Parque do Gelo: Recuperação e Requalificação de cursos d'água

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Centro Universitário Senac

Córrego do Gelo: Recuperação e requalificação de cursos d’água. Trabalho de Conclusão de Curso desenvolvido nos anos de 2017/2018 a fim de obter aprovação no bacharelado em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário Senac.

Patricia Vila Nova Satyro Brandão Orientador: Prof. Ms. Dr. Fábio Robba

São Paulo 2018


Dedicatória Aos meus pais, família de sangue e àqueles que adquiri pelo caminho que tracei até hoje. À Patrícia que lerá esta monografia daqui a alguns anos e lembrará desse momento.

Agradecimentos Agradeço primeiramente ao meu professor orientador, Fábio Robba, pelo apoio e inspiração na escolha do tema e persistência na área por mim escolhida. Também agradeço à professora Marcella Ocke, quem foi crucial na decisão deste tema tanto como figura inspiradora e como conselheira. Aos meus pais que estiveram presentes durante todo o processo da graduação, garantindo condições financeiras e emocionais para que eu conseguisse chegar até aqui. Aos meus amigos que trilharam esse caminho comigo, seja dentro da sala de aula ou paralelamente, apoiando e realizando cada desafio dessa fase da minha vida junto à mim. Agradeço à todo o corpo docente que fez parte deste processo até aqui pelo conhecimento compartilhado. À coordenadora, Prof.ª Ms. Drª. Valéria Fialho por todos os momentos em que eu precisei lidar com problemas acadêmicos e extra acadêmicos e obtive resposta e palavras de sabedoria da mesma.


Resumo:

O presente trabalho de conclusão de curso propõe a implantação de um parque linear na várzea do córrego do gelo, situado no Jd. Celeste, São Paulo. O intuito do projeto é garantir a recuperação do curso d’água e preservação de suas várzeas que hoje são ocupadas por moradias irregulares que, além de pôr em risco a saúde do córrego, põe também a saúde humana.

Abstract: The present work of graduation completion proposes the implantation of a linear park in the Córrego do Gelo’s meadow, situated in the Jd. Celeste, Sao Paulo. The intent of this project is to assure the water course recuperation and its meadows preservation which is now occupied by irregular habitation that, in addition to jeopardizing the health of the stream, also puts the human’s health.




Capítulo 1: Tema

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Capítulo 2: Conceituação

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Capítulo 3: Método e Estudos de Caso

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Capítulo 4: Área de estudo

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1.1 Objetivo....................................... 1.2 Objetivos específicos................. 1.3 Justificativa.................................. 1.4 Método........................................ 2.1 Espaços livres de edificação....... 2.2 O que é parque urbano?............ 2.3 Relação Rio x Cidade................... 2.4 Wetlands e infraestrutura verde... 3.1 Tabela comparativa..................... 3.2 Fotos ...............................................

4.1 Diagnóstico da área..................... 4.2 Proposta.......................................... 4.3 Desenhos ........................................

Capítulo 5: Considerações Finais

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O desenvolvimento do projeto de um parque linear na várzea do córrego de gelo com o intuito de preservar e recuperar o curso d’água e sua várzea.

1.1 Objetivo

O objetivo deste trabalho é promover a recuperação da várzea do córrego do gelo, promovendo a ampliação dos espaços urbanos de lazer, contenção de encostas e realocação de pessoas que hoje habitam as várzeas em situações de risco à saúde, além de promover uma conexão entre às áreas de espaço livre já existentes porém degradadas e subutilizadas.

1.2 Objetivos Específicos

Dentre os objetivos específicos, destacam-se neste projeto: Desapropriação da várzea ocupada por favela e realocação dos moradores em terrenos públicos do entorno destinado à ZEIS; Trazer identidade e significado para o espaço livre de edificação afim incorporá-lo ao cotidiano do bairro através de seus diferentes usos e novas transversalidades propostas e utilizar o conceito de wetlands e infraestrutura verde a fim de promover a redução de velocidade de escoamento das águas fluviais para evitar inundações e suas consequências.

1.3 Justificativa

A região do Jardim Celeste, onde se localiza toda a extensão de 1,5 km do Córrego do Gelo, é marcada por um histórico de desastres causados pela degradação ambiental como enchentes, desmoronamentos que ocasionaram em morte e agravamento de diversos problemas sociais, característicos dessa região. Para agravar a problemática, o Córrego do Gelo é afluente do córrego Pirajussara -protagonista das maiores enchentes da região e o causador dos maiores desastres ambientais do Butantã e do município do Taboão da Serrae por causa de obras de infraestrutura cinza mal realizadas, em momentos de cheia, o córrego que já não suporta a própria vazão, ainda recebe água do córrego Pirajussara.

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Além dos problemas ambientais em si, o problema social também piora a situação do córrego uma vez que sua nascente é ocupada pela favela do Gelo e outras ocupações irregulares nas sua áreas mais acidentadas que despejam esgoto diretamente no leito do córrego e invadem suas várzeas - e até, por vezes, seu leito- com construções habitacionais. A somatória de todas essas condições transformou o córrego do gelo e todo o seu entorno no meu foco de trabalho afim de evitar mais desastres e requalificar toda a extensão que eu defini como contorno do parque.

1.4 Método

O estudo teórico de referências nacionais e internacionais somado à leitura de livros, periódicos e pesquisas que envolvam o tema são as principais ferramentas para a proposição. Autores como Silvio Macedo, Rosa Kliass, Maria Cecília Gorsky Barbieri e estudos de caso como Parque das Corujas, Parque Rio +20 de Madureira e Parque Gabriel Chucre são evidenciados neste trabalho e são peças importantíssimas para o processo de construção desse projeto. Simultaneamente, foi realizado o diagnóstico detalhado e consistente da área de estudo para definição de conflitos e potencialidades a fim de traçar demandas a serem atendidas no projeto.



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2.1 Espaços Livres de edificação

De acordo com Miranda Magnoli no periódico Paisagem e Ambiente de 1982 entende-se como espaço de livre de edificação “glebas, rios e represas, áreas cultivadas ou remanescentes da cobertura vegetal original, os quintais, jardins, ruas, avenidas, praças, parques, matas, rios ou simples vazios urbanos pois não são edificados”, ou seja, todo o espaço que não é cerceado (ou ocupado) por volumes construídos como teto e paredes. O espaço livre pode obter diversas funções desde circulação até conservação, lazer e mobilidade que funcionam como camadas sobre o tecido urbano e que se relacionam com os demais sistemas. As funções se articulam e funcionam como um sistema uma vez que qualquer ação imposta a qualquer espaço livre que consta na paisagem, uma reação correspondente aos outros acontecerá. Dessa forma, o projeto de paisagismo trata com o sistema de espaços livres de edificação por inteiro e não apenas com uma das camadas. O produto dessa intervenção no sistema de espaços livres resulta na mudança de paisagem. Paisagem é a expressão morfológica das diferentes formas de ocupação e, portanto, de transformação do ambiente em um determinado tempo. Ela é um sistema que resulta de um processo social de ocupação e, na medida em que tenha qualquer ação sobre ela, terá uma reação correspondente. Um ambiente contém diferentes paisagens porém nem toda a paisagem representa o ambiente por completo. Por exemplo, o planeta Terra é um ambiente com diversas paisagens como o deserto do Atacama que, por sua vez não representa todo o ambiente que possui outras diversas paisagens.

