Revista Kéramica n.º 365 Julho / Agosto 2020

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KÉRAMICA revista da indústria cerâmica portuguesa

INDÚSTRIA 4.0

Publicação Bimestral €8.00

nº365

Edição Julho/Agosto . 2020

A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL




Index

Editorial . 03

Prototipagem . 21 Tradição e Tecnologia

Destaque . 04

Economia . 23

A Transformação Digital

As Exportações Portuguesas de Cerâmica no 1.º Semestre de 2020 e o Impacto da Pandemia “COVID-19”

Indústria 4.0 . 07

Inovação . 25

A Importância do e-commerce na Indústria 4.0

Projeto E-Tijolo - Produto Cerâmico Construtivo mais Sustentável e Económico Através da Integração de Beatas de Cigarro

Produtividade . 10

Te c n o l o g i a . 2 8

Impressão 3D - Perspectivas e Possíveis Ganhos em Versatilidade e Desempenho

Com o Prime da System Ceramics, a Manufatura Cerâmica 4.0 é uma Realidade

Marketing . 13

Digitalização . 31

Realidade Aumentada e Realidade Virtual: Potenciar o e-commerce Internacional de Porcelana e Azulejo

IDC e Axians Organizam a 5ª Edição do Portugal Digital Awards. O Maior Evento de Transformação Digital que se Realiza em Portugal”

Formação . 15

Notícias das Empresas . 33

15 Curso de Gestão e Tecnologias Avançadas em Recursos Minerais: Resposta aos novos desafios de uma Fileira Estratégica 19 Mestrado em Manufatura Aditiva (MMA)

Novidades das Empresas Cerâmicas Portuguesas

Seção Jurídica . 18

Outras Novidades . 38

“Propriedade Intelectual Plataforma Europeia ‘Ideas Powered For Business’

Certif Fatura Menos 20 por Cento

Calendário de eventos . 40 Propriedade e Edição APICER - Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria NIF: 503904023 Direção, Administração, Redação, Publicidade e Edição Rua Coronel Veiga Simão, Edifício C 3025-307 Coimbra [t] +351 239 497 600 [f] +351 239 497 601 [e-mail] info@apicer.pt [internet] www.apicer.pt Tiragem 500 exemplares Diretor Marco Mussini Editor e Coordenação Albertina Sequeira [e-mail] keramica@apicer.pt Conselho Editorial Albertina Sequeira, António Oliveira e Marco Mussini. Capa Nuno Ruano

Colaboradores Agostinho Silva, Albertina Sequeira, António M. Cunha, António Oliveira, Bo Nan, Filomena Girão, Francesca Cuoghi, Francisco J. Galindo-Rosales, Gabriel Coimbra, José M. F. Ferreira, Juan D. Henriques, Luís Bravo Martins, Marta Frias Borges, Muriel Iten, Pedro Carvalho, Pedro Faustino, Roberto Marques, Rui A. Dias, Sílvia Monteiro e Sílvia Teixeira Paginação Nuno Ruano Impressão Gráfica Almondina - Progresso e Vida; Empresa Tipográfica e Jornalística, Lda Rua da Gráfica Almondina, Zona Industrial de Torres Novas, Apartado 29 2350-909 Torres Novas [t] 249 830 130 [f] 249 830 139 [email] geral@grafica-almondina.com [internet] www.grafica-almondina.com Distribuição Gratuita aos associados e assinatura anual (6 números) ; Portugal €32,00 (IVA incluído) ; União Europeia €60,00 ; Resto da Europa €75,00 ; Fora da Europa €90,00 Versão On-line https://issuu.com/apicer-ceramicsportugal Notas Proibida a reprodução total ou parcial de textos sem citar a fonte. Os artigos assinados veiculam as posições dos seus autores. Esta edição vem acompanhada da revista Técnica n.º 4 Julho / Agosto 2020 (CTCV)

Índice de Anunciantes Bongioanne (Contra Capa) • CERTIF (Página 39) • INDUZIR (Verso Capa) • Magellan (Verso Contra Capa) • OHAI Nazaré (Página 1) Conteúdos conforme o novo acordo ortográfico, salvo se os autores/colaboradores não o autorizarem Publicação Bimestral nº 365 . Ano XLV . Julho . Agosto . 2020

Depósito legal nº 21079/88 . Publicação Periódica inscrita na ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação Social] com o nº 122304 ISSN 0871 - 780X Estatuto Editorial disponível em http://www.apicer.pt/apicer/keramica.php

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Editorial

Quando falamos de Indústria 4.0 ou de digitalização, pode parecer que estamos a falar de coisas muito complicadas e quase inacessíveis ao comum dos mortais, pelo que se calhar e às tantas, o melhor é não nos metermos muito nisso e deixar correr, aguardando que as coisas aconteçam. Como se costuma dizer, “o que for se verá” ou de outra forma muito popular, “quem vier atrás que feche a porta” … Não creio que seja razoável nem prudente adotar esta postura tão simples e tão displicente, até porque todos os que pertencem ao lote do comum dos mortais ou por outras palavras dos não especialistas, sempre se foram rendendo às novas tecnologias mesmo em relação àquelas a que durante muito tempo foram resistindo. Também e até por isso, não valeria a pena contrariar estas tendências se fosse esse o caso, até porque acabaremos mais tarde ou mais cedo por as incorporar nos nossos hábitos. Veja-se o caso da evolução nas telecomunicações que passaram sucessivamente pelas redes analógicas, e depois as redes digitais 2G, 3G, 4G, e agora a 5G de que todos ouvimos falar no presente, para responder às necessidades da indústria e à digitalização da economia, sempre na procura de mais dados, com tratamento mais sofisticado e com mais velocidade.

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Facto é que atravessamos todas estas mudanças praticamente sem dar por isso, e todos nos recordamos do que eram os primeiros telemóveis que só permitiam falar, enquanto hoje nos permitem não só trazer no bolso tudo aquilo que nos é necessário em termos de informação e de comunicação, mas também nos permitem a recolha e tratamento de dados, enviar fotografias, enfim brincar e navegar na internet. Por isto, bem podemos reclamar destes rótulos da indústria 4.0 ou da digitalização, bem podemos chamar-lhes modernices caras ou de mau gosto, porque o certo é que todos lá chegarão (disso não tenho dúvidas…), falta é saber quanto tempo demoramos a lá chegar, sendo certo que ganha o futuro quem mais depressa e melhor conseguir tirar partido destas tecnologias. De resto, o livro que hoje compramos pela internet, ou a inscrição que fazemos num evento ou ainda uma matrícula que fazemos numa escola, não são nem mais nem menos do que traços de digitalização do nosso dia-a-dia, aos quais nos vimos habituando mesmo que para isso tenhamos que estar sempre a aprender. Se transportarmos para as empresas as virtualidades da digitalização que identificamos no nosso quotidiano pessoal, e se a isso somarmos o avanço da Robótica e a Inteligência Artificial que já estão fortemente enraizados nos dias de hoje, mesmo sem que tenhamos essa perceção, teremos seguramente uma escala de oportunidades bem mais ampla que deveremos aproveitar. Estas oportunidades serão potenciadas pelos avanços da tecnologia, que permitirão maior diferenciação dos produtos e serviços, com mais eficiência e eficácia nos processos criativos, operacionais e administrativos. O Internet-of-Things, permite novos cenários de controlo e atuação; o Big Data revela o significado de grandes volumes de dados complexos; o Cloud Computing acelera o time-to-market e reduz os custos; e a Realidade Aumentada enriquecerá a realidade vivida com contornos que a imaginação ainda não alcançou. A tecnologia procurará adaptar-se às necessidades da economia, mas caberá à visão e responsabilidade de cada um, tirar o melhor partido daquilo que nos está a ser colocado à disposição de forma cada vez mais acessível. As considerações que aqui deixo e que são seguramente muito rudimentares, não têm outra intenção que não seja a de abrir a porta ao conteúdo desta KERAMICA, recheada de apontamentos e comentários de especialistas que dominam o tema central desta revista. Dr. José Luís Sequeira (Presidente da Direção da APICER)

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Destaque

A TRANSFORMAÇÃO DIGITAL

p o r An t ó n i o M . Cu n h a , Ins ti tuto de Polí me ros e Co m p ó s i t o s , Uni v e r s i d a d e do Mi n h o DTx – La b o ra t ó r i o Co la b o rati vo e m Tra ns fo r m a çã o D i g i t a l

Num turbilhão de mudanças A segunda década deste século será marcada por grandes alterações societais provocadas por dinâmicas demográficas e geopolíticos, pela emergência ambiental e por evoluções científico-tecnológicas disruptivas. Neste quadro de complexidade, a crescente importância e penetração das tecnologias digitais é acompanhada por avanços na genética e na biotecnologia, pelo desenvolvimento de materiais com propriedades inovadoras e inteligentes, bem como pelo advento da utilização de tecnologias quânticas em diversos domínios aplicacionais, incluindo sensores, comunicações e computação. Neste racional, a transformação digital deve ser considerada como parte de um processo transformacional mais alargado que alguns autores classificam como uma nova revolução científica [1].

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As profundas mudanças que resultarão na sociedade e na economia estão a acontecer a um ritmo muito acelerado, em alguns casos amplificado por crises conjunturais como a provocada pela atual pandemia, e a criar, simultaneamente, oportunidades e esperanças, bem como inquietudes e receios, que testam diariamente a capacidade de evolução e de adaptação de pessoas, empresas e instituições. Estas e outras importantes transformações em várias áreas do conhecimento estão a diluir fronteiras entre domínios científicos, criando cruzamentos variados, nomeadamente entre o físico e o cibernético, o real e o virtual, bem como entre o tecnológico e o humano. A centralidade das tecnologias digitais No centro deste complexo processo está uma transformação digital, marcada pela desmaterialização de operações e conectividade entre equipamentos, pessoas e coisas, bem como pela utilização, cada vez mais intensiva, da inteligência artificial, em resultado da crescente capacidade em gerar, transmitir e processar dados de modo fiável e seguro. De facto, a combinação entre a proliferação de dispositivos digitais, incluindo a banalização da utilização de sensores miniaturizados e de baixo consumo ou autoalimentados, conectados por diferentes tipologias de redes com crescente capacidade de transmissão de dados, incluindo soluções de proximidade como o RFID e o Nb-IoT, o 5G ou a crescente utilização de satélites, estão a consumar a internet das coisas (internet of things - IoT), ligando quase tudo e generalizando a monitorização de processos em todos os sectores, incluindo indústria, agricultura, logística, saúde, cidades e ambiente. O volume de informação gerado por estes dispositivos e redes cresce exponencialmente, criando grandes

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Destaque

pos de robôs. Os anos 20 deste século serão ainda marcados por novas interfaces entre humanos e computadores, com óculos ou lentes de contacto a substituírem progressivamente écrans, comandos por voz em vez de toques de dedos em teclas ou mostradores e imagens halográficas em alternativa a teclados. A transformação digital na indústria e noutros setores

volumes de informação (big data) que, se processados com algoritmos inteligentes adequados, permitirão novos processos de decisão por máquinas. Por isso, a ciência de dados e a inteligência artificial, cujos primeiros modelos remontam à década de cinquenta do século passado, têm agora a possibilidade de serem aplicadas de forma expedita em diferentes áreas sociais e da economia, através de algoritmos que mimetizam mecanismos da inteligência humana ou de seleção natural. Na dimensão processamento, a capacidade de computação evidencia avanços significativos, desde a soluções de fronteira (edge computing), normalmente associadas a sensores, até à computação de alto desempenho (high performance computing), onde a escala exa, 1021 flops (operações de ponto flutuante por segundo), será atingida em 2021. Portugal terá uma das cinco máquinas petaescala (1015 flops) da rede EuroHPC que será instalada no MACC (Minho Advanced Computing Center). Estas infraestruturas são essenciais para responder aos desafios da ciência de dados e da modelação de problemas muito complexos no ambiente, na exploração marinha ou espacial, na medicina, na engenharia ou em diversas aplicações de inteligência artificial. Cada vez mais os microprocessadores são desenvolvidos com objetivos de minimização de consumo energético, seja por questões ambientais, nos equipamentos de grande porte, ou de viabilização de soluções de autoalimentação, na computação de proximidade. No entanto, será muito provavelmente na alteração radical das interfaces entre humanos e máquinas que a transformação digital terá um maior impacto na alteração do quotidiano das sociedades. De facto, a mimetização ou reconstrução de contextos através de soluções de realidade virtual ou aumentada, onde tecnologias de visão artificial e processamento de voz estão a alterar paradigmas da interação entre pessoas e computadores, bem como com sistemas ciberfísicos, incluindo diferentes ti-

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A aplicação das tecnologias e as mudanças de paradigma associados à transformação digital tem expressões em diferentes setores, nomeadamente: a medicina digital, que possibilita a telemedicina ou o diagnóstico computorizado; a agricultura de precisão, que utiliza informação das necessidades ou estado de maturação individualizados de cada planta para uma consequente atuação específica; as cidades inteligentes, onde a qualidade ambiental, a mobilidade e a segurança de cidadãos é gerida de forma inteligente, integrada e participada; ou a fintech, onde a atividade bancária e outras operações financeiras são, cada vez mais, realizadas de forma remota, automática e segura. A indústria está a protagonizar a quarta revolução industrial, designada por Indústria 4.0 e caraterizada pela utilização de sistemas ciberfísicos e pela conectividade generalizada. Os elementos estruturantes deste processo são: i) a conectividade vertical e horizontal de equipamentos, produtos e pessoas, envolvendo clientes e fornecedores e exigindo soluções de cibersegurança muito robustas de que é exemplo a tecnologia blockchain; ii) a automatização flexível com recurso à robotização intensiva, por questões de produtividade ou de tipologia das tarefas, incluindo robôs colaborativos que podem aprender e trabalhar lado a lado com humanos; iii) a geração de informação analítica sobre processos, muito vezes acompanha a sua mimetização digital (digital twining) para validação e teste virtual; iv) a manufatura aditiva, através de técnicas de impressão 3D, capazes de garantirem grande precisão e trabalharem com diferentes materiais, metálicos, poliméricos ou cerâmicos; e v) da utilização de processos amigos do ambiente que minimizem os impactos da respetiva atividade, nas diferentes fases do ciclo de vida dos respetivos produtos. Esta evolução tecnológica, que tem especificidades setoriais e de dimensão empresarial, é um enorme desafio estratégico e organizacional. Muito mais que a introdução de novas tecnologias, é um quadro de mudança para novos modelos de negócio onde a componente

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Destaque

Estas tendências reforçam o processo de transformação digital, levando ao aprofundamento de soluções tecnológicas inteligentes e seguras, com capacidade adaptativa e evolutiva. Assim, prevê-se o reforço do desenvolvimento e a utilização das chamadas tecnologias DARQ (registo distribuído, p.ex. blockchain; inteligência artificial; realidade estendida, que inclui as variantes virtual, aumentada e mista; e a computação quântica), que continuarão a alterar a paisagem tecnológica da indústria e de outros setores económicos.

de serviços associados ganha centralidade. De facto, será cada vez mais a partir do conceito produtos-serviços, necessariamente conectados e com funcionalidades acrescidas, que as indústrias devem procurar o seu posicionamento estratégico nas cadeias de valor e ancorar as suas estratégias de I&D. Os desafios pós-Covid19 Em poucos meses de pandemia e consequentes restrições à mobilidade e contacto entre pessoas, foi possível constatar a disrupção das redes globais de fornecimento e experimentar uma utilização sem precedentes de plataformas eletrónicas nas interações entre pessoas, nos negócios, na logística, no ensino, na investigação e nas atividades sociais. As empresas e as organizações que tinham uma maior maturidade digital, foram capazes de enfrentar melhor a crise e de se readaptar mais facilmente a um contexto inesperado e altamente adverso. Uma “low touch economy” está a emergir da crise Covid19, colocando grande pressão sobre a tecnologia na procura do “contactless everything” [2]. Recentemente, o Fórum Económico Mundial identificou dez tendências tecnológicas pós-Covid19, nomeadamente: as compras online, os pagamentos digitais sem contacto, o trabalho remoto; a aprendizagem à distância; a telemedicina; o entretenimento online, a cadeia de fornecimento 4.0; a impressão 3D / fabrico aditivo; a robótica e os drones; e o 5G e demais tecnologias de informação e comunicação [3].

