Degustação o mito de origem

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O Mito de Origem Uma revis茫o do ethos umbandista no discurso hist贸rico


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Onde a oralidade e a escrita se encontram

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O Mito de Origem Uma revis茫o do ethos umbandista no discurso hist贸rico

Maria Elise Gabriele Baggio Machado Rivas

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Copyright © Rivas, Maria Elise Gabriele Baggio Machado 1ª Edição, 2013 Título Autora Editora Editor de texto Capa, projeto gráfico e diagramação Revisão

O Mito de Origem - uma revisão do ethos umbandista no discurso histórico Maria Elise Gabriele Baggio Machado Rivas Alexandra Abdala Rodrigo Garcia Manoel Alexandra Abdala Maria Alice Quaresma Garcia

Obra em conformidade com o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica Ilacqua CRB-8/7057 R519m Rivas, Maria Elise Gabriele Baggio Machado O mito de origem : uma revisão do ethos umbandista no discurso histórico / Maria Elise Gabriele Baggio Machado Rivas. – – São Paulo : Arché Editora, 2013. 144 p. Bibliografia ISBN: 978-85-65742-07-8 1. Religiões afro-brasileiras 2. Umbanda 3. Mito de origem 4. Discurso histórico I. Título 13-0914

Direitos reservados à

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Dedico esta obra Ă Umbanda e a todos os umbandistas como uma oferenda viva do pensamento umbandista.


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Agradeço a meu Mestre, a quem amo em espírito, por permitir minha existência espiritual e me conceder a benção de pisar em seu “chão”.

Agradeço aos augustos Orixás e ancestrais ilustres por estenderem sobre mim seu axé. Agradeço ao senhor de meu ori: Kaô kabesilê Xangô

Agradeço aos meus tesouros que recebi como filhos e filhas e se tornaram grandes amigos e amigas espirituais sem os quais minha vida perderia o brilho.


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“O nome é a essência da coisa, do objeto denominado. Sua exclusão extingue a coisa. Nada pode existir sem o nome, porque o nome é a forma e a substância vital [...]. O nome inicia a existência religiosa e civil da criatura... Não há tabu mais universal e velho que o tabu do nome.” Câmara Cascudo Superstições no Brasil, 5. ed. [s.l]. Editora Global,[s.d] p. 104-105.


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A Arché A Arché Editora nasceu da vontade e disposição para editar livros de excelente qualidade, em primeira instância vinculados à tradição oral. A escolha por esse campo de atuação deveu-se à necessidade de valorizarmos pessoas, culturas e produções provenientes da tradição oral brasileira, seja religiosa, cultural ou artística. Fundada em 2011, a Arché Editora tem buscado seu espaço a partir de temáticas que envolvam a identidade brasileira, levando em conta a necessidade de se reproduzir e divulgar obras literárias e acadêmicas que privilegiem a cultura e a tradição brasileiras. Assim, foi com o foco na brasilidade e na tradição herdada de outras matrizes formadoras do povo brasileiro que a Arché Editora realizou uma parceria com o bacharelado em Teologia da Faculdade de Teologia Umbandista (FTU) com ênfase na tradição oral afro-brasileira, autorizado e credenciado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2003 e reconhecido em 2013. Em 17 de abril de 2013, foi lançado no Diário Oficial da União o reconhecimento dessa instituição de ensino superior. Reconhecimento do curso de teologia afro-brasileira! O primeiro do país e do mundo. O primeiro que colocou as Religiões Afro-brasileiras em relação isonômica com as demais. Um fato tão simples, profundo e verdadeiro. O reconhecimento da FTU pelo Ministério da Educação é fato histórico e deverá ser, por muito tempo, comemorado não apenas pelos praticantes dessas religiões, mas, principalmente, por todos que acreditam e desejam ver aceitos, na prática, os vários discursos sociais e religiosos do Brasil. A disseminação


