ARQrevista 05

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sumário

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Editorial

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Parceria Arqdonini Satôria

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Texto do Marco Donini na revista Morar

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Casa Sertão do Una

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Casa Taubaté

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Casa Santo Antônio do Pinhal

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Casa Barra do Una

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Casa Atibaia

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Casa Ibiuna

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Casa Orós São Paulo

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Mobiliário

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Palestra: Marco Donini no XI Fórum de Arquitetura de João Pessoa

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OUTRO ASSUNTO! : Festa de São João em Sapucaí Mirim, MG Serra da Mantiqueira

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Arqdonini no catálogo de TS da Formica


editorial

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MARCO DONINI

A revista está incrível, embora misture muitas coisas. Sabemos exatamente porque apresentamos um caldeirão de novas idéias, mas justificá-lo, sem cair em enfadonha retórica, é um tanto difícil. A bola da vez é debater “qualidade de vida, onde tudo caberia. Entretanto, resolvemos relacionar somente alguns assuntos que traduzam um pouco das nossas opções qualitativas. Espero que compreendam, pois mesmo aparentemente desconexos, os assuntos se amarram no final, formando um só contexto, o nosso repertório. Nossas vidas se confundem com nossas carreiras, isso é fato. Mas fundi-las com nosso desenho, imprimindo nossa marca, tem exigido bastante trabalho e, principalmente, imensa pesquisa de rumos. A carência de opções reais de conforto na cidade há muito já nos guiava para finais de semana em paraísos naturais. Isso virou rotina e trouxe benefícios incalculáveis. Porém, ampliar a mera prática de lazer rotineira, caracterizando-a como possível projeto de vida, para inseri-la outra vez no trabalho exigiu um salto maior. Nosso trabalho sempre explorou direções de sustentabilidade em conforto. Estamos convictos dessa necessidade inegociável do ser humano. Se hoje relativizamos uma série de adjetivos altamente valorizados pela mídia, afirmamos com esse número da Arqrevista que viver confortavelmente é de fato fundamental. O desafio maior é falar disso, sem tropeçar em questões relacionadas ao ranço do luxo supérfluo. Já havíamos declarado nossa opção pelo luxo invisível e pela idéia de conforto absoluto. Certamente o que entendemos aqui como luxo é a possibilidade de integração maior do indivíduo com as regalias que a natureza pode oferecer, e não falamos aqui somente de banhos de sol, ou de mar, mas de saúde, de alimentação, de sono..., de sonhos e principalmente de horizontes. Viver bem passou a ser assunto tabu, pois independe de qualquer poder aquisitivo e se relaciona mais com paz de espírito e menos com poupança, mesmo que às vezes essas coisas estejam interligadas. Podemos controlar uma série de variáveis que influem diretamente nessa paz necessária, mas, com todo investimento, não temos qualquer garantia de alcançá-la. A cidade e seus problemas cada vez mais crônicos não nos favorece muito, pois ao mesmo tempo que simula situações importantes de entretenimento, lazer e cultura, faz com que, para usufruirmos tudo isso, tenhamos ainda mais trabalho. Mas não é desses paradoxos que queremos falar e sim de algumas saídas. Resolvemos falar de projetos que evidentemente se vinculam à vida que se leva na cidade, mas que também abrem janelas para algo maior. Nossa Arqrevista 5 está virando um veículo de verdade, e sentimos o peso dessa responsabilidade com bastante excitação. Se de início servia somente para mostrar nossos projetos de arquitetura, sua elaboração nos mostrou que não existe possibilidade de exibir um produto de trabalho sem explicitar suas fontes de origem. Inspiração é um desses artigos de alto luxo que pretendemos enaltecer. Não sabemos seu custo exato, mas sabemos de seu valor e do quanto rende em juros e dividendos. Investir em inspiração é tão importante quanto investir em conforto e uma coisa se relaciona diretamente à outra.

