A Ordem
Fundação Paz na Terra Ano LXV - Nº 19 Natal-RN / R$ 7,00 Novembro de 2017
Rádio inova
com ascensão de plataformas digitais
a ordem | Assunto
2 | Novembro de 2017
Outubro de 2016 | 3
a ordem | Editorial
O papel do Rádio, hoje
Haveria como definir o Rádio e sua importância como meio de comunicação social, nos tempos atuais? A pergunta fica em aberto, para sua reflexão. Mas, certamente, o Rádio é um dos meios de comunicação mais democrático, de maior alcance e de mais fácil acesso, principalmente na atualidade. Para ver televisão, ler jornais, revistas e as postagens nas mídias sociais eletrônicas você precisa se “desligar” do que está fazendo. Mas não para ouvir rádio! Quem apostou no fim do Rádio com o advento da televisão e da Internet, perdeu feio. Hoje, até pela Internet você ouve rádio, seja num computador, num tablet ou num celular, e sem ter que largar o que estiver fazendo. Mas o Rádio não é somente um meio de comunicação de fácil acesso. Em épocas passadas (e por que também não poderia ser hoje?), o Rádio foi um instrumento de educação e de formação social e política. As Rádios Rurais do Rio Grande do Note (Natal, Mossoró e Caicó) tiveram papel de relevante importância na educação dos cidadãos do campo (por isso o nome Rural), em tempos em que o Estado era um ilustre ausente na zona rural. E, para algumas pessoas, ele também foi uma “universidade” em termos de informação e formação sócio-política. Que o Rádio não perca e nem abdique do papel de educador e formador de opinião nestes tempos em que a mídias sociais são usadas por alguns como meios de alienação!
Expediente
Revista mensal da Fundação Paz na Terra Endereço: Rua Açu, 335 – Tirol CEP: 59.020-110 – Natal/RN Fone: 3201-1689
Conselho curador: Pe. Charles Dickson Macena Vital Bezerra de Oliveira Fernando Antônio Bezerra Conselho editorial: Pe. Rodrigo Paiva Pe. Paulo Henrique da Silva Luiza Gualberto Adriano Charles Cruz, OFS Hevérton Freitas Josineide Oliveira Cione Cruz Vicente Neto Filipo Cunha Edição e Redação: Cacilda Medeiros (DRT-RN 1248) Luiza Gualberto (DRT-RN 1752)
4 | Novembro de 2017
08 ENTREVISTA
Natal recebe presidente da Junta Nacional de Alcoólicos Anônimos
30
PARA CONHECER
34
VIDA PASTORAL
Cássia e Assis: lugares de fé
Vamos conhecer o trabalho do setor juventude
CAPA: Divulgação Revisão: Milton Dantas (LP 3.501/RN) Colaboradores: José Bezerra (DRT-RN 1210) Adriano Cruz (DRT-RN 1184) Cione Cruz Rede de Comunicadores da Arquidiocese de Natal Projeto e diagramação: Terceirize Editora (84) 3211-5075 www.terceirize.com
Comercial: RN Editora Idalécio Rêgo (84) 98889-4001 Impressão: Unigráfica - (84) 3272-2751 Tiragem: 1.000 exemplares Assinaturas: Com as coordenações paroquiais da Pastoral da Comunicação ou na redação da revista, no Centro Pastoral Pio X – Av. Floriano Peixoto, 674 - Tirol - Natal/RN - (84) 3615.2800 assinante@arquidiocesedenatal.org.br www.arquidiocesedenatal.org.br
| a ordem
Novembro de 2017 | 5
a ordem | Palavra da Igreja
Cerimônia de canonização dos Protomártires do Brasil A Igreja tem 35 novos Santos, e entre eles, 30 brasileiros. Em cerimônia presidida pelo Papa Francisco no dia 15 de outubro, na Praça São Pedro, foram canonizados os mártires de Cunhaú e Uruaçu, os Protomártires do México – considerados os primeiros mártires do continente americano, além do sacerdote espanhol Faustino Míguez, fundador do Instituto Calasanzio, Filhas da Divina Pastora, e do Frade Menor Capuchinho italiano Angelo d’Acri. Após ser cantado o Veni Creator, o Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, acompanhado pelos Postuladores das Causas, dirigiu-se até o Santo Padre pedindo para que se procedesse à canonização dos Beatos, com a leitura de seus nomes. A seguir, foi lida uma breve biografia dos novos Santos e entoada a Ladainha de todos os Santos, pedindo que por meio da Virgem Maria e de todos os Santos seja sustentado o ato que está para ser cumprido. Por fim, o Santo Padre leu a fórmula de canonização. Na homilia da celebração, Francisco disse que se perdemos o amor de vista, “a vida cristã torna-se estéril, torna-se um corpo sem alma, uma moral impossível, um conjunto de princípios e leis a serem respeitadas sem um porquê”. Inspirando-se no Evangelho de Mateus proposto pela Liturgia do dia, o Papa recordou em sua homilia que ”o Reino de Deus é comparável a uma Festa de Núpcias”. Nós, “somos os amados, os convidados” para estas núpcias, mas “o convite pode ser recusado”. Neste senti-
6 | Novembro de 2017
francisco Papa
do, somos chamados a “renovar a cada dia a opção de Deus”, vivendo segundo o amor verdadeiro, superando a resignação e os caprichos de nosso eu”. E continua: “Esta é a vida cristã, uma história de amor com Deus, na qual quem toma gratuitamente a iniciativa é o Senhor e nenhum de nós pode gloriar-se de ter a exclusividade do convite: ninguém é privilegiado relativamente aos outros, mas cada um é privilegiado diante de Deus. Deste amor gratuito, terno e privilegiado, nasce e renasce incessantemente a vida cristã”. O Evangelho – observa o Papa – relata que muitos convidados disseram não, pois “estavam presos aos próprios interesses”, “ao seu campo, ao seu negócio”. A palavra “seu” – frisa Francisco – “é a chave para entender o motivo da recusa”. Nos afastamos do amor, “não por malvadez”, mas porque se prefere “as seguranças, a autoafirmação, as comodidades”: O papa finaliza dizendo que: “Os Santos canonizados hoje, sobretudo os numerosos Mártires, indicam-nos a estrada. Eles não disseram «sim» ao amor com palavras, mas com a vida e até ao fim. O seu hábito diário foi o amor de Jesus, aquele amor louco que nos amou até ao fim, que deixou o seu perdão e as suas vestes a quem O crucificava. Também nós recebemos no Batismo a veste branca, o vestido nupcial para Deus.” Fonte: Portal da Rádio Vaticano
A voz do pastor | a ordem
Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo Metropolitano de Natal
A alegria da santidade nos contagia
Queridos irmãos e irmãs! “A nossa fé crê que a Igreja, cujo mistério o sagrado Concílio expõe, é indefectivelmente santa. Com efeito, Cristo, Filho de Deus, que é com o Pai e o Espírito ‘o único Santo’, amou a Igreja como esposa, entregou-se por ela, para a santificar (cfr. Ef 5,25-26) e uniu-a a Si como Seu corpo, cumulando-a com o dom do Espírito Santo, para glória de Deus. Por isso, todos na Igreja, quer pertençam à Hierarquia quer por ela sejam pastoreados, são chamados à santidade, segundo a palavra do Apóstolo: «esta é a vontade de Deus, a vossa santificação» (1Ts 4,3; cfr. Ef 1,4)” (CONCÍLIO VATICANO II. Constituição dogmática sobre a Igreja, Lumen gentium, n. 39). Essas palavras tiradas do importante documento do Concílio Vaticano II, a Constituição dogmática sobre a Igreja, Lumen gentium, nos ensinam que a santidade é a nossa vocação primordial. Isso, porque a ação de Deus de se comunicar a nós realiza, para nós, a experiência da intimidade com Ele. Essa experiência já era vivida pelo povo de Israel, quando proclamava que Deus é “o Santo de Israel”, ou quando se lê no Livro do Levi tico: “Sede santos, porque eu sou santo” (Lv 11,45; cf. 1Pd 1,15-16). O Antigo Testamento reconhece que a santidade de Deus é comunicativa. Ela é fruto da misericórdia, pois só Deus é santo, mas a misericórdia significa “o coração de Deus próximo do miserável (miser + cordis)”, isto é, Deus se aproxima do homem e da mulher, e essa ação santifica-os. É uma antiga tradição da Igreja canonizar os seus membros que fizeram uma experiência de Deus exemplar: os Apóstolos, os Mártires, os Confessores da fé, as Virgens. A
vida de todos eles nos inspira a seguir o mesmo caminho. Toda a nossa estrutura pastoral, nossa organização, planos pastorais, iniciativas sociais, tudo é em vista da santidade dos fiéis cristãos. A santidade não é um prêmio aos perfeitos, mas ela leva os cristãos e cristãs à terem o mesmo sentimento de Jesus Cristo (cf. Fl 2,5), isto é, ser santos nos faz viver como Cristo: dar a vida pelos irmãos e irmãs, amar a todos como Cristo nos amou. Nós todos, membros da Igreja Particular de Natal, povo de Deus nas terras potiguares, temos a grande alegria dos nossos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, terem sido canonizados no dia 15 de outubro: Santo André de Soveral, Santo Ambrósio Francisco Ferro, São Mateus Moreira, Santo Antônio Vilela Cid, Santo Antônio Vilela, o Moço, e sua filha, Santos Estêvão Machado de Miranda e suas duas filhas, São Manoel Rodrigues Moura e sua esposa, São João Lostau Navarro, São José do Porto, São Francisco de Bastos, São Diogo Pereira, São Vicente de Souza Pereira, São Francisco Mendes Pereira, São João da Silveira, São Simão Correia, Santo Antônio Baracho, São João Martins e seus sete companheiros, Santa filha de Francisco Dias, São Domingos de Carvalho. Se, pela comunhão dos santos, temos todos eles próximos a nós, mais ainda esses trinta santos, que são os nossos conterrâneos, eles que pisaram o nosso solo potiguar. Esta é uma alegria imensa. E é um grande incentivo para todos nós sermos santos também. Que eles sejam imitados na vivência da fé e no compromisso missionários, pois, como afirmou São João Paulo II no dia da beatificação em 5 de março de 2000: eles são “as primícias do trabalho missionário” nas terras brasileiras.
