KÉRAMICA
revista da indústria cerâmica portuguesa
revista da indústria cerâmica portuguesa
Acreditada pelo IPAC como organismo de certificação de produtos (incluindo Regulamento dos Produtos de Construção), serviços e sistemas de gestão
Destaque . 04
Aumento da Legislação da UE em Matéria de Clima. Impacto na Indústria Cerâmica Europeia.
Descarbonização . 07
A descarbonização da indústria, uma análise nacional. O Roteiro da Indústria - da Teoria à Eficiência, no apoio às empresas Mercados de Carbono: Uma Ferramenta Fundamental para a Descarbonização A Veolia como Parceira Estratégica na Descarbonização da Indústria Cerâmica e de Cristalaria
Breve perspetiva sobre a captura, utilização e armazenamento geológico de CO2 na descarbonização da indústria nacional 7 11 17
Captura de Carbono . 14
CBAM . 20
CBAM o mecanismo que está a dar que falar…
Propriedade e Edição APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria NIF: 503904023
Direção, Administração, Redação, Publicidade e Edição Rua Coronel Veiga Simão, Edifício Lufapo Hub A - nº 40, 1º Piso 3025-307 Coimbra [t] +351 239 497 600 [f] +351 239 497 601 [e-mail] info@apicer.pt [internet] www.apicer.pt
Tiragem 500 exemplares
Diretor Marco Mussini
Editor e Coordenação Albertina Sequeira [e-mail] keramica@apicer.pt
Conselho Editorial Albertina Sequeira, António Oliveira, Cristiana Costa Claro, Marco Mussini e Martim Chichorro. Capa Nuno Ruano
Energia . 22
Aveiro Green H2 Valley: Compromisso com a indústria cerâmica
Construção . 24
Evolução da Produção na Construção na Área do Euroconstruct
Associativismo . 27
Eficiência Energética e Descarbonização – Estratégias e Boas Práticas no Setor Cerâmico
Certif . 28
Certif com Novos Clientes em Angola e Chipre
Secção Jurídica . 29
À Deriva na Era da Sustentabilidade
Notícias & Informações . 30
Novidades das Empresas Cerâmicas Portuguesas
Calendário de Eventos . 36
Colaboradores
Albertina Sequeira, António Oliveira, Bernardo Vasconcelos, Bruno Veloso, Catarina Vazão, Filipa P. Silva, Júlio Carneiro, Luís Rochartre Álvares, Mariana Bem-Haja, Magdalena Vallebona, Martim Chichorro e Rui Nunes
Paginação
Nuno Ruano
Impressão
Gráfica Almondina - Progresso e Vida; Empresa Tipográfica e Jornalística, Lda Rua da Gráfica Almondina, Zona Industrial de Torres Novas, Apartado 29 2350-909 Torres Novas [t] 249 830 130 [f] 249 830 139 [email] geral@grafica-almondina.com [internet] www.grafica-almondina.com
Distribuição
Gratuita aos associados e assinatura anual (6 números); Portugal €42,00 (IVA incluído); União Europeia €60,00; Resto da Europa €75,00; Fora da Europa €90,00 Versão On-line https://issuu.com/apicer-ceramicsportugal
Notas
Proibida a reprodução total ou parcial de textos sem citar a fonte. Os artigos assinados veiculam as posições dos seus autores. Esta edição vem acompanhada da Revista Técnica da Indústria 2024 #24 Agosto . Setembro | Bimestral
Índice de Anunciantes CERTIF (Verso Capa) • CEVISAMA (Pag 33) • GOLDENERGY (Contra-Capa) • INDUZIR (Pag 1) • TECNA (Pag 25) • SMARTENERGY (Verso Contra-Capa)
Conteúdos conforme o novo acordo ortográfico, salvo se os autores/colaboradores não o autorizarem
Publicação Bimestral nº 389 . Ano XLIX . Julho . Agosto . 2024
Depósito legal nº 21079/88 Publicação Periódica inscrita na ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social] com o nº 122304 ISSN 0871 - 780X
Estatuto Editorial disponível em http://www.apicer.pt/apicer/keramica.php
“Mercado do carbono.”
Não cabe neste Editorial, escrito por um não especialista, grandes desenvolvimentos sobre o tema. Os artigos insertos neste nº da KERAMICA serão bem mais claros e ricos de conteúdo.
Atrevo-me, contudo, a tentar responder à questão base e fazer algumas considerações.
O mercado do carbono tem como fim útil e único, criar as condições para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, através da criação de um mercado onde os países e as empresas, possam transacionar livremente créditos de carbono.
O princípio das transações, aparece no contexto da convenção-quadro das Nações Unidas sobre a mudança climática em 1992 e começou a ser implementada por via do Protocolo de Quioto em 1997.
Atualmente, o compromisso a nível da EU, é ainda mais ambicioso. Para atingir o objetivo estabelecido no Pacto Verde e na Lei Europeia do Clima, em vigor desde 2021, foi definido como meta a neutralidade climática em 2050. Assim sendo, até 2030 as emissões terão de ser 55% inferiores por referência ao que eram em 1990, cumprindo assim os compromissos assumidos no acordo de Paris.
Como funciona o mercado do carbono?
O princípio é simples e tem como preocupação não perturbar o normal funcionamento da economia.
Cada país ou empresa, tem o direito de emitir determinada quantidade de gases com efeito de estufa, entre os quais se inclui o carbono.
Essas emissões são quantificadas com um título de emissão por cada tonelada de gás com efeito de estufa produzido. Quando um país ou empresa não emite toda a quantidade de gases com efeito de estufa que poderia emitir, pode usar essa diferença para uso futuro ou vendê-lo aqueles que emitem mais. Podemos dizer, também de forma simples, que o mercado de carbono é de soma zero, em que se vai atingindo uma redução global da emissão dos gases com efeito de estufa, tendo em conta que o número de créditos tem vindo, e vai continuar a ser, todos os anos reduzido para que possam ser atingidas as metas ambientais.
Na União Europeia, o mercado de carbono funciona no âmbito do Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE). Cada licença permite a emissão de uma tonelada de dióxido de carbono durante um determinado período.
A atribuição de licenças de emissão começou a ser feita,transitoriamente, a título gratuito, diminuindo anualmente e será eliminada a gratuitidade até 2030, exceto no caso do aquecimento urbano.
A maioria das licenças de emissão é comprada em leilões. Em Portugal, a receita destes leilões é entregue ao Fundo Ambiental, entidade responsável pela concessão de apoios para a eficiência energética.
Estas questões ligadas aos mercados de carbono e de outros gases com efeito de estufa, já fazem parte das preocupações da banca, no momento de avaliar o risco ambiental dos projetos, que lhe vão ser apresentados para financiamento, o que deve trazer mais uma atenção sobre esta matéria aos empresários e gestores do setor cerâmico e da cristalaria.
Em Portugal, cabe à Agência para a Energia (ADENE) o desenvolvimento e gestão da plataforma de registo de projetos e de créditos de carbono, bem como pelo acompanhamento e monitorização do mercado.
No setor cerâmico e da cristalaria, que a APICER representa, a emissão de gases com efeito de estufa resulta da utilização das melhores tecnologias disponíveis pelo que, os objetivos futuros de redução – sem alterar a tecnologia disponível, particularmente ao nível dos vetores energéticos – vão ser muito difíceis e deverá convocar a participação dos diferentes stakeholders neste ambicioso desafio.
José Cruz Pratas (Presidente da Direção da APICER)
por Magdalena Vallebona, Diretora de Clima e Energia da Cerame-Unie
Aceleração do quadro da UE em matéria de clima 55 até 2030
Por mais surpreendente que possa parecer, o quadro climático da UE já está definido até ao ano 2030, apesar de estarmos "apenas" em 2024... Com a adoção do pacote Fit for 55 , a ambição da UE aumentou e a legislação de execução para a sua concretização está em plena aplicação. Foi estabelecido um novo objetivo de alcançar uma redução de 55% das emissões de CO2 até 2030 , em comparação com os níveis de 1990, na UE. Subsequentemente, foi necessária uma série de revisões e propostas para adaptar a legislação da UE.
A indústria cerâmica da UE está no centro destas reformas, uma vez que os setores cerâmicos são afetados pela legislação climática da UE. A cerâmica europeia já reduziu as suas emissões totais de CO2 em cerca de 33% desde 1990, e em mais de 45% desde o seu pico de emissões no ano 2000. Muito foi alcançado desde então e reestabelecemos o nosso compromisso com o futuro net zero no novo Roteiro Cerâmico 2050¹ , publicado logo após a publicação do pacote Fit for 55 no outono de 2021.
Comércio de licenças de emissão na UE
O regime de comércio de licenças de emissão da UE (CELE-UE) sempre foi a pedra angular da política climática da UE. Para a indústria cerâmica, trata-se também de uma legislação fundamental, em vigor, uma vez que os nossos setores representam a indústria mais numerosa em termos do número de instalações abrangidas pelo CELE-UE (cerca de 10% de todas as instalações industriais do CELE-UE pertencem à cerâmica), apesar de emitirem menos de 1% do total das emissões industriais de CO2 no CELE-UE. A grande maioria das instalações cerâmicas são pequenos emissores (menos de 25 000 tCO2/ano).
Existem muitas novidades no que diz respeito à aplicação do CELE-UE na sequência da revisão da Diretiva CELE-UE², aprovada em 2023. Para além do impacto de novas disposições como: o aumento do fator de
redução linear, os requisitos adicionais e a condicionalidade das atribuições gratuitas (com base nas auditorias de eficiência energética e nos planos para a neutralidade climática), a próxima revisão dos valores de referência do CELE, etc., a indústria cerâmica é fortemente afetada pelo aumento do preço do CO2.
O preço do carbono atingiu cerca de 100 EUR/t CO2, pela primeira vez, no início de 2022 e está atualmente a oscilar em torno dos 70 EUR/t CO2. É um salto significativo, em comparação com o nível de 20-30 EUR/t de CO2 que detinha desde 2018 até 2021, e um aumento de 20 vezes quando olhamos para os 5 EUR/ tCO2 que tínhamos pouco antes desse período. De acordo com as nossas estimativas, os custos totais de conformidade, decorrentes da aquisição de certificados de CO2, para a indústria cerâmica no período 2021-2030 ascenderão a cerca de 8,5 mil milhões de EUR.³
Além disso, foi criado um novo sistema paralelo – CELE 2 – para os edifícios, os transportes e outros setores industriais. Terá também impacto na indústria cerâmica. Mais de 400 instalações adicionais de setores, como: louça de mesa (mais de 117 instalações), louça sanitária, cerâmica técnica, abrasivos, tijolos e telhas, ladrilhos cerâmicos e refratários, serão afetadas pelo CELE 2 a partir de 2027. Abrangerá as instalações cerâmicas de menor dimensão, que atualmente não se encontram abrangidas pelo CELE 1 ⁴. Estas empresas estarão sujeitas ao preço do carbono desenvolvido no âmbito do CELE 2 . Uma vez que é difícil fazer previsões sobre o preço do CELE 2 , estimamos que, em 2027, serão acrescentados pelo menos 37 milhões de EUR de custos adicionais devido à conformidade com o CELE 2 ⁵. Caso o preço do CELE 2 cresça até 200 EUR/t CO2 em 2030, tal como previsto pelos analistas⁶, estes custos de conformidade aumentarão até 148 milhões de EUR por ano.
O cumprimento do CELE-UE é um fator significativo para a competitividade das empresas de cerâmica, especialmente para os setores expostos à fuga de carbono, e coloca em risco o investimento, emprego e deslocalização de emissões para fora da UE. Estes setores, como os tijolos e telhas, os ladrilhos cerâmicos, os refratários, os artigos sanitários e de mesa enfrentam atualmente uma concorrência extremamente elevada nos mercados da UE (com numerosos substitutos de produtos) e do estrangeiro, incluindo a existência de direitos anti-dumping da UE, sobre um pequeno número
3.- Assumindo que o preço do carbono cresce linearmente até 140 EUR/t CO2 em 2030
de produtos cerâmicos, para a China, a Índia e a Turquia.
