"Ar de culpa"

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Comportamento

Carla Cruz

Bióloga, Mestre em Produção Animal e Doutoranda em Ciência Animal (www.aradik.net) Fotos: Shutterstock

“Ar de culpa” Ele sabe mesmo o que fez mal? Todos já o vimos, no nosso cão, no cão do vizinho ou em vídeos supostamente engraçados na internet: aquele ar que mostra mesmo que o cão sabe que lhe estão a ralhar porque fez algo errado. Mas… será que ele sabe mesmo?

E

stá a chegar a casa no fim de um longo dia de trabalho. Enfia a chave na fechadura, roda-a, abre lentamente a porta e vê o seu cão parado à sua frente. Ele parece procurar um buraco onde se enfiar, não tendo sequer coragem de olhar para si. Ao ver isto, você fica imediatamente irritado, mais tenso, respira fundo e dirige-se ao seu cão com um tom zangado “Mau, o que é que tu já fizeste?”. Sente-se cansado, quer simplesmente sentarse no sofá e descansar, mas já sabe que vai ter de vistoriar cada divisão da sua casa à procura do xixi, do dejeto, da almofada roída. Porque a forma como o seu cão o cumprimentou mostra claramente que ele fez um disparate qualquer e lhe está a pedir desculpas, certo?

A mesma linguagem corporal…

Quando fazemos uma asneira, ou nos apontam uma asneira que fizemos (atual ou passada), ficamos assim para o enfiados, procuramos evitar olhar diretamente nos olhos da outra pessoa, fazemo-nos pequenos e limitamos o contacto físico. Em determinadas situações, como quando nos zangamos com eles, os cães adotam posturas e comportamentos semelhantes aos nossos. Encolhem-se, baixam a cabeça e viram-na ligeiramente de lado evitando olhar diretamente, vê-se o branco dos olhos, repuxam as orelhas para trás contra a cabeça, enfiam a cauda entre as patas, etc. Estas atitudes, nas pessoas ou animais, não são mais que comportamentos exibidos quando o indivíduo está stressado, com medo ou está numa situação stressante, e destinam-se a apaziguar o interlocutor, são sinais que mostram que não se deseja o confronto. São comportamentos naturais e basicamente instintivos como que a pedir desculpa por algo que não foi intencional.

… mas razões diferentes

Quando exibimos estes comportamentos temos a noção de porque o estamos a fazer. Por isso, assumimos que o mesmo se passa com o nosso cão – se ralharmos com ele, ele vai saber porque o estamos a fazer. Mas isto tem vários problemas. 24 Cães&Companhia

Quando o cão apresenta o “ar de culpa”, não significa que sabe que fez algo mal.

Um é que assume que os cães percebem o que lhes estamos a dizer. Ora, por muito que digamos que o nosso cão é especial, percebe tudo o que lhe estamos a dizer e só lhe falta falar, qualquer pessoa tem a noção que os cães não percebem mesmo a nossa linguagem, com as suas regras gramaticais, de sintaxe, etc., certo? Eles aprendem a fazer associações entre certas palavras e um resultado – “rua” e passeio, “jantar” e comida, “senta” e uma determinada ação – mas não passa destas associações simples. Por outro lado, e mesmo que os cães percebessem a nossa fala, para que eles conseguirem entender quando se lhes ralha devido a eventos que aconteceram há algum tempo atrás, seria necessário que eles se conseguissem lembrar deles. No entanto, os cães, tal como muitos outros animais, parecem não ter essa capacidade que consideramos tão tipicamente humana.

