EDIÇÃO
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REVISTA
SETEMBRO/OUTUBRO
ISSN 2525-3379
WERNER JOST: Artigo: Perifíton, opção de alimento complementar na aquicultura - Parte II
MAR/ABR 2018
aquaculturebrasil.com
2018
Camanor rumo a 15 mil/ton ano em 50 hectares
Coluna: Conexão Tailândia, presente e futuro!
Defendeu: Inácio Alves Neto, Pós-Graduação em Aquicultura - FURG
Eles fazem a diferença: Rodrigo Carvalho
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Eleição presidencial e Copa do Mundo ocorrem a cada quatro anos. Importante frisar este ponto inicial, uma vez que os brasileiros não se esquecem nem por um segundo desta periodicidade quadrienal, ao menos tratando-se de Copa do Mundo. Nós da Aquaculture Brasil trabalhamos 24 h diárias com mídias sociais, aliás, desde 1º de janeiro de 2016. A Aquaculture Brasil nasceu no Facebook e hoje se populariza ainda mais no Instagram e em outros portais e mídias sociais. Impactamos 5 milhões de pessoas anualmente! Apesar de termos uma boa afinidade com o meio digital, jamais poderíamos imaginar a força das redes sociais nas eleições de 2018. Uma pena que o efeito avassalador destas mídias sociais não elegeu o melhor projeto, a menos a nível nacional. Pôde-se perceber, de forma online, a “polarização” também em nosso setor aquícola! Boa parte dos empresários apoiando em massa o candidato da direita, enquanto professores e estudantes lutando por candidatos de centro-esquerda, ou esquerda. Quem está com a razão, empregadores, formadores de recursos humanos, ou estudantes que representam o nosso futuro? Que dilema! E o que esperar para a aquicultura? A Associação Brasileira de Piscicultura, no dia seguinte a definição do novo Presidente do Brasil, lançou uma nota oficial (publicada em 29/out/18), indicando que “a mais importante demanda da PEIXE BR e de toda a cadeia da produção de peixes de cultivo é o retorno da atividade ao âmbito do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), destino tido como natural para abrigar a Aquicultura, uma vez que lá já estão as indústrias de insumos (genética, sanidade e nutrição), além da promoção da produção no exterior”. Segundo Itamar Rocha, principal liderança da carcinicultura marinha brasileira, “Quem defende essa heresia não tem noção das perspectivas do setor aquícola/carcinícola e da pesca industrial do Brasil. Voltar ao MAPA seria retroceder”. Definitivamente o ano de 2019 será de substanciais mudanças políticas e consequentemente, econômicas e sociais em nosso País. Que venham dias melhores! Contudo, até lá muita água ainda vai rolar... Enquanto 2018 está aí, vamos curtir a FENACAM 2018 – Feira Nacional do Camarão, que ocorre entre os dias 13 a 16 de novembro em Natal (RN), e também a 3ª Feira Nacional de Peixes Nativos de Água Doce, nos dias 13 e 14 de novembro, em Cuiabá (MT). Aliás, falando nisso, acompanhe estes eventos com exclusividade em nossas mídias sociais. Dilemas a parte, quem sabe um dia as páginas, perfis e canais que falem sobre aquicultura também tenham milhões de seguidores (como a de vários políticos eleitos em 2018), e que sejam da Aquaculture Brasil e de seus parceiros, colaboradores e amigos! Estamos trabalhando com afinco para isto acontecer! Ótima leitura!
Giovanni Lemos de Mello, Editor chefe.
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SUMÁRIO AQUACULTURE BRASIL - edição 14 set/out 2018
08 FOTO DO LEITOR 10 PRODUÇÃO DE MACROBRACHIUM ROSENBERGII EM SISTEMA DE BIOFLOCOS 14 PERIFÍTON: UMA OPÇÃO DE ALIMENTO COMPLEMENTAR NA AQUICULTURA - PARTE II
»» p.10
20 FILTROS BIOLÓGICOS PARA SISTEMAS DE RECIRCULAÇÃO AQUÍCOLA (RAS) 26 FITASE LÍQUIDA COMO FERRAMENTA DE DESEMPENHO E SUSTENTABILIDADE NA CRIAÇÃO DE TILÁPIAS 32 REPRODUÇÃO DO MOLUSCO DE AREIA MESODESMA MACTROIDES (REEVE, 1854) EM LABORATÓRIO »» p.20
»» p.14
38 GAROUPAS AO MAR: CONSERVAÇÃO, CROWDFUNDING E PROGRAMA DE RECOMPENSAS PARA OS APOIADORES DO PROJETO 44 INVE DO BRASIL EM AÇÃO: UMA VISITA AO NOSSO CLIENTE AMBAR AMARAL 48 COOPERATIVA DE PESCA E AQUICULTURA DE GOIÁS (COOPAQ) – PARTE IV 52 ARTIGOS PARA CURTIR E COMPARTILHAR 53 CHARGES
»» p.26
»» p.32
6
»» p.74 »» p.76
54 BIOTECNOLOGIA DE ALGAS 56 ATUALIDADES E TENDÊNCIAS NA AQUICULTURA 57 NUTRIÇÃO 58 GENÉTICA »» p.38
60 GREEN TECHNOLOGIES 62 VISÃO AQUÍCOLA 64 RANICULTURA 65 RECIRCULATING AQUACULTURE SYSTEMS 66 EMPREENDEDORISMO AQUÍCOLA 68 AQUICULTURA DE PRECISÃO
»» p.44
70 SANIDADE 71 PISCICULTURA MARINHA 72 TECNOLOGIA DO PESCADO 74 DEFENDEU 76 ENTREVISTA - WERNER JOST 80 ELES FAZEM A DIFERENÇA
»» p.80
82 DESPESCOU
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Equipe do Projeto Camarão - FURG, finalizando a despesca (Rio Grande, RS) Missileny Xavier
SET/OUT 2018
Exemplar de camarão da Fazenda AquaFer (Rio Tinto, PB) Fernando G. de Souza Filho
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Sementes de ostra Crassostrea gigas prontas para iniciar a engorda (Florianópolis, SC) Eduardo da Luz
Coleta de material biológico para extração de DNA em Hypostomus affinis (Alegre, ES) Allan Emilio Piedade
SET/OUT 2018
Aula prática: defumação de pescado - UFGD (Dourados, MS) Heloisa Herrig
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Envie suas fotos mostrando a aquicultura no seu dia a dia e participe desta seção.
redacao@aquaculturebrasil.com 9
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©Citron / CC-BY-SA-3.0
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Produção de
Macrobrachium rosenbergii
em sistema de bioflocos
Quando comparada com a carcinicultura marinha, o cultivo de camarões de água doce pode ser considerado menos impactante ao meio ambiente. Contudo, essa atividade ainda causa preocupações com a descarga de efluentes em corpos d’agua naturais e com o possível escape de espécies produzidas para o ambiente, principalmente quando essas espécies são exóticas ao ecossistema natural (Valenti et al., 2010).
Shayene Agatha Marzarotto Paulo César Abreu Eduardo Luis. C. Ballester* Laboratório de Carcinicultura Universidade Federal do Paraná – UFPR Palotina, PR *elcballester@ufpr.br
Para permitir o sucesso na produção de espécies dulcícolas nestes sistemas há necessidade de preencher lacunas na informação desta modalidade de criação.
Atualmente têm sido desenvolvidos sistemas fechados de criação, chamados de sistema de bioflocos (BFT), que previnem escapes de organismos e estimulam a ciclagem dos nutrientes na própria água do cultivo. Para permitir o sucesso na produção de espécies dulcícolas nestes sistemas há necessidade de preencher lacunas na informação desta modalidade de criação. Sendo assim uma série de trabalhos foi realizado para determinar algumas das principais condições de cultivo.
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SET/OUT 2018
Claudia Caramelo Brazão Rafael Ortiz Kracizy Fabrício Martins Dutra Ademir Heldt Leandro Maurente Amábile Frozza Cecília Silva de Castro
Avaliação de diferentes densidades
O primeiro passo foi determinar qual a densidade de animais adequada para realização do cultivo. No trabalho desenvolvido por Negrini et al., (2018), foi avaliado o efeito da densidade de estocagem no desempenho zootécnico de juvenis do camarão de água doce Macrobrachium rosenbergii, a principal espécie de camarão de água doce cultivada mundialmente. O trabalho foi desenvolvido em um sistema superintensivo com bioflocos. Os autores utilizaram tanques experimentais (microcosmos) com área de 0,20 m². Os tanques foram conectados a dois tanques de matriz de 300 L (macrocosmo) com tecnologia de bioflocos, usados como unidades de recirculação (Figura 1).
Figura 1. Esquema ilustrativo do sistema experimental.
Retorno da água Distribuição de água Tanque receptor Tanque distribuidor
Lâmpadas fluorescentes
Lâmpadas halógenas
Unidades experimentais
R
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B
D A
A
A
B
Juvenis de M. rosenbergii, com peso inicial de 0,315 ± 0,06 g (média ± desvio padrão) e comprimento inicial de 33,34 ± 2,26 mm, foram distribuídos aleatoriamente nos tanques em diferentes densidades de estocagem (50, 100, 150, 200 e 250 ind.m-2), em um período de 60 dias. A biomassa total ao final do experimento foi significativamente maior (p<0,05) com o uso de maior densidade populacional (250 ind.m-2). No entanto, camarões estocados na densidade de 50 ind.m-2 apresentaram sobrevivência significativamente maior (p<0,05) (73%) e valores significativamente menores (p<0,05) para conversão alimentar (1,28). As diferentes densidades populacionais avaliadas não afetaram o peso e o comprimento final dos camarões. A densidade recomendada para a criação de M. rosenbergii no sistema de bioflocos é de 50 ind.m-2.
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Aspectos nutricionais em bioflocos
O fornecimento de alimento é tão importante quando a densidade, podendo ser fator limitante. Neste contexto Ballester et al. (2018) avaliaram o efeito da suplementação vitamínica e de minerais em dietas para M. rosenbergii criados no sistema de bioflocos. Quatro dietas experimentais foram avaliadas: Dieta completa (Dieta 1 com suplementação vitamínica e mineral); Dieta sem suplemento vitamínico (Dieta 2); Dieta sem suplemento mineral (Dieta 3); Dieta sem suplemento vitamínico e mineral (Dieta 4). Após 45 dias de testes, as taxas de sobrevivência foram superiores a 90% e conversão alimentar de aproximadamente 1,8 foi observada para todos os tratamentos, indicando que a produção de M. rosenbergii no sistema de bioflocos não requer a inclusão de suplementos vitamínicos e minerais na ração.
Utilização de probióticos
Em outro estudo com a utilização de probióticos, proposto por Frozza (2017), avaliou-se o uso de probiótico contendo as espécies Bacillus subtilis e Bacillus licheniformis na criação de juvenis de M. rosenbergii em sistema de bioflocos, durante 40 dias. Os juvenis (0,12 ± 0,32 g) foram estocados em 16 unidades experimentais com área de 0,20 m2, volume útil de 50L, e densidade equivalente de 150 ind.m2. Foram avaliados quatro tratamentos: Controle (sem adição de probiótico); Tratamento com probióticos 1 concentração de 1,08.105 UFC.g -1; Tratamento com probióticos II 2,17.105 UFC.g -1;
(TPI) na (TP2) com
Tratamento com probióticos III (TP3) com 3,25.105 UFC.g -1; Nos tratamentos com probiótico a adição foi realizada diariamente nos tanques de cultivo, contendo 4 repetições por tratamento. Foram realizadas análises microbiológicas nos dias 0, 20 e 40 do estudo, para avaliação quantitativa de bactérias probióticas na água de criação e no hepatopâncreas dos camarões.
Os resultados indicaram maior presença de B. subtilis no hepatopâncreas e de B. licheniformis na água, sendo as espécies diferenciadas pela morfologia das colônias e confirmadas pela técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), utilizando primers específicos. Os resultados demonstrados, indicam que concentrações a partir de 1,08.105 UFC.g -1 (TP1) contribuem para a melhor sobrevivência de M. rosenbergii em sistema de bioflocos.
RAS x BFT
Ballester et al. (2017) também realizaram um compativo entre dois sistemas de criação para M. rosenbergii, sendo um com uso de sistema de recirculação de água com biofiltro (RAS) e outro com uso de flocos microbianos (BFT). No estudo pós-larvas de camarões com peso médio inicial de 0,13 ± 0,05 g foram acondicionadas aleatoriamente em seis unidades experimentais com 0,20 m² e volume de 50 L por trinta dias.
O oxigênio dissolvido, temperatura e pH foram monitorados diariamente; a concentração de amônia foi determinada três vezes por semana; concentração de nitrito, alcalinidade e dureza foram medidas semanalmente. Para a formação de floco microbiano, o melaço foi usado para manter as concentrações de amônia em níveis seguros para a criação de camarão. As variáveis de qualidade da água permaneceram dentro do intervalo adequado para a produção da espécie. Ao final do experimento, foram avaliados sobrevivência, taxa de crescimento específico, ganho de peso e taxa de conversão alimentar. Diferenças foram encontradas apenas na taxa de conversão alimentar com melhores valores no tratamento de RAS (1,82:1) em relação ao tratamento BFT (2,25:1). Os microrganismos presentes nos tratamentos RAS e BFT também foram avaliados. As densidades de rotíferos, amebas e bactérias totais foram maiores no tratamento BFT, embora os mesmos organismos tenham sido encontrados no tratamento de RAS (Figura 2).
Figura 2. Microrganismos fotografados em microscópio invertido, com o uso de câmara de Utermöhl proveniente das amostras do experimento em ambos os tratamentos . A) Ciliado Vorticella sp.; B) Ciliado Acineta sp.; C) Thecamoebena sp. e D) Rotifero. A
B
10 µm
10 µm
D SET/OUT 2018
C
10 µm
10 µm
Conclusão
Os resultados dos experimentos com a produção de M. rosenbergii em sistema BFT demonstram a possibilidade de produzir estes camarões no sistema superintensivo com bioflocos, entretanto, apontam que as densidades de cultivo não podem ser tão altas quanto àquelas usadas para camarões marinhos. A supressão de suplementos vitamínicos e minerais nas rações pode ser realizada e a utilização de probióticos é benéfica para o cultivo. Entretanto, são necessárias avaliações econômicas criteriosas para determinar a viabilidade deste tipo de cultivo.
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© William Mebane
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Perifíton: uma opção de alimento complementar na aquicultura - Parte II Centro de Aquicultura da UNESP - CAUNESP Universidade Estadual Paulista (UNESP) Jaboticabal, SP *roberta.biologa10@gmail.com
A
pós conhecer os conceitos e as aplicações gerais do perifíton, descritos na Parte I dessa série de artigos, nesta segunda parte serão apresentados dados e informações específicas sobre o uso de diferentes tipos e informações específicas sobre o uso de diferentes tipos de substratos. Além
Daiane Mompean Romera Instituto Agronômico de Campinas - APTA
Fabiana Garcia Centro de Aquicultura da UNESP - CAUNESP Universidade Estadual Paulista (UNESP) Instituto de Pesca Centro do Pescado Continental - APTA
disso, como forma de compreender a dinâmica dos microrganismos que compõem o perifíton, serão expostas informações sobre a sua composição taxonômica e nutricional, e como o perifíton pode beneficiar os organismos cultivados.
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Roberta Almeida Rodrigues* Denis William Johansem de Campos Luiz Henrique Castro David
Os diferentes tipos de substratos
Figura 1. Relação entre produção e superfície do substrato contendo
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Produtividade (Kg/ha)
O perifíton coloniza estruturas rígidas presentes perifíton (Adaptado de Azim et al., 2004). na coluna d’água, denominadas de substratos. Essas estruturas são adicionadas como forma de 1500 aumentar a área superficial de contato e potencializar a disponibilidade de perifíton dentro do sistema 1250 de produção. Azim et al., (2004) mostra que a 1000 produtividade aumenta, proporcionalmente, à medida que mais substrato é adicionado no sistema (Figura 1). 750 Em trabalhos realizados pelo nosso grupo de pesquisa, 500 a adição de 50% de área de substrato de bambu em 250 tanques-rede e viveiros escavados tem mostrado ótimos resultados, principalmente em relação a diminuição da 0 conversão alimentar e do tempo de cultivo. 0 25 50 75 100 Superfície do substrato (% área do viveiro) Existem inúmeros tipos de materiais que podem ser utilizados como substrato e a sua escolha é muito importante, pois isso irá interferir na composição taxonômica da comunidade perifítica e Figura 2 . Diferentes tipos de substratos utilizados na produção de perifíton. consequentemente no seu valor nutricional. © William Mebane A escolha do substrato deve ser baseada na origem do material, seu custo, facilidade de aquisição e manuseio, além de características de superfície adequadas para o desenvolvimento do perifíton. Portanto, é necessária a escolha de um material que não sobrecarregue o sistema, não libere nenhuma substância e que não seja consumido pelos organismos cultivados. O ideal é que o mesmo apresente superfície uniforme e que permita a fácil remoção do material aderido pelos animais cultivados. Para isso, o substrato deve estar bem fixo, pois os peixes realizam certa pressão para remover o perifíton. Vários estudos mostraram os benefícios do uso de diferentes tipos de substratos artificiais às unidades de produção. Nestes são utilizados materiais como: tubos de PVC com malha plástica, rede suspensa, bagaço de cana, polietileno de alta densidade (PEAD), bambu (considerado material de fácil aquisição, encontrado e retirado diretamente do campo), manta geotêxtil (que possui grande área para fixação do perifíton e custo elevado), entre outros (Figura 2).
Composição taxonômica
A diversidade taxonômica e a abundância do perifíton dependem de uma série de fatores, como: habitat e tipos de substrato, intensidade de luz, pressão de pastejo (ato de raspar o substrato, exercido pelos peixes para consumir o perifíton colonizado no substrato), disponibilidade de nutrientes, pH e perturbações físicas provocadas pela chuva e vento, os quais promovem o desprendimento do perifíton dos substratos. Em relação ao tempo de colonização e estabilização do perifíton, este pode variar de uma a quatro semanas. No reservatório de Nova Avanhandava, assim como em represas rurais no Noroeste Paulista, o tempo de
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colonização para estabilização do acúmulo de matéria seca em substratos de bambu é de três semanas. Por este motivo, quando o objetivo é utilizar o perifíton como alimento complementar para a produção de peixes, inserimos os substratos ao menos duas semanas antes do povoamento dos viveiros ou tanques-rede com peixes. As comunidades perifíticas são geralmente constituídas por componentes autotróficos (Figura 3) e heterotróficos, com frequente dominância de microalgas como diatomáceas (Bacillariophyceae), algas verdes (Chlorophyceae) e algas azuis (Cyanobacteria), além de bactérias, protozoários e fungos (Figura 4).
