Serviço
Guia de reservatórios de água
O levantamento relaciona os fornecedores de reservatórios no país, com informações como materiais, formas construtivas, capacidades em litros e tipos de tampas e fundos. A pesquisa também inclui tanques para ETEs – Estações de Tratamento de Efluentes.
Especial
Produtos químicos para tratamento de água e efluentes
Os produtos químicos são essenciais para o tratamento e desinfecção de água. A reportagem especial mostra as principais soluções e as novidades dos fabricantes para expansão de capacidade produtiva tendo em vista o potencial do setor de saneamento.
Serviço
Guia de produtos para controle de odor em ETEs
A pesquisa inédita apresenta os fornecedores de soluções capazes de conter ou neutralizar os efeitos dos gases, além de sensores, software de monitoramento e prestadores de serviços.
Tratamento de água
Aplicação de peróxido de hidrogênio como pré-oxidante
O artigo traz um caso de aplicação de peróxido de hidrogênio como pré-oxidante em uma ETA – Estação de Tratamento de Água em substituição à pré-cloração. Testes em escala de bancada e em escala real foram realizados para avaliação e custo de implantação.
Serviço
Guia de medidores de vazão
Este guia traz os fornecedores de medidores de vazão no país, incluindo modelos de deslocamento positivo, turbina, pressão diferencial, ultrassônico e magnético, com suas respectivas características. Também compreende produtos complementares para a medição de água e acessórios.
Tratamento de efluentes
Instalação de aeradores tipo cachoeira em lagoas de estabilização
A aeração garante maior sobrevida às lagoas facultativas ao possibilitar o aumento da atividade de bactérias aeróbias na oxidação da matéria orgânica, gerando benefícios como maior remoção de DBO e DQO. O trabalho traz os resultados obtidos em uma ETE – Estação de Tratamento de Esgoto após a instalação de aeradores do tipo cachoeira.
Hydro • Maio/Junho 2024 03 Sumário
Seções 04 06 40 48 Carta ao leitor Notícias Conexão Produtos Publicações Índice de anunciantes Saneamento em Pauta 49 49 50 32 14 24 34 26 18
Capa Foto: ShutterStock www.arandanet.com.br/hydro
Editorial
Oportunidades para fornecedores de produtos químicos no saneamento
Omarco legal do saneamento no Brasil tem gerado um clima de expectativa positiva entre os fornecedores de tecnologia e equipamentos. A primeira edição da IFAT Brasil - Feira Internacional para Água, Esgoto, Drenagem e Soluções em Recuperação de Resíduos, realizada em abril em São Paulo, refletiu esse otimismo, atraindo mais de 20 mil visitantes e 160 expositores de 16 países. A Fenasan – Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente, programada para outubro, também demonstra o dinamismo do mercado, com a confirmação de 254 empresas até março.
As diretrizes para a reorganização do setor, conforme prevê a Lei 14.026/2020, com o objetivo de promover a universalização dos serviços, trazem oportunidades significativas para os fornecedores de produtos. É o caso das tubulações, que correspondem a cerca de 20% dos investimentos previstos até 2033; dos equipamentos e tecnologias inovadoras para tratamento e monitoramento de qualidade; e dos produtos químicos para tratamento de água e esgoto, tema da reportagem especial desta edição.
Coagulantes, desinfetantes, floculantes e outros insumos são essenciais para o saneamento. A indústria química nacional se beneficia da nova regulamentação, que abre caminho para o crescimento e desenvolvimento dos fornecedores. A Abiclor - Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados, estima um acréscimo anual de até 600 mil toneladas na capacidade produtiva de cloro-soda, que atualmente está em 1,5 milhão de toneladas por ano.
Para atender à demanda, os fornecedores estão investindo em modernização tecnológica. É o caso da Unipar, especializada na produção de cloro e soda e segunda maior produtora de PVC na América do Sul, que está investindo mais de R$ 1 bilhão na planta de Cubatão, SP. Além disso, está em construção a nova fábrica no Polo Industrial de Camaçari, na Bahia, que será entregue até o final de 2024, com investimentos de R$ 234 milhões e capacidade instalada inicial de 20 mil toneladas de cloro e 22 mil toneladas de soda cáustica ao ano.
Conforme aponta o estudo do Instituto Trata Brasil, “Avanços do Novo Marco Legal do Saneamento Básico no Brasil – 2023 (SNIS 2021)”, pelo período de 12 anos compreendido entre 2022 e 2033, serão necessários investimentos anuais médios de aproximadamente R$ 44,8 bilhões para garantir a universalização. O volume de R$ 22,5 bilhões aportado em 2022, embora 30% superior aos R$ 17,3 bilhões do ano anterior, ainda está abaixo do necessário para atingir as metas estabelecidas, o que mostra que ainda há muito a ser feito.
Os fornecedores que compõem essa cadeia estão se preparando para suprir a demanda crescente, reforçando suas estratégias comerciais, ampliando linhas de produção e planos de investimento. Com a expectativa de um aumento nos negócios decorrente do “boom do saneamento”, eles se posicionam para atender o mercado com eficiência e qualidade.
Sandra Mogami – Editora sm@arandaeditora.com.br
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A revista Hydro é enviada a 12 mil profissionais envolvidos com instalações hidrossanitárias prediais, com o tratamento de água e efluentes em indústrias e complexos de serviços e com sistemas públicos de água e esgoto.
Hydro • Maio/Junho 2024 04
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Notícias
Cetrel quer fortalecer atuação com projetos onsite e BOT
ACetrel, empresa com atuação tradicional na distribuição de água e no tratamento de efluentes e de resíduos industriais, sediada no Polo de Camaçari, na Bahia, quer fortalecer sua participação também nos mercados de água e esgoto doméstico, junto a companhias de saneamento e empresas do segmento comercial, como hotéis, hospitais, shopping centers e escritórios e, com isso, ampliar a carteira de clientes por todo o país, além de indústrias em todo o território nacional.
Dentro do plano de levar sua expertise em soluções ambientais para o mercado, a empresa destaca o tratamento onsite, com projetos personalizados desenvolvidos na instalação do cliente, com opção de contratação na modalidade BOT - Build, Operate & Transfer, ou seja, a Cetrel cuida do projeto, construção e operação do sistema. A remuneração se dá pelo volume de água ou efluente tratado.
“Vendemos a solução completa, em que todo o investimento, a operação e os riscos são da Cetrel”, diz o diretor comercial Ivan SantAnna. Segundo ele, uma possibilidade é o tratamento de água ou efluentes como prestação de serviço para as companhias privadas de saneamento. “Ainda estamos discutindo, mas é uma solução que podemos levar para o mercado, que tem muito investimento a ser feito nos próximos anos”, afirma.
Fundada em 1978, a Cetrel nasceu em um ambiente industrial, que continua sendo atendido através das unidades localizadas no polo de Camaçari (tratamento off site). Conta com um dos maiores sistemas de tratamento
Cetrel desenvolveu gêmeos digitais de estações de tratamento de água e efluentes
de efluentes industriais do Brasil, com mais de 32 milhões de m³ tratados por ano, capacidade de produção anual de água industrial equivalente a mais de 33 bilhões de litros e detentora de um dos principais parques de incineração de resíduos líquidos e sólidos. Entre seus principais acionistas estão a Braskem, com 63,7% das ações, e o Governo da Bahia, com 18,58%. O restante está distribuído em várias empresas originárias do polo petroquímico.
A decisão estratégica de ampliar o campo de atuação ocorreu há cerca de três anos, com a implantação das medidas já a partir de janeiro de 2022. Dentro desse plano, a empresa reforçou seus times comerciais e abriu escritórios em São Paulo e Santo André, SP. A aposta deu certo. Hoje a Cetrel conta com contratos em nove estados e outros devem ser fechados ainda neste ano.
Atualmente o portfólio de soluções ambientais compreende águas, efluentes, incineração de resíduos perigosos líquidos e sólidos, monitoramento ambiental e gerenciamento de áreas contaminadas, sempre com apoio de inovação e tecnologia.
A Cetrel conta com uma área específica de ferramentas digitais e já desenvolveu gêmeos digitais de estações de tratamento de água e efluentes, áreas contaminadas, entre outros. Réplicas digitais do mundo real, a tecnologia otimiza a operação, monitoramento e/ou manutenção de áreas
industriais. As representações virtuais não apenas simulam a condição atual, mas também incorporam dados históricos ou modelagens matemáticas. Essa abordagem permite a simulação de uma variedade de cenários de forma otimizada e econômica.
Cetrel – Tel. (71) 3634-9800 Site: www.cetrel.com.br
Atlas
Copco destaca nova área dedicada à venda de motobombas
AAtlas Copco, fabricante de equipamentos industriais, apresenta a nova área de negócios dedicada à venda de motobombas a diesel, elétricas e submersíveis para aplicações no setor do saneamento. “Decidimos trazer a novidade para fortalecer nosso novo modelo de negócios dedicado à venda de equipamentos, seja pelos canais diretos ou indiretos, oferecendo suporte técnico e pós-vendas aos clientes”, comenta o gerente Nacional de Desenvolvimento de Negócios, Roberto Horii. O executivo explica que a nova estratégia é focada em operações com demandas perenes na movimentação de fluidos e o setor de saneamento está entre as prioridades da companhia.
Hydro • Maio/Junho 2024 06
Nova linha de motobombas a diesel, elétricas e submersíveis
As soluções em bombeamento da empresa são representadas pelos equipamentos WEDA D100N para água e WEDA S60 para lodo. “Nós optamos por expor esses equipamentos pois as bombas submersíveis de drenagem WEDA podem atender diversos tipos de aplicações do setor do saneamento. Devido à robustez, podem operar desde água limpa (linha D), lodo (linha S) até fluidos com sólidos em suspensão (linha L), 70% de sólidos”, afirma o gerente geral Paulo Henrique Bruno.
O portfólio ainda inclui a linha de produtos portáteis como compressores, geradores, bancos de baterias, torres de iluminação e ferramentas, além de bombas de superfície, com opções de motor a diesel ou elétrico, ou submersíveis elétricas para dragagem e movimentação de água e lodo. Segundo a empresa, as motobombas de superfície destacam-se pelo desempenho, confiabilidade e facilidade de uso em vários setores, como construção e drenagem de minas, remoção de águas de enchentes e outras aplicações no saneamento como o by-pass de esgoto. Os equipamentos podem alcançar vazões de até 2200 m³/h e pressões até 150 mca, que permitem passagens de sólidos até 3”.
Já as motobombas submersíveis são indicadas para drenagens pontuais e ágeis, devido à facilidade de instalação e movimentação em campo, além de possuir um sistema de proteção de motor de partida integrado com controle de nível automático opcional. A combinação de difusores de borracha ajustáveis resistentes ao desgaste e de impulsores endurecidos com alto teor de cromo garante durabilidade em ambientes hostis.
Atlas Copco – Tel. 08 00 745 4060
Site: https://www.atlascopco.com/pt-br
Ambipar
cria unidade de negócios de soluções para água
Ogrupo Ambipar reuniu todas as suas operações em água e efluentes, até então dispersas entre diversas áreas de atuação, em apenas uma unidade de negócios: a Water Solutions. Segundo seu diretor executivo, Eber Wood, a ideia com a nova unidade é oferecer soluções integradas, em modelos estruturados para a venda de água, efluentes tratados ou mesmo o lodo das estações, aproveitando oportunidades de sinergias com outros negócios do grupo, que atua em praticamente toda a cadeia de gestão ambiental.
Com o foco em solução integrada, a princípio a intenção é ofertar os serviços para grandes empresas do setor privado, o que pode ocorrer por meio de contratos BOT - Build, Operate and Transfer, pelos quais a Ambipar pode fazer o investimento em novas plantas de tratamento, ou mesmo em retrofits, operá-las, recebendo pelo serviço por um prazo contratado.
“Estamos com várias conversas em andamento. Podemos investir, ser sempre proprietários das estações, transferir para os clientes no fim do contrato ou então assumir uma planta já existente e que a indústria não tem mais interesse em operar ela própria, entregando para nós o serviço”, disse Wood.
Com sua atuação forte em gerenciamentos de resíduos, o que inclui reciclagem e recuperação energética, além de logística reversa e tecnologias de destinação, faz parte dos planos a venda do chamado TWM – Total Waste Management. “Aí pode incluir todas as demandas ambientais da empresa, efluente, gerenciamento dos resíduos e até remediação de solos e águas contaminadas”, afirma.
Em operação nesse novo modelo, a Ambipar tem contrato no Porto do Açu, no Rio de Janeiro, herdado de uma das empresas adquiridas nos últimos anos pelo grupo com capital aberto. No local, são realizadas as etapas de captação, tratamento e fornecimento de água industrial. “Estamos ampliando lá para fazer também o tratamento de efluentes”, revela.
Ambipar – Tel. (11) 3526-3526 Site: www.ambipar.com
Huber aposta no crescimento do mercado de secagem de lodo
As restrições cada vez maiores de recebimento de lodos de estações de tratamento de efluentes em aterros tendem a estimular o uso de sistemas de secagem no Brasil. A realidade tem feito fornecedores da tecnologia serem muito acionados por empresas de saneamento e indústrias.
“Os proprietários de estações não têm mais para onde mandar o lodo. Os aterros estão recusando ou cobrando preços cada vez mais altos, porque esse tipo de resíduo prejudica a estabilidade do aterro por conta da alta umidade e seus poluentes”, disse Rodolfo Morais, engenheiro da alemã Huber Technology.
07 Hydro • Maio/Junho 2024
Eber Wood, da Ambipar: oferta de soluções integradas
Notícias
Além da recusa de recebimento e os preços abusivos para a destinação, é comum também a exigência de teores de sólidos elevados para os resíduos. “O tratamento tradicional, o desaguamento de lodo, mal consegue elevar dos 20% médio para os 30% de sólidos”, diz Morais. A partir daí, segundo o engenheiro, as empresas precisam instalar sistemas de secagem.
No caso da Huber, essas demandas fizeram a empresa instalar na concessionária privada de saneamento de Araçatuba, SP, um secador solar, em operação desde 2020, para 13 mil toneladas por ano de lodo úmido da ETE, que entra no revolvedor com 20% de sólidos e sai com 90%.
“Além de gerar alta economia para a disposição, eles estão em fase de estudo para aproveitamento do material seco como biofertilizante”, disse.
Recentemente, a Huber também vendeu outro sistema de secagem solar, cuja tecnologia não demanda nenhum tipo de energia para acionamento, para outra concessionária privada em município de Goiás, com capacida-
de para 16 mil toneladas por ano. Os resíduos entrarão com 20% de teor de sólidos e sairão com 80%. O projeto está em fase de implantação.
Segundo Morais, o secador solar, que é um revolvedor, vem da Alemanha e todo o restante do sistema, a estufa e a parte civil são realizadas por outros fornecedores. No momento, no caso de Goiás, está sendo contratada a empresa responsável pelas obras civis e montagem da estufa. A previsão é que o sistema entre em operação ainda em 2024. A tecnologia se baseia no revolvimento do lodo, que em contato com o calor provocado pelo ambiente da estufa, vai realizando a secagem. Há também ventiladores que constantemente renovam e enviam ar quente e seco para ir tirando a umidade do lodo.