Taxação do CO2 nas fronteiras
O Mecanismo de Ajustamento Carbónico Fronteiriço (CBAM) é outro "bebé" do pacote Fit for 55 . O regulamento que taxa o carbono importado na UE surge num momento geopolítico importante e é visto como uma nova forma de proteção contra os riscos de fuga de carbono⁷. Os setores abrangidos pelo CBAM são: ferro e aço, cimento, fertilizantes, alumínio, hidrogénio e eletricidade. O CBAM será plenamente aplicável a partir de 2026, enquanto a atual fase transitória se prolonga entre 2023 e 2025. A introdução gradual do CBAM está alinhada com a eliminação progressiva da atribuição de licenças a título gratuito ao abrigo do CELE-UE. Além disso, em 2025/2026, a Comissão Europeia elaborará um relatório e uma proposta legislativa avaliando um eventual alargamento do âmbito de aplicação do CBAM a outros setores abrangidos pelo CELE-UE. Atualmente, a indústria da cerâmica não está abrangida pelo âmbito de aplicação da CBAM da UE. Observamos que existem inúmeros desafios na potencial implementação do CBAM para os setores cerâmicos. Em primeiro lugar, uma vez que a indústria cerâmica está altamente orientada para a exportação (até 40% da produção de cerâmica é exportada todos os anos), é necessário introduzir uma solução que garanta a competitividade dos produtos da UE no estrangeiro, onde estes não enfrentam custos de carbono comparáveis. Em segundo lugar, a indústria cerâmica é altamente heterogénea, com numerosos e diversificados produtos, e a introdução do CBAM criaria uma elevada complexidade administrativa (também devido à falta de dados incorporados sobre as emissões provenientes do estrangeiro e à dificuldade em estabelecer os valores por defeito). Entre outros, o elevado risco de contornar também pode ser mencionado, nomeadamente devido ao elevado nível de substituibilidade dos produtos cerâmicos. Por exemplo: diferentes tipos e matérias-primas para produtos de tijolos ou telhas dificultam a sua diferenciação.
Todas as alterações regulamentares acima descritas, relacionadas principalmente com a revisão do CELE-UE e a introdução do CBAM, indicam uma aceleração substancial do quadro climático da UE no atual período até 2030.
4.- De acordo com a definição do Anexo 1 da Diretiva CELE-UE, o limiar para a inclusão no CELE 1 para a cerâmica é de 75 t/dia de capacidade de produção.
5.- Assumindo o preço do carbono CELE 2 de cerca de 50 EUR/t CO2
6.- "EU ETS2 prices seen hitting €200 mark by 2030 -analysts", Carbon Pulse, 22 de março de 2024, https://carbon-pulse.com/271109/#:~:text=unveiled%20this%20week.-,Prices%20in%20the%20EU's%20ETS%20for%20transport%20and%20heating%20fuels,required%20to%20read%20this%20content
7.- Para mais informações sobre o CBAM, consultar o sítio Web da DG Taxud: https://taxation-customs.ec.europa.eu/carbon-border-adjustment-mechanism_en
Destaque Kéramica p.5
O que nos reservará o futuro?
Fit for 90? Discussões sobre os objetivos para 2040
Em fevereiro de 2024, a Comissão Europeia publicou uma comunicação sobre a meta climática para 2040⁸, que lança um debate sobre o futuro objetivo da UE em termos de redução das emissões de CO2. A Comissão recomendou a redução das emissões líquidas de gases com efeito de estufa da UE em 90%, até 2040, em relação aos níveis de 1990. É necessário que a revisão da legislação da UE siga o mesmo caminho.
A indústria cerâmica da UE sublinha no seu comunicado de imprensa⁹ que, sem um aumento da capacidade de investimento, qualquer aceleração da consecução do objetivo de zero emissões líquidas não é realista. As dificuldades da atual situação do mercado na UE, incluindo as consequências da recente crise energética de 2022, põem em causa os necessários investimentos na descarbonização.
Além disso, tal como descrito no Manifesto Cerâmico para 2024-2029 10 , recomendamos aos decisores políticos que considerem os desafios que a indústria enfrenta e introduzam alterações essenciais no atual quadro político. Por conseguinte, acolheríamos com agrado o CELE-UE destinado a incentivar mais o crescimento da indústria transformadora, promovendo simultaneamente a descarbonização, um acesso seguro a fontes de energia verdes a preços competitivos, e uma melhor proteção dos consumidores industriais de energia na UE em caso de crise energética.
São necessárias "Mais cenouras menos paus" (More carrot sless sticks)
O necessário aumento dos investimentos na descarbonização e o aumento dos custos de conformidade já constituem um desafio para as empresas de cerâmica e, em particular, para as múltiplas PME. As PME constituem mais de 80% dos intervenientes da indústria cerâmica.
O Roteiro Cerâmico para 2050 descreve as vias de descarbonização disponíveis para a indústria, (hidrogénio verde, eletricidade verde e biocombustíveis), e enumera as tecnologias necessárias, algumas maduras, outras ainda em fase de I&D¹¹.
Atualmente, a falta de condições favoráveis, como o aprovisionamento de energia verde a preços
8.- https://climate.ec.europa.eu/eu-action/climate-strategies-targets/2040-climate-target_en
competitivos ou o acesso a infraestruturas energéticas locais nas zonas rurais (como, às redes elétricas ou à rede principal do hidrogénio), torna a plena transição para fontes de energia renováveis um conceito distante. Exige, sem dúvida, continuar a manter a neutralidade tecnológica e a abertura para o processo de descarbonização da indústria cerâmica. Além disso, é necessário o acesso das PME ao financiamento específico da inovação. Deve ser estudada uma maior simplificação das regras aplicáveis às pequenas instalações emissoras no âmbito do CELE-UE e a aplicação alargada dos regimes de pequenos emissores (artigo 27.º da Diretiva CELE-UE). Instrumentos mais criativos devem ser urgentemente implementados ao nível da UE para incentivar a eletrificação, bem como, a transição verde global, começando com as compensações indispensáveis de custos indiretos para a indústria cerâmica, até ao desenvolvimento das novas oportunidades dos Carbon Contracts for Difference (Contrato de Carbono por Diferença). A garantia de uma proteção permanente contra fugas de carbono deve também ser assegurada, tanto para o CELE 1 , como para o CELE 2 , a nível da UE. Para o efeito, é necessária uma utilização melhor e mais orientada das receitas do CELE 1 e do CELE 2
Resumindo, "mais cenouras e menos paus" (ou mais incentivos, menos penalizações) são necessários para que a indústria cerâmica avance na sua estratégia de descarbonização rumo às emissões líquidas zero em 2050.
Nota sobre o autor: Magdalena Vallebona é Diretora de Clima e Energia da Cerame-Unie. Tem 15 anos de experiência específica na gestão da política climática e energia da UE. Magdalena juntou-se à Cerame-Unie em 2015 e, desde então, é responsável pelos dossiês do clima e da energia. Adquiriu a primeira experiência na legislação da UE em matéria de clima e energia, trabalhando como assistente parlamentar no Parlamento Europeu em 2009-2014. É pós-graduada em política europeia pela Academia Polaca das Ciências e pelo Instituto de Estudos Políticos, mestre em Relações Internacionais e Diplomacia da UE pelo Colégio da Europa de Bruges (Bélgica) e mestre em Relações Económicas Internacionais pela Escola Superior de Economia de Varsóvia (Polónia).
9.- Comunicado de imprensa da de 13 de fevereiro de 2024, disponível aqui: https://cerameunie.eu/media/stpdayhi/24-02-12--press-release-2040-target.pdf
10.- O Manifesto Cerâmico para 2024-2029 está disponível aqui: https://cerameunie.eu/media/li4nqrnx/final-digital-long-version-for-website-ceramunie-manifesto_6ptriptych_v11-blueurllink-17112023-_pbp.pdf
11.- Ver capítulo: "Continuar o nosso caminho para a neutralidade climática", disponível aqui: https://www.ceramicroadmap2050.eu/chapters/continuing-our-path-towards-climate-neutrality/
por Bruno Veloso, Vice-presidente da ADENE – Agência para a Energia
A indústria é um dos motores da economia, a sua dinâmica é vital para a criação de riqueza, tendo a indústria transformadora, representado, de acordo com o INE, 11.32 % do PIB nacional em 2023. Conforme referido pelo COMPETE 2030, estima-se que o setor da cerâmica represente 1.4% do PIB nacional. Um peso considerável, que revela bem a importância e o reconhecimento deste setor, pelo que importa reforçar a nossa atenção, fortalecendo a sua capacitação e dotando-o de tecnologias e recursos inovadores. Nesse sentido, a descarbonização é um dos pilares do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), tendo uma dotação global de 837 Milhões de Euros, muitos já em execução.
Os diversos avisos do PRR, juntamente com a publicação da recente legislação europeia sobre eficiência energética, particularmente a diretiva 2023/1791, que visa reduzir o consumo de energia primária e final em 11.7% até 2030 na União Europeia, pretendem criar as condições para que as empresas europeias sejam mais eficientes e competitivas, estimulando que os produtos comercializados tenham origem em processos eficientes do ponto de vista energético. A diretiva mencionada refere que “ deverá igualmente ter-se em conta o eventual aumento da procura de energia da indústria que possa resultar da sua descarbonização, em particular nos processos de elevada intensidade energética ”. Refere ainda que deverão ser promovidas “ indústrias eficientes e inteligentes, e auditorias energéticas ou sistemas de gestão equivalentes ”.
Estão assim estabelecidas as regras e condições para que a indústria europeia seja mais eficiente e competitiva, pelo que importa prosseguir esta dinâmica a nível nacional e apoiar os diferentes setores de atividade.
Analisando a publicação “Energia em Números 2024”, elaborada pela ADENE em colaboração com a Direção Geral de Energia e Geologia, verifica-se que a intensidade energética na indústria está a reduzir (4% em
1Operadores/Indústrias Registadas no SGCIE no setor de produtos minerais não metálicos
relação a 2021 e 15.5% relativamente a 2012), situando-se atualmente nos 120 tep/M€ 2016 . Apesar desta diminuição, apenas o setor da agricultura e pescas possui um valor superior – 126 tep/M€ 2016 – no entanto, com muito menor peso que a indústria no consumo de energia final, 2.9%, comparando com os 29.3% da indústria, apenas superada pelo valor dos transportes de 35.4%.
Podemos assim constatar que a descarbonização da indústria não é fácil, sendo por isso, primordial inovar e encontrar novas soluções, comportamentais e tecnológicas, para reduzir a sua intensidade energética.
Apesar desta situação, em 2022, o consumo energético na indústria diminuiu 1.3%, tendo de 2012 a 2022, diminuído 3.5%.
Nos últimos 20 anos, a indústria foi o setor que mais reduziu o seu peso no consumo energético (-4.5 p.p.), enquanto o setor dos serviços foi o que mais aumentou (+3.1 p.p.).
Neste período, os produtos petrolíferos passaram de uma contribuição de 14.6% para 12.0%, enquanto o gás natural teve um comportamento contrário passando de 22% para 23.8%. A representatividade do consumo de eletricidade subiu de 27.9% para 32.4%. A contribuição do calor proveniente da cogeração tem oscilado, ao longo dos anos, entre os 23% e os 29%. O peso do consumo de biomassa tem também variado, no período considerado, entre os 4% e os 8%.