Novembro de 2017 | 7
Cacilda Medeiros
a ordem | Entrevista
Alcoólicos Anônimos
comemora 70 anos de atuação no Brasil
8 | Novembro de 2017
Entrevista | a ordem
Neste ano, a irmandade de Alcoólicos Anônimos celebra 70 anos de atuação no Brasil. Para comemorar a data no Rio Grande do Norte, aconteceu no último mês de setembro, um encontro que reuniu aproximadamente 150 profissionais que auxiliam o trabalho juntos aos membros de AA. A atividade aconteceu em Natal e contou com a presença da Dra. Jaira Freixiela. Ela é psicóloga, assistente social e terapeuta da família e do casal, com mestrado em Tratamento e Prevenção às Drogas, pela Universidad del Salvador – USAL, da Argentina. É pós-graduada em Saúde Pública pela UNAERP, de Ribeirão Preto – São Paulo e atua, há mais de 30 anos, nas áreas de dependência química. Atualmente, é responsável técnica pela Fundação da Associação Regional de Recuperação de Alcoolistas, de Santa Catarina (PR), e Presidente da Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil – JUNAAB.
A Ordem: O que é o grupo de amigos Alcoólicos Anônimos? Dra. Jaira: Alcoólicos Anônimos é uma irmandade de homens e mulheres, que se reúnem para trocar forças, experiências e, principalmente, esperança. O maravilhoso dessa irmandade, que eu digo que é uma grande rede de solidariedade, que tem um único propósito primordial, que é ajudar as pessoas que sofrem de uma doença, que é o alcoolismo. Nós acreditamos em AA, que sozinho nós não podemos. AA nos seus primórdios, há mais de 80 anos, começou com apoio dos profissionais da saúde, em especial Bill W, que foi um dos cofundadores de AA. Ele teve ajuda de um médico e ele foi o primeiro grande amigo de Alcoólicos Anônimos e dali, até hoje, estamos caminhando com esse apoio. Alcoólicos Anônimos, dentro dos seus 36 princípios, um deles é
o anonimato. Então, o membro de AA pode chegar para uma pessoa e oferecer ajuda. O que ele não pode é usar a sua imagem para falar em nome de AA para a imprensa como um toque, porque correríamos o risco de um personalismo. Quando foram construídos os 36 princípios de AA, pensou-se na vaidade humana, que é muito grande. Hoje, quem dá visibilidade, em termos de atendimento à imprensa são os custódios, como são chamados os diretores não alcoólicos. Aqui no Rio Grande do Norte, contamos, hoje, com 150 profissionais amigos de AA. A Ordem: O alcoolismo pode ser considerado uma doença? Dra. Jaira: O alcoolismo é uma doença crônica, progressiva e fatal, que afeta não só o alcoólico, mas o seu entorno como um todo. A sociedade como um todo sofre com
o alcoolismo. A gente vê o índice de mortes no trânsito no Brasil e geralmente esses casos estão relacionados com o alcoolismo. Nesse sentido, AA vem ser esse apoio, essa ajuda. Nós acreditamos que quando qualquer um, seja onde for, estender a mão pedindo ajuda, queremos que a mão de AA esteja aí. O alcoolismo feminino é uma crescente. As mulheres estão bebendo tanto ou mais que os homens, fruto disso é o aumento da síndrome do alcoolismo fetal, que é uma doença que acomete a criança que está sendo gestada numa mãe que faz ingestão de álcool durante a gravidez. O álcool é porta de entrada para uso de outras drogas, inclusive. A doença do alcoolismo vem muito silenciosa na sociedade, principalmente no sentido de que as pessoas parecem que não querem falar desse problema.
Novembro de 2017 | 9
a ordem | Entrevista A Ordem: O consumo de álcool também é muito comum entre os jovens. Que ação Alcoólicos Anônimos tem desenvolvido junto a este público, no sentido de prevenção da doença? Dra. Jaira: As pessoas não tem ideia da idade em que os jovens estão entrando no alcoolismo. Realizamos uma pesquisa junto com o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas (CEBRID) e os dados mostrando que crianças com menos de 10 anos já estão consumindo álcool e, muita vezes, bebendo dentro de casa. O grupo de risco real é essa criança e esse adolescente. E o que ele bebe, geralmente, são bebidas destiladas, de alto grau alcoólico e aí começa a desenvolver a doença, com complicações altíssimas. Nesse sentido, AA despertou pra isso e resolveu dialogar com o jovem. Fizemos algumas publicações com a proposta de chegar a este público e também iniciamos um processo de palestras em escolas. Recentemente, inauguramos uma plataforma de comunicação, que é o Amigo Anônimo. Hoje, o jovem quer estar conectado e o Amigo Anônimo surge como essa ferramenta de comunicação virtual. É um robô, que está no Facebook, por meio do Messenger. Basta abrir o Messenger e digitar amigo.anonimo.70 e vai abrir uma caixa de conversa que interage com você para tirar suas dúvidas, seja você um não alcoólico, um alcoólico em recuperação, enfim que queira saber mais sobre o programa de AA. O robô segue o mesmo princípio do anonimato e os diálogos foram construídos, baseados em histórias reais. Os dados que temos é que mais 100 mil pessoas já conversaram com o robô e dessas, 60 mil jovens e mulheres.
10 | Novembro de 2017
Cacilda Medeiros
Saiba mais Ao completar 70 anos de história, no Brasil, a Irmandade de Alcoólicos Anônimos chega a 5 mil grupos, localizados em todas as regiões do país, ajudando a recuperar homens e mulheres, de todas as idades e classes sociais, que desenvolveram a “doença do alcoolismo”, segundo a Organização Mundial da Saúde. No Rio Grande do Norte, o AA está presente há 42 anos, com a instalação do Grupo Seridó, em Caicó, no ano de 1975. O Grupo Natal foi o primeiro a ser aberto da capital e o segundo grupo do RN, fundado em 1976, situado na Praça Padre João Maria. Hoje, são 80 grupos em funcionamento na capital e no interior do Estado.
“Para ser membro de AA, o visitante não precisa fazer cadastramento nem pagar taxa de filiação. O único requisito para fazer parte da Irmandade é o desejo de parar de beber”, afirma o diretor do Escritório de Serviços Locais do AA/RN. Sem oferecer diagnóstico nem aliciar possíveis integrantes, o AA tem ajudado a recuperar milhões de vidas, a partir de uma sugestão que parece simples: evitar o primeiro gole, por 24 horas, e frequentar assiduamente as reuniões, nas quais acontecem trocas de “experiências, forças e esperanças”, como diz o Preâmbulo da Irmandade. Outras informações sobre as reuniões e grupos de AA podem ser obtidas no telefone: (84) 3221-2777 ou secretaria@aarn.org.br.