Essa solução de revolvimento com os ventiladores permite que a tecnologia seja aplicada mesmo em locais sem muita incidência solar, até mesmo em regiões de neve na Europa. “Obviamente a taxa de evaporação em um local sem muito sol vai ser menor. Por exemplo, se em Araçatuba é possível
secar 2 toneladas de água por m2 por ano, em uma região desse tipo vai cair para cerca de 1,5 tonelada. Aí será preciso ocupar uma área maior para secar a mesma quantidade”, explica. Já os secadores térmicos destinam-se principalmente para locais onde não há espaço para implantação dos solares. Esse sistema usa como fonte de calor água quente, responsável por fazer o aquecimento do ar que circula dentro do secador. Para aquecer, pode ser utilizado biogás, por exemplo, ou outras fontes alternativas, como gás de exaustão. Há um secador térmico da Huber instalado em indústria papeleira em Minas Gerais, que utiliza parte do gás de exaustão de uma chaminé do processo.
Huber – Tel. (11) 2614-1609 Site: www.huber-technology.com.br
08 Hydro • Maio/Junho 2024
Sistema de secagem solar da Huber
Prodeval vai se instalar no Brasil para comercializar sistema de purificação de biogás
De olho no mercado do biometano no Brasil, que está prestes a ganhar um reforço para seu crescimento com a instituição de mandato de compra obrigatória do biocombustível por produtores e importadores de gás natural, no âmbito do Programa Combustível do Futuro, a francesa Prodeval, especializada em sistemas de purificação de biogás, está se estruturando para operar no país.
Para anunciar sua intenção, a empresa participou com estande na IFAT Brasil, de 24 a 26 de abril em São Paulo. Além de mostrar suas tecnologias, a Prodeval divulgou que terá escritório co-
mercial no país e que fará a montagem dos equipamentos especializados com a contratação de fornecedores locais. Segundo o responsável por desenvolvimento de negócios para a América Latina da Prodeval, Carlos Mancino, a ideia é ter o escritório montado ainda neste ano em São Paulo. No caso da produção dos sistemas, ele revela que já começaram as pesquisas de possíveis fornecedores
locais de componentes críticos para a manufatura no Brasil. “Queremos produzir aqui até para o cliente não precisar também pagar por taxas de importação”, diz.
O sistema de purificação é com base em membranas, da empresa alemã Evonik. Nesse caso, os componentes continuarão a ser importados, mas sob isenção tarifária (ex-tarifários), por não haver similar nacional. Mas a ideia é fazer com que todo o sistema seja feito por terceiros no Brasil. “A Prodeval é uma empresa de engenharia que cria o design dos produtos e terceiriza a produção, inclusive na França”, afirma.
A purificação do biogás para sua transformação no combustível biometano utiliza tecnologia patenteada pela Prodeval, uma unidade que consiste em três estágios de membranas para
09 Hydro • Maio/Junho 2024
Carlos Mancino, da Prodeval: objetivo é ter o escritório montado ainda neste ano em São Paulo
Notícias
a separação do dióxido de carbono (CO2) e do metano (CH4). O biogás, que no saneamento é obtido ou pela digestão do lodo de ETEs ou pelo tratamento anaeróbico do sistema, normalmente apresenta de 50% a 70% de metano e por uma média de 30% a 45% do dióxido de carbono.
Segundo Mancino, o sistema em três estágios assegura contratualmente para o cliente uma qualidade de biometano acima de 97% de concentração de metano e com mais de 99,3% de rendimento, ou seja, de utilização do biogás.
A concentração fica bem acima do exigido pela ANP - Associação Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis para especificação de biometano, de 90% de CH4. “A nossa tecnologia foi concebida para atender a legislação francesa e de outros países europeus, que normalmente pedem mais de 97%”, diz.
De acordo com Mancino, o sistema também atende a uma outra exigência europeia, que ainda não chegou ao Brasil. Trata-se de regulamentação que restringe o percentual de metano que fica no CO2 removido pela separação do biogás feita pelas membranas.
“Esse CO2, que é chamado de off-gas e normalmente é emitido para a atmosfera, não pode ter mais de 0,7% de CH4. Para se ter uma ideia, a tecnologia mais empregada no Brasil para purificação de biometano, a PSA [do inglês pressure swing adsorption, ou adsorção por modulação de pressão], sai com até 10% de metano no off-gas, ou seja, desperdiça o seu potencial de biocombustível e ainda o emite para a atmosfera como gás do efeito estufa”, explica Mancino.
Com a tecnologia em três estágios, é possível aproveitar ao máximo o metano contido no biogás.
A Prodeval tem cerca de 475 plantas de purificação de biogás instaladas no mundo, a maioria a partir de biogás da digestão de dejetos animais e resíduos agrícolas, mas 40 delas em instalações de tratamento de esgoto. Segundo ele, na França cerca de 20% da rede de gasodutos do país é abastecida por biometano. “Como na França a rede de gás é muito mais ramificada, normalmente as nossas instalações são feitas perto da rede de gás e o biometano é injetado diretamente na rede”, diz.
Além do sistema de purificação do biogás, a empresa também tem uma tecnologia para liquefação do CO2 separado. O sistema faz o tratamento, a refrigeração, a compressão e a liquefação do gás carbônico, que pode ser comercializado principalmente para a indústria alimentícia, para a gaseificação de bebidas e também para o abate de animais (no atordoamento de animais e para melhorar a qualidade da carne).
O gás carbônico gerado pela tecnologia tem alto grau de pureza, de 99,9999% de concentração, o que permite sua utilização por exemplo para a produção da famosa água carbonatada francesa Perrier.
Além desses usos, há muito potencial no Brasil para comercializar o CO2 para a indústria química, para a produção de extintores e na indústria de cimentos.
Prodeval – Site: www.prodeval.com
Conatus Ambiental: inteligência artificial na redução de produtos químicos em ETAs
AConatus Ambiental, desenvolvedora de soluções sustentáveis para os segmentos agroindustrial
10 Hydro • Maio/Junho 2024
e de saneamento, tem aplicado IA – Inteligência Artificial para reduzir a quantidade de produtos químicos utilizados em ETAs – Estações de Tratamento de Água.
No final de 2023, a empresa recebeu o prêmio Kurt Politzer de Inovação durante o ENAIQ – Encontro Nacional da Indústria Química, realizado em dezembro em São Paulo. Introduzida pela Abiquim – Associação Brasileira da Indústria Química em 2001, a premiação busca fomentar a pesquisa e a inovação no setor químico do país.
O projeto vencedor teve apoio da Finep – Financiadora de Estudos e Projetos, Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, e CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, e começou a ser desenvolvido em 2021. Já os testes de campo tiveram o auxílio da Iguá Saneamento, que aplicou a solução em cinco de suas ETAs.
Para desenvolver a plataforma, a companhia empregou tecnologias de sensoriamento remoto avançado e comunicação sem fio, bem como
11 Hydro • Maio/Junho 2024
Solução da Conatus Ambiental aplicada na Iguá Saneamento
Notícias
IoT – Internet das Coisas, responsável por capturar dados em tempo real. A principal delas, porém, é a IA – Inte ligência Artificial, cuja função é apren der com os dados históricos da esta‑ ção e utilizar informações de sensores, como turbidez e pH, para compreender como a água responde em diferentes cenários. Posteriormente, os dados são integrados em uma plataforma online de monitoramento que possibilita aos operadores, supervisores e gerentes acompanharem o desempenho da ETA em tempo real.
Segundo José Renato Lanzi Martini, diretor de tecnologias e mercados da Conatus Ambiental, a tecnologia pode reduzir em até 20% o uso de coagu lantes. “Essa abordagem inovadora não só contribui para a eficiência operacio nal das ETAs, mas também promove uma gestão mais sustentável e cons ciente dos recursos hídricos”, salienta.
Além da Iguá Saneamento, a Cona tus Ambiental mantém uma parceria permanente com a SAMAE – Serviço Autônomo Municipal de Água e Es goto de Mogi Guaçu, SP. Como for ma de ampliar a iniciativa, a empresa
tem mantido contato com diversas au‑ tarquias do estado de São Paulo, bem como parceiros comerciais. Inicialmen te, a solução é voltada apenas para ETAs, mas há planos para que o produto tam bém auxilie no tratamento de efluentes e esgoto em um futuro próximo.
Em maio, a Conatus Ambiental passou a participar de um programa de aceleração da Halcyon nos Estados Unidos. A startup, junto com outras sete empresas estrangeiras, foi sele cionada para um treinamento de oito semanas com consultoria personaliza da e terá a oportunidade de mostrar a plataforma de dosagem de produtos químicos a potenciais investidores.
Com 19 colaboradores, a Conatus Ambiental mantém em sua sede em Mogi Guaçu um laboratório de pesqui sa e estoque de produtos. Em 2023, a companhia atendeu 115 empresas, entre autarquias e instituições privadas. Além da solução para dosagem de pro dutos químicos, fornece floculantes, coagulantes, biocidas e corretores de pH para o mercado de saneamento.
Conatus Ambiental – Tel. (19) 3818-8811 Site: www.conatusambiental.com.br
Grupo Tigre e Linedata se unem para reduzir as perdas de água tratada
OGrupo Tigre, multinacional bra sileira fabricante de soluções de construção civil, infraestrutura e cuida dos com a água, e a Linedata, startup desenvolvedora de tecnologias para a gestão de ativos com sede em Flo rianópolis, SC, e escritório em Indaia tuba, SP, firmaram uma parceria cujo objetivo é reduzir as perdas de água no setor de saneamento.
Dados do Instituto Trata Brasil apontam que 38,1% da água potá vel produzida no país em 2016 foi perdida durante a distribuição. Já em 2021, ano base do estudo, o índice chegou a 40,3%. Isso significa que, a cada 100 litros de água captada e tratada para se tornar potável, quase 40 litros são inutilizados por conta de vazamento nas redes, fraudes, liga ções clandestinas, erros de leitura dos hidrômetros, entre outros problemas.
A plataforma Linedata, antes co nhecida como SANEGEO (Hydro Ja‑ neiro ‑ Fevereiro de 2023, edição 159,
12 Hydro • Maio/Junho 2024
páginas 10 e 12), já conseguiu diminuir o índice de perdas em companhias de saneamento em até 52%, bem como reduzir o tempo de atendimento de pedidos técnicos em 30%. Anteriormente, a solução era comercializada com módulos. Hoje, a empresa apresenta o produto com o conceito de processos.
“O número de módulos foi reduzido e agrupado em processos, o que traz uma visão mais moderna e fácil de ser entendida pelo mercado. Também adicionamos soluções voltadas para os departamentos comercial e de alta gestão, com indicadores para a tomada de decisão em tempo real, inclusive em nosso aplicativo para dispositivos móveis”, explica Thiago Lapagesse da Costa, CEO da Linedata.
Com o acordo, as empresas fortalecem suas posições no mercado e expandem as oportunidades de venda cruzada, além de estimular a inovação tecnológica no setor. Segundo Costa, o Grupo Tigre estava em busca de uma desenvolvedora de tecnologia que estivesse alinhada com suas iniciativas
socioambientais e ecoeficientes, a fim de reduzir os impactos das operações e cuidar da água para transformar a qualidade de vida da população.
“A Tigre irá oferecer suas tubulações, conexões e sensores, e a Linedata trará isso para dentro de seu sistema, transformando o saneamento em uma tecnologia inteligente”, ressalta.
O Grupo Tigre já realizou mais de 500 parcerias com startups. Para os próximos dois anos, a Linedata tem como objetivo economizar R$ 1 bilhão em água tratada para empresas de saneamento e expandir o acesso a serviços de saneamento para 10 milhões de pessoas, auxiliando a universalizar o acesso da população à água potável.
Linedata – Tel. (11) 91136-1212 Site: www.linedata.com.br
13 Hydro • Maio/Junho 2024
Thiago Lapagesse da Costa, da Linedata: universalização inteligente do saneamento com auxílio do Grupo Tigre
Guia de reservatórios de água
O guia a seguir relaciona os fornecedores de reservatórios no país, com informações como materiais, formas construtivas, capacidades em litros e tipos de tampas e fundos. O levantamento também inclui tanques para ETEs – estações de tratamento de efluentes.
Empresa/ Telefone/ E-mail
Alphenz (19) 3302-9606 contato@alphenz.com.br
Balmoral Tanks (12) 2634-0370 tanks-website@balmoral.co.uk
BR Válvulas (21) 99888-8346 cvillela@brvalvulas.com
Caixa Forte (31) 99303-0210 vendas@caixaforte.ind.br
Caixas D’água (19) 99784-2628 caixasdaguasaopaulo@gmail.com
Carmaço (17) 98126-8758 vendas@carmaco.com.br
Delta Saneamento (11) 94922-0462 comercial@deltasaneamento.com.br
Dopp (11) 98369-7238 contato@dopp.com.br
FazForte (18) 99820-9056 comercial@fazforte.com.br
Fibrasan (11) 4543-6396 contato@fibrasan.com.br
Fluid Brasil (11) 98242-0185 comercial@fluidbrasil.com.br
Fogliene (15) 99656-9752 fogliene@fogliene.com.br
Fortmetal (31) 99929-8320 comercial@fortmetal.com.br
(1) Concreto pré-moldado ou concreto
Reser- vatório Tanque
Inoxidável Verinox Galvanizado Dobra dupla Soldado Parafusado Pintado Vitrificado Revestimento em epóxi Modular Torre ou castelo d´água Em fábrica In loco, na obra
Estacionário Transportável Horizontal Apoiada Cilíndrico Prismático Tronco de cone Encaixada Plano Semiplano Cônico Domo geodésico Cônico Apoiado Tubular PE –Polietileno PP –Polipropileno PRFVFibra de vidro PVC Concreto/alvenaria (1) Geomembrana de PEAD Aço
Cisterna
Teto/tampa Fundo Material Capacidade Montagem (2) Tanque para ETE
30000
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in loco; (2) Para reservatórios muito grandes. Caso sejam montados na fábrica, basta içar até o local.
moldado
Empresa/ Telefone/ E-mail
Grancaixa (11) 94361-5899 contato@grancaixa.com
Hidroglass (14) 99121-3730 marcelo@hidroglass.com.br
Hidrotecno (11) 99235-5338 vendas@hidrotecno.com.br
Hume (41) 99113-2771 contato@hume.com.br
Implavi (45) 3277-2239 implavi@terra.com.br
Improv (19) 99920-6250 contato@improvequipamentos.com.br
Interfiber (19) 99700-8753 interfiber@interfiber.com.br
JG Caixas (11) 99609-0050 contato@jgcaixas.com.br
KS Equipamentos (51) 99805-5704 comercial@ksindustrial.com.br
Luxtel (11) 4543-6290 projetos@luxtel.com.br
Mazzocato (11) 96447-0015 comercial@tmazzocato.com.br
MG Fibras (31) 99838-3139 comercial@mgfibras.com
Rima (17) 99167-4166 vendas@rima.ind.br
Safe (34) 3313-8100 comercial@safe.ind.br
Sancotec Tank (48) 99955-7133 roberto@sancotectank.com
Stringal Hurner (11) 99486-5758 vendas@stringalhurner.com.br
Tanksbr & Ágili (19) 99554-1636 vendas@tanksbr.com.br
Tech Tank (19) 99907-5169 vendas@techtank.com.br
Tecniplas (11) 97547-9212 tecniplas@tecniplas.com.br
(1) Concreto pré-moldado ou concreto moldado in loco; (2) Para reservatórios muito grandes. Caso sejam montados na fábrica, basta içar até o local. Obs: Os dados constantes deste guia foram fornecidos pelas próprias empresas que dele participam, de um total de 220 empresas pesquisadas. Fonte: Revista Hydro, maio e junho de 2024. Este e muitos outros Guias HY estão disponíveis on-line, para consulta. Acesse www.arandanet.com.br/revista/hydro e confira. Também é possível incluir a sua empresa na versão on-line de todos estes guias.