Verifica-se assim que o gás natural ainda possui um peso considerável na indústria nacional, sendo que no setor da cerâmica, este representa um peso ainda maior, derivado do tipo de processos utilizados e relacionados com a produção de calor.
A ADENE, como entidade que operacionaliza o Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia (SGCIE), conforme disposto no Decreto-Lei n.º 71/2008, avalia o estado atual do setor no que se refere aos grandes consumidores de energia.
De acordo com a Figura 1, o código de atividade económica mais representado é o de fabricação de artigos de uso doméstico de fainça, porcelana e grés fino.
Conforme referido, o calor tem um peso importante nestes processos, pelo que analisando a Figura 2, as medidas de melhoria relacionadas com a recuperação de calor nos fornos, a sua renovação ou substituição, são as que permitem atingir maior potencial de redução dos consumos de energia e respetivamente de emissões de gases de efeito de estufa, conforme disposto na Figura 3.
As energias renováveis representam também uma das medidas mais recomendadas e implementadas por parte das indústrias, com o objetivo de caminhar para uma eletrificação dos processos, sempre que possível.
Esta análise faz parte de um conjunto de informação relevante, reunida de forma regular para avaliar o estado dos vários setores e que pode ser consultada em www.sgcie.pt, onde estão disponíveis vários cadernos subsetoriais. Uma análise ao caderno relativo à fabricação de artigos de uso doméstico de faiança, porcelana e grés fino, verifica-se que estas indústrias têm no processo de cozedura um elevado consumo de gás natural, que representa 71.5% do consumo de energia primária, muito superior ao valor médio de 23% referido para o total da indústria nacional.
Para as várias medidas e processos nestas indústrias torna-se fundamental o apoio na identificação das 3 66 77 8 34
Fabricação de artigos de mármore e de rochas similares
Fabricação de outros produtos minerais não metálicos diversos, n.e.
Fabricação de artigos de ornamentação de faiança, porcelana e grés fino
Fabricação de misturas betuminosas Olaria de barroFabricação de ladrilhos, mosaicos e placas de cerâmica
Fabricação de artigos de uso doméstico de faiança, porcelana e grés fino
Recuperação de calor
Outros (ex. Renováveis)
Monitorização e controlo
Sistemas de combustão
Isolamentos térmicos
Sistemas de compressão
Optimização de motores
Iluminação eficiente
Formação e sensibilização
Recuperação de calor
Outros (ex. Renováveis)
Monitorização e controlo
Sistemas de combustão
Sistemas de compressão
Isolamentos térmicos
Optimização de motores
Iluminação eficiente
melhores soluções a implementar, tendo em consideração os vários procedimentos necessários. Esta é uma das missões do Roteiro da Indústria - da Teoria à Eficiência, desenvolvido pela ADENE, no âmbito da sua competência, que pretende, além das suas obrigações e atribuições legais, aproximar a ADENE da Indústria e dos seus diversos setores, com o objetivo de promover um compromisso da Indústria nacional com a eficiência energética e a redução de emissões de gases com efeito de estufa, promovendo assim uma indústria mais sustentável e mais verde, alcançando as metas da descarbonização.
O Roteiro da Indústria é uma iniciativa que pretende dinamizar a competitividade das empresas e onde a ADENE se apresenta como parceiro, sem natureza comercial, e que se pretende assumir como catalisador no estímulo e apoio à transição energética e descarbonização da indústria nacional, na concretização dos seguintes objetivos:
• Sensibilizar empresários e decisores dos diversos setores industriais para a adoção de medidas de eficiência energética na Indústria, mas também;
• Promover a partilha de boas práticas e casos de sucesso, inspirando a mudança por uma indústria mais inovadora e eficiente, convidando empresas que estejam na vanguarda da descarbonização e da tecnologia de cada setor para apresentar as suas soluções inovadoras.
• Recolher informação, através do inquérito que se encontra a ser divulgado, no decorrer do Roteiro, por forma a reunir um conjunto de informação relevante que permitirá, por um lado, definir a melhor estratégia para cimentar a relação de proximidade com Indústria, e por outro lado perceber de que forma a Indústria poderá olhar para a ADENE como um aliado e em que medida podemos ser ainda mais úteis para colaborar na descarbonização da Indústria nacional.
Apresentado no início do ano, o Roteiro da Indústria – da Teoria à Eficiência, com o apoio da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, tem dinamizado um conjunto de iniciativas com os diversos setores indus -
triais, onde se inclui o setor da cerâmica,e tem antecipado muitos dos seus propósitos e resultados, afirmando a ADENE como parceiro de excelência das diversas associações setoriais, com quem temos trabalhado nas áreas da nossa competência, como sejam a transição energética, a descarbonização e literacia energética, colocando o know-how técnico que a Agência para a Energia dispõe diretamente ao serviço da Indústria.
O Roteiro assume-se assim como uma iniciativa, sem horizonte temporal, que a ADENE coloca à disposição da Indústria Portuguesa, empresas e serviços, em prol de uma causa comum, contribuir de forma decisiva e sustentável para a Transição Energética e descarbonização na prossecução dos objetivos estratégicos, metas e compromissos assumidos por Portugal.
por Luís Rochartre Álvares, Partner e Head of Sustainability na Unobvious Solutions
Os mecanismos de mercado desempenham um papel fundamental nas soluções de descarbonização estabelecidas pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (UNFCCC), pelo Protocolo de Quioto e pelo Acordo de Paris. Estes mecanismos foram concebidos para facilitar a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) de forma eficiente e económica, promovendo a cooperação internacional e incentivando o desenvolvimento sustentável. O Protocolo de Quioto, as-
sinado em 1997 e em vigor de 2005 a 2020, introduziu os mecanismos de mercado principais. Cada um desses mecanismos tinha uma importância distinta e complementava os esforços globais de descarbonização. O Acordo de Paris, adotado em 2015, e em vigor desde 2016, reforçou e ampliou os mecanismos de mercado introduzidos pelo Protocolo de Quioto. O Acordo de Paris introduziu um novo mecanismo, conhecido como Artigo 6, que inclui novas abordagens, contudo, embora os princípios estejam definidos, ainda não foram devidamente regulamentados e estão longe de poderem ser aplicados. Este facto resulta num vazio de regulação global, uma vez que o Protocolo de Quioto cessou em 2020 e o Acordo do Paris, mais especificamente o Artigo 6, ainda não está inteiramente regulamentado.
Os mercados de carbono emergiram como uma das principais ferramentas para combater as alterações climáticas, incentivando a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) através de mecanismos económicos. Este mecanismo funciona sob a premissa de que ao atribuir um custo às emissões, torna-se financeiramente viável e atrativo para as empresas reduzirem a sua pegada de carbono. Neste contexto, o Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE), é primeiro mercado oficial no Mundo criado em 2005 e ainda o maior existente, o Mecanismo de Ajustamento Carbónico Fronteiriço (CBAM), o regulamento europeu aprovado em 2023, e os mercados voluntários de carbono desempenham papéis cruciais e complementares.
O Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia (CELE)
O CELE representa o pilar central da política climática da União Europeia (UE). Funcionando sob um modelo de cap-and-trade, o CELE estabelece um teto (cap)
para o total de emissões de GEE permitidas às instalações cobertas pelo sistema. Este teto tem sido reduzido ao longo do tempo, incentivando progressivamente a descarbonização.
O CELE tem sido eficaz em reduzir as emissões de setores intensivos em carbono, como a geração de eletricidade e a indústria pesada. Contudo, enfrenta desafios como a volatilidade dos preços do carbono, a necessidade de ajustamentos constantes para alinhar os tetos de emissões com as metas climáticas cada vez mais ambiciosas da UE ou a dificuldade de investimento em novas tecnologias das PME.
Este incentivo tem vindo a crescer de importância pelo aumento do custo unitário das licenças, que embora no seu lançamento tenham sido negociadas por cêntimos, recentemente chegaram quase aos 100 euros a tonelada, estimando-se que o valor feche este semestre nos 65 euros a tonelada.
O Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM)
O CBAM é uma iniciativa mais recente da União Europeia, concebida para evitar a evasão à descarbonização e garantir que os esforços de descarbonização não sejam minados pela importação de produtos de países com regulamentações ambientais menos rigorosas. A proposta de aplicar uma tarifa sobre as importações de determinados bens, equivalente ao custo das licenças de emissão que teriam sido necessárias se esses bens fossem produzidos na EU, mostra-se adequada para nivelar as condições de acesso ao mercado da UE.
Ao alinhar os preços dos produtos importados com os custos internos do carbono, o CBAM visa criar uma concorrência justa e incentivar a adoção de políticas climáticas mais rígidas a nível global. Este mecanismo é visto como uma forma de proteger as indústrias europeias e evitar a deslocalização da produção para outros países.
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Evento, organizado pela APICER, no âmbito da Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal, aberto a todos os interessados, com inscrição obrigatória. Ver mais em https://agendaecp.pt/pt/evento
Como o CBAM está em fase de implementação, ainda se aguarda quais os seus efeitos reais. O seu sucesso dependerá da forma como será gerido e das reações dos parceiros comerciais da UE, que podem ver a medida como uma barreira comercial disfarçada.
Mercados Voluntários de Carbono
Os mercados voluntários de carbono são plataformas, mais ou menos formalizadas, onde empresas e indivíduos podem comprar créditos de carbono para compensar as suas emissões, para além dos requisitos regulatórios. Esses mercados permitem que os compradores financiem projetos de redução ou remoção de carbono, como a reflorestação, introdução de energias renováveis e tecnologias de captura de carbono.
Diferente dos mercados regulados como o CELE, os mercados voluntários não são obrigatórios e operam de forma mais flexível. Eles oferecem uma via adicional para a mitigação das mudanças climáticas, especialmente para setores e entidades que não estão cobertos por regimes regulatórios. Além disso, promovem inovações em soluções de descarbonização que podem ser escaladas posteriormente.
No entanto, a credibilidade dos mercados voluntários depende da integridade dos créditos de carbono negociados. É crucial que os projetos financiados sejam verificáveis, demonstrem adicionalidade e se revelem com períodos de permanência adequados. O estabelecimento de padrões rigorosos e a transparência são fundamentais para garantir que os mercados voluntários realmente contribuam para a redução global de emissões. Outro componente essencial para a credibilidade e impacto da compensação das emissões, é que esta compensação incida sobre as emissões não evitáveis, resultante de avaliações devidamente suportadas por planos de descarbonização e metodologias de monitorização adequadas.
Usualmente estes mercados voluntários são utilizados, entre nós, por empresas fora do perímetro obrigatório do CELE e que tenham de alguma forma uma exposição pública relevante, como as empresas cotadas ou as empresas com compromissos públicos de descarbonização. Outra utilização usual dos mercados voluntários é a compensação de emissões de eventos ou produtos, que pretendam apresentar-se aos consumidores enquanto neutros ou de baixas emissões de carbono.
Recentemente foi publicado um Decreto-Lei instituindo o Mercado Voluntário de Carbono em Por-
tugal, mas que por ausência de regulação ainda não foi concretizado, aguardam-se as deliberações do novo Governo, para conhecermos qual o futuro desta iniciativa. Se vamos ter um mercado voluntário? Se o vamos ter com as orientações do Decreto-Lei publicado? Ou desejavelmente, que seja definido outro enquadramento, que efetivamente crie condições para a existência de um mercado de carbono dinâmico em Portugal.
Capturar as Vantagens
Os mercados de carbono, representados pelo CELE, CBAM e os mercados voluntários, constituem ferramentas essenciais na luta contra as mudanças climáticas. Cada um destes mecanismos oferece abordagens complementares para a descarbonização, abordando diferentes aspetos e desafios da transição para uma economia de baixo carbono.