“As paisagens são, então, estruturas finitas, pois são lidas e interpretadas dentro de uma escala de um dado observador que não pode, devido à limitações físicas, abranger o ambiente terrestre como um todo, dentro de seu campo visual ou de análise. Portanto, para o ser humano cada paisagem sempre sucederá a uma outra e assim por diante.” MACEDO, p.11 Quadro do paisagismo no Brasil.

No século XIX há a consolidação da profissão de projetista de espaços livres e mesmo com a fortes influência anglo-galicista, houveram traços marcantes de tropicalidade nos projetos brasileiros. Já no século XX, o país se liberta das premissas europeias totalmente e cria um perfil próprio de projeto principalmente após a Segunda Guerra Mundial onde o espaço público teve uma demanda absurda principalmente no sul do país -resultado da expansão urbana brasileira-. Os projetos objetivam resgatar identidade nacional utilizando vegetação tropical e diminuindo (ou eliminando) vegetação europeia.

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2.2 O que é um parque urbano? “Consideramos como parque todo o espaço de uso público destinado à recreação de massa, qualquer que seja seu tipo, capaz de incorporar intenções de conservação e cuja estrutura morfológica é autossuficiente, isto é, não é diretamente influenciada em sua configuração por nenhuma estrutura construída em seu entorno.” MACEDO, p.14. Parques Urbanos no Brasil.

O parque urbano surge na era industrial como um forte elemento de permanência voltado ao lazer com intuito terapêutico -uma vez que promove a mudança de paisagem- e ambiental -atuando como os pulmões da cidade-. No século XIX, houve uma reestruturação urbana com a chegada da família real no Brasil em 1808 e a partir de 1822, com a necessidade do abandono do colonialismo para dar lugar às novas características de um país independente, surgem os três primeiros parques urbanos brasileiros. São eles: Campo de Santana, Passeio público e Jardim Botânico, todos eles na cidade do Rio de Janeiro, capital do país na época. O primeiro, Passeio Público, foi desenhado e construído em 1783 por mestre Valentim em moldes totalmente clássicos e foi totalmente modificado em 1862. O autor do projeto da independência é Auguste Glaziou, considerado o paisagista do Império e foi inspirado no paisagismo anglo-francês. Nesse período o ecletismo era a linha projetual que regia todos os projetos de espaço livre. A escola anglo-francesa era a responsável e se caracterizava pela presença do racionalismo clássico francês com a organicidade de relvados dos campos ingleses. Possui nós de encontros entre os caminhos serpenteantes e eixo de encontro no centro do parque e riachos e lagos meândricos com relva e bosques. Esse foi um período do parque contemplativo inspirado pelo movimento flânerie proveniente da França e a vegetação implantada era uma mistura de espécies estrangeiras com espécies nativas. O lazer contemplativo é a principal função desses parques e o footing era priorizado uma vez que frequentar o parque para ver e ser visto nessa época era primordial. Passeios de barco, festejos locais e apresentações de música eram sediados neles. As redes de caminhos que se cruzam, formando nós de circulação e alamedas tinham traçado predominantemente orgânico com lógica clássica francesa com presença de animais soltos como pato e pavão. Águas em fontes, chafarizes, lagos, e espelhos d’água seja em forma orgânica ou clássica e a complexidade da vegetação que mistura espécies europeias com nativas para formação do cenário bucólico eram características vitais da linha eclética de projeto. A partir dos anos 40, novas demandas para parque apareceram, com esse estilo se tornando obsoleto, muitos foram reformados porém a maioria se mantém intactos e viraram referências na cidade.


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Passeio Público por Mestre Valentim, 1783. Rio de Janeiro. Fonte: As histórias dos monumentos do Rio.

Passeio Público por Auguste Glaziou,1862. Rio de Janeiro. Fonte: As histórias dos monumentos do Rio.

O aparecimento dos Jardins Botânicos nessa época também foi marcante para a história do espaço livre de edificação. Cidades como Rio de Janeiro (1808), Belém (1798), Olinda (1811) e São Paulo (1798) foram sedes desse fenômeno que tinha o objetivo de pesquisa sobre a flora tropical e depois de certo tempo, foram abertos ao público para usufruto como parque urbano.

Jardim Botânico, Rio de Janeiro (Foto 1 e 2). Fonte: Revista Viagem e Turismo, Abril.

“O parque é, no Brasil do século XIX e da Belle Époque, um grande cenário, um elemento urbano codificador de uma modernidade importante totalmente alheio às necessidades sociais da massa urbana contemporânea de então, que usufruía de outros espaços, como terreiros e várzeas, conforme se observa nas crônicas da época.” MACEDO, p.24. Parques Urbanos no Brasil

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A chamada Belle Époque Tropical aconteceu no século XIX e quebrou com o colonialismo. Promoveu o alargamento de ruas e calçadas foram criadas além das construções de alvenaria. No então novo período republicano, estava acontecendo uma expressiva modelagem urbana e cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Santos passaram por campanhas sanitaristas que, além de outras consequências, resultaram na expulsão da população de baixa renda dos cortiços do centro da cidade e periferização dos mesmos. A valorização da orla resultaram em obras como palacetes em Copacabana, Flamengo e Botafogo. Enquanto isso, um sistema de boulevards de parques em São Paulo também vinha sendo implantado com o intuito de promover um anel verde entorno do centro velho da cidade nos alagados e várzeas. O projeto pensado por Joseph Antoine Bouvard em 1911 consistiu nos parques Dom Pedro II e Anhangabaú. O parque Dom Pedro II (1914-1922) estava na várzea do rio Carmo e veio para promover a valorização da região porém desvalorizou-se com o Plano de Avenidas em 1938 que causou a completa descaracterização com a construção do terminal de ônibus ali. O parque Anhangabaú por sua vez, promovia um contato visual entre o Teatro Municipal com os Palacetes Líbero Badaró e Prates. O Parque Ipiranga foi o primeiro parque temático do país em homenagem ao centenário da Independência do Brasil. Outros estados e cidades também aderiram o sistema de áreas verdes como Belém -que vivia a glória do ciclo da borracha- promoveu a construção de praças como a Praça Dom Pedro II e parques como Emílio Goeldi.Outros estados e cidades também aderiram o sistema de áreas verdes como Belém -que vivia a glória do ciclo da borracha- promoveu a construção de praças como a Praça Dom Pedro II e parques como Emílio Goeldi. No século XX até os anos 90 houve um crescimento urbano considerável e cidades como São Paulo , Rio de Janeiro, Salvador e Recife estavam passando por alta urbanização. Como consequência, houve o sumiço das áreas verdes e as que restam, são destinadas ao uso por população de alta renda. Dessa forma, a necessidade de construção de novos espaços destinados para o lazer em massa foi percebida.


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Assim, na década de 1930 e 1940, influenciado pela semana de arte moderna e um forte caráter nacionalista somado à expressiva ocupação dos centros urbanos, houve a valorização das atividades recreativas ao ar livre e a necessidade de popularização e democratização do lazer e desenho para lazer ativo em projeto. A chamada linha moderna ainda trazia os elementos do parque eclético porém sem intenção de obter paisagem à europeia. Linguagem formal e visual de linhas despojadas, formas mais geométricas, definidas e limpas com a área do parque totalmente cortada por caminhos -menos rebuscados do que o do Ecletismo- com função de ligação mais direta dos equipamentos aproveitando já para prática de esporte. A paisagem ainda bucólica porém com vegetação tropical criando a ideia de naturalista-tropical. A água ainda mantém o caráter contemplativo, formas ora ortogonais ora curvas mas sempre assimétricos. Outra característica importante da linha moderna é a subdivisão em funções (piqueniques, lazer infantil, prática de esportes, contemplação, etc.). A dualidade de um projeto que contém lazer contemplativo e ativo define essa escola. O programa dessas novas áreas se resumiam em espaços amplos, com estrutura morfológica radicalmente modificadas, com a valorização dos esportes e atividades culturais - representadas muitas vezes pelo teatro de arena nos projetos-, abandono dos objetos pitorescos e da composição romântica e o reaproveitamento da vegetação nativa.