16 Serviço Hydro • Maio/Junho 2024
Reser- vatório Tanque Cisterna Teto/tampa Fundo Material Capacidade Montagem (2) Tanque para ETE Estacionário Transportável Horizontal Apoiada Cilíndrico Prismático Tronco de cone Encaixada Plano Semiplano Cônico Domo geodésico Cônico Apoiado Tubular PE –Polietileno PP –Polipropileno PRFVFibra de vidro PVC Concreto/alvenaria (1) Geomembrana de PEAD Aço > 1000 L > 10000 L > 30000 L Inoxidável Verinox Galvanizado Dobra dupla Soldado Parafusado Pintado Vitrificado Revestimento em epóxi Modular Torre ou castelo d´água Em fábrica In loco, na obra
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Produtos químicos para tratamento de água e efluentes
Os produtos químicos são essenciais para o tratamento e desinfecção de água, seja para potabilização, segurança hídrica ou para redução de incrustações em aplicações industriais. A reportagem especial mostrará as principais soluções e as novidades dos fabricantes para expansão de capacidade produtiva tendo em vista o potencial do setor de saneamento.
Com a implementação do Marco Legal do Saneamento, espera-se um aumento significativo na demanda por equipamentos e produtos no Brasil. Segundo especialistas do setor, a partir de 2024, o mercado de produtos químicos para tratamento de água e efluentes deve começar a crescer de forma expressiva.
Caso em 2033 o Brasil consiga alcançar as metas do marco do saneamento, quando se prevê a universalização de 99% do atendimento de água e 90% de esgotamento sanitário, haveria um acréscimo de até 600 mil toneladas na capacidade produtiva anual de cloro-soda, que atualmente está em 1,5 milhão de toneladas por ano. Isso representa um aumento considerável, refletindo a necessidade de expansão das redes de tratamento de água e de esgoto, que deve gerar investimentos superiores a R$ 500 bilhões até 2033.
“O marco do saneamento transcende o seu objetivo de propiciar um tratamento digno de água e saneamento para a população. Ele se espalha por toda a economia, gerando investimentos não apenas nas empresas de saneamento, mas nas empresas de projetos, máquinas e equipamentos, empresas de serviços e, claro, também na indústria de cloro-soda”, diz Milton Rego, presidente executivo
da Abiclor - Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados e da Clorosur.
Os produtos químicos são vitais tanto no tratamento de água quanto de esgoto, desempenhando funções críticas para garantir a segurança e proteção ao meio ambiente. No tratamento de água, eles são usados para auxiliar nos processos de separação, por meio de adsorção, flotação, decantação e filtração, além de realizar o tratamento final por meio de desinfecção, fluoração e correção de pH. No tratamento de esgoto, os produtos químicos ajudam a remover materiais sólidos, reduzindo a demanda bioquímica de oxigênio, eliminar micro-organismos patogênicos, garantindo que o efluente tratado seja seguro, e reduzir substâncias químicas indesejáveis antes que a água seja devolvida ao meio ambiente. Esses processos são essenciais para manter a água limpa e segura para consumo e uso.
Portanto, a regulamentação do setor não só promove melhorias significativas na infraestrutura de saneamento básico, mas também impulsiona a indústria química, com um impacto positivo em toda a cadeia produtiva.
Para atender a esse crescimento, empresas do setor anunciam investimentos em expansão de fábrica, lançamentos de produtos e outras novidades, como veremos a seguir.
Hydro • Maio/Junho 2024 18
Especial
Sandra Mogami, da Redação da Hydro
Avanex
A Avanex está colocando em prática uma estratégia de expansão nacional. Já com fábrica em Palmeira, SC, a empresa implementa a primeira fase de nova unidade em Pariquera-Açu, no interior de São Paulo, onde está produzindo sulfato de alumínio isento de ferro líquido e policloreto de alumínio (PAC).
De acordo com o diretor, Rogério Frasseto, a meta da nova unidade é atender o mercado paulista, parte do Paraná e Minas Gerais. Por ser um público-alvo maior do que o da fábrica de Palmeira, a produção também será incrementada em Pariquera-Açu. Inicialmente a produção de sulfato de alumínio será de 5 mil t/mês, de PAC de 4 mil t/mês e de cloreto férrico de 2 mil t/mês.
Mas o planejamento, em uma segunda fase de investimentos, é ampliar essas produções, conforme a demanda principalmente para tratamento de esgotos municipais aumentar como previsto. Também faz parte dos planos diversificar os tipos de produtos.
“Fizemos a fábrica no conceito modular, com plantas individualizadas para os produtos, layout otimizado para ter mais produtividade com menos equipamentos”, disse.
Nessa segunda fase de investimentos serão incluídos outros insumos já produzidos em Santa Catarina, como o ortopolifosfato, empregado como anti-incrustante e como quelante para eliminação de ferro na água. Também
estão nos planos produzir o alcalinizante à base de aluminato de sódio e fazer distribuição de produtos, como cal hidratada, cal virgem e geocálcio.
Futuramente, a intenção é ter novas unidades também no Nordeste e no Centro-Oeste, já que para fornecimento, principalmente de coagulantes, a logística precisa ser facilitada, próxima dos clientes, para ser rentável.
Site: www.avanex.com.br
Ecolab - Nalco Water
A Ecolab, por meio da divisão Nalco Water, apresenta a tecnologia para geração de dióxido de cloro Purate.
O líder da divisão Nalco Water Heavy da Ecolab no Brasil, Cesar Mendes, destaca que a empresa tem muito a contribuir para o saneamento. “O Purate é um programa de tecnologia de biocidas e dióxido de cloro seguro e econômico
para água industrial, efluentes e água potável”, diz. A solução é voltada para clientes que utilizam grandes volumes de biocidas oxidantes, torres de resfriamento com recirculação maior que 10 mil m³/h, têm problemas com descargas de efluentes ou programas de zero descarga. “Ele ajuda a melhorar a eficiência e reduzir os custos operacionais totais”, explica.
O sistema é constituído por um gerador que, com apenas dois produtos químicos (Purate e ácido sulfúrico), alimenta o reator desenvolvido para
produzir dióxido de cloro com eficiência superior a 95%. A tecnologia conta com reação rápida e eficiente e não forma subprodutos de cloro, sendo mais saudável e ecológica. Além disso, o Purate auxilia na redução das taxas de corrosão em aço carbono, aço inoxidável e almirantado.
Em uma estação de tratamento de água no Sul do Brasil, que estava enfrentando sérios problemas pela presença do mexilhão dourado, molusco bastante móvel, que adere às paredes das tubulações e equipamentos, causando obstruções que podem impedir o fluxo d’água, o Purate além de impactar positivamente na disponibilidade de água para a população, também otimizou os custos operacionais em aproximadamente 500%. Antes da aplicação, os gastos eram de US$ 260 mil e, após dois anos em uso, caíram para US$ 50 mil. Site: https://pt-br.ecolab.com/
Hidrodomi
A Hidrodomi, fabricante nacional de produtos para tratamento de água para consumo humano e animal, processos industriais e desinfecção de alimentos e ambientes, com sede em Ribeirão Preto, SP, fechou em março uma parceria de distribuição exclusiva com a AquaSuper, fabricante de dosadores de cloro e flúor, de Tietê, SP. “A parceria tem uma sinergia muito grande e nos permitirá atender o setor de saneamento com o
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Rogério Frasseto, da Avanex: expansão nacional
Sistema Purate da Nalco Water, da Ecolab
Rodnilson Toledo, da Hidrodomi: parceria estratégica
Especial
fornecimento de tabletes de cloro sólido junto com uma linha completa de equipamentos para aplicação do produto”, diz Rodnilson Toledo, diretor de negócios da Hidrodomi.
A empresa produz soluções de cloro sólido e tabletes de flúor puro ou combinado cloro-flúor para desinfecção e fluoretação de água em ETAs e poços de abastecimento, como ácido tricloroisocianúrico 90%, hipoclorito de cálcio 65%, dicloroisocianurato de sódio e fluorsilicato de sódio, além de floculantes para tratamento de água e efluentes (polímeros aniônicos, catiônicos e não iônicos) e oxidantes para o tratamento de água (permanganato de potássio).
Uma novidade é a CLiM Nano, uma solução de nanotecnologia capaz de estimular o tratamento biológico em ETEs sem adição de enzimas, microrganismos ou nutrientes. “A solução aquosa de nanopartículas orgânicas altera a velocidade com que as substâncias dispersas no meio ambiente do efluente transitam através das paredes celulares e intracelulares, resultando em maior conversão energética e metabólica nas bactérias”, explica.
A CLiM Nano é atóxica e pode ser usada em sistemas aeróbios e anaeróbios, sem causar dependência ao sistema biológico. Segundo o diretor, a solução é produzida através de tecnologias de ponta na área de processos moleculares. Entre os benefícios está a redução de DBO e DQO, sólidos voláteis suspensos, lodo e odor provocado por compostos diversos, como o H2S. É aplicada em qualquer estágio do tratamento de efluentes, seja em ETE industrial ou sanitária, como sistemas de lodo ativado, filtros aeróbios ou anaeróbios, lagoas de estabilização, tanques e/ou lagoas aeradas, reatores UASB, elevatórias e biodigestores.
Site: www.hidrodomi.com.br
Hidromar
Em breve entrará em operação uma nova fábrica dos coagulantes policloreto de alumínio (PAC) e cloreto férrico em Cubatão, SP. A unidade da Hidromar, especializada em logística de cloro, já está pronta e só demanda os últimos detalhes técnicos de controle para passar a produzir de fato, segundo disse o diretor comercial da empresa, Nelson da Silva.
A unidade tem como diferenciais o suprimento direto, via tubulação, de matérias-primas importantes para a produção de forma direta. Vizinha da unidade de cloro-soda da Unipar, a Hidromar receberá da indústria via duto o ácido clorídrico (HCL), necessário para a reação com o hidróxido de alumínio para a produção do PAC.
“Vamos eliminar o risco e o custo do transporte de HCL”, disse Silva. Está nos planos também no futuro passar a receber o hidróxido de alumínio via transporte ferroviário, já que há esse modal no polo de Cubatão, ao lado da sede da Hidromar.
O projeto de cloreto férrico, embora já esteja definido e pronto, ainda não foi implementado nessa etapa. Para a sua produção, da mesma forma, será
20 Hydro • Maio/Junho 2024
Nelson da Silva, da Hidromar: potencial elevado de mercado no saneamento
utilizado o HCL da Unipar e a hematita (óxido de ferro), que também deve ser fornecida via férrea no futuro.
A nova planta de PAC terá capacidade de produção de 10 a 12 mil toneladas por mês (para o PAC 18) e que poderá ser revertido para o PAC 10 para cerca de 15 mil t/mês.
Para Silva, apesar de haver oferta considerável de coagulantes no Brasil, há um potencial muito grande para aumento do consumo com as metas de universalização do saneamento.
Site: www.grupohidromar.com.br
Matryx
A Matryx é uma empresa nacional de produtos químicos que atua desde 2003 com soluções personalizadas para tratamento de água e efluentes, produzindo desde os agentes introduzidos
em etapas primárias para floculação e coagulação até produtos de remoção de cor e filtragem por carvão ativado na etapa final. Além do saneamento, fornece para indústrias têxteis, de mineração, curtumes, papel e celulose, frigoríficos e laticínios.
Coagulantes
especiais da Matryx
Com sede em Portão, RS, a Matryx tem filiais em Paulínia, SP, Araquari, SC, e para facilitar a distribuição, conta ainda
com uma central logística em Betim, MG, estabelecida em 2021.
Entre os produtos para o tratamento de água e efluentes estão os floculantes (aniônicos, catiônicos e não iônicos), disponíveis em diferentes tipos de carga e pesos moleculares, podendo ser fornecidos em pó ou em emulsão, antiespumantes (base de água, de silicone e de óleo), auxiliares de filtragem, coagulantes e blends inorgânicos e orgânicos e removedores de cor.
Os produtos são desenvolvidos seguindo as normas ambientais vigentes, com foco na sustentabilidade e eficiência dos processos. “A Matryx se destaca por personalizar seus produtos para atender às necessidades específicas de cada cliente, garantindo soluções eficientes e um relacionamento próximo e colaborativo”, diz Elvis da Silva Mello, gerente de vendas da empresa.
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Especial
A empresa conta com engenharia própria e laboratórios de pesquisa e desenvolvimento e para realização de testes e controle de qualidade.
Site: https://matryxpq.com.br
Sabará Químicos e Ingredientes
A Sabará Químicos e Ingredientes, unidade de negócio do Grupo Sabará, fornece ao mercado produtos, equipamentos, assistência técnica e prestação de serviços, garantindo o saneamento e a desinfecção de águas em diversos processos industriais. É uma das maiores fabricantes em soluções para o mercado de tratamento de águas e distribuidora de cloro da América Latina, com um portfólio completo de produtos direcionados ao setor de saneamento.
Entre os destaques da empresa estão o dióxido de cloro, que pode ser encontrado nas versões líquida, em pó e gasosa (gerada in loco); o Sany-Plus Powder (dióxido de cloro em pó), 100% solúvel, desenvolvido para a formação do dióxido de cloro ativo gerado a partir da mistura de insumos em pó, com baixo custo de operação; e o Sany-Plus Stabilized (dióxido de cloro líquido estabilizado), um oxidante destinado a aplicações que exijam precisão de dosagem e confiabilidade, de fácil manuseio e aplicação.
Um outro produto de destaque é o clorito de sódio solução, desenvolvido para trabalhos que exijam precisão de dosagem e confiabilidade. O produto é sintetizado na fábrica em Santa Bárbara d’Oeste, SP, que foi desenvolvida a partir do conhecimento da empresa na geração de dióxido de cloro, em processo patenteado e de produção contínua. O clorito de sódio tem uma ampla gama de aplicações. No saneamento, é precursor na geração do dióxido de cloro destinado a processos de sanitiza-
ção que necessitem de um agente de desinfecção com alta confiabilidade e que, ao mesmo tempo, não gere subprodutos em sua especificação.
