Análise sinestésica e utilização decorativa de plantas ornamentais do cerrado em goiânia ARTIGO nº 1 | 2013 www.apublicada.com
Cristina Harumi S. MAESHIMA Graduanda em Design de Ambientes pela Universidade Federal de Goiás.
Fernanda Hirome S. MAESHIMA
Mestranda em Ecologia e Produção Sustentável pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. E-mail: cris.maeshima@gmail.com
Resumo
A relação natureza e homem são tratados pela análise sinestésica. Foram aplicados questionários a viveristas e clientes dos mesmos que permitiram clarificar esta relação e como estas plantas podem influenciar no ambiente. Assim, traçou-se o perfil dos clientes, quais plantas do cerrado são de conhecimento deste público, o pouco conhecimento do cuidado com as mesmas e como a presença das plantas no ambiente podem influenciar no estresse. Mostrando assim a necessidade do designer na aproximação e aprofundamento desta relação.
Palavras-chave
Sinestesia, decoração, cerrado.
Introdução Sinestesia é uma palavra de origem grega: “syn” (simultâneas) mais “aesthesis” (sensação). Significa “muitas sensações simultâneas”, sendo esta oposta de “anestesia”, ou “nenhuma sensação”. Sinestesia é conceitualmente definida como associações espontâneas que variam conforme os indivíduos. Entre sensações de natureza diferentes que, relacionadas, parecem sugerir umas às outras evocando o sentido. As representações que se fazem na mente são resultantes de múltiplos dados que sincronizam e se estocam, processando-se na memória, como estímulos em contaminação (DOMINGUES, 1998, p. 10).
De acordo com SEVILLA (2006, p. 301), a sinestesia é um fenômeno estável, de carácter perceptivo e unidirecional. Ocorre de maneira automática e, geralmente, produz memórias. É a estabilidade de percepções tem sido um dos pré-requisitos da sinestesia utilizados por alguns pesquisadores. Segundo essa autora, as percepções são automáticas, involuntárias e difíceis de suprimir, pois tal fato simplesmente acontece. São genéricas, pois quando uma palavra dá lugar a uma cor ou a um objeto, não se usa uma percepção elaborada. O mesmo ocorre quando se testa diferentes sabores e odores.
Segundo BASBUM (2003), estes múltiplos dados são o conjunto de sentidos constituindo um tecido único de sensações, inconcebível sem que suas naturezas, eventualmente distintas, possam ser comparadas umas às outras (pela razão), a fim de serem compreendidas. A partir desta compreensão busca-se ampliar, além dos estudos comparativos com som e cores existentes, mas enfocar na experimentação destas sensações com os seres vivos, como as plantas. Sendo que através destas podemos comprovar a sua importância que vai além da utilização medicamentosa, assim como os efeitos causados pela sua presença: desde a purificação do ar a alterações comportamentais dos indivíduos.
2
Muitos profissionais como médicos, arquiAPUBLI[CADA] ∙ ARTIGO ∙ Nº 1 ∙ 2013
tetos, biólogos e paisagistas direcionaram suas pesquisas para investigação dos efeitos que as plantas provocam no ser humano. Um bom exemplo é o Dr. Roger S. Ulrich, professor de Arquitetura da Universidade Texas A&M. Ele foi um dos primeiros a documentar cientificamente que a visão da natureza pode trazer benefícios importantes na recuperação do paciente e nos seus desfechos clínicos, segundo ULRICH (1995, p. 97-109). Os dados de sua pesquisa relacionam natureza e recuperação de pacientes.