Figura 3 . Microalgas autotróficas encontradas no perifiton.© Roberta Almeida Rodrigues
A proporção entre algas e organismos heterotróficos é o que caracteriza a comunidade perifítica em fase autotrófica ou heterotrófica. Se houver maior proporção de organismos fotossintetizantes, há maior disponibilidade de oxigênio dissolvido na água. Caso contrário, o perifíton irá competir por oxigênio com os organismos cultivados, situação similar ao que ocorre em sistemas de bioflocos, onde há necessidade constante de suplementação de oxigênio dissolvido e fontes exógenas de nutrientes (Figura 5). A incidência de luz na coluna d’água é um fator determinante na caracterização do perifíton. Quanto maior a transparência da água, maior a ocorrência de microalgas em relação aos organismos heterotróficos (bactérias, fungos, protozoários, etc.) e cianofíceas. A elevada concentração de fósforo favorece a presença
de algas filamentosas e cianofíceas. A relação ideal de nutrientes para um ótimo desenvolvimento da comunidade perifítica é de C/N/P : 119/17/1 (Azim et al., 2005). Desta maneira, conhecendo estas relações, o piscicultor pode direcionar suas práticas de manejo para propiciar um ambiente favorável ao desenvolvimento do perifíton com melhor qualidade nutricional. As algas que compõem o perifíton desempenham papel fundamental na ciclagem dos nutrientes, no balanço do pH, na remoção do gás carbônico, produção de oxigênio, absorção dos compostos nitrogenados e na melhora da qualidade de água. No entanto, devese tomar cuidado, pois algumas espécies de bactérias e microalgas podem causar problemas aos organismos aquáticos, devido à produção de diversas cianotoxinas,
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Figura 4 . Organismos heterotróficos encontrados no perifiton.© Roberta Almeida Rodrigues
Figura 5 . Comparação entre os alimentos naturais perifíton e biofloco (Fonte: Crab et al.,2007).
Bioflocos
Alimento
O²
Luz
Fonte de carbono
Peixe
Alimento não consumido
Perifíton
Bioflocos
Fezes
Alimento
O²
C:N = 20:1
Luz
Peixe
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Alimento não consumido
Fezes
as quais são nocivas para os vertebrados, tais como anatoxina-a, saxitoxinas, cilindrospermopsina e microcistinas, interferindo, assim, no produto final. Exemplo disso, muito conhecido na aquicultura, é o Off-flavor, nome dado ao sabor e odor desagradáveis que os peixes adquirem devido à proliferação de cianobactérias, que ocorrem naturalmente no ambiente do viveiro, com altos e desequilibrados níveis de nutrientes. Além disso, esses microrganismos apresentam composição bioquímica diversificada (carboidratos, proteínas, lipídios, ácidos graxos, etc.) que varia de acordo com a espécie.
Perifiton
C:N:P = 119:17:1 C:N = 10:1
Valor nutricional
O perifíton constitui importante fonte complementar de alimento para as cadeias tróficas, pois possui elevado valor nutritivo baseado nos teores de proteínas, vitaminas, minerais, fósforo, carboidratos solúveis, lipídeos, ácidos graxos poliinsaturados (PUFA), esteróis, aminoácidos, e pigmentos. Alguns fatores podem afetar o valor nutricional da comunidade perifítica: disponibilidade de luz, disponibilidade de nutrientes no meio, tipo de substrato e pressão de pastejo. A tabela 1 mostra a composição do perifíton em diferentes tipos de substratos.
Tabela 1 .Composição nutricional aproximada do perifíton crescido em diferentes tipos de substratos (Adaptado de Azim et al., 2005).
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A quantidade de perifíton em viveiros pode constituir de 15-40% de cinzas, dependendo do tipo de substrato (Azim et al., 2003). A pressão de pastejo pelos peixes é um fator que contribui para a redução nos teores de cinzas do perifiton (Azim et al., 2002). Em relação à proteína presente no perifíton em viveiros ou tanques, esta pode variar de 9-32% (Azim e Asaeda, 2005). Nos estudos mais recentes do nosso grupo de pesquisa, verificamos que a qualidade da proteína presente em perifíton oriundo de substratos de bambu é muito superior a diversos ingredientes usados na fabricação de ração comercial. Isto porque a diversidade de organismos faz com que seu perfil de aminoácidos se assemelhe muito ao encontrado na musculatura de tilápias do Nilo. Desta forma, é possível compensar a menor ingestão de ração com a oferta de alimento natural (perifíton) de alto valor nutricional, conferindo melhor desempenho produtivo dos peixes.
Benefícios do perifíton para os organismos cultivados
Além dos benefícios alimentares, o uso do perifíton pode contribuir para um mercado de produção agroecológica (Milstein et al., 2008; Saikia e Das, 2014). Adicionalmente, tornam-se crescentes as evidências sobre o efeito positivo do perifíton na saúde dos peixes, isto porque o perifíton serve como substrato acessório para comunidades microbianas. Estas atuam como probiótico e reduzem os riscos de doenças sobre os organismos cultivados por meio da exclusão competitiva de patógenos, melhorando os índices zootécnicos de sobrevivência e crescimento. O terceiro e último tópico dessa série de matérias, trará informações sobre o aumento da produtividade e potencial econômico do uso de perifíton em sistemas de produção aquícola. Até a próxima edição! Consulte as referências bibliográficas em www.aquaculturebrasil.com/artigos
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Filtros biológicos para Sistemas de Recirculação Aquícola (RAS) Gabriel Nandi Corrêa Marina Nunes Alexandre Katt Regina Lapa
F
atores como limitações na qualidade e quantidade de água, custo da terra, limitações no descarte do efluente, impactos ambientais e enfermidades estão levando a indústria da aquicultura a práticas mais intensivas, utilizando cada vez mais os Sistemas de Recirculação em Aquicultura (SRA, ou RAS em inglês que significa Recirculating Aquaculture Systems) (Gutierrez-Wing; Malone, 2006). Os processos de tratamento da água aplicados em aquicultura podem ser separados em físicos, químicos e biológicos (Crab et al., 2007). Em um RAS, os principais desafios estão nos processos de remoção de sólidos em suspensão e no controle da acumulação de compostos nitrogenados (Greiner; Timmons, 1998). A filtração biológica é parte importante dos componentes que um RAS pode utilizar para manter a qualidade da água em sistemas mais intensificados (Gutierrez-
Wing; Malone, 2005; Delong; Losordo, 2012). O nitrogênio (N) é um nutriente essencial para a vida e, na aquicultura, compostos nitrogenados são gerados naturalmente durante o processo produtivo (resíduos de ração e metabolismo dos peixes) (Ebeling, 2006). Na particularidade da piscicultura, o principal resíduo nitrogenado produzido pelos peixes é a amônia, excretada principalmente pelas brânquias (Wood, 1993; Ebeling, 2006; Delong; Losordo, 2012). A amônia pode ser tóxica para os peixes e é considerada um agente estressor, resultando na redução do apetite e taxa de crescimento, podendo culminar em mortalidades quando encontrada em altas concentrações (Nelson; Cox, 1998; Ebeling, 2006; Delong; Losordo, 2012;). O processo biológico utilizado para controle/redução dos compostos nitrogenados potencialmente tóxicos produzidos durante o ciclo produtivo, chama-se nitrificação.
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Curso de Graduação em Aquicultura Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC Florianópolis, SC katt.lapa@ufsc.br
Nitrificação
Em sistemas de recirculação para aquicultura (RAS), a amônia é removida através do processo de nitrificação, bactérias nitrificantes, em condições aeróbias, oxidam a amônia até sua forma menos tóxica, o nitrato. Essa transformação é realizada, principalmente, por bactérias dos gêneros Nitrosomonas (que oxidam amônia a nitrito) e Nitrobacter (que oxidam nitrito a nitrato) (Figura 1).
eficiência operacional de um biofiltro depende de fatores ambientais (Tabela 2) e de engenharia, por exemplo, acessibilidade da superfície de contato do meio filtrante, taxa de escoamento superficial (m3/(m2/dia)), fluxo de água, presença de bactérias competidoras. Diferentes tipos de biofiltros e materiais suporte para as bactérias estão disponíveis no mercado (Figura 2 e 3).
Figura 1. Reações de oxidação da amônia até nitrato (Fonte: Delong; Losordo, 2012).
Tabela 2. Parâmetros ambientais recomendados para operação de um biofiltro (Adaptado de Ebeling, 2006).
Alguns fatores impactam o processo de nitrificação, por exemplo: pH, temperatura, alcalinidade e salinidade, influenciam a ecologia microbiana que compõe o biofilme. A concentração de amônia, oxigênio dissolvido e resíduos, afetam o fornecimento de nutrientes para as bactérias. A competição de nutrientes e espaço com bactérias heterotróficas, impactam sobre o crescimento e fornecimento de nutrientes a comunidade bacteriana desejada (Chen et al., 2006). De acordo com Ebeling (2006) cerca de 3% da alimentação diária ofertada aos animais acaba como nitrogênio amoniacal na água. Dessa forma, 1 kg de ração ofertada introduziria 30 gramas de amônia no sistema, e para cada grama de amônia nitrificada temos os resultados estequimétricos apresentados na Tabela 1.
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Tabela 1. Consumo e produção do processo de nitrificação a cada 1 g de amônia (Adaptado de Ebeling, 2006).
Filtros biológicos
O filtro biológico, conhecido também como biofiltro, é um componente essencial de um sistema de recirculação para aquicultura, abrigando a comunidade microbiana responsável pela nitrificação (Delong; Losordo, 2012). Ao usar um biofiltro deverá ser considerado o fato de estar conduzindo dois cultivos simultaneamente, o organismo cultivado e a biomassa bacteriana nitrificante. Os biofiltros são biorreatores dimensionados com alta área superficial de contato (AS) que permitem a fixação e o crescimento das bactérias nitrificantes. A
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Tipos de biofiltros
Os biofiltros podem ser divididos em duas principais categorias: emergentes, como os filtros percoladores e discos rotativos (Figura 4), e submersos, com material suporte fixo ou em suspensão (Figuras 5 e 6) (Ebeling, 2006; Fernandes et al., 2017). A maior parte da biofiltração em sistemas de recirculação tem sido focada em filtros aeróbios de leito fixo, com material suporte estático para o crescimento de um biofilme nitrificante. Nos últimos anos, a indústria da aquicultura vem optando por biofiltros mais facilmente operados, como os biofiltros de leito fluidizado/móvel (Moving Bed Biofilter Reactor, em inglês), carecendo de estudos que comparem o desempenho dos modelos existentes (Fernandes et al., 2017). No mercado, existem diferentes materiais suportes, ou mídias filtrantes como também são conhecidos, disponíveis para fixação das bactérias, devendo ser levada em consideração a área total disponível por metro cúbico de mídia e a funcionalidade do material nos manejos. Os mais amplamente utilizados são: materiais sintéticos de plástico, materiais de natureza porosa, brita, cascalho, areia, entre outros (Reynolds; Richards, 1995; Sultana et al., 2017). Na Tabela 3 é apresentado o desempenho de diferentes tipos de materiais suportes e filtros flutuantes já estudados por pesquisadores. Salling et al., (2007) indicam que substratos alternativos como a madeira podem ser utilizados, entretanto, deve-se ficar atento com o tempo de vida útil desses materiais, pois podem gerar problemas secundários e comprometer a qualidade da água do sistema.
Tabela 3. Desempenho de diferentes tipos de materiais suportes e filtros flutuantes.
De acordo com Lekang (2010) é necessário 1m² de área superficial de material suporte para cada 1g de amônia produzida por dia. Conhecendo a quantidade de amônia produzida diariamente e a área superficial específica do material suporte, pode-se calcular o volume necessário de material no biofiltro.
Figura 2. Elementos plásticos estruturados para biofiltro. Alta área superficial específica (ASE).
Tabela 4. Comparativo de remoção de amônia em filtros emergentes e filtros que utilizam materiais suporte tipo Bead ou areia (Adaptado de Ebeling, 2006).
Figura 3. Classificação dos biofiltros utilizados em aquicultura (Adaptado de Ebeling, 2006). Bactérias heterotróficas
BIO FIL TRA ÇÃO
Biofilme fixo Bactérias nitrificantes
Biológico rotativo Emergentes Submersos
Percolador Fluidizados
Filtro de areia fluidizado MBBR Bead descendente
Fluidizáveis
Filtro de espuma Bioclarificador Bead Filtro de areia ascendente
Ensacados/ fixo
Material plástico Britas Conchas
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Crescimento em suspensão
Figura 4. Filtros emergentes: a) Biodisco rotativo; b) Filtro percolador (Adaptado de Ebeling, 2006).
Figura 5. Biofiltro submerso fluidizado, MBBR. © Katt Regina Lapa
Figura 6. Filtro submerso pressurizado com material suporte tipo Bead. © Pk1 Micro Bead filter
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Perspectivas e estudos em andamento
Atualmente, a intensificação dos cultivos está cada vez mais comum. A aquicultura sustentável se baseia em: gerar um produto de qualidade, tendo uma produção lucrativa e preservando o meio ambiente (Valenti, 2002). O sistema de recirculação (RAS) permite o aumento na produção sem a necessidade de aumentar a área física, reduzindo impactos ambientais e gerando um produto sustentável. Sistemas como esses estão com muita visibilidade, e para a aquicultura continuar expandindo, tecnologias devem ser alvo de estudos a fim de desenvolver sistemas mais eficientes para reuso da água e reduzir ainda mais os impactos ambientais. Consulte as referências bibliográficas em www.aquaculturebrasil.com/artigos
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Para a aquicultura continuar expandindo, tecnologias devem ser alvo de estudos a fim de desenvolver sistemas mais eficientes para reuso da água e reduzir ainda mais os impactos ambientais.
Fitase líquida como ferramenta de desempenho e sustentabilidade na criação de tilápias Tânia Cristina Pontes Johnny Martins de Brito Alice Eiko Murakami Wilson Massamitu Furuya*
Bruno Wernick BASF Saúde & Nutrição Coordenador de Serviços Técnicos Maringá, PR
Universidade Estadual de Ponta Grossa Departamento de Zootecnia Ponta Grossa, PR *wmfuruya@uepg.br
Importância da fitase na aquicultura
Os cereais, legumes e co-produtos estão sendo amplamente utilizados como alimentos sustentáveis na formulação de rações para tilápias em substituição à farinha de peixe e outros alimentos proteicos de origem animal. No entanto, apresentam fatores antinutricionais, como ácido fítico, a principal forma de armazenamento do fósforo em vegetais. O ácido fítico também pode complexar insolúveis com outros minerais como o cálcio, magnésio, manganês, ferro e cobre. Assim, ocorre redução na disponibilidade desses minerais, com consequente redução no crescimento
e aumento na excreção de fósforo. Além de aumentar a disponibilidade do fósforo, a fitase melhora a digestibilidade da proteína. Considerando que as rações de peixes possuem elevados teores de proteína quando comparadas com as rações de aves e suínos, a utilização de fitase reduz a excreção de nitrogênio e contribui para criação mais sustentável de peixes. Elevadas concentrações de nitrogênio e fósforo estimulam a eutrofização da água, diminuem a capacidade de suporte e aumentam o risco de peixes prontos para o abate com off-flavor, rejeitados pelo consumidor. Nos últimos anos, foram lançadas novas gerações
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PPZ/UEM - Maringá,PR. Trabalho realizado com apoio da CAPES - Código de Financiamento 001
de fitase mais resistentes ao processamento térmico e adequadas às características do pH dos animais. Além disso, há disponibilidade no mercado de fitase líquida, que é adicionada após extrusão e secagem, permitindo garantia dos efeitos da enzima suplementada. Em busca de uma criação mais focada em rações ambientalmente sustentáveis com menor potencial poluente, uma pesquisa foi desenvolvida em parceria com a Universidades Estadual de Ponta Grossa, Universidade Estadual de Maringá e a Basf, objetivando de forma pioneira avaliar a possibilidade de elaborar ração extrusada para tilápias do Nilo sem alimentos de origem animal, sem inclusão de fontes inorgânicas de fósforo e suplementada com fitase.
Configuração experimental
Os procedimentos experimentais foram aprovados para execução pelo Comitê de Conduta Ética para Uso de Animais em Experimentação da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Protocolo N° 6352/2017). Foi elaborada ração basal exclusivamente com alimentos de origem vegetal a base de milho, farelo de trigo, farelo de arroz e farelo de soja com 32,0 % de proteína bruta, 3300 kcal/kg de energia digestível, 0,8% de fósforo total e 0,9% de cálcio. A partir da ração basal, foram elaboradas três rações com 500, 1000 e 1500 unidades de fitase ativa (UFA)/kg. Foi utilizada fitase microbiana (Natuphos® E-10,000 FTU/kg-1 – BASF, Corporation, Ludwigshafen, Germany). As rações fo-
ram elaboradas com base em análise prévia dos alimentos e confirmadas por meio das análises laboratoriais das rações. A atividade da enzima fitase também foi confirmada por meio de análise laboratorial após aplicação da enzima nas rações. As rações foram misturadas, moídas e extrusadas no AquaNutri (Botucatu, SP, Brasil). A moagem foi realizada em moinho centrífugo com peneiras com furos de 0,7 mm e a extrusão foi realizada em extrusor de rosca simples com matriz de 3 mm de diâmetro. Após secagem e resfriamento, a fitase foi diluída em água deionizada e pulverizada “on-top” de forma a obter rações sem e com 500, 1000 e 1500 UFA/kg. Foram utilizados 96 juvenis machos de tilápia do Nilo com peso inicial médio de 36 ± 1 g, distribuídos em oito aquários de alimentação com formato circular e volume total de 250 L, confeccionados em fibra de vidro. A temperatura da água e o oxigênio dissolvidos foram mantidos em 27 ± 0,2°C e 6 ± 0,5mg/L, respectivamente. Os peixes foram alimentados durante 49 dias. Ao final do experimento, todos os peixes foram pesados. Quatro peixes foram utilizados para análise da composição corporal, três peixes foram coletados para a análise de composição de minerais das vertebras e três peixes para a coleta de sangue para as análises dos parâmetros sanguíneos. Os dados foram submetidos à análise de variância e em caso de diferenças, foram comparados pelo teste de Tukey (P < 0,05).