do reconhecimento da FTU não é, portanto, um fato isolado. Pelo contrário, vem testemunhar a luta pela valorização das culturas religiosas das matrizes africanas, ameríndias e – por que não? – da matriz indo-europeia, que se afinizou às anteriores auxiliando a construir este amplo quadro religioso afro-brasileiro. Em um país que esbanja diversidade, nada mais justo do que termos no campo educacional a contemplação da matriz afro-brasileira. Hoje, já com oito anos de atuação, a FTU é reconhecida pelo meio acadêmico, pela sociedade civil e pela comunidade religiosa. Lidera vários eventos presenciais e virtuais, como a Jornada Teológica, o Congresso Internacional das Religiões Afro-brasileiras, o Fórum Internacional Permanente de Sacerdotes e Sacerdotisas on-line, (http://religiaoediversidade. blogspot.com.br) rituais de convivência pacífica com todos os setores afro-brasileiros, além de suas várias tarefas acadêmicas, como cursos de extensão universitária, pós-graduação em Teologia de Tradição Oral, entre outros. A FTU representou um avanço para as Religiões Afro-brasileiras, uma vez que vem permitindo, desde 2003, a realização de projetos que receberam a marca do mote estabelecido por seu fundador: aproximar o saber acadêmico (senso crítico) e o saber popular tradicional (senso comum), passando pelo saber teológico (senso religioso). Ante essa necessidade de criar pontes entre os diversos saberes e fazeres, a FTU fez uma parceria com a Arché Editora em 2011, com a proposta de viabilizar, ambas, mais um canal de comunicação com a sociedade civil, divulgando sua vasta produção, fruto dos projetos de pesquisas conduzidas pela faculdade, que procuram aproveitar ao máximo a relação entre teoria e práxis. Destarte, a publicação de O mito de origem: uma revisão do ethos umbandista no discurso histórico faz-se necessária


em virtude de seu objeto de estudo, a saber, a investigação científica de um “fato histórico” para demonstrar que, muita vez, o que se considera como verdade histórica não passa de construção discursiva e, como tal, ligada a interesses e sujeitos. Assim, Maria Elise Rivas nos proporciona neste livro um novo olhar sobre as religiões afro-brasileiras, de modo a contribuir para a construção de conhecimento e o diálogo entre ciência e religião. Desejamos a todos boa leitura! Arché Editora


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Sumário

Prefácio

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Introdução

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I

Matrizes formadoras do povo brasileiro

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II

Matriz ameríndia

35

III

Matriz africana

49

IV

Matriz indo-europeia

63

V

Juca Rosa

91

VI

João de Camargo

103

VII

Zélio Fernandino de Moraes

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Conclusão

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Referências bibliográficas

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Prefácio Os mitos sempre fizeram parte da humanidade. Alicerçam

(in)verdades e têm a capacidade de nortear a vida das pessoas. Mitos são mais que versos de histórias narrados sobre determinado contexto. Mitos são linguagens simbólicas, muitas vezes cifradas e de tal sorte abertas a um amplo espectro de interpretações. Mitos não são regras e leis, são caminhos, trajetos, rotas, trilhas... Nas religiões afro-brasileiras, os mitos são ainda mais vivenciados, já que não há suportes escritos orientadores como os de outros segmentos religiosos, por exemplo, a Bíblia, a Torá e o Corão. No universo de orixás, inkices, voduns e de todos os ancestrais cultuados, o direcionamento doutrinário dá-se em função das mitologias indígena, africana e indo-europeia: somadas, não sobrepostas, mas devidamente significadas em cada ritual, estruturam o corpus afro-brasileiro. É possível encontrar em um mesmo terreiro a vida de muitas mitologias diferentes e a riqueza dessa confluência é capaz de registrar, religiosamente, a história da formação do povo brasileiro. Difuso. Misturado. Sincrético. O Mito de Origem: uma revisão do ethos umbandista no discurso histórico não é, porém, uma obra que destaca essas mitologias, embora apresente de forma singular a contribuição de cada uma das matrizes formadoras da religiosidade afro-brasileira. O mito, como carinhosamente é chamado por sua autora, problematiza outra forma de trabalhar com mitos. Trata-se, na verdade, de discutir a seriedade de alicerçar as religiões afro-brasileiras em um mito fundante. Nas palavras de Maria Elise, os mitos de origem estão devidamente contextualizados nas religiões cristãs monoteístas, cujas teologias estruturam-se em uma figura histórica (ou mítica) centralizadora da proposta religiosa. A ideia é, portanto, compreender