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Inquietações e opções A evolução tecnológica e a velocidade a que está a acontecer estão a confrontar as sociedades com paradigmas de mudança disruptivos que obrigarão a tomar opções face às oportunidades que abrem e às inquietudes que geram. A tecnologia questionará os atuais conceitos de trabalho e de emprego. A partilha da inteligência e da capacidade de decisão com máquinas, vai exigir a definição de limites para esses processos. A privacidade de pessoas e de organizações vão ter de ser garantidas em diferentes contextos culturais. A ligação entre o tecnológico e o humano implicará um enquadramento criterioso e dinâmico. Diferentes sociedades adotarão abordagens distintas na regulamentação e a adoção de tecnologias. Por isso, afigura-se de grande importância que as sociedades tenham capacidade de discutir abertamente estas problemáticas, com base numa intervenção proactiva e informada dos seus cidadãos, assumindo posições conscientes e fundamentadas face às oportunidades criadas pelo avanço do conhecimento e das suas consubstanciações tecnológicas. Referências 1 - Wotton, The Invention of Science, Harper Collins, 2015. 2 - https://www.boardofinnovation.com/low-touch-economy 3 - https://www.weforum.org/agenda/2020/04/ 10-technology-trends-coronavirus

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Indústria 4.0

A IMPORTÂNCIA DO E-COMMERCE NA INDÚSTRIA 4.0

por Ro b e r t o Mar q u e s, G e s t o r d e cli e nt e e me m b ro d a e q u ipa Ex p o r t a r O nli ne d a A IC E P

Nos dias de hoje, o digital e a digitalização são provavelmente dos chavões mais utilizados pela nossa sociedade. Se no início de 2020 este conceito parecia – para alguns de nós – qualquer coisa distante do nosso dia-a-dia, na atualidade tem sido precisamente o digital um dos maiores catalisadores na resposta à crise provocada pela pandemia Covid-19, pela forma como enquanto sociedade encontrámos novos modelos de interação, socialização e de fazer negócio. O estudo hootsuite (julho 2020) aponta para taxas globais de crescimento do e-commerce de 18%, sendo que o efeito de ajustamento provocado pelo Covid-19, representará um aumento de 2,6% na previsão de receitas mundial para 2020. O crescimento global do e-commerce, nos últimos anos, resulta do maior número de utilizadores que compram online, se fidelizaram a este novo processo e canal de vendas e o expandiram a outras áreas das suas vidas em que anteriormente não compravam. Os números são expressivos, segundo os dados do Statista, em 2017, globalmente, os utilizadores de e-commerce eram cerca de 2.4 mil milhões, em 2020, 3.7 mil milhões e estimam-se

que em 2024 sejam cerca de 4.7 mil milhões, representando este canal receitas globais de 1.22 biliões €, 2.14 biliões € e 2.7 biliões €, respetivamente. Efetivamente, a palavra de ordem é a aceleração, estando o crescimento do digital e do e-commerce profundamente relacionado com o “mindset para o online” dos utilizadores, hábitos de consumo, dimensão do mercado e maturidade digital da área geográfica, país ou indústria. Esta aceleração é também impactada pelas infraestruturas tecnológicas, taxa de penetração do uso de internet e, naturalmente, de e-commerce. Atualmente, nesta matéria, Portugal regista taxas de penetração de e-commerce interessantes (50,1%), acima do crescimento mundial (46,6%) mas ainda abaixo da média da UE (56,7%). Os números mostram-nos que os mercados digitalmente maduros, como sejam China, EUA, Reino Unido ou Alemanha, mostram-nos que o consumo através do online é um ponto sem retorno, abrangendo diversas faixas etárias, num processo de compra simbiótico entre o online e o offline, que se quer o mais simples e confiável possível. O Covid-19, como grande acelerador tecnológico Resultado da paralisação generalizada daquilo que eram as normais e comuns cadeias de valor mundiais, muitas empresas viram-se forçadas a acelerar investimentos na sua transformação digital, assim como na reinvenção ou adoção de novos modelos de negócio. Este movimento tecnológico forçado, ou não, torna-se ainda mais importante para as PME no sentido da sua modernização, porque as obrigou a desenvolver novas competências e criar “músculo e mindset digital”. Isto sem descurar o investimento essencial nas pessoas que interpretam estas novas dinâmicas inovadoras. Naturalmente, há setores que seguem níveis de digitalização próprios e distintos. Porém, a evolução do

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Indústria 4.0

modelo de negócio, torna-se importante para que o comércio eletrónico e o comércio tradicional se complementem, naquela que se pretende que seja a melhor e mais completa experiência de compra a oferecer aos utilizadores destes canais - é esta omnicanalidade um dos fatores diferenciadores na jornada de compra dos utilizadores online. Na definição de uma estratégia digital, importa também ter em conta a relevância das novas tendências e prospetivas para o mundo empresarial e digital. Perceber quais poderão ser as novas dinâmicas económicas e cadeias de valor mundiais, regionais e nacionais, mas também quais os novos comportamentos e hábitos de consumo alavancados pela tecnologia (por exemplo, o e-commerce imersivo - uso das tecnologias de realidade virtual ou realidade aumentada), ou simplesmente entender a nova consciência económica e social praticada por empresas e tão reclamada pelos novos consumidores, principalmente as gerações mais jovens, que são exigentes naquilo que está associado ou representa determinado produto ou serviço, valorizando empresas e marcas que assentem a sua estratégia em temas como, entre outros, a sustentabilidade e impacto ambiental, responsabilidade social, economia circular, transparência e respeito pelos colaboradores. Investir numa estratégia digital, independentemente se no B2B ou B2C, levanta questões em áreas da empresa que necessitam obrigatoriamente de ser pensadas e investidas. O importante é reter que os negócios competem, acima de tudo, pelas experiências de consumo que proporcionam. Hoje, o consumidor é mais evoluído pois a facilidade de acesso à informação permite-lhe comparar e acelerar a sua escolha, assim como o processo de fidelização ou de crítica ao produto/serviço adquirido este facto é particularmente relevante pois enquanto humanos e consumidores tendemos a valorizar mais o que nos dizem os nossos pares do que as marcas ou empresas. Numa estratégia online, o primeiro ponto essencial é saber a quem dirigimos os nossos produtos/serviços, quem é o nosso mercado, público-alvo e qual a tecnologia que utilizamos. Assim, é capital apostar num website responsivo, de fácil navegação, que garanta segurança e privacidade aos seus utilizadores, por forma a comunicar eficientemente a proposta de valor da empresa. Igualmente imperiosa é a aposta em marketing digital que permita potenciar a atenção e notoriedade da empresa para posterior conversões em vendas, fazendo-se o necessário investimento em campanhas digitais, com KPI’s definidos,

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que gerem tráfego orgânico e/ou pago. Nesta estratégia é fundamental a produção de conteúdo original, relevante e transparente, que permita o maior envolvimento entre o público-alvo e a empresa/marca, gere tráfego, notoriedade e converta leads em vendas e vendas em clientes fidelizados. Na venda online, a experiência de compra é tudo, tornando-se num fator eliminatório de compras futuras e num dos motivos para abandonar o carrinho. No e-commerce, a compra não termina no pagamento, mas sim na entrega do produto/serviço ao cliente e – em alguns casos – na possibilidade de devolução das compras à distância. Neste sentido, o processo logístico ágil e eficaz associado à venda online e os meios de pagamentos disponibilizados para a transação comercial são pontos fulcrais para aumentar conversões, vendas e fidelizações. Desta forma, questões como o free delivery, rapidez, previsão e opções de entrega, confiança, confidencialidade e facilidade no uso dos meios de pagamento são pontos determinantes para o sucesso da estratégia digital. Seja no B2B ou no B2C, os dados revelam-nos que o consumidor muitas vezes pesquisa online e compra offline. Isto prova que a possibilidade de venda não está num único, mas em diferentes canais ou pontos de contacto, no pré e pós-venda, tornando o relacionamento entre empresa e consumidor num processo de compra simples, intuitivo e pessoal. Esta proximidade, permite conhecer os clientes, ajustar a resposta à necessidade percebida e o mais relevante é que possibilita ter acesso aos dados de informação sobre o negócio e o comportamento dos clientes, tornando possível alinhar estratégias e tomar decisões que permitam à empresa ganhar competitividade. Então, e qual a melhor estratégia de internacionalização online? Nunca haverá uma fórmula única para todas as empresas. Ainda assim, o processo de internacionalização online permitirá à empresa o desenvolvimento a todos os níveis, nomeadamente o acesso a novos mercados, mais competitivos, contactar com outros modelos de negócio e modernizar infraestruturas tecnológicas e digitais, que lhe irão aflorar o capital interno e a capacidade de resposta a novos estímulos, o que no final do processo aporta competitividade e conhecimento. O melhor plano de internacionalização online, estará sempre dependente dos objetivos estratégicos da empresa e da aposta numa equipa especializada na temá-

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Indústria 4.0

tica do digital e em vendas via e-commerce, que consiga acompanhar o processo do início ao fim e monitorizar os resultados das vendas online. A partir desta premissa, a decisão de internacionalizar via e-commerce direto (loja online) ou via marketplace, poderá ter como resposta mais acertada: investir em ambos, dependerá da capacidade da empresa em alocar recursos para extrair vantagens estratégicas da presença nestes dois canais, uma vez que a presença em marketplaces representa risco moderado mas traz reputação, credibilidade, além de tráfego e vendas. Por seu lado, o e-commerce direto confere a possibilidade de maior controlo do canal, escalabilidade e conhecimento dos mercados, sendo esta uma opção mais vantajosa para a internacionalização através de marca própria. Sendo a informação e capacitação aspetos relevantes para a obtenção de bons resultados no e-commerce, a AICEP, através do seu programa Exportar Online, trouxe este tema para a agenda nacional, e tendo vindo a desenvolver um trabalho que permita responder às necessidades das PME, com o intuito de aumentar as e-exportações nacionais. Este programa está disponível e acessível a todas as empresas no website Portugal Exporta, é um instrumento de apoio direto às empresas portuguesas que querem apostar na sua internacionalização digital. Assim, para além da possibilidade de realizar um diagnóstico de

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e-commerce que permite avaliar o grau de preparação da empresa para o e-commerce, este programa inclui ainda produtos e serviços de informação, capacitação, consultoria, seleção de marketplaces, e incentivos específicos. Saiba mais em Portugal Exporta https://www.portugalexporta.pt/tudo-sobre-exportar-ecommerce, nos critérios fundamentais à e-internacionalização https://www. portugalexporta.pt/ecommerce/como-exportar-via-ecommerce ou junto do seu gestor de cliente.