Figura 1. A) Ração extrusada suplementada com fitase líquida; B) Tilápias alimentadas com ração suplementada com 1000 UFA/kg de fitase © Wilson Massamitu Furuya
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A
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B
Figura 4. Gordura na carcaça de juvenis de tilápias alimentados com rações com diferentes níveis de fitase líquida.*
Gordura na carcaça (%)
Observou-se que os peixes alimentados com rações com 500 a 1500 UFA/kg apresentaram maior ganho de peso em relação aos peixes que consumiram a ração sem fitase (Figura 2). Já a conversão alimentar foi melhor em tilápias que consumiram rações com 1000 e 1500 UFA/kg, em relação aos peixes que consumiram a ração sem fitase (Figura 3). Um dos sintomas clássicos da deficiência de fósforo é a maior deposição de gordura na carcaça e na presente pesquisa observou-se que a suplementação de 1000 e 1500 UFA/kg reduziu o teor de gordura na carcaça, quando comparado ao observado nos peixes que consumiram a ração sem fitase (Figura 4). Da mesma forma, a suplementação de 1000 UFA/ kg foi suficiente para maximizar a deposição de minerais na carcaça (Figura 5) e nos ossos. Peixes alimentados com rações suplementadas com 1000 e 1500 UFA/ kg também apresentaram menores concentrações de triglicerídeos e colesterol e maiores concentrações de fósforo plasmático. Destaca-se os efeitos da fitase sobre a ação da enzima fosfatase alcalina, responsiva aos níveis de fitase, indicando maior disponibilidade do fósforo em peixes que consumiram as rações com fitase.
Ganho de peso (g/peixe)
100 a
a
a
a
60
a
ab
5,5
bc
c
4,0 2,5 1
0 500 1000 1500 Níveis de fitase nas rações (UFA/Kg)
5
Figura 2. Ganho de peso de juvenis de tilápias alimentados com rações com diferentes níveis de fitase líquida.*
80
7,0
Figura 5. Minerais na carcaça de juvenis de tilápias alimentados com rações com diferentes níveis de fitase líquida.*
Minerais na carcaça (%)
Resultados
4 3
b
ab
a
a
2 1
0 500 1000 1500 Níveis de fitase nas rações (UFA/Kg)
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Letras distintas indicam diferenças pelo teste de Tukey (P < 0,05). *
20 0
0 500 1000 1500 Níveis de fitase nas rações (UFA/Kg)
Figura 6. Tilápia alimentada com ração deficiente em fósforo e sem suplementação de fitase. SET/OUT 2018
Figura 3. Conversão alimentar de juvenis de tilápias alimentados com rações com diferentes níveis de fitase líquida.*
Conversão alimentar
1,5 1,2 0,9
a
ab
b
b
0,6 0,3 0
0 500 1000 1500 Níveis de fitase nas rações (UFA/Kg)
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Perspectivas
A maior parte das rações de tilápias é comercializada na forma extrusada e a utilização de fitase líquida após extrusão e secagem permite maior segurança para garantir a atividade da enzima, considerando as variações das condições de processamento utilizadas nas fábricas de rações para peixes.
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A utilização de fitase líquida após extrusão e secagem permite maior segurança para garantir a atividade da enzima.
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Com a disponibilidade e menor custo dos alimentos de origem vegetal, que geralmente possuem menor custo em relação aos alimentos de origem animal, há grande interesse em aumentar o nível de inclusão para reduzir o custo de produção. No entanto, o fósforo presente nos alimentos de origem vegetal possui baixa disponibilidade. Assim, a fitase é uma alternativa para reduzir o custo de produção e permitir o adequado desempenho produtivo e saúde de tilápias. Nos últimos anos, as tilápias estão sendo desafiadas para obtenção de máxima performance e são criadas em altas densidades, sendo importante ferramentas nutricionais como a fitase que possam contribuir para melhoria do valor nutritivo das rações e a sustentabilidade da criação de peixes.
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© SloowFood - Punta Del Diablo
Juan Jethro Silva Santos* Luis Alberto Romano
Juliana Portella Bernardes Carlos Henrique Araujo de Miranda Gomes
Laboratório de Patologia de Organismos Aquáticos Universidade Federal do Rio Grande - FURG Rio Grande, RS *juanjethrosantos@gmail.com
Laboratório de Moluscos Marinhos – LMM Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC Florianópolis, SC
A família Mesodesmatidae está representada por moluscos de areia que apresentam importância socioeconômica em diversas regiões do mundo, sendo apontadas como promissoras para aquicultura (Silva Santos et al., 2016), como as espécies “toheroa” Paphies ventricosa e “pipi” Paphies australis da Nova Zelândia (Redfearn, 1982; Hooker, 1997; Gadomski et al., 2015) e da “macha” Mesodesma donacium no Chile e Peru (Uriarte, 2008; Ayerbe et al., 2017). No decorrer dos anos, pesquisas referentes a estas espécies estão sendo desenvolvidas, almejando informações que visem estabelecer protocolos de cultivo em laboratório (Hooker, 1997; Gadomski et al., 2015; Ayerbe et al., 2017). O marisco branco, Mesodesma mactroides (Reeve, 1854), que possui sinônimo científico de Amarilladesma mactroides (Reeve, 1854), é uma espécie representante
da família Mesodesmatidae, nativa do litoral do Brasil, Uruguai e Argentina distribuindo-se desde Ilha Grande, no Rio de Janeiro, até o sul da província de Buenos Aires, na Argentina (Rios, 1994). Esta espécie é dióica, sem dimorfismo sexual, e habita de forma agregada zonas entremarés de praias arenosas de regimes subtropicais e temperados, podendo se enterrar até mais de 20 cm de profundidade (Coscarón, 1959; Bergonci, 2005) (Figura 1). Estes animais são comercialmente explorados (Herrmann et al., 2011), assim como outros moluscos de areia, com extrações baseadas na retirada dos estoques naturais. Possuindo um valor histórico como recurso pesqueiro (Coscarón, 1959; McLachlan & Defeo, 2018), utilizados para alimentação humana (Figura 2) e para atividades recreativas, como isca de pesca (Bastida et al., 1991).
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Reprodução do molusco de areia Mesodesma mactroides (Reeve, 1854) em laboratório
Figura 1. Furos na areia característicos da espécie Mesodesma mactroides, provenientes dos dois sifões, inalante e exalante (A); Pá de corte como ferramenta de extração (B); Espécimes adultos encontrados em profundidades acima de 10 cm (C,D). © Juan Jethro Silva Santos A
B
C
D
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Figura 2. Exemplos de culinária do marisco branco, Mesodesma mactroides. © Eduardo Nunes
Atualmente a população de marisco branco encontra-se drasticamente reduzida, devido a ação antrópica vinculada à extração excessiva (Carvalho et al., 2013a; Carvalho et al., 2013b; Silva Santos et al., 2016) e devido aos surtos de mortalidades massivas que vêm acometendo os estoques naturais desta espécie ao longo da sua distribuição geográfica (Ortega et al., 2012), cuja real causa das mortalidades ainda permanece desconhecida. Desta forma, pesquisas vêm sendo desenvolvidas, visando o avanço de estratégias e programas de gestão destes recursos (Gianelli et al., 2015), assim como, estudos ambientais (Carvalho et al., 2013a; Carvalho et al., 2013b; Silva Santos et al., 2016)
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e laboratoriais (Carvalho et al., 2015a; Carvalho et al., 2015b; Carvalho et al., 2016). No entanto, mesmo com diversas informações sobre este animal, até recentemente não se havia obtido sucesso na larvicultura do marisco branco em laboratório, passo importante para o desenvolvimento da aquicultura de uma nova espécie. Neste sentido, com o apoio da equipe técnica e estrutural do Laboratório de Moluscos Marinhos da Universidade Federal de Santa Catarina – LMM/ UFSC, o objetivo inicial deste estudo foi realizar e relatar a larvicultura do marisco branco em laboratório, objetivo no qual se obteve êxito.
Trabalho em laboratório
O estudo iniciou-se no começo de 2017, com a coleta de reprodutores adultos de marisco branco na praia do Mar Grosso no município de São José do Norte, Rio Grande do Sul (2°3’10”S 51°59’26”O), onde foram armazenados e transportados ao LMM/UFSC. A partir disso, os organismos passaram por processos de aclimatação e condicionamento em laboratório, visando manter e ou maturar as gônadas para fins reprodutivos, informações estas até então desconhecidos para esta espécie. Esta etapa foi realizada com baldes contendo areia, temperatura controlada, fluxo contínuo de água e mix de microalgas para alimentação dos animais (Figura 3).
Acompanhou-se todo o desenvolvimento embrionário e larval nesta pesquisa, observando alterações morfológicas e biométricas, como: divisões celulares e metamorfoses para larvas trocóforas (Figura 5A), assim como, medidas de altura e comprimento, com registros de imagens ao longo deste período. Desta maneira foi possível descrever as alterações embrionárias até o estágio de larva véliger D (Figura 5B), e posteriormente, com observações estruturais diárias até as larvas estarem prontas para o assentamento, caracterizando as larvas pedivéligers (Figura 5C), finalizando esta primeira larvicultura desta espécie em 27 dias.
Figura 3. Estruturas de condicionamento e aclimatação de reprodutores de marisco branco em laboratório. © Juan Jethro Silva Santos
Figura 5. Larva trocófoca (A), larva véliger D (B) e larvas umbonadas de M. mactroides. © Juan Jethro Silva Santos A
B
C
Figura 4. Espécimes de M. mactroides maduros, pós condicionamento e aclimatação, utilizados para desova pela técnica de “stripping”. Seta indicando o tecido gonadal da espécie.© Juan Jethro Silva Santos
Larvicultura
A partir deste estudo inicial, foram realizados experimentos visando o efeito de diferentes variáveis, como: temperatura, salinidade e dieta, na larvicultura do marisco branco. Com estas informações tornou-se possível o estabelecimento dos pontos ótimos de cada variável analisada para o desenvolvimento embrionário e larval, contribuindo para o melhor assentamento e desenvolvimento de sementes desta espécie em laboratório. As sementes, pós assentamento, foram colocadas em sistemas adaptados (cilindros e cestos com areia) de downwelling em laboratório (Figura 6), recebendo alimentação diária de microalgas, demonstrando adaptação e crescimento positivos no período de 5 meses que permaneceram nestas estruturas (Figura 7). Atualmente estudos estão sendo desenvolvidos com as sementes proveniente destas etapas de produção, no qual, foram transportadas e alocadas em estruturas adaptadas no mar. Processo este que pode diminuir o custo de produção de manter as sementes em laboratório, visto que, a produção de microalgas é onerosa e trabalhosa, podendo custar cerca de 30% da produção de sementes de bivalves (Rivero-Rodriguez et al., 2007).
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Após o período de aclimatação, tentou-se realizar a desova por meio de indução por temperatura e a técnica de overnight, no entanto, foi possível apenas pela técnica de stripping (Helm et al.,2004) (Figura 4). Posteriormente a larvicultura seguiu-se utilizando adaptações aos manejos padrões já estabelecidos pelo LMM, para larvicultura de outras espécies comerciais (exóticas e nativas), como: Crassostrea gigas, Crassostrea gasar, Perna perna e Nodipecten Nodosus, com ajustes no sistema de aeração e alimentação, por exemplo, devido a falta de informações para o M. mactroides.
Figura 6. Sistema de “downwelling” adaptado com cestas e cilindros com areia para as sementes do marisco branco. © Juan Jethro Silva Santos
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Figura 7. Desenvolvimento das sementes de Mesodesma mactroides em laboratório.© Juan Jethro Silva Santos
Conclusão
Nesta perspectiva, estes estudos propõem-se em contribuir com informações que visem servir de base para o desenvolvimento do pacote tecnológico da malacocultura desta espécie, colaborando futuramente para consolidação, tanto da produção comercial quanto para o repovoamento dos estoques naturais, processos que já vem acontecendo com representantes da mesConsulte as referências bibliográficas em ma família do marisco branco Mesodesma mactroides. www.aquaculturebrasil.com/artigos
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Garoupas ao mar: conservação,
crowdfunding e programa de recompensas para os apoiadores do projeto Cláudia Kerber Redemar Alevinos Ilhabela, SP claudiakerber62@gmail.com
O projeto Garoupas ao Mar
T
enho certeza que compartilho com muitos o sentimento de que aqui no Brasil grande parte do domínio da produção de peixes nativos foi realizada através de pesquisas privadas realizadas nos cultivos e financiadas pelos próprios aquicultores. Assim também é o nosso trabalho na Redemar. Fazemos papel de Estado quando fazemos pesquisa e quando fazemos fomento da atividade. Há cerca de 2 anos, depois de 10 anos de
pesquisas privadas, conseguimos fechar os protocolos de produção de alevinos de garoupas e, por se tratar de uma espécie ameaçada, nos veio a ideia de utilizar os alevinos em projetos de repovoamento para recuperar os estoques na natureza. Pensamos então em várias formas de alavancar um projeto desta natureza. Primeiramente, montamos um bom time através de uma associação não governamental (www.atevi.org.br ), com especialistas em Genética (LAGOAA), em avaliação do ambiente
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Justificativa do projeto A justificativa do repovoamento foi baseada no fato de que as populações marinhas estão declinando em todo o mundo. As três principais abordagens para evitar o esgotamento dos estoques são controlar os esforços de pesca (cotas de pesca, limitação de tamanho de captura, especificação de petrechos), garantir os locais e períodos de reprodução (defesos, áreas de proteção ambiental) e aumentar a população através de programas de repovoamento. Os dois primeiros métodos formam a base das políticas públicas para a conservação das espécies marinhas no Brasil e impõe sérias restrições à pesca artesanal. A terceira opção,
o repovoamento, é muito popular em outros países e permite restabelecer a biomassa de reprodutores e acelerar a recuperação dos estoques assegurando a sobrevivências de espécies ameaçadas (Blankensip e Leber 1995), (Tessier, et al. 2012). O repovoamento de espécies marinhas tem sido utilizado desde o Século 19 e, no Japão, o programa nacional de recuperação dos estoques pesqueiros, envolve mais de 80 espécies de peixes, moluscos e crustáceos. No Mar Cáspio, são criados e soltos anualmente mais de 12 milhões de juvenis de espécies de esturjão nativo (Acipenser persicus) que sustentam praticamente toda a indústria do caviar. Também são produzidos alevinos de outras espécies locais (Bartley e Bell 2008). Enfim, é uma estratégia muito utilizada em outros países.
A escolha da espécie (Epinephelus marginatus) atendeu a três justificativas: A espécie é listada na Red List da IUCN como ameaçada de extinção (A2d). No Brasil foi incluída na Lista de Recursos do MMA como sobre explotada (IN 05/2004) e também consta como sobre explotada no Decreto Estadual Nº 56.031/2010 que define as espécies da fauna silvestre ameaçadas, colapsadas e sobre explotadas no estado de São Paulo. Atualmente é protegida pela Portaria MMA 445/2014 na categoria Vulnerável, e já existe um Plano de Recuperação instituído pelo MMA (Portaria 228/2018) cuja pesca é regulamentada pela Portaria IM 41/2018; A importância ecológica de algumas espécies predadores de topo de cadeia como a garoupa verdadeira está também no fato de exercerem alta influência na densidade de suas presas e na estrutura da comunidade de fauna (Anderson, et al. 2014), o que a torna importante na regulação e equilíbrio de comunidades em ambientes coralíneos (Tessier, et al. 2012); Tem hábitos sedentários e estudos sobre a movimentação dela demonstram que permanecem em territórios pequenos, distintos e individuais (Koeck, et al. 2014) de 1500 m² até 2 ha (Astruch e Dalias 2007) viabilizando o monitoramento através de Censos Visuais.
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marinho (Instituto de Pesca), mergulhadores e biólogos marinhos, com a anuência da APA Marinha do Litoral Norte de São Paulo. Mas quem financiaria um projeto de interesse difuso da coletividade? Ele não interessa a mim ou a você especificamente, mas à sociedade como um todo. E já sabemos que com os recursos públicos não podemos contar.... Depois de definido o Projeto “Garoupas ao Mar”, chegamos à conclusão que para arrecadar os fundos necessários, a melhor opção seria um financiamento coletivo ou crowdfunding. Um tipo de “vaquinha” repaginada pela internet. E assim estamos fazendo. Neste tipo de financiamento coletivo, o indivíduo que se interessa pela causa entra no site da plataforma de financiamento, se informa sobre os detalhes do projeto, escolhe uma recompensa que esteja de acordo com o valor da sua doação e faz o pagamento com boleto ou cartão de crédito. Tem recompensa de certificado de adoção, camiseta, mergulhos e concorre até a um final de semana em suíte cinco estrelas no Hotel mais badalado de Ilhabela (DPNY). Mas, especificamente para nosso setor, chamam a atenção duas recompensas: Curso de produção de alimento vivo para larvicultura de peixes marinhos (5 dias hands on) e Curso de larvicultura de bijupirá (30 dias hands on). Os cursos serão realizados na Redemar Alevinos em Ilhabela, SP. A plataforma recolhe os valores das doações durante 60 dias e se alguma coisa der errado na campanha ela devolve o dinheiro ao doador. Se tudo ocorrer como esperado este valor é transferido para o Projeto e ele se inicia.
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No Brasil, uma iniciativa pioneira foi o projeto “Repovoamento do Litoral do Paraná com Alevinos de Robalo” que previa a produção de alevinos pelo Centro de Produção e Propagação de Organismos Marinhos (CPPOM) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná com recursos da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior/Fundo Paraná. O projeto colocou cerca de um milhão de larvas e 300 mil alevinos de robalo nas baias do litoral paranaense em 2006-2007. Uma das críticas que se fez a esta iniciativa foi a fragilidade do monitoramento. Ao desenvolver ações de repovoamento, é primordial que as formas jovens tenham boa diversidade genética e sejam saudáveis garantindo que os alevinos a serem introduzidos não causem modificação da constituição genética da população selvagem. Essencial ainda que se aplique o monitoramento. O Projeto Garoupas ao Mar busca a recuperação dos estoques da Garoupa Verdadeira da APA Marinha do Litoral Norte de São Paulo através soltura, análise genética e monitoramento.