Ter acesso a um espaço verde no ambiente hospitalar pode viabilizar a recuperação do senso de controle do paciente, entendido “como a capacidade de decidir o que fazer em diversas situações, ter espaço para sociabilizar com os amigos e parentes, distraindo-se da aura hospitalar e da realidade que se está vivendo”. Sérgio Simon, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, conta que seus pacientes solicitam atendimento ao ar livre, entre plantas, árvores e pássaros: “O jardim tem um efeito calmante e tranquilizante sobre eles, fazendo com que sintam menos alguns dos efeitos colaterais da quimioterapia, principalmente a náusea”. Simon diz que existem casos de pessoas que só conseguem receber a quimioterapia no jardim: “Nos dias de chuva, por exemplo, eles precisam ser atendidos dentro do ambulatório, mas apresentam muito mais enjoo, chegando até mesmo a vomitar” (ALMEIDA, 2012, p.1). Existem ainda muitos trabalhos acerca da influência das plantas no comportamento do ser humano, com resultados que indicam a redução de atos violentos até o aumento da atenção e da produtividade (MENEGATTI, 2011). Por fim, as plantas apresentam variadas propriedades que podem equilibrar um ambiente, assim como beneficiar com aspecto estético. Pois agregam um valor ao imóvel interno e externo, proporcionando ainda equilíbrio e tranquilidade que é trazer saúde e o mais importante: qualidade de vida. Assim, o espaço pode ser um grande contribuidor para essa conquista tão necessária nos dias atuais.
Plantas de diversos biomas são utiliza-das nessa busca por equilíbrio. Com as plantas do Cerrado não poderia ser diferente. Afinal este constitui um dos seis principais biomas brasileiros, segundo RIBEIRO & WALTER (1998, p. 89-168). No Cerrado, em condições naturais, as plantas nativas enfrentam um regime de chuvas marcado pela estacionalidade. Mas, estas podem ter suas características alteradas, principalmente no que se refere à frutificação, em razão da interferência em estímulos naturais, fa-tores de estresse como o frio e a escassez de água, que provocam a queda de folhas e induzem a floração. Com a irrigação as plantas podem produzir em épocas diferentes ou apresentar uma carga de frutos diferenciada, maior ou menor. Por, isso é necessário um tratamento adequado devido a esta estacionalidade (BITTENCOURT, 2006). Segundo BITTENCOURT (2006) cultivar frutíferas do Cerrado em quintais e jardins de imóveis urbanos e rurais é uma opção que vem ganhando adeptos fiéis. Essas plantas têm a vantagem de ser totalmente adaptadas às condições da região, são perenes e depois que atingem a fase adulta resistem ao longo período de estio sem a necessidade de irrigação. Embora haja quem ainda não reconheça o valor ornamental das espécies que compõe o bioma, muitos não abrem mão de manter amostras da rica variedade de árvores de troncos rugosos e tortuosos que caracterizam nossa flora nativa. Os frutos, dos mais variados sabores, podem ser consumidos in-natura ou processados de diversas formas e são, com toda a certeza, a melhor maneira de atrair pássaros e favorecer a qualidade do ambiente que se quer ornamentar.
3
Apesar do elevado potencial ornamental de várias espécies de plantas nativas no Cerrado, a utilização ainda é restrita e, muitas vezes, essencialmente extrativista. Estas características podem conduzir as espécies que são utilizadas, para a exploração desordenada, como no caso de espécies das famílias Xyridaceae e Eriocaulaceae e, também, constituir um aproveitamento restrito de recursos naturais com elevado potencial de geração APUBLI[CADA] ∙ ARTIGO ∙ Nº 1 ∙ 2013
de renda para comunidades rurais. A utilização de espécies de plantas ornamentais nativas do Cerrado pode constituir uma alternativa futura de renda, principalmente para pequenos e médios agricultores, considerando principalmente que não há necessidade de plantio em grandes áreas para viabilizar a inserção no mercado. Além disso, a utilização racional de espécies de plantas nativas pode ser um mecanismo eficiente para valorizar e conservar a biodiversidade (EMBRAPA, 2012, p.1).