Entrevista | a ordem
Novembro de 2017 | 11
a ordem | Alfabetização
Alfabetização
ref lete um processo além do ensino e aprendizagem Por Luiza Gualberto
A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) definiu 08 de setembro, como o Dia Mundial da Alfabetização, com a proposta de fomentar a alfabetização em vários países. Para a Unesco, a alfabetização não é somente o processo de aprendizagem de ler e escrever, pois é também um dos elementos responsáveis pelo desenvolvimento de um país, tendo em vista que uma população alfabetizada
12 | Novembro de 2017
e letrada também apresenta melhores índices de desenvolvimento humano e tem uma maior compreensão do seu papel na sociedade. O papel da Igreja A Igreja católica sempre foi pioneira nos processos formativos, com a criação de cursos, escolas, entre outros. A Arquidiocese de Natal acompanhou todo esse processo e foi marcada por
Alfabetização | a ordem
esse pioneirismo social, com a criação de diversas iniciativas no contexto educacional, no sentido mais amplo da palavra. A Campanha da Fraternidade exemplifica esta afirmativa. Em 1962, a Igreja de Natal vivia um momento de efervescência, com o surgimento da Campanha da Fraternidade, que teve início na comunidade Timbó, no município de Nísia Floresta. A Igreja instituiu a campanha em um cenário de mudanças negativas para o estado, em especial Natal, que sofria com as consequências da Segunda Guerra Mundial. A iniciativa surgiu como um projeto pastoral da Arquidiocese, que tinha como administrador apostólico, na época, Dom Eugênio de Araújo Sales, para evangelização dos fiéis e promoção da solidariedade. No ano seguinte, a campanha se estendeu para 13 Dioceses de estados vizinhos do Rio Grande do Norte, e, ainda neste mesmo ano, durante o Concílio Vaticano II, em Roma, os bispos reunidos decidiram expandir a campanha em âmbito nacional, que foi realizada pela primeira vez em pleno golpe militar, no ano de 1964, e abordou o tema “Igreja”, com o lema: “Lembre-se: você também é Igreja”. Do seu início até os dias atuais, a campanha permanece com o seu caráter social, com a proposta de refletir sobre temas do cotidiano. Em 2018, a Campanha vai abordar a questão da superação da violência.
“Maria: a grande alfabetizadora dos cristãos” Esta é a afirmação de Josineide Silveira, professora, doutora em educação e pesquisadora do Grupo de Estudos da Complexidade (GRECOM/UFRN). Segundo ela, Maria pode ser considerada como a pedagoga das horas. “Se olharmos as passagens bíblicas, vamos perceber isso. Ela, no seu entendimento de ir ao encontro de quem estava precisando, vai se fazer presença junto aqueles que necessitavam. Por exemplo, a passagem da visita à prima Isabel reflete muito isso. Ela sabia o momento em que começava a sua missão. Na passagem das bodas de Caná também vemos isso. Ela é quem diz a Jesus e o motiva a começar a sua missão. Por isso, podemos considerá-la como grande pedagoga das horas, porque ela soube ler o tempo e ler o mundo. Ela é aquela que percebe”, comenta. Segundo Josineide, se percebe os ensinamentos deixados por Maria ao longo da história da Igreja, mais precisamente na ação pastoral da Arquidiocese de Natal, porque é possível observar os aspectos maternal, missionário e profético no agir pastoral da Arquidiocese. Por exemplo, a implantação de iniciativas que visavam os menos favorecidos, como o Movimento de Natal, que deu origem a tantos outros projetos, como as escolas radiofônicas. Até os dias de hoje, o lado social se mantém como uma forte característica da Igreja arquidiocesana.
Novembro de 2017 | 13
a ordem | Alfabetização
Arquivo Arquidiocese de Natal
Escolas radiofônicas A Emissora de Educação Rural de Natal foi inaugurada em 10 de agosto de 1958. No entanto, o sonho de instalar uma rádio começou a ser gestado, pelo então Pe. Eugênio Sales, ainda na década de 40, quando ele leu, em uma revista, sobre um trabalho educacional, na Colômbia, utilizando uma emissora de rádio. Era a Rádio Sutatenza, na Província de Boyacá, no interior da Colômbia, dirigida pelo Pe. Joaquim Salcedo. Em meados da década de 50, Dom Eugênio foi à Colômbia, com a finalidade de conhecer a experiência das Escolas Radiofônicas, organizadas pela Rádio Sutatenza. O objetivo era implantar experimento semelhante em Natal. O analfabetismo era um problema crucial, naquela época, no Rio Grande do Norte. O censo do IBGE de 1960 mostrava que, no Es-
Monitoras das Escolas Radiofonicas
14 | Novembro de 2017
tado, numa população de 951.726 habitantes, 586.688 não sabiam ler nem escrever, representando um percentual de 61,6%. Quase 50% da população brasileira era analfabeta. Um transmissor de 1 kwatt garantia o alcance da Rural a 20 municípios, num raio de 150 quilômetros, em torno da capital potiguar. O objetivo era levar às bases rurais, não somente a Palavra de Deus, mas também a ajuda ao homem do campo, para que se conscientizasse e se promovesse, orientando-o na superação de seus problemas. Foram, então, organizadas as primeiras experiências das Escolas Radiofônicas, responsáveis pela alfabetização de centenas de pessoas, especialmente, nas comunidades rurais. Cerca de 2 mil voluntários atuavam na época nesse projeto. (Fonte: Revista do Centenário da Arquidiocese de Natal – 2009).
Alfabetização | a ordem Luiza Gualberto
Marilú Lourenço, pedagoga
Educação de Valores Para a pedagoga Marilú Lourenço, doutora em Ciências da Educação e Tecnologia, a alfabetização também passa por uma educação de valores. “Vivemos em um mundo em que as pessoas diferentes têm valores diferentes. Qualquer casal pode compartilhar alguns valores com seus filhos e discordar de outros. As vezes até são contraditórios! Alguns valores, porém, são unânimes: cuidado, responsabilidade, pontualidade, coragem, lealdade, curiosidade e ética. Esses são respeitados pela maioria das pessoas. Alguns autores tendem a enfatizar alguns valores em relação a outros, por exemplo: os americanos valorizam a interdependência e a individualidade. Os japoneses valorizam a coo-
peração e a integração. Mas, ambos estimulam a educação”, analisa. A pedagoga também avalia a importância da presença da família nesse processo de educação de valores. “Quanto a relação família e a escola, estas deverão fazer cumprir suas tarefas e responsabilidades, caso contrário, estarão contribuindo para o alto índice de constrangimentos e eventos de bullying nas escolas. Muitos jovens omitem a crença religiosa, por exemplo, na tentativa de se proteger dos colegas e até mesmo de alguns professores. Educação combina com escola e família, respeito e afetividade na relação professor aluno, num processo de integração social em todos os sentidos”, enfatiza.
Novembro de 2017 | 15
a ordem | Artigo
Reforma trabalhista
entrará em vigor em novembro
Ivaneide Ferreira Contadora CRC/RN 004817/O-6
Publicada em 14/07/2017, a Lei 13.467/2017 altera a Consolidação das Leis do Trabalho-CLT e traz mudanças na rotina entre o empregado e o empregador, afetando pontos tais como jornada de trabalho, férias, remuneração, relações sindicais, reclamatórias trabalhistas, entre outros. A Lei entrará em vigor e começará a ser aplicada a partir de 11/11/2017, 120 dias após sua publicação, permanecendo vigentes as regras atuais até lá. Fique por dentro das novas leis trabalhistas. Explicaremos a seguir as atuais e as novas regras para você ficar sabendo alguns pontos do que muda na vida do trabalhador com a reforma trabalhista. Férias: Atual - As férias de 30 dias podem ser fracionadas em até dois períodos, desde que um deles não seja inferior a 10 dias, permitindo 1/3 das férias ser pago como abono. Nova regra - As férias poderão ser fracionadas em até três períodos, mediante acordo, sendo que um deles não poderá ser inferior a 14 dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a 5 dias corridos, cada um. Jornada Parcial: Atual - Era de até 25 horas semanais; proibido horas extras; Nova regra - jornada de até 26 horas semanais (até 6 horas extras semanais), ou até 30 horas semanais (sem horas extras); as horas extras poderão ser compensáveis na semana seguinte com descanso proporcional.