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Produtividade

I M P R E S S ÃO 3 D - P E R S P E C T I VA S E POSSÍVEIS GANHOS EM V E R S AT I L I DA D E E D E S E M P E N H O

p o r Jo sé M .F. Fe r r e i r a , i CICECO; Fr a n c is c o J. G a l i n d o -Ro sa l e s, ii CEFT; B o Na n , iii School of Materials Science and Engineering

Como um dos pilares promissores na Indústria 4.0, a impressão 3D ou manufactura aditiva (MA), um caminho inverso em relação à manufatura subtrativa já bem desenvolvida, evoluiu gradualmente ao longo dos últimos 30 anos, do nível laboratorial para as aplicações industriais. A versatilidade da impressão 3D e a possibilidade de produzir formas geométricas de complexidade ilimitada sem precisar de moldes, são algumas das suas grandes vantagens em relação à manufatura subtrativa convencional. Esta característica única da MA – “modelagem sem molde” – resulta de uma abordagem multidisciplinar que combina engenharia mecânica, automação, engenharia de software, ciência de materiais, etc., traz novas oportunidades e desafios para a fabricação futura. Impressão 3D no quadro da Indústria 4.0 Indústria 4.0 é uma expressão cada vez mais citada nos meios de comunicação. O seu objetivo é atingir um nível de automação superior ao da terceira revolução industrial, unindo os mundos físico e digital por meio de sistemas ciberfísicos e produtos personalizados/customizados, etc. [1]. A MA já possui todos esses recursos. Alguns leitores poderão duvidar da capacidade em alcançar os objectivos da MA, dadas as críticas de baixo rendimento e de resolução de que tem sido alvo. No entanto, investigações recentes mostraram que a dependência entre velocidade de fabrico e a resolução ao nível submicrométrico, poderá ser ultrapassada usando laser em pulsos de 10-15 s (fs) [2], alterando o modo de escrita ponto-a-ponto para uma projeção camada-por-camada, com aumentos drásticos da velocidade de impressão e uma resolução submicrométrica. Embora se trate de estudos ainda a um nível experimental, a tendência é irreversível, e muitos esforços futuros serão feitos para melhorar a resolução e acelerar o fabrico de peças de vários tamanhos através de diferentes i ii

tecnologias de MA. As técnicas de MA atuais já gozam da conexão físico-digital via CAD (Computer-Aided Design) que permite fabricar peças de alta precisão em máquinas de controle numérico computadorizado (CNC). A MA não está apenas confinada ao controle do computador, incluindo também manufatura inteligente, otimização em tempo real, aprendizado de máquina, big data, etc. Por exemplo, o sistema de impressão 3D de polímeros mais comum e comercializado (FDM-Fused Deposition Modelling) já inclui a função de continuar a impressão in situ em caso de esgotamento do filamento polimérico ou falha acidental de energia, ao invés de imprimir tudo desde o início [3]. Mas há ainda um enorme potencial de evolução, nomeadamente buscando uma melhor relação entre o formato da cabeça de impressão e a reologia intrínseca do polímero escolhido. Este dueto limita a velocidade e a qualidade do processo de impressão. A optimização numérica do processo de escoamento, considerando a forma do bico para maximizar a velocidade de impressão, poderá ajudar a superar essa barreira [4]. A próxima geração de máquinas mais inteligentes deverá realizar a otimização em tempo real, combinando aprendizado de máquina e big data. Por exemplo, um poro existente no fio de impressão pode ser previsto, selecionado e excluído da impressão para evitar defeitos estruturais. Na atualidade, a geometria 3D é montada a partir de peças 2D, onde os padrões de impressão são determinados pelo projetista. A próxima geração de software deverá ser capaz de optimizar os caminhos de impressão automaticamente, diminuir interrupções do filamento, e evitar movimentos de longa distância. Além disso, os dados de impressão (caminhos, parâmetros, defeitos, etc.) serão totalmente registados e analisados, ajudando a própria máquina a aprender com os processos de impressão anteriores, evitando a repetição dos mesmos erros. Por exemplo, um

Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica, Universidade de Aveiro, CICECO – Aveiro Materials Institute, 3810-193 Aveiro, Portugal CEFT, Departamento de Engenharia Química, Faculdade de Engenharia, da Universidade do Porto, 4200-465 Porto, Portugal School of Materials Science and Engineering, State Key Laboratory of Material Processing and Die & Mould Technology, Huazhong University of Science and Technology, 430074 Wuhan, P. R. China

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Produtividade

Figura 1 - Exemplos de amostras impressas por Robocasting: (a) deposição horizontal de diferentes formas e estruturas; (b) deposição vertical de arranjos de pilares

zoelétricas [15]. Todos estes trabalhos [9-15] envolveram a deposição horizontal de estruturas macroporosas tipo pilha de madeira, ou de barras densas para testes mecânicos, não reflectindo completamente as potencialidades do Robocasting, nem algumas das suas limitações. Estas últimas requerem uma abordagem ainda mais multidisciplinar do que o FDM (Tabela 1). Uma pasta de boa qualidade permite um desempenho semelhante ao do FDM como se mostra na Fig. 1. Não há um consenso completo acerca da real dimensionalidade da chamada impressão 3D, já que o grau de liberdade não é totalmente alcançado ao mesmo tempo em todos os eixos, devido ao efeito da gravidade, e ao

Impressão 3D de Cerâmicos Atrás de metais e polímeros, a impressão 3D de cerâmicas e vidros é um campo em rápida expansão [5-6]. A engenharia e os princípios físicos das tecnologias de MA disponíveis e as suas aplicações mais relevantes são explicados detalhadamente num livro recente [7]. O livro inclui uma revisão de aplicações em várias indústrias (Energia, Aeroespacial, Eletrónica, Biomédica) e de variadas técnicas de impressão de diferentes tipos de materiais. Robocasting é uma técnica de MA baseada na microextrusão de uma pasta viscoelástica, depositada de acordo com um caminho pré-projetado, geralmente no plano X-Y com incrementos adequados na direção Z, tendo sido originalmente usada para processar cerâmicos. Mas a sua aplicação tem vindo a alargar-se a outros materiais [8-9]. O grupo de investigação liderado por JMF Ferreira desenvolveu alguns trabalhos pioneiros relevantes usando esta técnica, incluindo a fabricação de scaffolds de vidros bioactivos [10-13]; biocompósitos [14]; cerâmicos pie-

FDM

Robocasting

Matéria-prima

Filamento polimérico

Pasta viscoelástica

Ø bico de extrusão mais frequentemente usado

410 μm

≤ 410 μm

Fluidez

Boa

Fraca (pastas de baixa qualidade)

Ambiente de impressão

Pouco exigente

Estritamente controlado

Tipos de problemas

Viscosidade, Tg, homogeneidade do filamento

Dependência de: superfícies/interfaces, graus de dispersão/homogeneidade e reologia da pasta

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Tabela 1 - Análise comparativa das características do FDM e do Robocasting

famoso produtor de impressoras 3D, Prusa3D, introduziu desde o início o conceito de “printing farm”, semelhante ao de uma estufa de tomates, uma sala com centenas de impressoras trabalhando simultaneamente. O computador controla cada impressora e dá feedback para avaliar se as máquinas estão funcionando corretamente. Em caso de mau funcionamento, um técnico irá verificar e consertar ou fazer a manutenção da máquina para garantir o rendimento da “printing farm”, tal como as funções de arar/regar/fertilizar numa fazenda real. A realização eficaz deste tipo de funções ainda requere refinamentos de hardware e software do sistema de impressão. A versatilidade da impressão 3D, e a sua superior capacidade de fabricar formas complexas em comparação com as técnicas convencionais conferem-lhe vantagens particulares na fabricação de um pequeno lote de peças a custos mais baixos.


Produtividade

movimento prevalecente no plano XY. Raramente a deposição é feita com movimentos simultâneos ao longo dos 3 eixos. Um trabalho exploratório recente publicado na prestigiada revista Materials Today [20] demonstrou a possibilidade de imprimir arranjos de pilares através de movimentos verticais. Este trabalho poderá contribuir para alterar esta situação e caminhar no sentido da real impressão 3D.

Referências [1] https://www.i-scoop.eu/industry-4-0/ [2] Saha SK; Wang D; Nguyen VH; Chang Y; Oakdale JS; Chen S-C. Science, 366(6461) 105-109 (2019). [3] Mendes R; Fanzio P; 2, Campo-Deaño L; Galindo-Rosales FJ. Materials 12(17), 2839 (2019). [4] Galindo-Rosales FJ; Oliveira MSN; Alves MA. RSC Adv 4 7799-7804 (2014) [5] Ligon SC; Liska R; Stampfl J; Gurr M; Mülhaupt R. Chem Rev 117 10212–10290 (2017). [6] Chen Z; Li Z; Li J; et al. J Eur Ceram Soc 39(4) 661–687 (2019). [7] Additive Manufacturing: Materials, Processes, Quantifications and Applications. Ed. Jing Zhang

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and Yeon-Gil Jung. Butterworth-Heinemann is an imprint of Elsevier, The Boulevard, Langford Lane, Kidlington, Oxford OX5 1GB, United Kingdom. [8] Sidambe AT. Materials 7 8168-8188 (2014). [9] Nan B; Gołębiewski P; Buczyński R; Galindo-Rosales FJ; Ferreira JMF. Materials 13(7) 1636 (2020). [10] Eqtesadi S; Motealleh A; Miranda P; Lemos A; Rebelo A; Ferreira JMF. Mat Lett, 93 68-71 (2013). [11] Olhero SM; Fernandes HR; Marques CF; Silva BCG; Ferreira JMF. J Mat Sci 52(20) 12079-12088 (2017). [12] Ben-Arfa, BAE; Neto AS; Salvado, IMM; Pullar RC; Ferreira JMF. Acta Biomat 87 265-272 (2019). [13] Ben-Arfa, BAE; Neto AS; Salvado, IMM; Pullar RC; Ferreira JMF. J Am Ceram Soc 102 1608-1618 (2019). [14] Fiedler T; Videira AC; Bártolo P; Strauch M; Murch GE; Ferreira JMF. Mat Sci & Eng C 57 288-293 (2015). [15] Nan B; Olhero S; Pinho R; Vilarinho PM; Button TW; Ferreira JMF. J Am Ceram Soc 102 3191-3203 (2019). [16] Nan B; Galindo-Rosales FJ; Ferreira JMF. Materials Today 35 16-24 (2020).

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Marketing

POTENCIAR O E-COMMERCE INTERNACIONAL DE PORCELANA E AZULEJO

por L u í s Bravo Ma r t i n s, Head of Marketing IT People Group

O COVID19, mais do que transformar o mundo, transformou-nos a nós enquanto profissionais e enquanto consumidores. Subitamente, fomos lançados para a maior experiência de trabalho e comércio remotos e começámos a confiar como nunca na tecnologia para continuarmos ligados à Economia. Em seis meses, passámos a utilizar mais ecrãs e muitos mais serviços online. Os ecrãs inclusivamente substituíram as salas de reunião, as lojas, as ruas – a internet passou a ser o nosso principal meio de trabalhar, vender e comprar. Hoje, confiamos muito mais nos telemóveis, tablets, computadores e smart TVs para teletransportarem tudo o que precisamos para onde estamos – independentemente do local onde estamos ou do nosso estado de confinamento. Devido a isto, assistimos a um crescimento do comércio eletrónico. Mesmo após a abertura gradual das lojas físicas, os consumidores continuam a comprar mais online. As razões dividem-se pela conveniência de receber os produtos em casa, quer pela amplitude e diversidade dos catálogos online. Contudo, se produtos como livros, alimentos, de limpeza e do lar ou mesmo moda e calçado vêm continuar esta tendência de aumento, a indústria da cerâmica não verifica o mesmo crescimento. Desde a cerâmica decorativa até a revestimentos e pavimentos, o comércio eletrónico destes produtos está a ter um arranque mais lento. Como acelerar a venda remota destes produtos?

Começando por esclarecer os conceitos: realidade virtual substitui a realidade física por um ambiente puramente digital, através da utilização de óculos de realidade virtual (muito embora também seja possível visitar estes ambientes através de smartphones ou tablets). Já realidade aumentada sobrepõe os elementos digitais à realidade física, onde podemos assim ver imagens, vídeos ou modelos 3D posicionados e visíveis na divisão de uma casa ou num showroom. A utilização destas tecnologias permitem acelerar o comércio eletrónico destes produtos, ao permitir a pré-visualização de cada produto ou peça no espaço onde esta será aplicada e ao sugerir ambientes de aplicação, trazendo o showroom a casa de cada potencial cliente. Mas vamos abordar cada exemplo separadamente. Experimentação no ponto de compra Uma das aplicações de realidade aumentada mais comuns no comércio eletrónico passa pela pré-visualização / ensaio no espaço do produto. Por exemplo, ao pré-visualizarmos pavimentos no espaço através de iPads,

Realidade Aumentada e Realidade Virtual Vários players internacionais deste mercado já estão a apostar em Realidade Virtual e Realidade Aumentada para acelerar a venda eletrónica de cerâmica e de seguida vamos abordar várias formas de tirar partido destas tecnologias.

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Marketing

temos a oportunidade de simular visualmente todas as possibilidades que encontramos num catálogo aplicadas diretamente ao soalho que pretendemos pavimentar. Esta pré-visualização tem essencialmente duas grandes vantagens: • Torna o processo de escolha mais acertado, no sentido em que permite simular mais eficazmente a aplicação do produto no espaço físico respetivo – e depois realizar a compra através do sistema de comércio eletrónico; • Ao permitir uma pré-visualização no local, garante uma expetativa mais acertada quer em relação a tamanhos como em relação ao efeito estético – diminuindo assim o potencial de devoluções. Um bom exemplo para pré-visualização de pavimentos em realidade aumentada está em https://www. youtube.com/watch?v=HeBCcuYw4Fo Outro para visualização de uma estatueta em realidade aumentada https://www.youtube.com/watch?v=BP0qaYwwpjI Showrooms virtuais Outra das realidades que o COVID19 nos trouxe foi o fecho de showrooms e da oportunidade de apresentar ambientes associados a cada produto. A realidade aumentada e virtual também podem ajudar neste sentido, ao trazer experiências que podem reproduzir os benefícios do showroom para o espaço do consumidor. Por exemplo, no link abaixo: https://www.youtube.com/watch?v=9IMpdXDNe44

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Uma empresa apresenta uma visita virtual em 360º ao seu showroom. Esta visita é acessível quer através de óculos de realidade virtual, quer através de PC e dessas duas formas permite que todos os consumidores consigam ter uma experiência imersiva de exploração de ambientes construídos à medida, sempre com a presença virtual de um vendedor. Já em https://www.youtube.com/watch?v=hKhlnlpNWmU é possível às marcas promotoras de porcelanas de Delft reproduzirem padrões de determinadas loiças noutras que estejam em branco – ampliando assim o potencial de personalização das porcelanas em self-service por parte dos clientes ou mesmo da capacidade expositiva de cada comercial duma marca – com recurso exclusivamente ao uso do telemóvel. Todos estes são exemplos que permitem aos negócios da cerâmica tirarem partido desta nova confiança no digital e nos ecrãs, que acontece tanto nacional como internacionalmente. Também nesse sentido, a oportunidade de posicionarmos as nossas marcas nacionais em mercados internacionais, onde tradicionalmente a comunicação e a penetração são mais difíceis, é agora uma oportunidade a não desperdiçar. É nesse sentido que a Realidade Virtual e Aumentada podem transformar não apenas o comércio eletrónico de azulejaria, porcelana e cerâmica em geral, como podem transformar toda a nossa capacidade de comunicar elementos centrais da nossa cultura a várias comunidades internacionais, de uma forma sustentável.