Cultivar frutíferas nativas é uma maneira de preservar a flora e manter viva a tradição regional, com o privilégio de degustar seus frutos e contemplar a qualquer momento alguns exemplares do patrimônio vegetal que beira o risco de extinção. Quando se mudou para um condomínio fechado em Goiânia, o professor universitário Ildeu Moreira Coelho preocupou-se em adquirir uma área maior, de pouco mais de 3 mil metros quadrados, para cultivar frutíferas. Entre elas, alguns exemplares da flora do Cerrado. O plantio de alguns pés de mangaba, uma antiga paixão, possibilitou o resgate de sensações e lembranças do tempo da infância (BITTENCOURT, 2006).
Estas plantas tem importância variada atingindo a ecologia com a preservação do meio e ao mesmo tempo associa-se com ocupação do espaço urbano em que vivemos. A perda da cobertura vegetal tem provocado outros problemas com assoreamento de rios e posteriormente a vegetação, assim como a degradação do meio. Portanto, devemos atentar para a preservação da mesma utilizando do cultivo de diferentes espécies. Além de também auxiliar na valorização do ambiente esteticamente e sinestesicamente. E possuir um valor econômico, já que o Brasil tem crescido no mercado de comercialização com plantas, que vão desde a produção de flores até as plantas ornamentais (JUNQUEIRA & PEETZ, 2008, p. 37-52). Torna-se interessante também pelo aspecto medicinal e até farmacológico. Além de ampliar a visão sustentável e os cuidados com a preservação do meio ambiente. Por isso é tão interessante e necessário cuidarmos não só a parte sinestésica, mas atentarmos
Figura. 01 Faixa etária dos clientes de viveiros de plantas ornamentais de Goiânia, GO
as necessidades do padrão de vida moderno.
Segundo COUTINHO (2012, p. 1) ao longo do tempo, com a evolução natural da sociedade e o desenvolvimento dos grandes centros urbanos a configuração das famílias foi lentamente se modificando, fato notado especialmente por aquelas que moram nas zonas urbanas. No modelo de família contemporânea homens e mulheres estudam e trabalham, quando ainda não acumulam outras atividades, e assim como os homens as mulheres passam grande parte do seu dia fora de casa, cumprindo longas jornadas, de forma que quando retornam as suas casas, normalmente não tem energia para se dedicar a outras tarefas como cuidar de uma horta, e o habito saudável de cultivar seus próprios alimentos foi abandonado quase que completamente.
É uma importante atividade capaz de aliviar o estresse acumulado no dia a dia e traz benefícios emocionais hortoterapia é uma atividade recomendada por muitos médicos e terapeutas para seus pacientes, servindo como válvula de escape das pressões cotidianas e produzindo muitos efeitos positivos na saúde dos pacientes
4
Segundo SOUZA (2009, p. 75), por pesquisas o estresse é um dos fatores que afetam a saúde, podendo ate chegar ser um fator degenerativo, exigindo APUBLI[CADA] ∙ ARTIGO ∙ Nº 1 ∙ 2013
tratamento especial. Assim as pessoas têm buscado adotar medidas que possam trazer o conforto que o ambiente pode nos proporcionar associado á busca de plantas para este objetivo, como a utilização da hortoterapia.
A hortoterapia ou jardim terapia é uma prática muito antiga que já era utilizada por nossos antepassados com o único diferencial que naquela época não era considerada como uma terapia, mas sim como uma ocupação normal, manter e cuidar de uma horta fazia parte do cotidiano de quase todas as famílias. Atualmente por diversos motivos são muito poucas as famílias que cultivam seus próprios alimentos ou cuidam de uma horta, perdendo oportunidade de cuidar da saúde física e mental (COUTINHO, 2012, p. 1). Segundo BARNES & MARCUS (1999, p. 611) a hortoterapia, tem auxiliado no beneficio da saúde, técnica combina cultura de plantas e jardinagem ativa e passiva (contemplação ou “jardim-reflexo”). É considerada eficaz como coadjuvante das terapias convencionais contra o estresse e outros como nos casos de dependência química ou alimentar, fisioterapias, doenças mentais, no tratamento de idosos e doentes senis, bem como entre crianças com necessidades especiais ou não. Assim, esta relação planta e ambiente auxilia a entender e ate encontrar meios que nos
Figura. 02 Espécies nativas do Cerrado comercializadas em viveiros de Goiânia, GO.