16 | Novembro de 2017
Compensação da jornada: Atual - Era realizada por norma coletiva ou acordo individual escrito. Horas extras habituais também descaracterizam a compensação. Nova regra - Autoriza a compensação por acordo individual tácito. Não descaracterizam o regime de compensação as horas extras habituais. Intervalo: Atual - O trabalhador que exerce a jornada padrão de 8 horas diárias tem direito a no mínimo uma hora e a no máximo duas horas de intervalo para repouso ou alimentação. Nova regra - O intervalo poderá ser negociado, com o mínimo de 30 minutos. Se o empregador não conceder intervalo mínimo para almoço ou concedê-lo parcialmente, ocorrerá a indenização sobre o tempo não concedido.
Trabalhador Autônomo: Atual - Não era regulamentado. Nova regra - Não serão considerados empregados os trabalhadores autônomos contratados com ou sem exclusividade, de forma contínua ou não, atendendo as formalidades legais. O assunto tem dividido a opinião pública, o governo defende que as regras da CLT não mais atendem a todos os setores da economia, e especialistas temem que a flexibilização impactem na redução dos direitos do trabalhador. A reforma trabalhista permitirá que cada empresa negocie diretamente com seus funcionários, garantindo que as jornadas de trabalho se adaptem às necessidades de empregados e empregadores.
Assunto | a ordem
Novembro de 2017 | 17
Fatima Melo
a ordem | Em ação
Romaria dos trabalhadores
Pe. Rodrigo Fernandes de Souza Paiva administrador paroquial da Paróquia do Bom Jesus dos Navegantes - Touros
da terra e das águas “Não vos acovardeis e nem tenhais medo. O Senhor nosso Deus que caminha à vossa frente, combaterá em pessoa por vós” (Dt 1, 29) Boa parte das características do nosso conteúdo religioso prove do judaísmo, que se assenta numa fé monoteísta. Na tradição judaica prega-se a crença de que Deus escolheu um povo sofredor, vítima de pobreza e escravidão, para liberta-lo. Àquela gente sem terra e dignidade o Senhor anunciou a herança de uma Terra onde “corre leite e mel”. Como uma das estratégias libertadoras tornou-se companheiro e protetor desse povo na caminhada rumo à Terra Prometida. Àqueles nômades erguiam suas tendas e as desmontavam impulsionados pela necessidade de ir além, do comodismo e das marras ilusórias de um falso bem estar. Jesus Cristo, com intensidade atualizou esse espírito de desapego e caminhada. Por este traço tão cristão e tão humano, como Igreja, também estamos em constante saída, movendo-nos e caminhando rumo à libertação. As romarias são caminhadas ao encontro do Cristo que está conosco na e itinerância terrena e escuta cada prece alimentada pelo cansaço e pelas lagrimas, seja de esperança, seja de gratidão. Toda romaria sempre
18 | Novembro de 2017
leva consigo um clamor. Por isso que há mais de 30 anos, a região do Mato Grande potiguar, marcada pelo assassinato de Manuel Edmilson de França ocorrido em 20/12/1986, no distrito de Lagoa do Sal, município de Touros, eleva sua prece por dignidade da pessoa humana e melhores dias no exercício da dimensão do trabalho e da justa posse das terras, por meio da “Romaria da Terra”. Àquele evento infortuno mais um lamento é acrescido e mais gemidos espalham-se pelos ventos da região praieira, o assassinato do jovem Sebastião Andrade, na Praia do Rosado, município de Porto do Mangue, ocorrido em 22/06/1991. Esses assassinatos e tantos outros, cuja dor esconde-se no lastro das injustiças, são pelo mesmo motivo: luta pela terra e nela melhores condições de vida. Essas e tantas outras mortes testemunham a insensibilidade dos grandes latifundiários e a insensatez dos que só pensam no acúmulo de riquezas. A ganância impõe sobre a natureza e sobre os homens, sobretudo a marte, e o fim da ordem natural das coisas.
Em ação | a ordem
No fim da década de 80 e início dos anos 90, do século passado, religiosas e padres da região do Mato Grande e Litoral Norte, do Rio Grande do Norte, idealizaram uma romaria para ser espaço de prece e voz dos trabalhadores da região – 1ª Romaria dos Trabalhadores, realizada no dia 12/12/1987 em Touros/RN. A 2ª Romaria dos Trabalhadores aconteceu no dia 28/03/1993, também no município de Touros/RN. Depois de um longo tempo de silêncio, a Igreja de Natal novamente juntou-se em prece, aos pés do Bom Jesus dos Navegantes e no dia 10/12/2016 realiza a 3ª Romaria dos Trabalhadores, sempre no município de Touros/RN. Essa terceira romaria contou a organização da Paróquia do Bom Jesus das Dores de touros, do Serviço de assistência Rural-SAR, do Conselho Pastoral dos Pescadores-CPP, da Animação dos Cristãos do Meio Rural-ACR, da Comissão de Justiça e Paz-CJP de Macau, Sindicatos rurais da Região, Colônia de Pescadores e de outras instituições que atual pelas causas sociais. A participação do número de instituições participantes viabilizou a unidade das preces e a oração caminhante chamou-se ROMARIA DOS TRABALHADORES DA TERRA E DAS ÁGUAS. A Igreja de Natal retoma o compromisso profético de amplificar a voz dos trabalhadores e trabalhadoras das terras e das águas quando dirigem suas preces a Deus, por um dom tão necessário e pessoal, como no assegura a encíclica Rerum Novarum. De acordo com a encíclica é ‘pessoal’ porque a força empregada no trabalho é propriedade daquele que o exerce e o recebeu para a sua utilidade; é ‘necessário’ porque o homem precisa dele para sobreviver. Este ano a 4ª edição da Romaria será realizada no dia 25/11 e norteada pelo tema: “Terra e Água:
vida e direito de quem cultiva, pesca e cuida”. Sairá do Assentamento do Cajá para o assentamento Quilombo dos Palmares (antiga Fazenda Zabelê), no município de Touros. Nosso Arcebispo bem expressa o objetivo desse momento: “ser um instrumento místico importante do Povo de Deus e de nossa fé cristã. A Romaria não apenas nos reúne, ela nos une, gera ‘comunhão, alimenta a fé num ‘Deus que caminha conosco’, nos ampara e nos guia, fortalecendo a esperança num outro mundo possível, numa Sociedade do Bem Viver” (D. Jaime Vieira Rocha, Arcebispo Metropolitano de Natal – Convite à III Romaria\2016). Que a força da oração nos torne cada dia, mais sensíveis às dores do mundo; abertos à compreensão do que Deus quer de nós diante da atual conjuntura. Somos Igreja do Cristo, salvador e libertador; atento ao clamor do seu Povo que não pode ter medo de ser discípulo. Bem vindos a IV Romaria dos Trabalhadores da Terra e das Águas.
Novembro de 2017 | 19
Sérgio Luiz
a ordem | Paróquias
São Lucas:
uma Paróquia com 20 anos de história No processo de expansão da zona norte de Natal, o padre Tiago Theisen foi peça chave no contexto do crescimento de Igrejas e capelas. Muitas comunidades paroquiais se formaram por meio da ação pastoral do sacerdote naquela região. Uma dessas comunidades é a de São Lucas, no conjunto Amarante, município de São Gonçalo.