A busca de soluções de descarbonização poderá ser uma fonte de inovação (tecnológica, de processos e de produtos/serviços) e de eficiência económica. Se as empresas tiverem a visão de como podem contribuir para os objetivos de descarbonização e consequentemente desenvolvam as estratégias necessárias poderão ter vantagens deste posicionamento. Estas estratégias permitirão mitigar os riscos e potenciar as oportunidades para os seus negócios, capturando as vantagens que esta nova realidade oferece. Esta posição proativa em relação a esta temática, contrasta com o comportamento de muitas das nossas empresas, que não se adaptaram a tempo a esta nova realidade e hoje enfrentam as consequências, com custos elevados para a compensação das emissões, urgência de investimentos em novas tecnologias e perda de mercados por exclusão dos seus produtos.
Para maximizar o potencial desses mercados, é essencial, a nível da regulação, continuar a refinar e alinhar políticas, garantir a integridade e a transparência dos créditos de carbono, e promover uma cooperação global mais ampla em torno das metas climáticas. Juntos, estes mecanismos podem catalisar uma transição eficaz e justa para um futuro sustentável, onde as emissões de GEE sejam significativamente reduzidas e o impacto das mudanças climáticas seja mitigado. Do lado das empresas, poderão maximizar o potencial dos mercados de carbono, identificando claramente as vantagens e oportunidades de negócio que estes mecanismos de mercado apresentam, contribuindo para as metas globais, mas também desenvolvendo novos produtos, novos serviços e novos mercados.
por Júlio Carneiro, Professor Associado, Departamento de Geociências, Universidade de Évora
Em abril deste ano, o Parlamento Europeu aprovou o Next Zero Industry Act (NZIA), entendido como essencial para a descarbonização e competitividade da indústria europeia. Entre outras medidas, o NZIA impõe a necessidade de, até 2030, os estados-membros da EU atingirem uma taxa de armazenamento de CO2 em formações geológicas de 50 milhões de toneladas por ano (MtCO2/ano). Trata-se de uma meta ambiciosa, mas que traduz bem a necessidade do recurso à tecnologia de captura, utilização e armazenamento de CO2, ou tecnologia CCUS (CO2 capture, utilisation and storage), para atingir a neutralidade carbónica.
A tecnologia CCUS é uma cadeia de tecnologias em diferentes níveis de desenvolvimento que visam reduzir as emissões de gases com efeito de estufa através da captura de dióxido de carbono em fontes estacionárias. Diversos processos de captura estão disponíveis, mas o mais comum é a captura pós-combustão, em que o CO2 é separado dos restantes gases de combustão, idealmente até uma concentração de pelo menos 95%. O CO2 é então comprimido e transportado por gasoduto, comboio ou navio em fase líquida ou densa para locais de reutilização ou de armazenamento em formações geológicas. Neste caso, a formação geológica, ou reservatório, é normalmente composta por formações sedimentares porosas e permeáveis, como arenitos ou calcários, situadas a profundidades superiores a 800 m. Campos de hidrocarbonetos esgotados ou formações geológicas com água de elevada salinidade (por vezes designados por aquíferos salinos profundos) são os reservatórios mais adequados, sendo que no território nacional, apenas os segundos são alternativa. Sobrejacente à formação reservatória devem existir formações de muito baixa permeabilidade, como argilas ou camadas de sal-gema, que garantam a retenção do CO2 no reservatório, onde ficará retido indefinida-
mente.
Trata-se de uma tecnologia consolidada e demonstrada. A injeção de CO2 em formações geológicas é efetuada de um modo rotineiro na indústria petrolífera há mais de 50 anos, e desde 1996 que constitui uma ferramenta para a mitigação das alterações climáticas. A nível mundial, todos os anos se evita a emissão para a atmosfera de cerca de 40 MtCO2 através de projetos CCUS. Embora estes valores sejam interessantes, estão muito longe dos 8000 MtCO2/ano que se estima como necessários para atingir a neutralidade carbónica até 2050¹. Não por acaso, a tecnologia CCUS tem vindo a ganhar uma visibilidade crescente, com 392 projetos com capacidade para capturar 361 MtCO2/ano, em diferentes estádios de desenvolvimento em todo o mundo². Portugal, comprometido com a neutralidade carbónica até 2045, tem na CCUS uma oportunidade para descarbonizar alguns setores industriais vitais para o país. As instituições nacionais de I&D não têm estado inativas nesta matéria. Os locais com potencial para armazenamento geológico estão identificados e a capacidade teórica existente, superior a 7 000 MtCO2, é mais do que suficiente para as necessidades nacionais. Embora exista alguma capacidade de armazenamento no onshore na região Oeste, é na zona offshore , na bacia Lusitaniana, que se encontra o potencial de armazenamento mais significativo, com condições geológicas de maior fiabilidade e menores riscos.
No contexto energético e industrial nacional, é nos setores de difícil descarbonização, com emissões decorrentes dos processos industriais que a captura de CO2 fornece a via mais eficaz para a redução de emissões. A produção de cimento e cal, mas também os setores da pasta & papel e do vidro podem beneficiar da implementação da tecnologia.
No projeto europeu STRATEGY CCUS, conduzido em Portugal pela Universidade de Évora, Universidade Nova, Cimpor e DGEG, foram identificados cenários para implementação da tecnologia CCUS entre 2028 e 2050, tomando partido da configuração geográfica dos principais pontos emissores situados entre Coimbra e Setúbal, numa região próxima dos potenciais locais de armazenamento geológico³.
Os cenários reconhecem a necessidade de aumentar o conhecimento sobre as características geológicas dos locais de armazenamento e de escalar gradualmente a implementação das tecnologias de captura. Entre 2028 e 2034 preconiza-se uma fase piloto, com instalações de captura de pequena escala na fábrica de cimento de Souselas e numa fábrica de vidro da Marinha Grande, numa captura total de 90 ktCO2/ano. O CO2 liquefeito é transportado por comboio para azona da Figueira da Foz e posteriormente, transportado por gasoduto submarino ou por navio para o local de injeção, na zona offshore da Bacia Lusitaniana.
A opção de transporte por comboio confere maior flexibilidade durante a fase piloto. Todavia, a partir de 2035, com captura em grande escala em três cimenteiras, na fábrica de cal da LHOIST e em mais fábricas de vidro, os montantes de captura ascendem a 3.3 MtCO2/ano e o transporte exige a construção de uma rede de gasodutos. Após 2045 haverá instalações de captura em 12 unidades industriais no eixo Coimbra / Setúbal, com uma capacidade integrada de captura de 9.1 MtCO2/ano. A rede de transporte será composta por 350 km de gasodutos com diâmetro entre 11 e 34 cm. O desenvolvimento da infraestrutura irá continuar até 2050, atingindo uma captura acumulada de 93 MtCO2, dos quais 61Mt a 70Mt serão alvo de armazenamento geológico definitivo. O volume restante,22Mt a 32MtCO2 de origem biogénica, será utilizado para produção de combustíveis sintéticos (metano, metanol, etc.) no âmbito da estratégia nacional de hidrogénio.
A fase piloto destes cenários encontra-se em dimensionamento no projeto PilotSTRATEGY⁴. O local de armazenamento foi definido, após exaustivos estudos de geologia e geofísica, a cerca de 20 km ao largo do porto da Figueira da Foz, prevendo-se um poço para injeção de CO2 a cerca de 1200m abaixo do fundo do mar, numa formação sedimentar composta por arenitos (Grupo de Torres Vedras). O transporte desde o porto até ao poço de injeção será efetuado por navio, na fase piloto, e por
3.- Mais detalhes sobre o projeto STRATEGY CCUS emstrategyccus.brgm.fr
4.- Mais detalhes sobre o projeto PilotSTRATEGY empilotstrategy.eu/
gasoduto submarino na fase comercial, de modo a evitar a construção de plataformas permanentes. Até maio de 2026, o projeto PilotSTRATEGY concluirá o dimensionamento de engenharia, os estudos económicos e financeiros, avaliará riscos e impactos e definirá o plano de monitorização, seguindo as orientações da Directiva Europeia sobre armazenamento geológico de CO2, transposta para o direito nacional pelo DL 60/2012.
Os cenários desenvolvidos para toda a rede, durante a fase comercial e até 2050, resultam em estimativas de custos da ordem dos 69€ a 86€ por tonelada de CO2 evitada, incluindo os custos de investimento e de operação e manutenção. Se tivermos em conta que em 2023, o preço do CO2 no EU ETS atingiu os 100€/t, é fácil perceber a crescente dinâmica em volta da tecnologia.
Não se julgue, contudo, que a proximidade dos custos da tecnologia com os preços das licenças de CO2 impliquem que a opção pela tecnologia seja óbvia para todas as indústrias ou que os investimentos requeridos não precisem de algum tipo de incentivo. A rede CCUS dimensionada no STRATEGY CCUS, implica um investimento superior a 4330 M€, entre 2028 e 2050, de um modo faseado em função da própria adesão dos pontos emissores à rede. Note-se que a rede não se estende até aos importantes pontos emissores da zona de Sines ou da região do Porto, o que naturalmente implicará custos adicionais.
Face a estes volumes de investimento é necessária uma política que assuma a CCUS como essencial para atingir os objetivos de descarbonização do país, e para assegurar que setores críticos da indústria nacional mantêm a capacidade de gerar empregos e de competirem no contexto europeu. A indústria nacional, tal como as entidades governamentais devem entender a implementação da CCUS também como uma oportunidade para a economia nacional. Segundo as estimativas do STRATEGY CCUS, a implementação da rede dimensionada pode gerar 63000 empregos e ter um valor acrescentado de 2300 M€ para a economia nacional.
Mas os desafios que importa vencer não se prendem apenas com os incentivos necessários. Portugal deve criar uma estratégia abrangente de gestão de carbono que inclua um quadro regulatório, objetivos e metas claras que impulsionem o investimento na tecnologia CCUS. Deve também clarificar-se quais os modelos de negócio possíveis para os diferentes intervenientes nos diferentes momentos da cadeia de gestão de uma infraestrutura de captura, transporte e armazenamento de CO2.
O setor da cerâmica, ao contrário do sector do vidro, não surge nos cenários do STRATEGY CCUS, apesar da rede se desenvolver ao longo da região Oeste onde o setor é muito relevante. Embora o setor apresente emissões significativas, as unidades fabris individuais têm emissões demasiado baixas para justificar a construção de dispendiosas instalações de captura. O STRATEGY CCUS considerou que a tecnologia é viável para unidades industriais com emissões superiores a 80 ktCO2/ano. De facto, na cadeia de tecnologias da CCUS, a componente da captura é responsável por 80% a 90% dos custos totais, implicando esforços de investimentos dificilmente justificáveis para pontos emissores relativamente modestos. Não surpreende que não existam a nível mundial, tanto quanto é do conhecimento do autor, casos de projetos CCUS no setor da cerâmica.
É possível que esse paradigma se venha a alterar com o desenvolvimento de novas tecnologias de captura e com a redução dos custos inerente à implementação a grande escala. Verifica-se atualmente um esforço de investigação assinalável sobre métodos de captura em fontes mais diluídas (incluindo mesmo a captura direta do ar) e que procuram reduziros custos de captura em fontes de menor envergadura. Não deve ser descartada a possibilidade de algumas dessas tecnologias se revelarem a médio-longo prazo custo-eficazes para o setor da cerâmica. Nesse caso, a inclusão das fábricas de cerâmica na rede integrada de transporte e armazenamento de CO2 resultaria numa redução dos custos globais da infraestrutura e deveria ser encarada numa perspetiva colaborativa da indústria nacional.