Faça sua doação
Todos nós, aquicultores, já fazemos a nossa parte na conservação dos oceanos ao oferecer ao mercado peixe para consumo, poupando os estoques naturais. Além disso, só a aquicultura é capaz de fornecer as formas jovens de espécies ameaçadas que são a base dos programas de repovoamento. Mas ainda assim, extinção é para sempre e não queremos que nossos filhos só conheçam a garoupa através da nossa nota de 100 reais, não é? Chego ao fim deste artigo convidando os colegas aquicultores a fazerem uma doação para este importante projeto até o dia 30 de novembro através da plataforma de financiamento: www.kickante.com.br/campanhas/ garoupas-ao-mar na certeza de que isso também reforçará no grande público a reflexão sobre a grande importância da Aquicultura na conservação do Meio Ambiente. Consulte as referências bibliográficas em www.aquaculturebrasil.com/artigos
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PRODUÇÃO | MERCADO | TECNOLOGIA | SUSTENTABILIDADE | POLÍTICAS PÚBLICAS |
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Cuiabá • MT
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de nov.
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O Sebrae em Mato Grosso é signatário do Pacto Global e trabalha comprometido com a agenda 2030 e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
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INVE do Brasil em ação: Uma visita ao nosso cliente Ambar Amaral
O Grupo Ambar Amaral e a INVE Aquaculture continuam a apoiar o cultivo sustentável de tilápia no Brasil.
Parte desta colaboração é a incorporação dos probióticos da Inve Aquaculture nas rações de tilápia premium do Grupo Ambar Amaral, comercializados com a marca Raguife Rações. O presidente da Raguife, Felipe Amaral, confirmou que vê a parceria com a INVE Aquaculture como sendo de grande relevância para os objetivos de sua empresa em liderar o mercado, sendo referência na produção de proteínas de alta qualidade oriundas de produtores responsáveis, e para desenvolver continuamente alimentos inovadores e saudáveis entregues ao consumidor final. SET/OUT 2018
N
osso cliente, Grupo Ambar Amaral, é um produtor integrado de tilápia com centro de produção de alevinos e juvenis, fazendas e uma moderna fábrica de ração em Santa Fé do Sul, estado de São Paulo, no Brasil. Dando continuidade à nossa longa relação e colaboração, a equipe da INVE Aquaculture visitou o local de produção da Ambar Amaral no primeiro semestre de 2018 para avaliar e dar continuidade a nossa metodologia de trabalho conjunta visando a produção sustentável de tilápia premium com valor agregado, que a Ambar Amaral atualmente vende ao varejo com a marca “Brazilian Fish”.
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Ao incorporar a solução inovadora da INVE Aquaculture à nossa linha de Rações PlusPremium, visamos agregar valor à nossa ração apoiando a lucratividade dos produtores e aumentado a qualidade de seus produtos. Esses probióticos estão agora incorporados a quase 40% da nossa produção total. Muitos de nossos clientes confirmaram sua satisfação em poder cultivar seus peixes com altíssima competência. Felipe Amaral - Grupo Ambar Amaral
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Nem precisa dizer que o Grupo Ambar Amaral pratica o que prega, e usa consistentemente os probióticos da INVE Aquaculture em seus próprios cultivo. No passado, costumávamos fazer um rodízio dos locais das nossas gaiolas de tilápia a fim de evitar a diminuição de desempenho dos peixes devido a redução da qualidade da água. Desde que começamos a usar o probiótico Sanolife® PRO-F FMC da INVE Aquaculture, podemos manter resultados de longo prazo sem ter que recorrer a essa prática. Estamos certos de que essa estratégia vai continuar nos ajudando a manter o desempenho e a qualidade ambiental tanto nos locais de nossas gaiolas quanto nos nossos reservatórios de água. Felipe Amaral - Grupo Ambar Amaral
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Cooperativa de Pesca e Aquicultura de Goiás (COOPAQ) – Parte IV: a microbiologia como nossa aliada Raimundo Lima da Silva Junior
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o terceiro artigo desta série (publicado na edição nº 12, maio/junho 2018), relatou-se como o excesso de sólidos pode comprometer os aspectos físico-químicos, zootécnicos e econômicos dos sistemas superintensivos. Diante deste cenário, a microbiologia tornou-se a principal aliada para o entendimento e funcionamento de todo sistema. Para explanar um pouco melhor sobre este entendimento, dividimos o assunto em dois artigos (4º e 5º da série). O primeiro mostrará como é possível obter bioflocos heterotróficos em poucos dias, e o segundo, como controlamos o nitrito de forma direta e eficiente no sistema BRASYS (Biofloc, RAS and Aquaponics System).
Entendendo a comunidade microbiana
No artigo anterior, explanou-se a importância do controle do volume de sólidos no cultivo de tilápias em sistemas superintensivos, que adotam o bioflocos como o cerne de controle dos elementos nitrogenados. Entretanto, o estudo dos ciclos biogeoquímicos do nitrogênio e carbono permite compreender e modular a síntese de polímeros orgânicos, como os polihidroxialcanoatos (PHAs) (Figura 1). Este composto é inerente em vesículas de acúmulo de reserva energética nas bactérias heterotróficas, como o Bacillus subtilis (Babel et al. 2001). A maioria dos probióticos disponíveis no mercado pos-
suem esta bactéria como ingrediente principal no cultivo de bioflocos. Os PHAs podem representar cerca de 80% da matéria seca das bactérias e até 16% do peso seco do bioflocos (Schryver et al. 2012). A síntese deste polímero pelas bactérias heterotróficas depende diretamente da disponibilidade de fonte de amônia e carbono orgânico, cujo produto é armazenado no citoplasma bacteriano. A equação estequiométrica da síntese deste composto é representada por (Ebeling et al., 2006): NH4+ + 1,18C6H12O6 (carbono orgânico) + HCO3- + 2,06O2 -> C5H7O2N (PHA) + 6,06H2O + 3,07CO2. Convertendo de mols para gramas, para assimilar 1g de nitrogênio-amoniacal são necessários 15,17g de carboidrato (carbono orgânico), 3,57g de bicarbonatos (alcalinidade) e 4,71g de oxigênio. Com isso, são produzidos 8,07g de biomassa bacteriana e 9,65g de gás carbônico. Neste contexto, a amônia oriunda das excretas dos animais cultivados e da degradação da matéria orgânica presente na água de cultivo destina-se a síntese de biomassa bacteriana (PHA), desde que os parâmetros físico-químicos estejam adequados. Esta biomassa, de forma suplementar, serve de alimento para os animais, uma vez que possui alto teor de proteína microbiana, como podemos confirmar com a análise por espectrofotometria (espectrofotômetro de bolso SCiO®).
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Biomédico, Mestre em Biologia Núcleo de Pesquisas Replicon, Escola de Ciências Agrárias e Biológicas Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC,GO) Presidente e Sócio Fundador da Cooperativa de Pesca e Aquicultura de Goiás (COOPAQ) railim.jr@gmail.com
Figura 1. Fórmula química geral dos PHAs.
Contudo, com o ganho de peso dos animais e, consequentemente, com a maior oferta de ração ao longo do cultivo, a síntese de biomassa bacteriana tornou-se uma constante preocupação no dia a dia do produtor. O excesso de matéria orgânica no tanque de cultivo é um fator limitante para o sucesso da produção (Hargreaves, 2006). Entre os principais fatores se destacam: aumento no consumo de oxigênio, com maior demanda energética dos aeradores; competição nutricional com a ração comercial, gerando “saciedade”; possível obstrução das brânquias dos animais cultivados; e consumo exacerbado de carbonatos para reposição da alcalinidade requerida. Todos estes fatores, quando controlados, podem contribuir para uma maior rentabilidade do cultivo. Esta questão foi demonstrada no relato das produções de tilápias pelo sistema BRASYS, no último artigo desta série.
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Entendo a rota metabólica de síntese do PHA
Os PHAs foram descobertos entre 1923 e 1927, quando o microbiologista francês Lemoigne observou inclusões no citoplasma de uma bacteria (Azotobacter chroococcum) (Laycock et al., 2013). A natureza química destes compostos são poliésteres de hidroxialcanoatos sintetizados por diversos microrganismos, principalmente bactérias, como forma de acumular reservas de energia e carbono intracelular no seu citoplasma, quando em condições de excesso da fonte de carbono. Outros microorganismos também são capazer de produzir PHA, sendo estes mais de 300 tipos com a capacidade de sintetizar este polímero (Coats et al., 2011). A biossíntese de PHA pode ser descrita em quatro vias metabólicas principais, porém, exige uma série de reações enzimáticas, dependentes de cofatores e coenzimas, que auxiliam na conversão de elementos nitrogenados inorgânicos em um elemento orgânico: PHA. Todas estas vias metabólicas passam pela acetilcoenzima A (Acetil-CoA), que é um composto intermediário chave no metabolismo celular na oxidação total de moléculas orgânicas como o carboidratos, proteínas e lipídios (Figura 2). Trata-se de vias metabólicas semelhantes que ocorrem em diversos organismos, inclusive a de humanos. Em todas estas usa-se o carbono oriundo de fontes orgânicas, com o consumo de O2.
BFT Coopaq
O metabolismo do PHA pode ser regulado em diferentes níveis. Pode-se ativar a expressão gênica da enzima PHA sintase em condições específicas, como na falta
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Figura 2. Rotas metabólica da síntese de PHA a partir de ácido graxo e carboidrato. Adaptado de Babel y Steinbüchel (2001).
de algum nutriente; por parte de metabólitos; na inibição por parte de enzimas provenientes de vias metabólicas competidoras, sendo que este conhecimento pode direcionar para a síntese de PHA (Kessler & Witholt, 1998). Aplicando um protocolo próprio para o start do bioflocos, simplificamos todo este processo utilizando elementos básicos: sal amoníaco, bicarbonato de sódio, probiótico a base de B. subtilis e carboidrato (dextrose ou açúcar mascavo). Desta forma, utilizando ingredientes simples e nas dosagens corretas é possível sintetizar PHAs (Figura 3). Diversos protocolos foram testados e o controle de nitrogenados foi possível em todos os testes realizados. Tais protocolos permitiram reduzir consideravelmente, o tempo de exposição à amônia e, consequentemente, reduzir a mortalidade e aumentar a densidade de animais por m³ de forma segura e controlada. Porém, outro nitrogenado tornou-se o maior vilão nos tanques de cultivo em sistemas hiperintesivos: nitrito. No próximo artigo iremos abordar como a Nitrossomonas sp. se transformou no maior vilão no controle de nitrogenados em sistema de produção aquícola. Aguardamos vocês! Figura 3. Cone Imhoff medindo volume de bioflocos: a) Bioflocos obtido a partir sal amoníaco (cloreto de amônio) com açúcar mascavo; b) Bioflocos obtido a partir da ureia com açúcar cristal.
RAISING LIFE
Uma série dedicada de soluções inovadoras para a aquicultura:
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Fração parietal premium rica em ingredientes ativos
Nitrogen transformations in aquaponic systems: A review Autores: Sumeth Wongkiew, Zhen Hu, Kartik Chandran, Jae WooLee & Samir Kumar Khanala
Na lista dos mais citados da Aquacultural Engineering, o artigo “Nitrogen transformations in aquaponic systems: A review” foi publicado por pesquisadores das universidades norte-americanas do Havaí e Columbia, além da Universidade do Shandong, China, em 2017 (v. 76, jan/17, p. 9-19). Principais pontos do artigo: As espécies de nitrogênio nos sistemas aquapônicos são transformadas em vários compostos primários via processos bioquímicos; Os principais fatores que afetam a transformação do nitrogênio na aquaponia são o pH, oxigênio dissolvido, hidráulica do sistema, concentrações de amônia e nitrito, e relação C:N;
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Modelos estão sendo desenvolvidos para ilustrar a formação de nitrato e a tomada de nitrogênio pelas plantas nos sistemas aquapônicos.
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Figura 1. Sistema Aquapônico com diferentes estruturas para o cultivo das plantas. a) NFT; b) Floating; c) Mídias (argila expandida, por exemplo).
Esse peixe é truta
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FUNCIONÁRIO APLICADO
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Roberto Bianchini Derner Laboratório de Cultivo de Algas Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC Florianópolis, SC roberto.derner@ufsc.br
Estudo bibliométrico sobre as pesquisas em biotecnologia de microalgas
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a coluna desta edição vamos explorar as informações contidas em um interessante artigo de revisão (Garrido-Cardenas et al, 2018; referência no final do texto), publicado recentemente na Revista Algal Research, que trata da evolução e das tendências mundiais das pesquisas com microalgas, analisadas com base em um estudo bibliométrico, assim, todas as informações apresentadas nesta Coluna foram extraídas do artigo. Neste estudo, os autores determinaram o número de publicações e sua distribuição, bem como, os periódicos e as palavras-chave mais relevantes. O estudo bibliométrico foi desenvolvido com as informações do banco de dados Elsevier Scopus, utilizando a palavra microalga para a consulta. Na Figura 1 são apresentados os dados referentes ao número de publicações entre 1970 e 2017, sendo possível observar dois períodos distintos: no primeiro momento (1970 – 2005) houve um gradativo aumento no número de publicações a cada ano, enquanto, no segundo momento (2005 – 2017) ocorreu um crescimento vertiginoso, chegando a mais de 2.700 publicações em 2017, sendo este um execelente indicador da importância das microalgas no cenário atual da pesquisa científica. Os autores atribuem este crescimento ao aumento da demanda do mercado por produtos de microalgas e pela consequente expansão no número de instalações de cultivo para a pesquisa e produção comercial. Das publicações, 81,45% são artigos publicados, 6,46% são trabalhos de eventos, 5,88% são revisões, 2,60% são capítulos de livro, 1,99% são artigos em processo de publicação e o restante são outros tipo de publicações. Os trabalhos foram publicados principalmente nos periódicos Bioresource Technology e Algal Research, mas também no Journal of Applied Phycology, Aquaculture, Journal of Phycology, Marine Ecology Progress Series e Journal of Experimental Marine Biology and Ecology. Predominantemente os trabalhos foram publicados em in-
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glês (95,20%), porém, também em chinês (1,79%), espanhol (1,06%), francês (0,5%) e em outras línguas, sendo 0,40% em português. Em relação aos países, os Estados Unidos lideram em número de publicações (3.615), seguidos pela China (3.005), Espanha (1.593), França (1.456), Índia (1.206), Austrália (1.191), Alemanha (1.145) e outros. Entretanto, ao normalizar o número de publicações pelo número de habitantes de cada país, a Austrália lidera este ranking (48,33 publicações por milhão de habitantes), seguida da Espanha (34,58) e França (22,42), ficando os Estados Unidos e a China em sétima e nona posições, respectivamente. Também foi evidenciado que grande parte dos artigos foi desenvolvida em trabalhos colaborativos entre as instituições de pesquisa dos diversos países. Na Figura 2 são apresentadas as palavras-chave mais empregadas nas publicações (somente aquelas que aparecem em pelo menos 1.000 artigos) e, estas incluem principalmente termos relacionados com as aplicações das microalgas como biomassa, biocombustível ou lipídios, além de outros relacionados com o organismo estudado, tais como, Chlorella ou Alga verde (Chlorophyta), e alguns relacionados à metodologia de cultivo, como Biorreator. O estudo também apresenta os sete gêneros de microalgas mais frequentemente empregados nas palavras-chave dos trabalhos produzidos nos dez países com maior número de publicações (Figura 3). Notadamente, o interesse por cada gênero não é o mesmo nos países, assim, pode ser visualizado que Chlamydomonas e Nannochloropsis são mais estudados nos EUA, enquanto Chlorella e Scenedesmus são estudados principalmente na China e Phaeodactylum e Isochrysis na Espanha. Curiosamente, Spirulina, o sétimo gênero mais presente na literatura, não é uma das microalgas mais estudadas em nenhum dos dez países com maior número de publicações nessa área, porém, é o gênero mais comum nos estudos desenvolvidos no Brasil. Como conclusões, os autores apontam que a Bio-
BIOTECNOLOGIA DE
ALGAS
tecnologia de Microalgas é um campo muito ativo; que nos últimos anos a produtividade científica aumentou exponencialmente em conjunto com a produção industrial; e que, nos próximos anos é esperado um aumento do número de publicações com o desenvolvimento
de estudos com outros gêneros ainda não amplamente presentes na literatura científica. Garrido-Cardenas, Jose Antonio et al. Microalgae research worldwide. Algal Research, [s.l.], v. 35, p.50-60, nov. 2018. Elsevier BV. http://dx.doi. org/10.1016/j.algal.2018.08.005. Disponível em: <https://www.sciencedirect. com/science/article/pii/S2211926418303436>. Acesso em: 23 out. 2018.
3000
Número de publicações
2500 2000 1500 1000 500
0
1967
1972
1977
1982
1987
1992
1997
2002
2002
2012
Figura 1. Número de publicações entre 1970 e 2017.
2017
Fitoplâncton
Nitrogênio
Dióxido de carbono
Diatomácea
Fotossíntese
Cianobactéria
Figura 2. Principais palavraschave encontradas nas publicações.
500 0
Número de publicações
600
China França Alemanha Reino Unido Coreia do Sul
EUA Espanha Austrália Japão Índia
500 400 300 200 100 0
rella
Chlo
Chl
as
mon
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us
esm
ed Scen
Na
ys
lops
ch nno
Ph
um
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Isoc
Spir
a
ulin
Figura 3. Representação do número de publicações relacionadas a cada gênero e a cada país.