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Formação

CURSO DE GESTÃO E TECNOLOG IA S AVA NÇ A DA S E M RECURSOS MINERAIS: RESPOSTA AOS NOVOS DESAFIOS DE UMA FILEIRA ESTRATÉGICA

por Ag os t i nh o Si l v a e Sí l v i a Mo n t e i r o , Docentes e Investigadores da ESTG – Politécnico de Leiria

Estima-se que as reservas de Recursos Minerais (RM) localizadas em território português identificadas e exploráveis sem problemas técnicos, ascendam a mais de 200.000m€, tendo esta fileira contribuído com mais de 1000m€1 para as exportações nacionais em 2019. Os RM são, por isso mesmo, um referencial estratégico na economia portuguesa onde, a par com a Finlândia, se localizam as maiores reservas de lítio da Europa, até agora utilizadas apenas como aditivos para pastas cerâmicas2. Integrada nos RM e constituído principalmente por pequenas e médias empresas (PME), o setor das Rochas Ornamentais (RO) representa mais de 16.600 postos de trabalho diretos, consistindo um dos principais geradores de emprego privado nas regiões do interior. Segundo dados disponibilizados pela Assimagra em 2019, o setor das RO: (i) exportou para 116 países; (ii) ocupou a 9ª posição no World International Stone Trade; (iii); foi o 2º país no mundo no comércio internacional per capita; (iv) as exportações cobriram as importações em 660%; (v) 45% das exportações foram para países fora da Europa e (vi) gerou um volume de negócios total de 1.230 milhões de Euros e exportou 424m€. Vários estudos3 apontam para que a evolução nas RO Portuguesas entre 2004 e 2019 tem sido marcada por etapas de desenvolvimentos tecnológicos disruptivos, resultantes de Projetos de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (I&DT), em consórcio. A incorporação das tecnologias decorrentes dos Projetos JetStone, Inovstone, Flexstone e Inovstone4.0, entre outros, têm vindo a permitir às empresas colocar nos mercados produtos perso-

nalizados, a partir de matérias-primas que até então eram consideradas de baixo valor ou mesmo desperdício4. Progressivamente, e a ritmos diferentes desde 2004, muitas empresas de RO Portuguesas têm vindo a mudar de paradigma, por via da implementação da Cartilha Leanstone5 conceito que representa a adoção de técnicas e tecnologias resultantes dos Projetos acima referidos. Como resultado desta migração progressiva para o digital no Setor, o Volume de Negócios (VN) das empresas de RO, em Portugal, que optaram pela Cartilha Leanstone, têm crescido à taxa média anual de 4,82%, enquanto as restantes apresentaram uma taxa negativa de -0,23%, entre 2010 e 2018. Estes resultados estão em linha com as Exportações assinaladas no mesmo período, no qual as empresas Leanstone exibiram um crescimento médio anual de 5,15%, em contraponto com as restantes, que registaram uma queda de -1,20%. Num estudo recente envolvendo a Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Leiria6, foram projetados diferentes cenários para a evolução futura do VN e Exportações do setor das RO Portuguesas. Num cenário moderado (ou médio), o investimento de 1€ poderá gerar em termos médios, durante os primeiros 5 anos após o investimento, um retorno de 5,26 €, em VN e 7,29 € em Exportações. Mesmo num cenário pessimista, o mesmo estudo revela que o impacto direto nas Exportações poderá gerar um retorno de 4,84€, nos primeiros 5 anos, por cada euro investido, ou seja, em termos médios e em cada ano, as exportações acrescem 1€, por cada Euro investido. Analisando as projeções para um cenário otimista, os resultados

Assimagra-recursos Minerais de Portugal Carvalho, Jorge M. F. - Recursos minerais: o potencial de Portugal [diapositivos]. In: Conferência Iniciativa Matérias-Primas: Rumo ao Fornecimento Seguro e à Gestão Sustentável dos Recursos Minerais Europeus, Alfragide, 23 de fevereiro de 2010. http://hdl.handle.net/10400.9/1036 3 Vilas-Boas, J., Mirnoori, V., Razy, A., & Silva, A. (2019). Outlining a New Collaborative Business Model as a Result of the Green Building Information Modelling Impact in the AEC Supply Chain. In Collaborative Networks and Digital Transformation (pp. 405–417). https://doi.org/10.1007/978-3-030-28464-0_35 4 Silva, A., & Almeida, I. (2020). Towards INDUSTRY 4.0 | a case STUDY in ornamental stone sector. Resources Policy, 67(March), 101672. https://doi.org/10.1016/j.resourpol.2020.101672 5 Silva, A., Dionísio, A., & Coelho, L. (2020). Flexible-lean processes optimization: A case study in stone sector. Results in Engineering, 6(March), 100129. https://doi.org/10.1016/j.rineng.2020.100129 6 Silva, A., Capela, C., Dionisio, A., & Rabadão, C. (2020). Stone.pt|20-25 - Impacto das Tecnologias Digitais na Produtividade e Exportações do Setor das Rochas Ornamentais Portuguesas. In Cluster Portugal Mineral Resources. 1

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Formação

concluem que cada Euro investido poderá gerar um retorno de 11,9€, em VN, e 12,4€ em exportações, nos primeiros 5 anos após o investimento, ou seja, anualmente e em termos médios, as exportações poderão crescer 2,5€, por cada Euro investido. Destes resultados, os autores concluem que é compensador para as empresas e para o país o investimento na digitalização das empresas de RO Portuguesas. Porém, o mero investimento em tecnologias digitais não basta, pois a migração para o digital exige uma abordagem multidimensional na relação entre tecnologias digitais e gestão empresarial, para que destas resulte o aumento da Eficiência/Produtividade. Digitalizar as operações, significa integrar a informação em tempo real de todos os recursos da empresa, comprometendo os gestores a estarem disponíveis para adotar políticas organizacionais que promovam a formação dos recursos humanos existentes e a abrir as portas a novos colaboradores com níveis de qualificação adequados. A mudança de cultura organizacional é também um fator fundamental neste processo, assim como a motivação para a mudança e para o conhecimento, que em conjunto, constituirão a base do crescimento das empresas que apostem no caminho da digitalização. Incentivar a digitalização das empresas de Recursos Minerais Portuguesas, tendo por base os resultados deste estudo, trará um retorno de curto/médio prazo, desde que acompanhado pela contratação de recursos humanos qualificados e pela requalificação dos perfis existentes. Foi neste contexto que a ESTG-Leiria lançou o Curso de Gestão e Tecnologias Avançadas em Recursos Mine-

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rais (GeTARM)7. Um Curso Técnico Superior Profissional moderno e único na Europa, orientado para as Tecnologias Colaborativas (Industria4.0) aplicadas aos Recursos Minerais, abrangendo não apenas os Recursos Minerais não metálicos, mas também os metálicos (lítio, cobre, chumbo e zinco; estanho e volfrâmio; ouro; ferro) e ainda os Recursos Minerais energéticos (petróleo e gás natural, carvão, urânio). A cadeia de abastecimento da fileira compreende as atividades upstream – mineração e extração, e as atividades downstream – transformação, processamento, produção de bens finais e ainda a sua reciclagem. O Curso pretende dar resposta a necessidades específicas e transversais dessas atividades, nomeadamente a transição das qualificações dos profissionais das indústrias de extração e transformação, tendo em vista a eficiência, a inovação tecnológica, transição digital e transição energética e produção sustentável. O GeTARM permitirá aos estudantes adquirir competências ao nível da operação de equipamentos especiais, planeamento e execução de fabrico, aperfeiçoamento e desenvolvimento tecnológico da empresa, contacto com clientes e fornecedores, gestão de operações, higiene e segurança, elaboração de “dossiers” técnicos, modelos, desenhos e especificações de melhoria contínua de processos, e contribuir para a otimização do processo produtivo entre outras competências. Neste sentido, este Curso contemplará aulas teórico-práticas e práticas. O Politécnico de Leiria, através da sua Escola Superior de Tecnologia e Gestão, localizada em Leiria, tem para este efeito garantidas as condições adequadas para que estas componentes sejam asseguradas com

Politécnico de Leiria; https://www.ipleiria.pt/cursos/course/tesp-de-gestao-e-tecnologias-avancadas-em-recursos-minerais/2 Carvalho, Jorge M. F. - Recursos minerais: o potencial de Portugal [diapositivos]. In: Conferência Iniciativa Matérias-Primas: Rumo ao Fornecimento Seguro e à Gestão Sustentável dos Recursos Minerais Europeus, Alfragide, 23 de fevereiro de 2010. http://hdl.handle.net/10400.9/1036

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Formação

sucesso, nomeadamente envolvendo espaços oficinais, equipamentos e software. A colaboração próxima com empresas de Recursos Minerais com as quais estão estabelecidos protocolos de disponibilização de equipamentos específicos, aulas abertas, aulas em ambiente industrial, vi-

sitas de estudo, e outras ações com empresas, constituirá um contributo fulcral para complementar e consolidar a aprendizagem dos estudantes, numa perspetiva de aplicação prática.

Fileiras dos Recursos Minerais Não-Metálicos Oportunidade Profissionais (Empregabilidade)

Fábricas de Processamento de Recursos Minerais, Produção de Bens Finais e Reciclagem a). Supervisionar Cockpit de fábricas 4.0 b). Gerir Operações de forma a acomodar a empresa de forma eficiente na Cadeia de Abastecimento c). Analisar e interpretar pedidos de clientes, “dossiers” técnicos, modelos, desenhos e especificações d). Executar programas de fabrico de produtos ou operação de equipamentos, necessários à produção, estabelecendo a sequência dos métodos operatórios e). Operar Equipamentos e Tecnologias Especiais f). Realizar estudos tendo em vista a integração de tecnologias colaborativas 4.0 g). Conceber novos Layouts Integradores de Tecnologias 4.0 h). Aperfeiçoar, desenvolver ou propor a aquisição de aplicações técnicas e tecnológicas pontuais, visando uma integração de sistemas produtivos que proporcionem um aumento de competitividade i). Supervisionar e avaliar, tanto as aplicações técnicas como os procedimentos adotados j). Acompanhar todo o processo produtivo, propondo medidas corretivas face aos desvios verificados, garantindo um produto final de acordo com as expectativas do cliente k). Elaborar e manter atualizado plano de Segurança l). Elaborar e garantir dinâmica do plano de Marketing m). Elaborar e garantir dinâmica do plano de Negócios n). Realizar estudos tendo em vista a integração de Tecnologias colaborativas 4.0

Metálicos

Energéticos

Mármores; Calcários; Granitos; Quartzo; Feldspato; Caulinos; Argilas; Areias; Sal gema

Lítio; Cobre; Chumbo e Zinco; Estanho e Volfrâmio; Ouro; Ferro

Processamento de minerais não metálicos: Fábricas de Rochas Ornamentais; Centrais de Britagem; Fábricas de Gesso; Fábricas de Cimento; Fábricas de Cal; Fábricas de Cerâmicas

Processamento de minerais metálicos e energéticos

Comercialização de produtos não metálicos

Comercialização de derivados de Minerais Metálicos; Comercialização de energia

Utilização final de produtos não metálicos: Empresas de construção; Armazenistas de materiais de construção;

Utilização final de produtos metálicos e energéticos: Produção de baterias; Siderurgias; Produção de ligas;

Reciclagem de produtos não metálicos: Centrais de britagem; Centrais de betão; obras publicas infraestruturas; calçada portuguesa

Reciclagem de produtos metálicos e energéticos

Minas/Exploração de minerais não metálicos

Minas/Exploração de minerais metálicos

Petróleo e Gás Natural, Carvão, Urânio

Minas e Pedreiras a). Gerir Produção numa visão sustentável b). Gerir Operações de forma a acomodar a empresa de forma mais eficiente na Cadeia de Abastecimento c). Operar Equipamentos e Tecnologias Especiais d). Implementar e coordenar ações de Segurança e). Elaborar e manter atualizado e coordenar plano de Segurança g). Elaborar e garantir dinâmica do plano de Marketing h). Elaborar e garantir dinâmica do plano de Negócios i). Realizar estudos tendo em vista a integração de Tecnologias colaborativas 4.0

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Minas/Exploração de minerais energéticos

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Seção Jurídica

PROPRIEDADE INTELECTUAL PLATAFORMA EUROPEIA ‘IDEAS POWERED FOR BUSINESS’

p o r Fi l o m e n a Gi r ã o e Ma r t a Fr ia s B or ges , FAF Advogados

Num momento em que todos antecipamos uma crise económica e social sem precedentes, as empresas têm, mais uma vez, um papel determinante para a minimização dos efeitos da pandemia. De novo é preciso arriscar, reponderar opções, reorientar estratégias, criar inovação, em suma. Felizmente há muito fazemos todos esse caminho de adaptação a um mundo em permanente e vertiginosa mudança, que suscita muitas oportunidades e que, porém, nos obriga a outros tantos desafios. Com o reforço que todos temos feito na área digital, fortalecendo meios e competências, os mercados mudam agora ainda mais rapidamente do que já antes sucedia e, em muitos casos, felizmente crescem. Ora, se juntarmos aquela determinação em inovar e esta necessidade de olhar para outros mercados, as questões relacionadas com Propriedade Intelectual ganham importância e exigem redobrada atenção. Nessa senda, no âmbito do seu Plano Estratégico 2025, o European Union Intellectual Property Office (EUIPO) criou uma plataforma online às Pequenas e Médias Empresas (PME) da União Europeia, que tem como objectivo a prestação de apoio em matéria de Propriedade Intelectual e que pode ser acedida em https://euipo.europa.eu/ohimportal/en/online-services/ideas-powered-for-business. Esta Plataforma integra um Programa de Cooperação Europeia denominado ‘Programa PME’ e disponibiliza às pequenas e médias empresas: • apoio gratuito, personalizado, e à medida de cada empresa, em matéria de propriedade intelectual; • um mecanismo de Resolução Efectiva de Litígios; • formação prática online sobre marcas e desenhos ou modelos, com o objectivo de capacitar asempresas em matéria de Propriedade Intelectual;

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• acesso a um sistema de pedido de tramitação rápida – FastTrack – que permite publicar um pedido de registo de marca da UE ou de desenho ou modelo comunitário online, rapidamente e sem custos adicionais. A intervenção da União Europeia nesta matéria não é nova e foi reforçada com a entrada em vigor do Regulamento (UE) 2015/2424 do Parlamento Europeu e do Conselho e do Regulamento (UE) 2017/1001 do Parlamento Europeu e do Conselho, que vieram alterar o Regulamento sobre a Marca Comunitária. Aquele primeiro Regulamento operou uma reforma legislativa naquela área e visou um incremento da eficiência e da coerência do sistema, adaptando-o à era da internet e criando uma verdadeira Rede Europeia de Marcas, Desenhos e Modelos, por forma a incrementar a cooperação e a convergência de práticas em matéria de Propriedade Intelectual o Instituto europeu e os Institutos de propriedade intelectual dos Estados-Membros. Hoje, a marca da UE tem um carácter unitário e produz os mesmos efeitos em toda a União, só podendo ser registada, transferida, ser objeto de renúncia, de decisão de extinção de direitos do titular ou de anulação, e o seu uso ser proibido, para toda a União. A plataforma ‘IDEAS POWERED FOR BUSINESS’ é mais uma ferramenta ao dispor das PME portuguesas que, com certeza, as ajudará neste exigente momento.