Figura: Cenário base de desenvolvimento da infraestrutura de captura, transporte, utilização e armazenamento geológico de CO2. A rede de gasodutos corresponde ao estado de implementação projetado para 2045. A evolução temporal ilustra os luxos de CO2 por componente do sistema (captura, utilização e armazenamento) e os setores nos quais é implementada a captura do CO2. Uma ferramenta interativa dos cenários desenvolvidos no projeto STRATEGY CCUS está acessível em strategyccus.brgm.fr/sites/ default/files/LB/LB.html ou através do QR code.
por
À medida que o mundo enfrenta os desafios das mudanças climáticas, a necessidade de descarbonizar setores industriais intensivos em energia, torna-se cada vez mais premente. Devido aos processos de aquecimento e de fusão envolvidos, as indústrias de cerâmica e de cristalaria enquadram-se nesses setores, conhecidas por serem bastante intensivas no que diz respeito ao consumo de energia e às consequentes emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera.
Paralelamente, à medida que a União Europeia avança com a sua ambiciosa agenda de combate às alterações climáticas, é também maior a pressão que estes setores enfrentam para descarbonizar as suas operações.
É neste contexto que os mecanismos do CELE (Comércio Europeu de Licenças de Emissão) e do CBAM (Mecanismo de Ajustamento Carbónico Fronteiriço) desempenham um papel fundamental. Estes instrumentos, em conjunto, criam os incentivos económicos e regulatórios necessários para que as indústrias de cerâmica e cristalaria adotem práticas mais sustentáveis e, consequentemente, reduzam as suas pegadas de carbono.
O CELE, já em vigor na União Europeia, estabelece um limite máximo para as emissões de gases de efeito de estufa, obrigando as empresas a adquirir licenças para emitir. À medida que esse limite se torna mais restritivo, ao longo do tempo, as indústrias são incentivadas a investir em tecnologias mais limpas e eficientes para reduzir os seus custos operacionais.
Por outro lado, o CBAM, criado pelo Regulamento (UE), 2023/956, de 10 de maio de 2023 , que prevê uma implementação gradual e suave das obrigações impostas no decurso dum período de transição que decorre entre 01/10/2023 e 31/12/2025, e cujas regras e obrigações em vigor, no referido período, encontram-se estabelecidas no Regulamento de Execução (UE), de 17 de Agosto de 2023 , visa proteger as indústrias europeias da concorrência desleal de países com regulamentações climáticas mais brandas. Ao impor um ajustamento de carbono nas fronteiras para produtos importados com pegadas de carbono mais altas, o CBAM incentiva os produtores estrangeiros a descarbonizar as suas cadeias de abastecimento e os seus processos de fabrico.
A combinação destes dois mecanismos cria, portanto, um ambiente favorável que impulsiona a transição para a neutralidade carbónica nestas indústrias, sendo que a descarbonização é, indubitavelmente, um imperativo para garantir a competitividade a longo prazo no setor. As empresas que conseguirem reduzir as suas pegadas de carbono estarão em melhor posição para atender aos requisitos dos consumidores e às regulamentações ambientais cada vez mais rigorosas e acresce ainda o facto de que a adoção de práticas sustentáveis está em linha com novas oportunidades de mercado, redução do custo de capital, atratividade de investimento e fortalecimento da imagem das marcas. Inequivocamente, a descarbonização será essencial à redução dos custos operacionais no médio/longo prazo.
O CELE e o CBAM incentivam a inovação e o desenvolvimento de novas soluções sustentáveis, abrindo caminho para a criação de empregos verdes e o fortalecimento da liderança europeia em tecnologias limpas, inovação e competitividade das empresas europeias no mercado global. No entanto, é importante reconhecer que esta transição não será fácil e exigirá investimentos substanciais por parte das indústrias. As autoridades europeias devem fornecer apoio financeiro e incentivos adequados para facilitar esta transformação, garantindo
que as empresas tenham os recursos necessários para modernizar as suas instalações e adotar práticas mais sustentáveis. Esta é uma oportunidade única para estas indústrias liderarem a transição para um futuro mais sustentável e contribuírem para os esforços da União Europeia no combate às alterações climáticas. A importância deste investimento no presente é fulcral para a redução de custos no futuro.
É neste contexto que a Veolia, com a sua vasta experiência e conhecimento técnico, está posicionada de forma única para auxiliar o setor da cerâmica e cristalaria na sua jornada rumo à descarbonização. Com o Propósito da Transformação Ecológica e através das suas atividades nas áreas de Energia, Água e Resíduos, a Veolia oferece soluções abrangentes e inovadoras que podem impulsionar a transição para uma economia de baixo carbono.
Com a sua expertise, suportada por referências nos cinco continentes, a Veolia posiciona-se como um parceiro consistente com uma oferta de soluções comprovadas que auxiliam as empresas a cumprir as suas metas de redução das emissões de carbono.
As parcerias estratégicas que são estabelecidas com os seus clientes iniciam-se num processo de consultoria e assessoria que permite auxiliar as empresas no
cálculo da sua pegada de carbono, na definição de metas de redução e na implementação de estratégias de descarbonização personalizadas. Esta avaliação inclui a análise detalhada de todos os processos impactantes, na identificação de oportunidades de melhoria e no desenvolvimento de planos de ação.
Este conjunto de ações é centralizado numa ferramenta auditada e certificada pelo GHG Protocol e ISO 14064-1 e 14069, desenvolvida pelo Grupo Veoliao Hubgrade Carbon Footprint -, que não só centraliza toda a informação, como calcula a pegada carbónica a partir dos fatores de emissão mais atuais, os quais são disponibilizados automaticamente, oferecendo ainda um layout bastante agradável e intuitivo. Para além destas funcionalidades, podem ainda ser avaliados diferentes cenários de descarbonização, com recurso a uma biblioteca bastante vasta com as soluções de descarbonização já implementadas pela Veolia, em várias geografias do mundo, que permitem definir a melhor estratégia para atingir os objetivos definidos pelas empresas.
No entanto, a importância que pode assumir na descarbonização desta indústria não se resume apenas à avaliação e ao desenvolvimento de planos de ação. A ação propriamente dita faz parte intrínseca do seu ADN, como empresa de engenharia que é, e as suas soluções, para esta indústria em concreto, estão bastante alinhadas com a Eficiência Energética, Recuperação de Energia e Gestão de Resíduos e de Águas.
No âmbito da Energia , a Veolia é pioneira no desenvolvimento e implementação de soluções de Eficiência Energética, como a produção de energia renovável a partir de fontes como biomassa, biogás e resíduos, aplicáveis diretamente nas instalações de cerâmica e cristalaria, e também serviços de gestão energética inteligente, otimizando o uso de energia e identificando oportunidades para economias adicionais. Ajuda ainda as empresas a otimizar os seus processos e sistemas através de auditorias energéticas, implementação de sistemas de gestão de energia, adoção de tecnologias mais eficientes como a recuperação de calor residual, e monitorização contínua de desempenho energético com recurso a analisadores de energia dedicados, sugerindo medidas de conservação de energia que resultam em ganhos de eficiência energética. Na área da Água , é líder global em soluções de tratamento e gestão de água. No setor da cerâmica e cristalaria, onde o consumo de água também é intensivo, a Veolia pode fornecer tecnologias avançadas de reciclagem e reutilização de água, minimizando o desperdício e
reduzindo a pegada hídrica dessas indústrias. Este tipo de abordagem não apenas contribui para a conservação dos recursos hídricos, mas também reduz a procura energética associada ao tratamento e transporte de água, resultando em menores emissões de carbono.
Quando falamos de Resíduos , surge como um player incontornável na apresentação de soluções de gestão de resíduos industriais e comerciais, incluindo transporte, tratamento, reciclagem e valorização energética. No setor da cerâmica e cristalaria, onde são gerados resíduos em volume e diversidade significativos, a Veolia pode implementar sistemas de recolha e de processamento eficientes, maximizando a recuperação de materiais e minimizando a deposição em aterro. Essa abordagem circular não apenas reduz as emissões de gases de efeito estufa associadas a uma triagem inadequada de resíduos, mas também promove a economia circular, preservando recursos naturais valiosos. A valorização energética, por exemplo, pode transformar resíduos em fontes de energia renovável, eventualmente até com potencial para autoconsumo.
A Veolia tem a capacidade, igualmente, para implementar sistemas de recuperação de energia a partir de fontes renováveis, tais como a biomassa ou energia solar. Esta abordagem reduz, naturalmente, a dependência de combustíveis fósseis e as emissões associadas.
O Grupo está ainda na vanguarda do desenvolvimento de tecnologias inovadoras, como a captura e armazenamento de carbono (CCS) e a utilização de hidrogénio verde, que podem desempenhar um papel crucial na neutralidade carbónica do setor da cerâmica e cristalaria no futuro.
À medida que o mundo se move em direção a uma economia de baixo carbono, é imperativo que setores industriais, como a cerâmica e a cristalaria, adotem medidas ousadas para descarbonizar as suas operações. A Veolia, com a sua experiência comprovada, a sua expertise multidisciplinar e multinacional e o seu compromisso com a inovação, a sustentabilidade, pode ser o parceiro nessa jornada, oferecendo soluções abrangentes e sustentáveis que impulsionam a transição energética e protegem o ambiente para as gerações presentes e futuras, contribuindo para um futuro mais sustentável e resiliente.
por Catarina Vazão, Partner, Get2C, Lda
O Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE) arrancou a 1 de janeiro de 2005. Desde o seu início, um dos temas mais debatidos entre a indústria europeia e a Comissão Europeia (CE) foi a perda de competitividade relativamente à maioria dos países onde não existia um mecanismo de precificação de carbono.
Foi assim que surgiu o regime de exceção para os setores com maior risco de fuga de carbono, que entrou em vigor a partir de 1 de janeiro de 2013, mais conhecido pelo termo inglês, carbon leakage. Para as instalações abrangidas não se aplica um corte gradual na alocação gratuita, ao contrário do que se passa com as restantes instalações, às quais é aplicado um corte significativo de 30% ao ano.
No entanto, pese embora reduza o risco, esta solução não o mitiga por completo. Após vários anos de discussão, chegou-se recentemente ao revolucionário CBAM (sigla in-
glesa), ou em português, Mecanismo de Ajustamento Carbónico Fronteiriço, que agora é tão falado por todo o mundo, Este mecanismo foi estabelecido pelo Regulamento 2023/956, de 10 de maio de 2023, e tem como objetivo impor um preço de carbono a determinadas mercadorias (cimento, ferro, aço, alumínio, fertilizantes, hidrogénio e eletricidade) importadas para a União Europeias (UE). O princípio base consiste em garantir um preço de carbono equivalente entre o produto importado e o mesmo produto produzido na UE. Porque se fala em preço equivalente? Porque desde há vários anos e em particular desde o Acordo de Paris, muitos países viram a necessidade de implementar um comércio de emissões, taxa de carbono ou mercado de carbono, como ferramenta para auxiliar o cumprimento das suas metas de redução de emissões. A título de exemplo destaca-se o Comércio de Emissões da Coreia, que entrou em vigor em 2015, o do México em 2020 e o Comércio de Emissões Nacional Chinês, que entrou em vigor a 2021. Assim, e de forma simplificada, a taxa de carbono aplicada às importações será determinada pela diferença entre o preço de carbono na EU e o preço de carbono (se existente) no país exportador.
Os principais objetivos da CE com este mecanismo são proteger a competitividade da União Europeia e pressionar a descarbonização nos outros países. No entanto, as consequências ao nível das alterações nos fluxos de comércio internacional e na economia global poderão ser significativas, sendo importante perceber, quem e de que forma, será afetado pelo CBAM.
Começando pelos países exportadores, a sua indústria produtora das mercadorias atualmente abrangidas, são na verdade os mais insatisfeitos e críticos. Para além da perda direta de competitividade, por haver um aumento do preço dos produtos à entrada da UE, têm igualmente necessidade de aumentar a regulamentação interna ao nível da monitorização, reporte e verificação das emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE) associadas aos seus produtos. Nestes países, o CBAM é ainda um tema sensível, apesar de muitos já se estarem a preparar para dar resposta aos desafios deste mecanismo.