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editorial

O projeto que abre a revista é emblemático. Mostra muito dessa simbiose pretendida entre contexto e usuário, através da correta intervenção. É uma casa já concluída, pousada em uma mata atlântica sem preço, palafitada como as próprias copas das árvores que a acolhem. Um projeto de extrema adequação e respeito ao meio em que se insere, pois não trata somente de preservar o entorno e sim de se misturar a ele sem qualquer pudor. Sistemas, tecnologias e materiais foram desenvolvidos para garantir que o impacto de sua implantação fosse amenizado, de modo a confraternizar mais rapidamente seus proprietários com o lugar. Cercada de cachoeiras e piscinas naturais que tirariam o fôlego de qualquer Debret, a casa foi projetada para um casal sem filhos e com muitos amigos, em uma praia do litoral norte de São Paulo. Parece miragem, mas se chega lá em menos de duas horas. O esqueleto em palafita foi executado em pilares e vigas pré-moldadas em aço, e o repertório de vedações internas e externas se alterna entre esquadrias prontas de alumínio-bronze, telhas de fibra natural, outras translúcidas, vidro temperado e elementos de concreto. O objetivo foi mimetizá-la à mata, e com essa escolha de materiais, aliada ao estudo de fluxos de ventilação permanente, evitar problemas com sua exagerada umidade. Mostramos alguns outros projetos residenciais ( não menos importantes), quase todos fora da cidade, alguns não executados, mas que ilustram a diversidade de situações em que surgiram. Todos eles se relacionam com o tema proposto aqui, qualidade de vida, e será fácil identificar suas congruências. A Folha de São Paulo me pediu um artigo sobre “morar”, e fiquei envaidecido de poder escrevê-lo. Gostei do resultado e sei que devemos continuar discutindo isso. A revista, lançada com o mesmo nome do artigo, deve prosseguir e espero que sirva como reflexão sobre esse tema (tratado por aí de forma exageradamente superficial). Meu artigo fala de tudo isso que mostramos nesse número, conforto despretensioso e livre de qualquer cartilha de tendências. Alguns projetos aqui mencionados servem para ilustrar essa interpretação da diversidade de necessidades, locais, contextos, materiais, etc. Assim afirmamos ser nosso caminho predileto de atuação. A Arqrevista5 festeja também a parceria firmada com a Satôria de Isabel Árias, (nome conhecido por projetos arrojados de RH), namoro de longa data que se efetivou há alguns meses. Fundamos um modelo de colaboração mútua, com foco na interpretação da qualidade dos espaços e fluxos (de pessoas e informações) em ambientes corporativos. A Satôria tem em sua cartela de produtos o diagnóstico empresarial, através de seus valores humanos. Nós daremos o suporte de arquitetura e a contrapartida será a possibilidade de captação de projetos nessa área (visivelmente carente de acertos arquitetônicos), alem da colaboração da Isabel nos nossos embates filosóficos estratégicos, que se tornam cada vez mais freqüentes.

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Nossa empresa se torna mais empresa, quando prosseguimos focados em pesquisa, parcerias e realizações paralelas. O momento é bastante propício para lidar de forma transparente com interesses genuínos. Nossos projetos têm sido amplamente publicados pelas mídias especializadas, mas isso não nos alivia das obrigações com esse veículo próprio, a Arqrevista; ela deve prosseguir nesse rumo mais anárquico e abrangente por mais alguns números, afinal a rebeldia é pertinente à adolescência. O fato de nos concedermos essa liberdade reflete o quanto acreditamos que é a partir desse amadurecimento de idéias fragmentadas que estaremos agregando mais riquezas em nosso conteúdo produtivo. Continuamos contando com a participação de quem nos lê, pois tudo isso é assunto em formatação e nada melhor do que a boa crítica para nos validar e incentivar. Mais do que nunca, divirtam-se e muito obrigado por nos ler! Marco Donini

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editorial “Como é que nós não pensamos nisto antes?” A junção da arte em gerenciar pessoas com a arquitetura foi uma expansão tão óbvia, que me lembrou Itamar Assunção e sua música “Como é que eu não pensei nisto antes?” Como profissional de Rh há 30 anos posso apenas dizer que a velocidade da mudança da filosofia que norteava o antigo Departamento Pessoal para a atual Gestão de Talentos,, nos ocupou muito nos últimos anos. Muito mesmo. Há trinta e tantos anos começamos um processo de mudança radical. Deixamos de controlar para educar. Deixamos de lado o poder do cargo hierárquico para conquistar o poder pessoal e o poder das equipes. Deixamos de comparar para buscar “uniqueness” e assim chegar aos talentos. Deixamos de cobrar e medir desempenho para deixar ser. Deixamos tantas teorias para trás e vimos a motivação humana manifestar-se de várias formas, definindo espaços e derrubando teorias. A máxima era de que o ser humano não gostava do trabalho e deveria ser vigiado. A absoluta certeza hoje é de que o ser humano expressa sua capacidade de vida no seu trabalho. Nós, do Rh, ficamos inflados de nós mesmos e das descobertas sobre como é possível aumentar a capacidade das pessoas em gerar riquezas para as empresas. Vimos acontecer verdadeiros milagres empresariais. Ah! nós, do Rh, não imaginávamos que seria tão rápido mas a mudança veio e daí nos vimos diante da necessidade extrema de expandir para poder colaborar mais, expandir para continuar a fazer parte do show business. Nós, do Rh, nos unimos ao Marketing para vender melhor nossas idéias, aos planejadores para sonhar mais mas sair da idéia para a ação. Aos médicos pedimos ajuda na busca por qualidade de vida. Aos filósofos, nos aconchegamos para nos inspirar e para curar a culpa diária. A cada junção mais necessidade de expansão.