Foto 1(esquerda): Mapa do Parque Ibirapuera em sua inauguração, 1954. Foto 2(direita): Mapa do parque do Ibirapuera atualmente. Fonte: Site oficial do Parque do Ibirapuera


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O conceito de cidades-parque ganha evidência e é exemplificada pelo surgimento de Brasília, a cidade implantada em um grande parque urbano. Nesse conceito também tem a ideia de zonas de uso, controle de volumetria e gabaritos e espaços verdes o que resultou na criação de planos diretores que existem até hoje. Com a valorização dos esportes e atividades culturais - representadas muitas vezes pelo teatro de arena nos projetos-, há o abandono dos objetos pitorescos e da composição romântica e o reaproveitamento da vegetação nativa.

Desenho esquemático das superquadras, Brasília. Fonte: Folha de São Paulo, 21/04/2010.

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“Os anos 30, os anos 40, principalmente o período pós 2ª Guerra Mundial, e os anos 50 caracterizam-se por uma alteração radical das bases econômicas com o aumento das camadas médias, em particular nos estados do sul, devido ao crescimento industrial e comercial.” MACEDO, p.36.

No final dos anos 60, há a multiplicação de parque públicos. Em São Paulo, os prefeitos Faria Lima (1966-1969), Miguel Colassuono (1972-1974) e Olavo Setúbal (1975-1979) foram os responsáveis pela valorização do espaço livre na cidade. No mandato de Faria Lima foi criado o DEPAVE (Departamento de Parques e Áreas Verdes) e graças à isso nascem nessa época parques como: Parque do Piqueri, Parque do Carmo, Parque Anhanguera e Parque da Conceição. Um pouco desse período nasceram também parques referenciais como Ibirapuera (1954) e o Aterro do Flamengo (1962, Rio de Janeiro) que marcaram a ruptura definitiva com a estrutura do velho projeto romântico do paisagismo. Primeiro parque de grande porte de São Paulo, o Ibirapuera teve projeto com participação de Oscar Niemeyer, Zenon Lotufo, Hélio Uchôa e Eduardo Kneese com plantio parcial de Olavo Augusto Mendes Teixeira e se tornou ícone de espaço livre para lazer na cidade. Burle Marx também destaca-se nessa época no movimento participando do paisagismo de obras como Brasília, Pampulha, Aterro do Flamengo porém esse destaque se dá em termos qualitativos uma vez que o paisagista não obteve uma quantidade expressiva de projetos para se considerar uma escola projetual. Nos anos 70 há o consolidação da figura de parque moderno onde o programa é misto (recreativo e contemplativo) e com soluções espaciais elaboradas. Já nos anos 80 os procedimentos ecológicos que visam a melhoria na qualidade de vida começam a ganhar evidência. Órgãos públicos com denominações “Ambiental” ou “Verde” começam a ser formados. Projetos de conservação e revitalização das várzeas que restavam do rio Tietê por Ruy Ohtake entre Tamboré e Cangaíba são marcos do início dessa fase, mesmo que nunca concluído. O interesse no espaço público surge com o aumento de pessoas residentes em núcleos urbanos -figura complementar ao cenário das elites emergentes-. A preocupação com espaços livres de conservação é a novidade da década. Há o resgate de características de ecletismo com novas formas de uso porém com um padrão experimental, de busca, sem padrões rígidos. O conceito ecológico já citado se torna um importante conceito. Formalismo que remete à paisagistas americanos franceses e espanhóis com simetria no desenho de canteiros e uso da vegetação e uso da água de forma elaborada. O reaparecimento de espécies floríferas (tapetes coloridos) e uma plasticidade inédita.


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Aqui surgem os parques temáticos (como homenagens) e as atividades esportivas e lazer ativo ainda estão em voga. Culto ao corpo ganha destaque portanto os parques adquirem um caráter predominantemente ativo. A preservação de ecossistemas de mata nativa, velhas pedreiras e aterros resultam na educação ambiental procurada nesse período.

Foto 1: Mapa do Parque Estadual Villa-Lobos, 1994, São Paulo. Fonte: Secretaria do Meio Ambiente. Foto 2: Foto panorâmica do Parque Estadual Villa-Lobos com foco nas atividades esportivas e lazer cultural. Fonte: Sceretaria do Meio Ambiente


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A escola contemporânea ainda mantém a ideia de antigos valores com novas tecnologias e a água ainda é um elemento muito importante na construção do espaço como lagos já existentes, nascentes, espelhos d’água, fontes, jarros e bicas. O conceito de espaço livre de conservação vem com o intuito de preservar e recuperar áreas verdes e recursos naturais que foram degradados durante todo o período entre o século XIX e o final dos anos 70. Quando falamos de espaços livres de conservação podemos destacar o Parque das Mangabeiras, Parque Barigüi, Parque municipal do Pituaçu e Parque do Cocó que são áreas urbanas com mata nativa remanescente e caracterizando também os parques-bosques, assim como Alfredo Volpi (São Paulo) também.

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No final do século XX, a liberdade de concepção e programação começa a se tornar evidente e novos programas e projetos tornam-se sempre bem vindos. Os projetistas do espaço livre no Brasil daquela época são os arquitetos, biólogos e agrônomos, profissionais sem estudo específico no estudo da paisagem mas que tangenciam a área. Por isso, a formação autodidata e falta de discussão sobre o assunto resultam nessa grande liberdade projetual com valorização cênica. Passarelas aéreas e o mínimo contato físico da população com a mata nativa começam a surgir nos projetos de parques como Parque Mindu e Parque Cidade Toronto.

“O parque público torna-se gradativamente muito modesto devido à clara política de contenção de custos associada à valorização do rústico e do simples, em contraste com a alta elaboração dos parques da Belle Époque.” MACEDO, p.45

Foto 1 e 2: Parque Cidade Toronto, Pirituba, São Paulo. Fonte: Blog Áreas Verdes em São Paulo, 2011.

Foto 1 e 2: Parque Alfredo Volpi , conhecido como Bosque do Morumbi, São Paulo. Fonte: Catraca Livre e Rumo às Trilhas.