Também destaque são os geradores de dióxido de cloro OOW e UW fabricados e patenteados pela Sabará Químicos e Ingredientes, que oferecem capacidade de produção de 0,5 a 25 kg/h. O UW destina-se a instalações submersas e, por isso, apresenta maior nível de segurança. Ambos os modelos têm grau de rendimento de produção acima de 95% e um pacote de automação que permite maior controle sobre o processo.
Site: www.sabaraquimicos.com
SNF
A SNF Water Science, fabricante francesa de especialidades químicas para tratamento de águas, com um portfólio de mais de 1000 produtos e receita anual de 5 bilhões de euros, está presente no Brasil há 27 anos com um escritório comercial localizado na cidade de São Paulo, um centro logístico em Guarulhos, SP, além de uma planta em Camaçari, BA, desde 2019, onde produz poliacrilamidas em emulsão, PolyDadmacs e dispersantes acrílicos. Globalmente conta com 21 fábricas e 7500 colaboradores, que atendem 450 mil clientes.
“A SNF é a maior fabricante de poliacrilamidas do mundo, com uma capacidade de produção anual de 1,425 milhão de toneladas, o que corresponde a cerca de 56% do mercado global”, disse João Brito, gerente de vendas sênior da SNF Brasil.
Segundo ele, a empresa atende as principais companhias de saneamento público e privado do país, como Sabesp, Sanepar, Copasa, Caesb, Cagece, BRK e Aegea, dentre outras. Além de saneamento, fornece seus produtos para diversos segmentos industriais, como por exemplo indústrias alimentícias, papel e celulose, mineração, têxtil, setor sucroenergético, fibrocimento, petróleo e gás, dentre outras. “Nossos produtos são comercializados em todos os setores da economia, a partir de 70 filiais localizadas em mais de 40 países”.
A linha de produtos da SNF compreende as poliacrilamidas (catiônicas, aniônicas e não iônicas, em pó e emulsão); coagulantes orgânicos (PolyDadmacs e poliaminas); dispersantes acrílicos (Flosperse) e agentes quelantes que aumentam a remoção de metais pesados via precipitação (Metalsorb).
A base química principal para fabricação das poliacrilamidas é a acrilamida, e a SNF também é o maior fabricante mundial, com cerca de 70% do mercado global. “A acrilamida também abastece outras indústrias de produtos químicos”, afirmou o gerente.
A acrilamida é um produto obtido através da síntese orgânica de derivados do petróleo. Além das poliacrilamidas em emulsão que são produzidas localmente, a SNF também fornece a versão importada em pó.
Segundo o executivo, a empresa conta com um time técnico especializado para ajudar o cliente na
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Gerador de dióxido de cloro OOW
João Brito, da SNF Brasil: portfólio de mais de 1000 produtos
seleção e indicação de produtos, acompanhamento técnico-operacional e otimização de processos.
Site: www.snf.com
Unipar
A Unipar, especializada na produção de cloro e soda e segunda maior produtora de PVC na América do Sul, vai realizar uma modernização tecnológica em sua planta de Cubatão, SP, em uma iniciativa cujos investimentos ultrapassam R$ 1 bilhão. A implementação do projeto tem início imediato e previsão de conclusão no final de 2025, com a substituição das tecnologias de mercúrio e diafragma por membrana para a produção de cloro e soda. Este projeto integra a estratégia de sustentabilidade da companhia e reforça seus compromissos com metas de curto, médio e longo prazos no âmbito social, ambiental e de governança.
A unificação de tecnologias garantirá capacidade de produção de 210 mil toneladas de cloro por ano, representando 60% da capacidade atual da unidade. Com ela, a Unipar reduzirá em 70 mil toneladas sua emissão de CO2 por ano, além de gerar menos resíduos sólidos, consumir menos energia (vapor e elétrica) e simplificar as operações no local. “A Unipar terá a maior operação de membrana na América do Sul, com ganhos de eficiência operacional, competitividade e sustentabilidade. Estamos investindo no que há de melhor no mundo e teremos retorno com redução de custos fixos e variáveis, uma operação mais ágil e ainda vamos produzir uma soda com qualidade superior”, explica Rodrigo Cannaval, CEO da Unipar.
O projeto prevê a instalação de 32 quilômetros de estacas e empregará aproximadamente 2 mil toneladas de estruturas metálicas e 4500 m3 de concreto estrutural.
De origem brasileira, a Unipar conta com mais de 1400 colaboradores diretos divididos nas três unidades produtivas, localizadas em Cubatão e Santo André, SP, e Bahía Blanca, na Argentina. Além disso, está em construção a nova fábrica no Polo Industrial de Camaçari, na Bahia, que será entregue até o final de 2024, com investimentos de R$ 234 milhões e capacidade anual de produção de 20 mil toneladas de cloro e 22 mil toneladas de soda.
Site: www.unipar.com
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Planta da Unipar em Cubatão
Produtos para controle de odor em ETEs
As pressões para controlar a emissão de odores em indústrias e estações de tratamento de efluentes crescem a cada dia. O levantamento inédito a seguir apresenta os fornecedores de soluções capazes de conter ou neutralizar os efeitos dos gases, além de sensores, software de monitoramento e prestadores de serviços.
Empresa Telefone E-mail
Tratamento químico do odor
Acoem (11) 5055-0005 comercial@acoem.com
Aquarenne (51) 99230-4382 atendimento@aquarenne.com.br
Aquastar (41) 3292-5653 contato@aquastar.com.br
Continuum Chemical (11) 4702-8478 vendas@continuumchemical.com.br
Dryller (41) 99204 6005 comercial@dryller.com.br
Glotec (11) 94489-9263 glotec@glotec.com.br
Miika Nacional (31) 99798-3761 comercial@miikanacional.com.br
Odournet (11) 98270-1956 yguimaraes@odournet.com
PI2 Technologies (11) 99733-4903 gilmar@alphawater.com.br
Pruner (31) 99958-9494 pruner@pruner.com.br
Wastec (11) 4229-0100 wastec@wastecbrasil.com.br
Nitrato de amônia
Peróxido de hidrogênio Nitrato de cálcio
Odorizadores (mascarantes)
Neutralizadores de odor (encapsuladores)
Lavadores de gases
Hidróxido de cálcio Com interação química Sem interação química
Tratamento biológico
Cobertura e vedação
Biofiltros
Biofiltros de carvão ativado
Sensores de odor
Software de monitoramento e análise Serviços de olfatometria
Software de modelagem matemática
Obs: Os dados constantes deste guia foram fornecidos pelas próprias empresas que dele participam, de um total de 27 empresas pesquisadas. Fonte: Revista Hydro, maio e junho de 2024. Este e muitos outros Guias HY estão disponíveis on-line, para consulta. Acesse www.arandanet.com.br/revista/hydro e confira. Também é possível incluir a sua empresa na versão on-line de todos estes guias.
Serviço Hydro • Maio/Junho 2024 24
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Tratamento de água
Aplicação de peróxido de hidrogênio como pré-oxidante
A aplicação de peróxido de hidrogênio como pré-oxidante foi implementada em uma
ETA – estação de tratamento de água em substituição à pré-cloração, visando à redução da formação de subprodutos da desinfecção. Testes em escala de bancada e em escala real foram realizados para avaliação e custo de implantação. Veja os resultados.
OSAA - Sistema de Abastecimento de Água Reis Magos iniciou sua operação em junho de 2018, visando atender parte do município de Serra, ES. A integração entre as áreas de abastecimento das ETAs Carapina e Reis Magos foi implementada de maneira a minimizar impactos no abastecimento do município de Serra e na capital Vitória, em momentos de escassez ou de elevada turbidez no rio Santa Maria da Vitória.
O rio Reis Magos é formado pelo encontro dos rios Timbuí e Fundão em uma região de baixada, na divisa
dos municípios Serra e Fundão, no Espírito Santo. Em seu baixo curso, o rio Reis Magos atravessa uma planície inundável, marcada por brejos e várzeas que são alagados em períodos de chuva intensa, com solos moles e de origem orgânica.
Analisando a área do entorno da captação da ETA Reis Magos, observa-se que ela está localizada em área de baixada, inundada nos períodos chuvosos (figuras 1 e 2). Naturalmente, a água bruta apresenta-se com cor mais elevada, baixa turbidez e metais (ferro, manganês), devido à presença
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Maria Letícia de Abreu Faria Rocha, Maria de Fátima Dutra Melo, Amâncio Mattiello, Roni Ivon Pereira de Sousa e André Luiz de Oliveira Lima, da Cesan - Companhia Espírito Santense de Saneamento
Fig. 1 – Área do entorno da captação e da ETA Reis Magos
de compostos orgânicos naturais originados da decomposição da matéria orgânica, além da presença de macrófitas e de íons metálicos dissolvidos.
Após períodos de chuva, devido ao escoamento das áreas alagadas, observa-se uma elevação na cor da água bruta enquanto a turbidez se mantém baixa, condição que dificulta a formação de flocos com peso suficiente para realizar uma boa decantação, podendo chegar a inviabilizar a operação do sistema.
Devido às características físico-químicas da água bruta, foi necessário realizar a pré-oxidação da água para melhorar a eficiência da coagulação.
Inicialmente utilizou-se o cloro como oxidante devido à sua facilidade de uso, pois já era utilizado na desinfecção. Porém, a reação do cloro com a matéria orgânica levou à formação de trihalometanos (THM) e ácidos haloacéticos (AHA). Esses subprodutos da desinfecção são considerados prejudiciais à saúde alguns estudos associaram a mortalidade por câncer em função da presença desses compostos em água potável.
Quando o histórico de resultados de AHA e THM indicou que os padrões desses parâmetros estavam sendo ultrapassados, ações de curto, médio e longo prazo foram planejadas, como a redução da dosagem de cloro na pré-oxidação, monitoramento da pré-cloração, treinamento de equipe para controle dos resultados, busca de novos produtos químicos utilizados como pré-oxidantes e aplicação em escala real do produto escolhido.
Objetivo
Reduzir a formação de THM e o AHA na água tratada da ETA Reis Magos para atender aos padrões da legislação sanitária, através da substituição do cloro dosado na pré-oxidação por peróxido de hidrogênio.
Metodologia
Foram implementadas ações de curto, médio e longo prazo para promover a redução da formação dos subprodutos da desinfecção.
• Ações de curto prazo: redução da dosagem de cloro na pré-oxidação, monitoramento do residual na etapa da coagulação, treinamento da equipe para melhorar o controle dos resultados e para que fosse esclarecida a necessidade de redução da dosagem de cloro na pré-oxidação, bem como o acompanhamento sistemático do residual.
• Ações de médio prazo: busca de novos produtos químicos utilizados como pré-oxidantes para teste em bancada. A premissa era que os produtos fos-
sem de fácil aplicação e controle em escala real. Foram escolhidos dois produtos para teste: permanganato de potássio e peróxido de hidrogênio.
• Ação de longo prazo: aplicar em escala real o produto escolhido no teste de bancada.
O canal de captação da ETA é aberto e possui 500 m de extensão, que garante um bom tempo de contato para reação do peróxido. A adutora de água bruta (DN 800 mm) possui 200 m de extensão. Reis Magos é uma ETA convencional composta por dois módulos de tratamento idênticos de 250 L/s. O residual de peróxido de hidrogênio foi medido na saída dos decantadores. A ETA possui um reservatório de 5000 m3 onde foi coletada a água tratada para análise de THM e AHA (figuras 2 e 4). A adutora de água tratada (DN 700 mm) possui 14 km de extensão e conduz a água para os bairros da sede do município de Serra, onde amostras também foram coletadas para análise de subprodutos da desinfecção.
É preciso salientar que a substituição de um produto químico em uma estação de tratamento de água não é uma solução rápida, pois exige testes em escala de bancada e em planta, avaliação de custo da aplicação e da implantação da infraestrutura necessária, treinamento dos operadores, escolha do melhor ponto de aplicação, implantação de metodologia para análise do residual do produto aplicado e avaliação dos resultados esperados.
Os testes em bancada e escala real tiveram início em 2019, mas como os resultados em escala real não foram conclusivos, foram im-
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Fig. 2 – Captação da ETA Reis Magos em período seco e chuvoso
Ponte sobre o canal de captação. Período seco
Ponte sobre o canal de captação. Período úmido
Fig. 3 – Vista aérea do canal de captação da ETA Reis Magos
Tab. I – Ensaios de bancada
Tratamento de água
plementadas melhorias no processo de dosagem, utilizando bomba dosadora próximo à sala de operação da ETA, a fim de facilitar o ajuste da dosagem pelo operador através do sistema supervisório da ETA. A partir de abril de 2020 foi reiniciado o teste na planta e estabelecidos dois possíveis pontos de aplicação. Verificou-se uma melhora nos resultados de THM e AHA que confirmaram a possibilidade de aplicação em escala real, estendendo a possibilidade de uso do peróxido de hidrogênio para outras ETAs da Cesan.
Os resultados corroboraram para licitação, visando aquisição da infraestrutura e do produto químico peróxido de hidrogênio, prevendo quantidade suficiente para que fosse iniciada em 2021 a dosagem do produto nas ETAs Carapina, Santa Maria e continuidade da aplicação em Reis Magos (figura 4).
Resultados
Resultados dos testes em bancada
Foram realizados ensaios de jar test em maio de 2019. Os dados de qualidade da água bruta utilizada estão registrados a seguir:
• Cor (Pt/Co): 37,6
• Turbidez (NTU): 11,6
• pH: 6,78
Para a realização dos testes foram utilizadas soluções de:
• peróxido de hidrogênio a 1000 mg/L (preparado a partir de uma solução comercial de 50% de H2O2);
• policloreto de alumínio a 1%; e
• solução de leite de cal.
Nos ensaios de 1 a 3 foi aplicado o peróxido de hidrogênio na pré-oxidação, com tempo de contato 60 minutos e não foi adicionado cloro ao final do tratamento. Nos ensaios de 4 a 6 foi aplicado o peróxido de hi-
* limite da legislação (Portaria GM/MS Nº 888, de 4 de maio de 2021): 0,08 mg/L
** limite da legislação (Portaria GM/MS Nº 888, de 4 de maio de 2021): 100 µg/L
*** cloro residual da amostra: 2,28 mg/L
drogênio na pré-oxidação, com 30 minutos de contato, e depois realizado o tratamento convencional adotado pela ETA Reis Magos. Ao final do tratamento, foi adicionado cloro (2,21 mg/L), simulando a pós-cloração. Ao final dos ensaios, as amostras foram coletadas para determinação da formação dos subprodutos AHA e THM. Para efeito comparativo, a amostra da saída da ETA também foi coletada para análise dos subprodutos da desinfecção. Os resultados dos ensaios estão dispostos na tabela I.
Resultados
em escala real
A partir dos resultados de bancada foram calculados os custos para aquisição do produto e montado o sistema de dosagem, conforme apresentado nas figuras 4 e 5.
O tempo de contato mínimo entre peróxido e água recomendado pelo fabricante do produto é de 30 minutos. A partir dessa informação foi calculado o tempo de contato considerando a dosagem em dois pontos de aplicação do produto e medição do residual do peróxido na saída dos decantadores da ETA: um ponto mais distante, no canal de captação, usado no período seco, e um ponto mais próximo da ETA, no poço de sucção das bombas, para ser usado nos momentos de cheia.