ISABEL CRISTINA ARIAS

Assim, da necessidade de expansão nasceu a parceria da Satôria com a Arqdonini. O Rh na Arquitetura. A Arquitetura no Rh. O espaço organizado, facilitando os relacionamentos, os fluxos do trabalho, o vai e vem de informações. O ambiente como agente facilitador do trabalho. A harmonia mais completa. O espaço a favor do desenvolvimento humano. E, aí, fez-se a paz. A Satôria nasceu com a missão de ajudar as pessoas a serem mais felizes nos seus trabalhos, mas, a visão da junção Satôria + ArqDonini nasceu mesmo da crença do Marco Donini em agregar especializações à arquitetura e à coragem do convite do Francisco Zelesnikar. Coragem em apostar na parceria e em assumir a Direção de Arte e Conteúdo da Satôria e, assim, nos ajudar a melhor comunicar nossa missão e nossos valores em cada um dos nossos trabalhos. Boa sorte a todos.

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FRANCISCO ZELESNIKAR

Isabel Cristina Arias

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HABITAT por Marco Donini À sua imagem e semelhança Em geral, cada um de nós guarda desde a infância importantes referências de moradia. A noção de ocupação e percepção de espaço começa cedo, e a necessidade de intervir no entorno é sempre mais livre nessa idade. Nem é preciso vasculhar muito a memória para pinçar dela a imagem primitiva de cabanas construídas entre o sofá e a mesa de centro. É uma pena que essa espontaneidade vá se perdendo ao longo da vida. Se hoje o ser humano tem condições de escolher onde e como morar, esse arbítrio vem carregado de informações e sensações que, importantes ou não, devem seguir pela vida atuando como guia. Assim como na infância, não é possível erigir a cabana ideal sem considerar o lugar onde será montada ou o caminho que leva até lá. A profusão de informações existentes ajuda muito pouco, quando não atrapalha. Fala-se demais de estilo, tendências, móveis, eletroeletrônicos, cores e materiais incríveis, mas pouquíssimo de algo fundamental _a interpretação do próprio espaço. Em cidades como São Paulo, morar bem é tarefa árdua. Os bairros, escolhidos por afeto ou conveniência, propõem muito pouco, instigam ainda menos e agregam uma sobrecarga de problemas urbanísticos. As casas são pensadas para resolver problemas práticos do cotidiano (quantos banheiros são necessários para organizar o rush familiar?), mas dificilmente reservam espaço para a subjetividade e as compensações necessárias. Conseguir suprir no espaço privado o descontentamento de cada um com seus arredores é uma vantagem imensa. Se a cidade traz sensação de aperto, a casa tem de simular espaço. Contra a sensação de morar em um deserto e sofrer dessa vastidão, um espaço contido pode trazer mais aconchego. Se o externo é barulhento, que ela garanta um pouco de silêncio. Se o caminho até ela oprime ou mete medo, que a primeira emoção ao abrir a porta seja de calma e bem-estar. Se a carência for de cores, que elas se materializem em paredes ou acessórios; se for de viver rodeado de gente, que isso fique explícito em cada canto.