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1000
Biodiesel
1500
Ácidos gráxos
2000
Chlorella
2500
Alga verde (Clorófita)
3000
Biorreator
3500
Biocombustível
Biomassa
Número de publicações
4000
Lipídios
4500
Fábio Rosa Sussel Pesquisador Científico da APTA - UPD Pirassununga, SP sussel@apta.sp.gov.br
RAS Outdoor
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eja água doce ou salgada, esta é uma tendência sem volta na aquicultura brasileira. Com um detalhe: colocando de vez a proteína aquática como a forma mais eficiente e sustentável de se produzir alimentos. Produção sustentável em baixas densidades? Não! Trata-se de criações intensivas e super intensivas. Diferente dos sistemas de recirculação indoor onde necessariamente se trabalha com uma estrutura de biofiltragem (filtro biológico composto por mídias para fixação das bactérias nitrificantes), a recirculação outdoor dispensa o uso de tais mídias. Os flocos de microrganismos que naturalmente se formam são suficientes para a fixação das bactérias nitrificantes. A proposta do tal sistema, em poucas palavras, é explorar ao máximo o recurso hídrico sem descartá-lo ao meio ambiente. A água utilizada num viveiro de produção vai para lagoas de decantação ou canais de drenagem onde, após ser tratada com aeração e probióticos, volta para os viveiros de produção. Sabe aquele nitrogênio amoniacal que todo produtor quer se ver livre? Pois então, custou caro (ração) para ser adicionado ao sistema. Se proporcionamos algumas condições mínimas, o próprio ambiente transforma-o em nitrito e depois em nitrato, sendo este último pouco tóxico para os peixes e camarões. Além de pouco tóxico, o nitrato é a base para uma produtividade primária eficiente, passando de nutriente para alimento natural. Ganha-se ainda uma água com outras características químicas desejáveis, especialmente no que tange a alcalinidade e dureza, proporcionando um ambiente de produção com maior poder tamponante. Ah, legal! Algo futurista! Muito interessante quando isto for realidade na nossa aquicultura ... Não é futurista não, já é realidade em nossa atividade. Algumas produções na água doce, outras em água salgada, uns mais tecnificados, outros mais simples, mas já temos
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vários exemplos de como isto é possível. Na prática, diferem entre si. Mas o princípio é o mesmo. O camarão marinho é o campeão de eficiência produtiva e formas diferentes do conceito RAS outdoor. Tem produções com captação de água oceânica, água de mangue, do subsolo junto ao litoral, do subsolo no interior e até água doce salinizada conforme o balanço iônico que a espécie demanda. Todos sem descarte de água! Na piscicultura de água doce o movimento ainda é tímido, mas já estão entendendo a mensagem que aquilo que outrora fora um problema (nitrogênio amoniacal), hoje é a solução. A tilapicultura em tanques escavados no Oeste do Paraná é o exemplo mais clássico em água doce. A produção de tambaquis no norte do pais, onde se preconiza o uso da água de um viveiro para outro, vem logo atrás. São sistemas diferentes de produção, mas com os mesmos princípios. No caso da produção de tambaquis o movimento que se observa para o aumento da produção ainda é o de abrir mais viveiros, enquanto que, aparentemente, o mais lógico seria intensificar a produção por meio do uso de aeradores e probióticos. Até porque o tambaqui responde bem ao consumo de alimento natural. Não existe uma regra para se praticar o RAS outdoor. Existe um conceito, muito simples por sinal. Dois fatores são imprescindíveis para tal proposta: oxigênio e bactérias nitrificantes. Oxigênio para os peixes e camarões? NÃO! Oxigênio para as bactérias benéficas. Atendendo as necessidades em oxigênio delas, certamente os animais de produção também terão suas necessidades atendidas. É relativamente simples trabalhar em harmonia com um sistema aquático de produção: na presença de oxigênio e bactérias nitrificantes, tudo entra em um círculo vicioso positivo. Na ausência destes, o círculo vicioso é negativo.
NUTRIÇÃO Artur Nishioka Rombenso CSIRO – Austrália IPEMAR – Brasil artur.rombenso@csiro.au *As opiniões citadas abaixo são exclusivamente pessoais do autor e não necessariamente remetem as opiniões das instituições vinculadas ao mesmo.
Ingredientes geneticamente modificados:
a favor ou contra a tendência dos alimentos aquícolas? avanço na tecnologia genética já é realidade em alguns setores aquícolas e no geral podese dizer que contribui para a expansão da atividade. Claro que esse tópico é bastante controverso, porém nesse artigo não entrarei nesses méritos. Em termos de nutrição, o desenvolvimento de ingredientes geneticamente modificados busca solucionar a dependência de ingredientes de origem marinha como a farinha e o óleo de peixe. Alguns exemplos são:
1.
Fontes proteicas vegetais com melhores perfis de aminoácidos e menores fatores antinutricionais;
2
Óleos vegetais com diferentes perfis de ácidos graxos e ricos em ácidos graxos chaves como DHA e EPA;
3
Farinhas ou óleos de algas ricas em nutrientes chaves.
Existem inúmeros trabalhos publicados sobre ingredientes geneticamente modificados, inclusive em várias espécies de peixes, e no geral os resultados são promissores. Alguns desses ingredientes ainda estão em estágios de experimentação e validação, enquanto outros já são bastante utilizados nas dietas comerciais. A soja é um grande exemplo de um ingrediente geneticamente modificado e esse fato, na maioria das vezes, passa despercebido. Ou seja, não existe uma cautela sobre o uso de soja em dietas aquícolas pelo fato de ser geneticamente modificada. Porém, isso não ocorre com outros ingredientes, principalmente os mais recentes. Algo interessante, pois o foco está em alguns produtos que contêm nutrientes chaves como é o caso dos óleos vegetais e dos derivados de algas ou farinha de alga ricas em DHA e EPA. Gostaria de ressaltar que existe também uma nova vertente de dietas livres de qualquer ingrediente geneticamente modificado. Algumas empresas já
aderem a essa linha e aparentemente existe um mercado promissor e em expansão. Agora vem a grande pergunta: será que estamos indo na direção correta buscando ingredientes “otimizados” para dietas aquícolas através da engenharia genética? Será que, quando chegarmos no ingrediente ideal, esse será utilizado nas dietas? Vale a pena a reflexão, pois é crescente o interesse em saber a origem dos ingredientes utilizados nos produtos que iremos consumir. Assim, num futuro próximo, pode ocorrer uma grande mudança de rumo em relação à demanda de produtos/ ingredientes que não usam ou foram alimentados com ingredientes geneticamente modificados. Em outras palavras, crescerá a demanda por ingredientes que não são geneticamente modificados e também por peixes que não foram alimentados com esses ingredientes. Na verdade, acredito que haverá uma distinção de produtos, ou seja, existirão os produtos que são alimentados com ingredientes geneticamente modificados e outros que não. Esses últimos consistirão em um produto com um valor agregado maior, fato que pode ser interessante para o produtor. O intuito dessa coluna foi trazer um tema atual que estará em debate nos próximos anos e quem sabe moldará parte do futuro da nutrição aquícola. SET/OUT 2018
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Rodolfo Luis Petersen Laboratório de Melhoramento Genético de Organismos Aquáticos - GECEMar Universidade Federal do Paraná - UFPR Pontal do Paraná, PR rodolfopetersen@hotmail.com
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O que é um Programa de Melhoramento Genético? P ara qualquer área do conhecimento humano, um programa de melhoramento significa ajustar algum aspecto de um determinado processo em uma determinada circunstância para a obtenção de um resultado desejado. Sendo assim, em nosso caso, seria melhorar os indices zootécnicos através de um programa de seleção e cruzamentos, para um determinado sistema de cultivo (intensivo, semintensivo, em jaulas, em tanques de terra, superintensivo heterotrófico, RAS etc.) em um determinado ambiente (região geográfica, estuário, época do ano etc.) Como definimos na primeira coluna, o fenótipo é o resultado da ação combinada do genótipo e o ambiente de cultivo. As diferenças fenotípicas (variabilidade fenotípica) entre indivíduos podem ser devidas a diferencias genéticas (variabilidade genética) ou ambientais (variabilidade ambiental), assim como de uma ação combinada de ambas. A variabilidade ambiental está determinada por fatores bióticos e abióticos, sendo que ambos podem variar entre um estado ótimo e um estado estressante. Entre os fatores bióticos podemos considerar todos os seres vivos que atuam no ambiente de cultivo (microalgas, bactérias, vírus, invertebrados planctônicos e bentônicos), incluindo o HOMEM (manejo). Já entre os abióticos se destacam as propriedades físicas e químicas da água, do solo, infraestrutura disponível e insumos utilizados para o manejo das populações (rações, probióticos etc). Devido a grande variabilidade ambiental em sistemas extensivos e semintensivos, estes sistemas de cultivo justificam em muitos casos o desenvolvimento de PROGRAMAS LOCAIS, ou seja, o desenvolvimento de linhagens para uma determinada região. Já para o caso de sistemas intensivos com “controle ambiental”, o desenvolvimento de populações melhoradas possibilita a repetição de resultados médios mesmo em diferentes regiões e países com o uso de uma única população. O melhoramento genético está estritamente ligado aos centros de produção de formas jovens. A partir do
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momento que os animais entram em um sistema de reprodução, a origem dos reprodutores e a forma de cruzá-los passam a ter uma importância vital na estrutura genética da população que estamos comercializando, seja para degradá-la ou melhorá-la, dependendo do caminho escolhido. Ainda não existe na aquicultura um monopólio na produção de sementes por grandes empresas de reprodução. Aliada a variabilidade ambiental dos sistemas e as doenças emergentes ao longo do tempo, existe a dificuldade de esterilizar os produtos e obter suas patentes. Como consequência disso, existe um número significativo de centros de reprodução no mundo todo, sem um controle genético e sanitário adequado. Um programa de melhoramento genético clássico envolve:
Seleção das populações base para a formação de uma população sintética; Definição da estratégia de melhoramento: seleção ou cruzamento;
Estimar a resposta à seleção ou a heteroses; Controlar a endogamia e a variabilidade genética; Estudar correlações genéticas e fenotípicas entre as características zootécnicas de maior interesse; Verificar a possível existência de interação genótipo ambiente entre diferentes regiões de onde as larvas serão utilizadas; Estabelecer um programa de controle sanitário. Dependendo do nível de inversão econômica podemos dividir um programa em básico e avançado. Tudo é uma questão de equilíbrio entre custo e benefício. Cada empresa que possua o ciclo fechado (reprodução e engorda) e um número significativo de hectares de engorda, pode ter um plano básico de melhoramen-
desenvolvimento de populações de crescimento rápido para semear sistemas intensivos ou superintensivos com controle ambiental. A grande maioria das empresas de reprodução anunciam programas de melhoramento, mas com variados níveis de execução real na prática, transformando a genética também numa ferramenta de marketing. Como Roger Doyle (famoso geneticista americano especialista em melhoramento genético de organismos aquáticos) menciona: “Identificar os melhores animais constituí 90% da arte na genética em aquicultura”. Poderíamos acrescentar: “Identificar a melhor estratégia economicamente viável e sustentável é o 100 % da arte dos cultivos aquícolas”.
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to para suas condições de cultivo. Alternativamente, se podem estabelecer associações de empresas com a unificação de recursos destinados ao melhoramento genético de suas áreas de engorda. Não podemos deixar de mencionar a importância do controle sanitário das larvas do programa, principalmente das principais viroses que deixam fortes impactos econômicos na indústria. Existem dois caminhos: construindo áreas específicas de seleção e produção de reprodutores em condições de estrito controle sanitário (NBC: núcleos de reprodução livres de enfermidades conhecidas), ou certificando os animais candidatos para reprodução como “livres” dos principais vírus de interesse (local ou mundial) com o auxílio de técnicas de biologia molecular. Poucas empresas no mundo desenvolvem programas familiares sofisticados. O foco destas empresas é o
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Maurício Gustavo Coelho Emerenciano CSIRO - Austrália Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC mauricioemerenciano@hotmail.com *As opiniões citadas abaixo são exclusivamente pessoais do autor e não necessariamente remetem as opiniões das instituições vinculadas ao mesmo.
Conexão Tailândia: presente e futuro! N
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ão é de hoje que esse país do sudeste Asiático é sinônimo de tecnologia e inovação na produção de camarões marinhos. Por isso a coluna Green Technologies desta edição trás como tema uma reflexão sobre o presente e futuro da carcinicultura desse incrível país. Com quase 70 milhões de habitantes e uma economia pulsante em franca expansão, a Tailândia destaca-se por sempre estar um passo a frente em tecnologias ligadas a aquicultura e em especial na produção intensiva de camarões marinhos. Em recente visita pela região de Prachuap, localizada a sudeste de Bangkok e banhada pelo Golfo da Tailândia, pude conhecer fazendas que produzem de 3 a (pasmem) mais de 12kg/m3! Mas essa produtividade absurda é a que custo? A resposta é, em muitos casos, a custo de muita troca de água! Hoje quando o assunto é produção intensiva (ou super-intensiva) a escolha do sistema a ser adotado vai depender diretamente da disponibilidade de água. Neste sentido, algumas fazendas próximas da costa optam por sistemas clear-water e grandes trocas de água que podem chegar a mais de 1000L por cada Kg de ração ofertada (Figura 1). Na prática, isso pode chegar a mais de 30% de renovação por dia quando operam com grandes biomassas estocadas. Em viveiros de quase 1 hectare isso se traduz em muita água! No entanto, se toda essa água fosse reaproveitada eu até me convenceria que poderia ser uma alternativa “sus-
tentável”. Mas infelizmente a realidade é bem diferente. Grande parte dessa água é descartada ao ambiente com pouco ou quase nulo tratamento. Na minha humilde ótica a conclusão não pode ser outra: uma bomba relógio prestes a explodir, alastrando doenças e comprometendo todo o ambiente no entorno das fazendas. Por outro lado, onde a disponibilidade de água é mais escassa pude conhecer fazendas que adotam práticas bem mais racionais de cultivo e que, por exemplo, recirculam a água descartada para uma série de viveiros de peixes até chegar a um reservatório onde pode ser tratada (caso necessário) e reaproveitada. Este modelo preconiza alta disponibilidade de alimento natural (zooplâncton) principalmente nas fases iniciais de cultivo, por meio do uso de fertilizantes orgânicos (ex.: farelos vegetais) e manipulação da comunidade microbiana. Sim! Estamos falando do famoso sistema conhecido como “Biomimicry” (Figura 2). Um belo exemplo de que com conhecimento tecnológico, biológico e mais especificamente microbiológico, é possível produzir grandes quantidades de camarões (e peixes) em pequenas áreas e de maneira amigável com o meio ambiente. Atrelados aos mais diferentes modelos e conceitos de produção (bioflocos, clear-water, entre outros), uma outra vertente que certamente vem ganhando força naquele país (e também em outros países da Ásia) é a produção indoor. Em recente matéria puFigura 1. Fazenda operando com sistemas “”clear-water” e grandes trocas de água. blicada no portal “The Fish Site” © Maurício G. C. Emerenciano a empresa Charoen Pokphands Foods (CPF), uma potência mundial quando o assunto é cultivo de camarões marinhos, anunciou que nos próximos 5 anos espera converter a maior parte da sua produção para sistemas fechados em estufas. Hoje o número já surpreende, com 15-20% da sua produção sendo feita de maneira indoor naquele país. Certamente ainda vamos escutar muitas histórias desse gigante da carcinicultura, chamado Tailândia.
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TECHNOLOGIES Figura 2. Fazenda adotando o sistema “Biomimicry”: inovação e aplicação de conceitos tecnológico e biológico fazem toda a diferença. © Maurício G. C. Emerenciano
Giovanni Lemos de Mello Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC Editor-chefe da Revista Aquaculture Brasil Laguna, SC giovanni@aquaculturebrasil.com
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Aquaculture Brasil na vanguarda dos eventos técnicos online E
m 2017 a Aquaculture Brasil realizou, de forma inédita, o AquaOnline Brasil, este que foi o I Congresso Brasileiro Online de Aquicultura. O evento foi uma grata surpresa em todos os sentidos. Mais de 4000 inscritos, 30 palestrantes, 3 minicursos e 500 litros de cafés (rsss...)! A audiência online e ao vivo durante os cinco dias do congresso impressionou! Um feedback que recebemos com muito carinho foram de fotos enviadas por professores com seus alunos reunidos em sala de aula, assistindo ao vivo o AquaOnline pelo Brasil. Aproveitando o ensejo, desde já, se agende! O próximo AquaOnline Brasil está marcado para os dias 23 a 26 de abril de 2019. A princípio, o evento será bianual, alternando com a realização do AQUACIÊNCIA, que ocorre nos anos pares. Também já iniciamos as negociações para a realização do “AquaOnline América” e o “AquaOnline World”. Em breve surgirão os primeiros congressos latino-americanos e mundiais online de aquicultura. Regressando a 2017, de forma piloto (experimental), organizamos duas mesas redondas online, sendo a primeira congregando os principais especialistas na criação de bijupirá (Rachycentron canadum). Para definir a pauta e auxiliar na composição do “time”, tivemos o apoio de dois de nossos colunistas: Ricardo V. Rodrigues, Prof. Titular da FURG e Artur N. Rombenso, Pesquisador do CSIRO/Austrália. Imagine os custos de realizar uma mesa redonda presencial em um País de dimensões continentais como o Brasil (passagem e hospedagem de todos, além de outras despesas). De forma online, é muito menos custoso. Meses depois, juntamos grandes nomes na temática “Qualidade de Água” com foco na carcinicultura marinha. Tanto assunto discutido, apesar de uma pauta previamente aprovada, que o mais difícil foi encerrar
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a sessão. Do conforto de sua casa ou escritório, nenhum convidado queria finalizar o encontro. Foram mais de quatro horas de um enriquecedor debate. Após o AquaOnline Brasil 2018, uma das ideias foi a de organizar eventos menores, com dois ou três dias de duração, específicos sobre um determinado assunto, os quais denominamos de workshops online. Definimos os temas prioritários e de maior interesse para o Brasil e nasceu, como workshop primogênito, o “BFT Online”, I Workshop Online sobre Bioflocos. Convidamos a equipe do Projeto Camarão da FURG para ser nossa parceira, e isto fez toda a diferença para o grande sucesso do evento. Reunir os amigos e formar parcerias, não tem trabalho melhor! O BFT Online foi planejado em cinco meses, ocorrendo de 03 a 06 de setembro deste ano. Contamos com a presença de 16 palestrantes, 20 horas de conteúdo e mais de 80 inscritos. Um dos diferenciais de um workshop é que, ao invés de um evento “genérico”, ele aprofunda os conceitos numa determinada temática. No caso do BFT Online, foi possível convidar palestrantes que abordaram temas específicos, como manejo de sólidos, uso de probióticos, controle da amônia e do nitrito, berçários intensivos, entre outros. Para o início de 2019, novidades vêm por aí... em primeira mão para os leitores da coluna, realizaremos o “I Workshop Online sobre Tecnologia do Pescado”. Todas estas ações culminam em um canal do YouTube, o “canal Aquaculture Brasil”. Estamos nos ajustes finais para o lançamento oficial do mesmo. Nos próximos meses surgirá um jeito novo de divulgar informações e conteúdo técnico de qualidade, para fazer a diferença na aquicultura brasileira e, por que não, mundial...