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o mito de origem de fundação da Umbanda pelo médium Zélio Fernandino de Moraes contrapondo-o ao conceito contemporâneo de Escolas Umbandistas, desenvolvido e cunhado por F. Rivas Neto. O livro aborda este duplo movimento: de um lado, a tentativa de fundar uma religião (tão diversa quanto a Umbanda) em um único modelo e, do outro, as recentes contribuições da teologia afro-brasileira a partir do conceito de Escolas, que implica, necessariamente, a valorização de todas as formas de se pensar e praticar a Umbanda, desde que apresentem epistemologia (um corpo de conhecimento religioso), método (as práticas rituais) e ética (a convivência de cada família de santo com o Sagrado e com a sociedade). Problematizar a questão do mito de origem da Umbanda é, então, naturalmente, repensar o discurso histórico do ethos umbandista. É uma tarefa complexa e interdisciplinar. Maria Elise conduziu a obra desde a óptica histórica, passando pela política, antropologia e teologia. Explico-me. Ela resgatou elementos históricos, discutiu política, política religiosa e antropologia para, finalmente, apontar caminhos para a teologia afro-brasileira, caminhos esses que vão ao encontro das atuais conquistas deste campo religioso, como é o caso do nascimento da primeira Faculdade de Teologia com ênfase nas religiões afro-brasileiras, cujo discurso é pela defesa da diversidade, e não da universalização de apenas uma Escola Umbandista. Os primeiros estudos acadêmicos sobre o mito de origem da Umbanda nasceram com Diana Brown na década de 1980 e muitos outros vieram posteriormente. A pergunta do leitor atento seria: por que então discutir o mito de origem da Umbanda em plena segunda década do século XXI? Não seriam discussões ultrapassadas? Talvez as dúvidas fizessem sentido se estivéssemos em outros campos e não no das ciências humanas, especialmente, com o olhar sobre a religião. Ainda hoje, do ponto de vista da comunidade religiosa, há setores que defendem a imposição do mito fundante da Umbanda, com uma data, um local e um “messias”. Contudo, há tantos 


outros que não apenas ignoram esse mito como defendem a diversidade de maneira incondicional, afinal. O confronto do livro perpassa, então, a questão da universalização da história e ethos umbandista versus o relativismo cultural-religioso de suas Escolas. Além disso, a academia ainda não foi suficientemente capaz de esgotar o assunto, até porque, enquanto houver divergências e disputas pelo mito de origem ou pela defesa do olhar multicêntrico de formação da Umbanda, o debate estará aberto. Ler este livro é adentrar pelo fio umbandista, seus personagens, locais e espaços, históricos e míticos. É resgatar a formação plural do povo brasileiro e da Umbanda. É se familiarizar com um campo religioso que foi represado por órgãos policiais, judiciários e por tantos segmentos religiosos. Compreender a história da formação do povo umbandista é ir ao encontro da alteridade, é sair do comodismo social e observar os resquícios de marginalização de negros, índios, pobres, mulheres, crianças... é, portanto, muito atual. Se a história umbandista se fez por embates e por conflitos de discursos, a teóloga Maria Elise nos oferta, agora, a possibilidade de revê-la e refazê-la. Talvez seja esta a maior riqueza da obra: permitir que nos sintamos parte da história e, como tal, capazes de reescrevê-la. Érica Ferreira da Cunha Jorge Mestra em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC Teóloga com ênfase nas religiões afro-brasileiras pela FTU e bacharel e licenciada em Letras pela USP

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Introdução “O meu avô era espírita, mas espírita kardecista, então o meu pai ficava com ele naquela mesa. O senhor sabe o que é uma mesa kardecista? Mas o meu pai ficou doente e teve que recorrer à Umbanda, porque era uma doença mais espiritual, mas meu avô não aceitava... nem aceitava os caboclos. Tanto é que eles recebiam os caboclos na mesa, não queriam que os caboclos levantassem. Até que viram a caridade que os caboclos faziam Me desculpe, mas como assim recorreu à Umbanda? A uma rezadeira. Ele recorreu a uma rezadeira. Cândida! Uma preta. Ela não tinha centro, não tinha nada, trabalhava num quarto. Trabalhava com uma entidade chamada Tio Antonio. Nós achamos que aquilo era uma manifestação da Umbanda. Aquele bem, aquela caridade que ele prestava. O chefe (Caboclo das Sete Encruzilhadas) baixou no meu pai quando ele já estava bom e marcou a data da fundação da Tenda Nossa Senhora da Piedade.”

Zélia de Moraes Lacerda e Zilméia de Moraes Cunha, filhas de Zélio Fernandino de Moraes, e Julio de Oliveira Castro, genro do mesmo, em entrevista concedida a F. Rivas Neto, Pai Rivas, no mês de agosto de 1991.


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Introdução

A Umbanda, em seus primórdios, surgiu entre as classes

menos favorecidas, nas vísceras de uma sociedade arraigada a uma visão salvacionista1 e racista. Sendo assim, a Umbanda, desde seu princípio, foi pré-conceituada e estigmatizada pela sociedade como fruto da escória social e distante dos meios de divulgação, que estavam inteiramente nas mãos da elite geradora dos preconceitos. Logo, ficou exposta apenas a ataques, sem o direito de se defender. Além disso, era irmanada à elite2 geradora de preconceitos a religião dominante, qual seja, o Catolicismo, que também desenvolveu ao longo dos séculos em sua permanência no Brasil um trabalho de descrédito de toda forma de cultuar o Sagrado que não a ocidental. De tal cenário resultaram incompreensão, intolerância e desconforto a tudo que não fosse relativo à cultura dominante. Os adeptos desse movimento que se estruturava eram ora ignorados e invisíveis, ora atacados impiedosamente. A sociedade dominante3 oscilava entre esses extremos e fazia hipocritamente uso dos trabalhos mediúnicos, como se verá na figura do médium Juca Rosa na cidade do Rio de Janeiro. Infelizmente, a elite não assumia publicamente sua ligação com tais atividades, em razão do estigma negativo associado à cultura pagã: europeia, muçulmana, indígena e