É comum que as pessoas pensem em festas, jantares e reuniões eventuais e se esqueçam do cotidiano na hora de projetar suas casas. Ou que, quase esquizofrênicas, imaginem uma visita que nunca vem e reservem para ela uma sala especial. O segredo na ocupação de uma casa é exatamente a mistura dela com seus moradores. Informações garimpadas em programas de TV ou revistas de decoração e arquitetura só servem se misturadas à intuição de cada um, aquela esbanjada quando criança. Fórmulas prontas podem, no máximo, dar uma dica de como um determinado espaço foi interpretado diante de todas as variantes que o cercavam. Muitas vezes, habitar o espaço vazio por algum tempo é a melhor maneira de a pessoa descobrir com clareza o que realmente faz falta em sua vida. É fácil: basta insistir nessa casa ôca para ver crescer a irritação com a ausência do que é fundamental _e isso inclui todas as referências afetivas capazes de garantir o bem-estar de cada um. Elas podem estar em móveis e utilitários, mas também em fotos, obras de arte, revistas, livros, roupa espalhada, lembretes grudados na geladeira... Quem sabe a própria geladeira? Pensar nesse universo de coisas como nossas extensões naturais ajudaria a escolhê-las de forma mais isenta, livre de obrigações com o universo de consumo, aquilo que os catálogos oferecem como última tendência. Tenho medo do que é tendência. Ela banaliza, emburrece, mediocriza, enfraquece nossa capacidade de escolha. Ainda que o exercício de escolher possa parecer mais simples a uns que a outros, nenhum mal fará enfrentar um pouco desse embate: qualquer descoberta será sempre mais importante que a receita pronta. Tendência é sempre algo que já passou, mas não é só isso que a desqualifica; ela perde força por representar uma massa anacrônica de realidades fragmentadas. É o caldo de tudo, pois trata do que agrada a todos. Num assunto tão sério como é morar, a tendência deveria ser justamente a de não prestar atenção a fórmulas, de inventar as próprias regras e um modo genuíno de habitar. A casa é só um espelho da vida, o resto é supérfluo. Certamente existirão moveis mais confortáveis ou duráveis que outros, ambientes mais bemtratados e revestidos, mas isso só não é capaz de garantir o conforto, se não carregar junto um tanto de tempero de seus ocupantes _que seja aquela fruteira que denuncia suas frutas prediletas ou a coleção de imãs de geladeira de seu filho. Mau gosto? Talvez exista, mas é irrelevante nessa matéria. Não é de comparativos que trata o ato de morar, e, sim, de coisas indispensáveis à felicidade _e, aí, vale tudo mesmo, até poltrona revestida de zebra, se isso te fizer mais feliz. Não há nada pior do que uma casa que ostenta móveis, objetos e revestimentos em desacordo com a personalidade de seus ocupantes. Morar bem é morar livre, leve e solto de obrigações com o assunto. Não tenha medo de ser arquiteto de sua própria vida. Marco Donini, 47, é arquiteto e mora em uma casa com poucos móveis e ambientes sem nomes, mas que lhe cai como uma luva.

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casa sert達o do una

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planta superior

planta intermediรกrio

planta sub-solo


corte transversal

corte longitudinal

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casa taubatĂŠ

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planta tĂŠrreo/superior


corte transversal

fachada lateral

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casa santo ant么nio do pinhal

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planta


fachada lateral

corte transversal

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casa barra do una

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planta tĂŠrreo

planta intermediĂĄrio

planta superior


corte longitudinal

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corte transversal

casa atibaia

corte transversal

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planta sub-solo


planta intermediรกrio

planta superior H


casa ibiuna I


planta térreo/implantação I


planta superior

fachada lateral

corte longitudinal


casa or贸s

s茫o paulo


planta superior

planta tĂŠrreo

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planta intermediรกrio

planta sub-solo

corte longitudinal


mobiliรกrio

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mobiliรกrio

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XI Fórum de arquitetura João pessoa PB No final de março deste ano, fui convidado pela UNIP – Universidade de João Pessoa, a apresentar nossos projetos para os alunos de arquitetura. O ciclo de palestras comemorou o aniversário de 30 anos da instituição. Mostrei um conjunto de obras dividido em dois módulos. No primeiro, uma seleção de projetos de edifícios, para posterior debate sobre mercado imobiliário. São Paulo é cultuado por sua exagerada produção, mas exporta junto a essa opulência uma série de equívocos conceituais para o resto do país. No debate, essas incompreensões ficaram evidentes, e creio ter ajudado a desfazer um pouco desses mitos, simplesmente mostrando nossos projetos e suas peculiaridades, independentes desse complexo sistema. Vários subterfúgios utilizados para vender empreendimentos vêm se sobrepondo impiedosamente às questões fundamentais da arquitetura. Consegui demonstrar que, apesar da avidez dessa engrenagem, nossas pranchetas ainda funcionam (mesmo que muitas vezes incógnitas) como único agente regulador desse caleidoscópio de exageros.