Diferentes tipos de memória

A memória é a capacidade em adquirir, armazenar e recuperar informações disponíveis. No que respeita ao tema que estamos a analisar – se os cães se apercebem do que fizeram há algum tempo atrás – é importante saber que existem diferentes tipos de memórias, que permitem ir buscar informação armazenada a curto prazo, a longo prazo, emoções, factos necessários para a sobrevivência do indivíduo, etc.

ginal, era recompensado com uma guloseima. Os resultados para a maioria dos animais foi francamente fraco – através das várias espécies, a média de tempo no qual os animais se conseguiam lembrar do estímulo foi uns míseros 27 segundos. Nas abelhas as memórias duravam apenas 2,5 segundos, nos chimpanzés chegavam aos 20 segundos. Os cães aparecem de facto nos lugares cimeiros, com uma memória a curto prazo de cerca de 70 segundos, mas mesmo isso empalidece em comparação com a memória a curto-prazo das pessoas, que se lembram do ponto vermelho mesmo um par de dias mais tarde. Portanto, ao contrário de nós, não é com base na memória a curto prazo que um cão se conseguirá lembrar que roeu a nossa almofada preferida de manhã, e fica sem perceber porque ralhamos com ele à noite quando chegamos a casa. “Ah – está agora o leitor a pensar – mas todos sabemos que há memória a longo prazo, então e essa? De certeza que por aí ele sabe que fez mal e por isso é que nos está a pedir desculpa quando chegamos a casa!”.

Memória declarativa

O outro tipo de memória, a que nos interessa para este tema e o contrário da implícita, é a memória declarativa (por vezes chamada de memória explícita). Esta diz respeito a memórias que podem ser lembradas de forma consciente, como factos e conhecimento verbal. Dentro da memória declarativa distinguemse dois grandes tipos: a memória semântica, que armazena o conhecimento geral que acumulamos ao longo da nossa vida, independentemente da experiência pessoal (por exemplo, as capitais de países), e a memória episódica, que é a memória de experiências pessoais vividas (ocasiões, locais, emoções associadas e conhecimento de o quê, quem, quando, onde, porquê associado à situação) que podem ser informados explicitamente. A memória episódica permite-nos fazer uma “viagem no tempo”, para nos lembrarmos de um evento específico no nosso passado, e das emoções associadas a essa memória.

O “ar de culpa” é sempre um comportamento que mostra que o cão está stressado ou com medo, e tenta acalmar o seu oponente

Memória de curto prazo

No que diz respeito à memória de curto prazo, os humanos destacam-se nitidamente da maioria dos animais. Foi feita uma análise de quase 100 estudos nos quais era pedido a animais em cativeiro que executassem um teste relativo a este tipo de memória. De forma resumida, primeiro o animal era brevemente exposto a um estímulo visual, como um ponto vermelho; após um curto período de tempo, era novamente mostrado ao animal o mesmo estímulo, desta vez associado a um ou mais estímulos (por exemplo um quadrado preto); se o animal fosse capaz de identificar o estímulo ori-

Memória implícita

Existe memória a longo prazo, as pessoas têm até dois tipos diferentes. Uma é a memória implícita (ou memória de procedimentos), na qual experiências anteriores nos ajudam a desempenhar uma tarefa sem que tenhamos consciência dessas experiências prévias; isto permite-nos, por exemplo, executar ou melhorar certas tarefas (como apertar os atacadores ou andar de bicicleta) sem que tenhamos de pensar de forma consciente nestas atividades.

Nos animais não é bem assim

Pela sua própria definição, é extremamente difícil estudar os tipos de memória declarativa nos animais – afinal, eles não nos podem dizer no que estão a pensar ou que sensações ou emoções têm associadas a determinados tipos de situações. Como todos sabemos, os cães são capazes de aprender comportamentos e repeti-los mais tarde, pelo que não é surpresa nenhuma que tenham memória de longo prazo. Mas a grande questão é que tipo de memória é essa e se tem emoções associadas (a tal memória episódica Cães&Companhia 25


que permite as viagens temporais), ou se se trata um simples conhecimento factual, do tipo “isto implica aquilo”. Há vários estudos com animais em cativeiro que mostram que muitos conseguem aprender, por exemplo, onde e quando esconderam diferentes tipos de alimentos, indo buscá-los mais tarde com base não na data em que esconderam a comida, mas de acordo com o risco de ela se estragar/ amadurecer mais ou menos depressa. Isto revela que têm uma memória de tipo episódico. Mas poder-se-á falar em memória episódica real? Não temos atualmente possibilidade de saber se/e que emoções estão associadas a este processo, e estes resultados podem perfeitamente ser explicados com outras possibilidades mais simples, como uma simples aprendizagem de aversão a determinados sabores.

