produtos portugueses, cujo espaço teve como conceito a recriação de diversos ambientes de uma casa, com produtos de empresas portugueses presentes na Ambiente 2020, suscitando a curiosidade dos visitantes e afirmando assim a Fileira Casa Portuguesa como um dos setores exportadores mais ativos da economia portuguesa. A iniciativa reforçou ainda a qualidade, inovação e versatilidade das empresas nacionais nos mercados internacionais (Figura 26).
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PRIMAGERA A Primagera iniciou o ano de 2020 a marcar, novamente, presença no certame internacional em Frankfurt. Numa década que se revela fulcral a inovação e diferenciação, a empresa tentou alargar a sua oferta de produtos, albergando as formas mais básicas, com cores sólidas e reativas e, refletiu ainda, algumas formas mais orgânicas com os mesmos vidrados. Para além disso, apresentou novas coleções de forno e de complemento de forma a aumentar a sua oferta para o mercado.
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Focada na produção de faiança e grés utilitário, atualmente exporta 90% da sua produção. Resultado este que se reflete na presença em feiras internacionais. A empresa tem por hábito focar-se nas necessidades dos seus clientes e conta com clientes espalhados por todo o mundo (Figuras 27 e 28).
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AVEIRO TABLEWARE Um novo ano, novas vontades e alguns costumes que se repetem. Aveiro Tableware, marca que reflete em fevereiro um ano de apresentação ao mercado, pertencente à Primagera, apresentou as suas novidades para o ano de 2020 em janeiro na Maison&Objet, Paris e, mais tarde, em fevereiro, na Ambiente em Frankfurt (Figuras 29, 30 e 31). Para este ano foram apresentados diversos artigos de mesa e cozinha, sendo que a aposta para o novo ano está direcionada para as peças de complemento tais como as “Mixing Bowls” e as assadeiras, por exemplo. Mantém a tendência de vidrados e formas diferenciadas de forma a conseguirem abraçar diferentes mercados e, para além do grés associado, conta ainda com têxtil, cutelaria e vidro.
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Para uma marca com apenas um ano, estes eventos internacionais têm-se demonstrado fulcrais para a marca se dar a conhecer internacionalmente e, ainda, para a partilha de contactos. A marca espera, para o ano de 2020, alargar a sua presença no mercado e espalhar o nome da marca que reflete tão bem o nome da sua cidade – Aveiro.
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PROCERÂMICA Na sua 2ª participação na feira Ambiente em Frankfurt, a Procerâmica lançou sete novas coleções, numa clara aposta em vidros reativos que transmitem elementos inspiradores da natureza e da gastronomia (Figura 32)
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Apresentaram a primeira linha de forno que conta com várias peças elegantes e muito funcionais (Figura 33). Afirmam que a recetividade foi muito positiva e é isso que os move para fazerem sempre melhor e continuarem a lançar novas coleções que vão ao encontro do gosto dos seus clientes (Figura 34).
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VISTA ALEGRE A Vista Alegre apresentou na Maison & Objet, em Paris, as novas coleções 2020 com a assinatura de Claudia Schiffer, Marcel Wanders, Ross Lovegrove, Christian Lacroix Maison e Sam Baron. A Vista Alegre, marca centenária portuguesa de porcelana, cristal e vidro, aponta 2020 como mais um ano de grandes lançamentos, alarga as suas coleções a novas áreas, reforçando a ligação ao design, à arte e à cultura, e continuando a envolver-se em projetos no âmbito da responsabilidade social. 2020 será marcado pela coleção desenvolvida com o ícone global da moda, Claudia Schiffer. Três novas peças integram a celebrada coleção Única e fazem a ponte entre o universo da moda e o do design de interiores (Figura 35).
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Lançada em parceria com a ONG brasileira Ecoarts Amazônia, a popular coleção AMAZÓNIA continua a crescer. As três novas peças decorativas, fruto do trabalho conjunto dos pintores da Manufatura da Vista Alegre e das índias da tribo Kayapó, continuam a chamar a atenção para a riqueza cultural, social e ambiental da maior floresta tropical do mundo, revertendo parte da receita da coleção para o reflorestamento da zona de Mato Grosso, onde a Ecoarts atua (Figura 36). A Vista Alegre assinala também a sua entrada no segmento Home Decor através das coleções DUALITY e IVORY, que transcendem os conceitos de mesa e do gift e se inscrevem diretamente no sofisticado universo da decoração de casa. Um complemento lógico e desejado à oferta da marca (Figura 37). No âmbito das colaborações com autores de renome, Marcel Wanders oferece uma nova declinação da sua coleção BLUE MING, enquanto VORTEX de Ross Lovegrove representa um verdadeiro desafio à produção da porcelana. Dois projetos da Vista Alegre que revelam a sua proximidade ao melhor do design contemporâneo (Figura 38 e 39). A Vista Alegre volta a desafiar a sua capacidade criativa e a elevada exigência que coloca em tudo o que desenha, idealiza e produz. Sempre trabalhando com quem mais sabe. E tudo com o único objetivo de criar peças cuja beleza e sofisticação surpreenda os seus admiradores. As novidades da Vista Alegre – peças de decoração, gifts, iluminação, entre outras – foram apresentadas nas principais feiras internacionais do setor, sendo a Maison & Objet, que decorreu de 17 a 21 de janeiro em Paris, o primeiro certame a conhecer o novo portefólio 2020.
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28.9.2020 - 2.10.2020 Rimini Exhibition Centre – Italy
tecnargilla.it ORGANIZAÇÃO
EM COLABORAÇÃO COM
APOIO
Ministero degli Affari Esteri e della Cooperazione Internazionale
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ALELUIA CERÂMICAS Alinhada com as tendências decorativas apresentadas em Itália, a Aleluia Cerâmicas marcou presença na CEVISAMA 2020, que decorreu de 3 a 7 de Fevereiro em Valência, Espanha. O espírito urbano afirmar-se-á nesta edição: houve propostas altamente criativas com muita cor, formatos, texturas e design atuais que marcarão certamente a diferença. A aposta em materiais mais sustentáveis marcou a presença da Aleluia Cerâmicas neste evento com diversas soluções numa espessura de 4,5mm, adequadas sobretudo à reabilitação de espaços e a diferentes necessidades e exigências dos clientes. Detroit – Cerâmicas com um toque de ousadia – uma verdadeira declaração de estilo. Uma gama versátil que oferece a qualquer espaço uma atmosfera elegante e simultaneamente cosmopolita. Detroit é uma coleção com um espírito marcadamente urbano (Figura 40). Composta pelo formato 7,2x29,5 a sua versatilidade é evidenciada pela diversidade de aplicações que esta permite, desde composições mais clássicas como a “espinha de peixe” ou o chevron às mais contemporâneas. Esta coleção em porcelanato extrudido foi idealizada para responder às
Aleluia Cerâmicas - Detroit
CERÂMICA DE ACABAMENTOS
mais diversas necessidades e expectativas dos clientes, alinhada com as últimas tendências decorativas. Desde espaços mais intimistas a espaços públicos esta gama apresenta-se como versátil, criativa, resistente e sofisticada. A paleta de cores que compõe esta coleção permite a sua utilização de forma mono ou policromática. Os seus tons mais pastel como o Ivory, o Rose ou o Green, ou os clássicos Blue, Grey e Dark Grey ou os mais marcantes como o Terracota ou Carbon, permitem a concepção de ambientes mais sóbrios ou, através da conjugação de cores e quadrado” padrões, ambientes mais ousados, com composições verdadeiramente criativas, originais e “fora do quadrado” (Figura 41). Devido às suas características técnicas, como a quase nula absorção de água, a elevada resistência às manchas ou a ataques de agentes químicos, a elevada resistência ao choque térmico, entre outras, fazem deste um produto adequado para aplicação no chão e nas paredes, em espaços mais intimistas ou de maior tráfego, como são os espaços públicos. Uma verdadeira afirmação de estilo. Skintech – Com Skintech transformar e renovar espaços nunca foi tão simples. Skintech é uma linha de porcelanato extrudido com uma espessura de 4,5mm, idealizada sobretudo para o mercado da renovação. Entre algumas vantagens da sua utilização deste produto destacam-se a aplicação fácil e direta sobre o acabamento a renovar com a consequente redução do custo de mão-de-obra e de tempo de obra, e a ausência de demolições e sujidade associadas. Devido à sua fina espessura de 4,5mm, entre outras vantagens encontra-se o menor custo de transporte, uma vez que a sua reduzida espessura permite o transporte de um maior volume de material ou a menor pegada ambien-
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mosaicos. Ideal para quem pretende renovar, de forma rápida, eficaz e simples uma ou diversas áreas (Figura 42). Softline – Linhas suaves e subtis que oferecem aos espaços charme, elegância e sofisticação. Softline é uma gama enriquecida por suaves linhas em relevo que conferem a esta coleção elegância e sofisticação. O contraste mate/brilho do relevo das linhas dão-lhe charme e reflectem luz aos espaços. Composta por três elegantes cores, Ivory, Grey e Carbon e dois formatos: 30x90 e 30x60 retificado e com uma fina espessura de 4,5mm, esta gama é ainda complementada por dois tipos de mosaicos, uns mais sóbrios e simétricos e outros mais contemporâneos pela sua assimetria, cujo efeito mate/brilho lhes confere um toque de charme, tornando-a perfeita para a criação de ambientes requintados e sedutores (Figura 43). Sandstone – A sobriedade da pedra como inspiração para a criação de espaços elegantes. Tons suaves e neutros que evocam o visual das pedras e a pureza dos arenitos, ideais para espaços serenos e minimalistas. Inspirada no visual da pedra e dos arenitos, esta coleção prima pela sobriedade e minimalismo. Concebida para criar espaços que privilegiam a sensação de conforto e de serenidade, Sandstone é composta por três tons neutros, o Ivory, o Grey e o Carbon e por dois formatos: 30x90 e 30x60, complementada ainda por mosaicos nas três cores. A irregularidade dos mosaicos nos mesmos tons neutros que a complementam, confere-lhe o visual fluido e natural pretendido. Sandstone é uma gama perfeita para quem pretende remodelar um ou diversos espaços com uma atmosfera clean, minimalista e contemporânea (Figura 44).
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Aleluia Cerâmicas - Softline
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Aleluia Cerâmicas - Citizen
tal, uma vez que os recursos utilizados para o fabrico deste produto (água, electricidade, matéria-prima) são também mais reduzidos. Dentro desta linha foram desenvolvidas três gamas que vão ao encontro das diferentes necessidades e expectativas do cliente. Citizen – Uma coleção versátil inspirada no cimento para ambientes urbanos e cosmopolitas. Marcadamente urbana através de um subtil visual de cimento, é uma coleção sóbria, contemporânea e muito moderna, fácil de conjugar com os mais diversos estilos decorativos. Composta por três cores, Ivory, Grey e Carbon e dois formatos: 30x90 e 30x60 e com uma fina espessura de 4,5mm, pensada sobretudo para a reabilitação fácil e rápida de espaços, esta gama é ainda enriquecida por modernos
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Pavigrés - Diamond
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Aleluia Cerâmicas - Color Art
Diamond é um revestimesnto tridimensional, de toque muito suave, produzido em duas cores clássicas, o branco e o preto. Devido ao seu relevo cuidadosamente desenvolvido em forma de diamante, produz diferentes reflexos e intensidades de luz, independentemente de ser dia dia ou noite (Figura 46). Hidráulico – Grés porcelânico Formato 197x197mm – O que chamamos de cerâmica hidráulica já foi chamada de ladrilhos de cerâmica na era vitoriana. Reinventamos esta corrente com a mais recente e moderna tecnologia, inspirada naqueles tempos e estendemos esta velha tendência numa nova, revivendo os velhos, tempos em novos e maravilhosos espaços (Figura 47).
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Color Art - Combinações criativas para espaços distintos e cheios de originalidade. Uma coleção ímpar que, com a versatilidade dos seus padrões geométricos, permite a criação de composições criativas e originais para ambientes único e distintos. Desenvolvida em pintura manual e composta por dois formatos diferenciadores, um quadrangular em 14x14 e o designado Arabesque em 15x15, estas peças foram trinchadas e pintadas à mão, cujas composições criam padrões verdadeiramente criativos. A combinação de cores, entre o White, o Yellow, o Blue e o Green e padrões, desde os Plain aos Stripes, permite a composição de ambientes altamente diferenciadores e criativos. Uma coleção apaixonante para ser explorada; para apreciadores de ambientes únicos, personalizados e distintos (Figura 45).