Quando indagados sobre a gestão e desses espaços livres de edificação públicos, dentro dos níveis de governança do país (municipal, estadual e federal) aonde municipal tem uma ação mais direta e objetiva, estadual envolve uma gama maior de ação, geralmente quando envolvem mais de um município e federal que é uma estância muito afastada dessa escala para gerir parques, há uma realidade de interesses mais difusos e parques geridos pelo poder públicos acabam sendo mal mantidos e abandonados. “Projetos incompletos, amadorismos técnicos, má vontade administrativa, corrupção, desvio de verbas, posturas incorretas diversas, algumas até de caráter messiânico, pois pretendem expulsar o usuário em favor da vegetação, colaboram para a baixa qualidade de muitos logradouros e muitas vezes para a sua destruição parcial ou total.” MACEDO, p.55


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2.3 Relação Rio x Cidade O rio é um recurso importantíssimo para escolha de um local para instalação de um povoado e com a vila de São Paulo de Piratininga não foi diferente. Às margens do rio Piratininga (atual Tamanduateí), em cima de uma colina foi estabelecido o Páteo do Colégio, hoje reconhecido como o monumento histórico de início da cidade. Primeiramente para consumo de sua água, o rio tornou-se local para despejo dos dejetos ao levar o esgoto para longe com sua correnteza. Contudo, conforme a cidade crescia a correnteza natural do rio não era mais suficiente para livrar a cidade do grande mal cheiro que todo aquele esgoto promoveu na cidade. Aí a relação da cidade de São Paulo com o rio começa a tornar-se conturbada. Antes mesmo de qualquer modificação em seu leito, o mesmo já era utilizado como esgoto e não era mais tão eficiente como outrora. Assim, as primeiras obras de canalização afim de aumentar a profundidade e velocidade de escoamento dos rios para longe da cidade foram feitas. O rio tamanduateí foi o primeiro a sofrer essas modificações. Com o processo de industrialização à todo vapor, a indústria automobilística passa a pressionar as mudanças de mobilidade na cidade e assim, Prestes Maia traz à tona o chamado Plano de Avenidas que insistia na construção de anéis rodoviários concêntricos partindo do centro da cidade até as periferias e que são conectados com avenidas perpendiculares aos anéis. A justificativa para o plano era o sucesso em cidades europeias como Viena e Paris porém, Prestes Maia apenas omitiu o fato de que antes do plano de avenidas, essas cidades já obtinham um anel ferroviário e hidroviário muito bem consolidados e eficientes. A omissão desse fato foi intencional para acelerar o processo de qualificação da cidade para receber automóveis e aquecer o mercado, não oferecendo nenhuma outra opção de mobilidade além do carro. “No ano de 1938, Prestes Maia foi nomeado prefeito de São Paulo e começou a concretizar as obras de seu plano. Para construir uma avenida seria necessário desocupar uma grande área. O plano propunha ocupar os fundos de vale, área dos rios e dos córregos, para construção dessas novas avenidas. Impróprias para construção, essas áreas úmidas e alagadiças eram os espaços vazios na cidade o que garantia baixos custos com desapropriação e a valorização dos entornos após a obra.” FERRAZ, Caio Silva. ENTRE RIOS, 2009.

A ocupação das várzeas, seja pelas avenidas ou por edificações, acarretou na canalização e tamponamento dos rios mais importantes da cidade. Avenida 9 de julho (antigo vale do Saracura) e 23 de maio (antigo vale do Itororó) foram canalizadas e transformadas em avenidas e até hoje sofrem com enchentes em períodos chuvosos da cidade.

“A urbanização de São Paulo foi uma coisa tão violenta que ocupou o espaço do rio então enchente foi algo que nós inventamos, entende? Ela é produto da urbanização” SEABRA, Odette. 2009.

Após décadas de sofrimento pelas consequências de ações realizadas durante todo o século, na década de 1980 nasce dentro da vertente ecológica os estudos de recuperação dos leitos de rios e cursos d’água e sobre como as canalizações -com ou sem tamponamento- foram e são prejudiciais corroborando muito para o aumento e enchentes, assim, a infraestrutura verde começa a ganhar espaço em projetos de urbanização. Todavia, apesar de estudos e pesquisas que comprovam a eficiência e o custo-benefício dessas modificações, obras como canalizações, piscinões e outras vertentes de infraestrutura cinza -que, além de pecarem em questões estéticas são muito mais caras- são escolhidas pelo poder público para resolução dos problemas. “Recuperação significa melhoria do atual estado de seis planos de recuperação de cursos d’água e de seu entorno, tendo como objetivo uma valorização geral das propriedades ecológicas, sociais, econômicas e estéticas.” GORSKY, Maria Cecilia, Rios e cidades: Ruptura e reconciliação, 2009. “No Brasil, ao se tratar de paisagens urbanas relacionadas a cursos d’água, por exemplo, quando se cruza com um córrego na abertura de novas ruas, é muito comum lançar-se mão de galerias para interceptá-lo, estrangulá-lo, ou, ainda, embuti-lo em dutos, o que contribui para a descaracterização dos vales e para ocorrência de inundações.” GORSKY, Maria Cecília, Rios e cidades: Ruptura e reconciliação, 2009.

2.4 Wetlands e infraestrutura verde

“Wetlands são zonas úmidas próximas à bacias hidrográficas que visam tratar a qualidade da água, diminuir a velocidade de cursos fluviais, servir de bioma e abrigar diversas espécies do ecossistema, tanto animais quanto vegetais, entre outras funções. Conhecidas muitas vezes como pântanos ou zonas pantanosas, sofreram muitos danos e preconceitos ao longo da história.” FRANCE, Robert L. Wetland design: Principles and Practices for Landscape Architects and Land‑use planners.


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Em 1098, um monge em Yorkshire, Inglaterra queria formar um sistema hidráulico que formasse um percurso onde passasse pelo mosteiro carregando os dejetos da cozinha e banheiro. Assim foi criado um sistema que captava água do curso dos rios, armazenava em um grande pântano, passava pelo mosteiro e carregava os detritos para o curso d’água novamente. No século XIX, Boston sofreu uma urbanização acelerada e com ela vieram as enchentes sazonais que traziam doenças e risco à saúde uma vez que aquele curso d’água carregava detritos humanos e animais. Com o intuito de diminuir essas inundações e aliviar os riscos e ao mesmo tempo criar oportunidades de recreação e ligação do centro da cidade histórica com sua vizinhança periférica, Frederick Law Olmstead promoveu a recuperação da várzea do rio Muddy que corta a cidade. Este é o sistema de parque mais antigo dos Estados Unidos e o projeto contém um sistema de wetlands para tratamento de água urbana. Hoje existem cerca de 8 milhões de km² de áreas úmidas, as chamadas wetlands, no mundo inteiro. Ao longo da história, pessoas maltrataram e manipularam as wetlands para a criação de portos e prover casas e fazendas ou simplesmente porque a sociedade acreditava que pântanos eram espaços sujos que abrigaram pestes e escondiam criminosos. Esse pensamento mudou recentemente porém as consequências podem ser vistas na perda de 80 milhões de hectares de wetlands nos Estados Unidos, por exemplo, sendo a razão majoritária a drenagem e lavagem de agricultura. É importante ressaltar que as wetlands não são entidades isoladas e dependem de um sistema para terem impacto efetivo. As zonas úmidas são dependentes da presença e proximidade de cursos hidrográficos no entorno e trabalham em conjunto como um complexo assim, suas perdas também são sentidas coletivamente. “O papel mais importante não é a de uma wetland única e exclusiva, isolada, mas sim o efeito cumulativo de muitas dessas zonas úmidas em processo de paisagem em larga escala. (...) Dessa forma, é possível afirmar que há uma interdependência entre as wetlands uma vez que trabalham juntas como um complexo e suas perdas também são sentidas coletivamente.” FRANCE, Robert L.

Com a alta urbanização, as wetlands ficaram extremamente ameaçadas por isso o governo criou políticas de incentivos econômicos para estimular os avanços ecológicos propondo o direito de construir em troca da construção de novas zonas úmidas. Essa manobra é chamada de mitigação. “A mitigação é o procedimento pelo qual a perda de zonas úmidas através da pressão de desenvolvimento é compensada pela sua substituição em outros lugares. Esse processo pode ser a substituição em outro local ou o aprimoramento de uma já existente.”FRANCE, Robert L.