Método “Faz como eu”

Nos últimos anos, tem sido estudado nos cães um processo inovador de educação e aprendizagem, o método “do as I do” (faz como eu), no qual o cão observa uma pessoa a fazer uma determinada ação (relativamente simples) e a deve repetir por ele próprio. Estudos mostram que se os cães virem o dono a executar essa tarefa durante 1,5 minutos, e depois forem afastados da zona durante até 10 minutos, deixando de ver os objetos usados na tarefa, ao regressarem são normalmente capazes de executar eles próprios a tarefa que viram anteriormente. Isto mostra que eles são efetivamente capazes de codificar e lembrar-se de uma ação após um dado período de tempo, o que implica que os cães têm uma representação mental da demonstração humana. Adicionalmente, a capacidade de imitar uma ação nova após um dado período de tempo, sem a terem praticado previamente, sugere a pre-

O cão come o biscoito, o dono ralha

O cão come o biscoito, o dono cumprimenta

O cão não come o biscoito, o dono ralha

O cão não come o biscoito, o dono cumprimenta

sença de memória declarativa – a que se refere a memórias que podem ser evocadas de forma consciente.

comportamento não tem a ver com o desculpar-se por uma ação passada, é uma mera reação ao estado do dono no momento. E para isto sim, temos mesmo provas concretas. Por exemplo, em 2009 foi publicado um artigo estudando se os cães exibiam esse “ar de culpa” quando se portavam mal ou meramente como reação aos sinais que o dono dava. O desenho experimental era simples mas engenhoso; a análise foi feita com 14 pares dono/cão, nas suas próprias casas, sendo que todos os donos afirmaram que ralhavam com o cão quando ele se portava mal e 20% também usava castigos físicos. Ou seja, os cães tinham aprendido previamente que alguns comportamentos dos donos eram sinais que estavam zangados e precediam uma punição. Adicionalmente, todos os cães tinham sido treinados para, com a indicação do dono, não comerem uma guloseima que lhes era disponibilizada. Em cada teste, o dono colocava uma guloseima no chão, dava indicação ao cão para não tocar nela e deixava a sala. Enquanto o dono estava fora (sem poder ver o que se passava), o investigador pegava na guloseima e ou a dava ao cão ou a removia. Ao regressar à sala, o dono era informado (correta ou incorretamente) do que o cão tinha feito enquanto ele estava fora, e viu-se as reações de ambos. Ou seja, basicamente, havia 4 cenários possíveis, e cada par dono/cão foi testado nos 4 (ver esquema). O que se constatou? Quando os donos ralhavam com o cão, havia uma grande probabilidade de os cães exibirem o “ar de culpa”, independentemente de terem ou não comido o biscoito. Além disso, não havia maior probabilidade de exibirem este comportamento quando desobedeciam que quando obedeciam, ou seja, a desobediência não era o principal fator preditivo de mostrarem o “ar de culpa”. Ou seja, na realidade era o comportamento do dono que desencadeava o “ar de culpa”.