Por outro lado, teremos na UE os importadores destes produtos, que podem ser desde grandes empresas, como por exemplo algumas construtoras, ou até pequenas empresas familiares. Neste período de transição, que decorre de 1 de outubro de 2023 a 31 de dezembro de 2025, as suas obrigações são ao nível do reporte trimestral das emissões de GEE associadas à produção dos produtos importados. O processo de reporte que até agora já tem representado um desafio, mesmo sendo permitida a utilização de FE (fatores de emissão) tabelados, será ainda mais complexo no reporte de outubro deste ano, no qual será obrigatória a utilização de FE do fornecedor. Por isso mesmo e antevendo que o pior ainda virá, já em 2024 várias empresas portuguesas começaram a avaliar a possibilidade de reduzir a aquisição fora da UE de produtos abrangidos pelo CBAM.
O maior impacte para as empresas importadoras surge a partir de 2026, quando estas terão de comprar um certificado CBAM por cada tonelada de dióxido de carbono equivalente emitida na produção dos respetivos produtos importados. O preço dos certificados CBAM será determinado com base no valor médio semanal dos leilões do CELE. Mostra-se abaixo, a título de exemplo, a evolução do preço das EUAs de janeiro a julho de 2024.
Por fim, não devemos esquecer a indústria abrangida pelo CELE e produtora das mercadorias abrangidas pelo CBAM. Por um lado, poderão vislumbrar uma maior oportunidade de negócio derivada do aumento do preço dos produtos importados para a UE. Por outro lado, irão sofrer uma redução significativa na alocação gratuita a partir de 2026 até chegar a zero em 2030, por saírem da lista das instalações abrangidas por carbon leakage.
Atualmente encontra-se a decorrer o período de transição deste mecanismo tão complexo. Nesta fase são expectáveis ajustes, melhorias e adaptações a toda a Regulamentação CBAM. A CE pretende ainda alargar gradualmente a aplicação do CBAM a todos os produtos, setores e subsetores com risco de fuga de carbono. A partir de 2030, o vidro, cerâmica, cal, pasta e papel são setores que certamente também ficarão abrangidos pelo CBAM. Até lá é importante acompanhar como a UE e o resto do mundo se estão a adaptar a esta nova realidade. Regulamentação CBAM¹ Fonte: https://www.eex.com/en/markets/environmental-markets/eu-ets-auctions
por Bernardo Vasconcelos, Green H2 Business Developer
No dia 28 de Junho teve lugar, no Montebelo Vista Alegre Ílhavo Hotel, a conferência “Soluções para a descarbonização da indústria com hidrogénio verde”. O evento, organizado pela Smartenergy, empresa investidora na produção de energia renovável e de hidrogénio verde, e co-organizado pela APICER e pela REN, serviu para abordar os desafios da transição energética da indústria cerâmica nos planos tecnológico, regulatório e económico.
O evento contou com as intervenções da Secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira, do Secretário de Estado do Ambiente, Emídio Sousa, e dos Presidentes da Câmara de Ílhavo e de Oliveira do Bairro, João Campolargo e Duarte Novo, respetivamente.
A assistir às apresentações levadas a cabo pela REN, APICER, Sacmi, CTCV e Smartenergy, e ainda à mesa redonda onde se discutiu a utilização e aplicações dos vales de hidrogénio, estiveram mais de uma centena de empresários e intervenientes ligados ao setor, sublinhando a importância e relevância desta iniciativa.
A indústria cerâmica é um sector difícil de descarbonizar. Estes setores, comummente conhecidos por “hard-to-abate sectors” são caracterizados por envolverem processos termo intensivos. O consumo elevado de gás associado aos processos industriais de alta temperatura, tais como a atomização, secagem e a cozedura, traduz-se em quantidades relevantes de dióxido de carbono emitido para a atmosfera.
Têm sido feitos esforços no sentido de eletrificar parte ou a totalidade destes processos. No entanto, as limitações tecnológicas face à necessidade de temperaturas acima dos 1000ºC, os constrangimentos da rede elétrica e o elevado investimento inerente constituem enormes obstáculos a que esta opção se venha a tornar viável.
Por outro lado, o hidrogénio verde surge como um vetor energético com enorme potencial para dar resposta à descarbonização destes setores. Sendo o elemento mais predominante no universo e um recurso praticamente ilimitado no planeta, a sua maior valia é o facto de
originar uma combustão limpa, cuja única emissão direta é vapor de água. Apresenta, ainda, as vantagens de poder ser misturado na rede de gás, permitir o seu transporte por longas distâncias e o seu armazenamento por longos períodos de tempo. Não menos importante: aporta a capacidade de se poder reverter o processo e usar-se o hidrogénio para produzir novamente eletricidade.
Persistem desafios a superar na utilização do hidrogénio verde. Do ponto de vista tecnológico, é sabido que a queima de gás natural misturado com hidrogénio verde tende a originar uma atmosfera interna com teores de humidade superiores, tende também a aumentar a possibilidade de surgirem óxidos de azoto, uma família de gases poluentes e com efeito de estufa. Já do ponto de vista económico, poderá ser necessário efetuar adaptaçoes nos equipamentos existentes e, em muitos casos, recorrer à sua substituição integral, opção menos desejável, tendo em conta os custos avultados destes equipamentos. Por outro lado, a incerteza quanto ao preço a que o hidrogénio verde será comercializado poderá ser a razão de muitas organizações estarem relutantes quanto à transição.
Em boa verdade, não há soluções energéticas perfeitas e o hidrogénio verde não é exceção. É, contudo, mais um caso onde o desenvolvimento tecnológico levará a melhor. Vão, por exemplo, surgindo no mercado equipamentos capazes de queimar gás misturado com cada vez maiores concentrações de hidrogénio. Mais, um conhecido fabricante de fornos e queimadores anunciou recentemente que concluíram, com sucesso, os primeiros testes a equipamentos capazes de modular misturas de 0 a 100% de hidrogénio, sem quaisquer alterações à qualidade da queima e da atmosfera interna e sem impacto significativo nos produtos finais.
Um vale de hidrogénio verde tem o propósito de descarbonizar uma determinada área predominantemente industrializada e caracteriza-se pela produção, armazenamento e fornecimento de hidrogénio verde 100% puro às indústrias compreendidas nessa área. A produção é feita com recurso a fonte de energia renovável local e o hidrogénio verde transportado por pipeline dedicado. Os vales de hidrogénio podem ainda servir a mobilidade através do fornecimento aos postos de abastecimento de hidrogénio locais, bem como para o armazenamento de energia sob a forma de gás.
O vale de hidrogénio para a região de Aveiro será isso mesmo. A unidade da Smartenergy produzirá hidrogénio verde através de eletrólise de água residual tratada com recurso a eletricidade verde e estará localizada em Oliveira do Bairro, precisamente o epicentro da região onde as indústrias cerâmicas predominam. Hidrogénio verde puro e sem a presença de gás natural será transportado através de pipeline dedicado, desde a unidade de produção até às fábricas. Desta forma, e considerando que diferentes organizações dispõem de diferentes equipamentos e recursos, cada uma poderá definir e controlar internamente se, para cada um dos seus processos, vai usar apenas hidrogénio ou aplicar percentagens dedicadas de blend com gás natural e, portanto, controlar a que velocidade a organização vai descarbonizar.
O Aveiro Green H2 Valley não é apenas um projeto; representa um passo vital para a descarbonização da indústria cerâmica, proporcionando uma alternativa sustentável a um setor que há muito se debate com elevadas emissões de carbono devido ao consumo intensivo de gás natural.
por António Oliveira, Economista da APICER
De acordo com a nota de imprensa divulgada pelo Euroconstruct (*) por ocasião da sua 97ª Conferência, que decorreu em Estocolmo no passado dia 11 de junho, a produção total da construção na área do Euroconstruct caiu 1,4% em 2023. A tendência negativa continuará em 2024 com uma variação de -2,7%, motivada principalmente por condicionalismos que se colocam ao setor da construção nova para habitação em 15 dos 19 países do Euroconstruct. Espera-se um ponto de viragem em 2025, mantendo-se a tendência positiva em 2026.
Na figura 1 apresenta-se a evolução do PIB e da produção na construção no conjunto dos 19 países da rede Euroconstruct, para o período 2020-2026, sendo que, para 2024 os dados apresentados correspondem a previsões e para 2025 e 2026 a perspetivas.
As perspetivas económicas na área do Euroconstruct são diferenciadas. Após o modesto crescimento em 2023 (+0,4%), com crescimento negativo do PIB em 7 países, é provável que a evolução permaneça moderada em 2024 (+1,1%). O crescimento do consumo privado e das exportações manter-se-á em níveis baixos. Embora a economia recupere um pouco em 2025, a fasquia dos
2% continua a ser inatingível na perspetiva atual, devido, por exemplo, aos efeitos inflacionistas. Os valores mais positivos da atividade económica global para o período 2024-2026 são esperados na Irlanda e na Hungria. No outro extremo da escala, encontramos a Itália e a Alemanha.
Os fatores que condicionam o crescimento da atividade da construção na Europa incluem também as taxas de juro e os elevados défices orçamentais nacionais. A limitada margem de manobra financeira dos Estados centrais, bem como das autoridades regionais e locais, pode ter consequências negativas em possíveis reduções fiscais ou injeções financeiras, na disponibilização de programas de financiamento ou na procura direta de construção por parte do setor público.
A situação é semelhante no que respeita às condições de financiamento. Este fator tem tido um efeito negativo em todos os principais segmentos. A subida acentuada das taxas de juro num prazo muito curto dificultou consideravelmente o financiamento dos projetos de construção por parte das famílias e das empresas, e a situação só lentamente se normalizará. De acordo com o último inquérito do BCE sobre o mercado de crédito bancário, a procura de crédito à habitação para particulares na zona euro estabilizou, pelo menos, recentemente. No entanto, a procura de crédito por parte das empresas voltou a diminuir até ao início do 2.º trimestre de 2024 e, no cômputo geral, ainda se encontrava claramente em campo negativo. Em contrapartida, os requisitos de crédito para a compra de habitação por particulares parecem ter sido tratados de forma um pouco menos rigorosa pela primeira vez desde 2021, enquanto os bancos continuam a agir com muita cautela em relação às outras formas de crédito para este grupo de procura.
Os problemas dos últimos anos (por exemplo, a subida das taxas de juro, a inflação, o aumento dos custos de construção) continuarão a condicionar o segmento da construção de edifícios, enquanto a engenharia civil deverá registar uma forte expansão em 2024. Esta expansão é impulsionada por uma variedade de necessidades de investimento, mas sobretudo pelo apoio financeiro dos governos.
Na tabela 1, pode observar-se a evolução esperada da produção na construção nos 19 países da área do
Euroconstruct (EC-19), por países e por áreas, em % de variação em termos reais.
No que diz respeito a Portugal, o crescimento da produção da construção para os anos de 2025 e 2026 perspetivam-se na ordem dos 1,5% e 1,7%, respetivamente.
Os países onde é esperado um maior crescimento da produção da construção nos anos de 2025 e 2026 são a Suécia, Noruega, Finlândia, Polónia, Chéquia e Hungria.