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Pavigrés - Hidráulico
PAVIGRÉS A Pavigrés Cerâmicas, S.A. esteve presente em mais uma edição da CEVISAMA 2020. A participação constante neste evento permite consolidar uma relação de proximidade com todos os clientes e parceiros. As séries apresentadas estavam mais elaboradas, acrescidas de detalhas estéticos que por si valorizaram ainda mais cada gama. Diamond – Revestimento 1 formato | 2 cores | 2 acabamentos
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Pavigrés - Trace
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Pavigrés - Concrete
Trace – Grés Porcelânico 2 formatos | 2 cores | + peças decorativas Trace é uma pedra antiga de tons suaves que contém detalhes gráficos enriquecidos através de sedimentação rochosa. A sua reprodução só é possivel devido ao mais avançado processo de impressão digital, que revela milhares de tons diferentes dentro da mesma base de cores (Figura 48). Evergreen – Grés Porcelânico 1 Formato | 2 cores Uma madeira elegante e suave, inspirada nas árvores verdes que conservam as folhas vivas ao longo de todo o ano. Esta madeira é um autêntico ser vivo, um magnífico porcelânico com efeito quente e natural, fazendo com que os espaços sejam habitats vivos (Figura 49).
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Pavigrés - Evergreen
Concrete – Grés Porcelânico técnico, dupla carga 3 Formatos | 5 cores | 3 acabamentos/texturas A coleção CONCRETE traduz o verdadeiro espírito visual do cimento de Portland, com um excelente desempenho técnico, é um grés porcelânico não esmaltado produzido em dupla carga, com elevada qualidade técnica e durabilidade e foi especialmente pensado para áreas de alto tráfego (Figura 50). Unique – Grés Porcelânico 3 formatos | 3 cores | 3 acabamentos Unique é uma coleção deslumbrante feita em grés porcelânico não esmaltado de duplo e triplo carregamento. Este produto oferece um número infinito de placas de betão com um toque cru inigualável e um design de vanguarda (Figura 51).
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Magres 2
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Pavigrés - Wind
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Wind – Revestimento e Pavimento grés Porcelânico 1 formato de Revestimento | 1 formato de Pavimento | 3 cores Wind é uma das novas coleções inspirada na natureza e no movimento dos elementos naturais, neste caso o Ar. É uma coleção completa que apresenta soluções para chão e parede, como se de um produto gémeo se tratasse. Graficamente é definido por um aspeto ténue de pedra, um produto de excelência e ideal para criar ambientes acolhedores e simpáticos (Figura 52).
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MARGRES – LOVE TILES A Margres e a Love Tiles apresentaram stand conjunto em Valência As grandes tendências de cerâmica estiveram em exposição em Valência, entre os dias 3 e 7 de fevereiro e as marcas da Gres Panaria Portugal, a Margres e a Love Tiles responderam prontamente ao desafio (Figura 53). Pelo segundo ano consecutivo as marcas partilha-
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Magres 1
ram a fachada, mantendo a diferença no seu interior. O resultado foi um stand arrojado, que deslumbrou os visitantes que por lá passaram (Figura 54). As novidades da Margres estiveram em especial destaque, com a construção de ambientes com linhas sóbrias e muito elegantes. Do lado da Love Tiles, a cor e irreverência acrescentaram detalhes únicos e trouxeram uma leveza maior ao espaço (Figura 55).
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Design
MENOS IMPACTO AMBIENTAL, MAIS DESIGN INTEMPORAL
por Rui Tomás, designer
Neste início da segunda década do século XXI são vários os desafios que a humanidade enfrenta, entre eles a sustentabilidade e a consequente existência do planeta tal como o conhecemos. A premência de reduzir ao máximo e erradicar o plástico dos consumos de uma só única utilização é uma tarefa difícil e que parece impossível, passam-se dias, semanas, meses, anos e pouco ou nada – para o que seria de esperar – parece acontecer. As grandes marcas de consumos milionários continuam – apesar de algumas campanhas de marketing nos fazerem tentar acreditar no contrário – a produzir os mesmos produtos e a não abdicar do seu espaço e da sua confortável forma de ação no mercado. Por mais que pareça que os designers tenham aqui um papel fundamental para criarem soluções sustentáveis, são os consumidores, que nas mais pequenas decisões, nas suas opções e escolhas diárias podem ser decisivos e, contrariar esta devastação que alimenta financeiramente mega-empresas e destrói ecossistemas. A economia circular, dá o aval e, em teoria permite que a humanidade continue a manter os
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mesmos hábitos de consumo, pois é-nos incutido que ao colocarmos os desperdícios nos ecopontos a magia acontece. Uma questão é a veracidade e o destino destas matérias. Se, por um lado, é questionada a dificuldade de obter dos reciclados a estética que agrade ao gosto e à tendência dos consumidores é, por um outro, serem, quase sempre, mais caros os produtos produzidos com materiais reciclados. Não fossem os valores económicos colocados à frente de tudo o que realmente importa e, com certeza que se conseguiria reverter esta tragédia mundial. Como apenas um, de muitos possíveis exemplos, temos as garrafas plásticas que continuam e, continuarão a ser produzidas enquanto nós, os consumidores, as continuarmos a comprar. O oceano continuará a ser depósito, os animais e o ecossistema a tentar sobreviver e vão continuar a existir produtos produzidos das garrafas retiradas dos oceanos e marcas que daqui façam a sua bandeira de marketing. Um mercado sedento de grandes escalas de produção, de um cada vez mais baixo custo e por sua vez um maior lucro, leva-nos além de todo este sufoco de sustentabilidade, para um caminho de uniformização. Se por um lado e cada vez mais essa uniformização de produtos é uma realidade, por um outro lado fomenta-se o descartável, onde a reparação e o arranjo é tão ou mais dispendioso do que a compra de um novo produto, gerando uma vez mais desperdício do qual não se sabe qual o seu destino. Há que questionar o modus operandi da produção industrial e avaliar as suas consequências. Também o apreço sentimental
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Design
que atribuíamos em tempos a determinados objectos perde-se em toda esta cadeia de valor económico. E é aqui que na realidade me parece poder haver espaço de acção, e que está ao alcance dos mais comuns mortais designers, das marcas e das pequenas e médias empresas. Ou retomar o apreço sentimental dos objectos que nos tocam, que nos digam algo, seja através dos ofícios tradicionais ou da simples e minimalista expressão formal. A simplicidade, a qualidade e a função reconhecida por si só poderá criar a oportunidade de continuar um objeto a perdurar no tempo. A forma sobre como o produto é produzido, recorrendo a pequenas séries e à manualidade – mesmo que em objectos simples – transferirá para o objecto a história, o processo, a técnica e a atitude. É certo – e aqui surge mais uma grande dificuldade – que o preço de um produto produzido em pequenas séries ou de forma mais artesanal tem um custo de produção mais elevado do que um produto produzido em larga escala – e não apenas por ser um produto de design, como muitas vezes lhe é atribuído o “estatuto”, como se de peças de arte se tratassem. O design é uma disciplina criativa e humanista, que através dos seus estudos possa conceber projectos, planear e produzir objectos, produtos ou equipamentos, que procura solucionar problemas que respondam a necessidades de pessoas individuais ou colectivas, através de processos industriais ou de pequenas séries. Uma disciplina que reúne a criatividade com as técnicas de projectar, com o estado da arte do design, com o conhecimento sobre materiais e com as suas tecnologias de transformação. O design deverá ser o mais democrático possível e
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acessível ao maior número de pessoas e é, de facto difícil este meio-termo, esta realidade dos processo semi-industriais e de pequenas séries que não conseguem obter o baixo preço e ser o mesmo democrático como seria desejável, mas sendo os objetos produzidos com matérias-primas locais e sustentáveis recorrendo nós próprios, designers, ao saber fazer e à indústria próxima da nossa área, do nosso território, valorizando os saberes e reduzindo a pegada ecológica. Estamos então na medida do que nos é possível, a contrariar a tendência da globalização e a participar num mundo melhor. O crescente mediatismo que Portugal tem conhecido no estrangeiro, também se reflecte no design. O Design Português é cada vez mais reconhecido é, um resultado lógico do desenvolvimento que a disciplina tem tido, desde a formação nas universidades, da aposta dos empresários em investigação, na relação que tem tido com o desenvolvimento de objectos industriais, objectos de pequena série e na integração de objectos artesanais e dos ofícios populares. Novas marcas portuguesas e novos produtos surgem no mercado pela vitalidade de empresários que investem na criatividade, em novos equipamentos e tecnologias de produção, como recuperam técnicas e revitalizam fábricas, mas também por iniciativa e empreendedorismo de designers, que por falta de oportunidades na indústria e/ou para criar o seu próprio espaço no mercado se lançam nessa aventura. As marcas nacionais estão a percorrer um caminho que se distingue e conquista novos mercados, manifestando-se, também, em prémios de relevância internacional.
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Ainda assim existe um longo caminho a percorrer, é inquestionável a capacidade da Indústria Portuguesa produzir produtos de alto padrão de qualidade, reconhecido internacionalmente por marcas de renome mas, salvo alguns exemplos, na sua maioria servindo de produtor e caindo a origem da produção portuguesa no anonimato do utilizador final, ou seja, um produto – e a título de mero exemplo – com Design Finlandês produzido em Portugal é e continuará a ser Finlandês. Arrisco-me a dizer que o investir na criatividade e no valor que o design acrescenta é o único caminho possível para que as margens de lucro do produto final e as taxas de produtividade aumentem no nosso país. Não quero obviamente com isto dizer que a indústria negue encomendas por sub-contratação, mas sim que repense o papel do design dentro das suas estruturas. O inovar através da criatividade, o cruzar das artes e do saber fazer com a tecnologia, e o juntar a estética com funcionalidade são contributos que o design aliado ao empreendedorismo, à indústria e ao saber fazer podem ter para com o desenvolvimento cultural e económico do país e para com o preservar da identidade cultural portuguesa. E como pode a identidade ser transferida para o objecto? A portugalidade é evidenciada através dos saberes tradicionais ou dos materiais utilizados? São várias as questões que me ocorrem como ponto de partida para o que é realmente ser um produto de identidade portuguesa. A cadeira mais portuguesa das nossas esplanadas é um exemplo de como o pragmatismo, a simplicidade se traduz numa forma que cumpre uma função. Observando essa peça, entendemos que na realidade – não fosse o caso de ter sido desenhada por um português e fabricada em Portugal e até à data da sua criação, de Portugal e da identidade portuguesa não teria nada – é produzida com um simples tubo e chapa metálica – disponível em vários mercados – que foi trabalhado através de dobragem, corte e soldadura. A mestria de quem a desenhou foi possível, pois dominava a tecnologia de transformação e a matéria-prima com que trabalhava. Funcional, e a cumprir com todas as condicionantes específicas de um equipamento de esplanada, fez com que essa mesma cadeira se tornasse um ícone português. São princípios transversais ao tempo, imutáveis na definição de design, que aplico aos produtos e objectos que desenho e projeto. Na maior parte das vezes que proporcionem uma fabricação o menos dispendiosa possível, essa preocupação economicista traduz-se na simplicidade visual e aparente dos objectos, em que o detalhe não é deixa-
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do ao acaso. O impacto ambiental nas decisões projetuais, as formas escolhidas, não só porque servem exclusivamente o propósito comercial, tem como resultado a expressão da simplicidade, não é uma procura de ostentar perante os outros ou de procurar distinção social, mas sim porque primeiro que tudo o objecto de design tem que ser útil. Fazer com que os objectos perdurem de geração em geração, fazer com que lhes seja possível ganhar a pátina do tempo e que passem impunes a modas demasiado efémeras, é um passo contrário ao descarte, ao estéril e à uniformização e quem sabe um dia atinjam a intemporalidade.
Biografia Rui Tomás é um designer formado na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa. Desenvolve um trabalho multidisciplinar e em diferentes escalas projetuais. O seu perímetro de acção tem-se situado entre a “escala da mão e a escala da arquitectura”. Rui Tomás é um apaixonado pelo design de cariz, principalmente, geométrico e o seu trabalho tem-se evidenciado pelo elogio à simplicidade, associada ao detalhe, à linha pura e essencialista. Manifesta interesse privilegiado nos materiais e tecnologias de transformação. Usa o desenho como instrumento facilitador de pensamento e comunicação de ideias em design. Rui Tomás foi galardoado com os prémios German Design Award e Red Dot Design Award, conta já com obras amplamente divulgadas em Portugal e no estrangeiro, como Paris, Londres, Berlin, Xangai, Nova Iorque e Tóquio.