Mas ainda há muitas dúvidas

No entanto, as investigações efetuadas até ao momento não resolvem uma grande questão… Os estudos têm abordado questões eminentemente práticas – onde e quando esconder comida, repetir tarefas, etc. – que têm um interesse direto para a sobrevivência dos animais ou para si próprios enquanto animais sociais. Mas não se conseguiu ainda provar que existem emoções associadas a essas memórias, o que os animais sentem numa determinada situação, ou se se trata de um conhecimento meramente “mecânico”; não se sabe se os animais estão efetivamente a reviver um determinado momento ou se meramente estabeleceram associações de causa/ efeito, ou seja, não sabemos se se trata de real memória episódica, a tal que permitiria que os cães soubessem porque estão a ser castigados por algo que aconteceu algum tempo antes.

Quando o dono se engana

“Ok, ok, os cães até podem fazer as suas memórias de forma diferente de nós, mas não estou convencido que o meu cão não sabe porque lhe estou a ralhar. Porque outra razão ele viria ter comigo a pedir desculpa?” Pois, o problema é que, como disse antes, este Tanto quanto se sabe atualmente, os cães não são capazes de ponderar em eventos passados, e por isso não conseguem relacionar algo que fizeram há horas/dias com o serem punidos agora.

“Mas o cão acusou-se”

“Sim, sim, pois… então porque é que o meu cão me aparece logo com esse ar ainda antes de eu saber que ele faz alguma coisa?” Em 2012 foi publicado um outro estudo envolvendo 64 pares dono/cão. Este decorreu numa sala que não conheciam. Após se habituarem ao local e falarem com o investigador, o dono indicava ao cão para não mexer num pedaço de salsicha que estava em cima de uma mesa e saia da sala. Nesta situação, o investigador não mexeu na guloseima, apenas registou se o cão pegou ou não nela. Se a salsicha não tivesse sido comida, era removida antes do dono voltar à sala. Desta vez não se disse ao dono o que o cão tinha ou não feito, foi-lhe apenas pedido que tentasse determinar, com base no comportamento do cão, se o 26 Cães&Companhia

cão tinha ou não comido a guloseima. Como no caso anterior, o comportamento do cão não estava correlacionado com o mostrar ou não “ar de culpa” quando o dono regressava. Quando se controlou no estudo as expectativas do dono (se pensavam previamente que o cão tinha ou não comido a salsicha), verificou-se que os donos não eram capazes de determinar se o cão tinha ou não desobedecido, com base na forma como os cães os cumprimentavam. Ou seja, não se confirmou o mito que os cães se acusam, logo percebem que fizeram mal.

A prova da culpa?

Então e se estiver presente a “prova” que o cão fez algo errado – como um caixote do lixo derrubado, um xixi, etc.? Se os cães realmente entendessem que fizeram mal, apenas iriam exibir o ar de culpa se fossem eles os culpados por essa “prova”, certo? Se não fossem eles os responsáveis, não iriam mostrar um comportamento diferente, mesmo que a “prova” esteja presente, certo? Pois, mas eles podem aprender que a presença de uma “prova” leva a que sejam punidos mesmo que não tenham sido eles a originá-la, levando a que apresentem o “ar de culpa” quando ela está presente. Já este ano, foi publicado um estudo averiguando precisamente isto. Usando uma metodologia semelhante à dos outros estudos, analisou-se se o comportamento dos cães dependia ou não de terem desobedecido, na presença ou não da “prova” da culpa. Usando metodologias semelhantes às anteriores, os investigadores criaram cenários nos quais os cães, na ausência dos donos, comiam ou não a guloseima que lhes tinha sido proibida; em seguida, os investigadores mantinham ou removiam a prova do ato. Aos donos foi-lhes pedido que cumprimentassem os seus cães de forma amigável e determinassem se o seu cão se tinha portado bem ou mal com base no comportamento do animal. O que se verificou foi que os donos não foram capazes de determinar com precisão, com base no comportamento dos seus cães, se eles se tinham portado bem ou mal, e que as ações dos cães não aumentaram nem diminuíram a sua tendência para cumprimentar o seu dono com um “ar de culpa”. Além disso, a tendência dos cães em mostrar o “ar de culpa” não foi influenciada pela presença da “prova” no local, sugerindo que a “prova” não é um elemento aprendido que origina o ar de culpa. Ou seja, nem fazer uma coisa errada nem ver a prova disso predizem com precisão se o cão irá mostrar ar de culpa. Em vez disso, o maior fator que influencia se o cão apresenta ou não o ar de culpa parece ser o comportamento do dono.