Visão aquícola
Figura 1. João Manoel Cordeiro Alves (Guabi) e Wilson Wasielesky Júnior (FURG), durante a gravação do BFT Online – I Workshop Online sobre Bioflocos.
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Ranicultura Andre Muniz Afonso Universidade Federal do Paraná - UFPR Palotina, PR andremunizafonso@gmail.com
O que se produz da rã? - Parte I (Produtos Comestíveis)
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ranicultura, como toda atividade de exploração animal, dá origem a produtos de interesse comercial. A exemplo de outras atividades zootécnicas, este comércio não se restringe à produtos alimentícios, gerando o que chamamos de “produtos comestíveis” e “produtos não-comestíveis”. Neste primeiro, de três artigos, iremos abordar algumas características dos produtos usados na alimentação, de forma geral. O grupo de produtos comestíveis, também conhecido como “produtos primários”, se destaca, principalmente, pela presença da famosa “carne de rã”, a menina dos olhos da ranicultura. Suas propriedades nutricionais são mundialmente conhecidas, inclusive a ela são atribuídas curas muitas vezes milagrosas. Dentre as suas propriedades podemos destacar as seguintes características: a) proteína de alto valor biológico, configurada pela presença de todos os aminoácidos essenciais, com ótimo balanço aminoacídico e alta digestibilidade, ou seja, altamente biodisponível; b) baixo teor de gorduras, uma vez que nas análises de composição centesimal seu teor de lipídios não ultrapassa os 0,3 % (0,3 g em 100 g de carne), podendo ser intitulada como carne branca e magra; c) boa concentração de minerais, com destaque para o cálcio, cujos teores se apresentam três vezes maiores do que no leite; e d) hipoalergenicidade, que exprime o baixo potencial que o produto tem em provocar alergias alimentares no consumidor, por isso muitas vezes indicada para recém-nascidos, que rejeitam os outros produtos de origem animal, como o próprio leite e outras carnes. Ainda em relação aos produtos comestíveis existe a classe daqueles outrora denominados “subprodutos”, hoje conhecidos como coprodutos, pois além de não serem inferiores em termos de potencial de comercialização, constituem o ponto de equilíbrio em muitas indústrias que processam o pescado, globalmente. O que antes era, literalmente, “jogado fora”, desprezado ou utilizado apenas na indústria da alimentação animal (rações e afins), hoje constitui importante matéria prima para produtos usados na alimentação humana. Prova disso é a carne mecanicamente separada (CMS), um coproduto extraído da prensa mecânica do dorso da rã, que pode ser utilizado como matéria prima para pré-fritos (empa-
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nados, “nuggets”, entre outros) e massas cárneas. Os órgãos, normalmente, não são aproveitados para consumo, sendo esta uma área ainda muito pouco explorada tanto pelas indústrias como pela comunidade científica. Novos produtos alimentícios podem surgir a partir da utilização destas partes do animal, melhorando o seu aproveitamento pelos abatedouros, a lucratividade na cadeia produtiva, como um todo, e diminuindo a quantidade de rejeitos a receberem o devido tratamento para que não se tornem passivos ambientais. Cabe lembrar que, estamos nos referindo ao consumo da rã no Brasil e em alguns países cuja culinária nos é mais familiar, com destaque para França, Bélgica, Espanha, Estados Unidos e México. Ultimamente, temos recebidos vídeos, provenientes de países do oriente, onde se verifica que toda rã é utilizada como alimento. Alguns autores vêm explorando o tema também em países africanos, com destaque para o Oeste Africano (Burkina Faso, Nigéria, Camarões etc.), onde as rãs nativas são exploradas sem qualquer tipo de estratégia de Figura 1. a) Carcaça glaceada de rã-touro (vistas ventral e dorsal); b) carcaça glacea- captura, gerando a da de rã-touro dividida na linha da cintura extinção de espécies (vistas ventral e dorsal); e c) pernas de rã- locais e, consequen-touro frescas com parte da fraldinha. temente, desequilíbrios ecológicos. A carne de rã, um produto de excelente qualidade nutricional, de leve sabor, de boa aparência, ainda não conquistou o consumidor brasileiro, dado o seu baixo consumo. O que precisa ser feito para que isso aconteça? Abordaremos essa e outras questões nas próximas edições. Saudações ranícolas!
Marcelo Shei Fundador da Altamar Sistemas Aquáticos Santos, SP shei@altamar.com.br
Sistemas de Recirculação no Chile E
ntre os dias 17 e 20 de outubro, ocorreu em Puerto Montt, Chile, a 10º Edição da Feira Aquasur. Assim como no Brasil temos a FENACAM voltada principalmente para a indústria do camarão, a Aquasur, tem como foco principal a indústria de produção de salmão chilena, localizada nessa região. Essa é a segunda vez que vou ao evento e dessa vez, tive a oportunidade de realizar visitas técnicas em algumas instalações de produção de salmão que são o estado da arte em sistemas de recirculação, automação e operação de instalações de aquicultura em terra. A produção de salmão é dividida em duas fases. Na primeira, que vai da fertilização dos ovos até quando os animais atingem cerca de 250 g, chamados de smolts, ocorre em água doce. Na segunda fase, os smolts são transferidos para engorda em água marinha, que é feita em tanques-rede no mar. Na primeira fase, para otimizar o tempo de produção, evitar a entrada de parasitas e patógenos, minimizar o consumo e a interferência de qualidade de água de captação e em virtude da dependência climática, as empresas tem passado a utilizar sistemas de recirculação de água.
Os sistemas de recirculação das empresas que visitamos eram compostos basicamente por: filtros de tambores rotativos para a remoção de partículas sólidas, filtros biológicos submersos, torre de desgaseificação, desinfecção por ultra-violeta e ozônio e oxigenação a partir de O2 puro, injetado na linha de retorno. Muitos desses temas já abordados nessa coluna. Uma das empresas que visitamos, a Cermaq, possui um sistema para juvenis composto por 20 tanques de 250 m3 cada. Nele, são estocados animais que chegam com 5 g até atingirem 250 g, operando a densidades de estocagem que alcançam 60 Kg/m3. A operação dos sistemas dessa e de outras duas sedes da empresa, são controladas remotamente através de uma única central, o que facilita a padronização de processos, protocolos e utilização de menos mão de obra. Concluindo, o que vimos foi a operação de uma aquicultura que, para conseguir continuar produzindo, nas últimas décadas precisou se estruturar e se adequar a novas normas ambientais, ao surgimento de patógenos e a um mercado bastante competitivo. Fica a lição aprendida com a Aquicultura Chilena.
Figura 1. Sistema de monitoramento e controle remoto de três estações de aquicultura da Cermaq, Chile.
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Figura 2. Tanques de produção de salmões em recirculação na Cermaq.
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André Camargo Sócio Fundador da Escama Forte Botucatu, SP andre@escamaforte.com.br
Será uma crise? A
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o longo dos últimos 10 anos a tilapicultura brasileira vinha caminhando com relativa estabilidade em relação a produção, preços e mercado consumidor. Porém em meados de 2018 alguns fatores vieram a contribuir com um momento instável e que já perdura por alguns meses, preocupando os produtores. Uma combinação de efeitos da macroeconomia e o inverno brasileiro parecem ter impactado esta atividade que há tempos não sofria assim. A diminuição do consumo da tilápia nos pontos de venda vem trazendo consigo alguns efeitos em cascata que deixam o setor em sinal de alerta e levam os empreendedores a buscar novas alternativas e vias de escoamento da produção. Nas fazendas, os impactos são diversos, as vendas paralisadas ocasionam o aumento das densidades de estocagem nos tanques e desta forma algumas consequências podem ser sentidas. Aumento de densidade, problemas de fluxo de caixa, crescimento desordenado dos animais com aumento do peso médio de venda e o surgimento de doenças oriundas do aumento da densidade, são alguns dos problemas sentidos na pele pelo produtor. Secundariamente, os produtores não conseguem dar sequência em seus povoamentos, pois suas estru-
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turas estão lotadas e isso faz com que este processo ganhe dimensões ao longo do tempo, prejudicando despescas futuras e comprometendo a produção em meses seguintes em algumas localidades. Além do preço pago ao produtor que naturalmente caiu. Por outro lado, podemos perceber movimentos estratégicos importantes que podem ser a chave do crescimento de nossa tilapicultura. Basicamente podemos verificar o aumento lento dos volumes destinados às exportações e também a diversificação dos mercados trabalhados pelas indústrias, versatilizando as vendas e atendendo mercados diferentes daquele das grandes redes de supermercados consumidoras de filés frescos. Com preços mais baixos, mercados mais populares estão sendo alcançados e talvez estejamos vivendo um ajuste do setor para a popularização de diversificação do mercado consumidor de tilápia no Brasil. Assim, como todos sabem, a crise acaba se tornando uma oportunidade e faz com que as realidades habituais mudem e façam a expansão do mercado de forma natural. O produtor neste momento deve ter paciência, cuidado com a inadimplência e continuar sua luta diária para diminuir os riscos de uma possível falta de tilápias em um futuro próximo.
Eduardo Gomes Sanches Instituto de Pesca / APTA Ubatuba, SP esanches@pesca.sp.gov.br
A precisão na preservação do passado
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O
incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, em setembro, me fez pensar sobre como lidamos com nosso passado. “Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la”, disse há cerca de 50 anos Ernesto Ché Guevara (a frase original é de Edmund Burke). A par da tristeza em assistirmos o que vem acontecendo no Brasil, resolvi escrever esta coluna analisando como temos preservado a história da aquicultura em nosso país. Quando comecei minha vida profissional a aquicultura era muito jovem no Brasil. Tínhamos poucos pesquisadores (tive a honra de conhecer e conviver com alguns expoentes desta época) e poucas unidades de pesquisa (que na época se constituíam em pequenos laboratórios improvisados em galpões nas propriedades rurais estatais que detinham viveiros e tanques). O setor produtivo era desorganizado, formado por entusiastas apaixonados, mas sem muito conhecimento, o desenvolvimento ocorria de forma lenta. Cursos de extensão e de pós-graduação eram um luxo disponíveis a poucos profissionais. Muito tempo passou desde então (quase trinta anos). É claro que muita coisa mudou. Hoje temos muitos profissionais altamente capacitados na aquicultura. O setor produtivo é organizado e bem representado. Existe ampla disponibilidade de aperfeiçoamento em excelentes instituições de ensino e pesquisa e através da internet as informações chegam ao campo em tempo real. O Brasil definitivamente é um player mundial na aquicultura e ainda temos muito potencial para crescer. Mas a pergunta que faço é: temos cuidado de nosso passado? Há pouco tempo atrás visitei o Polo Regional do Vale do Paraíba, da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que abriga a Estação de Piscicultura de Pindamonhangaba. Quem me proporcionou a visita foi o colega pesquisador Sergio Henrique Canello Schalch que atualmente de-
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senvolve seus trabalhos em aquicultura neste local. A mais de vinte e cinco anos atrás acompanhei trabalhos de reprodução de peixes naquela unidade. E confesso que fiquei impressionado com a visita. Apesar das dificuldades devido a restrição de verbas nas entidades públicas de pesquisa, e da complexidade que é operar um empreendimento de aquicultura estatal hoje no Brasil, o esforço do Sergio e dos demais colegas em preservar a estação e dar suporte ao setor produtivo regional são dignos de registro. A estação de pesquisa está produzindo muito peixe (de diferentes espécies e variedades), interagindo com o setor produtivo e ainda fazendo pesquisa de ponta, financiada pela exigente Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Muitos bons profissionais passaram por esta unidade de pesquisa ao longo do tempo. Foi uma satisfação observar o antigo layout dos viveiros (que era a tecnologia disponível na época) e ver como a aquicultura mudou. Ver como avançamos em sistemas produtivos com menor impacto ambiental e mais eficientes em termos econômicos. Foi interessante aprender como o Sergio tem modernizado a estação sem perder a essência do projeto original, em um esforço de preservar a memória de nossa aquicultura. Comprovando que não precisamos destruir o passado para criar o futuro. Podemos encontrar a precisão até na preservação de nosso passado. Posso adiantar a vocês que não é só em Pindamonhangaba que isto acontece. Diversas outras estações de pesquisa da década de 70 e 80 estão sendo modernizadas, mas preservando as características originais do projeto inicial. Representam nossa história que pode ser conhecida pelos novos profissionais da aquicultura. E estes tem um grande desafio. Lidar com a escassez de recursos para inovação científica (anunciada correntemente pelos órgãos de fomento da ciência) e ao mesmo tempo não descuidar do nosso passado. Como fazer isto ? Certamente a par-
ceria com o segmento produtivo proporcionará as ferramentas para continuar o crescimento de nossa aquicultura. Não há mais espaço para ações isoladas. A construção do futuro dependerá de um esforço conjunto entre a academia e os produtores. Sem preservar nossas memórias não teremos futuro. Que a
tragédia do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, nos remeta a uma reflexão sobre o que somos e onde queremos chegar. Nossa aquicultura precisa disto. Nosso pais precisa disto. Mas acima de tudo, nosso futuro depende disto. Até a próxima coluna.
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Polo Regional do Vale do Paraíba, da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que abriga a Estação de Piscicultura de Pindamonhangaba.
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Santiago Benites de Pádua Biovet Vaxxinova Vargem Grande Paulista, SP santiago.padua@biovet.com.br
Desafios sanitários na tilapicultura brasileira
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piscicultura continental brasileira continua mantendo um ritmo acelerado de crescimento. Entre as diferentes espécies utilizadas para criação, a tilápia do Nilo cada vez mais amplia sua vantagem na liderança em volume de produção, apresentando versatilidade entre diferentes modelos de criação, bem como na indústria de processamento, além de conquistar cada vez mais o mercado consumidor. Novos polos de criação têm se estabelecido pelo Brasil, além do mais, os pólos de criação já consolidados não param de ampliar seu volume de produção. Neste ambiente de crescimento, parece que somente as crises hídricas poderiam abalar a continuidade de crescimento na criação de tilápia, como já vivenciado em algumas regiões. Contudo, os problemas sanitários poderão, de fato, atuar como um limitador caso não seja implementado um programa de vigilância e contingência de enfermidades com a capilaridade que a atividade possui.
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Doenças infecciosas
Entre as doenças infecciosas que afligem a tilapicultura, temos diferentes agentes etiológicos, que por sua vez protagonizam desafios de menor ou maior impacto. Entre estes, temos as doenças parasitárias, bacterianas, fúngicas e virais. De forma geral, as doenças apresentam fatores de riscos que favorecem sua ocorrência em um determinado plantel, além disso, temos os grupos de riscos que são animais ou fases de criação que apresentam maior susceptibilidade a um determinado agente patogênico. Para gestão sanitária dos empreendimentos aquícolas, precisamos ter conhecimento destas informações, uma vez que para elaborar estratégias contra a introdução ou contenção de doenças infecciosas, necessariamente precisamos conhecê-las adequadamente.
Histórico de doenças infecciosas na tilapicultura brasileira
Tradicionalmente, as doenças parasitárias juntamente com as doenças bacterianas constituem-se nos principais desafios sanitários que têm acometido a tilapicultura brasileira. Protozoários tricodinídeos e os vermes mo-
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nogenéticos figuraram como os principais ectoparasitos, causando infestações especialmente nas fases iniciais de criação. Entre as bactérias, diferentes espécies e sorotipos de Streptococcus são de longe os protagonistas entre os desafios bacterianos em períodos de altas na temperatura da água, causando típicos quadros de meningoencefalite. Por outro lado, o desafio de inverno é reservado para Francisella noatunensis subsp. orientalis, que atualmente está presente nos principais pólos de criação de tilápia no Brasil, inclusive no Nordeste. Contudo, o que mais preocupa o setor produtivo atualmente é a introdução das doenças virais, as quais algumas já circulam em regiões produtoras, tais como o Betanodavirus e Ranavirus.
Vigilância epidemiológica deficiente
Atualmente não dispomos de um sistema de vigilância epidemiológica, provida de ampla capilaridade, para monitorar as doenças emergentes que acometem a tilapicultura brasileira. Esta condição permite que casos recidivos de mortalidades agudas passem despercebidos, limitando seriamente a capacidade de demonstrar ao setor os reais problemas sanitários que ele enfrenta. Com isso, a deficiência de diagnóstico ágil e acurado, entre outras consequências, permite a livre circulação de animais infectados entre diferentes pólos de criação, sendo esta a principal forma de dispersão da doença. Talvez a indústria brasileira da tilápia ainda não tenha alcançado maturidade suficiente para elaborar, implantar e manter ativo um programa de monitoramento assíduo de enfermidades nos polos produtores. De fato, para mantermos o crescimento ordenado da atividade serão necessárias medidas como esta. Somente a partir do amplo e contínuo diagnóstico de enfermidades podemos ter capacidade de detecção das doenças emergentes e reemergentes que afligem o setor. A partir destas ações, são elaborados planos de contingência, estratégias de biosseguridade, salubridade, além de soluções como a elaboração de vacinas mais efetivas e completas, trazendo luz aos problemas até então mantidos em penumbra.