5
proporcionem preservar a natureza e usufruir de suas riquezas de maneira sustentável e saudável.
Médica e consultora especializada em Healing Gardens (Jardins da cura) da Faculdade de Agronomia e Farmácia da Universidade de Estudos de Milão, autora do livro II giardino che cura (“O jardim que cura”, Ed. Giunti, sem tradução para o português), Cristina Borghi conta que a terapia nasceu antes que a psiquiatria se tornasse uma ciência. Entre os séculos XVIII e XIX, observou-se que pacientes psiquiátricos melhoravam quando se envolviam em atividades de jardinagem em sentido amplo (cortar lenha, preparar o fogo, carpir ou realizar atividades domésticas). O contrário, ou seja, se manter inativo, piorava a saúde física e mental dos doentes. A partir daí, a hortoterapia passou a ser uma alternativa útil que faz do paciente um protagonista do próprio restabelecimento. É que a terapia funciona colocando em movimento três mecanismos distintos: a interação com as plantas, a ação e a reação (ALMEIDA, 2012, p.1). Segundo ALMEIDA (2012, p. 1) a capacidade de interagir é fundamental para pessoas que sofrem com depressão, APUBLI[CADA] ∙ ARTIGO ∙ Nº 1 ∙ 2013
ansiedade, autismo e demência. A terapia também atenua sintomas como a pouca resistência ao estresse, falta de autoestima e vitimismo, completa. O segundo mecanismo, a ação, mantém o doente ocupado, distraindo-o, dando-lhe segurança, e é um ótimo substituto do trabalho. Favorece a concentração, sendo também um satisfatório processo criativo. O terceiro e último mecanismo, a reação, constitui um elemento de ligação entre o paciente e o jardim, que se estabelece a partir da resposta emotiva que uma paisagem ou uma flor suscitam. Esse mecanismo alcança o inconsciente porque somos psicologicamente dependentes das plantas, já que elas possuem uma estabilidade dinâmica que opera por meio da mudança.
Metodologia Inicialmente, realizou-se o embasamento teórico por meio de sites, revistas, artigos científicos e livros da área. Além disso, foi feito o levantamento das principais espécies de plantas nativas do Cerrado utilizadas em Goiânia para a decoração de eventos e ambientes, por meio da aplicação de um questionário oral sem gravação
Figura. 03 Principais espécies nativas do Cerrado mais encontradas em viveiros de Goiânia, GO.
e com a anotação dos entrevistados como questionário em tabela (Apêndice 1) a viveristas. Por meio deste, foram obtidas informações sobre a composição e a harmonização destas espécies. Para se conhecer sobre sinestesia e funcionalidade destas plantas no meio, clientes destes profissionais viveristas foram arguidos por meio de outro questionário (Apêndice 2). Estes questionários foram aplicados a 10 profissionais proprietários de viveiros, e a 20 de seus clientes. Os viveiros foram escolhidos aleatoriamente, localizados no município de Goiânia, GO.
6
Levantaram-se os dados para a pesquisa quantitativa por meio de questionários, levando-se em consideração que não basta apenas a coleta de respostas sobre questões de interesse, por isso baseie em analise estatística do programa Excel 2010, para a validação dos resultados. Partindo da análise estatística, esta pesquisa auxilia o pesquisador que desconhecem os princípios básicos a serem cumpridos, os dados necessários para seu embasamento. Levando-se em consideração aspectos como tamanho da amostra, tipo de questionário elaborado, as questões levantadas, a forma de análise dos dados, APUBLI[CADA] ∙ ARTIGO ∙ Nº 1 ∙ 2013
como relacionar o questionário com os dados obtidos, a seleção de indivíduos que devem ter na amostragem, entre outros fatores que devem ser levados em consideração nesta e em outras pesquisas. (MANZATO & SANTOS, 2012, p. 1).