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As wetlands são autossuficientes, adaptáveis em águas contaminadas, flexíveis o suficiente para se encaixar em diversos tipos de paisagens e além de serem esteticamente atrativos e relativamente baratos para construir -cerca de 10 a 15% dos custos de tratamentos convencionais químicos sem contar com as manutenções dos mesmos-. Segundo Robert L. France, sistemas de tratamento descentralizados (que tratem o esgoto de cada cinco residências, por exemplo) pode ser três vezes mais baratos do que um sistema de tratamento centralizado porém, apesar de eficientes, muitos não possuem desenhos adequados e acabam se parecendo com terrenos baldios, o que não ajuda na promoção do mesmo para o poder público e população. Com um bom desenho, estudo de local e implantação de qualidade, as wetlands prometem solucionar problemas de enchentes ao diminuir a velocidade de escoamento da água e ajudar no tratamento da água com plantas específicas em seu leito.

Por que criar wetlands?

1. Wetlands são sustentáveis 2. São adaptáveis à ambientes contaminados e cursos d’água 3. São flexíveis o suficiente para caber em diversas paisagens 4. Podem ser estéticamente atraentes 5. São relativamente baratas quando comparadas à outras estratégias com a mesma função. Enquanto um piscinão, por exemplo, custa cerca de 170.00,00 reais, um sistema de wetlands pode custar de 10% a 50% desse valor (cerca de US$ 5.000,00 a US$ 6.000,00 segundo Robert L. France, o que resulta em algo entre R$17.000,00 a R$20.400,00). Características Gerais A)Redução das enchentes A wetland funciona como uma grande esponja pois absorve a água, diminue a velocidade de escoamento e consequentemente, diminuem as chances de inundação.

Gráfico esquemático representando o tempo de escoamento com e sem a presença de wetlands no curso d’água.


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B)Influência na Paisagem

C)Método Químico

A porcentagem de wetlands perdidas rio acima tem uma ligação forte com porcentagem de aumento na descarga no pico de fluxo das bacias hidrográficas.

Acontece através da precipitação química e absorção, além de um conjunto de reações de degradação química.

Esquema para emonstrar método químico de tratamento da água.

Diagrama para representação de uma bacia hidrográfica, a presença de wetlands e a descarga ocorrida.

C)Controle de assoreamento dos cursos d’água Por provocar a diminuição de velocidade de escoamento da água, as wetlands evitam o desprendimento dos sedimentos das margens do curso d’água e assim, reduz o depósito dos mesmos no fundo do leito e evita também a escavação erosiva.

As wetlands e o tratamento da água contaminada

Existem três métodos para tratamento de água contaminada via wetlands. São eles:

C)Método Biológico Via micróbios e microorganismos das plantas (incluindo algas). Absorção pela planta e eventual morte natural e sedimentação acumulada de matéria orgânica. Faixa dinâmica e época de cheia Todo o curso d’água passa por uma época onde o seu volume de água aumenta. Esse fenômeno é chamado de temporada úmida e é nesse período que o rio ocupa a sua área adjacente chamada de várzea. Com o crescimento das cidades e o sufocamento dos leitos, os mesmos perderam essa região, o que agrava os casos de inundação. Além do risco à saúde humana, perdemos também uma faixa extremamente importante para a biodiversidade local. Essa área é chamada de faixa dinâmica e é a região com maior variedade de espécies de plantas e atração de animais. Com as wetlands, a ideia é reproduzir em maior escala as faixas dinâmicas e contribuir ambientalmente à esse espaço.

1.FÍSICO 2. QUÍMICO 3.BIOLÓGICO

C)Método Físico SEDIMENTAÇÃO -> FILTRAÇÃO -> ABSORÇÃO -> VOLATILIZAÇÃO

Corte esquemático para representar faixa dinâmica e gráfico representando diversidade de espécies nesse corte.


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Wetlands e seus benefícios para o indivíduo

A paisagem resultante de um parque ecológico com wetlands é responsável por sensações de prazer visual, tranquilidade e diminuição dos níveis de stress, além de promover recreação, lazer ativo e passivo e educação.

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d) A restauração pode envolver a participação da comunidade, aumentando a coesão entre comunidade e identidade. e) A restauração pode educar a comunidade sobre sustentabilidade através dos processos de planejamento e trabalho de campo ou através de atividades no local já finalizado.

Níveis de dano 1. Locais Abandonados: Danos à estrutura e saúde do ambiente porém não particularmente tóxico. 2. “Brownfields”: -terrenos industriais e comerciais no qual o uso futuro é afetado por contaminação ambiental real ou prevista-, incluindo aterros sanitários. 3. Locais de descarte de lixos tóxicos. A restauração desse local é apropriado se: a) O distúrbio é o resultado do uso humano ou mudanças no uso da terra (construção civil, mineração, escavamento, veículos, estruturas abandonadas, veículos apreendidos e regiões de declínio econômico). b) O uso do local restaurado pode previnir a necessidade de desenvolver ou perturbar um local saudável. c) Quando “recrutamento”(novo crescimento ou espraiamento natural de sementes pelo solo) for a maior parte da estratégia. d) Os custos da restauração são provavelmente mais lucrativos a longo prazo do que ações imediatistas quando o assunto é evitar erosões de encostas, recuperação de solo produtivo, poluição sonora, do ar ou solo ou proteção de espécies ameaçadas. e) A restauração é legalmente requerida, especialmente como uma condição para permitir um uso particular da terra. f) O local tem forte significado cultural, como parques nacionais e históricos ou foi significante ates de se tornar degradado. g) As zonas de wetlands, estuários e aquíferos degradados estão envolvidos. A restauração de um local será viável se: a) A perturbação é um resultado de um desastre provocado por humanos como enchentes, alagamentos e desmoronamentos. b)A restauração vai resultar em lucros financeiros e estéticos para pessoas. c) A restauração criar vagas de emprego e educação para trabalhadores ou para dar suporte à indústria local.

Fitorremediação A fitorremediação é útil para tratar uma grande variedade de contaminantes ambientais: óleo cru, solventes, pesticidas, chorume e contaminação por alguns metais como chumbo, cromo e mercúrio. Essa técnica é melhor usada quando proposta em baixa cocentração dos contaminantes em camadas mais superficiais do solo. Além de estéticamente agradável, esse processo é sustentável: Precisa apenas da luz solar para o seu funcionamento, ao contrário de métodos mecânicos que exigem extremo uso de energia elétrica e é muito mais barato do que estes, tanto para construção quanto para manutenção. A fitorremediação funciona através de três mecanismos principais: 1. Extração: Envolve espécies que capturam e acumulam contaminantes nos seus brotos e folhas. A planta é então, colhida a fim de retirar os contaminantes do local. O tecido vegetal é drenado, queimado ou decomposto sobre condições controladas, às vezes são extraídos os contaminantes das cinzas para reuso pela indústria. 2. Contenção: Usam-se as plantas para imobilizar os contaminantes. Certas árvores, por exemplo, pode sequestrar grandes concentrações de metais no seu sistema de raízes. Apesar da impraticidade de colher e descartar árvores inteiras e suas raízes, o método é extremamente eficaz para grandes concentrações de contaminantes. 3. Degradação: É um processo no qual contaminantes-principalmente hidrocarbonetos- e outros compostos orgânicos são quebrados ou digeridos. Portanto, esses elementos não serão mais tóxicos. Essa degradação pode ocorrer na rizosfera (área das raízes) através das ações dos micróbios ou fungos simbióticos com a planta. Isso pode resultar de efeitos químicos da área das raízes ou enzimas excretadas pelas raízes.