D eDs et sa iqgune . . KKéérraam miiccaa . . pp. .2391
Formação
INTERSEÇÕES ENTRE O ENSINO DO DESIGN E A INDÚSTRIA CERÂMICA A LICENCIATURA EM DESIGN DE PRODUTO – CERÂMICA E VIDRO NA ESAD CR
por Carla Lobo, Coordenadora do curso e Presidente da Comissão Científica e Pedagógica da Licenciatura em Design de Produto - Cerâmica e Vidro e Fernando Carradas, Membro da Comissão Científica e Pedagógica da Licenciatura em Design de Produto Cerâmica e Vidro
1. Exposição de Design de Equipamento Urbano Projeto específico realizado no âmbito do protocolo de parceria entre a Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha e a Câmara Municipal de Peniche, no contexto das unidades curriculares Estudos Ur b a n o s e d e P r o j e t o d e D e s i g n d eP r o d u t o I V. Mu s e u da Renda de Bilros de Peniche.
A Região Centro, onde se insere a ESAD.CR, caracteriza-se por ser uma região com uma estrutura produtiva forte, dinâmica, inovadora e muito diversificada, nomeadamente nos sectores de produção tradicional da cerâmica e vidro, dos plásticos, dos moldes, da indústria agroalimentar e da produção cultural. A criação de uma licenciatura cujo objetivo primordial era formar designers para integrar as indústrias da região, numa zona geográfica com notoriedade histórica e forte tradição nas áreas da cerâmica e do vidro surgiu como uma oportunidade de valorização tanto para a indústria como para a comunidade, num período onde estes dois sectores representavam a maior fonte de emprego e de rendimentos. A decisão de estabelecer a ESAD CR em Caldas da Rainha deu continuidade à tradição cultural da cidade, e a criação de uma licenciatura em design dedicada à cerâmica foi validada pelo papel fundamental desta nas atividades económicas do concelho. Ao longo dos 30 anos de existência o curso evoluiu, na sua estrutura curricular e práticas pedagógicas, de acordo com as mutações do tecido industrial e social, adaptando-se às novas realidades, consolidando a sua presença no cenário formativo, e a sua procura por parte dos candidatos ao ensino superior.
Apesar das alterações decorridas nos últimos 20 anos, Portugal mantém o seu papel como um dos principais países produtores de cerâmica e vidro da UE, sendo consensual que a competitividade das indústrias destas áreas, na sua maioria fortemente exportadoras, depende largamente do desenvolvimento de produtos próprios. Considerando a consolidação do tecido industrial nas áreas de excelência do curso, pela sua singularidade, a Licenciatura em Design de Produto – Cerâmica e Vidro, formação única na oferta pública do sistema de ensino superior português, acreditada pela A3ES¹ , encontra-se numa posição privilegiada para contribuir de forma efetiva para a vitalidade e sustentabilidade destes sectores. Funcionamento A licenciatura foi estruturada para conferir uma sólida formação na área do design de produto, com uma especialização tecnológica focada na concepção e no desenvolvimento de produtos cerâmicos e de vidro, tanto para o setor industrial, como para o de manufatura/craft, em setores como o Habitat nas componentes do utilitário e decorativo (louça em porcelana, faiança, grés e terracota, joalharia e acessórios de moda); cerâmicos estruturais (tijolo e coberturas); revestimentos e pavimentos, sanitários e equipamentos urbanos; embalagem para armazenamento e conservação de bebidas e alimentos; utensílios para a área da saúde e da química; aplicações de alta temperatura (refratários); além das suas aplicações de caráter artístico, lúdico e pedagógico (arte pública, terapias ocupacionais e psicomotricidade, e.g.). O ciclo de estudos estabelece uma estreita ligação entre Design e Tecnologia, formando licenciados de elevada qualidade criativa, técnica, científica, ética e profissional, capazes de racionalizar a utilização de recursos e gerir de forma eficaz, integrada e inovadora, os sistemas e processos relativos às atividades de projeto no contexto empresarial, através de uma estrutura curricular que permite dotar os alunos das competências teóricas e dos instrumentos práticos nas áreas da conceção, ergonomia, desenho, desenvolvimento de modelos, natureza e dos atributos dos materiais, no domínio dos processamentos industriais e artesanais e da gestão, as quais visam preparar os alunos para a sua 1 Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior
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T í t u l o : Mo s s | L i v i n g Wa l l- Re v e s t i m e n t o Autor: Tânia Alves Dimensões: 300mmx600mm Materiais: Terracota Projeto desenvolvido na UC Projeto de Design de Produto IV para participação no Concurso de Design Cerâmico da Cevisama.
atividade profissional, dotando-os da capacidade de agir, antecipar e contribuir para o desenvolvimento local nas suas diferentes vertentes, como preconizado na missão do IPL. A transdisciplinaridade e coerência pedagógica do currículo, visa uma abordagem do design nas suas distintas vertentes que permita aos alunos explorar diferentes campos e modos de atuação, e se descubram enquanto futuros profissionais de uma área de atividade que permite múltiplas abordagens, desde a industrial à manufatura autoral ou não, da conceptual à operacional. Fruto desta visão, os licenciados do curso podem atuar como Designer de Produto, Diretor de Inovação e Desenvolvimento de Produto ou Diretor de Produção, em gabinetes de Design, Profissional Liberal na indústria criativa, na área da curadoria e administração de serviços artísticos em museus e galerias e Gestor de Comércio de Produtos de Design e de Craft; ou integrar equipas de projeto multidisciplinar nos âmbitos da arquitetura, urbanismo, paisagismo e património; na administração pública em projeto de equipamentos, serviços ou espaços; grupos de investigação e desenvolvimento de programas de Sustentabilidade; ou coordenar equipas multidisciplinares de desenvolvimento de produtos e ambientes. Materializando os princípios do ensino politécnico, as dinâmicas pedagógicas do curso assentam no conceito “learning by doing”, complementado por visitas de estudo, workshops, e atividades extracurriculares de formação adicional. Simultaneamente são criadas as condições para que as competências sejam desenvolvidas e testadas através da participação em concursos nacionais e internacionais, mas e acima de tudo, através da colaboração direta com empresas e instituições. Acreditamos que este modo de transmitir e desenvolver conhecimento capacita os alunos de forma mais efetiva para a prática profissional e lhes confere as competências essenciais a uma aprendizagem autónoma contínua. Ao longo dos anos tem sido construída uma rede de relações com o tecido industrial e institucional que tem permitido facultar aos alunos uma aprendizagem que se estende para além do contexto académico. Como exemplo salientamos as parcerias com as Câmaras Municipais das Caldas da Rainha e de Peniche, com a ACCRO², Fábrica Bordalo Pinheiro, Molde, Spal, Arfai, Bodum, Vista Alegre, bem como a participação da ESAD CR em redes internacionais como a AIC – Académie Internacionale de la Céramique, nos projetos CLAY³; www.rotasdaceramica.pt⁴ e InEDIC⁵, ou o acolhimento da Cátedra UNESCO/Rede UniTwin em Gestão das Artes e da Cultura, Cidades e Criatividade. O modelo de colaboração praticado pretende incentivar a comunicação direta entre a escola e as entidades parceiras, estabelecendo pontes entre o mundo académico e o laboral, seja através do desenvolvimento de projetos – em que a empresa se envolve de forma direta e participada em várias fases do projeto; de aulas abertas por profissionais de diferentes áreas; seja através do estágio curricular, onde os futuros designers têm a hipótese de imergir no contexto empresarial, agilizando uma futura integração no mercado de trabalho, e as empresas têm a possibili-
Título:Home | Gradilha Autor: Bernardo Grécio Dimensões: 200mm x 300mm Materiais: Grés Projeto desenvolvido na UC Projeto de Design de Produto IV para participação no Concurso de Design Cerâmico da Cevisama
Formação
dade de contribuir de modo efetivo para a formação dos futuros colaboradores e cumulativamente visar futuros projetos de investigação. Os resultados obtidos nestas atividades concretizam-se em duas vertentes: No que diz respeito ao curso, na incorporação do conhecimento da realidade industrial, cultural, económica, tecnológica, social, territorial, patrimonial e ambiental da região, a disseminação do conhecimento científico junto da comunidade e produção de conhecimento nas suas diferentes vertentes (e.g. relatórios de estágio, manuais de práticas projetuais, comunicações e exposições); no que aos nossos parceiros respeita, a transferência de conhecimento, a possibilidade de criação de novas marcas e produtos, novas estratégias de design e redesign de produtos e serviços, a requalificação de espaços urbanos, preservação e valorização do património ou o registo de marcas, patentes e propriedade intelectual. O reconhecimento da qualidade da formação e a notoriedade do curso, patente nos mais de 70 prémios e menções honrosas (e.g. Concursos Verallia, Cevisama e Rometti), associada à consolidação das estratégias de internacionalização do IPLeiria, tem-se traduzido no aumento da procura do curso por parte de alunos nacionais e estrangeiros.
2 Associação Empresarial das Caldas da Rainha e Oeste 3 Cross Sector support for Innovative and Competitive artistic Ceramic SMEs ⁴ Cerâmica – Turismo Industrial, Científico e Cultural ⁵ Projeto InEDIC – Inovação e Ecodesign na Indústria Cerâmica
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Formação
Título: Germinados | Germinadores de sementes Autor: Beatriz Santos Dimensões: diversas Materiais: Vidro, Barro vermelho e engobes Projeto desenvolvido na UC Projeto Final
Título: Abrigo para abelhas solitárias Autor: Ana Rita Fonseca Dimensões: Diversas Materiais: Terracota, canas, galhos Projeto desenvolvido na UC Projeto de Design de Produto III
Como vemos o futuro do curso | diferenciação O crescimento constante e sustentado dos diferentes sectores de produção cerâmica, em resultado da conquista de novos mercados internacionais estratégicos e da sua recuperação nos mercados tradicionais e a contínua valorização dos produtos nacionais a nível global, confirma o consequente aumento dos níveis de procura por profissionais qualificados nas áreas da conceção e desenvolvimento de novos produtos e serviços como fator imprescindível a uma maior cultura de inovação empresarial. O cenário de inovação e transferência de conhecimento existente e a previsão do seu crescimento sustentado, permite antecipar o crescimento e o fortalecimento de redes entre empresas, organizações e instituições de ensino, com vantagem e sustentabilidade para todos os envolvidos. Das oportunidades apontadas como estratégicas para os diferentes sectores de produção, distribuição e comercialização de produtos e serviços, a nível regional e global, destacam-se os novos nichos de mercado e de tendências de consumo consequentes de novos padrões comportamentais – originados pela atual consciencialização das alterações climáticas – que se traduzem numa maior consciência coletiva do “valor” real dos bens materiais ou imateriais que adquirimos ou de que usufruímos. Esta consciência ou este “novo” paradigma obrigará o designer (e não só) à definição e aplicação de novos modos de “pensar e agir” que vão para além dos valores económicos imediatos desejados pelos sistemas atuais, ou seja a criação de valor sem “valor”. No contexto da produção distribuição, e comercialização de produtos cerâmicos industriais e artesanais impõem-se um conjunto de mudanças na definição, ou pela redefinição, dos objetivos e das práticas produtivas e comerciais que se concretizem na capacidade de incorporar nas motivações empresariais os fatores de uma consciência de “valor” social e ambiental, sem os quais se poderá comprometer o futuro das futuras gerações e a “sustentabilidade/viabilidade” das empresas. Os novos paradigmas económicos alteraram significativamente os papéis tradicionais dos diferentes intervenientes. Os designers, mais do que criadores de produtos chamam a si a responsabilidade de pensar estratégias futuras sobre o fazer, o usar e o viver, e, por outro lado, extrapolam a posição de colaborador/ prestador de serviços para as empresas, assumindo igualmente o papel de mentor e cliente, gerando novas dinâmicas de processos, produtos e serviços. Neste contexto, a localização da ESAD CR nesta região e a oferta formativa da Licenciatura em Design de Produto – Cerâmica e Vidro, contribuem de forma efetiva para promoção e criação de um sistema integrado de formação, investigação e de produção científica e tecnológica com forte impacto no desenvolvimento económico, social, ambiental e cultural da cidade, da região e do país, assegurando a continuidade histórica, artística e industrial aos sectores de atividade instalados, e a criação de novas atividades produtivas que respondam a necessidades emergentes e futuras e de novas formas de pensar e agir consequentes de uma sociedade que se deseja mais responsável e reflexiva.