Discussão De acordo com os dados levantados, podese traçar o perfil dos clientes (Figura 1) que frequentam os viveiros avaliados na cidade de Goiânia, GO, sendo a maioria de homens com mais de 30 anos, seguidos por mulheres de 18 a 30 anos. Isto indica um público relativamente jovem e, curiosamente bem informado sobre as espécies de plantas ornamentais nativas do Cerrado. A Figura 2 apresenta as espécies nativas do Cerrado usualmente comercializadas neste viveiros, em um total de 38 espécies. Dentre estas, dez se destacam como principais, sendo, em ordem decrescente, o ipê amarelo, ipê roxo, ipê rosa e branco, pequizeiro, mangabeira e, por último, o muricizeiro, aroeira, baruzeiro e cagaiteira (Figura 3).
Figura. 04 Espécies nativas do Cerrado procuradas por clientes de viveiros de Goiânia, GO.
A Figura 4 mostra as espécies nativas do Cerrado procuradas pelos clientes, em um total de 28 espécies, destacando-se as dez principais (Figura 5): ipê roxo, ipê rosa e branco, ipê amarelo, pequizeiro, jacarandá mimoso, quaresmeira, buriti e cagaiteira e, por último, o cajuzinho do Cerrado.
Comparando-se as espécies mais encontradas nos viveiros (Figura 3) com as mais procuradas pelos clientes (Figura 5), percebe-se, dentre as espécies comercializadas pelos viveiros, o araticum, guariroba, imburana, jenipapo, lanterneiro e pau ferro não foram citadas pelos clientes, talvez por desconhecimento ou pela menor aceitação.
7
Por outro lado, algumas espécies, como aroeira, bromélias, aroeira mole, jacarandá mimoso, pau formiga, pau papel, quaresmeira e rosa do cerrado, apesar de serem procuradas pelos clientes, não são comercializadas pelos viveiros. Isto demostra que as espécies produzidas pelos viveiros estão atendendo em parte a APUBLI[CADA] ∙ ARTIGO ∙ Nº 1 ∙ 2013
procura, aceitação e demanda dos clientes. E que os clientes, por não encontrarem as espécies procuradas, provavelmente se decidem por outras, nativas do Cerrado ou exóticas. Contudo, sabe-se da importância, inclusive ambiental, do uso de espécies nativas do Cerrado nos ambientes, por estarem, inclusive, mais adaptadas às condições ambientais locais. Observou-se que a maioria é de espécies arbóreas e de uso em ambiente externo, para jardins de residências, chácaras e/ ou fazendas. É interessante notar, pela resposta dos clientes e viveiristas, a crescente busca destas plantas para reflorestamento, além da conscientização dos clientes sobre a conservação das diferentes espécies.
Nota-se que a maioria dos viveiristas concorda em dizer que as plantas nativas do Cerrado por eles comercializadas não auxilia na redução do estresse; diferentemente da opinião dos clientes, já que a maioria destes acredita que sim,
Figura. 05 Espécies nativas do Cerrado mais procuradas pelos clientes.
que o estresse pode ser reduzido pela presença de tais plantas no ambiente (Figura 6). Portanto, é interessante perceber como estas plantas afetam os seres humanos, valendo ressaltar o seu uso para o tratamento de estresse. Como nos estudos de Ulrich (1995), ao ressaltar estudos correlacionados à importância das interações do homem com as plantas, o que auxiliaria no tratamento de pacientes sobre estresse até com doenças mentais.
De acordo com os resultados, o viveirista acredita que o cliente adquira as plantas nativas do Cerrado, primeiramente, pela beleza, item citado para 63,15% das espécies, seguida por outros motivos (52,63%), pelo uso condimentar (23,68%) e medicinal (21,05%). Do total das 38 espécies citadas, 42,10% poderiam ser adquiridas em função de mais de um destes motivos (Figura 7).