1. As religiões denominadas salvacionistas defendem a salvação das almas à hora da morte pela redenção dos pecados. O Salvacionismo tem base escatológica. 2. Entendemos por elite os detentores do poder econômico, cultural, social, político e religioso que se distinguem na classe dos letrados e formadores de opinião. Outro traço fundamental da elite é estar ligada à tradição europeia, não apresentando qualquer traço de miscigenação. Encontramos a elite tanto na época do Império como no período da República. 3. Pessoas com o poder de decisão, formadores de opinião e com o verniz da civilidade. Cf. nota 2, acima.



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africana, cujos elementos eram fortes na Umbanda, além dos aspectos católicos. Tal comportamento social e a diversidade das escolas umbandistas dificultaram o registro preciso do aparecimento da Umbanda. Por este motivo, relegou-se o mito de origem –marco oficial – a Zélio Fernandino de Moraes. No entanto, é patente a presença de elementos rituais que podemos caracterizar como Umbanda antes do advento do Caboclo4 das Sete Encruzilhadas, como se pode constatar na declaração da filha de Fernandino, na entrevista supracitada, que remete à anterioridade da Umbanda, de modo a romper com o marco oficial. Para corroborar esses apontamentos, faz-se necessário lançar mão de dados históricos anteriores, contemporâneos e posteriores ao advento do Caboclo das Sete Encruzilhadas, marco oficial do surgimento da Umbanda. Destarte, para reconstituir os fatos e determinar os atores e sua função na sociedade dos séculos XIX e XX, bem como a presença e contribuição dos mesmos nos ritos umbandistas, é preciso compará-los. Dessa forma, será possível compreender as relações entre os fatos, atos, atores e ação social, que não se constituíam isoladamente, mas eram fruto da contextualização histórica e das relações humanas do período do mito de origem. É que o surgimento de um movimento que difundia a igualdade entre as diferentes etnias e a distribuição do poder espiritual sem um poder central chocava o pensamento vigente da sociedade brasileira. Colocava à prova o misoneísmo defendido pelas religiões dogmáticas, nas quais o mito de origem é fato único, pontuado por um local determinado e por uma única pessoa. Isso porque a Umbanda apresentou uma forma descentralizada de sua origem, surgindo de maneira gradual em vários locais do Brasil, o que provocou descrédito nas mentes mais ortodoxas e dogmáticas.

4. Constam no Apêndice ao fim do livro informações sobre a terminologia Caboclo.

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A Umbanda tem como característica marcante a diversidade e pluralidade em suas manifestações, processo que não decorreu de cismas e rupturas. Esse atributo é fruto de sua origem descentralizada, que possibilitou desde o princípio a introdução de elementos regionais em sua rito-liturgia, sem, contudo, perder a unidade, caracterizada na Vertente Una do Sagrado5, marcando traços comuns às várias escolas em todos os tempos. A crença em uma divindade suprema é denominada de várias maneiras nos diversos terreiros: Tupã, Deus, Zambi, Olorum, entre outros. Essas diferenças de nomenclatura ocorrem em virtude de maior ou menor influência das inúmeras culturas formadoras da Umbanda: europeia, africana ou ameríndia. Vê-se a seguir uma imagem sobre a presença das potestades divinas, que são denominadas orixás, explicitando a influência africana. Há ainda os ancestrais ilustres, marcando a influência ameríndia na presença do caboclo e a africana na figura do preto velho, entre outros.

5. De acordo com Francisco Rivas Neto, em Umbanda: a proto-síntese cósmica, p. 389.

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Vertente Una do Sagrado

Divindade Suprema (Tupã, Olorum, Deus...) ↓

Potestades Divinas (Orixás)

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Ancestrais Ilustres (entidades de Umbanda: caboclo, preto velho etc.) ↓

Humanidade

A Umbanda, por ser religião miscigenada, apresenta uma aparente desconstrução na Vertente Una do Sagrado, recriando esses mesmos princípios em combinações diferentes. Demonstra liberdade e flexibilidade que se adaptam à percepção de cada indivíduo ou grupo na medida dos encontros culturais a que esses mesmos indivíduos ou grupos foram expostos. Considerando que o Brasil recebeu em duzentos anos uma amostra de todas as culturas com suas respectivas teogonias 




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