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Design
DESIGN, O OXIGÉNIO DA TRADIÇÃO
por Daniel Bacelar Pereira
dade, quando o jovem Renato Costa desafiou o seu amigo Daniel Bacelar a ilustrar a cerâmica tradicional de Bisalhães. A ideia nasceu. A paixão e a força que essa tradição emanava eram contagiantes e, além disso, o potencial oculto nesses objetos era inquestionável. Mais tarde, com o apoio do designer-chefe da SPAl, Daniel Pera, nasceu o projecto Bisarro. Algum tempo depois, Micael Bacelar foi adicionado à equipa, trazendo juventude e dinamismo ao projeto, ajudando a consolidá-lo. A cerâmica negra de Vila Real remonta ao século XVII, o que faz desta arte algo que deve ser protegido e valorizado. É incrível como nesta arte podemos ver a força e a resiliência das pessoas desta região, porque engane-se se acha que é um trabalho fácil. Não é. É um processo árduo, pesado, sujo e cansativo, gelado no inverno e abrasador no verão. Além disso, não devemos esquecer que esta é uma sabedoria passada de geração em geração até os nossos dias. As nossas cerâmicas são cuidadosamente desenvolvidas e produzidas com forte inspiração nos métodos tradicionais. Cada peça é fruto do carinho e do amor de várias pessoas que, com as próprias mãos, conhecimento e trabalho duro tentam oferecer o melhor produto final possível. Esse complexo processo de
A Bisarro nasceu do amor pelo hoje, ontem e amanhã. Não somos mais do que um grupo de jovens designers, apaixonados, teimosos e inquietos que querem ver os frutos da sua terra natal irem muito além, não apenas no espaço, mas também no tempo. Somos um grupo de designers que estão dispostos a usar as suas habilidades e criatividade, não apenas para empurrar a cerâmica negra para o futuro, mas também elevar o design português. Tudo começou nos dias da facul-
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Design
fabricação implica que cada peça seja formal e esteticamente única, o que confere alma e personalidade ao objeto, algo que não encontramos numa fabricação industrial. Acreditamos que está relacionado com tudo isto termos sido selecionados pela segunda vez para expormos na Feira Ambiente na Messe Frankfurt na Alemanha. Uma oportunidade irrecusável que nos enche de orgulho de estarmos presentes num certame tão reputado. O stand encontrava-se no Hall 4.0 na secção dos Talents, que tem como objectivo promover novos projectos e jovens designers. As feiras são sempre uma oportunidade imperdível de partilhar conhecimento, experiências, pontos de vista e, obviamente, criar contactos importantes a nível comercial. Contudo, não há como negar a fraca adesão deste ano. Com a inquietação causada pelo vírus Corona e com o mau tempo no norte da Europa, foi notória a ausência de vários mercados importantes. Felizmente a experiência adquirida e a partilha de conhecimento acaba por minimizar alguns inconvenientes. No fundo, sabíamos que era uma oportunidade imperdível, principalmente com a presença de marcas nacionais e internacionais de renome que admiramos. É inquestionável o papel do design no meio dis-
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to tudo. Nunca como agora foi tão urgente educar o designer para a consciência das tradições e das coisas que são feitas com esforço e dedicação. É algo fulcral, não só por questões ambientais mas também por questões culturais e civilizacionais. Muitas vezes nos perguntam o que o design tem a ver com a tradição. Nada ... e tudo. Quantas tradições, costumes e artes vimos morrer de asfixia lenta? O design tem a hipótese de ser o oxigênio que pode manter essas tradições vivas e prósperas. Mas aqui está o truque, não se pode alterar o equilíbrio. É uma operação delicada mudar algo sem alterá-lo, porque também se pode morrer de muito oxigênio. Como é que fazemos isso? É fácil, compre uma peça da Bisarro e logo descobrirá.
Saiba onde encontrar as nossas cerâmicas perto de si, no site da Bisarro ou encomende na nossa loja online. Instagram: @bisarroceramics e-mail: info@bisarro.pt facebook: @bisarroceramics site: www.bisarro.pt
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Sessão Jurídica
O IMPACTO DA REFORMA DO IVA NAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS
por Filomena Girão e Maria Inês de Almeida Basto, FAF Advogados
No passado dia 18 de Fevereiro, o Conselho da União Europeia aprovou duas reformas às regras existentes em matéria de Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) da União Europeia (UE). A União Europeia possui regras gerais em matéria de IVA, também conhecidas por “sistema comum de IVA”, actualmente regulamentadas pela Directiva 2006/112/CE do Conselho, de 28 de Novembro de 2006 (Directiva do IVA), cuja aplicabilidade indirecta na ordem interna dos Estados implica que esta seja transposta para o Direito Nacional, justificando, assim, o facto de as regras poderem demonstrar variações ligeiras de Estado-Membro para Estado-Membro (a começar, desde logo, pela taxa aplicada). Ora, o IVA é um imposto geral sobre o consumo que se aplica a (quase) todas as operações realizadas na UE, a pagamento por um sujeito passivo, isto é, um indivíduo ou organismo que entregue bens ou preste serviços no exercício da sua actividade. Na União Europeia, as seguintes operações são tributáveis em sede de IVA: • Entrega de mercadorias por um sujeito passivo no território de um Estado-Membro da UE; • Importação de mercadorias de fora da UE; • Aquisições intracomunitárias de mercadorias; • Prestações de serviços sempre que o destinatário esteja estabelecido na UE. É um imposto plurifásico, na medida em que é liquidado em todas as fases do circuito económico, desde o produtor ao retalhista. Existem, no entanto, algumas transacções que beneficiam da isenção de IVA como, por exemplo, as exportações para fora da UE. Criado originariamente como um imposto temporário em 1977, o sistema do IVA de hoje tem revelado algumas fragilidades e é, por isso, premente a sua modernização. A frau-
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de e a evasão fiscal, a burocracia e os custos acrescidos com as transaccções intracomunitárias, que tão gravosamente afetam as pequenas e médias empresas (PME), são algumas das principais dificuldades apontadas. Nesta senda, a Comissão criou um Plano de Acção em matéria de IVA, aprovado a 7 de Abril de 2016, marcando assim o início oficial da reforma do sistema comum do IVA. As primeiras medidas deste Plano de Acção entraram em vigor no início do corrente ano e incluem: • a harmonização das regras relativas a transacções em cadeia e das regras aplicáveis à venda de bens à consignação, conforme Directiva (UE) 2018/1910 do Conselho, que acrescenta os artigos 36.º-A e 17.º-A à Directiva do IVA; • a harmonização das regras de documentação dos movimentos transfronteiriços de mercadorias, implementada pela Directiva (UE) 2018/1910 do Conselho, através da alteração do n.º 1 e da adição do n.º 1-A ao artigo 138.º da Directiva do IVA e pelo Regulamento de Execução (UE) 2018/1912 do Conselho, de 4 de Dezembro de 2018, que introduz os artigos 45.º-A e 54.º-A ao Regulamento de Execução (UE) 2011/282; e
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Sessão Jurídica
• a implementação de um mecanismo obrigatório de conferência da validade de número de contribuinte em transacções intracomunitárias de bens, introduzido pelo Regulamento (UE) 2018/1909 do Conselho, de 4 de Dezembro de 2018, que altera o Regulamento (UE) n.º 2010/904. Já em Fevereiro de 2020, a União Europeia deu mais um passo no âmbito desta reforma do IVA, com duas reformas adoptadas pelo Conselho da União Europeia, que se entende, a par do Parlamento Europeu, como o principal órgão de decisão da UE. A primeira reforma entrará em vigor a 1 de Janeiro de 2024 e pretende facilitar a detecção de fraude fiscal nas transacções de comércio electrónico transfronteiriço. De acordo com estudo publicado pela Comissão Europeia, só em 2017 a diferença entre a receita de IVA esperada e o IVA efectivamente tributado atingiu os 137 mil milhões de euros. As novas regras permitirão aos Estados-Membros recolher, de forma harmonizada, os registos disponibilizados electronicamente por prestadores de serviços de pagamento como as entidades bancárias. Prevê-se ainda a criação de um novo sistema electrónico central para o armazenamento de informações sobre pagamentos e para o tratamento posterior dessas informações por funcionários nacionais responsáveis pelo combate à fraude. Com estas medidas, o Conselho tenciona reaver uma grande percentagem do IVA não cobrado que, ademais, constitui uma importante fonte de receita dentro da UE.
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A segunda reforma, com entrada em vigor prevista apenas para 1 de Janeiro de 2025, impõe a simplificação de um conjunto de regras relativas ao IVA e aplicáveis às pequenas e médias empresas. De salientar, pela sua importância, a regra que determina a isenção de IVA para as consideradas “pequenas empresas”. As empresas isentas de IVA gozaram, igualmente, de um regime de obrigações declarativas simplificado. As novas regras aplicar-se-ão às empresas da União Europeia com um volume de facturação anual não superior a 85 mil euros, salvaguardando-se desde já a faculdade de os Estados-Membros poderem delimitar o critério a um valor inferior, atendendo às condições económicas e sociais próprias do seu País. Estão ainda previstas situações excepcionais com um limite de facturação anual alargado, isto é, de até 100 mil euros, sob determinadas condições. A referida isenção de IVA passará a poder ser aplicada não só a empresas nacionais, mas também a empresas de outros Estados-Membros. Prevê-se ainda que, quando as empresas ultrapassem os valores-limite de facturação, possam também beneficiar da isenção por um período de tempo determinado, pois só assim poderá esta medida ser um verdadeiro incentivo ao crescimento das PME. Com esta reforma, o Conselho determina uma redução dos encargos administrativos e dos custos de uniformização para estas pequenas empresas. A reforma da Directiva do IVA pretende, em suma, ajudar a criar um enquadramento fiscal impulsionador do comércio transfronteiriço, contando desse modo contribuir para o crescimento das PME da União Europeia.
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Design
VIÚVA LAMEGO CELEBRA 170 ANOS COM EXPOSIÇÃO DE OBRAS DE AUTOR E VISITA DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA À FÁBRICA
A Viúva Lamego celebra os 170 anos com uma exposição de Obras de Autor e a visita à sua Fábrica de Cerâmica do Sr. Presidente da República, Prof. Doutor Marcelo Rebelo de Sousa. Desde os anos 1930, que um dos pilares da Viúva Lamego é a colaboração com artistas plásticos, que exploraram o potencial criativo do azulejo numa relação virtuosa entre a criatividade e o saber fazer dos Artesãos da fábrica. Criadores de diferentes quadrantes, artistas como o mestre Cargaleiro, Hervé di Rosa e Bela Silva, com atelier na própria fábrica, falando com os artesãos e pintores, participando em todas as fases dos projetos, contribuem para a revitalização da cerâmica artística em Portugal. Esta exposição é, por isso, uma homenagem aos artistas que trabalharam e continuam a trabalhar com e na Viúva Lamego, trazendo o azulejo na arquitectura para o centro da criação artística e da arte em espaço público como forma de valorização do espaço comum, integraçãoe sentido de pertença das comunidades. Lista das obras em exposição • Estação de Metro Saldanha II – José Afonso de Almada Negreiros • Painel da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa – Jorge Barradas • Painel “O Mar” – Avenida Infante Santo – Maria Keil • Estação de Metro do Parque – Maria Keil • Estação de Metro do Rossio – Maria Keil • Estação deMetro de Alvalade – Maria Keil • Estação de Metro do Colégio Militar – Manuel Cargaleiro • Estação de Metro do Alto dos Moinhos – Júlio Pomar • Estação de Metro da Cidade Universitária – Maria Helena Vieira da Silva em colaboração com Manuel Cargaleiro • Estaçãode Paris Champs-Élysées-Clemenceau – Manuel Cargaleiro • Estação de Metro do Oriente – Zao Wou-Ki
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Estação de Metro da Bela Vista – Querubim Lapa Estação de Metro do Rato – Manuel Cargaleiro Centro Desportivo“Queen of Jungle” – Erró, Islândia Pavilhão de Portugal Expo´98 – Álvaro Siza Vieira Viaduto da Avenida Infante Santo – Eduardo Nery Casa da Música – Rem Koolhas Estação de Metro de S. Bento – Álvaro Siza Vieira Estação de Metro de Alvalade – Bela Silva Estação de Metro S. Sebastião II – Catarina Almada Negreiros e Rita Almada Negreiros Estação Fluvial Sul e Sueste, átrio “Cota Zero” – Catarina Almada Negreiros e Rita Almada Negreiros Mural do Jardim Botto Machado – André Saraiva Painel de Azulejos na Gare Saint- Saveur – Hervé di Rosa, Lille – Franca Estação de Metro Maalbeck – Benoît Van Innis, Bruxelas – Bélgica Painel de Azulejos da Capela do Monte – Álvaro Siza Vieira Piscina para a Fundação Júpiter Artland – Joana Vasconcelos, Edimburgo – Escócia Painel de Azulejos na Biblioteca Sophia de Mello Breyner Andresen – Rico Sequeira – Loulé
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Design
• Painel 30 Anos da rRvolução de Veludo – Peter Sis – Praga, Républica Checa(obra em execução) • “Bolo de Noiva” para a Fundação Rothschild – Inglaterra (obra em execução) A Viúva Lamego A Viúva Lamego tem se diferenciado pela sua capacidade de produzir peças distintas, através de técnicas e saberes únicos. Essa excelência é uma das razões pelas quais os maiores artistas plásticos portugueses, modernistas e contemporâneos realizaram e continuam a criar obras com o suporte de azulejo. Os painéis de azulejo da Viúva Lamego são peças integrantes e relevantes na história da arte contemporânea portuguesa e contribuem de forma ímpar para a visibilidade e internacionalização dos artistas portugueses que assim, veem expostas as suas obras como arte pública em permanência, pelo mundo fora. Tão ou mais importante do que celebrar um passado relevante, é celebrar este novo futuro de uma marca histórica, resultante de um notável esforço da equipa da Viúva Lamego. Após terem resistido ao seu quase desaparecimento, que representaria a extinção de um património técnico e artístico irreproduzível, as peças da Viúva Lamego regressaram ao mercado com um renovado dinamismo artístico, modernidade e inovação. É neste contexto de valorização do património artístico português, sempre com a ambição de inovar e de fazer crescer a obra e o nome Viúva Lamego, que a fábrica trabalha actualmente. A História Contar a História da Viúva Lamego é contar a história do Azulejo Português. Ao longo de cinco séculos, o azulejo tem vindo a ser usado como forma de expressão nos mais variados contextos.