O custo do quantitativo necessário para promover a oxidação desejada em escala real foi calculado e comparado com o custo do cloro aplicado, conforme tabela II. A tabela III apresenta os resultados medidos durante o teste em escala real.
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Fig. 4 – Estrutura de dosagem implantada para realização do teste na ETA
Fig. 5 – Definição do ponto de dosagem na ETA Reis Magos (canal de captação)
Ponto 1 - tempo de contato em torno de 60 minutos
32 minutos
Ponto 2 - tempo de contato em torno
de
de hidrogênio na pré-oxidação com e
Ensaio H2O2 (mg/L) PAC (mg/L) Cor (Pt/Co) Turbidez (NTU) H2O2 residual após decantar (mg/L) Mn total (mg/L) Fe total (mg/L) AHA (mg/L) * THM (µg/L) ** 1 1 13 25,1 9,06 0,67 < 0,05 < 0,1 < 10 < 2 2 1,5 13 17,6 3,7 1,03 < 0,05 0,1 < 10 2,87 3 2 13 17,7 5,4 1,15 - - -4 1 13 18 3,83 0,82 < 0,05 0,1 < 10 < 2 5 1,5 13 16,1 3,43 1,21 < 0,05 0,1 < 10 2,64 6 2 13 15 2,44 1,28 < 0,05 < 0,1 < 10 < 2 Água
ETA*** - 13 1 0,38 - < 0,05 < 0,1 31 101
com dosagem de peróxido
sem pós-cloração
saída
Com os resultados positivos alcançados no teste em escala real, a aplicação do produto foi mantida.
A escolha do peróxido de hidrogênio para realização do teste em escala real levou em conta os seguintes critérios:
• Produto líquido, que não necessita de tanques e salas específicas para preparo de soluções.
Magos – 2019
Dados avaliados Peróxido Cloro gás
Vazão tratamento (L/s)
Custo
Tab. III – Resultados de AHA e THM durante o período de teste em escala real
ETA Zona rural 25/05/2020 0,03 0,076 N Paralisação da dosagem entre 22 e 27/05 para solução de problemas
Rede de distribuição Potiri 25/05/2020 0,04 0,114 N Paralisação da dosagem entre 22 e 27/05 para solução de problemas
ETA Zona rural 08/06/2020 0,03 0,073 S
Rede de distribuição Potiri 08/06/2020 0,04 0,080 S
Rede de distribuição Nova Carapina ll 15/06/2020 0,05 0,081 S
ETA Zona rural 17/06/2020 0,03 0,051 S
ETA Zona rural 22/06/2020 0,05 0,137 N Paralisação da dosagem entre 21 e 22/06 para solução de problemas
Rede de distribuição Potiri 22/06/2020 0,03 0,037 N Paralisação da dosagem entre 21 e 22/06 para solução de problemas
Rede de distribuição Nova Carapina ll 30/06/2020 0,039 0,143 S
ETA Zona rural 30/06/2020 0,031 0,096 S
Rede de distribuição Potiri 14/07/2020 0,033 0,068 S
ETA Zona rural 14/07/2020 0,032 0,040 S
ETA Zona rural 20/10/2020 0,012 0,043 S
Rede de distribuição Potiri 20/10/2020 0,013 0,054 S
• Dosagem diretamente do tanque de armazenagem.
• Facilidade de medição do residual de peróxido na água.
• Custo mensal previsto para o peróxido – à época foi 14 vezes
menor do que o custo do outro produto testado em escala de bancada.
• Não há formação de subprodutos de controle sanitário devido à adição do peróxido.
• Não há risco de residual do peróxido na rede de abastecimento.
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Tab. II – Custo comparativo entre cloro gás e peróxido de hidrogênio (H2O2) 50% na pré-oxidação da ETA Reis
400 400 Dosagem H2O2 (mg/L) 1 1,25 Concentração solução dosada (%) 50 100 Consumo solução (L/dia) 69 43 Consumo H2O2 (kg/dia) 35 43
(kg/mês) 1037 1296
(R$/mês) 3877,63 6220,80 Consumo (kg/ano) 12.442 15.552
(R$/ano) 46.532 74.650
Consumo
Custo
Custo
do produto (R$/kg)
ano 2019 3,74 4,8
-
Componente Bairro Data AHA mg/L THM mg/L Dosando peróxido (S ou N) Observações
Tratamento de água
Análise e discussão dos resultados
Como pode ser observado nos resultados apresentados, foram alcançados efeitos positivos com a aplicação do peróxido em substituição ao cloro na pré-oxidação. Os resultados do monitoramento dos subprodutos da desinfecção não apontaram a formação desses compostos em quantidades significativas.
Com o objetivo de complementar os esclarecimentos sobre o THM e sobre o AHA, é importante informar que durante o processo de revisão da Portaria de Potabilidade da Água foram realizados estudos para o Ministério da Saúde sobre desinfetantes e produtos secundários da desinfecção que subsidiaram a manutenção dos valores máximos permissíveis (VMPs) do Anexo XX da Portaria de Consolidação GM/MS no 5 de 28 de setembro de 2017, para elaboração da Portaria GM/MS no 888, de 4 de maio de 2021.
Os cálculos realizados para chegar ao VMP levaram em conta o consumo médio diário de 4 litros de água por dia durante toda vida (70 anos); o nível mínimo de exposição associado ao efeito adverso observado (LOAEL); um fator de incerteza como margem de segurança no valor de 2100; a dose abaixo da qual as pessoas poderiam estar expostas sem que ocorram danos à saúde (IDT); o peso corpóreo médio de 60 kg; a viabilidade de atendimento ao padrão nas ETAs; a eficácia da desinfecção; e o baixo impacto sobre os riscos à saúde.
Este cálculo da Portaria tem um caráter preventivo, pois permite que sejam tomadas providências para resolução do problema antes que de fato haja risco concreto para a população. Pois, com este cálculo, o risco de uma pessoa nestas condições contrair alguma doença decorrente do peróxido de
hidrogênio é de 10-5, ou seja: 0,00001.
Considerando o caráter preventivo da legislação sanitária no estabelecimento dos VMPs, pode-se ter segurança que a ocorrência de algumas amostras fora do padrão não trará comprometimento à saúde da população devido ao pouquíssimo tempo de exposição. Por outro lado, o desabastecimento pode causar mais danos à saúde, prejudicando a manutenção da higiene básica da população.
Ressalta-se que o quantitativo de anomalias registrado é pequeno em relação ao número de análises realizadas. Não obstante, é feito acompanhamento sistemático dos resultados para identificação das anomalias que são tratadas, para garantir que a água oferecida à população esteja potável e para assegurar a manutenção desta condição.
Por isso é importante que as amostras fora do padrão observadas sejam avaliadas conforme recomenda o Artigo 40 da Portaria GM/MS no 888, de 4 de maio de 2021 - Ministério da Saúde: “O cumprimento do padrão de potabilidade de subprodutos da desinfecção deve ser verificado com base na média móvel dos resultados... nos últimos doze meses”. O inciso 5 do artigo 44 da mesma Portaria reforça a importância de não avaliar os resultados pontualmente, mas em conjunto com o histórico dos dados: “Na verificação do atendimento ao padrão de potabilidade ... eventuais ocorrências de resultados acima do VMP devem ser analisadas em conjunto com o histórico do controle de qualidade da água.” Sendo assim, não há que se falar em anomalias pontuais, mas, sim, deve-se avaliar a média móvel frente ao VMP estabelecido.
É importante ressaltar que quando o controle da qualidade detecta alguma anomalia, ou seja, quando as amostras coletadas na rede de distribuição de água apresentam resultados fora dos limites estabelecidos pela Portaria GM/MS 888, ações corretivas como vistoria no local e descarga na rede são tomadas e novas amostras são coletadas e analisadas, até que a qualidade da água seja restabelecida. Caso a anomalia seja reincidente, um processo de investigação é iniciado para avaliar e tratar as causas.
Conclusões e recomendações
A etapa de pré-oxidação é comumente adotada em ETAs com a finalidade de remover cor, oxidar matéria orgânica e metais, melhorando a eficiência da coagulação. O cloro, por ser um oxidante comumente utilizado nas ETAs para proporcionar a desinfecção, é o mais usual também na pré-oxidação, contribuindo para a formação de subprodutos orgânicos halogenados. O artigo avaliou a aplicação de peróxido de hidrogênio como pré-oxidante em substituição à pré-cloração, visando à redução da formação de subprodutos da desinfecção.
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Fig. 6 – Medição do residual de peróxido de hidrogênio
Como recomendações na dosagem do peróxido em escala real podemos citar:
• Manter um tempo de contato peróxido/água bruta de cerca de 30 minutos para garantir uma efetiva oxidação. Por esse motivo, a aplicação, muitas vezes, precisa ocorrer no ponto de captação, fora da ETA.
• Em caso de difícil acesso à captação, realizar a aplicação com bomba dosadora acionada automaticamente pela bomba de água bruta.
• Escolher o ponto de dosagem considerando as diferentes vazões da água bruta para garantir o tempo mínimo de contato.
• Armazenagem, tubulações e conexões de dosagem, transferência e diluição do produto devem atender às condições de segurança recomendadas pelo fabricante devido ao risco inerente ao produto (sua decomposição libera oxigênio molecular e calor).
• Acompanhar rotineiramente a concentração residual do produto em pontos específicos da ETA (chegada da água bruta, água decantada ou flotada, saída dos filtros).
• Por segurança, manter uma dosa-
gem que garanta residual máximo de peróxido livre de 0,5 mg/L na saída do decantador ou flotador. Se adicionado em excesso, o peróxido de hidrogênio reage com o cloro aplicado na saída do tratamento, reduzindo a concentração de cloro livre, gerando custos desnecessários com cloro e peróxido (figura 6).
• Orientar os operadores a acompanhar o consumo e o residual do peróxido da mesma forma que faziam quando realizavam a pré-cloração.
O peróxido de hidrogênio mostrou-se eficiente como pré-oxidante quando aplicado em sistema de tratamento de água que possua tempo de contato suficiente para promover as reações de oxidação.
A aplicação do produto é simples e sua homogeneização se dá facilmente, podendo ser usado tal e qual sem a realização de diluições.
Os resultados obtidos corroboraram a licitação para aquisição de peróxido hidrogênio, prevendo quantidade suficiente para realizar a dosagem em outras ETAs da Cesan.
Recomenda-se uma nova etapa de testes com a avaliação de outros
produtos que possam ser utilizados como pré-oxidantes, tal como o dióxido de cloro.
Referências
[1] Portaria GM/MS no 888, de 4 de maio de 2021 - Altera o Anexo XX da Portaria de Consolidação GM/MS no 5, de 28 de setembro de 2017.
[2] Di Bernardo, L.; Di Bernardo, A.; Filho, P. L. C. Ensaios de tratabilidade de água e dos resíduos gerados em Estações de Tratatamento de Água. São Carlos, RiMa, 2002.
[3] Pré-Oxidação na Água Utilizada na ETA Reis Magos Utilizando Peróxido de HidrogênioRelatório de teste elaborado pelas empresas Peróxidos do Brasil, Cesan e Sumatex Produtos Químicos, maio 2019.
[4] Bastos, Rafael Kopschitz Xavier. Revisão do Anexo XX da Portaria de Consolidação no 5 de 28 de setembro de 2017 do Ministério da Saúde (antiga Portaria MS no 2914/2011), Tema II - Padrão de Potabilidade e Planos de Amostragem, Desinfecção de água para consumo humano, Subsídios para Discussão e Orientações para Revisão. Universidade Federal de Viçosa. Março 2019.
Trabalho originalmente apresentado no 34º Encontro Técnico AESabesp/FenasanCongresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente, realizado de 3 a 5 de outubro de 2023, em São Paulo.
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Guia de medidores de vazão
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Serviço Hydro • Maio/Junho 2024 32
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Tratamento de efluentes
Instalação de aeradores tipo cachoeira em lagoas de estabilização
A aeração garante maior sobrevida às lagoas facultativas, ao possibilitar o aumento da atividade de bactérias aeróbias na oxidação da matéria orgânica. Entre os benefícios estão a maior remoção de DBO e DQO, a redução de sólidos suspensos e de nitrogênio amoniacal e a melhoria do aspecto visual da estação, como mostra o artigo, que traz os resultados obtidos em uma ETE após a instalação de aeradores tipo cachoeira.
Os despejos líquidos urbanos contêm aproximadamente 99,9% de água, estando inclusos na fração restante sólidos orgânicos e inorgânicos, suspensos e dissolvidos, bem como microrganismos. Essa pequena parcela faz com que o lançamento do efluente diretamente nos corpos d’água possa causar sérios problemas, tornando o tratamento essencial.
Importante ressaltar que a matéria orgânica presente nos efluentes se constitui no principal problema da poluição das águas, reduzindo o oxigênio dissolvido devido aos processos metabólicos dos microrganismos ali presentes e da estabilização da matéria orgânica. As bactérias são os principais microrganismos presentes no efluente responsáveis pela estabilização da matéria orgânica.
Lagoas de estabilização
Diversos tipos de tratamento de esgoto podem ser definidos para compor uma ETE - Estação de Tratamento
de Esgoto, dentre eles as lagoas de estabilização, nas quais bactérias aeróbias e/ou anaeróbias realizam a decomposição e oxidação da matéria orgânica. Nesse sentido, os esgotos são tratados biologicamente por processos naturais, com baixo custo e simplicidade na operação.
Durante o trajeto do efluente dentro da lagoa, parte da matéria orgânica particulada sedimenta-se e acumula-se ao fundo, formando o lodo, que sofre o processo de decomposição por microrganismos anaeróbios, sendo convertido em gás carbônico, água, metano e outros. Desse modo, apenas a fração inerte (não biodegradável) permanece na camada de fundo.
A matéria orgânica em suspensão permanece dispersa na massa líquida
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Amanda Alencar da Costa, Copasa - Companhia de Saneamento de Minas Gerais
Fig. 1 – Vista aérea da ETE Paracatu. Fonte: KL Engenharia, 2023
e sua decomposição ocorre a partir de bactérias facultativas, as quais podem sobreviver na presença ou ausência de oxigênio. Na respiração aeróbia, o oxigênio se faz essencial para a ação das bactérias situadas nas camadas superficiais. O ar é fornecido pelo ambiente externo e a partir da fotossíntese de algas desenvolvidas naturalmente na lagoa, devido à riqueza de nutrientes. As algas, por sua vez, utilizam para fotossíntese o gás carbônico gerado na oxidação da matéria orgânica.
Aeradores mecânicos
Em uma lagoa de estabilização, o sistema de aeração, apropriado conforme o tipo de tratamento, assegura a boa qualidade do efluente tratado com baixa DBO – demanda bioquímica de oxigênio e elevado nível de oxigênio dissolvido, garantindo a manutenção da vida aquática nos corpos de água receptores.