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3.1 Tabela Comparativa

O método de pesquisa para a realização deste trabalho constitui-se da formação de base teórica através da análise de estudos de caso nacionais e internacionais que de certa forma lidaram com problemáticas abordadas aqui neste projeto e a realização de um diagnóstico da área de estudos bem consistente e estruturada a fim de que, dessa forma, as demandas ficassem explícitas o suficiente para serem abordadas com clareza em projeto. Dentro dos estudos de caso selecionados, os discriminados aqui serão: Parque das Corujas, Parque Rio +20 de Madureira e Parque Gabriel Chucre.

Parque das Corujas

Parque Rio +20 Madureira

Parque Gabriel Chucre

Ficha Técnica

Demandas Funcionais

Dermandas Sociais/Simbólicos

Demandas Ambientais

Local: Vila Madalena, São Paulo Autor do Projeto: Elza Niero e Paulo Pellegrini Ano: 2008.

Criar novos espaços de lazer na região muito urbanizada e que, por ser extremamente acidentada em questões de relevo, sofria demasiadamente com a falta de praças e parques.

Com a participação da sociedade em seu projeto, houve o estímulo da apropriação do parque pela mesma.

Diminuição da velocidade de escoamento da água para o leito do córrego e assim, evitar enchentes recorrentes

Local: Madureira, Rio de Janeiro Autor do Projeto: Ruy Rezende Arquitetos Ano: 2012

Requalificação da margem Proporcionar à região áreas dos trilhos ferroviários, área de lazer público em espaços extremamente degradada. livres de edificação. em uma região periférica e de população em sua maioria de baixa renda.

Aumentar a porcentagem de área verde por habitante, além de utilizar métodos de infraestrutura verde para educação sócio-ambiental.

Local: Carapibuíba, São Paulo Autor do Projeto: Barbieri&Gorski Arquitetos Associados Ano: 2001-2005.

Propor novo uso à uma área que sofreu muitos danos graças à obras de infraestrutura cinza

Recuperar o leito da lagoa utilizando dos entulhos retirados do mesmo -como pneuspara construção de áreas de lazer do parque e educar ambientalmente a população.

Proporcionar educação ambiental e do território através do projeto arquitetônico.


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3.2 Fotos locais A) Parque das Corujas

Foto 1(esquerda superior): Biovaleta com fundo de pedra a fim de reduzir a velocidade de escoamento da água por meio da criação de rugosidades, assim como também funciona a vegetação. Foto 2(acima): Mirância proposta em um dos platôs do parque. Foto 3(esquerda): Biovaleta coberta por vegetação que dominou espontâneamente, promovendo mais rugosidade ajudando, assim, na diminuição da velocidade da água.

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B) Parque Rio +20 Madureira

Foto 1 (Esquerda superior):Visão aérea de todo o parque de Madureira, RJ. Foto 2 (Direita superior): Crianças nas grandes áreas reservadas ao banho. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/789177/parque-madureira-ruy-rezende-arquitetos. Acessado em 22/11/2017 às 15:45.

Foto 3(Direita inferior): Alagados para contenção de chuva Foto 4: (Esquerda Inferior) Tecnologia à favor de práticas sócio ambientais, propósito do parque desde seu projeto. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/789177/parque-madureira-ruy-rezende-arquitetos. Acessado em 22/11/2017 às 15:45.


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C) Parque Gabriel Chucre

Foto 1: Limite do parque com a lagoa de Carapicuíba, resultado de uma das alças antigas do rio Tietê antes de sua retificação. Foto 2: Brinquedo infantil feito com pneus retirados do fundo da lagoa. Foto 3: Ciclovias, playgrounds e quadras poliesportivas ficam à beira da entrada do parque para facilitar o uso por aqueles que não tem muito tempo para estar no parque mas gostam de vir diariamente, segundo Maria Cecília Gorsky. Foto 4: Elemento água representado no monumento com pedras retiradas do leito da lagoa. Fonte: http://www.areasverdesdascidades.com.br/2014/02/parque-gabriel-chucre-em-carapicuiba.html. Acessado em 22/11/2017 às 16:05

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4.1 Diagnóstico da Área

O Butantã

A subprefeitura do Butantã conta com 5 distritos, sendo eles: Butantã, Morumbi, Vila Sônia, Raposo Tavares e Rio Pequeno. A região é dividida por duas macrozonas -Macrozona de Proteção Ambiental e Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana - porém essa característica passa praticamente despercebida uma vez que as regiões de mananciais são ocupadas pela população de baixa renda que ocupam a região muitas vezes de maneira irregular, desrespeitando as diretrizes desta macrozona. Por esse motivo, diversos episódios de desastres ambientais são comuns nas regiões desta subprefeitura. A protagonista delas é a enchente e isso pode ser facilmente explicado visto que a região, que é bastante irrigada por cursos d’água, ocupa todas as várzeas dos mesmos e sufocam os leitos em meio à construções. Bairros como Vila Sônia, Rio Pequeno ou até mesmo Jardim Celeste, região de estudo deste trabalho, são extremamente acidentados e irrigados por esses cursos d’água por isso em dias de chuvas fortes as áreas de vale desses bairros enchem e causam desastres em proporções catastróficas. A pior consequência fica por conta do âmbito social. Os fundos de vale são ocupados, em sua maioria, por grandes favelas e moradias irregulares que muitas vezes alicerçam suas moradias dentro do leito do córrego e perdem tudo na primeira cheia. O bairro é território de duas das maiores favelas da cidade -Paraisópolis e Jd. Jaqueline- e ambas se localizam em território inabitável, seja por questões de relevo extremamente acidentado ou ambientais, como área de nascentes e reserva florestal. A questão ambiental no bairro sempre foi uma questão extremamente polêmica e trouxe graves consequências para os seus residentes. Dessa forma, o objetivo desse projeto é propor um sistema de espaços livres de edificação articulado com a realocação dos moradores em condições precárias em áreas de risco ou APPs para oferecer à região uma opção de lazer público somado à melhoria em relação ao quesito ambiental.

Plano Diretor da subprefeitura do Butantã. Fonte: Portal da Prefeitura de São Paulo, 2014.


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O Jardim Celeste e o córrego do Gelo

Perímetro do Parque do Gelo Jardim Celeste Foto aérea do Jardim Celeste com indicação do córrego do Gelo. Fonte: Google Maps

O bairro Jardim Celeste é margeado pelos bairros Jd. Jaqueline e Vila Sônia e p município Taboão da Serra e é nele que se localiza a nascente e a foz do córrego do Gelo. O córrego do Gelo recebeu esse nome graças à uma fábrica de gelo que se localizava onde hoje é a favela de mesmo nome. Com a falência da mesma e a instauração da favela somado ao crescimento do bairro, o córrego foi, em quase toda a sua extensão, canalizado e por vezes, tamponado. Isso se dá em razão da necessidade de um escoamento rápido do esgoto da região que outrora despejava todo o seu esgoto no leito do córrego e a necessidade de construção de vias que passam em cima do curso d’água. Não demorou muito para que a primeira tempestade na região enchesse todo o vale, próxima à foz onde o mesmo se encontra com o córrego Pirajussara.