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Formação

MESTRADO EM MANUFATURA ADITIVA (MMA)

Contextualização: Importância do MMA O Mestrado em Manufatura Aditiva (MMA) da Universidade de Aveiro é uma das mais recentes ofertas de formação superior desta universidade e é da responsabilidade de três das suas unidades orgânicas: o Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica (DEMaC), o Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) e a Escola Superior Aveiro Norte (ESAN). O MMA é um programa de formação universitária (2º ciclo / 2 anos de formação) que visa preparar a transformação tecnológica e formar engenheiros, investigadores e empreendedores na área do fabrico aditivo, desde o projeto à produção.

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A MA refere-se a um grupo de tecnologias que criam objetos físicos em 3D (três dimensões ou tridimensional), diretamente a partir de modelos CAD (Computer-Aided Design). A MA “adiciona” líquidos, películas ou laminados, fios ou materiais em pó, camada a camada, para formar componentes / objetos, sem necessidade, ou com necessidade mínima, de subsequente processamento. Esta metodologia oferece várias vantagens, nas quais se incluem a total liberdade geométrica de design/projeto (sem tecnologia rival comparável), quase 100% de utilização de material (livre de resíduos) e prazos de entrega curtos. A MA é uma tecnologia de fabrico disruptiva e umas das tecnologias facilitadoras da indústria 4.0 e 5.0, economia circular e desenvolvimento sustentável.

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Formação

No entanto, as oportunidades de negócios criadas pela MA ainda não são completamente entendidas, bem como os desafios encontrados pela indústria no uso efetivo de processos de MA não são ainda bem conhecidos. A Universidade de Aveiro entende bem este repto e considera que estas limitações poderão ser resolvidas se abordadas por programas de formação avançada na área. Em que consiste o MMA? O MMA apresenta-se como um curso de 2º ciclo especialista, cujo plano curricular garante a formação na temática da manufatura aditiva de uma forma integradora, desde a conceptualização até ao produto final, passando pelos materiais, tecnologias, modelação e simulação numérica, o controlo de qualidade e a verificação de requisitos de funcionalidade e de resistência mecânica, bem como análise de ciclos de vida e sustentabilidade. Esse carácter integrador é assim uma marca diferenciadora da presente proposta de formação no panorama nacional e internacional. Por outro lado, o contacto privilegiado do aluno com o meio industrial durante a sua formação garante a capacitação nas várias áreas, consideradas como essenciais, para um quadro superior técnico em manufatura aditiva. Objetivos O MMA tem por objectivos formar profissionais com conhecimentos sólidos nas áreas de: ciência de materiais para MA; tecnologias baseadas em MA; conceção e projeto integrado, pensado para MA; modelação, simulação numérica e técnicas de otimização capazes de responder às atuais e futuras exigências da indústria produtora, transformadora e utilizadora de tecnologias de fabrico aditivo e, ainda, introduzir mudanças estruturais no sector (investigação/desenvolvimento/produção). Público-alvo: Quem se deve e pode candidatar ao MMA? Qualquer licenciado em: Ciências da Engenharia, Materiais, Mecânica, Eletrotecnia, Eletrónica, Design de Produto, Tecnologias e Sistemas da Produção, Automação Industrial, ou áreas afins, e que detenha na sua formação um número mínimo de 30 ECTS no conjunto das áreas disciplinares: de matemática, e (ou) de física, e (ou) de ciências da engenharia. O programa foi desenvolvido para profissionais ou estudantes que possuam um diploma de licenciatura nas áreas acima indicadas e que procuram oportunidades de

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desenvolvimento de carreira ou profissional numa área de tecnologia de ponta, de modo a melhorar ou adquirir conhecimentos na área do desenho e fabricação aditivos. Após o curso o mestre em MA... Entenderá os princípios técnicos e fluxos do processo para MA de polímeros, metais e compósitos. “Deslocar-se-á” pelo mundo complexo e multivariado de equipamentos, materiais e aplicações da MA. Selecionará processos e materiais de MA para aplicações específicas. Projetará peças para MA combinando o conhecimento do processo, ferramentas de design computacional e requisitos de aplicação. Avaliará o valor de uma peça fabricada por MA com base no custo de produção, desempenho e aplicação. Avaliará em termos de negócio a transição, parcial ou total, de um produto a ser fabricado usando MA versus uma abordagem convencional. Identificará como, quando e onde a MA pode criar valor em todo o ciclo de vida do produto. Horário e língua de ensino O curso de MMA funcionará num horário semanal diurno adequado ao público-alvo, designadamente os quadros técnicos de indústrias. O MMA está aberto à internacionalização pelo que as unidades curriculares serão ministradas em Língua Portuguesa ou Língua Inglesa, consoante o público-alvo. Candidaturas 1ª fase 20 de Julho a 21 de Agosto de 2020 Contactos Diretor de Curso: Paula Maria Vilarinho (paula.vilarinho@ua.pt) Para mais informações https://www.ua.pt/pt/curso/468 Alexandra Vale (alexandra.vale@ua.pt) tel. 234401514

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Prototipagem

TRADIÇÃO E TECNOLOGIA

por Pe dro Car val h o e Sí l v i a Te i x e i r a , Mentores da Forma Cerâmica

A Modelação Cerâmica é uma parte muito importante dentro do processo cerâmico, que requer bastante técnica e rigor. A profissão de modelador exige uma vasta abrangência de conhecimentos mesmo para além da sua secção e obriga a antecipar problemas de produção que possam surgir. No entanto verifica-se ser uma profissão em vias de extinção. Existem poucos modeladores e grande parte já próximos da reforma. Todavia, com a evolução das tecnologias, surgiu a prototipagem rápida, ou como é usualmente conhecida, a impressão 3D. Apesar de ser uma ferramenta bastante útil, esta tecnologia não substitui o modelador tradicional, visto que só ajuda na produção do modelo, tendo ainda de ser executados os restantes processos. Além disso, muitas vezes esta tecnologia é utilizada por pessoas com pouco conhecimento técnico sobre moldes e cerâmica, desprestigiando a sua utilidade dentro da indústria e criando problemas de produção que podem ser evitados. É importante salientar que as duas realidades, a modelação cerâmica e a prototipagem, podem e devem coexistir, contudo não é o que se tem observado.

Foi com este mote, de juntar a tradição e a tecnologia, que a Forma Cerâmica (www.formaceramica.pt) conquistou o primeiro lugar da 17.ª edição do concurso regional Poliempreende, entre os 16 projetos finais submetidos a concurso pelos cerca de 50 participantes, que foram apresentados no passado dia 3 de julho. O Poliempreende trata-se de um concurso de empreendedorismo destinado a estudantes e professores dos institutos politécnicos. Com este prémio a Forma Cerâmica irá representar o Politécnico de Leiria na final nacional, que terá lugar na Madeira, em 2021. Mas afinal o que é a Forma Cerâmica? A Forma Cerâmica é um atelier de modelação localizado no centro de Alcobaça, que integra todo o processo de modelação cerâmica e propõe a utilização de novas ferramentas como a prototipagem. Perante a falta de profissionais qualificados para esta indústria, na qual Portugal se posiciona como um dos maiores produtores a nível mundial, o projeto aposta na concentração de serviços num só lugar, contornando atuais constrangimentos afetos a questões logísticas e custos acrescidos ao longo do processo de produção.

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Prototipagem

É um projeto que olha para a prototipagem não para substituir, mas sim para acrescentar, pois não se pode ignorar a experiência nem menosprezar a formação e inovação. Tudo tem de ser valorizado, daí a equipa apostar numa formação transversal, para corresponder a todos os critérios necessários para fazer um trabalho com a melhor qualidade possível, pois o verdadeiro capital de uma empresa está nas pessoas. A equipa é formada em “Cerâmica e Vidro” e “Modelação Cerâmica” no Cencal e “Design Industrial” e “Prototipagem” na ESAD e têm experiência dentro da indústria cerâmica. É um facto que os conhecimentos e knowhow segregados entre profissionais não resultam. Sendo que quem modela em computador não compreende as questões técnicas de um molde e da cerâmica, ao mesmo

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tempo o inverso acontece com os modeladores “tradicionais”. Esta situação leva a problemas de produção, descredibilização do trabalho entre colegas e inevitavelmente conflitos. Foi então que surgiu a ideia de ser a ponte e transformar estes dois universos paralelos em linhas coincidentes. Pareceu óbvia a sua relação, na qual um profissional deve dominar as duas partes. Com esta ideia em mente, foi uma questão de tempo e investimento gradual, quer em equipamento, como em formação especializada. Daqui nasceu a Forma Cerâmica, um atelier de modelação cerâmica e prototipagem. O próximo passo será conquistar a confiança de mais fábricas e demonstrar aquilo que a equipa é capaz. Esperam-se verdadeiros desafios de modelação. Nós, os mentores do projeto, Pedro Carvalho, modelador e técnico de prototipagem e Sílvia Teixeira, modeladora e designer, esperamos conseguir prestigiar a cerâmica nacional, onde seja possível a produção de peças mais complexas e assim dar asas à imaginação dos clientes da Forma Cerâmica. Sintetizando, com a aplicação desta tecnologia à modelação manual, é possível agilizar o processo de forma mais produtiva, rápida, com melhor qualidade, preço competitivo e com a comodidade de ser tudo no mesmo sítio. A Forma Cerâmica tem a intenção de satisfazer a indústria cerâmica de uma forma que não está habituada.

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Economia

AS EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS DE CERÂMICA NO 1.º SEMESTRE DE 2020 E O IMPACTO DA PANDEMIA “COVID-19”

O valor das exportações portuguesas de produtos cerâmicos ascendeu a 299.252.746 euros no 1.º semestre de 2020, o que representa uma variação de -17,8% face ao 1.º semestre de 2019, de acordo com os dados preliminares divulgados pelo INE em 07/08/2020. No mesmo período, o conjunto das exportações nacionais de bens diminuiu 17,1% em relação aos primeiros seis meses de 2019. Os dados deste período, nomeadamente os que dizem respeito aos meses de março a junho de 2020, refletem os efeitos fortemente recessivos da pandemia “Covid-19” na economia mundial. A Organização Mundial de Saúde qualificou, em 11 de março de 2020, a emergência de saúde pública ocasionada pela doença “Covid-19” como uma pandemia internacional, constituindo uma calamidade pública. Em Portugal, o estado de emergência iniciou-se no dia 19 de março e prolongou-se, após 2 renovações, até ao dia 2 de maio de 2020. No dia 3 de maio de 2020 teve início a situação de calamidade que se prolongou, em todo o país, até ao dia 28 de junho, seguindo-se o estado de contingência. A situação excecional que se vive em Portugal e no Mundo tem motivado a adoção de medidas de forte restrição à atividade económica e social, com impacto profundo na economia nacional e mundial e, naturalmente, no comércio internacional. A contração das nossas exportações de cerâmica no 1.º semestre de 2020, face ao período homólogo anterior, foi transversal a todos os produtos, mas fez-se sentir de forma mais acentuada na cerâmica de mesa e uso doméstico em porcelana (-44,4%), louça sanitária (-27,9%) e telhas cerâmicas (-27,3%). No caso dos pavimentos e revestimentos cerâmicos a variação foi de -14,3%, nas estatuetas e outros objetos de ornamentação de -8,9% e

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Exportações Portuguesas de Produtos Cerâmicos (€) 70 000 000 60 000 000 50 000 000 40 000 000 30 000 000 20 000 000 10 000 000 0 JAN

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na cerâmica de mesa e uso doméstico em grés, faiança e barro comum de -5,8%. Os restantes produtos cerâmicos tiveram uma quebra de 26,3%. A evolução mensal das exportações portuguesas de produtos cerâmicos no 1.º semestre de 2020 (e período homólogo de 2019) é a que se apresenta na figura 1. Nos meses de janeiro e fevereiro de 2020, as nossas exportações de cerâmica registaram variações positivas de 0,6% e 0,2%, respetivamente, face aos meses homólogos de 2019, não refletindo ainda o efeito “Covid-19”. Apenas a partir de março de 2020 esse efeito passa a ser visível. Entre os meses de março e junho de 2020 as variações homólogas foram de -11,9%, -46,8%, -41,3% e -6,7%, respetivamente. O mês de abril de 2020 foi aquele que registou uma diminuição mais intensa do valor das nossas exportações de produtos cerâmicos, coincidindo com o confinamento social obrigatório durante o estado de emergência que vigorou no nosso país até ao dia 2 de maio de 2020. Em maio e junho de 2020, no contexto de um desconfinamento faseado e gradual, o valor das nossas

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Figura 1 - Exportações Portuguesas de Produtos Cerâmicos Fonte: INE, Estatísticas do Comércio Internacional de Bens Dados preliminares de 2019 e 2020 (atualizados em 7 de agosto de 2020)

po r Ant óni o Oli v e i r a , Economista da APICER


Economia

Figura 2 - Exportações Portuguesas de Produtos Cerâmicos Fonte: INE, Estatísticas do Comércio Internacional de Bens Dados preliminares de 2020 (atualizados em 7 de agosto de 2020)

exportações tem vindo a recuperar, com variações médias mensais, face ao mês imediatamente anterior, de +19,4% e +36,4%, respetivamente. No 1.º semestre de 2020 as nossas exportações de produtos cerâmicos chegaram a 150 mercados internacionais. Em termos de áreas de destino, 69,4% do valor total exportado foi dirigido ao mercado intracomunitário e 30,6% ao mercado extracomunitário. De entre os 10 principais mercados de destino das nossas exportações no 1.º semestre de 2020, os que mais penalizaram as nossas vendas foram a Espanha, Reino Unido, Itália e Bélgica, com variações de -36,3%, -33,2%, -25,7% e -22,0%, respetivamente, face ao 1.º semestre de 2019. Em sentido inverso, as nossas exportações cresceram nos mercados da Alemanha, Suécia e Dinamarca, com variações de +11,3%, +8,3 e +6,1%, respetivamente. Na figura 2 apresenta-se a evolução mensal das nossas exportações no 1.º semestre de 2020 para os 8 principais mercados de destino que, em 2019, representaram, em conjunto, 75,8% do valor total das nossas exportações de cerâmica. Também neste caso é notória a retração das nossas exportações em período de pandemia, particularmente no mês de abril e, de forma mais evidente, nos mercados de França, Espanha, Estados Unidos, Reino Unido e Itália. Nos mercados da Alemanha, Países Baixos e Suécia registou-se, apesar de tudo, uma maior estabilidade. A partir do mês de maio de 2020 tem havido variações mensais positivas das nossas exportações na generalidade destes mercados, aproximando-se já, nalguns casos, dos valores registados no período pré-pandemia. A evolução das exportações nos próximos meses será determinante para confirmar ou não a tendência de recuperação iniciada no mês de maio.