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Mais do que uma opção estética, o azulejo português é o reflexo de influências culturais, sociais e económicas inseparáveis da História do país. A produção de azulejos em Portugal data de meados do século XVI, contudo é no século XIX que esta indústria se afirma definitivamente. A crescente procura oriunda do Brasil de louças e azulejos portugueses, ideais para proteger os edifícios do clima quente e húmido, levou ao aparecimento de fábricas de cerâmica por todo o país. Fundada em 1849, a Viúva Lamego foi uma das primeiras. A primeira fábrica da Viúva Lamego situava-se no Largo do Intendente. Construído entre 1849 e 1865, o edifício sito no Intendente apresenta a fachada decorada na íntegra por azulejos figurativos, da autoria do diretor artístico da fábrica, Ferreira das Tabuletas, num exemplo pioneiro do uso do azulejo como meio de publicidade. Originalmente, a oficina de olaria de António Costa Lamego, veio a converter-se em fábrica, e adotou a denominação Viúva Lamego quando a mulher de António Lamego assumiu a sua gestão, na sequência da morte do marido, em 1876. O edifício, hoje classificado como imóvel de interesse público, é um dos mais emblemáticos da cidade, sendo um ex-libris do azulejo de estilo naïf oitocentista. Nos primeiros tempos, a fábrica produzia sobretudo artigos utilitários em barro vermelho, azulejos em barro branco e alguma faiança. Com a chegada do século XX, o azulejo tornou-se o principal produto da Viúva Lamego, já então uma fábrica virada para os artistas, com ateliers de trabalho (os chamados casulos) que colocava à sua disposição. Nos anos 1930, a componente industrial foi mudada para a Palma de Baixo. Ali ficou até 1992, ano em que foi transferida para a Abrunheira, em Sintra, onde hoje se encontra a atual fábrica. O edifício no Largo do Intendente passou a estar aberto ao público para exposição e venda de azulejos.
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A colaboração com artistas e arquitetos A partir dos anos 1930, um dos pilares da Viúva Lamego foi a colaboração com artistas plásticos, que viram potencial criativo nas características do azulejo. Estando presentes na fábrica, falando com os artesãos e participando em todas as fases dos projetos, criadores de diferentes quadrantes contribuíram para a revitalização da cerâmica artística em Portugal. Um dos casos mais paradigmáticos é o de Jorge Barradas, cuja carreira multifacetada se iniciou no desenho de humor e publicidade para culminar na cerâmica e azulejo. O trabalho pioneiro que desenvolveu na área – criado em grande parte na Viúva Lamego –, contribuiu para ser considerado figura chave da renovação da cerâmica a nível nacional e para inspirar vários artistas mais novos que o seguiram, como Manuel Cargaleiro ou Querubim Lapa. Na segunda metade do século XX, os azulejos de padrão captam a atenção da comunidade criativa. Agrada-lhes o elemento democratizante e as possibilidades de combinação. Maria Keil foi uma das primeiras artistas a explorar os limites da padronização no azulejo.
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As composições contínuas, com variações de cor e composição, tornaram-se marcas das obras assinadas por Maria Keil. Exemplo máximo são os painéis de azulejo criados para o Metropolitano de Lisboa que, como todos os projetos da artista, foram produzidos na Viúva Lamego. É também durante os anos 1960, que os espaços públicos passam a ser vistos como ideais para inovar e experimentar, dando força ao conceito de arte pública. Numa confluência de artes ímpar, a arquitetura e o urbanismo integram o azulejo, um suporte versátil e prático. A partir do momento em que há espaço para a arte nos edifícios públicos, a relação entre arquitetos e artistas plásticos estreita-se. Os mestres da Viúva Lamego são chamados a contribuir em projetos arquitetónicos inovadores que privilegiam o azulejo, assinados por nomes como Siza Vieira, Souto de Moura ou Rem Koolhaas, todos estes vencedores de prémios Pritzker. Um dos arquitetos mais empenhados nesta integração do azulejo na arquitetura é precisamente Siza Vieira. O Pavilhão de Portugal para a Expo 98, as estações de metro da Baixa-Chiado (Lisboa) e S. Bento (Porto) entre muitos outros, revelam como o traço contemporâneo e a azulejaria tradicional se podem complementar. Projetos deste nível elevam a azulejaria ao plano da arte. Ao associar azulejo à criação artística contemporânea a Viúva Lamego garante que a tradição não só se mantém, como se renova. O caminho trilhado por Álvaro Siza, Cargaleiro, Erró e outros tem vindo a ser continuado pelas novas gerações de artistas e arquitetos que veem no azulejo um material de eleição para experimentar e na Viúva Lamego o espaço que acolhe as suas ideias mais arrojadas. Uma marca renovada Em 2017 a Viúva Lamego foi comprada por Gonçalo Conceição que assumiu a sua internacionalização, partindo da sua essência: o trabalho artesanal e a associação a artistas. Atualmente, a Viúva Lamego pode orgulhar-se de trabalhar ou já ter trabalhado com um enorme leque de artistas nacionais e internacionais de renome como: Almada, Amadeu de Souza Cardoso, Pomar, Maria Keil, Manuel Cargaleiro, Maria Helena Vieira da Silva, Menez, Querubim Lapa, Manuel Vieira, Zao Wo Ki, Manuel Caeiro, Álvaro Lapa, Bela Silva, Joana Vasconcelos, Joana Astolfi, André Saraiva, Rem Koolhaas, Benoît Van Innis, Erró ou Álvaro Siza Vieira. E ainda, de ter obras expostas no espaço global de várias cidades espalhadas pelo mundo, em países como França, Bélgica, Islândia, Japão, Estados Unidos, Chile, Brasil, Reino Unido, Tailândia, Rússia, Coreia do Sul, Moçambique.
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Cultura
O MUSEU DE DE SACAVÉM INDUSTRIAL DE LOIÇA DE
CERÂMICA E A MEMÓRIA DA FÁBRICA SACAVÉM.
Museu de Cerâmica de Sacavém
O Museu de Cerâmica de Sacavém está instalado no local da antiga Fábrica de Loiça de Sacavém onde, cerca de 1858, Manuel Joaquim Afonso, português, industrial vidreiro e homem de negócios na região da Marinha Grande, deu início àquela que viria a ser uma das mais significativas indústrias cerâmicas de Portugal. No seguimento da sua fundação, e já pelas mãos de sucessivos proprietários de origem inglesa (famílias Stott Howorth, Gilman e Gilbert), a Fábrica afirmou-se no panorama industrial nacional e internacional dos séculos XIX e XX. O Museu, sediado num edifício construído de raiz, permite uma viagem ao passado que se inicia no velho Forno 18, único vestígio remanescente do complexo de fornos que foram sendo construídos ao longo dos tempos e de acordo com as necessidades crescentes da produção e que constitui um magnífico exemplar da arquitetura dos fornos-garrafa ingleses (bottles ovens). À volta do Forno 18 estruturam-se as exposições nas quais se poderá apreciar um vasto conjunto de peças produzidas por inúmeros operários e que ilustram a diversidade da produção da Fábrica – loiça doméstica e utilitária, de higiene e sanitária, decorativa, azulejos de padrão, decorativos e artísticos e mosaicos – e cuja história e estórias da sua produção é fundamentada cientificamente pela exposição de documentos pertencentes ao seu Arquivo Empresarial,
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também disponível para consulta no Museu, no Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso. O início de produção, e com base nas poucas peças que se conhecem com a marca M.J.A. – Fábrica de Sacavém, é marcado, principalmente, por decorações florais que refletem o gosto inglês da época e cujos moldes dos formatos seriam provenientes de fábricas inglesas, provavelmente da região das Potteries (Staffordshire), onde se localizavam algumas das principais industrias de china and earthenware. Deste período também se conhecem peças com o padrão Rapariga (Minerva), também designado em originais de cerâmicas inglesas por Athena, Carrara ou Pomona. Este classicismo nas decorações e nos formatos foi evidente nos vários períodos de produção e foi também, com a aquisição da Fábrica por famílias inglesas na década de 60 do século XIX, que se reforçou a ligação a Inglaterra pois de lá provinham as principais matérias-primas, técnicas, moldes e decorações, materiais e utensílios, alguns técnicos e operários especializados, indispensáveis a uma produção que se pretendia de qualidade, até mesmo superior, numa relação de qualidade/preço, à loiça inglesa. Surgiram, neste contexto, uma série de formatos para loiças domésticas – Berlim, Hotel, Meia Cana, Oriental, Paris, Redondo… – associados a inúmeros padrões – Chorão, Dresden, Faisão, Fructa, Indiana, Lillian, Londres, Metz, Minho… – dos quais se destacou o padrão Estátua, que veio a identificar a loiça de Sacavém através da designação popularmente conhecida pela “loiça do cavalinho”. Ainda dentro desta produção mais conservadora, dos fornos saíam também loiças com decorações predominantemente florais, ou com cenas românticas, onde se evidenciam influências de fábricas francesas, como por exemplo de Limoges e de Sévres. Desta última, utilizou-se o seu nome para referenciar um tom de cor azul (mais escuro) aplicado em decorações. Mas a Fábrica soube também acompanhar o surgimento de outras correntes artísticas produzindo exemplares de peças onde se evidenciaram elementos decorativos da Arte Nova e da Art Déco. Integrando-se nesta última cor-
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Cultura
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Loiça de higiene
O Museu é, atualmente, um espaço de valorização, salvaguarda e divulgação do legado das Fábricas de Loures, em ligação ao processo de industrialização do Concelho. Um espaço de afirmação do discurso do Património Industrial e do Primado da Pessoa, onde o Material e o Imaterial se fundem na abordagem da história local. O Museu de Cerâmica de Sacavém tem como missão conservar, preservar, documentar, investigar e promover os espólios que lhe estão confiados, no sentido de valorizar a sua divulgação e apresentação pública, contribuindo para o conhecimento e o enriquecimento do património do Trabalho e da Arte da Fábrica de Loiça de Sacavém, assim como do Património Industrial do território de Loures.
Jorge Colaço
rente, produziram-se os formatos Avenida, Braga, Estoril, Granja, com decorações estilizadas e simples, recorrendo-se também à estampilha e ao aerógrafo para se decorarem as peças. Paralelamente, também foram produzidas loiças com uma função menos utilitária e mais decorativa, desde as simples jarras e vasos para plantas até à produção de séries de esculturas ou estatuetas, principalmente a partir da década de 1940, apontando-se como exemplo as Figuras Bébé, de Leonel Cardoso; de Cavaleiros Medievais e de Militares da Guerra Peninsular, de Armando Mesquita e de Animais, de Donald Gilbert. Na década de 1960 destacam-se as figuras em parian de Clariano Casquinha da Costa e de António Moreira. A produção de loiças de higiene e, mais tarde, sanitárias também contribuiu para a projeção da marca Sacavém não só a nível do mercado nacional mas igualmente para exportação. Inicialmente foram produzidos conjuntos de higiene constituídos por jarros e bacias de mão, bacias de cama, caixas para escovas e para sabão, também referenciados por formatos – Aza de Tronco, Berlim, Limoges… – e por motivos decorativos – Coimbra, Lisboa, Martyrios, Vaquinhas, avançando-se posteriormente e, até ao encerramento da Fábrica, para loiças para casas de banho. Também a produção de azulejos teve o seu início no final do século XIX, designadamente de azulejos para revestimento exterior e interior. A aposta, porém, nos azulejos artísticos revelou o desejo de aumentar a diversidade da produção. Destacou-se o artista Jorge Colaço cujas obras de arte contribuíram para a recuperação da tradição azulejar em Portugal, através da pintura de painéis com temas históricos, mitológicos, literários e etnográficos nacionais que refletem a estética das grandes composições dos séculos XVII e XVIII. As últimas décadas de produção da fábrica coincidiram com uma crescente procura de peças de design mais contemporâneo por parte de um mercado cada vez mais exigente e competitivo. Deu-se início a um processo de modernização que se refletiu não só na reformulação dos fornos e das técnicas de produção, como na contratação de jovens artistas plásticos, dos quais se destacou a ceramista Maria de Lourdes Castro, por via da série “Arte Nova” de loiças domésticas e decorativas. Contudo, este esforço de modernização não foi suficiente para evitar, a partir da década de 70 do século XX, o início do declínio da fábrica. O contexto socioeconómico da época, juntamente com alguns erros de estratégia do passado, foram a conjugação inevitável que acabou por ditar o seu encerramento, em 1994. A deliberação camarária de 22 de novembro de 1995 definiu a preservação e valorização de um núcleo de património da antiga Fábrica de Loiça de Sacavém, lançando as bases do futuro museu – o Museu de Cerâmica de Sacavém – inaugurado a 7 de julho de 2000, pelo então Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio.