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Episódios dramáticos e recorrentes foram o que mobilizaram a sociedade que pediu uma resposta ao governo. A resposta dada foi a reforma da canalização dos córregos realizando o desassoreamento dos mesmos e de algumas peças de infraestrutura cinza como o canal de interligação com o córrego Pirajussara. Porém, além de insuficientes, as obras foram mal feitas e trouxeram o resultado oposto para a região, agravando os episódios de inundação. Por isso, o departamento de planejamento urbano da subprefeitura trabalha atualmente em pesquisa de como solucionar esses problemas através de novas soluções. O intuito desse trabalho é corroborar com essa pesquisa de forma paralela e informal, desenvolvendo pesquisas sobre infraestrutura verde e elaborar um projeto consistente e aplicável para a solução dessas problemáticas. Atualmente, com a chegada do sistema de esgoto da SABESP, apenas as moradias irregulares que ocupam a várzea do rio -ou até o próprio leito- são as que despejam seu esgoto ali, segundo a subprefeitura do Butantã porém a nascente se encontra desconhecida e acredita-se que a mesma está sendo poluída já que a primeira vez que o leito do córrego aparece em superfície já se encontra poluído. O córrego tem 1,5 km de dimensão, começando em uma cota de nível alta e vencendo aproximadamente 40 metros de desnível até a sua foz. A região é praticamente dominada por zona mista de baixa densidade, característica de macrozonas de proteção ambiental e não possui nenhuma área de espaço livre de edificação dedicada ao lazer além do recém inaugurado Parque Chácara do Jockey -que, mesmo assim, tem uma grande distância peatonal de alguns pontos de ação do projeto-. A necessidade de ação na região era clara para mim porém , para afirmar a necessidade desse projeto e a escolha desse território, foram estabelecidos três demandas que precisavam ser atendidas para a consolidação do projeto. São eles:



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TRECHO 2 Relevo acidentado Descarte de esgoto doméstico no leito do córrego Episódios sérios de desmoronamento Ocupação Irregular Crítica

TRECHO 3 Áreas públicas degradadas Parte do relevo muito acidentado

TRECHO 1 Dominado pela ocupação irregular da Favela do Gelo. Descarte de esgoto doméstico diretamente no leito do córrego. Risco à saúde humana e ambiental

Após o levantamento de uso real da área, a definição do tripé de atributos, o próximo passo foi estudar as características de toda a extensão do córrego. Graças à esse estudo, foi possível a divisão do córrego em quatro trechos em relação às suas características físicas e necessidades. Para cada trecho definido foi estabelecida uma tabela de conflitos e potencialidades da área. Dessa forma, ficou claro definir as premissas de projeto para cada parte do parque. ESC 1:1250


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TRECHO 4 Córrego totalmente canalizado Pouca opção de expansão Leito sufocado pelo sistema viário

Após traçar o perfil de cada trecho, ainda era necessário estabelecer os terrenos de realocação da população residente em áreas de risco e/ou na várzea do córrego. Foram reservadas três áreas para a construção de complexos residenciais mistos, que envolvem HIS e HMP e que são destinados à ZEIS de acordo com o Plano Diretor Regional. Todos foram calculados para se manter à uma distância peatonal da região onde hoje se localizam as moradias, tentando ao máximo diminuir o impacto social dessas mudanças.


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A quantidade de unidades residenciais superou e muito o necessário para a realocação das pessoas no trecho de trabalho porém, como dito anteriormente, o bairro é vizinho à favela do Jd. Jaqueline que também tem déficit habitacional e pode ser agregado à proposta se necessário.

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Mapa em escala 1:750 em anexo no fim do caderno.


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5.1 Memorial Descritivo O parque proposto se localiza no bairro Jardim Celeste, na subprefeitura do Butantã e tem 1,5 km de extensão. O terreno escolhido é a várzea do córrego do gelo que recebera esse nome graças à fábrica de gelo localizada próximo à cabeceira do córrego. Seus limites são definidos pela Avenida Intercontinental, Rua Natal Pigassi, Rua Margarida Izar, Avenida Ezequiel Campos Dias, Rua Sargento Estanislau Custódio e Rua João Pedro da Silva. A conceituação do projeto nasce da necessidade de diminuir os casos de enchente e desmoronamento das encostas uma vez que esse terreno é extremamente íngreme (cerca de 45 metros de diferença de nível entre a cabeceira e a foz do córrego que está dentro dos limites do parque proposto) e em sua maioria é ocupado por moradia irregular. A proposta se resume na retirada dessa população que mora em situação insalubre e instalar equipamentos de infraestrutura verde para preservação dessa encosta através de terraços de arroz (espécie de escalonamento da encosta se aproveitando dos níveis já existente) e wetlands para diminuição da velocidade de escoamento e tratamento da água contaminada. A população ali instalada seria realocada à uma distância peatonal de 300 metros de onde hoje vivem. A intenção é impactar o menos possível a vida cotidiana desses moradores que, muitas vezes, dependem dos vizinhos para cuidar de seus filhos, por exemplo. Dessa forma, no processo de diagnose já foram elencados terrenos adequados e comprovado a sua viabilidade em uso para a construção das Habitações de Interesse Social. Além das questões ambientais e habitacionais, foi proposta uma passarela que percorre longitudinalmente o parque e que permita o acesso em diversos pontos do parque e facilita o trajeto do morador até a Avenida Pirajussara, principal caminho do bairro até o centro da cidade. A passarela é palafitada para evitar o excessivo contato com o solo e é construída por madeira plástica. Ela é o elemento integrador de todo o parque. Para torná-la acessível, foi calculado nos trechos de maior acidente de relevo, um corpo de escada e rampas, o que permite que a mesma ainda seja útil para toda a sociedade. Idealizada ao pensar em retas que se interseccionam, a passarela tem pequeno mirantes que adentram às áreas de reserva natural, construindo pequenas áreas de contemplação. A construção dessa passarela revela parte do partido de desenho, onde as intervenções de projeto de infraestrutura tem por característica a racionalidade, linearidade e geometria enquanto nas intervenções propostas para natureza como os desenhos das wetlands e plantio, seguem a linha mais orgânica de desenho. Somada à passarela, o desenho de piso também é o responsável pela unidade do parque uma vez que a paginação em forma de leque se estende por todo o projeto com uma gama de cores previamente decididas para remeter o caráter industrial que o bairro já tivera. Através do piso intertravado em três tons diferentes (Camurça, cinza e terracota), o desenho é dividido funcionalmente entre área de estar e circulação.

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No trecho 1, onde nasce o córrego, a ideia era trazer lazer passivo e uma área de recreação das crianças do bairro além de proteger a nascente que hoje sofre muito com a contaminação. Dentro das decisões realistas, a ideia foi proteger as margens com área verde arbustiva e algumas árvores. Duas passarelas de madeira vencem o rio lado a lado, não impedindo a transversalidade do parque. Aqui temos a primeira entrada da passarela próximo a área de piquenique. A maior bacia de área úmida do parque fica nessa região e pode ser observada de diversos pontos do parque. A ideia de construir a maior bacia logo na nascente do rio é exatamente já promover o tratamento através de fitorremediação mais agressiva próximo à nascente e garantir que as demais bacias córrego abaixo, que estão em espaços mais sufocados e por isso são menores, fiquem com etapas mais sensíveis do tratamento e que exijam menos espaço. No trecho 2, o mais íngrime e crítico do projeto, foi proposto um reflorestamento e escalonamento da encosta e garantir rugosidade ao solo, para conter essa água de chuva e prevenir futuros desmoronamentos e deslizes de encosta. No topo da encosta, onde a Rua Bernardo Buontalenti margeia e o escadão foi recentemente construído pela subprefeitura do Butantã, foi proposto uma pequena praça com um mirante coberto. No platô mais alto do parque -trecho 3- localiza-se a área de lazer ativo, com quadras e equipamentos de ginástica e o mirante interligado à passarela através de escadas e uma rampa monumental que passeia entre os terraços de arroz. Nessa área do parque, foi abordado um projeto de praça seca com vegetação apenas para proteção dos equipamentos de esporte e áreas de estar próximo ao mirante. O guarda-corpo do mirante é feito de gabiões com um parapeito de concreto. Os dois mirantes do projeto (trecho 2 e 3) tem a mesma linguagem. A intenção de usar gabiões, além de estética é estimular a drenagem nas encostas, assim como os pisos semi permeáveis e o máximo de áreas verdes permeáveis, somando assim, ao ideal ambiental do projeto. Assim como todas as áreas secas do parque, a paginação de piso da praça do trecho 3 é feito com piso cimentício intertravado nas cores: Camurça, terracota e cinza. No trecho mais impermeável e sufocado do leito do rio, o trecho 4, foi proposto a aglomeração de um terreno público (atualmente baldio) lindeiro ao parque para a construção de um pequeno balneário próximo ao córrego com playground e gramado. Aqui é onde a passarela termina e segue pela Avenida Ezequiel Campos Dias, que se torna compartilhada até a Avenida Pirajussara para prolongamento do parque.