Evolução Mensal das Exportações Portuguesas de Produtos Cerâmicos no 1.º Semestre de 2020, por Mercados (€) 16 000 000 14 000 000 12 000 000 10 000 000 8 000 000 6 000 000 4 000 000 2 000 000 0 jan/20

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Espanha

Estados Unidos

Reino Unido

Alemanha

Países Baixos

Itália

Suécia

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De qualquer forma, o ano de 2020 ficará marcado por uma recessão económica sem precedentes desde a década de 1930, com consequências desastrosas. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), em relatório divulgado em 10/06/2020 com as previsões económicas mundiais ("Economic Outlook") refere que a “Covid-19” colocou o mundo perante a maior crise sanitária e económica desde a Segunda Guerra Mundial, criando disrupções nos sistemas de saúde e no mercado de trabalho, e "uma extraordinária incerteza". No cenário mais adverso, considerando que haverá uma segunda vaga da doença até ao final do ano, a previsão da OCDE é a de que o PIB mundial registe uma quebra de 7,6% arrastado pela recessão prevista para a generalidade dos países, alguns dos quais com previsões de quebras a dois dígitos. Estão neste caso os países europeus mais afetados pela pandemia, nomeadamente França e Itália, países para os quais a OCDE antecipa uma recessão de 14,1% e 14,0%, respetivamente, em 2020, o Reino Unido (-14,0%) e a Espanha (-14,4%). Com quedas homólogas do PIB nos dois dígitos surgem ainda Portugal (-11,3%), Bélgica (-11,2%), República Checa (-13,2%), Estónia e Hungria (ambos com -10,0%), Islândia (-11,2%), Letónia (-10,2%), Lituânia (-10,4%), Argentina (-10,1%) e Rússia, Holanda, Nova Zelândia e Suíça (todos com -10,0%). Neste cenário, as projeções da OCDE apontam ainda para uma contração do PIB de 11,5% na Zona Euro este ano, seguida de um crescimento de 3,5% em 2021. No cenário menos adverso, assumindo que não haverá nova vaga de contágios e necessidade de novo confinamento, o PIB português recuará 9,4% em 2020, a economia mundial cairá 6,0% e a Zona Euro conhecerá uma recessão de 9,5%, arrastada pela quebra de 9,9% do consumo privado, de 11,6% do investimento e 8,0% da procura interna. É esperado que estes indicadores entrem em terreno positivo em 2021 e que o conjunto das economias que integram a moeda única avance 6,5%. Também as previsões divulgadas pela Comissão Europeia em 07/07/2020 e Banco de Portugal em 16/06/2020, antecipam para Portugal uma profunda recessão para o ano de 2020, que se traduzirá numa queda do PIB que poderá variar entre os 9,5% (Banco de Portugal) e 0s 9,8% (Comissão Europeia). De resto, quer a Comissão Europeia, quer o Banco de Portugal, preveem ainda que o PIB da Zona Euro recue 8,7% em 2020.

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Inovação

P ROJ E TO E-T IJ OL O - P ROD U TO CERÂMICO CONSTRUTIVO MAIS SUSTENTÁVEL E ECONÓMICO ATRAVÉS DA INTEGRAÇÃO DE BEATAS DE CIGARRO por Ju an D. He nr i qu e s a , Ru i A . D i a s a e Mu r i e l Iten b , a Investigadores e bResponsável da Equipa de Inovação, Desenvolvimento e Inovação do Baixo Carbono e Eficiência dos Recursos do ISQ

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laboratório do Centro para a Valorização de Resíduos CVR). Para a realização deste trabalho foram utilizadas pontas de cigarro fornecidas pelo Laboratório da Paisagem, previamente recolhidas no centro histórico da cidade de Guimarães através do projeto municipal EcoPontas. As primeiras percentagens de incorporação de pontas de cigarros testadas (2.5% e 5%) apresentaram resultados insatisfatórios face aos requisitos necessários para o produto desejado: tijolo cerâmico de interiores, havendo a

Equipa de investigadores do Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ)

Dos 5,6 triliões de cigarros produzidos anualmente, aproximadamente dois terços são descartados de forma irresponsável em espaços públicos, ruas, parques e paisagem. Estas pontas de cigarro contêm produtos químicos perigosos como nicotina, arsénio, metais pesados e que podem produzir problemas de saúde pública para além do impacte ambiental e visual associado à deposição das mesmas na envolvente urbana. Para além disto, o acetato de celulose, que é o material-base que compõe estas pontas pode tardar até 10 anos na sua degradação, ficando os compostos mencionados a serem libertados durante este período. Em Portugal as pontas de cigarro estão classificadas como um resíduo perigoso pela APA, e atualmente existe a preocupação pela procura de novos destinos para o uso deste resíduo [1]. Em junho do 2019 foi aprovado o projeto de lei de para a fiscalização, controlo e conscientização do fim que deve ser atribuído às pontas d cigarros [2]. Contudo, ainda não foram encontrados aplicações diretas ou desenvolvimentos de métodos efetivos para usos alternativos deste resíduo. Projeto E-tijolo surge com esta motivação, uma ideia promovida pelo candidato Diogo Pinheiro ao concurso de ideias-piloto do MAISTec, que visa a incorporação de pontas de cigarros em elementos construtivos, nomeadamente o tijolo cerâmico. Tentando, assim, “fechar o ciclo”, reaproveitando as pontas de cigarro e paralelamente obter um produto mais sustentável. Para o desenvolvimento do E-tijolo o ISQ como Instituição de Interface (ligando centros tecnológicos à indústria), definiu uma parceria estratégica, criando um consórcio constituído pelo ISQ, Centro de Valorização de Resíduos (CVR) e o Laboratório da Paisagem. Na primeira fase do projeto (fase I), foram produzidos protótipos com incorporação de 0% (padrão), 2.5%, 5% e mais tarde 1% e 2% de beatas de cigarro, com o apoio do

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necessidade de estudar taxas de incorporações mais conservadoras (1% e 2%) e desta forma a identificar a quantidade de incorporação ótima de pontas de cigarro (máximo de incorporação sem comprometer os requisitos técnicos). Diferentes ensaios experimentais foram realizados, nomeadamente resistência à compressão, absorção de água e sais solúveis. O aumento da incorporação das beatas indicam um decréscimo na resistência mecânica, ainda que não linear. Relativamente aos ensaios de libertação de sais solúveis, os resultados indicam que não existe formação de eflorescências. Concluiu-se que a incorporação ótima seria de 1% garantindo para cumprimento dos requisitos para tijolo de interiores, sendo que maiores incorporações poderão ser consideradas para soluções de cariz estético. De forma complementar, realizaram-se ainda análises ecotoxicológicas de forma a atestar a segurança ambiental do produto através de testes de lixiviação, observando-se que não ocorre a libertação de compostos químicos de relevo e des-

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ta forma não causando danos na saúde pública. Podendo desta forma ser depositado em aterros sanitários da classe de resíduos inertes no final de vida, embora esta solução seja banida num futuro muito próximo face às recentes diretivas europeias integrantes do Acão Green Deal lançado recentemente pela Comissão Europeia. Julga-se que existirão vantagens numa possível utilização deste produto para fins de isolamento acústico e térmico, dado que a criação de pequenas bolsas de ar devido à combustão do material orgânico presente nas pontas de cigarro durante o cozimento, permitindo uma redução da densidade e melhorando assim as propriedades de isolamento. A libertação de energia dessa combustão poderá ainda melhorar a eficiência energética do processo de cozedura. Deste modo, neste momento o consórcio está a precisar da contribuição energética deste resíduo para o processo de cozedura e também a caracterização do comportamento térmico e acústico dos protótipos otimizados. Entende-se, no entanto, que a percentagem de incorporação de beatas ideal está dependente do produto que se pretende, sendo que outros produtos cerâmicos podem ser explorados para a incorporação deste tipo de resíduo, como por exemplo para pavimentação, ou para revestimentos. Agora, em final da primeira da Fase I do projeto E-tijolo, através da disseminação dos resultados obtidos em diversas feiras e eventos, já recebendo interesse de diversas Câmaras Municipais face ao potencial de valorização deste resíduo e assim se desfazerem deste resíduo, que se encontra em predominância contínua. Desta forma, o ISQ enquanto Instituição Interface pretende avançar para a Fase II deste projeto: partilhar estes resultados com as indústrias, apresentar o novo

Apresentação ao Dr. Carlos Moedas

Mostra P2020. Apresentação ao Dr. Nelson de Souza

Protótipos do projeto E-tijolo

Inovação

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produto ecológico bem como a metodologia necessária para integração das beatas no seu produto, que carece de investimento significativo e que se insere naturalmente no processo produtivo de um tijolo cerâmico. O E-tijolo irá, sem dúvida, apoiar este sector, tornando-o mais competitivo através da venda um produto com melhores características térmicas e acústicas e reduzindo custos através da diminuição de recursos primários (argila), bem como consumo energético durante o processo de cozedura (grande fatia da fatura energética deste sector) Ademais, o ISQ pretende selar acordos entre municípios e a indústria cerâmica de forma a criar uma estratégia que permita, por um lado resolver os problemas associadas à deposição das beatas e a gestão deste resíduo e assim garantido o seu abastecimento contínuo e por outro, alavancar o setor cerâmico, que sabemos ter bastante potencial e um papel preponderante na transição para uma Economia Circular, promovendo a sua sustentabilidade.

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Jornadas de sustentabilidade no Núcleo da UNESCO e ECO-ESCOLAS

Inovação

Referências [1] Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU 2020) [2] https://www.parlamento.pt/ActividadeParlamentar/Paginas/DetalheIniciativa.aspx?BID=43751

Inovação . Kéramica . p.27


Te c n o l o g i a

COM O PRIME DA SYSTEM CERAMICS, A MANUFATURA CERÂMICA 4.0 É UMA REALIDADE

p o r Fr a n ce sca Cu o g h i 1 , Assessoria de Imprensa System Ceramics SpA

A System Ceramics representa um dos mais importantes players internacionais na automação industrial voltada ao setor cerâmico e isto deve-se à sua capacidade de encontrar soluções radicais. Agora, o próximo passo é criar uma manufatura dominada pela informação de processo e sistemas informatizados úteis para compartilhar informações, de maneira a trazer melhorias ao sistema mediante um processo de autoaprendizagem. Trata-se de uma fábrica que progride, que pode dar indicações e aceitar automaticamente variáveis e ajustes feitos precedentemente pelo homem. Já há muitos anos, a System criou um departamento especial denominado Digital Industrial Design, a fim de criar um dos modelos de Indústria 4.0 para o setor da cerâmica - não somente na Europa mas no mundo inteiro. Deste departamento fazem parte engenheiros eletrónicos, engenheiros mecânicos, engenheiros informáticos, químicos e físicos. O nosso objetivo é definir um novo padrão de gestão da manufatura cerâmica, propondo 1

um verdadeiro serviço. Com este princípio de “Cerâmica como um Serviço”, os clientes poderão redesenhar os seus processos produtivos e compartilhá-los numa aplicação integrada de uso dos recursos. Nesta perspectiva, desenvolvemos internamente uma plataforma de serviços software denominada PRIME, que visa controlar a capacidade produtiva de toda a unidade fabril, otimizando a qualidade dos processos de controle e a padronização das informações recebidas pelas empresas, com vista a fornecer instrumentos de gestão voltados a melhorar o conhecimento e a repetitividade decisional. Graças a uma única interface gráfica de última geração e através de tecnologias 3D, a fábrica é representada de forma global e dinâmica, o que permite uma reconstrução virtual do inteiro ciclo produtivo. Em tal reconstrução, todos os sistemas estão conectados e compartilham informações de retroação ou de alinhamento, com vista a melhorar o processo em tempo real.

francesca.cuoghi@systemceramics.com

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Te c n o l o g i a

A coleta e a análise dos dados criam aquele valor que permite obter processos mais rápidos e eficientes, bem como favorecer as capacidades de autodiagnóstico, autoadaptação e controle à distância. Na verdade, a System está há anos na linha da frente do desenvolvimento e atuação da fábrica digital, a fim de criar um novo padrão manufatureiro. Com o desenvolvimento interno de hardware e software temos, não só o controle total dos processos, mas também podemos intervir nas máquinas independentemente da localização das mesmas, graças a um outro importante aspecto dessa nova era industrial: a manutenção preventiva. Através de técnicas de Machine Learning, é possível criar na fábrica cerâmica um novo ecossistema colaborativo, no qual as máquinas aprendem com o homem a interpretar e intuir as relações existentes entre os processos, evidenciando possíveis soluções aplicativas até hoje inimagináveis. A digitalização total dos processos, a utilização de recursos em partilha e a gestão eficiente dos dados são elementos fundamentais para o desenvolvimento de um novo modelo industrial que visa a flexibilidade e a sustentabilidade. Em Roteglia, na província de Reggio Emilia - coração do distrito cerâmico italiano -, surgiu a primeira fábrica totalmente digitalizada para a produção de peças de cerâmica. A Ceramiche Mariner SpA é a empresa que se fez promotora deste novo paradigma industrial, e Prime é a plataforma de software criada pela System Ceramics que permitiu concretizar esta ideia de manufatura digital. Desde o processamento das matérias-primas até à realização do produto acabado, Prime gere o fluxo produtivo integral através de sistemas informativos avançados que, utilizando conceitos modernos, monitorizam todo o processo servindo-se de uma única interface gráfica de última geração e tecnologias 3D. Para dar vida a esta extraordinária ferramenta, a System Ceramics decidiu adotar a edge computing. Estamos na era da inteligência descentralizada, em que são definidos os novos padrões para a produção cerâmica. Com a edge computing, os recursos de Information Technology estão próximos da fonte de dados em um ecossistema colaborativo, no qual as máquinas aprendem com o homem a interpretar e antecipar as relações entre os processos, revelando possíveis soluções até então inimagináveis. A empresa Ceramiche Mariner é um exemplo extraordinário de integração horizontal e de Collaborative