22 | Novembro de 2017
Criada no dia 18 de outubro, a comunidade paroquial foi desmembrada da Paróquia de Santa Maria Mãe, no Conjunto Santa Catarina e abrange uma população de aproximadamente de 30 mil habitantes. O padre Gilmar Pereira é o pároco da Paróquia. Segundo o livro “Paróquias potiguares – uma história”, de autoria do
Pe. Normando Pignataro Delgado (in memoriam), o arcebispo metropolitano da época, Dom Heitor de Araújo Sales, criou a Paróquia de São Lucas, com sede no Amarante, abrangendo os conjuntos e capelas de Jardim Lola, Golandim, Rego Moleiro, Rego Moleiro III e Barreiros, todos na área do município de São Gonçalo
do Amarante. “A área do Amarante era uma extensão da zona norte, ao longo da avenida Tomás Landim, que servia de divisa entre os municípios de Natal e São Gonçalo. Outros conjuntos e localidades se interligavam, com suas respectivas Igrejas, como a capela de São Lucas, no Amarante, e as capelas de Santo André, no Jardim Lola, São Francisco, no Golandim, Nossa Senhora da Conceição, em Rego Moleiro, Nossa Senhora Aparecida, em Rego Moleiro III e São Sebastião, em Barreiros”, diz o livro. De acordo com o padre Gilmar, hoje, o território da Paróquia conta com 10 comunidades e quatro setores pastorais, que têm suas próprias celebrações, encontros, articuladores, coordenadores e conselhos. “Antes de se tornar Paróquia, o padre Tiago desenvolvia um serviço social, catequético e educativo nesses espaços e foi a partir deste trabalho que as comunidades foram surgindo. Ele foi o responsável pela construção da maioria dessas comunidades”, destaca. Vida Pastoral A Paróquia de São Lucas é uma comunidade ativa e conta com diversos grupos de pastorais, movimentos e serviços. Recentemente, a Paróquia implantou o Segue-me. Outros encontros já são realizados na comuni-
Rivaldo Junior
Paróquias | a ordem
dade, como o EC e ECC. Padre Gilmar também ressalta o trabalho social, desenvolvido pela Paróquia. “Contamos com o trabalho da Pastoral da Criança e Pastoral Familiar, neste campo do social. A Paróquia tem um centro sócio-pastoral, em Jardim Lola, onde são desenvolvidas diversas atividades, como palestras educativas, celebração da vida da Pastoral da Criança, além de alguns atendimentos e distribuição de cestas básicas e sopão”, pontua. Aniversário da Paróquia A Paróquia foi criada no mês de outubro, mas em virtude da canonização dos mártires de Cunhaú e Uruaçu, a programação festiva passou para este mês e será realizada de 03 a 12 de novembro. A programação de abertura contou com a participação do padre Tiago Theisen, que foi homenageado pela comunidade. No período festivo, diariamente, às 19h30, há celebração de missa, seguida de atividades sócio-culturais. A programação será encerrada no dia 12, às 19h, com procissão e missa solene, presidida pelo Monsenhor Lucas Batista Neto. A festa tem a coordenação geral do pároco, Padre Gilmar Pereira de Castro e o tema para este ano é “20 anos de Paróquia: celebremos com ardor renovado e a alegria do Evangelho”.
Pe. Gilmar Pereira, pároco
ENDEREÇO Av. Maranhão, s/n – Amarante Contato (84) 3615-2884 Horários de missas - De quarta a sábado – 18h - Domingos - 19h
Novembro de 2017 | 23
Fotos: Pascom Bom Jesus
a ordem | Paróquias
Paróquia preserva Igreja centenária dedicada ao
Sagrado Coração de Jesus Distante 62Km de Natal, a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, que envolve os municípios de Bom Jesus e Elói de Souza é uma das comunidades paroquiais mais recentes do território da Arquidiocese de Natal, com apenas oito anos de criação. Mas, em contrapartida,
24 | Novembro de 2017
conta com uma Igreja centenária, preservada até os dias atuais. A Paróquia foi criada no dia 23 de novembro de 2009, pelo então arcebispo da época, Dom Matias Patrício de Macedo e tem como administrador paroquial, o padre José Francisco Neto, que conta
que a comunidade é ativa e envolvida nos diversos grupos de pastorais, movimentos e serviços da Paróquia. Segundo o sacerdote, 16 comunidades pertencem ao território paroquial, distribuídas nos seis setores missionários. “Hoje, contamos com 18 pastorais
Paróquias | a ordem
e 8 movimentos. A Paróquia também desenvolve um trabalho social e, para isso, conta com o apoio da Pastoral da Criança, que realiza a celebração da vida, além do grupo Casa de Maria. Mensalmente, esse grupo faz a distribuição de um sopão para os menos favorecidos. Além disso, temos um trabalho expressivo junto aos jovens da nossa comunidade paroquial”, conta. Centenário da matriz Neste mês de novembro, a Paróquia comemora o centenário da Igreja matriz, que é dedicada ao Sagrado Coração de Jesus. Para celebrar a data, uma vasta programação será desenvolvida. De 10 a 12 de novembro, a comunidade vive um tríduo em preparação para o momento festivo. De acordo com o padre José Francisco, nesses dias serão realizadas celebrações, além da exposição de um memorial, que contará com fotos e peças que narram a história da comunidade e da Igreja, antes mesmo de se tornar Paróquia. Ao longo desses 100 anos, padre José Francisco diz que a Igreja passou por algumas reformas, como a instalação de nichos, restauração das imagens, além da entronização do quadro dos santos mártires de Cunhaú e Uruaçu e da imagem de
Nossa Senhora Aparecida. Como marco do centenário da Igreja, serão inauguradas quatro capelas na comunidade: Igreja de Santa Rita de Cássia – Comunidade Almir Freire; Igreja de Santa Teresinha – Comunidade Lagoa do Mel; Igreja de Santa Luzia – Município de Elói de Souza; e Igreja de Santa Clara – Comunidade 29. No período festivo, a Paróquia também vai inaugurar o Centro Pastoral São João Paulo II e São João XXIII. De 13 a 23 deste mês, a comunidade vive os festejos em honra ao padroeiro, que neste ano tem como tema “Há 100 anos celebrando a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, vivendo a fé e fazendo história”. A programação de abertura contará com a participação do Pe. José Freitas Campos, pároco da Paróquia de São Sebastião, no Alecrim. Nos demais dias, as atividades seguem com caminhadas penitenciais, recitação do terço, celebração de missas e novenário. No dia 18, 100 crianças da Paróquia receberão o sacramento da Eucaristia. Na parte cultural, haverá quermesse, com funcionamento de barracas, além de apresentações culturais, com artistas da terra. No dia 19, a Paróquia realiza o 3º Coração Bike e no dia 28, um jantar de confraternização entre os paroquianos.
Pe José Francisco Neto, administrador paroquial
Endereço: Rua Pedro Belarmino, 18 Bom Jesus – RN CONTATOS: (84) 3253-2597 / 99119-4388 Horário de missa: - Quartas – 19h30 - Domingos – 07h - 19h30
Novembro de 2017 | 25
a ordem | Capa
Rádio adere ao uso de plataformas digitais
e conquista novos públicos Integração é um dos caminhos encontrados pelas emissoras para reinventar uma das mídias mais populares
26 | Novembro de 2017
Capa | a ordem
Por Luiza Gualberto O Rádio é um dos meios mais populares de comunicação, tendo em vista a sua característica e baixo custo. Com a ascensão de plataformas digitais, o rádio ganhou uma nova roupagem e passou a aderir ao uso de plataformas digitais, possibilitando o acesso de um novo público. De acordo com um estudo recente do Kantar Ibope Media, 89% das pessoas residentes em 13 regiões metropolitanas do Brasil ouvem rádio, representando mais de 52 milhões de ouvintes, com média de consumo superior a cinco horas por dia. Desse total, 15% ouvem programações via mobile e 5% pelo computador, enquanto 56% seguem nos receptores convencionais, em casa ou no carro. A audiência ainda está ligada ao aparelho receptor comum, mas o ouvinte também está no computador e, principalmente, no celular. Na pesquisa da Kantar Ibope, divulgada no último dia 31 de outubro, também foram mostrados resultados de um estudo global sobre confiança nas notícias, chamado Trust In News. O instituto ouviu oito mil pessoas sobre a cobertura jornalística de política e eleições no Brasil, França, Reino Unido e Estados Unidos e levantou que o Rádio e outros meios de comunicação continuam com credibilidade junto ao público em meio ao fenômeno, conhecido como “fake news”. O estudo também mostrou que a reputação dos veículos já consolidados de mídias impressas e canais de TV e rádio provou ser mais resistente que a de plataformas digitais e de veículos de notícias exclusivamente online, principalmente devido à profundidade da cobertura oferecida.
