Grupo 1
Dotado de uma vivacidade contagiante, o Barbado da Terceira tem uma capacidade especial de se “insinuar” na vida do seu dono. Muito ágil, extremamente inteligente e com uma grande facilidade na aprendizagem, é um excelente companheiro para todas as horas.
22 | Anuário Cães & Companhia 2009/2010
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os animais que mordiam baixo (na zona da quartela) para o maneio de vacas de leite e os que mordiam mais alto (no curvilhão ou acima) para o gado bravo. É também usado no maneio de caprinos e ovinos, tarefa mais árdua e que deve feita por utilizadores experientes, devido à propensão da raça em morder quando é necessário convencer o gado relutante a mover-se e à maior fragilidade destes animais. Nos últimos anos, a raça tem sido cada vez mais utilizada para companhia e guarda de propriedades, sendo essa actualmente a função da maioria dos exemplares. Como se poderá supor com base na sua função
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CPC nos Açores), estiveram envolvidas em diversos estudos sobre a raça e inclusive propostas de estalão – uma das quais chegou a ser publicada no jornal “Açoriano Oriental”. Com o apoio do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores, foi apresentado em 1998 um primeiro trabalho científico sobre a morfologia da raça, da autoria do Eng. André Oliveira, seguido por outros sobre a sua biometria e genética. Em 2004, o Clube Português de Canicultura aprovou o reconhecimento provisório da 10ª raça portuguesa, confirmando assim a existência de características e homogeneidade adequadas.
original, o Barbado é um cão voluntarioso e de carácter afirmado. Necessita de um dono que saiba impor-se naturalmente, caso contrário tentará ser ele o dominante (como aliás ocorre com a maioria dos cães em geral). O seu ar de “ursinho de peluche” não deve levar a que se ceda aos seus “caprichos”, pois isso potencialmente poderá levar a situações problemáticas, quando o cão fica a pensar que é ele quem manda. No entanto, a maior felicidade de um Barbado é agradar ao seu dono, pelo que com um dono com noções básicas de educação de um cão, é um companheiro extremamente agradável e afável. A educação e o trato diário deverão ser feitos de uma forma fundamentalmente positiva; é o tipo de cão em que um tom mais duro do seu dono é dos piores castigos que pode receber. É extremamente agradável de educar e treinar, aprendendo rápida e facilmente o que se lhe ensina. Dá-se bem com crianças, mas tal como ocorre com qualquer outro cão, as interacções deverão ser sempre vigiadas, particularmente no caso de crianças pequenas. De uma forma geral, o Barbado poderá entender-se bem com os outros cães da casa, mas tem tendência a ser um pouco brigão, em particular no caso de não sentir autoridade adequada por parte do seu dono. Isto é mais notório no caso de se tratar de cães estranhos. Em casa, o dono deve ter em atenção em não sobre-proteger nenhum cão em especial, perturbando as relações hierárquicas entre os animais. O Barbado da Terceira é um cão de porte médio, com um aspecto robusto mas elegante. Os machos podem alcançar os 58 cm. Tipicamente, a cauda é amputada e as orelhas cortadas em redondo, ficando erectas. No entanto, cada vez mais se vêm exemplares de orelhas inteiras; nesta situação são pendentes e de tamanho médio. Também começam a aparecer exemplares de cauda inteira, compri-
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A maioria dos exemplares é hoje utilizado para companhia e guarda de propriedades
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Barbado da Terceira é originário da ilha Terceira, nos Açores. A sua origem está enraizada na história da ocupação humana deste arquipélago. Nas ilhas não havia mamíferos, pelo que todos os animais domésticos tiveram que ser para levados pelos vários povos que aí rumaram – portugueses, espanhóis, franceses, belgas, flamengos, ingleses, holandeses, etc. Juntamente com o gado, necessário para a alimentação humana, certamente terão sido também levados cães de pastoreio, para ajudar no seu maneio. Assim, o Barbado descenderá dos cães de pastor ou boieiros de estatura média e pêlo alongado existentes um pouco por toda a Europa. Nos anos 1980, terá também ocorrido um influxo de cães de pastoreio de origem americana. Desde a década de 1970 que há referências mais concretas relativamente a este tipo de cães, e a partir de meados dos anos 1990 começaram a ser desenvolvidos alguns estudos sobre esta população. Diferentes personalidades, como o Dr. Deocliceano Pereira da Silva (Médico Veterinário em Angra do Heroísmo), o Dr. Artur Machado (da Universidade dos Açores), o Eng. João Baldaia (conde de Rego Botelho), o Sr. João Barata, o Sr. Dédalo Henrique Ribeiro da Silva, o Sr. Emanuel Vieira, o Dr. António José do Amaral (delegado do
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Desde 2005, têm vindo a ser realizados na ilha Terceira concursos destinados a fomentar e promover a raça. No continente, a visibilidade da raça foi durante muito tempo reduzida, apesar de diversos exemplares terem sido para aí enviados, a maioria dos quais cães sem registo (trazidos inclusive ainda antes da raça ser reconhecida) destinada a companhia e/ou trabalho com ganadeiros, e como tal “desaparecidos” da canicultura oficial e do potencial contributo que poderiam dar para a evolução da raça. Apesar de a raça ter participado pela primeira vez numa Exposição de campeonato ainda em 2005, com 2 exemplares vindos da Terceira para esse fim (“Pastor” e “Açor-B”) e um aí nascido mas vivendo no continente (“Bravo”), apenas desde 2008 o Barbado da Terceira começou a ter uma presença regular e de alto impacto em Eposições caninas, aumentando de forma notória a visibilidade e (re) conhecimento da raça junto do público. O Barbado da Terceira é originalmente um cão de pastoreio de gado bovino, muito abundante na ilha. Para trabalho, seleccionavam-se
da. O pêlo é longo e ligeiramente ondulado, com sub-pêlo abundante, sendo comum ser tosquiado no Verão; na cabeça forma as típicas barbas que dão o nome à raça. As pelagens actuais são ainda muito variadas tanto em termos de cor como de textura, mas não devem ser ásperas. As cores mais comuns são o preto, o cinzento, o fulvo e o amarelo, em diferentes tonalidades da mais escura à mais clara, quase branca. Podem apresentar manchas brancas na cabeça, pescoço, peito, ventre, membros e ponta da cauda. Historicamente, os exemplares “encoleirados” (com branco à volta do pescoço) e de “frente aberta” (com mancha branca na cabeça e chanfro) eram os preferidos para trabalho. Para manter a pelagem, e uma vez que não sofre mudas, o pêlo deve ser escovado regularmente, pelo menos uma vez por semana em profundidade. Isto irá permitir retirar o pêlo morto e arejar a pele, contribuindo para uma melhor saúde e higiene da pelagem e da pele e reduzindo os odores. Apesar de ser um cão muito vivaz, não requer necessariamente uma grande quinta para viver. Do que precisa mesmo é de contacto estreito com o dono, pelo que pode viver mesmo num apartamento. Porém, terá de lhe ser dada a possibilidade de poder desgastar diariamente a sua energia. É uma raça muito rústica, não lhe sendo conhecidas patologias particulares. No entanto, poderá ser susceptível à ocorrência de displasia da anca. Se optar por um Barbado da Terceira, poderá contar com um companheiro para os próximos 10 a 15 anos!c
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Dos Açores para o Mundo
Por: Carla Cruz, do afixo Aradik
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Barbado da Terceira
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