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Industry: a nova fábrica representa a evolução rumo a uma arquitetura aberta e a um arquétipo de comunicação e colaboração que ultrapassa as fronteiras da fábrica. A decisão de utilizar Prime sublinha um novo conceito de human-centered manufacturing, segundo o qual no coração da indústria do futuro está a informação gerada dentro da fábrica e que, graças à intervenção humana, deve ser gerida e transformada de simples dado em conhecimento útil para melhorar o processo e a cadeia de valor. “A nossa aventura com Prime foi amor à primeira vista. A interface 3D transmite especialmente simplicidade e clareza de utilização, de maneira que qualquer pessoa na nossa empresa se sente à vontade ao utilizá-la. É um instrumento que todos nós usamos - desde o operador de linha até a alta direção, passando pelo chefe de seção, diretor técnico, diretor de produção, técnicos de laboratório e departamento de qualidade. Quando, a convite da System Ceramics, assisti ao funcionamento de Prime, fiquei impressionada com o imediatismo visual com o qual a inteira fábrica era representada fielmente, com o benefício de poder adaptar a plataforma às nossas exigências, como um traje feito sob medida, exclusivamente para nós. Portanto, na Mariner, a gestão total da fábrica dá-se mediante Prime, graças à qual posso mostrar aos meus clientes em tempo real e de qualquer lugar do mundo o andamento da produção, bem como uma série de informações, tais como rendimentos, tonalidades, problemas verificados, defeitos. Um verdadeiro irmão gêmeo digital da fábrica (digital twin). A reação dos meus clientes é realmente extraordinária. Quando iniciamos a realização da fábrica em 2016, sabíamos muito bem quais eram os pilares sobre os quais ela tinha que assentar: flexibilidade, performance, qualidade e interconexão. Sob a direção de Prime, conseguimos concretizar perfeitamente a nossa intenção. Basta pensar que só em outubro produzimos mais de 130 artigos diferentes. Quem trabalha no setor sabe o quanto é complexo gerir uma variedade tão grande de artigos. E esta é apenas uma das várias demonstrações da alta flexibilidade e performance do Prime, que, processando dados, fornece informações que nos permitem tomar decisões de relevância estratégica. Em algumas secções, até mesmo a mudança de produto é feita com um clique. Algo impensável há poucos anos. Um outro aspecto crucial é a análise que podemos obter de cada artigo para compreender com exatidão os custos de produção, inclusive levando em conta os consumos de água e energia elétrica - o que faz de Prime um valioso aliado no âmbito comercial.

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Te c n o l o g i a

A System Ceramics criou um potente sistema de eficientização industrial que atua com base na interconexão de todas as secções - desde a entrada das matérias-primas na fábrica até a expedição da palete. Mas estamos só começando; Prime ainda tem muito a nos oferecer. A Mariner representa um projeto industrial de vanguarda. Temos orgulho do que fizemos até agora e, sobretudo, de termos realizado no nosso território, com o nosso pessoal e um partner tecnológico de excelência como a System Ceramics, uma verdadeira manufatura 4.0. Estamos diante de uma fábrica 100% digitalizada - o que demonstra uma visão empreendedora perspicaz e que visa uma nova maneira de fazer negócios”. Giulia Catti, Ceramiche Mariner SpA. Esta abordagem inovadora representa uma verdadeira evolução e transformação do papel da System Ceramics: ao seu papel de construtor de projetos e máquinas para o setor cerâmico soma-se o de fornecedor de serviços de vanguarda - serviços esses que preveem o redesenho da estrutura organizacional e do modelo de negócios segundo os fundamentos da mecatrônica, que encontrou na transformação digital um aliado de sucesso. Em matéria de hardware, a System Ceramics está apostando muito na automação robotizada, através da qual as suas tecnologias podem mudar a configuração sem precisar da intervenção do operador - tudo é feito através do software. Já há muitos anos, a empresa está comprometida com o processo de digitalização para oferecer aos

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seus clientes soluções inovadoras de smart manufacturing que resultavam muito complexas até há pouco tempo. Além de serem uma realidade para a System Ceramics, a informatização dos sistemas produtivos, a reconfiguração automática das máquinas e a rastreabilidade total obtiveram grande sucesso e reconhecimento internacional entre os profissionais do setor. Trata-se de uma mudança de paradigma para a indústria cerâmica e só a System Ceramics podia ser o precursor desta nova era. Há mais de 50 anos, a empresa de Fiorano Modenese distingue-se por processos inovadores ímpares, capazes de abrir novas perspectivas aplicativas no mundo da manufatura – e criando, por conseguinte, novos padrões. Prime pôs em evidência uma nova ideia de manufatura segundo a qual o homem e as máquinas dialogam através da plataforma software, concretizando um dos fundamentos do novo paradigma industrial: a Collaborative Industry. Nesta, a interface Homem-Máquina é essencial pois embora os tempos mudem e o trabalho mude, o conhecimento e a criatividade intelectual do homem são fundamentais para conquistar territórios ainda inexplorados.

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Digitalização

IDC E AXIANS ORGANIZAM A 5ª EDIÇÃO D O P O R T U G A L D I G I TA L AWA R D S . O MAIOR EVENTO DE T R A N S F O R M A Ç Ã O D I G I TA L Q U E SE REALIZA EM PORTUGAL

por Gabriel Coimbra, Vice-Presidente do Grupo IDC e Diretor-Geral da IDC Portugal e Pedro Faustino, Managing Director na Axians Portugal

Imagem Esquerda. - Gabriel Coimbra Imagem Direita - Pedro Faustino

Portugal Digital Awards é uma iniciativa da IDC em parceria com a Axians, que tem como principal objetivo reconhecer as organizações e os líderes empresariais com a visão e o arrojo para elevar as suas empresas ao nível mais sofisticado, capacitando-os para a transformação digital dos seus negócios. Nos próximos 5 anos a digitalização da economia irá acelerar e ganhar escala como nunca antes vista. O ritmo da inovação e das operações suportadas por tecnologias digitais disruptivas acelerará 10 vezes mais. Essa escala e velocidade crescentes de inovação e operação serão alimentadas por modelos operacionais hiperconectados, criando novos modelos de negócio e valor através de grandes plataformas e comunidades digitais baseadas em APIs a AI. A Future of Enterprise é a visão IDC relativamente à forma como as empresas se organizam e investem com o intuito de tomar parte em mercados cada vez mais centrados no digital. É totalmente impulsionada por uma força de trabalho altamente qualificada e focada no cliente, que abraça o risco ao mesmo tempo que procura inovar continuamente. A tecnologia e os dados são a sua força vital, alimentando operações cada vez mais eficientes, novos fluxos de receitas e maior fidelização de clientes.

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Para Gabriel Coimbra, Vice-Presidente do Grupo IDC e Diretor-Geral da IDC Portugal, “O Portugal Digital Awards assumiu-se como o principal evento de Transformação Digital em Portugal. Vamos ter uma representatividade total da nossa economia e vamos premiar o que de melhor se faz na transformação digital, não só nas grandes organizações, bem como no setor público e nas pequenas e médias empresas. Com a pandemia o salto tecnológico este ano foi brutal e como tal estamos certos que os projetos que serão apresentados vão refletir essa evolução.” Para Pedro Faustino, Managing Director na Axians Portugal, “O Portugal Digital Awards ocupa um espaço único de destaque dos profissionais e das organizações que estão a fazer acontecer a economia digital no nosso país. Estamos convictos de que o número de candidaturas este ano vai bater o recorde, pois vivemos num ano disruptivo em que a digitalização das organizações tem sido crítica para manter a economia a funcionar. Este evento será também uma excelente oportunidade para agradecer aos heróis muitas vezes esquecidos, os profissionais dos Sistemas de Informação, que neste tempo de pandemia e de forma muito discreta adaptaram e mantiveram a funcionar as infraestruturas críticas do país. Trazer essas histórias para o palco do Digital Awards é uma forma de homenagear o seu engenho e sacrifício.” O Portugal Digital Awards conta igualmente com um ilustre painel de jurados que certificam e credibilizam todos os projetos que irão estar a concurso. Assim, Céline Abecassis-Moedas, Miguel Fontes, Patrícia Candeias, Patrícia Lopes, Fernando Bação, José Tribolet, Bernardo Rodo, Bruno Horta Soares, Rogério Carapuça, Gabriel Coimbra e Madalena Tomé irão avaliar os méritos dos projetos a concurso num evento que se prevê muito concorrido.

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Digitalização

5. Best Future of Digital Infrastructure Project (melhor projeto relacionado com a infraestrutura tecnológica para suportar a transformação digital) Best Future of Customer & Consumers Project

O Portugal Digital Awards deste ano vai contar ainda com a colaboração de Rogério Campos Henriques, Francisco Barbeira, Vergílio Rocha e João Dias, fruto do reconhecimento conseguido no âmbito desta mesma iniciativa em edições passadas. Ano após ano o Portugal Digital Awards tem consolidado a sua importância e relevância junto das empresas e dos líderes empresariais que aproveitam esta oportunidade para apresentar o que de melhor fazem nas suas organizações. No ano passado apresentaram-se a concurso mais de 300 projetos, o que é bem demonstrativo da importância e do interesse que este evento transporta. Já abriu a fase de candidaturas e deverão ser submetidas até dia 23 de outubro. CATEGORIAS A CONCURSO: Grupo 1: Categorias por tipo de transformação – Digital Transformation Awards 1. Best Future of Intelligence Project (melhor projeto relacionado com analytics, big data e data monetization) 2. Best Future of Customer & Consumers Project (melhor projeto relacionado com a criação de novos produtos/serviços e/ou melhoria da experiência do cliente) 3. Best Future of Work Project (melhor projeto relacionado com a produtividade e efetividade dos colaboradores) 4. Best Future of Operations Project (melhor projeto relacionado com a melhoria e otimização de processos de negócio)

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Grupo 2: Categorias por segmentos de mercado – Digital Industry Awards 1. Best Government Project (melhor projeto de transformação digital no setor da Administração Pública) 2. Best Finance Project (melhor projeto de transformação digital no setor da Banca, Seguros e outras entidades financeiras) 3. Best Manufacturing Project (melhor projeto de transformação digital no setor da Indústria) 4. Best Retail & Distribution Project (melhor projeto de transformação digital no setor da Distribuição e Retalho) 5. Best Consumer & Professional Services Project (melhor projeto de transformação digital no setor dos Serviços) 6. Best Health Project (melhor projeto de transformação digital no setor da Saúde) 7. Best Education Project (melhor projeto de transformação digital no setor da Educação) 8. Best SME Project (melhor projeto de transformação digital no segmento das PMEs) Grupo 3: Categorias especiais – Digital Grand Awards 1. Best Digital Transformation Project (o projeto de Transformação Digital com maior impacto) 2. Best Digital Transformation Idea (a melhor start-up B2B) 3. Best Digital Social Responsibility Initiative (a iniciativa de Transformação Digital com maior impacto na sociedade portuguesa) 4. Best Digital Leader (a personalidade que mais se distinguiu na transformação digital no território nacional) Para mais informações, por favor consulte o site portugaldigitalawards.pt http://portugaldigitalawards.pt/

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NOVIDADES DAS EMPRESAS CERÂMICAS PORTUGUESAS

por Alb e r t i na S e q u e i r a , Diretora-Geral da Apicer

GRESTEL Grestel recebe estatuto de Operador Económico Autorizado A Grestel recebeu estatuto de Operador Económico Autorizado (OEA) pela Direção Portuguesa de Serviços de Regulação Aduaneira, com efeitos desde 26 de julho de 2020. Este estatuto reconhece a Grestel como parceiro autorizado/fiável no âmbito das suas operações aduaneiras, permitindo à empresa gozar de uma relação privilegiada com as autoridades aduaneiras de vários territórios.

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O estatuto de OEA comporta várias vantagens, nomeadamente autorizações para simplificações aduaneiras (AEOC), para segurança e proteção (AEOS) ou para uma combinação de ambas, recebendo um tratamento mais favorável quanto aos controlos aduaneiros, nomeadamente menos controlos físicos e documentais e assenta no reconhecimento como parceiro seguro e com grau de confiança acrescida em todos os estados-membros. Assim, um AEO é um operador económico que, após uma avaliação positiva sobre o cumprimento de um conjunto de critérios por parte da administração

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aduaneira, pode ser considerado como um operador fiável e de confiança. Sobre o conceito de Operador Económico Autorizado O conceito de Operador Económico Autorizado (AEO) faz parte do pilar relacionado com a parceria Alfândega-Empresa, do “SAFE Framework of Standards” da Organização Mundial das Alfândegas (OMA), o qual visa promover a segurança e facilitar o comércio global. A União Europeia definiu em 2008 o seu conceito de Operador Económico Autorizado (AEO “Authorised Economic Operator”) com base em normas internacionalmente reconhecidas. Este assenta na estreita cooperação entre as autoridades aduaneiras e o operador económico, que cumpre voluntariamente um vasto conjunto de critérios para assegurar o objetivo comum da segurança da cadeia de abastecimento e do comércio legítimo. Tal implica que a relação entre as autoridades aduaneiras e o AEO se deve basear sempre nos princípios da transparência, correção, equidade e responsabilidade mútuas. Existe um conjunto de países que assinaram acordos de reconhecimento mútuo (ARM) do AEO com a União Europeia, nomeadamente Suíça, Japão, EUA e China, entre outros. Sendo a Grestel uma empresa fortemente exportadora, a obtenção do AEO é um marco importante, que permite consolidar a imagem de rigor e responsabilidade porque sempre se pautou, desta vez, junto de outros países. MARGRES / LOVE TILES Reinventar durante a pandemia A explicação sobre como é que as duas marcas de cerâmica Margres e Love Tiles reforçaram a sua comunicação com o cliente e como as ferramentas digitais permitiram reinventar a forma de estar no mercado. As marcas líderes de mercado Margres e Love Tiles têm vindo a promover a digitalização como forma de melhorar a experiência do consumidor. Estas ações envolvem visitas virtuais, realidade aumentada e construção de ambientes em 3D. No início do ano a Margres já havia lançado uma aplicação de realidade aumentada e agora foi a vez da Love Tiles. Com a Margres AR e Love AR as marcas permitem ao utilizador testar, sem limite, todo o tipo de pavimentos cerâmicos e em qualquer espaço, com recurso apenas a um telemóvel. As marcas lançaram também recentemente um projeto de construção de ambientes 3D.