Já, para o cliente, do total de 28 espécies, 67,85% seriam adquiridas por outros motivos, além da beleza (64,28%) ou uso condimentar (17,85%). Deste total, 42,85% poderiam ser adquiridas em função de mais de um destes motivos (Figura 8).
8
Dentre os outros motivos citados pelos clientes, pode-se mencionar a utilização da madeira para fabricação de mobiliários, a refrigeração do ar por meio da utilização da sombra e o reflorestamento como APUBLI[CADA] ∙ ARTIGO ∙ Nº 1 ∙ 2013
principais. Em termos de uso como medicinal, cita-se a utilização de variadas espécies, como o articum e o pau óleo, entre outras. Já, o condimentar vem como o último motivo, voltado para sucos, doces, geléias e compotas.
Os dados coletados sobre as principais dúvidas dos clientes (Figura 9) a respeito dos cuidados com as plantas serviram para indicar que uma minoria conhece sobre os principais cuidados, e a maioria necessita do auxilio de viveiristas e ou/ profissionais, como paisagistas e designeres.
Considerações Finais
As plantas têm uma gama de funções experienciadas no presente trabalho, tais como utilização para mobiliários, uso comestível e até de reflorestamento, ressaltando o aspecto de importância ecológica. Com a análise sinestésica se permitiu observar a interação entre as pessoas e as plantas, dado que os clientes possuíam certo conhecimento sobre as plantas ornamentais do Cerrado. Porém, a maioria não possuía conhecimento sobre os principais cuidados com as mesmas, necessitando da ajuda de profissional capacitado. Apesar de os viveristas possuírem muitas espécies arbóreas do Cerrado, faltam lhe espécies adaptadas para vasos menores e/ou potes, o que
Figura. 06 Percentual de viveiristas e de clientes que acreditam no potencial das plantas nativas do Cerrado em atuar na redução do estresse.
Figura. 07 Expectativa de aquisição de espécies nativas do Cerrado por clientes de viveiros de plantas ornamentais em Goiânia, GO.
Figura. 08 Razão de aquisição da espécie nativa do Cerrado por clientes de viveiros de plantas ornamentais em Goiânia, GO.
9
APUBLI[CADA] ∙ ARTIGO ∙ Nº 1 ∙ 2013
Figura. 09 Aspectos a serem esclarecidos pelos viveristas para uso das plantas nativas do Cerrado, de acordo com seus clientes, em Goiânia, GO.
tornaria possível seu uso em ambientes internos e, com isso, ter maior propagação na utilização de plantas do Cerrado.
Não foi possível, com os clientes, a verificação da composição e harmonização, pois as respostas apenas se direcionaram para a análise sinestésica com a comprovação por parte destes da necessidade de plantas ornamentais para a redução do estresse. Logo, há necessidade de novos estudos para uma visão mais ampla sobre a harmonização. A satisfação de conhecer as percepções, satisfazer essas expetativas e levar as opiniões dos indivíduos está conectadas com o objeto de estudo. Seja qual for à área de estudo tais como: Biologia, Marketing, Psicologia, etc, são algumas das áreas que utilizam desta técnica para levantar dados junto ao segmento de interesse. Seja para investigar fatores associados a uma doença ou para uma análise sensorial ou as várias maneiras de encontrar análise de dados.
10
Assim, este trabalho permitiu a verificação da necessidade da análise sinestésica através do Design. Este trabalho não dita se o objeto de estudo está absolutamente APUBLI[CADA] ∙ ARTIGO ∙ Nº 1 ∙ 2013
correto, porém ajuda a direcionar como executar o projeto desde a escolha do objeto a ser estudado, a esclarecimentos do processo e a chegar a necessidade de mais estudos sobre o assunto. Além de demostrar como é variado esta área de conhecimento que engloba o Paisagismo, Biologia e, é claro, o Design, ampliando assim, para mais trabalhos no futuro.
Anexos Apêndice 1. Questionário aplicado a proprietários de viveiros de plantas ornamentais de Goiânia, GO.