O objetivo do Euroconstruct é fornecer informações, análises e previsões aos decisores do setor da construção e de outros mercados relacionados com a indústria da construção, para que possam planear melhor e mais eficazmente os seus negócios. As atividades da rede Euroconstruct destinam-se também a instituições oficiais, tais como ministérios ou agências, bem como a associações nacionais e internacionais. Tabela 1 Evolução da Produção da Construção na área do Euroconstruct, por países Fonte: Euroconstruct, junho 2024 a) Previsõesb) Perspetiva
(*) O Euroconstruct é um grupo europeu para a investigação tecnológica e análise económica do setor da construção. Fundado em 1974, reúne 19 institutos de análise económica e técnica de toda a Europa, dos seguintespaíses: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Noruega, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, Suíça e Suécia (15 países da Europa Ocidental), e ainda Chéquia, Eslováquia, Hungria e Polónia (4 países da Europa Central e Oriental).
por Martim Chichorro, Apicer
A transição energética para uma economia de baixo carbono, de redução de custos e gestão de recursos mais sustentável é um dos fatores de competitividade da Indústria transformadora. São muitos os caminhos apontados, sendo a Eficiência Energética apontada com um dos principais pilares na criação de uma estratégia de Descarbonização. A boa noticia é que a Indústria Cerâmica no geral já iniciou há muito esse caminho, através da melhoria e alteração de processos e tecnologia, mas há ainda um caminho a percorrer para a criação de um sistema energético mais sustentável onde a melhoria da eficiência energética tem um papel fundamental. No âmbito desta temática, a APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e Cristalaria com a colaboração do CTCV - Centro de Tecnologia e Inovação realizou no passado dia 11 de julho no Business Center Leonardo Da Vinci (Antanhol | Coimbra) um evento que teve por objetivo divulgar os resultados obtidos no projeto “Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de Energia com Vista à Descarbonização” e que serviu também para divulgar o Manual de Eficiência Energética. Este projeto corresponde a uma medida financiada no âmbito do Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de Energia, aprovado pela ERSE- Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.
A sessão de abertura foi efetuada por José Cruz Pratas, Presidente da Direção da APICER e por Patrícia Lages, Diretora de Tarifas, Preços e Eficiência Energética, ERSE
Na temática das “Estratégias e Medidas de Eficiência Energética”, João Paulo Calau, da ADENE (Agência para a Energia) falou sobre o Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia (SGCIE)enquanto ferramenta dinamizadora da competitividade das empresas. Paulo Pires, Administrador Vista Alegre, proferiu sobre as Boas
práticas de Eficiência Energética na Indústria Cerâmica, enquantoArtur Serrano, do CTCV, falou sobre a Eficiência Energética e a Otimização de Processos Industriais (Pitch). Samuel Moreira,também do CTCV, analisou a Otimização de Curvas de Cozedura com recurso à Simulação Na temática seguinte, já sobre o Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de Energia com Vista à Descarbonização – Indústria Cerâmica, Pedro Cardoso e Samuel Lameiro, ambos do CTCV, apresentaram a analise dos resultados e benefícios desta Medida. Rui Neves,do CTCV, fez a apresentação sobre o conteúdo do Manual de Eficiência Energética.
Depois de uma pausa para café, os participantes tiveram ocasião para fazer uma visita à instalação Piloto Hipocarbónica do CTCV. O trabalho de estudo de fornos e soluções de queima, com ênfase em sistemas energéticos alternativos tendo em vista a descarbonização das indústrias da cerâmica e do vidro está a ser desenvolvido no âmbito da agenda “Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal”.
Assinalados os 25 anos de actividade. Setores da Construção e Elétrico lideram certificações. Reforço do apoio às empresas exportadoras, nomeadamente do setor eléctrico, pelo acesso às marcas europeias ENEC e HAR e aos certificados CB- Scheme.
A CERTIF – Associação para a Certificação, líder de mercado na certificação de produtos e serviços, registou no primeiro semestre um crescimento homólogo de 12% na sua faturação, executando com inteiro sucesso toda a atividade planeada para este período, quer no encerramento do acompanhamento dos processos de certificação, quer na realização das auditorias e recolhas de amostras programadas.
A área da certificação de produtos, corebusiness da CERTIF, representa mais de 70% da faturação, com relevo para os setores da construção e elétrico. A marcação CE para os produtos de construção e o vasto âmbito de normas em que a CERTIF está qualificada tem permitido, para além da resposta às necessidades das empresas nacionais, o acesso a novos clientes no estrangeiro, o que aconteceu, neste semestre, com empresas cipriotas. Na certificação de produtos, a referir novo cliente em Angola para a marca CERTIF.
No setor elétrico manteve-se o apoio a empresas exportadoras, com a emissão de certificados para o acesso às marcas europeias ENEC e HAR, bem como a procura pelos certificados CB-Scheme que permitem o reconhecimento dos ensaios a nível internacional, nos países signatários dos acordos de reconhecimento.
Sendo a reciclagem uma das prioridades de atuação, foi criada uma Comissão Técnica com a APA e a APIP para a definição de um esquema de certificação da percentagem de plásticos reciclados a disponibilizar ao mercado.
A distribuição dos produtos certificados, incluindo marcação CE, por setor, pode ser vista na tabela 1.
Certificação de serviços
Com 22 certificados válidos no âmbito do sistema FER – Fim do Estatuto do Resíduo é na certificação do serviço das empresas que trabalham no sistema AVAC com gases fluorados com efeito de estufa que se situa a grande referência com mais de 2000 clientes e com cerca de 8% do mercado.
Certificação de sistemas
Trata-se de uma atividade complementar com interesse para clientes com certificação conjunta com produtos ou serviços e com os correspondentes ganhos financeiros, o que justifica os 160 certificados emitidos.
DAP – Declarações ambientais do produto
Foram publicadas 5 novas DAP, estando em vigor no final do semestre 39 DAP. Deram entrada 7 novos processos. Sendo a CERTIF o único organismo reconhecido no âmbito do Sistema DAP – HABITAT.
Relações Internacionais
Membro de várias associações europeias e internacionais e subscritora de acordos de reconhecimento com acesso a marcas europeias o que permite acesso a outros mercados, a CERTIF teve uma participação presencial ativa em várias Assembleias Gerais e Grupos de Trabalho. Com clientes em 25 países e com uma faturação no estrangeiro superior a 40% a CERTIF continuou a contribuir para a exportação de produtos.
por Mariana Bem-Haja e Filipa P. Silva, FAF Sociedade de Advogados
A descarbonização é um processo fundamental para mitigar as mudanças climáticas e promover a sustentabilidade ambiental, e surge na sequência de uma cada vez maior –e, por ventura, cada vez mais radical - consciencialização sobre os efeitos negativos dos gases de efeito de estufa (GEE) gerados pelas atividades humanas, especialmente aquelas relacionadas com a utilização de combustíveis fósseis.
Como tal, é essencial a transição para uma economia de baixo carbono, por forma a limitar o aumento da temperatura global e evitar a severidade das alterações climáticas, que se fazem já sentir: os eventos climáticos extremos, o derretimento acelerado das massas de gelo das regiões polares, que causa uma mudança na distribuição das massas no planeta e, consequentemente, afeta a própria rotação da Terra, tornando os dias mais longos¹.
A obrigação moral é inquestionável; continuar a explorar e consumir combustíveis fósseis ao ritmo atual é, essencialmente, condenar as futuras gerações a um planeta inóspito. No entanto, esta transição não é linear e exige um esforço coletivo estoico; quando apenas um rema contra a maré, é natural que não se chegue a bom porto.
Portugal tem acompanhado as políticas da União Europeia neste sentido: veja-se o Plano Nacional Integrado de Energia e Clima, aprovado em 2020 (PNEC 2030), alinhado com o Pacto Ecológico Europeu e o Acordo de Paris e que, aliás, o Governo submeteu a revisão a 22.07.2024, pretendendo agora estabelecer a meta da redução das emissões de GEE para 55%, em relação aos níveis de 2005, fixando o intervalo anteriormente estabelecido de 45% a 55%; e, ainda, pretende-se agora elevar a quota de energias renováveis para 51% no consumo final bruto de energia, mantendo-se a melhoriada eficiência energética em 35%, tudo até 2030.
Este plano prevê também a trajetória de descarbonização, rumo à neutralidade climática em 2045,
em linha com o previsto na Lei de Bases do Clima. Já no ano anterior, 2019, o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (RNC 2050), pretendia descarbonizar o setor de energia, aumentando a geração de eletricidade a partir de fontes renováveis, a promoção da eletrificação dos transportes e a utilização de combustíveis alternativos, bem como o incentivo de práticas agrícolas e florestais sustentáveis que capturem carbono.
Ora, é certo que o nosso país está aparentemente comprometido com a descarbonização e com a transição para uma economia sustentável, o que, bem sabemos, poderá impulsionar a inovação, criar empregos e abrir novos mercados. Portanto, em teoria, estamos no bom caminho. Mas adequar-se-á este percurso à realidade portuguesa? Como oneramos o comum cidadão se uma das grandes empresas da indústria fóssil aumenta os seus lucros em 23% no primeiro semestre de 2024, para 624 milhões, mas anuncia ter de reavaliar as metas de descarbonização, justificando-se com uma descoberta de petróleo na Namíbia e com a lenta execução dos desenvolvimentos renováveis? Como se pode demonizar a manutenção e a utilização do diesel e se força a aquisição de veículos elétricos perante este panorama? Quando, verdadeiramente, aqueles que mais impacto têm na alteração climática, fazem vista grossa e decidem, levianamente, seguir a corrente, não é possível pedir ao pequeno contribuinte que continue a remar para o lado oposto.
É urgente percorrer o caminho que leva à sustentabilidade e à premissa de um futuro com qualidade de vida para os nossos filhos, netos e gerações vindouras; mas é também urgente exigir ponderação, reflexão e adequação a cada passo.
1.- Shahvandi, M. K. (2024), et al., “The increasingly dominant role of climate change on length of day variations”, disponível em https://www.pnas.org/doi/10.1073/pnas.2406930121#data-availability
por Albertina Sequeira, Vice-Presidente Executiva da Apicer
ECOGRES
O projeto português ECOGRES 4.0 é finalista do prémio europeu REGIOSTARS 2024. De um universo de 262 candidatos, é um dos 25 finalistas nomeados para o prémio europeu e o único português na categoria “Uma Europa Verde”.
Desde a sua criação em 2008, o prémio REGIOSTARS tornou-se o rótulo de excelência para projetos financiados pela União Europeia. A competição anual, organizada pela Comissão Europeia, tem como objetivo identificar e divulgar boas práticas no desenvolvimento regional, encorajando outras regiões a adotá-las. Este ano, o júri do REGIOSTARS avaliou um número recorde de candidaturas – 262 no total – e selecionou apenas 25 finalistas, em que apenas 3 são portugueses.
O ECOGRES 4.0 representa a materialização dos princípios da Economia Circular e da Indústria 4.0, num projeto empresarial vocacionado para a industrialização de produtos cerâmicos ecológicos, resultado de I&DT contínuo em simbioses industriais. Fruto desta missão rumo à sustentabilidade, o projeto ECOGRES 4.0 já recebeu diversos prémios, incluindo o Prémio Nacional de Sustentabilidade. A nomeação REGIOSTARS é, mais uma vez, resultado de um trabalho sério e consistente, com respeito pelo meio ambiente. O objetivo é que a fábrica, dedicada exclusivamente à produção de peças em ecogres®, se torne uma das mais sustentáveis a nível mundial.
O projeto ECOGRES 4.0 visa o desenvolvimento de pastas de grés mais sustentáveis, fundamentadas nos princípios da economia circular e incorporando resíduos de indústrias cerâmicas e não cerâmicas. O sucesso do projeto, e dos produtos desenvolvidos, levou à criação de uma spinoff, a ECOGRES – Cerâmica Ecológica, Lda., atualmente responsável pela fabricação de coleções em cerâmica reciclada.