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Balance Beige Escritório

RECER Hidráulicos em novo formato 10x10 Nas séries Revival e Twenties encontra também vários desenhos no formato 10x10. Este é um formato tradicional convertido numa solução moderna, tanto em ambientes urbanos como rústicos. Com estes novos produtos da série Revival e Twenties que permitem também a conjugação com o formato 20x20 potenciamos a possibilidade de criar padrões, com a certeza de obter um conjunto de produtos diversificados e visualmente ricos, que combinam diferentes esquemas geométricos, linguagens estéticas, memórias e modernidade. Para esta nova aposta da Recer foram selecionados os desenhos mais adequados ao formato 10x10. Uma das linhas orientadoras da marca nas suas propostas de pequenos formatos é possuir uma oferta de

Tw e n t i e s Ve r t e x M 1 0 x 1 0 (p a v ) e Tw e n t i e s M 1 0 x 1 0 (r e v )

Depois de alguns anos de investigação e testes, a ferramenta chega agora ao mercado para, junto dos clientes, tornar a tarefa de revestir, pavimentar e organizar o espaço mais simples e com um resultado incrivelmente realista. Para conhecer melhor estas ferramentas visite as páginas em www.margres.com/pt e www.lovetiles.com/pt e comece já a experimentar!

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Revival Memory M10x10

Balance, dê o salto e descubra algo novo Novos tempos pedem novas vontades e sobretudo novas soluções. A par do lançamento da nova coleção de pavimento e revestimento da Love Tiles, Balance, a marca lançou um tour virtual numa casa criada de raiz para dar a conhecer ao público a aplicação dos novos materiais. Esta verdadeira casa de sonho, que pode conhecer sem sair do seu espaço, permite uma navegação imersiva, enquanto auxilia o utilizador a conhecer um pouco mais sobre cada material aplicado. A nova coleção da Love Tiles capta a verdadeira esfera urbana e renova o estilo industrial. A sua composição, um grés porcelânico de pasta corada, faz com que possa ser usado como pavimento e revestimento. A paleta de cores – White, Beige, Light Grey e Grey – também permite alternar entre tons mais quentes e mais frios, com nuances e acentuações, de forma a criar um ambiente original e dinâmico. Funcional, moderna e com uma estética elegante, Balance foi criada a pensar na arquitetura moderna. Está disponível em 3 formatos – 30x60, 60x60 e 80x80 – com a novidade do seu acabamento Touch – além do acabamento Natural e antiderrapante –, o que só acentua a sua versatilidade.

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produtos diversificada com soluções para todos os estilos de consumo e diferentes abordagens de decoração ou necessidades técnicas. Os pavimentos e revestimentos cerâmicos Recer pretendem encontrar a resposta para ambientes atuais, que convidam a um constante e intuitivo desafio à imaginação, sem restrições, fundindo estilos e materiais, na procura de espaços únicos. SOLADRILHO Central Fotovoltaica substitui cobertura de fibrocimento

Helexia&Soladrilho

A SOLADRILHO, empresa portuguesa líder no sector de pavimentos e revestimentos cerâmicos ex-

trudidos, decidiu reforçar a aposta na sustentabilidade energética, através de uma parceria com a HELEXIA. Esta parceria vai permitir a instalação de uma Central Fotovoltaica com uma potência de 537 kWp e uma produção anual estimada de 829 MWh, permitindo à SOLADRILHO evitar a emissão de 373 ton CO2/ano, o equivalente a plantar 9600 árvores/ano ou ao consumo energético de 166 agregados familiares. O contrato foi celebrado no final de julho e a instalação da Central ficará concluída até final do ano. Neste projeto foi englobada a remoção de 11.200 m2 de coberturas de fibrocimento, que serão substituídas por coberturas em painel sandwich, com um duplo benefício, elimina-se um fator de risco e produz-se energia limpa. Ganha a Empresa e ganha o Planeta.

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Edifício Soladrilho

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Com a instalação da Central Fotovoltaica para autoconsumo, a SOLADRILHO deixa clara a importância da sustentabilidade energética, e que no seu ADN industrial incorpora a inovação, a sustentabilidade e a qualidade como fatores diferenciadores num mercado global e competitivo.

Interior Soladrilho

A instalação da Central Fotovoltaica e a renovação das coberturas representa um investimento de aproximadamente 800 mil Euros por parte da HELEXIA. A SOLADRILHO apresenta um volume de negócio de cerca de 7,9 Milhões de Euros, exportando cerca de 85% da sua produção para mercados como França, Espanha, China, Rússia e Estados Unidos. Parte destes mercados têm apresentado indicadores de tendência de crescimento positivo no volume de negócios. A presença nos mercados externos é suportada pela aposta contínua em investigação e desenvolvimento, qualidade produtiva e uma rede de parcerias locais, que asseguram toda a cadeia de comercialização, distribuição e instalação. José Vieira, Presidente do Conselho de Administração da SOLADRILHO afirma que "“Hoje na indústria não há segredos, há investigação", este caminho tem permitido um crescimento sustentado com fidelização de clientes e conquista de novos mercados. Segundo Luís Pinho, Country Diretor da HELEXIA Portugal, “Um orgulho para a Helexia, estabelecer esta parceria com a Soladrilho, reforçando a sua aposta na Sustentabilidade e a contribuição da Helexia à Transição Energética, económica e ecológica do setor produtivo e exportador nacional". O consumo de energia representa cerca de 30% na estrutura de custos, sendo que a SOLADRILHO já possui uma unidade de cogeração alimentada a gás natural, cuja eletricidade é vendida à rede, com aproveitamento do calor no processo produtivo.

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Outras Novidades

CERTIF FATURA MENOS 20%

• Apesar das circunstâncias decorrentes da pandemia a Certif conseguiu, no primeiro semestre, realizar 40 por cento das ações de acompanhamento anuais. Novos clientes compensaram o número de anulações. • Certificação de novas gamas de produtos de construção, em clientes que alargaram a sua oferta com novas referências. A CERTIF, líder em Portugal na certificação de produto, com quota superior a 90 por cento registou, no primeiro semestre, uma redução de 20% na sua faturação em relação ao período homólogo do ano anterior. Ainda assim, conseguiu realizar 40% das ações de acompanhamento anuais, o que permite manter a esperança de concluir o ano com um desempenho positivo, embora abaixo das expetativas iniciais. Os novos clientes compensaram o número de anulações, embora se admita que seja no 2º semestre que o impacto negativo da pandemia sobre a economia se venha a refletir no número de anulações. O ano de 2020 teve um início muito prometedor, com novos projetos em preparação e novos clientes, sendo significativo o facto de a faturação no 1º trimestre ter sido superior à do ano anterior, mesmo com redução da atividade a partir de Março. Sendo a atividade da CERTIF ligada à dos seus clientes, a impossibilidade de realizar ações no terreno veio a afetar a execução do semestre. Optando pela não realização de auditorias remotas, salvo em algumas situações identificadas como a única solução possível, foi dada prioridade ao acompanhamento dos processos, preparando o regresso às ações presenciais logo que possível. Apesar das dificuldades com a realização de viagens a partir do mês de Março, a faturação direta no estrangeiro no 1º semestre foi de 48,5% do valor total. Certificação de produtos Houve lugar à certificação de novas gamas de produtos de construção, em clientes que alargaram a sua oferta com novas referências. No setor elétrico manteve-se a procura da certificados CB para exportação, estando a CERTIF a fazer as inspeções de acompanhamento da produção de produtos para exportação para a América do Sul.

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Certificação de serviços Houve lugar à emissão de 60 novos certificados para as empresas que trabalham com gases fluorados, estando em vigor mais de 1.400 certificados. Deram, também, entrada novos clientes para o esquema de certificação FER – Fim do Estatuto de Resíduo. Certificação de sistemas A CERTIF tem cerca de 150 certificados emitidos, sobretudo dando resposta a empresas que certificam, igualmente, os seus produtos ou serviços, que são o core business. Certificação de pessoas No 1º semestre foram emitidos 15 novos certificados estando válidas, no final do semestre, 215 certificações nos seguintes domínios: • 4 Auditores para a norma ISO 9001 • 21 Auditores para a norma ISO 50001 • 160 Instaladores de janelas eficientes • 2 Projetistas de sistemas solares térmicos • 28 Projetistas de térmica de edifícios Marcação CE A CERTIF continuou a alargar o seu âmbito, enquanto Organismo Notificado, em solicitação de novos clientes que, podem assim obter o acesso à Marcação CE em Portugal. Nesta linha verificou-se a extensão para Sistemas de cofragem perdida para juntas de lajes betonadas in-situ e Kits para revestimentos de fachadas ventiladas com fixações mecânicas. Verificou-se a entrada de novos clientes no estrangeiro e a emissão de mais de 120 certificados durante o trimestre. DAP – Declaração Ambiental de Produto Foi concluído um processo relativo a Placas de revestimento de fachadas e de revestimento e pavimento interior em pedra natural. A CERTIF é a única entidade reconhecida pela Plataforma para a Construção Sustentável como organismo de certificação que, com a sua bolsa de verificadores, atua no âmbito do Sistema DAP Habitat.

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Parceiro de Confiança no seu Negócio CREDIBILIDADE - IMPARCIALIDADE - RIGOR reconhecidos na certificação de produtos e serviços e de sistemas de gestão Membro de vários Acordos de Reconhecimento Mútuo Presente em 20 países

Acreditada pelo IPAC como organismo de certificação de produtos (incluindo Regulamento dos Produtos de Construção), serviços e sistemas de gestão

R. José Afonso, 9 E – 2810-237 Almada – Portugal — Tel. 351.212 586 940 – Fax 351.212 586 959 – E-mail: mail@certif.pt – www.certif.pt


Calendário de eventos

VIETNAM Ceramics´20 (Tecnologia Cerâmica) Anual – Hanói (Vietnam) De 30 de Setembro a 1 de Outubro de 2020 vietnamceramicsexpo.com/

CEVISAMA’2021 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Valência (Espanha) De 8 a 12 de Fevereiro de 2021 cevisama.feriavalencia.com

NEOCON’ 2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa/Ladrilhos) Anual – Chicago (USA) De 14 a 16 de Junho de 2021 neocon.com/

IDF’20 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Porto (Portugal) De 08 a 11 de Outubro de 2020 idf.exponor.pt/fall/

SURFACE DESIGN SHOW’2021 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Londres (R.U.) De 9 a 11 de Fevereiro de 2021 surfacedesignshow.com/

INTERIOR LYFESTYLE CHINA’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Shangai (China) De 9 a 11 de Setembro de 2021 interior-lifestyle-china.hk.messefrankfurt.com

TEKTÓNICA´2020 (Materiais de Construção) Anual – Lisboa (Portugal) De 8 a 11 de Outubro de 2020 tektonica.fil.pt/

AMBIENTE’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Frankfurt (Alemanha) De 19 a 23 de Fevereiro de 2021 ambiente.messefrankfurt.com

BIG 5 SHOW´2021 (Materiais de Construção) Anual – Dubai (EAU) De 12 a 15 de Setembro de 2021 www.thebig5.ae/

THE NEW YORK TABLE TOP SHOW’2020 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Nova Iorque (USA) De 13 a 20 de Outubro de 2020 41madison.com/

ISH’2021 (Louças Sanitárias) Bienal – Frankfurt (Alemanha) De 22 a 26 de Março de 2021 ish.messefrankfurt.com/frankfurt/en.html

EQUIPOTEL’2020 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – São Paulo (Brasil) De 14 a 17 Setembro de 2021 equipotel.com.br/

INTERIOR LYFESTYLE LIVING’2020 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Tokyo (Japão) De 28 a 30 de Outubro de 2020 ifft-interiorlifestyle-living.jp.messefrankfurt.com/ tokyo

MOSBUILD 2021 (Materiais de Construção) Anual – Moscovo (Rússia) De 30 de Março a 2 de Abril de 2021 mosbuild.com

CERSAIE’2021 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Bolonha (Itália) De 27 de Setembro a 1 de Outubro de 2021 cersaie.it

EQUIPHOTEL’2020 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Paris (França) De 15 a 19 de Novembro de 2020 equiphotel.com/en/Home/

COVERINGS’2021 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Orlando (USA) De 13 a 16 de Abril de 2021 coverings.com/

100% DESIGN’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Londres (R.U.) De 22 a 25 de Setembro de 2021 100percentdesign.co.uk/

BAU’2021 (Materiais de Construção) Bienal – Munique (Alemanha) De 11 a 16 de Janeiro de 2021 bau-muenchen.com/en/

CERAMITEC’2021 (Tecnologia Cerâmica) Anual – Munique (Alemanha) De 17 a 20 de Maio de 2021 ceramitec.com

HOSTMILANO’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Milão (Itália) De 22 a 26 de Outubro de 2021 host.fieramilano.it/en

THE INTERNATIONAL SURFACE EVENT’2021 (Ladrilhos Cerâmicos) Anual – Las Vegas (USA) De 26 a 28 de Janeiro de 2021 Intlsurfaceevent.com

INDEX DUBAI2021 (Design/Tendências) Anual – Dubai (EAU) De 31 de Maio a 2 de Junho de 2021 indexexhibition.com

BATIMAT’2021 (Materiais de Construção) Boanual – Paris (França) De 15 a 19 de Novembro de 2021 batimat.com/

MAISON & OBJET’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Paris (França) De 22 a 26 de Janeiro de 2021 maison-objet.com

THE HOTEL SHOW’2021 (Cerâmica Utilitária e Decorativa) Anual – Dubai (EAU) De 31 de Maio a 2 de Junho de 2021 thehotelshow.com/

LONDON BUID ‘2020 (Materiais de Construção) Anual – Londres (UK) De 17 a 18 de Novembro de 2021 www.londonbuildexpo.com

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