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Cultura
Estatua_Cavalinho
A importância deste Museu foi reconhecida em 2002 com a atribuição do Prémio Luigi Micheletti para a categoria de Museus Industriais pelo EMYA – European Museum Year Award. Em 2013, foi premiado com uma Menção Honrosa SOS Azulejo 2012, na categoria Catálogo. Já em 2019, voltou a ser premiado com uma Menção Honrosa SOS Azulejo 2018, na categoria História de Arte e com dois prémios APOM nas categorias Exposição Temporária e Incorporação. Desde a sua inauguração, já acolheu cerca de três dezenas de exposições temporárias e de longa duração, estando atualmente patentes ao público: • Para Uma História da Faiança em Portugal: Fábrica de Loiça de Sacavém; • Vivências quotidianas do Convento de Cristo após a extinção da ordem, através da cultura material e documental (em parceria com a Direção-Geral do Património Cultural); • Mostra documental | Mosaicos Cerâmicos da Fábrica de Loiça de Sacavém. 50 Anos de produção contados pela documentação. Oferece uma programação regular que inclui visitas orientadas, palestras e workshops. As doações são a principal fonte de enriquecimento das coleções deste museu. Colecionadores, antigos trabalhadores, entre outros públicos que visitam o museu, contribuem para a salvaguarda e divulgação de um património com o qual se identificam, através das suas doações e testemunhos. Porque é de um legado que falamos, a contemporaneidade sobrevirá pelo ponto de vista dos colecionadores e da preservação da memória através do Museu de Cerâmica de Sacavém, um museu municipal. O Museu de Cerâmica de Sacavém integra a Rede de Museus de Loures, que inclui igualmente o Museu Municipal de Loures e o Museu do Vinho e da Vinha – Bucelas, assim como a Casa-Museu José Pedro e o Centro de Interpretação das Linhas de Torres.
Maria de Lourdes Castro
Museu de Cerâmica de Sacavém Urbanização Real Forte 2685 Sacavém 211 151 082 / 211 151 083 www.cm-loures.pt dc_museus@cm-loures.pt Horário: Terça a domingo das 10h às 13h e das 14h às 18h Encerra às segundas e feriados
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Design
ALGARVE DESIGN MEETING
por António Lacerda, da Direção AND – Associação Nacional de Designers
Figura
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Cartazes 10º ADM
No sentido de dar continuidade à organização ou coorganização de atividades que promovam o design e os designers, a AND continua a organizar e apoiar o Algarve Design Meeting [www.algarvedesignmeeting. ualg.pt] que conta já com 9 edições implementadas. Este ano, a 10ª edição do Algarve Design Meeting (ADM) pretende continuar a divulgar o design português e internacional, através de um programa alargado de atividades: exposições, conferência internacional em design e animação, workshops, lojas pop-up, alumni talks, performances, videomapping, cinema, montras, prémios de design, que irão decorrer entre os dias 18 de Abril a 23 de Maio em vários locais da cidade de Faro (Fórum Algarve, Fnac Faro, Baixa de Faro e Largo da Sé), tendo uma vez mais o seu núcleo principal de atividades na Fábrica da Cerveja em Faro. Foi desenvolvida uma identidade dinâmica, explorando diferentes elementos cromáticos e tipográficos aplicados em 10 cartazes comemorativos do evento. Os conteúdos gráficos desenvolvidos vão posteriormente potenciar a interação com a realidade aumentada através das exposições que vão decorrer entre os dias 18 de Abril a 23 de maio em Faro, na Fnac, Fórum Algarve, Rua de St. António e Fábrica da Cerveja.
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Continuando a reforçar o potencial e o valor do design, Faro acolhe uma vez mais o encontro entre instituições, empresas, marcas, professores, investigadores e profissionais, e onde o público em geral pode (através das várias atividades realizadas) ter contacto com os vários projetos e talentos existentes neste sector das indústrias criativas, fomentando o conhecimento entre os diferentes coletivos da nossa sociedade. Durante os últimos anos, o ADM ganhou uma notoriedade internacional tendo já concretizado mais de 80 exposições, 40 workshops, 8 conferências (onde tivemos a participação de mais de 130 oradores nacionais e internacionais), 50 Lojas pop-up, 5 Festivais de Videomapping, 4 sessões de cinema ao ar livre, entre vários milhares de visitantes durante o evento. O ADM continua a promover o design como uma área de inovação e intervenção estratégica, fundamental para o desenvolvimento social, cultural e económico em Portugal. A par de todas as atividades previstas, o ADM irá novamente apresentar na fachada da Igreja da Sé – Faro (dia 23 de Maio pelas 22 horas) o Festival de Videomapping, onde irão ser projetados trabalhos experimentais de alunos de várias Universidades nacionais e internacionais como são os exemplos da: Universidade do Algarve – ESEC, Universidade de Tomas Bata-República Checa, Faculdade de Belas
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Figura Faro
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Conferência – Faro
Exposições - Fábrica da Cerveja –
Figura Faro
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Espaços exterioresa – Faro
Exposições - Fábrica da Cerveja –
Design
Artes da Universidade do Porto, ESAD – Escola Superior de Artes e Design - Matosinhos e Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Será ainda dada continuidade aos Prémios de Design AND'20, distinguindo os melhores projetos profissionais na área do design nas áreas da comunicação, interiores e produto, realizados e implementados em Portugal durante o ano de 2019. Os prémios têm como objetivo o reconhecimento do trabalho dos designers assim como dar visibilidade ao sector criativo, cuja qualidade deve ser valorizada. O ADM é organizado pela Universidade do Algarve-ESEC e tem os apoios institucionais da Câmara Municipal de Faro, AND - Associação Nacional de Designers, Direção Regional de Cultura do Algarve, União das Freguesias de Faro, Baixa de Faro, Universidade de Tomas Bata - Rep. Checa, Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, ESAD – Matosinhos, Fórum
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Algarve, Loulé Design Lab, Fnac e a Turbine Kreuzberg. Conta como media partners a Rua FM, Sul Informação, LCPA, Barlavento, The Algarve Post, Algarve Primeiro e Postal do Algarve, e com os patrocínios do Hotel Faro, Tertúlia Algarvia, Multicópias, Al-Gharb e Carob World. Este é um trabalho de continuidade, que se tem tornado uma referência na disseminação e promoção do design, da Universidade do Algarve e da cidade de Faro, e que tem também como missão afirmar a região sul do país no mapa dos grandes eventos internacionais na área das indústrias criativas. Pretendemos através de todas estas ações, dar continuidade ao trabalho que a AND tem vindo a desenvolver durante estes últimos anos, desenvolvendo e aumentando a notoriedade da associação nos panoramas nacional e internacional, reforçando o trabalho de cooperação que tem vindo a ser desenvolvido com as instituições, empresas e a indústria. Expressamos a importância do design, assumida como atividade profis-
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Design
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Fábrica da Cerveja
– Faro
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Festival de Videomapping – Igreja da Sé, Largo da Sé – Faro
sional, que a sua prática permite afinar toda uma série de procedimentos ligados à otimização do produto e ser sempre um motor de inovação. Que a profissão é por isso mais do que um espelho do desenvolvimento, pois ela reflete também o estádio de evolução tecnológica e cultural da sociedade. Salientamos o design como motor económico pois que desconsiderar a sua importância e alcance é um caminho para se perder novas oportunidades.
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A AND - Associação Nacional de Designers, é uma associação pública e instituição representativa do design e dos designers em Portugal e no estrangeiro, que foi fundada em 2003 com o objetivo de promover o desenvolvimento do design e dos designers em Portugal e no estrangeiro, nos diferentes ramos de atividades sociais, culturais e económicos, atuando junto das autoridades administrativas, governamentais, empresariais e outras, no sentido de contribuir e reforçar o âmbito e importância da profissão. A associação tem reforçado a sua missão em prol da defesa e promoção da cultura do design, através de várias parcerias que tem estabelecido com outras associações e instituições de design a nível nacional e internacional como são os exemplos da READ – Red española de associaciones de diseño, ICSID – International Council of Societies of Industrial Design, iF International Forum Design, Red Dot, Design Council, ADI - Associazione per il Disegno Industriale entre outras associações e instituições ligadas ao design, assim como o apoio consultivo aos seus associados. Durante estes últimos anos tem vindo a organizar, a apoiar e participar num conjunto de eventos, exposições, congressos, concursos, publicações e outras atividades, com o desígnio de promover o design em Portugal. Exemplos do Algarve Design Meeting (10 edições implementadas), Gaia Design Meeting | Indústria, Design I-Con, BIVAR – Arte, Design e Cultura, Atrium – Centro Criativo da Baixa de Faro, Marinha Grande Design Center, LX Design Show, Verallia Design Awards, International Conference on Marketing and Design, Roca Design Challenge, Prémios de Design da GALP Energia, Prémio ERSAR, Brand Design Conference-Londres, Congresso de Diseño Gráfico – Bilbao, IF Design Awards, Livro sobre o Estudo do Design em Portugal - O perfil do designer e o papel do design nas empresas em Portugal, Concurso Nariz do Cavalo - Grupo Nabeiro – Delta Cafés, concurso “Desenha Hoje a Sanita de Amanhã” - Águas do Centro Litoral, concurso DRESS ME UP – Jordão Cooling Systems, ICMD - International Conference on Marketing and Design, Design Center – Marinha Grande, ENED – Encontro Nacional de Estudantes de Design, participação como membro de júris em vários concursos públicos do ensino superior para provas de especialista em Design, entre outras atividades. Mais recentemente tem organizado anualmente os Prémios de Design AND – Associação Nacional de Designers, com o apoio da CMF – Câmara Municipal de Faro, distinguindo e atribuindo prémios financeiros a projetos profissionais nas áreas do design de comunicação, interiores e produto implementados em Portugal – Mais informações em: premiosdesign.and.org.pt
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Design
Plano de Ação da AND A par de todas as atividades desenvolvidas durante os últimos 17 anos, a AND pretende através de alguns eixos de ação (sensibilização e informação através do design, incentivar o recurso do design, desenvolver competências de design e promover o design), dar continuidade à gestão e implementação de várias atividades que promovam o design e os designers, contribuindo para a promoção da compreensão do papel do design e do seu impacto na competitividade, na inovação, no desenvolvimento da qualidade de vida. São os exemplos da plataforma web e das redes sociais da AND.
associados, mas também de um público geral que todos os dias contactam a associação em busca de apoio para a resolução de problemas específicos ou apenas à procura de informações relativas à disciplina. A concentração de todas as informações e serviços ligados ao design nestas plataformas, têm como objetivo facilitar os que procuram todas as informações relativas às notícias do design, da promoção dos trabalhos dos designers, em todas as áreas, concursos, parcerias, ligação às empresas, à inovação e ao empreendedorismo, dando por outro lado visibilidade a todos os membros da associação.