Segundo a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert), a internet se mostra como o futuro do rádio e é preciso o profissional da comunicação se adequar e comunicar com essas outras tecnologias. A Associação também destaca que a digitalização do rádio também está atrelada à manutenção no mercado. Para a ABERT, é necessário que o profissional do rádio se adapte a essas novas mudanças. Nesse sentido, a Associação inaugurou um no mês de outubro, na modalidade de ensino à distância “Rádio: convergência, multiplataformas e experimentações”. A primeira turma foi fechada, mas em breve serão abertas novas vagas. O curso mostra qual o perfil do público atual que consome o rádio, o que buscam e como o veículo de comunicação pode se adaptar às novas tecnologias. Para a Propmark, publicação paulista do ramo da publicidade, na contrapartida da queda de receptores tradicionais e aumento dos digitais, o que se vê é um aumento de audiência para o rádio. Segundo a publicação, a audiência e as receitas das rádios não caíram. Mesmo em um cenário de crise, a publicidade no rádio vem se mantendo no nível do Produto Interno Bruto (PIB). Conteúdo Integrado Além de sites e portais, as emissoras de rádio tem aderido à presença em aplicativos, como TuneIn Radio, Radiosnet, entre outros. A Rádio Rural de Natal, por exemplo, está presente nesses apps, além de manter uma página no Facebook, onde é possível o ouvinte interagir com os locutores da grade de programação. Na plataforma, também
Novembro de 2017 | 27
a ordem | Capa se pode acompanhar algumas transmissões ao vivo de programas veiculados pela rádio, saindo do formato em que o veículo foi concebido, que era somente áudio. Programas como A Voz do Pastor, Ritmo Pastoral e Café das 7 também ganharam um novo espaço. Após a veiculação na Rádio Rural, é feito um upload para a biblioteca musical Soundcloud, onde os os ouvintes podem ouvir os programas no horário que desejar. A TV Católica Rede Vida está prestes a ingressar no meio rádio, com o projeto Rede Vida FM, que terá início em Barretos (SP). O projeto foi apresentado e aprovado por Dom Milton Kenan Júnior, bispo da Diocese de Barretos, que manifestou expectativa da estreia da Rede Vida FM. “Vamos ter no rádio, a programação e a marca da Rede Vida, num projeto pioneiro”, comentou. Segundo a direção da emissora, a ideia é colocar no ar a programação da Rede Vida FM ainda neste mês. Com cobertura em canal aberto VHF e UHF, a Rede Vida está presente em todas as capitais brasileiras e nas 500 maiores cidades do Brasil, alcançando mais de 1.500 municípios. Possui distribuição de TV por assinatura do país e está disponível também através de antenas parabólicas, em sinal digital e analógico. No Grupo Estado, as rádios Estadão e Eldora-
do passaram por um processo que integra os conteúdos de impresso, digital e rádio. O modelo fez aumentar em 63% o número de anunciantes parceiros das rádios. “A gente ganhou força na rua. Os projetos de branded content passaram a enxergar a rádio com um diferencial, uma vantagem competitiva”, comenta Danilo Brandão, gerente-executivo das emissoras do Grupo Estado, que passou a oferecer também projetos de rádio on demand personalizados para alguns anunciantes. Dia do Radialista No próximo dia 07 de novembro se comemora o dia do radialista, mas uma curiosidade paira em torno da data. Muitos profissionais da área conhecem o dia 21 de setembro como o dia do radialista, porém a lei nº 11.327, de 24 de julho de 2006 alterou a data da comemoração oficial da categoria, passando para 7 de novembro, como homenagem ao dia do nascimento do compositor, músico e radialista Ary Barroso. O dia 21 de setembro também é marcante para a classe, porque nesta data foi criada a lei que fixava o salário base para esses profissionais, no ano de 1943, durante o governo Getúlio Vargas. Os radialistas ainda comemoram o Dia Mundial do Rádio, celebrado internacionalmente em 13 de fevereiro.
Dayanny Cortez, radialista “Desde os meus 06 anos de idade que tinha na cabeça que gostaria muito de me tornar uma locutora de rádio. Eu costumava observar voz, entonação e ritmo. Sempre tive o rádio como um grande companheiro. Não conseguia fazer nada sem o rádio, até mesmo estudar para as provas da escola. Fui em busca do meu sonho! Sempre procurei fazer cursos com alguns radialistas e conhecer os comunicadores das rádios e me “enturmar”. No colégio em que eu estudava, tinha a feira de ciências e todos os anos, durante a programação, era desenvolvido um Sistema de Comunicação, tanto de rádio, quanto de TV. No ano em que consegui pegar esse projeto, consegui arrecadar dinheiro para alugar transmissores de uma rádio comunitária que estava para abrir na época. Passei os dois dias e meio da feira de ciências apresentando programas ao vivo. Logo depois, comecei, de fato, a trabalhar com o rádio. Fui chamada para a rádio comunitária e depois para a rádio FM da minha cidade. Cinco anos depois, fui chamada para trabalhar aqui em Natal. Estou na comunicação radiofônica desde 1999. As pessoas sempre acham que o rádio vai acabar. “Vem a TV, o rádio vai acabar, vem a internet, o rádio vai acabar”. Muito pelo contrário! Hoje eu vejo que o rádio pode ser muito mais completo. Com a internet, o rádio tem a oportunidade de mostrar uma nova linguagem. Hoje, podemos associar o rádio à imagem”. 28 | Novembro de 2017
| a ordem
a ordem | Para conhecer
Turismo & Cultura Assis e Cássia:
Lugares renovadores de fé! Por Flávio Guedes Ramos da Silva As cidades de Assis e Cássia, localizadas na Itália, são grandes centros de peregrinação que durante o ano todo recebem fiéis peregrinos de todas as nações. São pessoas que vão pagar promessas, fazer seus pedidos e súplicas por intercessão de dois grandes santos da Igreja: São Francisco e Santa Rita, cada qual com a sua essência e testemunho de vida alicerçados no próprio Jesus Cristo. Assim, ao chegar a essas cidades, o peregrino é agraciado com um clima sacrossanto de profunda oração e silêncio constante, que leva-o a fazer uma grande reflexão de vida, bem como renova a fé e ganha forças para seguir com seus projetos e anseios de vida.
30 | Novembro de 2017
Assis, sob o olhar e exemplo do glorioso São Francisco, homem que por muitas vezes foi considerado o próprio Cristo, oferece ao peregrino a visita à Basílica maior, com suas pinturas centenárias, à Igreja de Santa Maria dos Anjos, museus com vestes e documentos da época de Francisco, como também exemplos de arquitetura contemporânea dedicada ao pobrezinho de Assis, demarcadas em ruas e casas espalhadas por toda a cidade. Cássia, cidade onde viveu Santa Rita, apresenta ao peregrino a Basílica na qual está exposto seu corpo intacto, dando ao fiel que ali chega uma sensação de muita paz e fé. A roseira cuidada por Rita no
convento onde ela viveu também é um local muito propício para ser visitado, assim também toda a cidade, cheirando a rosas, que certamente a própria Santa Rita se encarrega de regar. Portanto, as cidades já citadas além de um clima muito agradável e convidativo a oração, são lugares que abastecem e renovam a fé, através do exemplo de vida de um homem que pregou a paz e o bem como sendo o caminho para chegar mais perto de Deus, e o testemunho de uma mulher que, diante de tanto sofrimento, ligado principalmente à família, mostrou que tudo deve ser oferecido a Deus e Ele sempre será a solução para todos os problemas.
Personalidade | a ordem
Por Dom Jaime Vieira Rocha Arcebispo de Natal
De batismo, na Holanda, onde nasceu, no ano de 1932, ele recebeu o nome Gerard Hubert Hensgens. Mas, para nós, é o Padre Pio, um sacerdote redentorista que mora em Natal há mais de 50 anos. Foi ordenado na Holanda, em 16 de setembro de 1959. Logo depois, o então Papa Paulo VI fez um apelo para que fossem enviados padres para os países da América Latina, que estavam com carência de vocações. O jovem Padre Pio foi um dos 70 religiosos holandeses, da Congregação dos Redentoristas, que atenderam ao apelo do Papa e rumaram ao Brasil, no ano de 1961. Nos dois primeiros anos, Padre Pio ficou na cidade de Souza (PB), enfrentando o desafio de mudanças de clima, alimentação, costumes e, principalmente, aprender a língua portuguesa. Em 1968, o então arcebispo, Dom Nivaldo Monte, achou que deveria ter um sacerdote redentorista com residência fixa em Natal. A Congregação enviou o Padre Pio. Quando chegou, atendia às comunidades de Lagoa Seca e de Morro Branco. Depois, foram surgindo os conjuntos de Candelária, Mirassol, Cidade Satélite, Pirangi, Neópolis e Ponta Negra. Estas novas comunidades, além das praias de Pium e de Pirangi do Norte recebiam a assistência religiosa dele, que contava com o auxílio do Padre Lucilo Alves Machado. Pode-se dizer que esse sacerdote redentorista foi o desbravador de toda zona sul de Natal, quando se trata da evangelização.