Os aeradores mecânicos mais utilizados são unidades de eixo vertical que, ao rodarem em alta velocidade, causam grande turbilhonamento na água. Tal turbilhonamento garante a penetração do oxigênio atmosférico na massa líquida, onde ele se dissolve, de modo que a decomposição da matéria orgânica se dê mais rapidamente, quando comparada com a lagoa facultativa convencional [6].
Cabe ressaltar que, quando o nível de energia introduzido pelos aeradores é suficiente apenas para a oxigenação, mas não para manter os sólidos em suspensão na massa líquida, a lagoa aerada continua se comportando como lagoa facultativa, de forma que ainda existe uma camada de lodo ao fundo decomposta anaerobicamente.
Uma lagoa facultativa tem como requisito, em média, uma área entre 2 e 5 m2 por habitante, ao passo que uma lagoa aerada facultativa demanda entre 0,25 e 0,5 m2 por habitante, o
que implica a redução da área necessária em quase 10 vezes. Além disso, o tempo de detenção hidráulica também reduz, sendo de 15 a 30 dias para lagoas facultativas e de 5 a 10 dias para lagoas aeradas facultativas [6].
Uma lagoa aerada requisita uma potência entre 1 e 1,7 W por habitante. No entanto, verifica-se maior independência das condições climáticas, maior resistência às variações de carga e reduzidas possibilidades de maus odores [6].
Parâmetros para dimensionamento
O TDH - tempo de detenção hidráulica é definido como o tempo necessário para que os microrganismos procedam a estabilização da matéria orgânica.
A energia necessária para o suprimento dos requisitos dos aeradores a serem instalados na lagoa pode ser definida com base no consumo de oxigênio (RO). Além disso, o parâmetro que converte o consumo de oxigênio em consumo de energia é obtido a partir da eficiência de oxigenação (EO) [6].
A potência requerida (RE) para os aeradores pode ser definida por:
entre os quais, tem-se:
�������������� = 0,55% a 0,65% da ������������� (2)
além de:
sendo:
• RO: requisito de oxigênio a ser fornecido (kgO2/d);
• a: coeficiente variando entre 0,8 e 1,2 kgO2/kgDBO5;
• Q: vazão afluente (m3/d);
• SO:concentração de DBO5 afluente (g/m3);
• S: concentração de DBO5 efluente, (g/m³);
• EO: eficiência de oxigenação (kgO2/ kWh).
Além disso, o tempo de detenção hidráulico pode ser definido pela razão entre o volume da lagoa (V) e a vazão afluente (Q):
Objetivo
Este trabalho analisa o impacto da instalação de aeradores superficiais tipo cachoeira nas lagoas facultativas da ETE - Estação de Tratamento de Esgoto de Paracatu, MG, de maneira quantitativa e qualitativa, bem como averigua a potência requerida das lagoas mediante a instalação dos aeradores.
Materiais e métodos
Paracatu possui uma população estimada de 94.539 habitantes, além de uma temperatura média de 23,6ºC. A ETE Paracatu (figura 1) foi criada em 2003, quando a Copasa - Companhia de Saneamento de Minas Gerais assumiu o sistema de esgotamento sanitário do município, com capacidade total de 128 L/s e vazão média de 77 L/s.
Foram obtidos dados da ETE Paracatu enviados para a agência reguladora, conforme a Resolução 114. O período escolhido para análise compreende um ano anterior e um ano posterior à instalação dos aeradores tipo cachoeira na lagoa aerada, ou seja, de agosto de 2020 a julho de 2022.
Foi realizada ainda pesquisa de campo com os operadores da ETE e técnicos de tratamento, a fim de obter informações a respeito da instalação e melhorias observadas.
A ETE Paracatu é composta de tratamento preliminar, seguido de duas lagoas anaeróbias e duas facultativas aeradas.
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Tratamento de efluentes
Foram instalados 14 aeradores cachoeira em contrafluxo nas duas lagoas aeradas em julho de 2021.
O aerador cachoeira de 5,5 CV instalado na ETE é um equipamento único composto por um rotor horizontal tipo escova, flutuante, que opera em baixa rotação, capaz de produzir intensa correnteza e atingir elevadas taxas de incorporação de oxigênio.
É importante que os aeradores tipo cachoeira sejam instalados com rotação a contrafluxo, dispostos em direção à entrada do efluente.
Por fim, cabe ressaltar que havia aeradores do tipo axial de 20 CV instalados anteriormente, dentre os quais apenas um funcionava adequadamente, razão pela qual optou-se pela instalação de novos aeradores tipo cachoeira, de menor potência e maior eficiência energética.
Resultados
Dimensionamento dos aeradores
A tabela I apresenta as dimensões das lagoas da ETE Paracatu, com
dados de comprimento, largura e profundidade (média).
Considerando a vazão afluente de cada lagoa como sendo 38,5 L/s, metade da vazão média obtida no sistema, o tempo de detenção definido a partir da equação (1) é de 19,6 dias.
Estimando a remoção de 50% da DBO nas lagoas anaeróbias e o dado médio de DBO de entrada de 700 mg/L no esgoto bruto, tem-se 350 mg/L de DBO afluente para cada lagoa facultativa aerada. Além disso, a DBO efluente considerada foi de 100 mg/L após a passagem pelos aeradores e coeficiente “a” de 1,1, o que a partir da equação (3), tem-se uma RO de 32 kg/h.
Dados obtidos na Copasa
Além disso, obtendo-se a eficiência de oxigenação EO padrão como sendo de 1,71 kg O2kWh e considerando 0,65%, tem-se, a partir da equação (2), uma EOcampo de 1,11 kgO2/kWh. Por fim, a potência requerida pode ser definida a partir da equação (1) como 28,8 kW (39,2 CV).
Cada aerador possui 5,5 CV, o que acarreta uma necessidade de 7,1 aeradores para atender ao requisito energético (RE) calculado, o que condiz com a quantidade instalada atualmente (7 aeradores).
Aspectos qualitativos
Na figura 2, é possível verificar o aspecto da lagoa antes e após a instalação dos novos aeradores. Foi visualizada ainda grande presença de fauna, como aves e répteis, indicativo
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Fig. 2 – Comparação do aspecto visual antes (à esq.) e depois da instalação dos aeradores. Fonte: Copasa, 2021
Tab. I – Dados geométricos das lagoas da ETE
Dimensões médias (m) Volume total (m³) Área superficial (m²) Lagoa aerada facultativa AF1 259 x 63,5 x 3,96 65 128 16 447 Lagoa aerada facultativa AF2 259 x 63,5 x 3,96 65 128 16 447 Lagoa anaeróbia AN1 101 x 55,5 x 4,23 23 711 5606 Lagoa anaeróbia AN2 101 x 55,5 x 4,14 23 207 5606 Fonte:
Lagoa
do aumento da qualidade no tratamento do efluente, e identificada melhoria significativa no odor proveniente da ETE. Verificou-se a formação de muita espuma logo após a instalação dos geradores, a qual foi dissipada em poucas semanas (figura 3). E mais: a qualidade do efluente destinado no Córrego Rico após tratamento obteve melhoria visível com a redução de espuma formada anteriormente (figura 4).
Análise e discussão dos resultados
vel verificar que houve aumento significativo no percentual de remoção de DBO (figura 5), que possuía uma média de 80% nos 12 meses anteriores à instalação dos aeradores, passando a obter uma média de 95% nos 12 meses posteriores.
A partir dos resultados obtidos referentes à ETE Paracatu, é possí-
No que concerne ao percentual de remoção de DQO, foi observada uma média de 72% nos 12 meses anteriores à instalação dos aeradores, passando a obter uma média de 85% nos 12 meses posteriores (figura 6).
Com relação aos sólidos suspensos totais, foi verificada redução gradativa do teor em miligramas por litro das amostras, conforme pode ser visto na figura 7, o que evidencia a
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Fig. 3 – Dissipação de espuma na lagoa. antes (à esq.) e depois da instalação dos aeradores. Fonte: Copasa, 2021
Fig. 5 – Variação da carga bruta de DBO e DQO antes e após tratamento
Fig. 4 – Dissipação de espuma no córrego. antes (à esq.) e depois da instalação dos aeradores. Fonte: Copasa, 2021
Tratamento de efluentes
Percentual de remoção de DBO e DQO
Ago/20Set/20Out/20Nov/20Dez/20Jan/21Fev/21Mar/21Abr/21Mai/21Jun/21Jul/21Ago/21Set/21Out/21Nov/21Dez/21Jan/22Fev/22Mar/22Abr/22Mai/22Jun/22Jul/22
Ago/20 Out/20 Dez/20Fev/21 Abr/21 Jun/21 Ago/21 Out/21 Dez/21Fev/22 Mar/22 Abr/22 Mai/22Jun/22 Jul/22
maior atividade aeróbia em decorrência do maior teor de oxigênio dissolvido propiciado pelos aeradores e o consequente aumento na remoção de matéria orgânica.
Os sólidos sedimentáveis, por sua vez, não apresentaram nenhuma tendência de mudança considerável, mantendo-se em 0,1 mg/L na maioria das amostras. Cabe ressaltar que a remoção dos sólidos sedimentáveis se dá pela atuação das bactérias anaeróbias na decomposição da matéria orgânica ao fundo da lagoa, de modo que não foi observado impacto considerável a partir da utilização dos aeradores.
para confirmação da redução de pH da lagoa facultativa, bem como estudo detalhado para estabelecimento de possíveis intervenções.
Com relação ao pH do esgoto tratado, verificou-se uma variação significativa no mês de agosto/2021, de acordo com a figura 8, logo após a instalação dos aeradores, retornando nos meses subsequentes para uma média um pouco inferior às amostras anteriores, de 7,7 para 7,2. A acidificação da lagoa pode ter ocorrido em função de diversos fatores, como a instalação dos aeradores, com aumento da atividade de decomposição ou em virtude do aumento de efluentes industriais lançados na lagoa. Salienta-se a necessidade de amostragem com maior frequência
No que concerne à concentração da bactéria Escherichia coli no efluente, não foi possível observar redução que se relacionasse com a implantação dos aeradores superficiais, conforme pode ser visto na figura 9.
Por fim, foi observada uma redução do nitrogênio amoniacal total disposto no efluente tratado, o que indica maior remoção em função da maior taxa de incorporação de oxigênio nas lagoas, de acordo com a figura 10.
Conclusões
Foi possível evidenciar os benefícios associados à implantação dos aeradores cachoeira nas lagoas facultativas da ETE Paracatu, como maior
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Fig. 6 – Variação do percentual de remoção de DBO e DQO após tratamento
Fig. 7 – Variação do teor de sólidos suspensos totais do efluente tratado
80,1979,83 82,9670,34 74,0793,694,32 92,5397,79 98,8997,79 93,7492,17 93,0994,68 65,88 DBO DQO 59,4166,54 69,7 83,4488,45 91,7287,32 83,8795,08 84,3082,39 83,8874,15 81,26
% 100 90 80 70 60 50 40
remoção de DBO e DQO, redução de sólidos suspensos e de nitrogê nio amoniacal e melhoria do aspecto visual da lagoa, sem afetar o teor de sólidos sedimentáveis.
A aeração em lagoas facultativas garante maior sobrevida às lagoas, de vido ao aumento da atividade de bac térias aeróbias na oxidação da matéria orgânica.
Apesar da Resolução 430 do Cona ma requerer uma remoção mínima de 60% da DBO, é notável que, quanto maior a eficiência da remoção, melhor
o aspecto do efluente tratado e as condições do corpo receptor a jusante do ponto de lançamento.
Em contraposição ao aumento da com plexidade de opera‑ ção e custos com ener gia elétrica, a instalação de aeradores apresenta viabilidade técnica para o aumento da eficiência do tratamento, controle de maus odores e aumento da qualidade do efluente.
Referências
[1] BRK. Saneamento em Pau ta: Os 5 principais tipos de tratamento de esgoto e suas particularidades. 2022.
[2] Campos, Ana Paula. Enriqueci‑ mento e caracterização de bac térias anammox para a remo ção de nitrogênio amoniacal de efluentes. 2011.
[3] Copasa Intranet – Informações operacionais destinadas à AR SAE, Resolução 114.
[4] Emicol Ambiental. https:// emicolambiental.com/solucoes/ aeradores‑cachoeira>.
[5] Von Sperling, M. Lagoas de esta bilização. 2a ed. rev. e atual. Belo Horizonte: UFMG/DESA, 2002.
[6] Von Sperling, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 2a ed. rev. e atual. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1996.
[7] Pohlmann, M. I Lagoa facultativa aerada su perficialmente: um conceito de baixo custo para aumento de eficiência. Estudo de caso distrito de Rechã‑SP. Hydro. Ago./2009.
Trabalho originalmente apresentado no 34º Encontro Técnico AESabesp/Fenasan ‑ Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente, realizado de 3 a 5 de outubro de 2023, em São Paulo. A versão integral está disponível nos anais do evento.
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Fig. 8 – Variação de pH do efluente tratado
Fig. 9 – Variação de E. Coli do efluente tratado
Fig. 10 – Variação de nitrogênio amoniacal do efluente tratado
ABiorreator a membranas para tratamento de esgoto
A Sanasa, concessionária pública de água e esgoto de Campinas, construiu a EPAR - Estação de Produção de Água de Reúso Capivari II, baseada na tecnologia de membranas (MBR). Com tratamento biológico de nível terciário, a planta é capaz de tratar uma vazão média de 182 L/s em sua primeira fase de construção.
adoção de tecnologias estado da arte para o tratamento de efluentes é particularmente importante em áreas como o Estado de São Paulo, onde cresce a demanda por água potável, aumentando a necessidade de fontes alternativas, tal como o reúso.
Este é o caso de Campinas, localizada a 100 km da capital paulista, com mais de 1,2 milhão de habitantes. Como a macrorregião continua se desenvolvendo com novas áreas urbanas e parques industriais, as comunidades podem enfrentar os seguintes problemas:
• As estações de tratamento existentes são distantes de novos desenvolvimentos urbanos e industriais.
• O efluente tratado é lançado a um corpo d’água sensível, de modo que a redução no lançamento de nutrientes e patógenos se tornará um requisito crítico.
• Com os mananciais escassos, as iniciativas de redução do consumo e promoção do reúso de água são necessárias.
• Soluções robustas, automatizadas e confiáveis são requeridas pelo time de operações.
Para endereçar essas questões, em um esforço para prover cobertura total a serviços de saneamento para Campinas, a Sanasa - Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento concluiu a EPAR Capivari II - Estação de Produção de Água de Reúso, planta com tecnologia de biorreatores com membrana (MBR - Membrane Bioreactor) de grande porte para tratamento de esgoto municipal (figura 1).
Esta planta está destinada a tratar o esgoto doméstico de uma população de 350 mil habitantes, após a conclusão de todas as fases de construção. A engenharia básica e de detalhamento foi realizada pela EMA - Engenharia de Meio Ambiente e o fornecimento de equipamentos, construção, instalação e comissionamento foram executados por um consórcio formado entre a Construtora Norberto Odebrecht e a Veolia Water Technologies & Solutions (antiga Suez WTS).