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Website AND – www.and.org.pt
Estes meios de comunicação dão resposta a uma série de questões e necessidades não só dos seus
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Certificação
CERTIF COM ACTIVIDADE EM 20 PAÍSES E MAIS 160 CLIENTES EM 2019 FORTE INCIDÊNCIA EM PRODUTOS DESTINADOS A EXPORTAÇÃO
A CERTIF, líder de mercado na certificação de produtos, angariou em 2019 mais 160 novos clientes, com especial incidência nas áreas de empresas que trabalham com gases fluoretados e de construção. As relações internacionais, com clientes em 20 países, continuam a ocupar um espaço relevante na actividade da CERTIF e representam 36 por cento da faturação, sendo ainda de salientar que uma grande parte está ligada a produtos que se destinam à exportação. Sendo o core-business da CERTIF a certificação de produtos (em conjugação com a Marcação CE) o volume de negócios desta área representou 76,7% do total, e dentro da certificação de produtos 74% referem-se a produtos de construção. A CERTIF comemorou em 2019 os 20 anos de atividade, procurando sempre oferecer um serviço competente e credível, que vá de encontro às necessidades dos seus clientes e que seja reconhecido pelo mercado. Certificação de produtos A distribuição setorial (certificação de produtos e marcação CE) passou a ser a seguinte: Esquemas
Produtos
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Agroindustrial
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Construção
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Elétrico e Telecomunicações
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Outros
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Uma grande parte destas certificações envolve produtos para exportação, continuando a CERTIF a desenvolver, em parceria com organismos estrangeiros, processos que se destinam somente à obtenção de certificações indispensáveis ao acesso a esses mercados. Certificação de serviços A certificação do serviço de instalação, manutenção e assistência técnica de equipamentos fixos de refrigeração, ar condicionado e bombas de calor que contenham gases fluorados com efeito de estufa manteve a sua dinâmica de crescimento, tendo sido emitidos este ano 145 novos certificados, estando válidos 1300, e mantendo-se vários processos em curso. No âmbito da certificação de serviços, a oferta da CERTIF abrange os seguintes esquemas: • Consultoria em higiene e segurança alimentar para estabelecimentos de restauração e bebidas • Fim do Estatuto de Resíduo para • Plástico recuperado • Sucata de ferro, aço e alumínio • Sucata de cobre • Borracha derivada de pneus usados • Gestão administrativa de recursos humanos • Manutenção de extintores • Serviço de formação profissional • Serviço de manutenção • Transportes públicos de passageiros Certificação de sistemas de gestão A certificação de sistemas de gestão manteve-se como uma atividade complementar, com interesse para clientes com certificação de produto ou serviço.
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certificação
A situação no final do ano, relativamente a certificados válidos, era a seguinte: • Sistemas de Gestão da Qualidade 101 • Sistemas de Gestão Ambiental 14 • Sistemas de Gestão da Segurança Alimentar 3 • Sistemas de Higiene e Segurança no Trabalho 1 • Sistemas de Gestão da Energia 1 • Outros 1 Certificação de processos Foi feito o acompanhamento da certificação de sistemas de controlo da produção de betão em centrais instaladas em barragens e, no acompanhamento da certificação de um processo de controlo de fabrico em empresa de tijolos cerâmicos em Angola a certificação passou a ser conjunta entre a CERTIF/IANORQ. Certificação de pessoas A certificação de pessoas resulta de duas parcerias, uma com a ADENE, na área das energias renováveis e eficiência energética, e outra com o CTCV, para auditores de sistemas de gestão da qualidade e ambiente. Há a salientar que no programa de incentivos para a colocação de janelas eficientes foi considerada obrigatória a certificação dos respetivos instaladores. Em 2019 foram emitidos 22 novos certificados, o que levou a que, no final do ano, estivessem certificados 202 técnicos nos seguintes domínios: • Auditores para a norma ISO 9001 4 • Auditores para a norma ISO 50001 26 • Instaladores de janelas CLASSE+ 128 • Projetistas de sistemas solares térmicos 2 • Projetistas de térmica de edifícios 23 Dada a sua característica individual este tipo de certificação tem uma grande rotatividade, existindo sempre um elevado número de desistências, que vai sendo compensado com a emissão de novos certificados. Marcação CE Com o objetivo de dar resposta às solicitações dos seus clientes e dos fabricantes nacionais a CERTIF manteve a política de extensão do seu âmbito a novas normas sempre que necessário tendo em conta que, para várias normas, a CERTIF é o único Organismo Notificado nacional no âmbito do Regulamento dos Produtos de Construção que pode oferecer esse serviço às empresas e que, se isso não acontecesse, teriam de recorrer a organismos noutros países europeus.
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Embora em várias normas o número de fabricantes seja muito reduzido face à dimensão do setor, naquelas em que há mais fabricantes a CERTIF tem sempre uma quota de mercado significativa. Durante o ano foram emitidos 55 novos certificados, com várias reemissões para enquadrar novos produtos de clientes já existentes destinando-se muitos dos certificados emitidos a processos de exportação. Para dar resposta às solicitações, a CERTIF estendeu a atividade a novas normas para cabos de energia monocondutores e multicondutores com bainha, pré-lajes, betume de pavimentação e produtos laminados a quente de aços de construção (fabricante do Brasil). Na Marcação CE existem clientes na Alemanha, Angola, Brasil, Chipre, Dinamarca, Espanha, Grécia, Itália, Irão, Reino Unido, República Checa, Suíça e Turquia. DAP – Declarações Ambientais de Produto A CERTIF é a única entidade reconhecida pela Plataforma para a Construção Sustentável como organismo de certificação que, com a sua bolsa de verificadores, atua no âmbito do Sistema DAP Habitat. Em 2019 foram concluídos seis processos de verificação de DAP’s relativos a lã de rocha, agregado leve de argila expandida, agregado siderúrgico, revestimento cerâmico e dois tipos de pavimentos cerâmicos. . Relações internacionais A CERTIF privilegia as suas relações internacionais como forma de transferência de know-how e para ter um melhor acesso a acordos de reconhecimento que lhe permitem conceder marcas de conformidade comuns e que facilitam a obtenção de acordos bilaterais para mais fácil acesso a certificados desses países. A faturação no exterior manteve-se em 36% do seu volume de negócios, proveniente de clientes em mais de 20 países, e havendo a referir que vários trabalhos realizados no exterior são pagos em Portugal. Para além do seu trabalho com clientes estrangeiros de muitas certificações de produtos que se destinam à exportação, é de realçar o trabalho realizado pela CERTIF com clientes que não pretendem obter um certificado português, mas sim certificações estrangeiras indispensáveis para o acesso a esses mercados.
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Obrigado pela Confiança CREDIBILIDADE - IMPARCIALIDADE - RIGOR reconhecidos na certificação de produtos e serviços e de sistemas de gestão Membro de vários Acordos de Reconhecimento Mútuo Presente em 25 países
Acreditada pelo IPAC como organismo de certificação de produtos (incluindo Regulamento dos Produtos de Construção), serviços e sistemas de gestão
R. José Afonso, 9 E – 2810-237 Almada – Portugal — Tel. 351.212 586 940 – Fax 351.212 586 959 – E-mail: mail@certif.pt – www.certif.pt Janeiro . Fevereiro . 2020
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Notícias & Informações
NOVIDADES DAS EMPRESAS CERÂMICAS PORTUGUESAS
COSTA NOVA From the earth, for the Earth Criada a partir de excedentes e subprodutos resultantes da própria produção industrial, PLANO é a primeira coleção de grés reciclado da Costa Nova. O Eco-Gres® é uma marca registrada da Grestel. Todos os produtos com este selo de garantia são produzidos a partir de materiais reciclados não perigosos, provenientes de excedentes e subprodutos cerâmicos e outros aditivos (Figura 1).
Todos os produtos Eco-Gres® estão em conformidade com as normas internacionais que regulam os artigos que entram em contacto com os alimentos. O Eco-Gres® está também em conformidade com as diretivas europeias 2006/12/CE e 2008/98/CE, orientadas para a transição da UE para uma economia circular, tendo como propósito alcançar medidas em matéria de produção e consumo sustentáveis. O Eco-Gres® é o resultado de um longo trabalho de investigação entre a Grestel e a Universidade de Aveiro, que culminou no desenvolvimento de uma matéria-prima reciclada com grandes vantagens para o meio ambiente: • Preservação de recursos naturais – com a redução do volume de extração de matérias-primas naturais; • Eficiência energética – com a consequente redução da pegada ecológica; • Saúde e segurança – com a redução dos excedentes descartados em aterros sanitários.
Costa Nova 1
O Processo – Extrair e Reciclar A Grestel vê as suas práticas e os seus produtos como partes integrantes de um compromisso geral de Sustentabilidade para com a sua Comunidade e o Ambiente. Com base nesse compromisso, a Grestel desenvolveu uma nova matéria-prima, extraindo, reciclando e reutilizando excedentes, subprodutos e vidrados resultantes do seu próprio processo produtivo e outros materiais. O resultado é o Eco-Gres®, uma pasta cerâmica inovadora, produzida a partir de materiais reciclados e 100% ecológica (Figura 2).
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Como é produzido o Eco-Gres® O processo de fabrico da pasta Eco-Gres® tem início com a recolha, seleção e loteamento de exceden-
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Figura 2
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Costa Nova 3
Costa Nova 2
Notícias & Informações
tes cerâmicos e subprodutos produzidos nas instalações da Grestel e a sua combinação com outros materiais para estabilizar a sua composição final. A pasta reciclada representa aproximadamente 25% de toda a pasta cerâmica comprada a fornecedores externos locais. No final do processo, a pasta Eco-Gres® consiste em mais de 90% de subprodutos reciclados das nossas fábricas. O processo de conversão desses subprodutos no Eco-Gres® envolve um conjunto de etapas: Mistura dos produtos > diluição-peneiração > homogeneização e estabilização > diluição-peneiração > filtro-prensa > extrusão > conformação > secagem > vidragem > cozedura No final, é obtida uma pasta cerâmica homogénea e com características de um grés com uma absorção de água inferior a 0,5% e resistência mecânica superior, pronta para ser utilizada na linha de produção da Grestel. Todo este processo decorre dentro das mesmas instalações fabris, contribuindo também para a redução da pegada de carbono. A coleção PLANO cativa-nos pelas suas formas orgânicas singulares, que incorporam superfícies “cruas” num design simples e de aparência robusta. Com reminiscências na antiga cerâmica de estúdio, a coleção PLANO chega para nos mostrar uma forma única e sustentável de “pôr a mesa”, desenhada cuidadosamente para fazer parte de momentos de partilha inesquecíveis, com qualidade e personalidade (Figura 3). Criada a partir de excedentes e subprodutos resultantes da própria produção industrial, PLANO é a primeira coleção de grés reciclado da COSTA NOVA. Todas as coleções em grés fino da COSTA NOVA são produzidas com respeito pela natureza – reutilizáveis e recicláveis. A coleção PLANO vai ainda mais longe, contando uma história singular de como as peças que leva-
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mos à mesa podem ser feitas com materiais recicláveis, 100% ecológicos, mantendo-se elegantes e funcionais ao mesmo tempo. A coleção PLANO cativa-nos pelas suas formas orgânicas singulares, que incorporam superfícies “cruas” num design simples e de aparência robusta. Com reminiscências na antiga cerâmica de estúdio, a coleção PLANO chega para nos mostrar uma forma única e sustentável de “pôr a mesa”, desenhada cuidadosamente para fazer parte de momentos de partilha inesquecíveis, com qualidade e personalidade. LIBBEY GLASSOLOGY BY LIBBEY está de volta para a terceira edição Escolher o copo perfeito é tão importante como a bebida a servir. Pela terceira vez, a Libbey desafia profissionais de bar de todo o mundo para criar o próximo copo icónico a nível mundial, uma criação intemporal que realçará toda a experiência de degustar uma bebida. O concurso Glassology by Libbey está de regresso para a sua terceira edição, que agora se torna global com a expansão para as Américas. O continente americano irá
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MARGRÉS A Realidade Aumentada chegou à Margrés. A marca estreia nova aplicação que permite mudar o pavimento de qualquer espaço.
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Figura 4
fazer história juntamente com a Europa, África do Sul, o Médio Oriente, a Austrália e a Nova Zelândia. A Libbey está a desafiar profissionais de bar para criar o próximo copo clássico, um futuro ícone mundial que será imprescindível a qualquer barman. Robert Schinkel e Yochen Verbeeck, os vencedores das edições anteriores do Glassology, criaram os designs “Tulip Punch Bowl” e “The Gats”, estabelecendo padrões mais elevados do que nunca para os participantes desta nova edição. O concurso de design Glassology by Libbey terá início em março, com a submissão de propostas online. As inscrições serão aceites até ao dia 31 de maio. Em junho serão anunciados os semifinalistas, e os barmen selecionados receberão a orientação de especialistas da Libbey para aperfeiçoarem os seus designs e compreenderem o processo de fabrico dos copos. Em novembro, na Grécia, seis finalistas disputarão a vitória durante o Athens Bar Show. O feliz vencedor terá o prazer de ver o seu copo em produção e ser comercializado em todo o mundo. O painel de júris da edição de 2020 é simplesmente notável. Reúne alguns dos maiores especialistas de diferentes áreas da indústria: Simon Difford, Tara Garnel, Dean Callan, Eddie Rudzinskas, a especialista em vidro, Nairi Mehrabi, diretora de marketing da Libbey EMEA e o vencedor da segunda edição, Yochen Verbeeck. Serão os responsáveis pela eleição do vencedor da edição 2020 do Glassology. A comunidade Glassology no Facebook é um espaço virtual formado por profissionais de bar e sommeliers unidos pela mesma paixão. A comunidade é um espaço de aprendizagem e partilha, onde os seus membros se inspiram mutuamente e se mantêm a par do concurso e acompanham as novidades da Libbey.