Rivaldo Júnior
O holandês desbravador da zona sul
Idealizou e assumiu também muitas ações sociais, evangelizadoras e catequéticas, ao longo desses vários anos, na Arquidiocese de Natal. Muito contribuiu para uma nova visão da atuação do poder político a serviço da cidadania e do bem comum, através do programa de educação política desenvolvido pelo Serviço de Assistência Rural (SAR). Também não podemos deixar de lembrar a sua dedicação ao ecumenismo. Na época em que o Monsenhor Assis Pereira estava realizando a pesquisa sobre os Mártires de Cunhaú e Uruaçu, para o processo de beatificação, Padre Pio colaborou, acompanhando-o, durante um mês, até arquivos na Holanda. Hoje, mesmo com algumas limitações físicas, continua colaborando com a Igreja, como vigário paroquial do Sagrado Coração de Jesus, em Morro Branco. Ao Padre Pio, nossa gratidão pelo bem que fez e faz à Arquidiocese de Natal.
Novembro de 2017 | 31
a ordem | Artigo
A Rainha dos mártires Em um sábado, 15 de julho de 1645, chegou ao engenho de Cunhaú, na então Capitania do Rio Grande, o oficial do governo holandês, Jacó Rabi, que era de origem germânica e de profissão religiosa calvinista. Este, vinha acompanhado de um grupo de soldados da tropa holandesa, de diversas nacionalidades e de um grupo de índios, em sua maioria janduís e potiguaras. Jacó Rabi anunciou que no dia seguinte, após a missa dominical, anunciaria novas ordens do governo de holandês. Contudo, o intuito dos visitantes não era pacífico, aproveitando que os moradores estavam desarmados, Jacó Rabi os surpreendeu durante a celebração, ordenando um ataque, chacinando os que estavam na missa, inclusive o celebrante, padre André de Soveral. O ataque foi mais um episódio de acirramento de hostilidades entre luso brasileiros e o governo holandês, em uma crescente onda de violência, motivada por fatores econômicos, políticos e religiosos, que culminaram com a expulsão dos holandeses, da região que conhecemos hoje como nordeste do Brasil. É significativo que o ataque tenha ocorrido no dia de Nossa Senhora do Carmo, uma importante e popular devoção para os católicos. Além disso, a capela era dedicada a Nossa Senhora das Cadeias, cuja imagem foi testemunha do martírio. Sendo a missa o memorial do sacrifício salvífico de Cristo, a presença de Maria reforça a conotação sagrada dada ao morticínio, aproximando o martírio na capela de Cunhaú com a paixão do Calvário, onde Maria, segundo o evangelho de São João, também estava “de pé” como participante das dores de seu filho. Depois do massacre em Cunhaú, Jacó Rabi
32 | Novembro de 2017
José Rodrigues Historiador
seguiu para o centro da Capitania, a cidade do Natal, onde os moradores já temerosos foram aprisionados e um grupo destes foi levado para o lugar chamado Uruaçu, as margens do rio Potengi. Estes foram intimados a abandonar o catolicismo, e por tanto qualquer laço com os portugueses, e acolher a confissão calvinista, passando a lutar do lado dos holandeses. Como os moradores relutaram em abandonar sua fé, foram mortos de forma violenta, sendo relatado pelos cronistas, atrocidades cometidas contra homens mulheres e até crianças. Como em Cunhaú, o sacerdote, padre Ambrósio Francisco Ferro, então vigário da paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, também foi martirizado. Destacou-se a figura Mateus Moreira, que segundo as crônicas, teria testemunhado sua fé eucarística na hora da morte. Também em Uruaçu a presença mariana se fez sentir, haja visto, que os martirizados eram pertencentes a paróquia de Nossa Senhora da Apresentação, padroeira de Natal. Além do que a devoção a Virgem Maria era uma marca do catolicismo, das mais atacadas pelos protestantes calvinistas. Nesse sentido, certamente a devoção mariana foi um elemento forte entre os martirizados, que na condição de católicos, acreditavam que passando “por este vale de lágrimas”, contavam com a proteção de Mãe de Deus, na hora da morte. Tanto em Cunhaú, como em Uruaçu a presença materna da “Rainha dos Mártires”, foi conforto e esperança para aqueles que eram vítimas da violência e intolerância, que ainda em nossos dias atinge milhões de pessoas, seja com o derramamento do sangue, seja com o martírio branco, dos sofrimentos diários.
Liturgia daPalavra
Notas
Diácono Fábio Esteves Coordenador Arquidiocesano para Animação Bíblico-Catequética
Sacramento da Eucaristia O Sacramento da Eucaristia coloca-se no coração da “Iniciação Cristã” junto ao Batismo e a Crisma, e constitui a fonte da própria vida da Igreja. O Batismo é o Sacramento da Filiação Divina e do ingresso no povo de Deus. A Crisma é o Sacramento que confirma e reforça a graça batismal. A Eucaristia é o alimento do povo que caminha sob as luzes do Espírito Santo. Ao falarmos desse Sacramento, queremos olhá-lo sempre dentro da Celebração Eucarística (Missa), e pretendemos apresentá-lo sempre como memória da Paixão, Morte, Ressurreição e Glorificação de Jesus até sua volta. Com a Eucaristia, nos sentimos parte do corpo da Igreja. Ela é, pois, o ápice da Salvação de Deus: o Senhor Jesus, se fez pão partido por nós, derrama sobre nós toda sua misericórdia e seu amor e assim renova o nosso coração. Deus alimenta seu Povo que caminha para a ressurreição final. O que o alimento material produz em nossa vida corporal, a Comunhão realiza de maneira admirável em nossa vida espiritual. Não podemos esquecer um só momento, que a Eucaristia é nosso grande tesouro de valor infinito, pois contém o próprio Senhor das nossas vidas, o Deus único e verdadeiro.
Para que a Eucaristia possa ser administrada às crianças, jovens e adultos, requer-se que eles tenham suficiente conhecimento e cuidadosa preparação sobre o Sacramento, através da catequese, de modo que, possam entender o mistério de Jesus Cristo, de acordo com sua compreensão, e receber o Corpo do Senhor com fé e devoção. É o primeiro passo de uma forte adesão a Cristo. Pela Eucaristia somos chamados a sermos Santos e nos manter em nossa Santidade e a vivenciarmos o Evangelho de Jesus Cristo na nossa vida cotidiana.
Novembro de 2017 | 33
Fotos: Cacilda Medeiros
a ordem | Vida Pastoral
Vivência do Dia Nacional da Juventude (DNJ), no dia 28 de outubro, em Uruaçu
A Igreja e seu compromisso com a formação de
novos evangelizadores Por Cione Cruz
“Um mundo melhor constrói-se também graças a vós, ao vosso desejo de mudança e à vossa generosidade”, disse o Papa Francisco, em carta dirigida aos jovens, em janeiro de 2017, quando apresentava o documento preparatório do Sínodo dos Bispos sobre as vocações, que acontecerá no ano de 2018 e cujo tema será “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. A CNBB, em seu documento sobre a juventude, afirma que a evangelização interessa muito à Igreja e aos seus pastores.