Obs: Não transcrevi todo o conteúdo das entrevistas. Caso aja necessidade a pesquisa de campo esta disponível em forma de questionários para consulta.
Apêndice 2. Questionário aplicado a clientes de viveiristas do entorno de Goiânia, GO.
11
APUBLI[CADA] ∙ ARTIGO ∙ Nº 1 ∙ 2013
Bibliografia ALMEIDA, Cristina. Jardim é terapia. Revista Viva Saúde. Edição 113. 2012. p.1.
BARNES, Marni; MARCUS, Clare Cooper Healing gardens: therapeutic benefits and design recommendations. Canada: Wiley Series in Healthcare and Senior living Design. 1999. 611 p. BASBUM, Sérgio. Sinestesia e percepção digital. Toronto, 2003. Palestra promovida pelo SUBTLE TECHNOLOGIES FESTIVAL em mai. 2003. BITTENCOURT, Evandro. O Cerrado em casa: Frutíferas nativas são opções para o quintal e o jardim. 2006. Disponivel em: <http://www.altiplano.com.br/0702arvorequintal. html> . Acesso ás 21: 03 de 21 de setembro de 2012.
COUTINHO, Flávio. Hortoterapia para a Saúde Física e Mental. 2012. Disponivel em: < http://meioambiente.culturamix.com/natureza/hortoterapia-para-a-saude-fisica-emental >. Acesso em: 20 de setembro de 2012.
DOMINGUES, Diana. As instalações multimídia como espaços de dados em sinestesia. In: FECHINE, Y.; OLIVEIRA, A. C. de (Orgs.). Imagens Técnicas. São Paulo: Hacker Editores, 1998.
EMBRAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. PA5 - Conservação e Propagação de Plantas Nativas do Cerrado com Potencial Ornamental. 2012. Disponível em: http:// plataformarg.cenargen.embrapa.br/rede-vegetal/projetos-componentes/pc8/planosde-acao/pa5-conservacao-e-propagacao-de-plantas-nativas-do-cerrado-com-potencialornamental . Acesso em: 21 de setembro de 2012. MANZATO, Antônio José; SANTOS, Adriana Barbosa. Elaboração de questionários na pesquisa quantitativa. Disponível em:<http://www.dcce.ibilce.unesp.br/~adriana/ ensino/quest.doc. Acessado ás 20:15 de 21 de setembro de 2012.p1.
MENEGATTI, Arlete. A importância das plantas na decoração. 2011. Disponível em: <http//:www.medicinadoambiente.com.br/artigos/52-plantas-auxiliam-narecuperacao-dos pacientes>. Acesso em: 10 abr. 2012. JUNQUEIRA, Antônio Hélio; PEETZ, Marcia da Silva. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental. v. 14, n. 1, 2008. p. 37 – 52. RIBEIRO, J. F.; WALTER, B. M. T. Fitofisionomias do Bioma Cerrado. In: Sano, S. M.; Almeida, S. P. Cerrado: ambiente e flora. Planaltina, Embrapa/CPAC, 1998. 89-168 p.
SEVILLA, Alicia Callejas. Sinestesia y emociones. Reacciones afectivas ante la percepción de estímulos sinestesicamente incongruentes. Tese de Doutorado. Departamento de Psicologia Experimental e Fisiologia do Comportamento da Universidade de Granada, Espanha. 2006.304p. SOUZA, E. F. A. Estresse ocupacional no trabalho em uma empresa gestora em planos de saúde. 2009. 75 p. Trabalho de conclusão de curso – Administração, Fauldade JK Gama, Brasília, 2009.
12
ULRICH, R. S. Effects of health facility interior design on wellness: theory and scientific research. Journal of Health Care Design, v. 3, 1991. p. 97-109. Reprinted in S. O. Marberry. ed. Innovations in Healthcare Design. 88-104 p. New York: Van Nostrand Reinhold, 1995. APUBLI[CADA] ∙ ARTIGO ∙ Nº 1 ∙ 2013