Ricardo Vieira Rodrigues
LACQUA 2018 esta edição deixarei um pouco de lado a teN mática da coluna, para abordar a realização do evento LACQUA em Bogotá. Entre os dias 23 e 26 de outubro desse ano ocorreu na cidade de Bogotá, Colômbia, o Congresso Latinoamericano de Aquicultura (LACQUA), realizado pelo Capítulo Latinoamericano da Sociedade Mundial de Aquicultura (WAS). O evento teve um número superior a 1300 inscritos, e também contou com uma feira de empresas ligadas à aquicultura. Nesta feira, mais de trinta empresas do ramo aquícola divulgaram seus produtos e serviços, principalmente empresas de rações e aditivos alimentares, além de equipamentos em geral para o setor. Entre professores, pesquisadores e estudantes, mais de 50 brasileiros participaram do evento (Figura 1). Ao todo oito sessões de diferentes áreas (zooplâncton, bioflocos, sistema multitrófico, Macrobrachium e outros crustáceos, reprodução de peixes, toxicologia, larvicultura e espécies ornamentais) foram coordenadas por pesquisadores brasileiros. As sessões em destaque durante o LACQUA foram as de enfermidades em peixes, além de sessões sobre sistemas fechados de produção, como aquaponia, AMTI (sistema de aquicultura multitrófica integrada), RAS (sistema de recirculação) e bioflocos. Na sessão de enfermidades em peixes houveram 41 apresentações orais, distribuídas ao longo dos três dias de evento. Chamam atenção os resumos que relatam a ocorrência e per-
das econômicas causadas pelo Vírus da Tilápia do Lago (TiLV) na América do Sul, além do desenvolvimento de diferentes possibilidades de vacinas para várias enfermidades de tilápia. As sessões de sistemas fechados em aquicultura são uma tendência atual na aquicultura mundial e receberam um número muito grande de ouvintes. Na sesão de bioflocos, estudos com camarão marinho e tilápia domiraram o ambiente, o que já era esperado, mas vários estudos com produção de peixes nativos de água doce (Piaractus brachypomus) e marinhos (Totoaba macdonaldi) se destacaram. Na sessão de sistemas aquapônicos e AMTI destaco os estudos com a utilização do pirarucu em sistema aquapônico, e os estudos com sistemas de água salobra integrando camarão e/ou tilápia com diferentes vegetais. Gostaria de chamar a atenção para a premiação dos estudantes, onde a brasileira Ariane Martins Guimarães, da Universidade Federal de Santa Catarina, teve seu trabalho oral intitulado “Schizochytrium limacinum meal in replacement of fish oil in practical diets for the juvenile pacific white shrimp” premiado durante o evento. Meus parabéns a Ariane, seus orientadores e colaboradores e a UFSC! Na sessão de peixe marinhos gostaria de destacar a apresentação intitulada “Reporte de la primeira reproducción y larvicultura del mero guasa Ephinephelus itajara en el mundo” realizada por Jaime Rojas Ruiz que pertence ao Oceanário Islas del Rosario em Cartagena, Colômbia. Em 2015 essa primeira reprodução e larvicultura do mero foi realizada com sucesso e no momento o Oceanário possui reprodutores F1 selecionados nessa primeira experiência. O próximo LACQUA será realizado em San José na Costa Rica, em novembro de 2019. Acho importante darmos força para o congresso Latinoamericano de Aquicultura. Estaremos lá!
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Estação Marinha de Aquacultura - EMA Universidade Federal do Rio Grande - FURG Rio Grande, RS vr.ricardo@gmail.com
Alex Augusto Gonçalves Chefe do Laboratório de Tecnologia e Qualidade do Pescado - LAPESC Universidade Federal Rural do Semi Árido - UFERSA Mossoró - RN alaugo@gmail.com
Conservas de Pescado: um segmento
ainda por ser explorado (...vai muito além da sardinha e atum!)
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processo de desenvolvimento de novos produtos na indústria do pescado internacional está cada vez mais baseado na extensão de suas linhas de produtos, enquanto que a indústria do pescado nacional mantém-se estagnada, com poucos produtos quando comparados ao mercado norte-americano, europeu, ou asiático por exemplo, e necessita urgentemente diversificar seus produtos para competir no mercado global. Por outro lado, os produtos à base de pescado têm atraído considerável atenção como uma importante fonte de nutrientes para a dieta humana. Somado a isso, percebe-se um aumento na necessidade do consumidor na procura de produtos de conveniência, tais como produtos do tipo “pronto para comer” ou “pronto para cozinhar” ou “pronto para servir”, higienicamente preparados, em embalagens atraentes, de fácil abertura, e principalmente que não necessite da cadeia do frio para seu armazenamento, como os tradicionais produtos em conserva (enlatados). Infelizmente, o atrativo não é suficiente nos produtos à base de pescado para satisfazer as necessidades dos consumidores, visto que em alguns casos a presença de fraude econômica faz-se presente. Pouco se investe em produtos enlatados que não necessita da cadeia do frio para seu armazenamento, distribuição e comercialização (ainda estagnadas nas tradicionais espécies – sardinha e atum). O princípio básico em que a indústria do pescado está trabalhando é que não há demanda para produtos com valor agregado no mercado interno (incluindo novos produtos em conserva – será?), ou seja, os consumidores não são capazes de garantir a valorização dos produtos em termos de preço e qualidade. O enlatamento pertence a uma das categorias mais importantes na tecnologia de preservação de espécies marinhas para consumo humano, cujo objetivo principal consiste na preparação de um produto de boa
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qualidade capaz de ser armazenado durante um tempo razoável (1~2 anos), além de ser uma excelente forma de transporte do produto e não necessitar de refrigeração. O surgimento de produtos enlatados de valor agregado (novas espécies, novos cortes, combinação de peixes com algas, ovas, produtos defumados, produtos fermentados, novos molhos, etc.) é acelerado pelo padrão de demanda atual dos principais mercados de pescado em países exportadores. As pessoas se tornaram mais seletivas na escolha de alimentos e certamente estão dispostas a gastar mais para se alimentar. Valor agregado refere-se ao recurso “extra” de um item de interesse (produto, serviço, pessoa, etc.) que vai além das expectativas padrão em oferecer algo “a mais”, enquanto acrescenta pouco ou nada para o seu custo. Alguns produtos de conserva (enlatados) que estão sendo comercializados no Brasil, com valor agregado (i.e. salmão e bacalhau, com preço médio de R$ 15,00 e R$ 19,00 a lata, respectivamente), tem, apesar do alto valor, uma qualidade sensorial excelente e certamente está agradando o consumidor.
Conservas (enlatamento) de pescado
O enlatamento pertence a uma das categorias mais importantes na tecnologia de preservação de espécies marinhas e de água doce, para consumo humano. Durante este processo que envolve um intenso tratamento térmico em etapas de cozimento e esterilização, a natureza da matéria prima (pescado) sofre significativas alterações originando produtos com diferentes características sensoriais mantendo um elevado padrão de saudabilidade. Muitas espécies marinhas e de água doce resultam em excelentes produtos enlatados (muitos deles somente encontrados no exterior) como: bonitos e atuns (sólido, lascas, ralado, em óleo, em salmoura, com feijão, com algas, com isoflavonas, com vegetais, com ba-
No entanto, no mercado nacional, essas espécies ainda não foram introduzidas na indústria conserveira, uma vez que esses novos produtos (espécies) não estão sendo incluídos nas gôndolas dos supermercados. Talvez a necessidade de estudos de viabilidade econômica ainda seja necessária, por parte dos pesquisadores e das indústrias, pois pelos estudos de viabilidade técnica, bem como a disponibilidade de matéria-prima (produção em grande escala), principalmente oriundo da aquicultura permitem a inclusão de novas espécies. Para que os produtos enlatados sejam seguros, os fabricantes de pescado em conserva devem certificar-se de que o tratamento térmico ao qual estão sendo submetidos seja suficiente para eliminar todos os microrganismos patogênicos responsáveis pela deterioração. A esterilização a quente objetiva a inativação de bactérias e enzimas presentes no pescado. As enzimas são inativadas a uma temperatura relativamente baixa, porém, deve-se imprimir um tratamento térmico mais forte para as bactérias, ou seja, temperaturas relativamente elevadas por determinados períodos, especialmente se são capazes de formar esporos. Dessa maneira, a temperatura e a duração do processo devem ser suficientes para a destruição dos esporos mais resistentes ao calor.
Considerações Finais
A agregação de valor e a diversificação de produtos são os dois lados de uma mesma moeda que devem ser inseridas em nossas indústrias de pescado, principalmente nas de conserva (enlatados). Há uma necessidade crescente de produtos de pescado seguro e saudável com alta qualidade sensorial e pode ser atendida pela pesca e aquicultura. A tecnologia continuará a desempenhar um papel importante no negócio de agregação de valores, como as conservas (enlatados) com novas espécies, novos cortes, novos molhos, novos produtos (defumado, fermentado, marinado), dentre outros.
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con, defumados, filés de atum em azeite com tomate seco e azeitona,.etc. ), bacalhau (em azeite e alho, com grão de bico, e bochechas de bacalhau, fígado de bacalhau defumado, etc.), sardinhas (ao natural, em azeite, em molho tomate, em molho picante, em molho de limão, filés de sardinha, defumados, filés de sardinha em azeite extra virgem, etc.), cavalinha, carapau, arenques, salmões (lascas, ralado, filés de salmão em azeite com alcaparras), tilápias, ovas de peixes, camarões, caranguejos ou patas de caranguejo, siris, polvos, lulas (anéis, recheadas, etc.), mexilhões, vieiras, enguias, rãs, algas, patês, etc. A abrangência de espécies que se adaptam ao processo de enlatamento e a praticidade dos produtos desenvolvidos, fazem com que este segmento tenha importância significativa no campo da nutrição humana. Por outro lado existem espécies marinhas que não se adaptam ao processo de enlatamento porque a estrutura molecular se desintegra quando submetido a severas condições de tratamento térmico. Com relação ao mercado brasileiro observa-se um perfil diferente do mundial existindo praticamente somente duas espécies comercializadas, onde a sardinha representa ~76% e o atum ~22% (os ~2% representam outras espécies como mexilhão, salmão, cavalinha, arenque, patês, etc.) Para tentar mudar esse cenário, a Embrapa realizou a prospecção de espécies nativas, como alternativa para o processo de enlatamento para a indústria de conservas de pescado. Entre os resultados, observou-se uma boa aceitação de mercado e intenção de compras das espécies de peixe nativo (tilápia, tambaqui, matrinxã, cachapinta, pacu, jundiá, rã), dinamizando o setor das indústrias de conservas a partir da introdução de novas espécies e criação de novos nichos de mercado, uma vez que a indústria demanda por um peixe nativo que seja proveniente de cultivo e com produção em escala. Esses estudos sugerem a introdução dessa tecnologia (conservas) na aquicultura através de pequenas unidades de processamento de pescado.
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Defendeu! Em algum lugar do Brasil, um acadêmico de graduação ou pós contribui com novas informações para nossa aquicultura. Nome do acadêmico: Inácio Alves Neto Orientador: Prof. Dr. Wilson Wasielesky Jr Coorientador: Dr. Plínio Furtado Instituição: Universidade Federal do Rio Grande, FURG – Programa de Pós-Graduação em Aquicultura Título do trabalho de mestrado: Efeito do uso de diferentes concentrações de magnésio na água do cultivo do camarão branco do Pacífico, Litopenaeus vannamei (Boone, 1931) em baixa salinidade, fase de engorda, com tecnologia de bioflocos.
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Introdução:
a carcinicultura marinha ocorre principalmente em áreas próximas da costa e vem desencadeando questões sociais, econômicas e ambientais. Com isso, o cultivo afastado da costa tem sido uma alternativa para os produtores, tornando-se mais viável devido ao menor custo de terra e legislação ambiental menos rigorosa. Contudo, esse afastamento gera custos econômicos com transporte de água ou produção de água salgada, e custos ambientais com efluentes salinizados lançados no ambiente pelas renovações, provocando salinização do solo e corpos receptores. Sendo assim, o uso de salinização artificial e reutilização da água são necessários para que o afastamento do cultivo, atualmente em expansão, seja mais sustentável. O sistema BFT permite o reuso da água por diversos ciclos, associado ao uso da salinização artificial, tornam-se alternativa ao reaproveitamento da água e uso de água marinha. Dentre os constituintes da salinização artificial, o magnésio é o elemento mais caro, ainda que seja apenas o quarto em concentração na água do mar, faz parte de processos como osmorregulação, transmissão neuromuscular, atua como cofator em inúmeras reações enzimáticas, influenciando diretamente o crescimento e sobrevivência dos camarões. Não havia recomendação definitiva sobre a concentração em água de baixa salinidade para cultivo de camarões marinhos.
Objetivo: avaliar o efeito de diferentes concentrações de magnésio na água de cultivo, no desempenho zootécnico do Litopenaeus vannamei cultivado em águas artificialmente salinizadas em sistema BFT. Materiais e métodos:
o experimento foi realizado durante 42 dias, na Estação Marinha de Aquacultura da FURG. Juvenis de Litopenaeus vannamei
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com 1,0g (±0,2g) provenientes de berçário nas mesmas condições, foram estocados na densidade de 500/m3 em 18 caixas com 40L de volume útil e cultivados até alcançarem peso médio de 5 g. Foram testados seis tratamentos (n=3): tratamento controle com água do mar diluída e cinco com água artificialmente salinizada, sendo manipulado apenas o magnésio na relação Ca:Mg:K, todos com salinidade final de 5g/L. As relações utilizadas foram:
T1=1:3:0,9 (165mg/L de Magnésio); T2=1:2:0,9 (110 mg/L de Magnésio); T3=1:1:0,9 (55mg/L de Magnésio); T4=1: 0,5:0,9 (27,5mg/L de Magnésio); T5=1:0,1:0,9 (5,5mg/L de Magnésio).
Figura 1. Análise dos macroelementos constituintes da salinização artificial coletados ao final do período experimental.
Os animais foram alimentados 2 vezes ao dia com a ração comercial (Guabi Potimar/38 Active, 38% de proteína bruta).
Resultados e Discussão: os pa-
râmetros de qualidade de água foram monitorados durante todo o experimento e se mantiveram dentro daqueles considerados adequados para o desenvolvimento da espécie.
Figura 2. Diluição e preparação da salinização artificial da água referente às relações testadas para cada tratamento.
Unidades experimentais (40L) Salga mãe + Mg (120L) Salga mãe (600L)
Tabela 1. Composição dos macroelementos constituintes da salga artificial referentes a coleta do 32° dia de cultivo na fase de engorda.
Os melhores resultados quanto ao desempenho zootécnico foram observados no tratamento T3=1:1:0,9, com valores sem diferenças estatísticas em relação ao controle nos parâmetros de sobrevivência 88,33% ± 10,41%, conversão alimentar 1,8±0,07, peso final 4,63g ± 0,53g. A sobrevivência no menor tratamento com Mg2+ foi de 70%, e significativamente menor do que todos os outros tratamentos que variou de 90,0 a 96,5%. Os índices de sobrevivência do presente estudo são considerados bons resultados, apesar das diferenças significativas encontradas entre os tratamentos, estando de acordo com Roy et al., (2007), com índices maiores nos tratamentos com maiores concentrações de Mg2+, variando de 80 a 96% ao final do cultivo. Em contrapartida, no tratamento com menor concentração do íon, foi obtido sobrevivência de 70%.
Conclusão: o efeito da redução do magnésio dentro da relação Cálcio : Magnésio : Potássio, mostra bons resultados até a proporção 1 : 1 : 0,9, não apresentando diferenças significativas na sobrevivência, crescimento e conversão alimentar aparente, comparados com a água do mar diluída e proporções de magnésio mais altas. Valores abaixo dessa porporção influenciaram O trabalho foi defendido em: negativamente estes parâmetros zootécnicos, indicando sua 17/07/2018 importância para a sanidade dos camarões. Nos custos finais com produção da salinização, houve uma economia de 26% com o tratamento T3 em relação ao T1 (relação encontrada na água do mar). 75
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TC: tratamento controle obtido a partir da diluição da água do mar; T1 a T5: diferentes relações em água salinizada artificialmente.
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Em 1981 chegou ao Brasil e por acaso conheceu a carcinicultura. Apostou nesse “negócio da China” e hoje é um dos maiores produtores de camarão do Brasil. AQUACULTURE BRASIL: Werner, como foi a ideia de vir para o Brasil?
AQUACULTURE BRASIL: A Camanor Produtos Marinhos e a Charoen Pokphand Foods (CP Foods), da Tailândia, fecharam um acordo onde a empresa tailandesa adquiriu uma participação de 40% da Camanor. O que motivou a Camanor a vender parte das suas ações?
Werner Jost: Sempre tive interesse na criação de organismos aquáticos, contudo, no princípio eu não conhecia muito bem o conceito de aquicultura. Mas sempre gosWerner Jost: A CP Foods é uma das maiores empretei muito de peixes! Cursei Economia e Administração sas mundiais de produção e processamento de camae, durante a faculdade, tinha um negócio de compra rão. Além disso, também é a maior produtora de ração de artesanato, importando produtos da América Latina do mundo. Existem vários pontos em que, para nós, é e comercializando na Suíça. Por conta dessa operação, importante tê-los como parceiros. Mantemos contato conheci o Brasil em 1981. Eu tinha quatro amigos suíços com eles há quase 20 anos. Há 12 anos atrás tivemos que trabalhavam em multinacionais no Estado de São uma primeira proposta de sociedade, mas a CP Foods, Paulo. Um dia nos reunimos e pensamos em montar um por algumas razões, declinou projeto de criação de camarões, e naquele momento. Desta vez eu, como tinha mais tempo livre, deu certo e, para a Camanor, fiquei responsável pelo planejamento deste novo negócio. Na é importante ter essa abertura época, comentava-se que a carcimundial. A dificuldade da exO Estado estava nicultura era bastante promissora. portação em virtude do câmbio fomentando a Um “negócio da china”! Em 1981 desfavorável nos deixou muito viajei para o Rio Grande do Norte, “fechados” para o mundo. Atualcarcinicultura e a mente, o camarão brasileiro tem onde havia uma estação de pesqui“propaganda” era que se sas, e comecei a procurar um terpouca importância no mercado reno para adquirir. O Estado estava mundial porque não há exportaforneciam pós-larvas, ção, ou seja, estamos totalmenfomentando a carcinicultura e a ração, crédito... te fora do cenário global. Através “propaganda” era que se forneciam da associação com uma empresa pós-larvas, ração, crédito... decididecidimos arriscar! mos arriscar! Vendi a parte da mido porte da CP Foods, o mundo nha empresa ao meu sócio e resolabre-se para nós. Não somenvi encarar o desafio, tornando-me te como empresa, mas também um carcinicultor! Estávamos no para nossa equipe, ampliando ano de 1982. A princípio eu imagisua visão internacional, melhonava tocar o negócio por uns dois ou três anos, depois rando o inglês dos colaboradores, além do networking vender e voltar para a Suíça, mas aqui estou há 36 anos! de todos. O segundo ponto a se considerar, e que tam-
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Werner Jost
Especialmente para a 14ª edição, que circulará na FENACAM 2018, a Aquaculture Brasil entrevistou o suíço Werner Jost, economista, administrador de empresas e sócio-proprietário da Camanor Produtos Marinhos. A principal novidade da empresa em 2018 foi sua aquisição pela gigante “CP Foods”, da Tailândia. Werner também comentou sobre os recentes avanços do AquaScience, apontando as perspectivas futuras do revolucionário sistema.