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5.2 Plantio Árvores de médio e grande porte

Nome Popular Babosa branca Cedro Rosa Ingá-Feijão ou Ingá-da-restinga Pata de Vaca Fedegoso Goiabeira Pau D’Alho Ipê Amarelo, Branco e Roxo

Nome científico Cordia superba Cedrela fissilis Inga laurina Bauhinia forficata Senna occidentalis Psidium guajava Gallesia integrifolia Tabebuia

Porte Médio Grande Grande Médio Médio Médio Grande Médio

A escolha de maioria de plantas emergentes para esse projeto se justifica no fato de ser um curso d’´água de pouco volume na maior parte do tempo, o excesso de plantas submersas ou flutuantes se torna inviável pois as mesmas não sobreviveriam.

Wetlands e terraço de arroz: Fitorremediação A Taboa Nome Popular

Nome científico

Característica

Carex Cavalinha Tiririca Papiro Costela de Adão Glicéria

Carex spp Equisetum Cyperus spp Cyperus papyrus Monstera Deliciosa Glyceria spp

Emergente Emergente Emergente Emergente Emergente Emergente

Gladíolo Vermelho Junco Manso Taboa Elódea Salsa de Praia Lentilha d’água Alface d’´água Myriophyllum Guinea

Gladiolus x Hortulanus Eleocharis spp Typha domingensis Elodea sp Hidrocotyle bonarensis Lemna spp Pistia spp Myriophyllum spp

Emergente Emergente Emergente Submersa Flutuante Flutuante Flutuante Submersa

Taboa (Typha domingensis)

A taboa era extremamente presente na região até o começo da urbanização desenfreada. A presença da planta era tão intensa que acabou dando nome ao município vizinho limítrofe com a região do projeto (Taboão da Serra). Curioso pois a planta é uma ótima planta para alagados pois trata e retardada o escoamento da mesma. A retirada da mesma da região para a impermeabilização do solo totalmente justifica as enchentes hoje frequentes na área. Dessa forma, elenquei essa planta como carro chefe do meu projeto de wetland.


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LEGENDA BLOCO CIMENTÍCIO INTERTRAVADO COR TURQUESA BLOCO CIMENTÍCIO INTERTRAVADO COR TERRACOTA BLOCO CIMENTÍCIO INTERTRAVADO COR CAMURÇA BLOCO CIMENTÍCIO INTERTRAVADO COR CINZA FORRAÇÃO GRAMÍNEA 1 VEGETAÇÃO SUBMERSA VEGETAÇÃO EMERGENTE VEGETAÇÃO FLUTUANTE PASSARELA PALAFITADA MADEIRA PLÁSTICA ÁREA PERMEÁVEL FORRAÇÃO GRAMÍNEA 2 TABOA PALMEIRA ARVORE DE GRANDE PORTE

IMPLANTAÇÃO PARQUE DO GELO 70

AUTORA: PATRICIA VILA NOVA SATYRO BRANDÃO ORIENTADOR: PROF. MS. DR. FÁBIO ROBBA

2018


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CORTE AA ESC 1;750

CORTE CC ESC1:750

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CORTE BB ESC1:750

CORTE DD ESC1:750


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Renders

Trecho 1, playground


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Trecho 3, quadras poliesportivas


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Trecho 3, Passarela, rampa e escadaria com pergolados


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Trecho 4, passarela e balneário



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Conclusão

O processo desse trabalho me instigou muito como estudante de arquitetura e, principalmente, como cidadã e moradora da região. As enchentes e danos causados pelo sufocamento do leito desse córrego como, por exemplo, desmoronamento de encostas com consequente soterramento de residências já se tornaram parte do cotidiano do bairro em épocas chuvosas. Com as minhas pesquisas fui descobrindo que há diversas alternativas para a solução desses problemas e que, além de devolver a saúde ambiental, podem promover lazer público, saúde física e psicológica dos moradores da região, principalmente aqueles que vivem em situações de risco. Os moradores da Favela do Gelo viveriam com melhor qualidade se realocados para os espaços públicos subutilizados atualmente a uma distância peatonal do local de residência atual como os indicados por mim nessa pesquisa. O percurso dos moradores até a Avenida Eliseu de Almeida se tornaria mais rápida, acessível e agradável devido à passarela que atravessa longitudinalmente o parque. As opções de lazer de qualidade e gratuito seriam promovidas em uma área periférica como essa, que não experimentou nada parecido até o momento. O que mais me acalentou em todo esse processo é saber que as alternativas aqui trazidas para a recuperação dessa várzea e curso d’água são relativamente mais baratas do que as alternativas hoje aplicadas pelos órgãos responsáveis e são muito mais fáceis de manter e mais agradáveis de se conviver com elas. A única razão que me entristece em todo esse meu processo é que esse apenas seja um trabalho de simulação, ou seja, não há nenhum tipo de estudo ou especulação sobre uma possível ação para essa área tão prejudicada por parte da secretaria de planejamentos da subprefeitura do Butantã ou qualquer outro órgão responsável. Infelizmente, a ocupação e poluição desse curso continuará a provoca tantos desastres anualmente. Espero que, a partir da publicação dessa pesquisa, haja pelo menos um possível interesse para pensar em soluções macro para a região e não apenas soluções pontuais como construção de escadarias ou gabiões nas margens do córrego.

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Referências Bibliográficas

KLIASS, R. Parques Urbanos de São Paulo. Pinni, 1993 JACOBS, J. Morte e vida nas grandes cidades. Martins Fontes, 2012. GEHL, J. Cidade para pessoas. Perspectiva, 2014. ROBBA, F. Praças Brasileira. Edusp, 2003. MACEDO, S. Parques Urbanos no Brasil. Edusp, 2002. MACEDO, S. Paisagismo na virada do século. Edusp, 2012. MACEDO, S. Quadro do paisagismo no Brasil. Edusp, 1999. MAGNOLI, M. Paisagem e ambiente, ed. 21, 2006. GORSKI, Maria Cecilia Barbieri. Rios e cidades: Ruptura e reconciliação. Editora SENAC, 2008. SANCHEZ, P. De áreas degradadas à espaços vegetados. Editora SENAC, 2014. FRANCE, R. Wetland Design - Principles and practices for landscape architects and land-use planners. 2003 FERRAZ, Caio S. Entre Rios. 2009, São Paulo. https://vimeo.com/14770270. Acessado em: 18/11/2017 às 20:45


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