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XI Fórum de arquitetura João pessoa PB

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A palestra seguinte, mais lúdica e despojada, com tema menos intrincado, mostrava todo o restante do rico caldeirão de assuntos que compõem e ajudam a formatar nosso universo criativo. Misturamos projetos variados de mobiliário, residências, estabelecimentos comerciais, cenários para tv, etc. A animada conversa gerada pela apresentação me fez perceber que, mesmo no meio acadêmico, milhões de dúvidas persistem sobre a imensa abrangência possível em nossa prática profissional. Por vivermos na era das especializações, muitas vezes se esquece que arquitetura é meramente um pensamento livre e pode ser útil em qualquer direção que racionalize criativamente um problema. Espero ter contribuído para a formação desses alunos, e, quanto aos encontros com os demais arquitetos presentes, posso dizer que me trouxeram imensa satisfação e valioso retorno. Já morro de saudades de João Pessoa.


outro assunto

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outro assunto

Tudo isso desemboca no tema até aqui abordado em linhas gerais. Queremos falar, agora, de sua maior dimensão – nosso projeto no alto da Mantiqueira. Já mostramos a casa ( e algumas outras revistas também). Ela foi somente o início de um processo de integração gradual, evoluindo para o investimento em questões ambientais e de manejo produtivo, que se estende por ações educacionais vitais de sustentabilidade das comunidades rurais circundantes. Alguns anos depois da aquisição da fazenda, nos tornamos produtores orgânicos, com o objetivo de ressuscitar a agricultura na região de forma mais equilibrada, natural e lucrativa, e assumimos a vocação local pela criação de gado leiteiro como parte da cadeia produtiva na geração do próprio adubo. Nossos produtos estão sendo comercializados de forma a testar mercados, e hoje lidamos principalmente com a sistematização da logística necessária ao sucesso dessas várias atividades. Ao mesmo tempo, nosso projeto de reflorestamento, iniciado há três anos, continua a florescer. Parece um mundo paralelo, e de fato o é, mas se integra maravilhosamente bem às nossas frenéticas atribuições da semana. E nos traz ainda um dado novo – a prazerosa interação com a comunidade local. Este capítulo renderia quase uma revista à parte e, por incrível que pareça, tudo é arquitetura. A necessidade de adequação à metodologia rural de construir, produzir e viver foi também um longo aprendizado, e ainda estamos imersos nele. Na medida em que os interesses se expandem, as construções correm atrás e se vêem na obrigação de confirmar nossas soluções adaptadas e nos servir de laboratório para pesquisas, não só as de conteúdo forma , mas principalmente as de adequação entre tecnologia, artesanato, reciclagem, etc. Muito tem sido experimentado e trocado por lá, e esses encontros nos levaram logo a aderir à melhor maneira de socialização rural: os festejos. Passamos a festeiros num piscar de olhos, e nossa capela de São João, que se achava quase abandonada na entrada da fazenda, depois de três anos e muitos rojões, já ostenta o título de abrigar uma das mais animadas festas anuais de inverno, atraindo muito mais gente do que se previa. Essa interação nos traz, de um lado, cada vez maiores responsabilidades, e de outro, subsídios para novas possibilidades de implementação de projetos fora de nosso eixo habitual, e claro, nos garante cada vez mais inspiração.

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publicação

Formica & Arqdonini A Fórmica nos homenageou, ilustrando seu novo catálogo com fotos do projeto Edifício Higienópolis Classic Work. Fomos os pioneiros na especificação do Painel TS-fachada, contribuindo inclusive com a busca pela correta tecnologia de fixação dos painéis, hoje já disponível no mercado. Mostramos tudo isso com o intuito de evidenciar nosso interesse em novos repertórios, que podem incluir tanto a utilização experimental de novos produtos, como a utilização inusitada de um produto existente, mas pouco valorizado. Essa demanda por descobertas na indústria da construção civil não é um simples capricho volátil, pois, antes de servir a resultados estéticos, estimula de maneira substancial as empresas, que, como nós, estão dispostas ao aprimoramento tecnológico de sua produção. O nosso produto é projeto, que naturalmente pede constantes inovações.

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www.arqdonini.com.br edição redação

revisão direção de arte

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Arqdonini arqdonini@arqdonini.com.br Marco Donini mdonini@arqdonini.com.br Carmen Lucia Jochem carmenjochem@yahoo.com.br Francisco Zelesnikar fzelesnikar@arqdonini.com.br São Paulo dezembro de 2006

R Goenlândia 54 01434-000 SÃO PAULO sp tel/fax 11 3887 7866 arqdonini@arqdonini.com.br www.arqdonini.com.br

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