A fábrica Ecogres, que implicou um investimento de 14 milhões de euros, implementou várias medidas para alcançar este objetivo sustentável. Entre essas medidas destaca-se a utilização de fontes de energia renovável, a reciclagem de resíduos industriais, a otimização dos processos de produção e a integração de tecnologias avançadas de monitorização e controlo ambiental.
Notícias & Informações
Miguel Casal, CEO e Administrador do Grupo COSTA NOVA Indústria, salienta que o projeto ECOGRES «está na vanguarda da inovação ecológica, criando produtos e processos inovadores que não só contribuem para a sustentabilidade da nossa região, mas que também estabelecem um precedente de responsabilidade ambiental em toda a Europa». O CEO acrescenta que o facto de o
projeto ser finalista do prémio REGIOSTARS serve como «um testemunho do nosso compromisso inabalável com a inovação, trabalho árduo e a busca de práticas sustentáveis dentro da nossa indústria.»
Carlos Pinto, Diretor Fabril do Grupo, refere que esta nomeação significa também «o reconhecimento, por parte dos peritos e técnicos da Comunidade Europeia, da mais-valia do projeto de inovação que deu origem à fábrica Ecogres – Cerâmica Ecológica - considerada pioneira e um exemplo na área da sustentabilidade”.
Agora, os vencedores do prémio REGIOSTARS serão escolhidos na segunda fase de avaliação, que consiste em apresentações ao vivo e entrevistas ao júri. Além disso, o público terá a oportunidade de votar no seu finalista favorito para o Prémio do Público, com a votação a iniciar-se a 2 de setembro.
A Primus Ceramics inaugurou no dia 5 de março – Dia da Eficiência Energética, o primeiro secador sem emissões de GEE (Gases com Efeitos de Estufa), em parceria com a SACMI.
Trata-se do primeiro secador cerâmico alimentado a 100% com eletricidade produzida a partir de fontes renováveis, traduzindo-se numa inovação disruptiva para o setor.
Com uma potência instalada de 800 kW, este equipamento pode operar em plena capacidade, utilizando exclusivamente a energia gerada pela central fotovoltaica.
Destaca-se entre as suas inúmeras vantagens, a capacidade de comutação automática do modo elétrico e/ou GN, "híbrido", garantindo a continuidade da produção nas condições ideais.
Fundada em 1969 e parceira da SACMI desde 2008, a Primus Ceramics possui uma capacidade produtiva de 4 milhões de m² por ano, 75% dos quais destinados à Exportação. A estratégia de crescimento da Primus Ceramics está alicerçada em pilares sólidos, tais como: qualidade, maximização da eficiência, inovação de processos, redução da pegada carbónica e sustentabilidade, servindo como fatores distintivos no mercado.
No que respeita à inovação de processos energéticos, o marco inicial foi a instalação da 1ª fase da central fotovoltaica em 2020, seguindo-se uma nova ampliação da central, finalizada em 2023. Esta expansão teve como objetivo acomodar as novas metas de sustentabilidade, gerando atualmente 2GWh de energia, que evita a emissão de 1.000 toneladas de CO₂ na atmosfera anualmente.
Este processo veio culminar com a parceria SACMI, com a recente intervenção no secador já existente (Modelo ECP de 5 pisos), para viabilizar o seu pleno funcionamento, utilizando a eletricidade gerada pela central fotovoltaica.
Para alcançar esse objetivo, a SACMI realizou alte rações nos 4 módulos do secador, equipando-os com re sistências adequadas, proporcionando uma potência total instalada de 800kW. Esta potência é suficiente para operar a máquina em plena capacidade, sem necessitar de utilizar combustível convencional.
O ponto forte do secador, após esta reconfiguração, é a sua capacidade de operar tanto em modo totalmente elétrico, quanto a gás GN, bem como em modo "híbrido"
(por exemplo, dois módulos elétricos combinados com dois módulos a gás GN), garantindo assim a continuidade da produção, mesmo em condições variáveis de disponibilidade energética da central fotovoltaica. Em resumo, uma máquina equipada para garantir a continuidade operacional em todas as circunstâncias.
Outra vantagem, graças ao know-how da SACMI, é a capacidade de realizar intervenções na máquina existente sem afetar o layout da unidade fabril.
Esta solução poderá ser facilmente replicada em larga escala e a SACMI, após o sucesso alcançado na PrimusCeramics, apresenta-a como uma oportunidade adicional no rumo da descarbonização da indústria cerâmica.
A sustentabilidade associada ao ciclo de vida dos produtos é um requisito fundamental para um posicionamento competitivo no mercado, pelo que a Primus Ceramics ambiciona em ser a empresa nacional líder na produção de revestimentos cerâmicos com a menor pegada de carbono por m² produzido.
NOVO CATÁLOGO RECER 2024
Pode agora conhecer todas as coleções da Recer no Catálogo Geral 2024. São mais de 60 coleções, 2500 referências, uma oferta de produtos diversificada com soluções para todos os estilos de consumo e diferentes abordagens de decoração ou necessidades técnicas.
O novo Catálogo Geral da Recer 2024 apresenta-se com um design totalmente renovado e dá especial enfoco ao produto e às suas características técnicas e estéticas.
A principal novidade é a divisão das coleções por visuais gráficos, dividindo a gama em Cores, Madeiras, Cimentos, Mármores, Pedras e Mix, onde se prioriza o detalhe do design e se apresentam visualmente todas as suas características: cor, formato e grafismo.
Apostando no requinte, na inovação e na fiabilidade, descobra no Catálogo 2024 da Recer (www.recer.pt/pt/
downloads/catalogos/), pavimentos e revestimentos cerâmicos desenvolvidos a pensar em si.
Exprima livremente o seu estilo, o seu gosto. Afirme a sua personalidade. Crie um espaço, um ambiente único. Seu.
Recer – expressyourself
REVIGRÉS
REVIGRÉS E ARCHISUMMIT ANUNCIAM OS PRIMEIROS 10 FINALISTAS DO ARCCHALLENGE
Três centenas de alunos participaram nas Masterclasses, em faculdades de todo o país.
O júri já elegeu os 10 melhores projetos da primeira fase da segunda edição do ArchiReviChallenge.
Aveiro, Cascais, Castelo Branco, Matosinhos e Vila Nova de Famalicão foram alguns dos pontos do país de onde chegaram os projetos que responderam ao desafio da Revigrés e do Archi Summit: criar um projeto sustentável inspirado no minimal space design, através da aplicação dos materiais cerâmicos da Revigrés.
De dezembro a abril, foram quase três centenas os alunos de Arquitetura, Design e Engenharia Civil que assistiram às Masterclasses sobre as características e contributo da cerâmica para a sustentabilidade da construção. E foram muitos os que submeteram projetos ao Challenge, aplican-
Notícias & Informações
do as lições aprendidas.
As propostas foram várias e variadas: desde estabelecimentos comerciais e espaços de restauração, a apartamentos e pequenas divisões, aos quais os futuros profissionais deram uma nova vida com combinações de cores, formatos e efeitos estéticos muito interessantes, soluções alternativas e, nalguns casos, disruptivas do uso tradicional da cerâmica.
Para Victor Ribeiro, CEO da Revigrés, “a crescente adesão ao ArchiRevi vem comprovar que Marcas como
a Revigrés podem e devem continuar a contribuir para a formação das novas gerações de profissionais do setor da construção, sensibilizando-os para a utilização de materiais mais sustentáveis.”
Os 10 finalistas vão estar em exposição no Archi Summit 2025 juntando-se aos que serão apurados na segunda fase do ArchiReviChallenge, a partir de setembro de 2024.
Mais informação sobre os projetos finalistas em: https://www.revigres.pt/p/archirevi
CERSAIE’2024 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Bolonha (Itália) De 23 a 27 de Setembro de 2024 cersaie.it
TECNA’2024 (Tecnologia Cerâmica)
Anual – Rimini (Itália) De 24 a 27 de Setembro de 2024 en.tecnaexpo.com
BATIMAT’2024 (Materiais de Construção)
Bienal – Paris (França)
De 30 de Setembro a 06 de Outubro de 2024 batimat.com
The New York Tabletop Show´2024 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Bianual – New York (EUA)
De 8 a 11 de Outubro de 2024 tabletopassociationinc.com
FHA HORECA ASIA 2024
(Cerâmica Utilitária )
Bienal – Singapura De 22 a 25 de Outubro de 2024 fhahoreca.com/
EQUIPHOTEL’2024
(Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Bienal – Paris (França) De 03 a 07 de Novembro de 2024 equiphotel.com
UNICERA ‘2024
(Materiais de Construção)
Anual – Istambul (Turquia)
De 04 a 08 de Novembro de 2024 unicera.com.tr
LONDON BUILD ‘2024 (Materiais de Construção)
Anual – Londres (UK) De 20 a 21 de Novembro de 2024 londonbuildexpo.com
CONCRETA’2024 (Construção)
Anual – Porto (Portugal) De 20 a 23 de Novembro de 2024 https://exponor.pt/recinto/
BIG 5 SHOW´2024 (Materiais de Construção)
Anual – Dubai (EAU) De 26 a 29 de Novembro de 2024 www.thebig5.ae/
ARCHITECT@WORK´2024 (Materiais de Construção)
Anual – Lisboa (Portugal) De 04 a 05 de Dezembro de 2024 architectatwork.pt
BAU’2025 (Materiais de Construção)
Anual – Munique (Alemanha)
De 13 a 18 de Janeiro de 2025 bau-muenchen.com/en/
IMM’2025 (Interiores)
Anual – Colónia (Alemanha)
De 12 a 16 de Janeiro de 2025 imm-cologne.com
MAISON & OBJET’2025 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Bianual – Paris (França) De 16 a 20 de Janeiro de 2025 maison-objet.com
THE INTERNATIONAL SURFACE EVENTE 2025 - (Ladrilhos cerâmicos)
Bianual – Las Vegas (EUA) De 27 a 30 de Janeiro de 2025 https://www.intlsurfaceevent.com/
AMBIENTE’2025 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Anual – Frankfurt (Alemanha) De 07 a 11 de Fevereiro de 2025 ambiente.messefrankfurt.com
SURFACE DESIGN SHOW’2025 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Londres (R.U.) De 4 a 6 de Fevereiro de 2025 surfacedesignshow.com/
CEVISAMA’2025 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Valência (Espanha) De 24 a 28 de Março de 2025 cevisama.feriavalencia.com
THE INSPIRED HOME SHOW’2025 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Anual – Chicago (EUA) De 2 a 4 de Março de 2025 theinspiredhomeshow.com
EXPOREVESTIR’2025 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – São Paulo (Brasil)
De 11 a 14 de Março de 2025 exporevestir.com.br/
ISH’2025 (Cerâmica Sanitária)
Bianual – Frankfurt (Alemanha)
De 17 a 21 de Fevereiro de 2025 ish.messefrankfurt.com/frankfurt/en.html
TEKTONICA’2025 (Construção)
Anual – Lisboa (Portugal) De 10 a 12 de Abril de 2025 tektonica.fil.pt/
SALONE DEL MOBILI’2025 (Design/Tendências)
Anual – Milão (Itália) De 18 a 13 de Abril de 2025 salonemilano.it
COVERINGS’2025 (Ladrilhos Cerâmicos)
Anual – Orlando (USA)
De 29 de Abril a 02 Maio de 2025 coverings.com/
THE HOTEL SHOW’2025 (Cerâmica Utilitária e Decorativa)
Anual – Dubai (EAU) De 27 a 29 de Maio de 2025 thehotelshow.com/
The National Restaurant Show.com’2025 (Cerâmica Utilitária )
Anual - Chicago (USA) De 17 a 20 de Maio de 2025 nationalrestaurantshow.com
CONSTRUMAT’2025 (Construção)
Anual – Barcelona (Espanha) De 20 a 22 de Maio de 2025 construmat.com