Vista da Fazenda Canabrava, na Barra do Cunhaú, Rio Grande do Norte, onde opera o sistema Aquascience. bém foi decisivo, é o fato de “unirmos” o Ocidente e o Oriente. O Robins McIntosh, considerado o “papa” da carcinicultura mundial, há 15 anos desenvolve na CP Foods um trabalho muito interessante com camarões, voltado especificamente às doenças e à genética. Ele sempre tentou estabelecer uma parceria com a Camanor e, depois de três anos de intensa negociação, conseguimos concretizar. É fantástico ter uma pessoa como o McIntosh ao nosso lado! E a negociação não foi tarefa fácil... A CP Foods é muito grande, e nunca havia comprado uma participação minoritária de uma empresa. Essa foi a primeira vez na história que eles compraram um percentual abaixo de 50% de um negócio.
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AQUACULTURE BRASIL: O que muda verdadeiramente na Camanor com a chegada da CP Foods? Werner Jost: Esse também foi um ponto interessante da negociação, pois não mudamos a equipe de nossa empresa. Não há ninguém da Tailândia vindo para cá. De certa forma isto traz tranquilidade a nossa equipe, além de mostrar a confiança que eles têm na Camanor e na capacidade de levarmos a empresa a diante. É interessante entender também o porquê de a CP Foods ter vindo para o Brasil. O país é um potencial consumidor e eles têm muito interesse que ocupemos o mercado e consigamos comercializar muito camarão no mercado interno. Este fato é, com certeza, um atrativo a mais para eles. Outro ponto é o AquaScience. Eles sabem a dificuldade e os desafios de se produzir em sistemas fechados. Em uma recente entrevista, o responsável pelo setor de aquicultura da CP Foods afirmou que, atualmente, 20% da produção deles já ocorre em sistemas fechados, e ele acredita que dentro de cinco anos este percentual aumentará para 100%. Assim, a CP Foods ser parceira da Camanor também traz maior segurança pra eles, visto que o sistema AquaScience é um modelo único de produção intensiva e altamente eficaz. AQUACULTURE BRASIL: Onde a Camanor quer chegar? Werner Jost: Nós queremos ser um dos melhores, ou
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quem sabe até o melhor produtor mundial, em termos não somente de tecnologia, mas também em custo de produção, organização e competitividade. Ser uma excelência mundial em vários aspectos: esse é o objetivo da Camanor. Para atingir esse objetivo, temos que trabalhar tendo como base um triângulo, onde em uma ponta existe o sistema de produção: o “AquaScience”; na outra ponta a pós-larva, e essa engloba não somente o conceito da genética e dos avanços visando a alta produtividade, mas também o conceito de sanidade. Não queremos um animal que cresça “estranhamente rápido”. Almejamos um animal sem doenças específicas que depois poderiam dificultam o seu desenvolvimento. E a terceira ponta deste triângulo é a ração. Hoje sabemos que existem muitos problemas de qualidade nas rações comercializadas no Brasil, ou melhor dizendo, pois talvez o conceito seja um pouco diferente: a maioria dos sistemas produtivos no Brasil são semi-intensivos, utilizando-se de 10 a 20 animais/m², onde as rações utilizadas funcionam como um complemento alimentar, em virtude de os viveiros possuírem alimento natural. Se você muda drasticamente para um sistema com 400 camarões/m², não pode se basear em alimentação natural. A dependência da ração é de 100%. Nossa dificuldade atual é conseguir uma ração com qualidade adaptada a nossa condição de cultivo intensivo. A CP Foods nos trará novas tecnologias e diferentes conceitos para delinearmos nosso próprio laboratório de produção depós-larvas, além da questão da genética. Estamos trabalhando junto ao MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para importar animais com melhor desempenho, melhorados geneticamente. Enquanto isso, aproveitando o nosso laboratório atual, temos animais que são baseados na genética da Aquatec, mas que já passaram pelo sistema AquaScience. Especificamente sobre a ração, a CP Foods analisou o cenário brasileiro atual e nos deu bastante fundamentação para conversarmos com nossos fornecedores nacionais, visando melhorar o nível de qualidade das rações que utilizamos. Uma última questão são os recursos financeiros que entra-
AQUACULTURE BRASIL: A importação de camarões congelados apresenta um grande risco sanitário para a carcinicultura brasileira. Pensando que a Camanor trabalha em sistema fechado e biosseguro, esta importação deixaria de ser um risco para vocês? Werner Jost: Com certeza seria um risco! Com o AquaScience, nós encontramos uma maneira de como conviver com a mancha branca. Hoje, praticamente não perdemos mais camarão devido a essa enfermidade. Contudo, cada vírus e cada bactéria é uma nova história e não sabemos como o sistema poderá reagir, se sofreria ou não algum impacto. A sanidade é um ponto crucial no conceito do AquaScience. Para nós, como também para os demais produtores brasileiros, seria muito melhor que não houvesse a importação de camarão congelado de outros países, uma vez que no beneficiamento destes crustáceos não há garantias de que os resíduos do processamento não possam chegar ao meio ambiente e, muito rapidamente, alguma nova doença possa se disseminar para as fazendas. AQUACULTURE BRASIL: Vocês já estão implantando a geração quatro (G4)? Como estão os ganhos de produtividade a cada geração e quais os principais desafios encontrados geração após geração? Werner Jost: A maioria dos viveiros construídos hoje estão na geração três (G3), entretanto, já estamos implantando alguns G4. Ao longo dos últimos 2-3 anos, trabalhamos na G3, modificando e melhorando consideravelmente esta geração. Estamos modificando os viveiros que construímos, cobrindo-os com estufa. Isto requer alto investimento. Também temos que prestar bastante atenção em cada alteração do sistema. Estamos muito confiantes que estas alterações mudarão a maneira de se produzir, no sentido de que os parâmetros fiquem ainda mais estáveis. No caso das estufas, especialmente a temperatura. Estamos aprendendo a manipular, no sentido positivo, a temperatura das estufas para atingirmos uma temperatura constante ao longo de todo o ano. Para a G4 estamos construindo uma unidade piloto, testando aspectos construtivos, utilizando diferentes materiais. Antes de começar a construir em grande escala uma nova geração, pretendemos realizar diversos testes e observar se o sistema está atendendo às nossas expectativas. Uma vez que estiver tudo certo, partimos para a expansão. A
meta é construir 30 ha na G4. Essa nova geração trará um aumento de produtividade e nossa ideia é simplificar o sistema, tanto com relação aos insumos, estrutura, energia elétrica, como também na gestão. Para isso, as unidades de produção serão todas do mesmo tamanho, o que não é o caso das outras gerações. Essa novidade facilitará o planejamento, uma vez que todos os insumos serão calculados para tanques com iguais dimensões. Nosso objetivo é não somente aumentar a produtividade, como também simplificar e reduzir os custos de produção, tornando-nos competitivos a nível mundial. AQUACULTURE BRASIL: Há a ideia de replicar e comercializar o sistema AquaScience para outras empresas ou países? Werner Jost: Não temos a intensão de comercializar o sistema por duas razões, primeiro, porque sabemos da complexidade do AquaScience. Atualmente não conhecemos nenhuma outra empresa que teria a capacidade de absorver a complexibilidade deste modelo, não somente pela tecnologia empregada, bem como pelo gerenciamento. Segundo porque, uma vez que nós disseminemos a tecnologia, não teremos mais o controle do grupo, correndo riscos de o AquaScience ser implantado por terceiros. Para nós é fundamental ter essa vantagem competitiva que o sistema nos proporciona. A Camanor é uma empresa formal que atende a todos os requisitos ambientais e todas as exigências trabalhistas. Isto gera um custo enorme comparado a outros produtores que, por exemplo, não trabalham formalmente. Repassar esta tecnologia para outros países é pior ainda. Os asiáticos, por exemplo, são muito rápidos em absorver e aprender novas tecnologias, e poderíamos enfrentar uma dificuldade com relação ao mercado mundial. Portanto é importante deixar claro que o sistema também não irá para Ásia, mesmo com união da empresa com a CP Foods. Nós já possuímos diversas desvantagens competitivas produzindo no Brasil e o AquaScience é uma forma de termos um plus que nos possibilite ser mais competitivo a nível nacional e internacional. Sobre o que esperar da Camanor nos próximos anos, hoje temos 20ha construídos e a ideia é construir outros 30 ha, produzindo 15 mil toneladas anuais em 50 ha de área produtiva. Após isso é possível a construção de uma nova fazenda. Vai depender da lucratividade que teremos. Isso não nos impede também de ir para outro País, pois no Brasil, com sua política cambial, sempre teremos um câmbio supervalorizado, dificultando nossa competitividade. A grande vantagem de um câmbio valorizado seria você conseguir importar insumos, mas esbarramos nos altos impostos da importação. Mas vamos passo a passo. O primeiro é terminar os 50 ha de área produtiva e depois pensamos em outros desafios.
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ram através da negociação, os quais facilitarão levar a diante o conceito do AquaScience. Alguns produtores dizem que escondemos tudo, mas nosso investimento é muito alto! Ao mesmo tempo em que gastamos milhões de reais, perdemos também, porque o caminho que escolhemos em determinada questão nem sempre é o correto. Ajustes na rota sempre são necessários.
Rodrigo Carvalho Querido por todos da aquicultura brasileira, já estava mais do que na hora do Rodrigo Carvalho ser o destaque da seção “Eles fazem a diferença”. Engenheiro de Pesca (UFRPE, 1996), mestre em aquicultura (UFSC, 1999) e doutor em oceanografia biológica pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (2011). Rodrigo nasceu em Recife (PE), é casado com a Ana Carolina e pai da Larissa, 24 anos, formada em administração e do Arthur, com 8 anos e que sonha ser pesquisador... de tubarões! “Desde criança gosto de animais e de fazenda, na adolescência quando passava as férias na casa de praia de amigos, praticava caça submarina e sonhava com uma fazenda cheia de cavalos, vacas... na praia. Quando descobri a Engenharia de Pesca e prestei vestibular para a UFRPE ainda não sabia o que era a aquicultura, mas à medida que conhecia a área tinha mais certeza de que os animais aquáticos fariam parte da minha vida, fosse criando ou fosse elaborando produtos. E assim foi, iniciando com meu primeiro trabalho profissional na Fishtec Consultores Associados, em Florianópolis, onde trabalhei com o Engenheiro de Pesca, Marcelo Chammas”.
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O trabalho ao lado de Itamar Rocha “Trabalhar com Itamar me trouxe um enorme aprendizado e crescimento profissional. Sou grato pela confiança que ele depositou em mim através de diversos projetos, desde a supervisão dos gerentes nas fazendas e coordenação dos programas de gestão de qualidade e certificação, à representação da indústria nas discussões técnicas com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), participação e organização de feiras internacionais como a SEAFOOD EXPO e FENACAM e a edição da revista da ABCC”. Legados deixados na ABCC “Os maiores legados que deixei durante a minha colaboração com a ABCC foram os documentos e cursos sobre gestão de qualidade e agregação de valor ao camarão cultivado, os boletins e a rede de informações sobre mercado que coordenei na época das exportações, a relação que construímos com a divisão de pescado do MAPA, a DIPES e o trabalho com a Coordenação de Controle de Resíduos e Contaminantes (CCRC) após a crise do Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes que quase levou à suspensão das exportações dos produtos cárneos e apícolas brasileiros. Formávamos uma boa equipe (Eduardo, Josemar, Glauber, Alfredo e eu) sob a regência de Itamar e que, embora pequena, dava conta de muitas frentes. Durante as discussões com as associações das indústrias de bovinos, suínos e aves ficou claro que o setor aquícola ainda tinha um caminho longo a percorrer para se consolidar no agronegócio brasileiro. Hoje, junto com pesquisadores da UFRN e de outras instituições colaboro de forma voluntária com a indústria nas questões técnicas, como aconteceu recentemente no episódio das importações de camarão do Equador. ”
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Família.
.. de
uisador.
esq futuro p o r, u th Ar s! tubarõe
Experiências internacionais “Graças ao inglês, e sempre reforço isso com os meus filhos e alunos, pude aproveitar, através do trabalho, experiências internacionais muito enriquecedoras. Estas experiências iniciaram em 2002 quando eu era gerente de uma das indústrias da Valença da Bahia Maricultura, e consegui o apoio do Vice-Presidente, o saudoso Mário Aurélio da Cunha Pinto, para participar do International Boston Seafood Show e buscar importadores para os nossos produtos. Esta experiência ampliou a minha visão sobre o mercado do pescado. Em 2003 fiz parte da delegação brasileira na reunião do Comitê para Pescado e Produtos Pesqueiros do CODEX (comitê conjunto FAO/OMS para alimentos) na Noruega, Entre 2004 e 2006 tive a oportunidade de representar o setor em eventos no Chile, Japão, França e Inglaterra e de volta à academia participei dos congressos da WAS no México e nos Estados Unidos. Entre 2014 e 2017 integrei a equipe do projeto SUSAQUA-BRAZIL, uma iniciativa de pesquisadores da Noruega e do Brasil para avaliar as possibilidades e desafios para desenvolver uma indústria da maricultura verde e sustentável no Brasil aproveitando a experiência da Noruega para ajudar o país a desenvolver o seu potencial. Em
Laboratório.
2015 participei da Seafood Expo North America e em 2017 fiz parte da delegação brasileira que participou do Seminário Sobre Produção Aquícola e Desenvolvimento Pesqueiro na China e pudemos visitar empresas e centros de pesquisa. Foi uma experiência técnica e cultural muito rica que nos fez admirar e respeitar o desenvolvimento da China. Trabalho atual “Trabalho na Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), que é a Unidade de Ciências Agrárias da UFRN. A EAJ foi fundada a 69 anos, antes mesmo da UFRN que completa 60 anos este ano. Trabalho no que gosto e com um grupo unido e atuante em diferentes áreas da aquicultura. Sou chefe do Laboratório de Tecnologia do Pescado onde desenvolvemos projetos de agregação de valor, controle de qualidade e aproveitamento de resíduos e coordeno o Laboratório de Nutrição de Organismos Aquáticos cujas linhas de pesquisa compreendem a determinação do valor nutricional de ingredientes para ração, desenvolvimento de dietas para melhorar as características dos produtos, balanço iônico e sistemas de cultivo para tilápias e camarão marinho”. Projetos atuais “Meus projetos são incubar empresas na área de aquicultura e incentivar o empreendedorismo, produzir peixes e camarões na estação de aquicultura da EAJ com alta tecnologia para atender as aulas práticas, pesquisas e produzir um pequeno excedente para ajudar a manter a nossa estrutura. Construir a planta piloto para processamento de pescado na EAJ e melhorar as nossas estruturas para a realização aulas práticas, pesquisas e cursos. Publicar e, acima de tudo, colocar bons profissionais no mercado, sejam empreendendo, trabalhando em empresas ou atuando no ensino, pesquisa e extensão”.
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Novos rumos “Eu sempre gostei de fazer pesquisa e sonhava em fazer doutorado fora do país. Fiz duas tentativas, em 2000 e 2005 para trabalhar com peixes marinhos na Terra Nova e depois lagostas, na Tasmânia, mas não consegui auxílio. A crise no setor em 2005 deu um empurrão para eu retomar os meus planos de fazer doutorado e pretendia fazer com uma pesquisa aplicada. Quando conheci o Albert Tacon e pedi para ser seu orientado no Hawaii ele me encorajou a fazer no Brasil sob a orientação do Daniel Lemos, a coorientação dele e o apoio da Guabi. Deu certo e graças a Deus, e aos amigos que surgiram no caminho, como o Oceanógrafo Ricardo Ota, foi uma experiência produtiva e gratificante, apesar de sofrer com a distância da família e com a troca do escritório e as viagens pelos trabalhos hidráulicos, elétricos e as inúmeras coletas de fezes de camarão no laboratório. No final do doutorado fui aprovado no concurso da Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), que é a Unidade de Ciências Agrárias da UFRN e faço parte do corpo docente dos cursos Técnico em Aquicultura e Engenharia de Alimentos e oriento alunos destes cursos e da Engenharia de Aquicultura e colaboro com duas pós-graduações”.
Rodrigo Carvalho daqui há 30 anos... “Estarei viajando, curtindo os netos, escrevendo artigos, colaborando com pesquisas dedicadas à aquicultura e quem sabe, produzindo ou processando pescado.
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Quem acompanha os perfis nas redes sociais voltados à carcinicultura marinha, sem dúvidas conhece a Fazenda AquaFer, de propriedade de Fernando Gonçalves de Souza Filho e mais 3 irmãos, além do seu pai. Carcinicultor há 18 anos, diretor da Associação dos Carcinicultores da Paraíba (ACPB) e cooperado da Aquivale (cooperativa de criadores de camarão), Fernando comenta que, em razão da síndrome da mancha branca (WSSV), atualmente eles trabalham com dois ciclos de verão, focados na despesca de camarões grandes (acima de 16 g), e apenas um ciclo de inverno, ambos em baixa densidade. Este último ciclo, apenas para “pagar as contas”, já que é no inverno que o vírus WSSV causa maiores problemas.
Fazenda:
AquaFer
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Data do povoamento: 24/11/2017 Quantidade de PL estocadas: 500.000 Área: 3,66 ha Densidade: 14 cam/m² Data da despesca: 02/03/2018 Dias de cultivo: 98 Peso final : 20,06 g Biomassa final: 5.035 Kg Produtividade: 1.375,7 Kg/ha Sobrevivência: 50,2% Total de ração: 6.433 Kg Conversão alimentar: 1,28:1
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os da Fernando, um dos don Fazenda AquaFer
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