Este artigo apresenta informações sobre o projeto, a partida, a operação e o desempenho da EPAR Capivari II, com especial atenção às recomendações de projeto e operação para a geração de efluente de alta qualidade e seu potencial reúso.
Sistema MBR com membranas de UF de fibra oca
O sistema MBR pode ser definido como a combinação de uma opera-
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Conexão
Fig. 1 – Visão aérea da EPAR Capivari II da Sanasa, localizada em Campinas
Roverio Pagotto Júnior, Joubert Trovati, Marcus Vallero, Brian Arntsen e Michael Odam, da Sanasa
Congresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente
CTG ABINT COMITÊ TÉCNICO DE GEOSSINTÉTICOS SINDICATO DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO
ção de ultrafiltração (UF) com o processo de lodos ativados. A membrana de UF imersa é o elemento filtrante desse sistema, que tem as seguintes características:
• Essa membrana é do tipo fibra oca e montada em uma estrutura retangular de feixes de membranas (figura 2), imersa em tanques dedicados que recebem o licor misto de um reator aeróbio, conectado à linha de sucção de uma bomba de deslocamento positivo. Sob uma sucção de 2-55 kPa, a água tratada (permeado) é transportada através dos poros da membrana “de fora para dentro” para o centro oco de cada fibra.
• A membrana de UF tem um tamanho de poro nominal de 0,04 µm e rejeita todos os sólidos suspensos e coloidais, incluindo bactérias e a maioria dos vírus. Sólidos maiores do que
elemento filtrante, resultando, quando bem operada, em uma vida de membrana superior a 10 anos [2]. Como os sólidos são completamente separados pela membrana, não há necessidade de sedimentação do lodo em decantadores que, por sua vez, traz os seguintes benefícios:
• O sistema MBR opera com concentrações de lodo de 8-10 gSST/L. Essa concentração é quase três vezes maior do que em um sistema de lodos ativados convencional e, portanto, os volumes de reator biológicos requeridos são cerca de um terço, se comparados a um sistema convencional.
• Sistemas MBR são mais robustos no tratamento de efluentes com altas variações de vazão e/ou de concentração (devido a descargas industriais para as tubulações de esgoto), uma condição que causa sérios problemas em um sistema convencional.
ciclicamente na parte inferior de cada módulo de membrana, produzindo uma vigorosa turbulência que varre a superfície externa das fibras ocas e desloca os sólidos rejeitados das superfícies das membranas.
Projeto do MBR
o tamanho nominal do poro, incluindo as bactérias presentes no lodo biológico, não passam pelos poros e permanecem do lado de fora da fibra oca.
• A membrana de fibra oca é, na verdade, um compósito, sendo que a membrana permeável em si é depositada em um fio estrutural. Essa construção confere alta durabilidade ao
As membranas de UF são instaladas em tanques de membrana e conectadas ao biorreator através de bombas de fluxo axial. Os poluentes do efluente são biodegradados no biorreator e o licor misto é continuamente recirculado para os tanques de membrana. A vazão bombeada do biorreator aos tanques de membrana é de cinco vezes a vazão média, e retorna por gravidade para o início do trem biológico. Essa recirculação vigorosa evita a acumulação dos sólidos no tanque de membranas, criando uma biomassa mais uniforme.
A vazão de efluente permeado pelas membranas é ajustada em função da vazão de entrada do sistema e do nível dos biorreatores, de modo a manter o sistema em equilíbrio. Sopradores de membrana dedicados fornecem ar (bolhas grossas) para limpar as membranas. O ar é introduzido
A seleção e instalação criteriosa do peneiramento não devem ser negligenciadas, principalmente sabendo que o custo desse peneiramento representa menos de 3% do total do investimento de uma instalação MBR [2]. No projeto Sanasa Capivari II, o pré-tratamento é composto por um gradeamento (espaçamento entre barras de 15 mm), seguido por uma peneira de tambor rotativo instalada em um canal e com uma malha perfurada (2 mm).
O efluente peneirado flui para uma calha Parshall, a fim de registrar a vazão de entrada, e passa por caixas separadoras de areia antes do encaminhamento para os biorreatores. A operação dessas unidades de pré-tratamento tem gerado, com sucesso, um efluente livre de detritos, cabelos, fiapos e areia, que são componentes potencialmente prejudiciais para o desempenho do sistema de membranas.
Em sua primeira fase, a planta foi concebida para tratar uma vazão média de 182 L/s e uma vazão de pico horário de 294 L/s. Em 2014 houve uma duplicação, elevando a capacidade de tratamento para 365 L/s de vazão média e 589 L/s de pico.
O sistema biológico é composto por um conjunto de zonas: deoxige-
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Conexão
Volume do tanque (m3) Tempo de Detenção Hidráulica (TDH) à vazão média (h) Zona de deoxigenação 720 1,1 Zona anaeróbia 1685 2,6 Zona anóxica 1685 2,6 Zona aeróbia 4278 6,5
Tab. I – Volume e tempo de retenção hidráulica de cada zona do reator biológico
Fig. 2 – Cassete de membranas instalado na EPAR Capivari II
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nação (DeOx), anaeróbia, anóxica e aeróbia (tabela I), constituindo um sistema de membranas de grande porte no Brasil a contar com capacidade de tratamento terciário totalmente biológico, projetado para remover fósforo e nitrogênio.
A zona de deoxigenação recebe o licor misto que retorna de tanques de membrana por gravidade. Como os tanques são aerados para controlar a incrustação nas membranas (concentrações de oxigênio dissolvido em torno de 5 mg/L), a zona de deoxigenação traz o benefício de esgotar o oxigênio dissolvido antes do licor misto ser misturado ao efluente na entrada da zona anaeróbia. Na zona anaeróbia, são fornecidas condições para a fermentação da matéria orgânica pelas bactérias acetogênicas que, por sua vez, favorecem o crescimento de organismos acumuladores de fósforo (PAOs) sob condições específicas. O efluente avança, então, para a zona de desnitrificação, onde bactérias heterotróficas reduzem o nitrato para gás nitrogênio, resultando na remoção do nitrogênio. O carbono orgânico e a amônia, não oxidados nos sistemas biológicos anteriores, são consumidos na zona aerada, completando, assim, os bioprocessos necessários para a remoção biológica de carbono, nitrogênio e fósforo.
Este sistema contém o biorreator, o tanque de membrana e equipamentos associados: bombas, sopradores e equipamentos de limpeza de membrana. Especificamente para o projeto EPAR Capivari II, as bombas de recirculação de lodo são instaladas antes dos tanques de membrana (projeto Pump-To).
Após fluir pelo sistema biológico, o licor misto é bombeado para os três trens de membrana (figura 3). Cada trem possui oito cassetes, com mais
de 36 mil m2 de área de superfície de membranas (tabela II).
Os trens de membrana foram projetados para um funcionamento independente. Cada trem de membrana dispõe de equipamentos dedicados, incluindo bomba de permeado/retrolavagem e bombas de recirculação de lodo, sopradores, sistema de escorva, além de toda a instrumentação e controle. Portanto, mesmo quando um trem é retirado de operação, por exemplo, para limpeza, os outros dois são capazes de tratar a totalidade da vazão de entrada. Uma bomba comum para a drenagem dos tanques, uma bomba de descarte de lodo de excesso e o sistema de limpeza química da membrana de lodo completam os acessórios pertencentes à unidade de UF.
O efluente, tratado e filtrado pelas membranas, é enviado para um tanque intermediário, que transborda para um tanque de acumulação antes de sua descarga para o rio Capivari. A planta é controlada por um controlador lógico programável (CLP), com placas de E/S de alta velocidade, interface homem-máquina (IHM) e
um sistema supervisório instalado em uma sala dedicada.
Operação da planta e performance
A planta MBR começou a operar em abril de 2012, tratando cerca de 30-50 L/s de esgoto doméstico produzido na região centro-oeste de Campinas. O sistema biológico foi inoculado com cerca de 300 m3 de lodo aeróbio de um sistema de lodos ativados convencional da Sanasa. Para proteger as membranas da presença de materiais fibrosos e outros detritos, o lodo de inóculo foi lançado no canal antes do peneiramento fino, promovendo a remoção de qualquer
Número de trens de membrana 3
Número de cassetes por trem 8
Número de espaços de cassetes por trem 10
Número total de cassetes instalados 24
Número total de módulos instalados 1152
Total de área superficial de membrana ~ 36 400 m2
Concentração de lodo no sistema biológico Até 10 000 mgSST/L
Concentração de lodo no tanque de membranas Até 12 000 mgSST/L
Dimensões do tanque de membranas (C x L x A) 10,0 m × 6,4 m × 3,3 m (útil)
Conexão 44 Hydro • Maio/Junho 2024
Fig. 3 – Visão dos três trens de membrana na planta EPAR Capivari II
Tab. II – Resumo do sistema de membranas para a planta
EPAR Capivari II
material potencialmente prejudicial para as membranas.
Tab.
III – Qualidade da alimentação e do permeado para a planta EPAR Capivari II
Parâmetro
O crescimento de lodo foi acompanhado e controlado para manter-se próximo da taxa de carregamento recomendada para as bioconversões. A partida do processo procedeu com sucesso e a concentração de lodo foi mantida em valores baixos em torno de 3-4 g/L, beneficiando-se desta feita, com um menor consumo de energia para aeração de processo. Apesar de o sistema MBR poder operar com concentrações de lodo mais altas (em torno de 10 g/L no biorreator), atualmente procura-se operar o sistema buscando a diminuição do consumo de energia (menor concentração de lodo no sistema), sem penalizar o desempenho da planta. Somente um trem de membrana operou durante os primeiros meses de operação, enquanto os outros dois trens permaneceram em stand-by po
trens, de modo que todos eles entraram em operação e passaram pelas limpezas de manutenção rotineiras.
Desempenho do sistema MBR
A tabela III sumariza as características do afluente e do efluente tratado pelo sistema MBR, bem como as taxas de remoção global. Os resultados analíticos do esgoto bruto e do efluente tratado correspondem à operação do sistema MBR no período de abril
Os resultados demonstram que o permeado gerado é de excelente qualidade, consistentemente. As concentrações de DBO5 do permeado ficaram abaixo de 1 ppm na maioria do tempo, demonstrando, portanto, a capacidade do sistema MBR de promover a remoção plena da poluição carbonácea biodegradável. A remoção completa de DBO5 indica que a concentração de DQO (demanda química de oxigênio) média do permeado de 23 mg/L é predominantemente de natureza não biodegradável e, presumivelmente, com baixo impacto (se houver) no corpo receptor (rio Capivari).
No que diz respeito à remoção de compostos nitrogenados, os resultados mostraram que o sistema MBR excedeu as expectativas, pois a eficiência de remoção de NTK, NH3 e nitrogênio total foi muito elevada, mesmo observando-se que as concentrações de nitrogênio na entrada foram surpreendentemente elevadas (para esgoto doméstico), registrando-se concentrações de NTK na entrada
Hydro • Maio/Junho 2024 45
Alimentação (esgoto bruto) Permeado (efluente tratado) Remoção média (%) Faixa Média Faixa Média DQO (mg/L) 650 – 770 725 17 – 30 23,4 96,9 DBO5 (mg/L) 324 – 390 360 0,5 – 2 0,92 99,8 NTK (mg/L) 66 – 96 83 0,01 – 1,80 0,74 98,6 NH3-N (mg/L) 32 – 69 54 0,01 – 0,29 0,15 99,7 TN-N (mg/L) 68 – 97 85 4,5 – 6,9 5,3 93,8 NO3-N (mg/L) 1,0 – 2,1 1,9 2,1 – 5,3 3,9 –Fósforo total (mg/L) 8,2 – 10 9,1 0,98 – 7,35 3,05 73 SST (mg/L) 276 – 332 307 0,6 – 2 1,1 99,7 Turbidez (NTU) – – 0,18 – 0,28 0,23 –Coliformes fecais (NMP/100 mL) – – < 2 < 2 –
A alta eficiência da remoção de nitrogênio total pode ser atribuída a vários fatores: 1) as altas taxas de recirculação de lodo (4-7 Q) que são normalmente aplicadas na concepção MBR; 2) a vazão de entrada no período foi baixa, se comparada à vazão de projeto, de modo que a carga de matéria nitrogenada real era mais baixa do que os valores consideradas no projeto (mesmo operando o sistema com uma concentração mais baixa de lodo); 3) a zona anaeróbia também funciona como uma zona anóxica, que aumenta ainda mais o volume de reação para a atividade das bactérias heterótrofas desnitrificantes; 4) a temperatura mais alta do licor misto durante o período estudado.
A elevada eficiência da desnitrificação observada, como indicado pelas baixas concentrações de nitrato no permeado (tabela III), também trouxe como benefício a elevada recuperação da alcalinidade, o que resultou em uma importante economia nos custos de operação. Durante todo o período de operação relatado neste artigo, não foi necessário dosar soda cáustica ou qualquer outra fonte de alcalinidade, com a alcalinidade do permeado tipicamente superior a 60 mgCaCO3/L.
A eficiência da remoção de fósforo variou muito no período deste estudo, e os valores de fósforo total do permeado oscilaram de 0,98 a 7,35 mg/L (tabela III). Essa ampla variação indica que as condições necessárias para o crescimento dos PAOs (organismos acumuladores de fósforo) não foram plenamente garantidas. De fato, sabe-se que a remoção biológica de fósforo é um processo sensível que pode ser afetado por vários fatores, como características dos efluentes, temperatura, presença de oxigênio dissolvido e valor do pH [4]. No caso específico
da planta MBR Capivari II, os motivos para a instabilidade na remoção de P, por via biológica, podem ser relacionados com a presença de nitratos na zona anaeróbia.
Uma das condições para o crescimento dos PAOs é a necessidade de assimilar acetato para produzir polihidroxibutirato (PHB) intracelular, com libertação concomitante de ortofosfato PO4-P [4]. Esse acetato é produzido pela fermentação de matéria orgânica presente no esgoto bruto. No entanto, o acetato também é o substrato perfeito para as bactérias heterotróficas desnitrificantes. À medida que o licor misto flui para a zona anaeróbia com alta carga de nitrato, acreditamos que o acetato produzido é facilmente consumido pelas bactérias desnitrificantes. Em outras palavras, as bactérias desnitrificantes provavelmente superaram os PAOs na competição pelo consumo do acetato, contribuindo, por sua vez, na diminuição da remoção de fósforo pela via biológica.
No caso dessa hipótese sobre a presença de nitratos na zona anaeróbia ser, de fato, prejudicial para a remoção biológica do fósforo, pode-se considerar a implementação de uma segunda linha de recirculação de lodo, promovendo a recirculação do licor misto do fim da zona aeróbia de volta ao início da zona anóxica. Essa segunda linha de recirculação de lodo permitiria a remoção de nitrato, até uma determinada concentração, no tanque de membranas que, ao atingir a zona anaeróbia, não seria prejudicial para o crescimento dos PAOs.
De qualquer modo, um sistema de dosagem de coagulante, para a redução química do fósforo, foi implementado na fase II do projeto, o que permitiu a manutenção de concentrações muito baixas de fósforo no permeado, independentemente da sensibilidade
do processo de remoção biológica do fósforo.