Se necessário, procure ajuda profissional Um cão adulto saudável consegue passar várias horas sem precisar de fazer as suas necessidades. Se o passeou bem antes de sair e encontra sistematicamente urina ou fezes em casa, ou se encontra coisas roídas/ destruídas quando chega a casa, pense seriamente em consultar dois profissionais. Em primeiro lugar, consulte o seu veterinário de confiança, para um check-up completo

Mas então, o que é afinal o “ar de culpa”?

O “ar de culpa” é simplesmente um conjunto de comportamentos e sinais visuais, incluindo postura do corpo rebaixada, cabeça rebaixada e sem encarar de frente o interlocutor, ver-se o branco dos olhos, olhar para a pessoa/animal sem ser diretamente, orelhas numa postura lateral ou repuxadas para trás, sobrolho ligeiramente franzido, lambidelas no ar ou no nariz, lábios repuxados para trás, cauda baixa e/ou entre as patas, podendo abanar ligeiramente (não, uma cauda a abanar não significa que o cão está contente, é normalmente um sinal social de conflito), uma pata ligeiramente levantada, etc. Nem todas estas posturas estão sempre presentes, mas a maioria é visível. Estes comportamentos são exibidos por um cão com medo, receoso, stressado, como uma forma de acalmar o seu interlocutor (pessoa, cão ou mesmo outro animal com quem haja uma relação social), e não implicam quaisquer pressupostos prévios sobre ações passadas. Quando os cães exibem o “ar de culpa” ao seu dono, não tem nada a ver sobre se se portaram bem ou mal quando o dono está ausente, mas é muito simplesmente uma reação ao comportamento do dono nesse momento.

e descartar alguma infeção urinária, etc. Em seguida, dirija-se a um bom educador canino especializado em resolução de problemas comportamentais; não é normal um cão apresentar esses sinais, que são sintomas de um ou mais problemas de fundo que precisam de ser resolvidos, caso contrário a tendência é agravarem-se cada vez mais. são involuntária do dono com o ralhar. Ao fim de algum tempo, o cão passa a apresentar esse comportamento como uma norma, procurando acalmar o dono. Infelizmente, para a pessoa, isso tem o efeito inverso – ao ver o cão cumprimentá-lo dessa forma, o dono fica cada vez mais zangado cada vez que chega a casa, ao achar que o cão lhe está a dizer que fez algo errado – o que leva a que o cão apresente cada vez mais o comportamento, procurando acalmar o dono.

Quebre o círculo!

Como quebrar este ciclo? Relaxe! Entre em casa e cumprimente sempre o seu cão de forma afável, independentemente do que vir. Afinal, mesmo que o cão tenha feito algo que você considere errado (mas que não o é necessariamente aos olhos do seu cão), ele não tem a capacidade mental para perceber porque é que está zangado agora. n

Pescadinha de rabo na boca?

Então, porque é que alguns cães o exibem quando o dono chega a casa, sem ter ainda tido oportunidade de ver ou fazer nada? Muito simplesmente porque o cão aprendeu que, na maioria das vezes, quando o dono chega se zanga com ele. Se tiver havido antes um número suficiente de ocasiões em que o dono chega a casa, vê uma asneira e se zanga com o cão, o próprio dono começa inconscientemente a mostrar subtis sinais de stress ao chegar e/ou entrar em casa, preparando-se para o que irá ver. Simultaneamente, o cão aprendeu durante esse número de vezes, que quando o dono chega a casa, normalmente lhe vai ralhar, e (como os cães são reis em ler a nossa linguagem corporal), associou também essa ten-

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