34 | Novembro de 2017
A Igreja, diz a CNBB no documento “Evangelização da juventude: desafios e perspectivas pastorais”, tem um compromisso sério com a formação das novas gerações. “Os jovens têm o direito de receber da Igreja o Evangelho e de ser introduzidos na experiência religiosa, no encontro com Deus e no contato com as riquezas da fé cristã”, diz o documento em sua apresentação. É seguindo essa orientação que trabalha o Setor da Juventude da Arquidiocese de Natal, coordenado pelo Padre Andreson Madson Ferreira do Nascimento, acompanhando todas as expressões
Vida Pastoral | a ordem
e movimentos ligados à juventude. Segundo ele, todo trabalho é também orientado e acompanhado pelo bispo, que tem uma grande preocupação com a juventude, olhando para aqueles que estão na igreja e aqueles que estão fora, principalmente os que são atingidos pela violência. E é exatamente esse o grande desafio, afirma Padre Andreson, vez que mais de 80 por cento dos assassinatos violentos hoje no Brasil são de jovens e a Igreja quer que o olhar não seja de tanta exclusão. “Temos que olhar com olhar de Cristo, que sempre quer salvar”, afirmou. Embora o trabalho com a juventude seja muito antigo, existe hoje um anseio muito grande de trabalho com os jovens e estes vêm em busca de uma resposta, disse ele citando a Comunidade Shalon, Obras de Maria, EJAC e SEGUE-ME, cada um desses movimentos tentando alcançar a forma de se encontrar respostas, partindo da experiência do Evangelho. E Padre Andreson considera isso fundamental, “porém percebemos que a forma de agir e estar presente nesse contexto passa por dificuldades. Existe comunidade que não tem um segmento que acompanhe esse trabalho”, disse ele, destacando a importância de estar ligado a algum movimento que já tenha uma estrutura. Atualmente existem muitas pastorais, movimentos e expressões vinculadas à Arquidiocese de Natal. São 15 expressões nas diversas paróquias e o Setor da Juventude acompanha todos os trabalhos desenvolvidos, tanto nas zonais como nas paróquias, reforçou. Algumas paróquias têm um movimento forte de jovens, outras têm ações pontuais. Todos eles são acompanhados pelo Setor da Juventude e esse acompanhamento é feito através de reunião mensal, partilha de experiên-
Pe. Andreson Madson, coordenador do Setor Juventude
cias. É um processo de diálogo e unidade, explica o coordenador do Setor. “Todo processo de unidade não é fácil. O princípio de unidade é evidenciar aspectos em comum e respeitar aquilo que é particular. A identidade de cada um”, disse Padre Andreson. Há uma quantidade enorme de jovens, mas tem que ter metodologia pastoral e identidade pastoral. Sem isso a coisa não anda. Ele defende também que os jovens se engajem em outros movimentos e explica: “A dinâmica da Igreja é pastoral e o jovem precisa estar se inserindo nesse trabalho”. O Setor da Juventude está fazendo um levantamento para saber quantos grupos de jovens existem, movimentos e expressões na Arquidiocese, para dar acompanhamento e fortalecimento das zonais para cada representante jovem, como também os Vicariates (regiões pastorais coordenados pelos padres indicados pelos respectivos bispos), informou.
Novembro de 2017 | 35
Brunno Antunes
a ordem | Notas
Arquidiocese celebra
festa da padroeira
De 11 a 21 de novembro, acontece a Festa de Nossa Senhora da Apresentação, padroeira da Arquidiocese e da cidade do Natal. Este ano, o tema será “Maria, Rainha dos Mártires, Senhora da Apresentação”, em virtude da canonização dos Protomártires do Brasil. A programação contará com caminhadas penitenciais, recitação do terço e ofício mariano, além do tradicional novenário, todas as noites, na Catedral Metropolitana, com a participação de bispos convidados. Como acontece em todos os anos, os festejos serão transmitidos pela página da Arquidiocese de Natal (facebook.com/arqnatal), por meio do trabalho de agentes da pastoral da comunicação em parceria com o setor arquidiocesano de comunicação. Durante o período festivo, também será veiculada a revista Rosário do Potengi, que conta com artigos diversos, além de toda a programação da festa e roteiros das celebrações. 36 | Novembro de 2017
A festa encerra no dia 21 de novembro, com as seguintes atividades: 0h – vigília da Apresentação, na Pedra do Rosário, conduzida pela comunidade Shalom; 03h30 – procissão fluvial; 05h – Missa na Pedra do Rosário, presidida pelo pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Apresentação (antiga Catedral). O pregador será o padre José Freitas Campos, pároco da Paróquia de São Sebastião, no Alecrim; 07h30
– Missa solene na antiga Catedral, presidida pelo arcebispo emérito, Dom Matias Patrício de Macedo; 10h – Missa solene na Catedral Metropolitana, presidida pelo Arcebispo Metropolitano, Dom Jaime Vieira Rocha; 16h – tradicional procissão pelas ruas de Natal com a imagem de Nossa Senhora da Apresentação, saindo da antiga Catedral; 18h – Missa solene e encerramento da festa; e às 19h – show pirotécnico.
Programação diária CATEDRAL DE NOSSA SENHORA DA APRESENTAÇÃO Missas na Catedral – De segunda a sexta às 8h, 11h e 16h30. Sábado às 11h e 16h30. Domingo às 7h, 11h e 19h. Confissões – De terça a sexta-feira, das 14h30 às 16h30. Oficio de Nossa Senhora: Todos os dias às 10h15 e 15h45. Recitação do Terço – Todos os dias às 18h. Novena – 19h MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA APRESENTAÇÃO (ANTIGA CATEDRAL) Madrugando com Maria: Caminhada de Nossa Senhora saindo do Adro da Igreja do Rosário para a Antiga Catedral, às 05h, seguindo-se a Santa Missa. Louvores à Nossa Senhora: Oficio de Nossa Senhora e Ladainha, na Antiga Catedral, às 16h30, seguindo a Missa às 17h30.
Notas | a ordem
Direito Canônico
Pe. Júlio César Souza Cavalcante Vigário Judicial da Arquidiocese de Natal
Leigos em função pública O Código de Direito Canônico atualmente em vigor foi promulgado por São João Paulo II em 1983 com o objetivo, segundo o próprio Papa, de criar uma estrutura jurídica em que se possa praticar amplamente a caridade. Porém, uma das coisas que mais facilmente podemos constatar é que o fiel católico leigo conhece pouco o direito canônico. Mesmo entre os padres, infelizmente, há muitos que ignoram leis importantes da Igreja. Endereçado a todos os fiéis católicos, o Código precisaria ser publicado em edições mais baratas a fim de garantir a sua popularização e o seu conhecimento por todos. Além disso, a sua divulgação, e até diria que a divulgação de quase todos os documentos da Igreja, é feita de maneira muito tímida. Existem profissionais da área jurídica que, mesmo sendo católicos, não sabem sequer que o Código Canônico existe. Se partirmos então para a publicação oficial do Código, o problema do conhecimento torna-se ainda mais forte visto que é feito na língua latina, pouco conhecida e estudada no tempo de hoje. Até mesmo alguns canonistas sentem dificuldade de familiarizar-se com a língua oficial da Igreja e detém-se a aceitar as traduções para a língua vernácula, nem sempre tão fiéis. Creio eu que por não conhecer o conteúdo do Código canônico, podemos perceber uma certa
dissonância entre as reais funções de clérigos e leigos e até mesmo uma inversão entre elas. Isso apresenta-se de maneira muito forte em um tema específico que é aquele que vem colocado no cânon 225, § 2º: “Têm [os leigos] o dever especial, cada um segundo a própria condição, de animar e aperfeiçoar com o espírito evangélico a ordem das realidades temporais, e, assim, dar testemunho de Cristo, especialmente na gestão dessas realidades e no exercício das atividades seculares.” Esta missão dos leigos nasce da própria vocação batismal de ser um fermento que leveda a massa por dentro. Para que essa missão aconteça, faz-se necessário que o leigo católico conheça a doutrina jurídica e social da Igreja para responder a cada tema que lhe for apresentado neste campo. A partir de sua consciência católica, regada pelo princípio básico da misericórdia e da caridade, o leigo católico que assume uma função pública, seja em que nível for, exercerá a sua função institucional na sociedade com propriedade de quem busca construir o bem comum, que deveria ser o objetivo primordial de todo agente público. (a segunda parte da reflexão você confere na próxima edição)
Novembro de 2017 | 37
tal realizou uma A Arquidiocese de Na no dia 23 de outubro entrevista coletiva , “Mártires de para tratar sobre os imeiros Santos pr Cunhaú e Uruaçu, os nizados pelo no ca Mártires do Brasil”, 15 de outubro. Papa Francisco, no dia à imprensa , o m Na coletiva , atendera itano, Dom Jaime Arcebispo Metropol ostulador do Vieira Rocha, e o vice-p ão, Padre Júlio aç processo de canoniz . te César Souza Cavalcan
André Kinal
Luiza Gualberto
Galeria
Canção Nova
Durante a coletiva, foi apresentada a positio, que é o relatório final do processo de canonização, preparado pelo postulador junto à Congregação para a Causa dos Santos, no Vaticano, o Padre Giovanni Califano.
38 | Novembro de 2017
O Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, e o pár oco da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Canguaretama, Padre José Pereira Neto, lançaram no dia 26 de outubro, na Comunidad e Canção Nova, em Cachoeira Pau lista (SP), o “Devocionário dos Santos Mártires de Cunhaú e Uruaçu”, de Dom Jaime, e o livro “O Grito do Amor”, do Padre Neto. Os dois livr os foram publicados pela editora da Canção Nova.
Novembro Abril de 2017 | 39
a ordem | Assunto
40 | Novembro de 2017