Margrés
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E se mudar o chão do seu espaço fosse mais simples do que imagina? A Margrés estreou uma nova aplicação de realidade aumentada: a Margrés AR. Ao alcance de um simples telemóvel, pode tirar uma fotografia e experimentar alterar o pavimento de qualquer espaço. Basta aceder ao website da marca em www.margres.com/pt e procurar pelo menu Margrés AR. Depois é só simular a mudança de pavimento com os produtos cerâmicos da Margrés de forma fácil e cómoda (Figura 4). MESA CERAMICS A Mesa Ceramics, localizada no Eco-Parque Industrial de Estarreja, sofreu no último semestre do ano passado uma reestruturação com a entrada do novo CEO Francisco Braga, que veio trazer inovação, modernidade e um grande aumento de capacidade e flexibilidade à unidade industrial existente. Francisco Braga apostou em recursos humanos com vasta experiência na área da cerâmica fortalecendo as equipas de gestão, comercial, marketing e industrial. A aposta em novos equipamentos de vanguarda trouxe não só aumento de capacidade e flexibilidade à fábrica, como também permitiu otimizar os seus processos produtivos e desenvolver uma cultura organizacional respeitadora do meio ambiente. Com todas estas mudanças, Francisco Braga ambiciona “criar uma fábrica cerâmica capaz de responder eficientemente a pedidos diferentes dos
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seus públicos-alvo: o mercado de massas, os clientes de marca própria e o canal de hotelaria, a grande nova aposta da Mesa Ceramics”.
REVIGRÉS REVIGRÉS APRESENTA NOVAS COLEÇÕES NO CATÁLOGO GERAL 2020 Em 2020, a Revigrés volta a reunir todas as suas coleções de pavimentos e revestimentos cerâmicos num único Catálogo Geral. São muitas as novidades que a marca apresenta neste novo catálogo, as quais irão contribuir para escrever as histórias de sucesso dos projetos dos seus parceiros e clientes, ao longo do ano. A par de coleções emblemáticas, como a Coleção Cromática, com 40 cores, 10 formatos e 3 acabamentos – disponível em objetos BIM – o novo Catálogo Geral da Revigrés apresenta as mais recentes soluções cerâmicas. A nova Coleção Vogue apresenta revestimentos e pavimentos com reflexos dos metais mais nobres, numa elegância discreta que permite criar ambientes requintados. Está disponível em 6 cores e 4 formatos (30x60, 60x60, 45x90 e 90x90cm) (Figura 6). Depois da coleção Nordik, com o novo formato 180cm, para revestimento e pavimento, a Revigrés apresenta Nordik Lines.
Figura 5
Figura 6
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Recer
R e v i g r é s - Vo g u e
RECER A RECER recebe pelo 5.º ano consecutivo o Prémio Cinco Estrelas. A Recer recebeu o Prémio Cinco Estrelas 2020, numa gala que decorreu na Fábrica XL do LX Factory, em Lisboa. Durante vários meses, estiveram em avaliação 952 marcas em diversas categorias. No universo de diversas marcas portuguesas e espanholas do setor dos Revestimentos e Pavimentos, a preferência dos consumidores e dos profissionais recaiu mais uma vez sobre a marca Recer. “É com grande orgulho que vencemos este quinto Prémio Cinco Estrelas. Cinco anos consecutivos a ser premiados demonstra que a qualidade do nosso produto é valorizada e reconhecida pelos nossos clientes, ano após ano, num setor tão competitivo como é o dos pavimentos e revestimentos cerâmicos. Acreditamos que este prémio resulta também do profissionalismo e dedicação de todos os colaboradores da Recer” afirmou Carlos Alberto Silva, administrador da Recer. O produto distinguido este ano com o Prémio Cinco Estrelas é a série Draft. Draft é um pavimento cerâmico que foi desenvolvido para permitir a criatividade e a personalização de cada espaço. Com apenas uma referência podem-se criar infindáveis soluções estéticas, tornando cada espaço diferente
e único. As peças podem ser rodadas e assim criar espaços exclusivos ao gosto de cada pessoa. Sendo um produto decorativo foi desenvolvido nos formatos 20x20cm e 10x10cm, permitindo criar apontamentos de personalização em qualquer ambiente. Pode ser usado na parede ou no chão. Está disponível nas 3 cores de tendência mundial: a neutralidade do preto e os tons suaves da natureza representados no verde e no azul (Figura 5).
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Figura 8
Figura 10
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Revigrés - Retro
Revigrés - Urban
Figura 7
Figura 9
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Revigrés - Mix Forms
Revigrés - Nordik Lines
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Nordik Lines é uma coleção de revestimentos cerâmicos inspirada na nobreza das madeiras nórdicas e enriquecida com linhas em relevo que dão um charme intemporal aos espaços interiores. Está disponível em 4 cores, no formato 30x90cm (Figura 7). O Catálogo Geral Revigrés 2020 traz também uma retrospetiva moderna do mosaico em pequeno formato através da Coleção Retro. Com 9 cores vibrantes, no formato 20x40 com pré corte em 10x10cm, esta solução pretende dar reposta às tendências atuais dos projetos de reabilitação (Figura 8). Mix Reliefs traduz a aposta da Revigrés em coleções com relevos e estruturas. Uma mistura de linhas, volumes e texturas, com jogos de luz e sombras, que cria movimento e dá vida própria aos ambientes. MixForms, MixPeak e MixStep combinam com a cor White Cool da coleção Unicolor e estão disponíveis nos formatos 30x60 e 30x90cm (Figura 9). A coleção Urban passa a estar disponível em mais 4 formatos (30x30, 45x90, 60x120 e 90x90cm) – num total de 7 – e na cor Antracite, apresentando agora 6 cores que
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permitem criar ambientes inspirados na paisagem de betão das grandes metrópoles (Figura 10). No Catálogo Geral 2020, a Revigrés também convida a dar asas à imaginação e propõe enriquecer os projetos através da aplicação das suas peças de cerâmica em superfícies alternativas. Simultaneamente, o novo catálogo lança um novo serviço: a possibilidade de identificar os projetos com a marca, personalizando a obra com o logotipo Revigrés. VIÚVA LAMEGO A Viúva Lamego marcou presença na Surface Design Show (SDS) – 11 a 13 Fevereiro – em Londres. Uma feira dirigida a profissionais das áreas de arquitetura e design de interiores. Nesta edição a Viúva Lamego obteve muito bons resultados a nível de visitas e o feedback das novidades foi muito positivo. A Viúva Lamego iniciou o ano 2020 colocando no mercado uma série de novidades, algumas assinadas por Artistas e Arquitetos de referência:
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Coleção Bela Silva Coleção Vibrante e Colorida, composta por 4 padrões diferentes de azulejos 20x20cm. Cada padrão e cor conta uma história, ligada às vivências da artista em diferentes partes do mundo: BS Ondas Amarelo – Cozinha da Frida Kahlo na Cidade do México; BS Sereia Verde – Estações de Metro Londrinas; BS Bosque Azul – Tapeçarias
da Flandres; BS Geométrico Dourado e Prata – Cafés de Lisboa da década de 70. Edição Limitada 2020 por ADD FUEL Padrão composto por múltiplos de 4 azulejos em 3D, pintados à mão. Uma coleção de autor, desenhada pelo Artista ADD FUEL, é uma interpretação moderna dos azulejos tradicionais portugueses. Coleção Manuel Aires Mateus Azulejos vidrados brancos com superfície irregular, onde se destacam as características distintivas dos azulejos Viúva Lamego: “feito à mão” e vidrados únicos. Extensão das Coleções Viúva Lamego A Viúva Lamego aumenta a sua gama de cores, com uma nova cor tendência - Azul Cobalto. Nos moçárabes, introduz azulejos vidrados numa só cor, selecionando uma paleta de cores quentes e metálicas. Lança uma nova coleção de azulejos com acabamento em Craquelé.
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Calendário de eventos
UNICERA’2020 (Louça Sanitária) Anual – Istambul (Turquia) De 10 a 14 de Março de 2020 http://unicera.com.tr
CERAMICS CHINA’2020 (Tecnologia Cerâmica) Anual – Guangzhou (China) De 26 a 29 de Maio de 2020 www.ceramicschina.net
TECNARGILLA’2020 (Tecnologia Cerâmica Anual – Rimini (Itália) De 28 de Setembro a 2 de Outubro de 2020 https://en.tecnargilla.it/
EXPOREVESTIR’2020 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – São Paulo (Brasil) De 10 a 13 de Março de 2020 http://www.exporevestir.com.br/
INTERIOR LIFESTYLE TOKYO’2020 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Tóquio (Japão) De 03 a 05 Junho de 2020 interiorlifestyle-tokyo.jp.messefrankfurt.com
CERSAIE’2020 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Bolonha (Itália) De 28 de Setembro a 2 de Outubro de 2020 www.cersaie.it
THE INSPIRED HOME SHOW’2020 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Chicago (USA) De 14 a 17 de Março de 2020 http://41madison.com/
TENDENCE’2020 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Frankfurt (Alemanha) De 27 a 30 de Junho de 2020 https://tendence.messefrankfurt.com/frankfurt/ en.html
HOSTMILANO’2020 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Milão (Itália) De 22 a 26 de Outubro de 2020 http://host.fieramilano.it/en
MOSBUILD’2020 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Moscovo (Rússia) De 31 de Março a 03 de Abril de 2020 www.coverings.com
VIETNAM CERAMICS´2020 (Materiais de Construção) Anual – Hanoi (Vietname) De 26 a 27 de Agosto de 2020 http://vietnamceramicsexpo.com/
EQUIPHOTEL’2020 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Paris (França) De 15 a 19 de Novembro de 2020 https://www.equiphotel.com/en/Home/
THE NEW YORK TABLETOP’2020 (Cerâmica Utilitária e Decorativa Anual – Nova Iorque (USA) De 31 de Março a 03 de Abril de 2020 http://41madison.com/
FILDA´2020 (Materiais de Construção) Anual – Luanda (Angola) De 14 a 18 de Julho de 2020 https://filda.co.ao/
IDF’20 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Porto (Portugal) De 10 a 13 de Setembro de 2020 https://idf.exponor.pt/fall/
BATIMATEC’2020 (Materiais de Construção) Anual – Argel (Argélia) De 19 a 23 de Abril de 2020 http://www.batimatecexpo.com/
MAISON & OBJET’2020 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Paris (França) De 4 a 8 Setembro de 2020 www.maison-objet.com
BIG 5 SHOW´2020 (Materiais de Construção) Anual – Dubai (EAU) De 23 a 26 de Novembro de 2020 https://www.thebig5.ae/
COVERINGS’2020 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Nova Orleães (EUA) De 20 a 23 de Abril de 2020 www.coverings.com
THE HOTEL SHOW’2020 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Dubai (EAU) De 15 a 17 Setembro de 2020 https://www.thehotelshow.com/
BAU’2021 (Materiais de Construção) Bienal – Munique (Alemanha) De 11 a 16 de Janeiro de 2021 https://bau-muenchen.com/en/
INTERNATIONAL BATHROOM EXHIBITION’2020 (Louça Sanitária) Anual – Milão (Itália) De 21 a 26 de Abril de 2020 https://www.salonemilano.it/en
EQUIPOTEL’2020 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – São Paulo (Brasil) De 15 a 18 Setembro de 2020 https://www.equipotel.com.br/
MAISON & OBJET’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa Anual – Paris (França) De 22 a 26 Janeiro de 2021 www.maison-objet.com
TEKTÓNICA´2020 (Materiais de Construção) Anual – Lisboa (Portugal) De 6 a 9 de Maio de 2020 https://tektonica.fil.pt/
100% DESIGN’2020 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Londres (R.U.) De 16 a 19 de Setembro de 2020 www.100percentdesign.co.uk/
ISH’2021 (Louças Sanitárias) Bienal – Frankfurt (Alemanha) De 22 a 26 de Março de 2021 https://ish.messefrankfurt.com/frankfurt/en.html
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Destaque . Kéramica . p.59
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