Os resultados da remoção de coliformes fecais também foram excelentes, com uma concentração < 2 MPN/100 mL para o permeado do MBR. A boa remoção de bactérias e vírus que pode ser alcançada com as membranas, assim como os valores de turbidez consistentemente < 0,3 NTU e completamente livres de odor, demonstram inequivocamente o desempenho superior dos sistemas MBR em comparação a outros sistemas convencionais de tratamento.
As características do permeado (tabela III) superam os padrões de qualidade requeridos para diversos usos domésticos e industriais, como o make-up de torres de resfriamento, e para fins de limpeza.
O desempenho das membranas manteve-se dentro das especificações durante todo o período estudado. A permeabilidade permaneceu em valores em torno de 450 (L/m2/h)/ bar durante os primeiros oito meses de operação, sendo que este valor de permeabilidade é próximo dos valores de partida do sistema (membranas novas). As limpezas químicas com hipoclorito de sódio (para combater incrustação orgânica) e ácido cítrico (para combater incrustação inorgânica) foram regularmente – e automaticamente – executadas, proporcionando uma vida útil estendida para as membranas e reduzindo os custos do ciclo de vida do sistema.
Conclusões
A planta MBR produziu um efluente tratado com concentrações de DQO consistentemente inferiores a 30 mg/L, com concentrações de DBO5 e de NH3-N abaixo dos níveis de detecção e com turbidez inferior a
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0,3 NTU sem odores desagradáveis. A boa qualidade do permeado, e a operação confiável da planta MBR demonstram claramente a viabilidade técnica e econômica desse sistema para o tratamento de esgoto sanitário, facilitando a implantação de sistemas similares na América Latina.
O permeado tratado atende os pa drões comumente utilizados para di versos usos industriais e domésticos, oferecendo a oportunidade de reduzir a demanda de água dos mananciais, através da implementação do reúso de água como, por exemplo, no par que industrial de Campinas. O efluen te tratado está sendo atualmente lan‑ çado no rio Capivari, com impacto po sitivo na qualidade do corpo receptor de água.
Os custos operacionais podem ser mantidos baixos com uma gestão oti
mizada da concentração do lodo no biorreator (ajustando o inventário de lodo à carga real de poluentes) e por uma remoção otimizada do nitrogê nio, o que diminui ou mesmo evita a necessidade de dosagem de agentes alcalinos (como observado nestes pri meiros oito meses de operação), de monstrando que o MBR é um sistema economicamente competitivo para a geração de água de alta qualidade.
Por fim, profissionais treinados têm operado a planta de UF de acordo com as práticas recomendadas pelo fornecedor das membranas, como indicado pela elevada permeabilidade do sistema de membranas, 450 (L/ m2/h)/bar, após oito meses de opera ção. A EPAR Capivari II é um sucesso, tanto operacionalmente quanto sob o ponto de vista do desempenho, mos trando que o uso de membranas de
fibra oca, no coração do sistema MBR, foi a escolha correta.
Referências
[1] Buer, T. e Cummin, J. MBR module design and operation. Desalination, 250, 1073‑ 1077, 2012.
[2] Cote, P.; Alam, A. e Penny, J. Hollow fiber membrane life in membrane bioreactors (MBR). Desalination, 288, 145‑151, 2012.
[3] Cote, P.; Brink, D. e Adnan, A. Pretreatment requirements for membrane bioreactors In: Weftec Proceedings 2006, 1846‑1855, 2006.
[4] Metcalf & Eddy. Wastewater engineering: treatment and reuse. McGraw‑Hill, 4th ed, 2002.
Trabalho originalmente apresentado no 34º Encontro Técnico AESabesp/FenasanCongresso Nacional de Saneamento e Meio Ambiente, realizado de 3 a 5 de outubro de 2023, em São Paulo.
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Produtos
Sistema hidráulico
O K5, da Amanco Wavin, é um sistema de condução flexível para água quente e fria que emite um aviso sonoro ao detectar conexões mal instaladas. Graças ao alerta, é possível reduzir em até 40% o tempo de instalação quando comparado a sistemas rígidos. Disponível
em diâmetros de 16, 20, 25 e 32 mm, bobinas de 50 m (para 25 e 32 mm) e 100 m (para 16 e 20 mm).
Site: https://wavin.com/pt-br
Coletor solar
A Heliotek comercializa o MC3000, um coletor para sistemas de aquecimento solar de água. Sua camada absorvedora é revestida com uma tinta especial, projetada para otimizar a retenção de calor.
Site: www.heliotek.com.br
Turbogerador anfíbio
O Turbogerador Anfíbio (TGA) da Higra é um sistema integrado de geração de energia que pode ser usado, submerso ou não, em substituição a válvulas redutoras, aproveitamento de quedas d’água para geração de energia e
também para recuperação de energia em vertedouros de barragens. O equipamento
automatiza a pressão nas redes de distribuição através de comando a distância.
Site: www.higra.com.br
Reator biológico
Comercializado pela MCLvale, o Megabio é um sistema de lodo ativado compacto que integra na mesma construção o reator biológico aeróbio e o decantador secundário. A tecnologia MBBR utilizada na solução é resultado da combinação entre biomassa líquida em suspensão e o biofilme. Pelo fato de a quantidade de mídias utilizadas ser relativamente alta (em média 30% do volume do reator), ocorre
um aumento considerável da superfície de contato, possibilitando ótimas condições para reprodução das colônias de bactérias.
Site: www.mclvale.com.br
Selos mecânicos
A Capua Equipamentos Industriais desenvolve selos
mecânicos 100% em plástico. Fabricados em polipropileno, UHMW – Ultra-High Molecular Weight, PTFE (teflon), PVDF – fluoreto de polivinilideno ou PVC, sem partes metálicas em contato com o produto a ser bombeado, os produtos são indicados para trabalhos em aplicações altamente corrosivas.
Site: www.capuaequipamentos.com.br
Estação pluviométrica
Fabricada pela italiana Delta Ohm, a estação pluviométrica HD -2013 tipo bucket, sem aquecimento (copo coletor) atende uma área de captação de 400 cm2. Com resolução de 0,2 mm, pode ser utilizada em temperaturas de trabalho de 4 oC a 60oC e emite sinal de saída tipo pulso. Comercializada no Brasil pela RoMiotto.
é projetada para uma ampla gama de aplicações onde o espaço é limitado, mas ainda se requer a funcionalidade completa de um inversor universal padrão, como gestão de bombas de água em aplicações como tratamento de água, irriga-
ção e estações de aumento de pressão, auxiliando a manter a pressão e a vazão, otimizando o uso de energia e reduzindo os custos operacionais.
Site: www.eaton.com.br
Tratamento biológico
Site: www.romiotto.com.br
Inversores de frequência variável
A Eaton Electrical disponibilizou os inversores de frequência variável micro PowerXL DM1, pertencente à família de soluções PowerXL. Com capacidades que vão de 0,18 a 22 kW, a tecnologia
A canadense SciCorp, representada no Brasil pela Alpha Water, disponibiliza o Biologic SR2, produto proveniente de nutrientes líquidos totalmente naturais, à base de plantas, capaz de aumentar a eficiência de sistemas de tratamento biológico, eliminando odores e reduzindo custos da operação da estação. A concentração é da ordem de 1 a 10 partes por milhão. Para um tanque de 1000 m3 de água, são necessários 3 litros da solução por dia, dependendo da concentração de DBO/DQO do efluente. Site: https://alphawater.com.br/
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Recursos hídricos – A ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, em parceria com o IBRAM – Instituto Brasileiro de Mineração, disponibilizou a obra Pers pectivas e Avanços da Ges tão de Recursos Hídricos na Mineração. O livro, que adota como objetivo o desenvolvimento sustentável, apresenta os avanços e perspectivas da gestão de recursos hídricos e da produção minerária nos últimos anos, com destaque para como tais áreas se entrelaçam e o que devem considerar diante das mudanças climáticas e transição energética. Com 312 páginas, a publicação pode ser acessada pelo link: https://abrir.link/huZUS.
Saneamento – O ITB - Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, publicou a 16ª edição do Ranking do Saneamento com foco nos 100 municípios mais populosos do Brasil (94 páginas, https://abrir.link/hZrCm). Para produzir o ranqueamento, foram levados em consideração indicadores do SNIS - Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, ano-base de 2022, publicado pelo Ministério das Cidades. Desde 2009, o Instituto Trata Brasil monitora os indicadores dos maiores municípios brasileiros com base na população, com o objetivo de dar luz a um problema histórico vivido no país.
Publicações
Economia – A AESBE – Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento disponibilizou o e-book A Situação Econômica das Compa‑ nhias de Saneamento, sendo a segunda edição da série Diálogos Estra‑ tégicos, que sintetiza os debates ocorridos durante um webinar realizado no último dia 19 de março na sede da Cedae - Companhia
Produção sustentável – A Câmara Ambiental da Indústria Têxtil, juntamente com a Cetesb – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, lançou o Guia de Produção & Consumo Sustentáveis: Tendências e Oportuni dades. O documento visa conscientizar o setor têxtil quanto às oportunidades existentes nos processos produtivos que adotam tecnologias mais limpas, com destaque para a abordagem da gestão de recursos hídricos. A análise de 96 páginas pode ser lida na íntegra no site: https://abrir.link/MnXmF.
A falta de acesso à água potável impacta quase 32 milhões de pessoas e cerca de 90 milhões de brasileiros não possuem acesso à coleta de esgoto, refletindo em problemas na saúde para a população. Os dados do SNIS apontam que o país ainda tem grandes dificuldades com a coleta e com o tratamento de esgoto. Comparando os dados do SNIS, anos-base 2021 e 2022, a coleta de esgoto subiu de 55,8% para 56%, e o tratamento foi de 51,2% para 52,2%. De acordo com os dados mais recentes, mais de 5,2 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento são despejadas na natureza diariamente.
Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro, cujo tema foi “A situação Econômica das Companhias de Saneamento”. Organizada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE), a publicação trouxe à tona temas cruciais e desafios emergentes na agenda das companhias de saneamento, visando avançar rumo à universalização dos serviços de água e esgoto no Brasil. Além disso, foram discutidas questões como licenciamento ambiental, captação de recursos e regras de compra e licitação para companhias estaduais. Um dos pontos destacados é a regulação tarifária, cuja falta de uniformidade nas interpretações sobre os custos que as tarifas de água e esgoto devem cobrir pode prejudicar a operação das companhias. A análise completa pode ser visualizada pelo site: https://abrir.link/ZOqPN.
3ª capa 9 11 38 38 15 45 33 41 43 29 20 37 23 21 2ª capa 13 36 39 10 5 8 4ª capa 12 31 47
Índice de anunciantes Hydro • Maio/Junho 2024 49
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Saneamento em Pauta
As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios do século XXI, com impactos profundos e de longo alcance em ecossistemas, economias e comunidades ao redor do mundo. No Brasil, país de vasta biodiversidade e extenso território, os efeitos dessas mudanças têm sido sentidos com crescente frequência e intensidade. Um dos episódios mais recentes, a enchente devastadora no Rio Grande do Sul, serve como um doloroso lembrete da nossa vulnerabilidade aos eventos climáticos extremos e da crítica necessidade de investimentos em prevenção de riscos e gestão eficaz dos recursos hídricos.
A tragédia não é um evento isolado, mas parte de um padrão mais amplo de eventos climáticos extremos que têm afetado o Brasil e o mundo. Embora naturais, tais eventos são intensificados pelas mudanças climáticas globais, que aumentam a frequência e a severidade de chuvas intensas, secas prolongadas e outros fenômenos meteorológicos que afetam a vida de todos nós.
A ausência de investimentos adequados em prevenção de riscos e a falta de gestão eficiente dos recursos hídricos emergem como fatores críticos que amplificam os impactos desses eventos. A macro e microdrenagem, componentes essenciais da gestão de recursos hídricos em áreas
urbanas, são frequentemente negligenciadas, resultando em sistemas inadequados que não conseguem lidar com os volumes de água gerados por chuvas intensas. Isso, por sua vez, leva a inundações devastadoras que afetam comunidades, destroem infraestruturas e interrompem a economia local e regional.
A gestão sustentável dos recursos hídricos, que inclui investimentos em infraestruturas de prevenção como barragens, reservatórios, sistemas de alerta precoce e políticas de planejamento urbano que considerem a permeabilidade do solo e áreas de preservação, é fundamental para mitigar os impactos desses eventos. Além disso, ações estruturais de micro e macrodrenagem, como a instalação e conservação de sistemas de retenção de águas pluviais, limpeza, manutenção e aumento da vazão de córregos, galerias e bocas-de-lobo são fundamentais na prevenção de alagamentos. Tal condição, associada à criação de áreas verdes urbanas e soluções baseadas na natureza, podem desempenhar um papel significativo na redução do escoamento superficial das águas de chuva e mitigar impactos em eventos climáticos extremos.
A tragédia no Rio Grande do Sul destaca a urgente necessidade de uma abordagem integrada para a gestão dos recursos hídricos, que conside-
re tanto as medidas de grande escala (macrodrenagem) quanto as intervenções locais (microdrenagem). Além disso, é essencial que se reconheça a conexão entre as mudanças climáticas e a gestão de recursos hídricos, adotando políticas públicas efetivas e estratégias de planejamento urbano que considerem tais mecanismos para lidar com os novos padrões climáticos, cujos eventos extremos infelizmente serão uma recorrência.
O desastre no Rio Grande do Sul deve servir como um chamado à ação para que o Brasil reconheça a urgente necessidade de investimentos em prevenção de riscos e gestão eficaz dos recursos hídricos. Somente através de uma abordagem holística e integrada será possível enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e proteger as futuras gerações dos seus impactos devastadores.
Marcel Costa Sanches é Secretário-Geral da ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental e Superintendente de Regulação da Sabesp desde março de 2016, com destaque para a coordenação dos processos de contratualização com os municípios, regulação técnica e econômica, fiscalização regulatória e revisões tarifárias. É Governador do Conselho Mundial da Água (Brasil) e membro do CONESAN - SP Conselho Estadual de Saneamento.
Esta seção é dedicada a reflexões sobre o setor de saneamento no Brasil e seus desafios. Os artigos são elaborados pelo Corpo Diretivo da ABES - Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental.
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Marcel Costa Sanches, Secretário-Geral da ABES
HYDROCLICK
Revestimento de tanques de água potável
MONTAGEM RÁPIDA E SEGURA
As placas HYDROCLICK são encaixadas em perfis pré-montados
50 ANOS DE ESPERANÇA DE VIDA
O PE é livre de amaciadores, resistente à geada e à corrosão
BAIXA MANUTENÇÃO
Superfície brilhante, limpeza a alta pressão, monitoramento de vazamentos
ALTA COMPETÊNCIA EM PLÁSTICOS
Décadas de experiência, pesquisa e desenvolvimento
AGRU Brasil Ltda. | Avenida Pirambóia, 1824
Jardim Santa Cecília, Barueri, SP CEP:06465-060-Brasil
Tel: +55 (11) 4193 8088 | info@agru.com.br | www.agru.com.br